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16/12/2015 ­ 17:50
Dólar sobe com alta de juros do Fed e rebaixamento
pela Fitch
Por Silvia Rosa
SÃO PAULO ­ O dólar fechou em alta frente ao real reagindo ao início da normalização da política monetária
nos Estados Unidos, com o Federal Reserve elevando a taxa básica de juros de 0% a 0,25% para o patamar entre
0,25% e 0,50%, em linha com esperado pelo mercado. A alta do dólar no Brasil, no entanto, foi intensificada pelo
rebaixamento do rating brasileiro para grau especulativo pela Fitch, a segunda agência a retirar o grau de
investimento do país.
O dólar comercial subiu 1,32% e fechou a R$ 3,9292. No mercado futuro, o contrato para janeiro de 2016 avançava
0,75% para R$ 3,92.
Já o euro caía 0,04% para R$ 4,2753.
O início da alta de juros nos Estados Unidos, o primeiro desde 2006, já era, em grande parte, esperado pelo
mercado, que previa uma sinalização de processo gradual da normalização da política monetária nos Estados
Unidos.
Para a economista­chefe da Arx Investimentos, Solange Srour, a decisão do Fed veio em linha com o esperado pelo
mercado e a tendência é que o aperto monetário seja gradual, o que contribui para reduzir a pressão sobre as
moedas emergentes. “Havia o risco do Fed ser mais ‘hawkish’ que o esperado, o que não ocorreu. A tendência do
dólar deve ser de alta, mas menos intensa do que o esperado”, diz.
Segundo Solange, a mediana da projeção do Fed para a taxa de juros para 2016 ainda está acima do mercado,
prevendo 1,375% ante 0,90% refletido na curva dos Treasuires.
Lá fora, a reação dos mercados foi positiva. A moeda americana recuava 0,29% em relação ao dólar australiano,
0,55% diante da lira turca e 0,17% em relação ao peso mexicano.
No mercado local, a alta do dólar foi intensificada pelo rebaixado do rating brasileiro, que aumenta o risco de uma
maior saída de recursos, uma vez que alguns fundos só podem , por mandato, investir em ativos de países que
tenham grau de investimento por pelo menos duas agências de classificação de risco.
A moeda americana chegou a atingir a máxima de R$ 3,9664 pela manhã, mas recuou após o anúncio da meta de
superávit primário para 2016, que passou de 0,7% do PIB para 0,5% do PIB. Ontem, o líder do governo na
Comissão Mista do Orçamento (CMO), deputado Paulo Pimenta (PT­RS) chegou a afirmar que a nova meta previa
a possibilidade do abatimento dos gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), algo que foi
deixado de fora do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
A Fitch anunciou hoje o rebaixamento do rating soberano do Brasil de BBB­ para BB+ e manteve a perspectiva
negativa, citando que a revisão reflete a recessão mais profunda da economia brasileira, as adversidades no campo
fiscal e incerteza política.
Embora o rebaixamento já fosse, de certa forma, esperado pelo mercado, a falta de horizonte de melhora da
política fiscal traz uma perspectiva negativa para os ativos domésticos e aumenta as especulações sobre uma
eventual saída de Joaquim Levy do cargo, colocando em dúvida o ajuste fiscal. “Uma eventual saída do ministro
da Fazenda seria um mau sinal. Ele era a pessoa que estava trabalhando por uma agenda estrutural e está
deixando o governo, não fica claro qual a estratégia do governo em relação ao ajuste fiscal”, afirma Carlos Kawall,
economista­chefe do Banco Safra.
Para Rogério Braga, o impacto do rebaixamento deve ser maior hoje, mas depois os mercados podem até se
acalmar. “Não vejo uma saída muito grande de estrangeiros. Muita gente já tinha ajustado seus portfólios”,
afirma.
No entanto, o grande risco é da saída de Levy e a dificuldade do governo em atrair alguém com o perfil ortodoxo do
atual ministro para o cargo.
Além disso, a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff aumenta, segundo Braga, a
chance do governo flexibilizar o ajuste fiscal, buscando apoio do partido, que vinha se posicionando contra
algumas medidas de ajuste.
(Silvia Rosa | Valor)
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