I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. pH E MATÉRIA SECA DE QUEIJOS FRESCAIS PROCESSADOS COM LEITE REFRIGERADO CARVALHO, Rayane Alves1; SILVA, Marco Antônio Pereira1; SILVA, Rânio César Francisco1; SILVA, Felipe Rocha1; CARMO, Ruthele Moraes1; MELO, Aurélio Ferreira1 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Câmpus Rio Verde - GO. e-mail: [email protected] RESUMO: O objetivo do estudo foi avaliar o pH e matéria seca de queijos frescais durante o tempo de armazenamento, obtidos a partir de leite estocado por até 24 horas em tanques de expansão. O leite cru refrigerado foi obtido no Setor de Bovinocultura de Leite do IF Goiano – Câmpus Rio Verde. Os tratamentos foram constituídos conforme a descrição a seguir: Tratamento 1 – Leite refrigerado (primeiro dia de estocagem); Tratamento 2 – Leite refrigerado de remontagem (após 7 horas de estocagem); Tratamento 3 – Leite refrigerado de remontagem (após 24 horas de estocagem). Foram fabricados queijos frescais em cada tempo de estocagem do leite no tanque de expansão. Foram avaliados o pH e matéria-seca dos queijos. A influência do tempo de estocagem dos queijos durante o tempo de 1, 8, 15, 22 e 29 dias, foi representada mediante regressão linear, com os gráficos obtidos através do Microsoft Excel. A remontagem do leite no processamento de queijos constitui-se em procedimento, que deve ser largamente avaliado pelas indústrias laticinistas, pois os resultados obtidos neste estudo permitiram concluir que é tecnologicamente viável a produção dos mesmos, porém são necessários maiores estudos relacionados a composição centesimal dos queijos. Palavras-chave: Rendimento de fabricação. Refrigeração do leite. Queijo Minas Frescal. INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS A refrigeração do leite em tanques de expansão, logo após a ordenha, contribui para uma redução do crescimento microbiano, porém, a eficiência é maximizada se associada a fatores de ordem higiênica. Recomenda-se que, duas horas após a ordenha, a temperatura esteja ao redor de 4°C, no entanto, a contaminação por Pseudomonas, inclusive na água que abastece a sala de ordenha, fará com que ocorra a presença deste micro-organismo no leite, bem como o desenvolvimento em condições de refrigeração (COUSIN & BRAMLEY, 1991). A tecnologia de refrigeração do leite é hoje uma alternativa para a redução nos custos com o frete, mão-de-obra e principalmente preservação das características nutricionais. No entanto, poucos estudos tem sido realizados a fim de conhecer as características dos derivados lácteos obtidos a partir de leite de remontagem, constituindo, portanto, o objetivo deste estudo que foi avaliar o pH e matéria seca de queijos frescais durante o tempo de armazenamento e obtidos a partir de leite estocado por até 24 horas em tanques de expansão. O estudo foi realizado durante os meses de abril a maio de 2012. O leite cru refrigerado foi obtido no Setor de Bovinocultura de Leite do IF Goiano – Câmpus Rio Verde. A fabricação e análise das características físico-químicas dos queijos foram realizadas no Laboratório de Produtos de Origem Animal da Unidade de Zootecnia do IF Goiano – Câmpus Rio Verde. O leite utilizado no processamento dos queijos foi obtido diretamente do tanque de expansão a uma temperatura de 3ºC, foi acondicionado em recipiente previamente sanitizado de capacidade de aproximadamente 30 L. Em seguida foi transportado imediatamente para o Laboratório de Produtos de Origem Animal da Unidade de Zootecnia do IF Goiano – Câmpus Rio Verde para o processamento dos queijos. Os tratamentos foram constituídos conforme a descrição a seguir: Tratamento 1 – Leite refrigerado (primeiro dia de estocagem); Tratamento 2 – Leite refrigerado de remontagem (após 7 horas de estocagem); Tratamento 3 – Leite refrigerado de remontagem (após 24 horas de estocagem). Foram fabricados queijos frescais em cada tempo de estocagem do leite no tanque de expansão, de acordo com a metodologia a 1 I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. seguir: o leite foi pasteurizado por aquecimento por 15 a 20 segundos, à temperatura de 72ºC a 75ºC, seguido de imediato resfriamento a 42ºC. A pasteurização foi realizada sob agitação constante, em recipiente fechado. Para a fabricação dos queijos utilizou-se nove litros de leite por tratamento e três repetições de cada tratamento. Como ingrediente foi utilizado o cloreto de cálcio, coalho líquido e sal. Após a coagulação, a massa foi cortada em grãos (2 cm) e mantida em repouso por três minutos. A massa foi agitada lenta e descontinuamente por 30 minutos seguido de enformagem. A primeira viragem foi realizada com 15 minutos, seguido de repouso por 30 minutos e segunda viragem. Em seguida os queijos foram conduzidos à câmara fria por 24 horas, à temperatura de 4ºC. A avaliação do pH e matéria-seca dos queijos foi realizada de acordo com os procedimentos analíticos