O COORDENADOR PEDAGÓGICO NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA: A
FORMAÇÃO DO PROFESSOR EM QUESTÃO1
CARVALHO, Adriana de Souza2
SOUZA, Adriane Dias de
KOUPAKA, Ariane Jussiara Otto
SILVA, Cleidineris Costa e
PINHEIRO, Francielle
WATTHIER, Izabel Cristina
CASAGRANDE, Kelly Cristina
SILVA, João Carlos da (orientador)3
Introdução
A Prática de Ensino I do Curso de Pedagogia da UNIOESTE – Campus Cascavel,
em sua ementa, estabelece o desenvolvimento de estágio junto às escolas do Ensino
Fundamental e Médio, direcionado a atuação do Orientador, Gestor, Supervisor e do
Coordenador Pedagógico. Dessa forma, visamos articular a referida ementa, desenvolvendo
um projeto direcionado ao trabalho pedagógico na formação de docentes, onde a finalidade
consiste em possibilitar a socialização do conhecimento e a reflexão sobre as questões
relacionadas à teoria e prática na formação do educador. Este texto visa discutir o papel do
coordenador pedagógico enquanto mediador do conhecimento, a partir de suas práticas no
contexto escolar.
Para uma melhor compreensão do objeto em questão foi necessário a realização de
estudos ao longo do período acadêmico, visando à fundamentação teórica. Para tanto, foi
preciso verificar como se deu o surgimento do Coordenador Pedagógico, e como foi sua
inserção no contexto educacional, sendo hoje uma função importante para as escolas.
Salientamos que sem um aprofundamento teórico, não teríamos capacitação e subsídios para
abordar tal assunto.
O Coordenador no contexto do Projeto Político - Pedagógico
Diniz (2000) aborda questões referentes à formação de professores, visando aspectos
diversos em datas históricas, para uma melhor análise de como tal função surgiu no âmbito
educacional. Nos anos 70, o professor era concebido como um organizador dos componentes
do processo de ensino-aprendizagem que deveriam ser rigorosamente planejados para garantir
1
Este artigo é resultado parcial das atividades desenvolvidas junto a Disciplina de Prática de Ensino I, durante o
ano letivo de 2007.
2
Alunas do 3. ano, Curso de Pedagogia, UNIOESTE, Campus Cascavel. E-mail: [email protected]
3
Professor do Colegiado de Pedagogia, UNIOESTE. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em História e
Filosofia da Educação/UNICAMP. Membro do Grupo de pesquisa HISTEDBR, GT-Cascavel, Pr. E-mail:
[email protected]
resultados instrucionais altamente eficazes e eficientes. O professor ideal era o técnico,
deveria ter boas técnicas de transmissão do conhecimento para os alunos.
Nos anos 80, o professor deveria ter uma opção política em sua prática pedagógica e
compromisso com as classes populares. Não bastava formação técnica, mas era preciso
compromisso político. Já nos anos 90, há uma preocupação com o profissional reflexivo e sua
profissionalização. O professor deveria torna-se um bom pesquisador, compreender o próprio
processo de construção e produção do conhecimento escolar. Segundo Diniz, na atualidade, o
professor tem que ter compromisso político com o conhecimento, com o ensino, ter uma boa
formação teórica, técnica, ser um bom pesquisador, tendo como instrumento de trabalho o
conhecimento.
Bussmann (1998), em O projeto político-pedagógico e a gestão da escola, apresenta
que até os anos 80, os profissionais das escolas eram considerados subalternos e só
desempenhavam funções subalternas, onde o professor era o operário que executava o
trabalho pronto e acabado. O trabalho era organizado de forma hierárquica. O supervisor e o
orientador supervisionam o trabalho de forma hierárquica, no intuito não de formar ou
organizar, mas de fiscalizar se o que era imposto estava sendo cumprido.
A partir dos anos 80 surge a intenção de coordenador pedagógico, na intenção de
superar a divisão hierárquica do trabalho pedagógico, formando assim a idéia de trabalho
coletivo. O Projeto Político Pedagógico surge com a intenção de organizar o trabalho de
forma coletiva. Os profissionais da escola deixariam de ser meros executores e passariam a
serem sujeitos construtores do saber. A escola pública tem suas origens no final do século
XIX, durante a Revolução Industrial, sendo organizada como extensão de uma fábrica,
priorizando a formação do homem para o trabalho.
