Autopeças Manter o volume de exportação é um dos três grandes desafios do setor. Os outros dois são o estimulo à demanda doméstica e a assinatura de acordos comerciais do Mercosul com blocos econômicos. 72 • Indústria Automobilística Brasiliera - 50 anos mproviso e muita criatividade marcaram os primeiros passos da indústria de autopeças no Brasil. Diante das dificuldades de se importar peças durante a 2ª Guerra Mundial, pequenas e médias empresas foram estimuladas a produzir, nos anos 40, uma série de componentes. De molas e baterias a pistões e anéis, como atividade marginal ou exclusiva, os pioneiros conseguiram, com muito esforço, suprir em parte as necessidades do transporte local na época. São décadas de muitas batalhas, a começar pela que se seguiu ao término da guerra, quando se temia que a retomada das importações colocasse em risco a sobrevivência da embrionária indústria nacional. Mas o setor se uniu e se fortaleceu, crescendo nas décadas de 50, 60 e 70 a taxas anuais de 10% a 15%. A partir de 1980, porém, os volumes de produção caíram, o setor reduziu investimentos, os produtos ficaram defasados. Quando as importações foram favorecidas, nos anos 90, a indústria não estava preparada para enfrentar a globalização. Empresas brasileiras tradicionais, como Metal Leve, fundada em 1949, e Cofap, criada em 1950, acabaram sob controle de companhias estrangeiras. O perfil do setor mudou radicalmente naquele período. O capital internacional tornouse majoritário. Surgiram as empresas sistemistas, e as empresas nacionais, em sua grande maioria, passaram a ser fornecedoras de grandes grupos globais. Com uma nova estrutura a indústria se refez, modernizouse e hoje tem status internacional, exportando para todos os continentes. Teve faturamento recorde de US$ 24,2 bilhões em 2005, dos quais US$ 7,48 bilhões foram resultado de vendas externas, diretas e indiretas. Em 2004 faturara US$ 18,5 bilhões e exportara US$ 6 bilhões. Década de crescimento A indústria de autopeças entrou em franca expansão. A ociosidade média, que era de 26% no período 2001-2003, baixou para 13% em 2004. A rentabilidade média, que foi negativa (1% em 2002), atingiu índice positivo de 6% em 2005. O faturamento, que estava na faixa de US$ 11 milhões em 2001-2002, mais do que dobrou nos últimos três anos. Também os investimentos voltaram a crescer, saltando de US$ 798 milhões em 2001 para US$ 1,4 bilhão em 2005. Em 2006 este valor deve ser ligeiramente inferior, na casa de US$ 1,3 bilhão, porque já foram sanados, nos últimos dois anos, gargalos na produção da indústria. O setor encerrou 2005 com um quadro de 197 mil colaboradores, 10 mil a mais do que no ano anterior. Dados do Sindipeças indicam que 78,9% do capital da indústria de autopeças estão nas mãos de grupos internacionais e 21,1% com brasileiros. Até 1994 o capital nacional ainda Com uma nova estrutura a indústria se refez, modernizou-se e hoje tem status internacional, exportando para todos os continentes. Automec, o principal evento do setor, é realizado a cada dois anos em São Paulo. Indústria Automobilística Brasiliera - 50 anos • 73 Autopeças Sindipeças: a entidade reúne cerca de 500 empresas fabricantes de peças e componentes. 74 • Indústria Automobilística Brasiliera - 50 anos dominava, respondendo por uma fatia de 51,9%. Os estrangeiros são responsáveis por 86,5% do faturamento global, índice que há doze anos era de 47,6%. Mas a quantidade de empresas com capital majoritariamente nacional ainda é maior: das 468 associadas ao Sindipeças, conforme o mais recente levantamento da entidade, 350 são nacionais. São elas, principalmente, que garantem o suprimento dos sistemistas. Nas estrangeiras predomina capital de origem estadunidense, 28,4%. Na seqüência vêm Alemanha, 24,2%, e Itália, 7,3%. Do Brasil para o mundo Cerca de 80% das exportações de autopeças estão concentradas em negócios de 43 empresas. Do total exportado pela indústria brasileira no ano passado 40,46% foram destinados à América do Norte. O segundo principal mercado, por região, é a América do Sul, 24,93%, seguida da Europa, 23,09%, Ásia e Oceania, 6,8%, África, 3,92%, e América Central, 0,81%. Manter o volume de