HOSPITAL REGIONALDA ASA SUL RESIDÊNCIA MÉDICA EM PEDIATRIA MÓDULO InCor-DF CASO CLÍNICO:Transposição das grandes artérias Hospital Regional da Asa Sul-SES-DF Residente: Germano Souza Orientador: Dr. Jorge Afiune 25-7-2008 www.paulomargotto.com.br CASO CLÍNICO IDENTIFICAÇÃO: R.M.B, sexo masculino, 7 dias de vida, pardo, natural e procedente de Ceilândia; QP.: “gemendo e roxo” HDA.:RN do sexo masculino, nascido de parto normal, a termo (Capurro: 40semanas e 5 dias), PN: 2590g, Apgar: 8/9, chorou ao nascer, sem intercorrências durante o parto. Com 2h de vida passou a apresentar gemência e cianose central. H.Gestacional: mãe G2P1A1 (há 1 ano, com 12 semanas), com 7 consultas pré-natais (VDRL não reagente 2x, Toxo não reagente 1x e não realizou anti-HIV); ITU tratada e história de hipoglicemia; CASO CLÍNICO EXAME FÍSICO: SINAIS VITAIS: PA: 68x34mmHg; SatO2: 79%; FC: 132bpm; FR: 63bpm; SOMATOSCOPIA:REG, cianótico, taquipnéico, afebril, hidratado, anictérico; ACV: RCR em 2T, B2 algo aumentada em FP, SC ( 2+/6+) em BEEA. AP: MV simétrico, com roncos esparsos Abdome: semi-globoso, flácido, fígado a 3cm do RCD, baço não palpável. RHA normais Membros: bem perfundidos, sem edema; pulsos plapáveis em 4 membros, simétricos CASO CLÍNICO CASO CLÍNICO HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS E CONDUTA? CASO CLÍNICO Conduta realizada no H.R.Ceilândia: Realizada intubação orotraqueal e iniciados prostraglandina, dobutamina, dopamina, além de antibioticoterapia (ampicilina + gentamicina); ECOCARDIOGRAMA Transposição de grandes artérias(TGA) Septo interventricular íntegro Presença de comunicação interatrial (CIA) tipo ostium secundum medindo 3,5mm com fluxo da esquerda para a direita Grande canal arterial (CA) medindo 6mm com fluxo bidirecional Ao-AP e sem gradiente significativo Ventrículo direito com hipertrofia discreta. Boa função sistólica biventricular. CASO CLÍNICO Impressão Clínica:RN com TGA + CIA (3,5) com CA pérvio( em uso de prostaglandina), mantendo boa saturação de oxigênio; Conduta decida na UTI do InCor-DF: Mantida dobutamina (4mcg/Kg/min) e prostaglandina ( 0,01mcg/Kg/min) ; Prescrito furosemida (4mg/Kg/dia) Suspenso antibióticos ( sem sinais de infecção); Solicitado exames pré-operatórios e programada atriosseptostomia por balão; CASO CLÍNICO No 9º dia de vida: submetido à cateterismo cardíaco: Registradas manometrias PAE 13mmHg e PAD 8mmHg Injeção de contraste confirmada TGA com coronárias de origem e trajeto habituais. Realizada atriosseptostomia (Rashkind) com balão Fogarty 5F 4 trações ate 4 ml volume do balão. Manometria final mostrou ausência de gradiente entre os átrios 8 mmHg e fluxo de contraste livre entre ambos. Durante todo o procedimento manteve saturação de 100%. CATETERISMO CARDÍACO CATETERISMO CARDÍACO CASO CLÍNICO No 11º dia de vida: Submetido à cirurgia de Jatene Paciente permaneceu inicialmente em CEC (Circulação Extra Corpórea) por 3h 37min com tempo de pinçamento de 10min e resfriamento a 15ºC. Após algum tempo fora de CEC evoluiu com sangramento difuso importante por coagulopatia, tendo apresentado fibrilação ventricular, necessitando de desfibrilação por várias vezes. Foi então recolocado em CEC e, devido a persistência do quadro de sangramento, foi passado para ECMO (Membrana de Oxigenação Extra Corpórea) e encaminhado para a UTI Pediátrica. ECOCARDIOGRAMA POI ECMO ECMO CASO CLÍNICO No POI com CIVD pós CEC, disfunção acentudada de VE e VD e choque cardiogênico. Permanece com sangramento importante e recebendo concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas e plasma continuamente. Em curso de drogas vasoativas e sedação contínuas. No 1º DPO de