Ainda, segundo Bussmann, cada escola deve construir e administrar seu próprio
Projeto político-pedagógico, para assim delinear de forma coletiva a competência principal
esperada do educador e de sua atuação na escola. Deve ser elaborado por todos: funcionários,
professores, diretor e pais e devendo ser renovado constantemente.
O administrador ou mais especificamente o diretor deve estar bem preparado e ser
competente para realizar um bom trabalho na escola, devendo considerar a influência e a
relação da escola com seu contexto social e político e também a subjetividade na construção
do conhecimento, os valores e a hierarquia desses valores que presidem o estabelecimento de
metas e prioridades. Isso implica um posicionamento filosófico, paradigmas de conhecimento
que expressam nova visão de homem e de sociedade e que fundamentam a questão
educacional.
O administrador não deve separar a teoria e a prática administrativa ou essa de teoria
e prática pedagógica. “Administrar é agir de modo a combinar adequadamente o uso de
recursos disponíveis para atingir um objetivo. É, portanto, uma ação finalista, voltada à
obtenção de algum resultado” (BUSSMANN, 1995. p.43). O administrador da escola deve
gerenciar os docentes, discentes, técnico-administrativos e de serviços, não devendo dissociar
da tarefa de gerencia seu caráter formativo, razão maior da ação escolar a ser expressa no seu
projeto político-pedagógico.
O homem para esta escola-fábrica servia para produzir capital. Neste sentido,
passava a ser pautada a partir de uma hierarquia, reprodutora do conhecimento. Veiga (1995),
em “Projeto político-pedagógico da escola: uma construção coletiva” considera que ao
construir o PPP na escola, planejamos o que temos intenção de fazer na escola. Ele não deve
ser um simples agrupamento de planos de ensino, nem ser construído somente por um
pedagogo da escola, mas construído e vivenciado por todos os envolvidos no planejamento
global da escola. “O PPP é político no sentido de compromisso com a formação do cidadão
para um tipo de sociedade, é Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as
características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade”
(VEIGA, 1995, p.13).
O PPP está relacionado com a organização da escola no geral e da sala de aula
(conteúdo, organização) devendo ser feito de acordo com a realidade das crianças que
estudam naquela escola. Um dos objetivos é diminuir a evasão escolar, melhorando a
qualidade de ensino e as atividades. Ainda de acordo com a mesma autora: “[...] o projeto
político-pedagógico da escola dará condições necessárias à organização do trabalho
pedagógico, que inclui o trabalho do professor na dinâmica interna da sala de aula” (Idem,
ibidem, p.18).
Por muito tempo o diretor era considerado o chefe e o dono da escola, e a escola um
micro-poder, espaço estratégico de controle social e de poder. O coordenador pedagógico
seria é aquele que organizaria, orientaria e harmonizaria o trabalho de um grupo, por
intermédio de determinados métodos, de acordo com o contexto em que se insere. Na
educação existem algumas contradições: na sala de aula, na escola, no sistema educativo,
essas contradições se dão entre: as pessoas e a sociedade, a unidade e a diversidade, a
autonomia e a dependência, a invariância e a mudança, a harmonia e o conflito, e entre a
igualdade e a diferença. O coordenador deve compreender essas contradições desenvolvendo
ações que o ajudaram enfrentá-las.
Na sala de aula, por exemplo, está em jogo o compromisso com o respeito pelas
pessoas, suas necessidades, seus ritmos, seu pensamento e as exigências do programa de
ensino, do trabalho, da avaliação, do horário e da coexistência. Com relação aos professores o
coordenador deve entender que não é possível esperar que todos pensem igual, que passem a
ter a mesma crença do grupo, da escola, que concordem e desenvolvam as mesmas práticas,
pois cada um tem sua individualidade e precisa ser respeitada.
A igualdade de oportunidades não significa tratar a todos do mesmo modo, mas criar
condições para que todos tenham acesso às mesmas oportunidades, o que demanda aprender a
trabalhar com a diversidade. O coordenador pedagógico deve estar preparado, pois tanto pais,
alunos, professores, são grupos muito diversos, mas há ainda o outro lado: as pressões
advindas de instâncias superiores (diretores ou próprios mantenedores de escolas particulares,
ou supervisores) que têm metas a serem alcançadas. Outra questão a ser observada é a carga
de trabalho burocrático que o coordenador recebe, a qual, muitas vezes, ocupa quase todo o
seu tempo, deixando-lhe poucas possibilidades para desempenhar suas funções pedagógicas.