exportação é um dos três grandes desafios do setor. Os outros dois são o estimulo à demanda doméstica e a assinatura de acordos comerciais do Mercosul com outros blocos econômicos. O ano começou com as exportações em alta: US$ 1,17 bilhão no primeiro bimestre, ou seja, 3,37% a mais do que no mesmo período de 2005. Mas a tendência é de desaceleração dos negócios externos por causa da desvalorização do dólar. O mercado interno, no entanto, deverá crescer de 6% e 8%, segundo as projeções do setor. Uma preocupação reversa atualmente é o risco de as importações de peças crescerem, o que afetaria principalmente as empresas de capital nacional, que abastecem os sistemistas, o que poderá provocar redução do índice médio de nacionalização do setor automobilístico, atualmente na faixa de 85%. Depois de registrar déficits no período 2001-2002, respectivamente de US$ 531 milhões e US$ 98 milhões, as autopeças acumulam superávits consecuti- Autopeças Um marco decisivo para o setor foi a Primeira Mostra da Indústria Nacional de Autopeças, inaugurada em 20 de janeiro de 1953, pelo presidente Getúlio Vargas, no saguão do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. vos de US$ 454 milhões em 2003, US$ 461 milhões em 2004 e US$ 832 milhões em 2005. O mesmo receio existente neste 2006, de que ocorra aumento das importações, foi semelhante ao que motivou os fabricantes de autopeças brasileiros a criar, no pós-guerra, a primeira entidade de classe do setor automotivo. Em outubro de 1951, quase cinco anos antes da criação do Geia, Grupo Executivo da Indústria Automobilística, surgia em São Paulo a Associação Profissional da Indústria de Peças para Automóveis e Similares. História Em setembro de 1953 foi criado o Sindipeças, na época de caráter estadual. Só em 1969 a entidade ganhou status de associação nacional e sua atual denominação, Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, data de setembro de 1976. Um marco considerado decisivo para o setor foi a Primeira Mostra da Indústria Nacional de Autopeças, inaugurada em 20 de janeiro de 1953, pelo presidente Getúlio Vargas, no saguão do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. O evento, de repercussão internacional, que reuniu cerca de quatrocentos fabricantes em 143 estandes, foi preparado pela Associação Pro- A indústria brasileira de autopeças em números 76 • Indústria Automobilística Brasiliera - 50 anos fissional da Indústria de Peças para Automóveis e Similares. Os pioneiros A necessidade de abastecer o mercado de reposição de autopeças no Brasil data do início do século passado, quando começaram as importações de carros e, na seqüência, a montagem de veículos CKD. Mas foi na década de 40, durante a guerra, que as empresas brasileiras se conscientizaram do importante potencial do negócio de autopeças. Até então havia apenas uma precária produção de peças, em volumes incipientes. Dentre os primeiros empresários que se destacaram o Sindipeças indica o empreendedor João Wiest, pelo seu grande senso de oportunidade. Com a escassez de gasolina no início da guerra, Wiest passa a construir e a instalar aparelhos de gasogênio nos veículos. Essas engenhocas queimavam lenha e carvão na parte externa dos carros, e por meio de tubulação injetavam o gás desses combustíveis no carburador, substituindo precariamente a gasolina racionada. Com o fim da guerra e do racionamento – assim como da necessidade do gasogênio – o empresário se adequou à nova realidade do mercado e passou a produzir canos e silenciosos de escapamento. Nascia em 1947 a Metalúrgica João Wiest, em Jaraguá do Sul, SC, até hoje empresa de destaque no setor. Seraphim Candello também é outro pioneiro de sucesso. Junto com a sua mulher, Idalina, criou em Indaiatuba, SP, a Metalúrgica Puriar. Em 1951, época de estradas poeirentas, eles forneciam filtros de ar a banho de óleo, item indispensável para o mercado de reposição. Hoje a empresa criada por Candello produz ampla linha de filtros de ar e catalisadores. A MITSUBISHI USA E RECOMENDA LUBRIFICANTES MITSUBISHI PAJERO FULL. TUDO QUE A MITSUBISHI SABE DE TECNOLOGIA 4X4 E DE SOFISTICAÇÃO EM UM ÚNICO CARRO. WWW.MITSUBISHIMOTORS.COM.BR - SAC 0800 702 04 04