Fontes de Staphylococcus Aureus em Rebanhos Leiteiros
com Alta Prevalência de Mastite
a maioria dos países, a bactéria S. aureus é a principal causa de mastite, com prevalência
média de 20% das vacas. Este microrganismo é considerado contagioso, o que indica que
o úbere é a principal fonte de infecção e a transmissão do agente entre as vacas ocorre
principalmente durante a ordenha.
Desta forma, fica evidente porque as principais medidas para reduzir a transmissão da
mastite causada por S. aureus tem sido focadas na melhoria da rotina de ordenha (linha de
ordenha e pós-dipping). Além disso, outras medidas de controle amplamente
recomendadas para rebanhos-problema (com alta prevalência de S. aureus) são o
tratamento de vaca seca e o descarte de vacas com mastite crônica. No entanto, o
emprego destas medidas (isoladamente ou em conjunto) nem sempre tem eficácia para
prevenir novas infecções, o que indica que possam existir outros reservatórios deste
agente dentro do sistema de produção.
Estudos anteriores com o emprego de técnicas de biologia molecular indicam que outros
reservatórios de S. aureus podem ter contribuição significativa para aumento da
transmissão de novos casos de mastite causados por este agente, tais como: lesões de
pele e tetos das vacas, mãos dos ordenadores e teteiras contaminadas. Recentemente,
pesquisadores suecos buscaram identificar se outros reservatórios de S. aureus em
rebanhos-problema podem ser fontes importantes deste agente.
Foram estudados 5 rebanhos leiteiros com histórico de alta prevalência de mastite causada
por S. aureus, dos quais foram feitas coletas de amostras para isolamento e identificação
de S. aureus, tanto das vacas em lactação (amostras de leite dos quartos mamários e
lesões da região do jarrete), do ambiente, das vacas secas e de animais jovens (bezerras
de 0-3 meses, novilhas de 4-12 meses de idade). Além da identificação, as amostras foram
avaliadas por técnicas de biologia molecular para caracterização de cepas específicas,
predominantes dentro de cada rebanho. Este tipo de análise permite identificar se a cepa
de S. aureus causadora de mastite é geneticamente semelhante às demais cepas
presentes em outros locais.
Os rebanhos estudados apresentaram média de 60 vacas em lactação e produção média
de 9.000 kg de leite por lactação. O total de amostras coletadas foi de 3727, sendo 757 de
quartos mamários infectados, 1811 de amostras da pele (região do jarrete), 902 do
ambiente e 250 de outros locais. Do total de vacas analisadas, 27% das vacas e 11% dos
quartos estavam infectados com S. aureus, sendo em alguns rebanhos este índice atingiu
50% das vacas.
Os resultados do estudo indicaram que as mesmas cepas de S. aureus isoladas em
amostras de quartos infectados foram também frequentemente isoladas de lesões da pele,
nas amostras coletadas no ambiente, e em menor proporção nas amostras de animais
jovens. Um importante resultado foi a identificação de que as lesões da pele na região do
jarrete de vacas confinadas é um importante reservatório de S. aureus em rebanhos
leiteiros com alta prevalência do agente. Uma das possíveis razões para a elevada
ocorrência de S. aureus em lesões de jarrete é a ocorrência de vazamento de leite
contaminado de quartos mamários infectados, durante o período nos qual o animal fica
deitado sobre a cama. Este leite contamina a cama das vacas e consequentemente a pele
desta região.
A presença de S. aureus em bezerras em idade de aleitamento pode ter como origem o
leite contaminado usado para alimentação das bezerras, as quais podem transmitir entre si
o agente por meio da mamada entre bezerras. Este mecanismo de transmissão pode ser
uma das origens de ocorrência de novos casos de mastite em novilhas, cuja manifestação
somente ocorre no pós-parto. Sendo assim, os resultados do estudo podem ajudar a
explicar a dificuldade de controle e prevenção da mastite causada por S. aureus em
rebanhos com alta prevalência. Isso ocorre, pois, além da baixa resposta ao tratamento,
existem diferentes fontes e reservatórios do agente.
Fonte: Journal of Dairy Science, vol. 93, p 180-191, 2010.
Saiba mais sobre o autor desse conteúdo:
Marcos Veiga Santos Pirassununga - São Paulo
Professor Associado da FMVZ-USP Campus de Pirassununga-SP Site pessoal: www.marcosveiga.net
Fonte: Milk Point
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