Jatene foi reabordado cirurgicamente por conta do sangramento, porém não foi encontrado nenhum ponto de origem do sangramento e após fechamento com placa o RN continuava sangrando. CASO CLÍNICO Paciente ficou internado na UTI pediátrica do InCor-DF por 11 dias por conta de TGA, submetido à atriosseptostomia e cirurgia de Jatene. Permaneceu em ECMO por 8 dias, evoluindo com CIVD e disfunção miocárdica importante. Necessitou de múltiplas transfusões sangüíneas (cerca de 28), uso de drogas vasoativas e ventilação mecânica, porem sem sucesso Óbito ocorrido com 18 dias de vida; TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS Relação anormal ente as grandes artérias e os ventrículos, de modo que a aorta se origina do VD e a artéria pulmonar, do VE; Cardiopatia cianótica mais comum em RN; Prevalência: 0,03/1000 nascidos vivos; 5,39% das cardiopatias congênitas; Mais freqüente no sexo masculino; TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS Morfologia: Concordância atrioventricular; Discordância ventrículo arterial; Aorta nasce anteriormente do Vd Artéria pulmonar nasce posteriormente do VE; TGA simples (FOP/PCA) na grande maioria; Raras vezes CIA; Valvas AV, ventrículos e valvas ventrículos arteriais são normais; Artérias coronárias com variação anatômica; TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS Morfologia: Metade dos pacientes tem : CIV (40-50%) Raramente coarctação da aorta, estenose pulmonar; Fisiologia: Circulação sistêmica e pulmonar em paralelo; Sangue venoso→coração direito→aorta →corpo Sangue arterial →coração esquerdo →a.pulmonar →pulmão Necessidade de mistura entre sangue oxigenado/não oxigenado (FOP/CIV/PCA) TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS Canal arterial (shunt E-D) Forame oval (shunt bidirecional) TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS Manifestações Clínicas: Com o fechamento PCA/FOP: hipóxia progressiva,cianose,acidose metabólica, disfunção miocárdica e ICC B2 única hiperfonética (aorta anteriormente) Pacientes com CIV: cianose leve com piora ao choro e pós a 1ª semana (diminuição da resistência pulmonar) pde ocorrer ICC; Pacientes com CIA e obstrução na VSVD,cianose e sopro sistólico de ejeção TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS Exames Complementares: Rx Tórax: Área cardíaca normal/aumentada Circulação pulmonar normal/aumentada; Mediastino superior estreitado (ovo deitado) ECG: TGA simples: sobrecarga VD; TGA com CIV: sobrecarga biventricular; Ecocardiograma: avaliar detalhes anatômicos/ defeitos associados Cateterismo: atriosseptostomia por balão, medidas das pressões e ver detalhes não vistos pelo Eco; TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS Tratamento Clínico: Uso imediato de PGE1 Otimização da ventilação e oxigenação • • • O2 pode ser oferecido!!! Correção dos distúrbios metabólicos e ácido-básico Reposição cuidadosa de volume (Evitar hipo ou hipervolemia!) Drogas vasoativas para manter PA sistólica adequada • • • • Dopamina, epinefrina Atriosseptostomia nos casos de CIA restritiva Nos casos de Hipertensão pulmonar associada (10%): • • • NO inalatório TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS Tratamento Cirúrgico Cirurgia de Jatene Troca das grandes artérias, feita até 21 ias de vida) na TGA simples; TGA com CIV: cirurgia de Jatene pode ser feita em idade superior a 21 dias,porém o quanto antes ( HP e doença vascular pulmonar); TGA com CIV e estenose pulmonar: cirurgia de Rastelli (derivação intraventricular com a construção de um túnel da CIV para a aorta , dentro do VD, direcionando o sangue do VE para a aorta + sangue do VD para a a. pulmonar por um tubo)