Governo estuda medidas para estimular setor de autopeças
Com o objetivo de aumentar a competitividade e incentivar projetos de inovação no
segmento, o Ministério do Desenvolvimento prepara uma série de ações, que deve ser
anunciada no segundo semestre deste ano.
Simone Cavalcanti
O governo identificou que a indústria de autopeças passa por sérios problemas. Sem
competitividade o segmento não consegue atender a demanda das montadoras. O
governo, então, junto com empresários, decidiu criar um grupo de estudos para sugerir
medidas que possam estimular o setor.
A ideia é que o plano seja anunciado no segundo semestre deste ano e entre em vigor
juntamente com as novas regras para o setor de veículos, em janeiro de 2013.
"Queremos formar um programa que suplemente e dê a abrangência necessária ao
regime automotivo", disse ao BRASIL ECONÔMICO Paulo Bedran, diretor do
Departamento de Indústrias de Equipamentos de Transportes do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
No diagnóstico do governo, a cadeia, uma das mais longas da economia, possui elos
que estão enfraquecidos, com baixa rentabilidade e sem condições de ampliar seus
investimentos na capacidade de produção e de melhora tecnológica.
Segundo Bedran, além da questão relativa ao câmbio, que já reduz por si a
competitividade de inúmeros setores, os fornecedores de autopeças passam por
problemas agudos.
"A indústria de autopeças é bastante heterogênea, os primeiros níveis têm capital
tecnológico, de mão-de-obra, gerencial e só tem problemas porque, para montar em
os sistemas, precisam das outras que não vão muito bem", afirmou. "Eles estão
comprimidos, pois tem um custo apertado e não tem como repassar. E isso faz com
que a rentabilidade seja baixa e cada vez menor o espaço para os investimentos".
Velocidade lenta
De acordo com dados fornecidos pelo diretor, nos últimos seis anos, a velocidade dos
investimentos da cadeia ficou muito aquém da fabricação de automóveis à exceção de
2008.
Para citar apenas dois exemplos: em 2009 - ano da crise internacional - foram
produzidos 3,182 milhões de veículos, mas as inversões das autopeças chegaram a
um vale de US$ 631 milhões. No ano seguinte, houve melhora, mas mesmo assim, o
volume subiu para US$ 1,492 bilhão praticamente voltando ao mesmo nível de 2005.
"Se não fosse o câmbio e os custos, não seria lógico nem inteligente importar do jeito
que está importando autopeças", ressaltou Bedran. Não por acaso, o setor de
autopeças foi incluído na desoneração da folha de pagamentos anunciada na segunda
fase do Plano Brasil Maior (PBM). Com isso, a cadeia, intensiva em mão de obra
passa a pagar 1% de tributo sobre seu faturamento e fica isenta de recolher a
contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Montadoras
As montadoras também terão de se dedicar e transferir recursos em prol do
desenvolvimento tecnológico de seus fornecedores, paralelamente ao novo programa
que está sendo elaborado. Pelas regras que entram em vigor no início do ano que
vem, para obter o desconto maior do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),
além dos 30 pontos percentuais pelo conteúdo nacional, as fabricantes devem destinar
um percentual para o aprimoramento dos produtores de autopeças.
Em breve, o Ministério do Desenvolvimento deve publicar uma portaria especificando
qual o montante do dispêndio e em quê deve ser aplicado.
Um olhar sobre o setor
Atualmente os investimentos da indústria de autopeças não têm acompanhado o
aumento da produção das montadoras.
A cadeia de fornecedores precisa oferecer peças e sistemas compatíveis com a
exigência de melhora de tecnologia que o novo regime automotivo exige das
montadoras.
É preciso melhorar os programas de gestão das empresas que estejam em elos mais
distantes das fabricantes de veículos.
Fonte : Brasil Econômico - 19/04/2012
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