recomendados pelo Instituto Adolfo Lutz, (2005). Para atestar a qualidade do leite utilizado para o processamento dos queijos, realizou-se a análise eletrônica das amostras de leite, conforme os Tratamentos 1, 2 e 3. A influência do tempo de estocagem dos queijos durante o tempo de 1, 8, 15, 22 e 29 dias, foi representada mediante regressão linear, com os gráficos obtidos através do Microsoft Excel versão 2010. Inicialmente os valores de pH foram mais elevados, aos 29 dias de estocagem dos queijos, houve uma redução nos valores de pH. O armazenamento dos queijos frescais sob refrigeração, constitui em tecnologia já utilizada pelas indústrias, no entanto, poucos estudos foram consolidados utilizando leite refrigerado no processamento de queijos frescais. O grande problema a ser considerado ao utilizar o leite refrigerado no processamento de queijos é a microbiota psicrotrófica presente no leite estocado por longos períodos, que favoreceria consideravelmente a redução do pH durante a estocagem dos queijos, afetando diretamente a vida-de-prateleira e sabor deste produto. A microbiota psicrotrófica contaminante do leite inclui espécies de bactérias Gramnegativas dos gêneros Pseudomonas, Achromobacter e Aeromonas, dentre outras (WALKER, 1988) que contribuem para o sabor ácido dos queijos. A ação das bactérias e/ou enzimas sobre os nutrientes causa alterações no leite e derivados. Os defeitos incluem sabor e aroma indesejáveis, redução da vida de prateleira, interferência nos processos tecnológicos e redução do rendimento de queijos (CHAMPAGNE et al., 1994). RESULTADO E DISCUSSÃO Na Figura 1 pode ser vista a regressão quadrática do pH dos queijos frescais durante o tempo de estocagem. Figura 2 – Matéria seca de queijos frescais obtidos de leite refrigerado. Figura 1 – pH de queijos frescais obtidos de leite refrigerado. A qualidade do leite utilizado no processamento dos queijos estava de acordo com os valores recomendados por Brasil, (2011). O armazenamento dos queijos processados a partir de matéria-prima refrigerada ocasionou uma elevação do teor de matéria seca, o que era esperado devido à perda de soro durante a estocagem. Observa-se no entanto, que nos queijos fabricados a partir do leite de remontagem não houve aumento considerável do teor de matéria seca. Antes da implantação da IN 51, os parâmetros de qualidade do leite não eram monitorados por critérios utilizados 2 I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. internacionalmente. A partir desta data, parâmetros internacionais de qualidade, como contagem bacteriana total (CBT) e contagem de células somáticas (CCS), determinação dos teores de proteína, gordura e extrato seco desengordurado (ESD), passaram a ser avaliados (BRASIL, 2002). Com essas exigências, as indústrias passaram a ter bancos de dados com informações importantes sobre variações sazonais que influenciam no teor de sólidos, no rendimento industrial e ainda na competitividade frente a mercados internacionais. CONCLUSÃO Houve elevação dos valores de pH durante a estocagem dos queijos, com relativa queda ao final do período experimental. Com relação ao teor de matéria seca houve ligeiro acréscimo durante o período de estocagem. Esses resultados permitiram concluir que a remontagem do leite no processamento de queijos constitui-se em alternativa tecnologicamente viável, porém são necessários maiores estudos relacionados a composição centesimal dos queijos. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Aprova o Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A, o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite Cru Refrigerado, o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite Pasteurizado e o Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel. Instrução Normativa nº 62, de 29 de dezembro de 2011. COUSIN, M.A,; BRAMLEY, A.J. The microbiology of raw milk. In: ROBINSON, R.K. Dairy microbiology of milk. London: Applied Science Publishers, 1981. p.119-163. CHAMPAGNE, C.P.; LAING, R.R.; ROY, D. et al. Psycrhrotrops in dairy products: their effects and their control.Crit. Rev. Food Sci. Nutr., v.34, p.1-30, 1994. PAIVA, C.A.V.; CERQUEIRA, M.M.O.P.; SOUZA, M.R.S.; LANA, A.M.Q. Evolução anual da qualidade do leite cru refrigerado processado em uma indústria de Minas Gerais. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. v. 64, n. 2, p. 471 – 479, 2012. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Instrução normativa n.51, de 18 de setembro de 2002. Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A, do Leite tipo B, do Leite tipo C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel. Brasília, DF: Ministério da Agricultura, Secretária de Inspeção de Produto Animal. Publicado no Diário Oficial da União de 20/09/2002, Seção 1, p.13, 2002. WALKER, S. J. Major spoilage micro-organisms in milk and dairy products. Journal of the Society of Dairy Technology, v. 41, p. 91-92, 1988. 3