A escola pública e os desafios do Coordenador Pedagógico
O coordenador pedagógico precisa entender que para mudar alguns hábitos em seu
grupo, ele precisa primeiramente mudar a si mesmo, modificar-se, devendo ser como um
espelho para os professores, ou seja, ao se modificar como parte inicial, o todo também se
transforma. Sylvia Helena e Otília Maria (2004) em “O Coordenador pedagógico e a
avaliação da aprendizagem: buscando uma leitura interdisciplinar” fala da necessidade de
alteração de práticas avaliativas no espaço escolar. As políticas públicas mostram a avaliação
como uma forma de controle social fundamental para a construção de uma educação
transformadora, onde os professores reivindicam a participação efetiva na maneira de avaliar
o aluno durante o processo de aprendizagem.
Na coordenação pedagógica, coordenar e avaliar andam juntas na delicada tarefa
educativa. Para pensar em práticas avaliativas é necessário reconhecer que outros dois sujeitos
participam também o professor e o aluno. Nesse sentido, precisamos entender um pouco de
leitura interdisciplinar; aqui a leitura é conversar, dialogar, é negociar projetos. A
interdisciplinaridade envolve uma atitude possível diante do conhecimento, uma atitude de
buscar alternativas para conhecer melhor, tendo atitudes de reciprocidade, humildade,
possibilidade de desvendar novos saberes, atitude de desafio diante do novo, envolvimento e
comprometimento com os projetos e pessoas, atitude de responsabilidade; esses dois
processos (leitura e interdisciplinaridade) juntos levaram a pensar na avaliação da
aprendizagem.
Avaliar constitui outro exercício de autoria em que discentes e docentes vivem,
criam e transformam. O ato de avaliar por sua constituição mesma, não se destina a
julgamento definitivo sobre uma coisa, pessoa ou situação, a avaliação se destina ao
diagnóstico, deve ser visto como uma melhoria. A avaliação da aprendizagem é reconhecida
como condicionada e condicionante da aprendizagem, ensino, inovações educacionais,
mudanças curriculares, o ato de avaliar torna-se uma prática refletida em busca de soluções
melhores.
Promover a discussão coletiva, mediar ações inovadoras, provocar estudos e
investigações sobre o que está sendo realizado no espaço escolar, situam-se como
possibilidades pedagógicas que entendam a avaliação da aprendizagem como saberes e
fazeres do que é possível desenvolver num dado contexto escolar.
O lugar do coordenador também é visto em um projeto interdisciplinar, sensibilidade
de provocar a auto-reflexão, possibilitando que a avaliação deixe de ser a queixa para
constituir o material vivo de leitura da realidade, explorando e transformando-a. Ao discutir o
coordenador pedagógico no contexto da diversidade, Sousa (2004), considera que este
profissional deve ser aquele que organiza, orienta e harmoniza o trabalho de um grupo, por
intermédio de determinados métodos, de acordo com o sistema ou contexto em que se insere.
O coordenador deve compreender essas contradições para assim poder desenvolver ações para
assim poder enfrentá-las.
É preciso criar novos desafios para as relações entre o coordenador pedagógico e a
avaliação da aprendizagem, projetar e implementar outro modo de tratar a coordenação
pedagógica, a avaliação da aprendizagem e o trabalho do professor. Nesse sentido, o
coordenador pedagógico pode ser um sujeito que pergunta e faz questões, ao mesmo tempo
em que escuta, busca alternativa e altera seus próprios questionamentos, de provedor de
respostas á mediador das interrogações.
Matte (2004), por sua vez discuti a organização escolar, a produção de normas e
regras que constitui a escola historicamente, considerando a dinâmica interna dos indivíduos
que atuam no cotidiano da escola. O exercício do poder atua também ao produzir e mobilizar
ações dos indivíduos quando produzem. Um modo de relação do poder se dá no P.P.P. da
escola, sendo um projeto que expresse a “verdade” de uma pratica saudável e criativa.
Portanto trata-se de saber se o projeto que está sendo constituído na escola faz sentido para
aquela determinada realidade. O projeto pedagógico é um conjunto de regras e normas, mas
acima disso é um trabalho coletivo, que coloca suas dificuldades em discussão,
problematizando num movimento de troca vinculado a uma meta a ser atingida o projeto
pedagógico.
Podemos assim concluir que um projeto pedagógico poderia ser mais um espaço de
discussão permanente das diferenças e das formas de trabalhar do que um consenso. É muito
importante que o coordenador pedagógico procure encaminhar as discussões para que formas
de trabalho mais inventivas possíveis emergiam do grupo. Desse modo, cria-se uma prática de
rever e problematizar modelos evitando a burocratização:
Ficam assim as relações de poder como pano de fundo a ser pensados nos espaços
de discussão de projetos pedagógicos e que, se percebidas em seu exercício, podem
proporcionar aos coordenadores pedagógicos e demais educadores condições de
propor decidir, aceitar, rejeitar, resistir, partilhar, criticar, problematizar, colaborar,
inventar, enfim, participar! (MATTE, 2004, p.150).
No texto Um dia na vida de um coordenador pedagógico de escola publica Almeida
(2004), analisa que, na rotina do coordenador, todos os dias são diferentes, porque sempre têm
coisas diferentes para resolver e com diferentes pessoas. O coordenador deve ser o elemento
que ajuda a unidade escolar nos seus projetos pedagógicos, assessorando e acompanhando
professores em suas atividades de planejamento, docência e avaliação. São raros os dias que
conseguem cumprir com o que estava previsto, sempre surgem imprevistos.
Segundo a autora, as principais atividades diárias dos coordenadores são: organizar
a entrada dos alunos; verificar se faltaram professores e quais os presentes, necessitando às
vezes convocar professores substitutos; atender pais e alunos; quase todos os dias sua
presença é solicitada em sala de aula, para solucionar conflitos entre professores e alunos;
tomar decisões sobre atividades extraclasses (visita ao teatro, cinema, passeios, etc.);
planejamento do uso da sala de informática, laboratórios e sala de vídeo; análise de caos
indisciplinares; preparação dos materiais para serem utilizados pelos professores; organização
e controle deste material; programação de datas comemorativas e eventos; visita a salas,
assistir aulas para acompanhar o desenvolvimento dos alunos, participar de eventos, atender
projetos especiais desenvolvidos pelos professores; marcar e organizar reuniões com pais e
professores.
Muitos destes coordenadores ainda relatam que após um dia de trabalho exaustivo,
ao perceber que não foi possível cumprir com as atividades previstas, demonstram uma
sensação de mal estar e frustração. É o que nos relata a coordenadora pedagógica, da Escola
Municipal Robert Francis Kennedy. Ela aponta que existem dias tranqüilos, conseguindo
realizar todas suas obrigações previstas, mas também há dias tumultuados com muitas visitas
de pais e solicitações da Secretaria de Educação.
Levantamento de dados na escola campo de estágio
Tendo como meta levantar dados na escola campo de estágio teve-se a necessidade
de elaborar um questionário junto a Coordenadora Pedagógica para compreender melhor sua
função nesse contexto escolar. A Coordenadora Pedagógica entrevista está nesta função na
escola há três anos, sendo formada no curso de Letras na UNIOESTE - Campus de Cascavel.
A respeito de sua trajetória profissional, iniciou-se com 15 anos em uma escola particular, em
1992. No ano de 1993 trabalhou na faculdade Dom Bosco. Em 1999 começou trabalhar no
estado e em 2000 no município. O seu trabalho no cotidiano escolar tem início às 7h20min e
se estende até as 17h30min.
Em relação a sua atividade, a coordenadora colocou que realiza várias funções:
conversar, atender, convocar os pais para conversar, fazer registros, orientar os professores
com o trabalho pedagógico, verificar o que os professores estão trabalhando em sala, dialogar
com os pais, professores, alunos, e ainda tem a função de investigadora e de psicóloga. Sua
jornada de trabalho é de 40 horas, mas tem que ter disponibilidade de horários para as funções
para além do que está escrito em seu contrato como coordenadora.
Ela colocou que seus objetivos poderiam ser bem melhor desenvolvidos se
houvessem menos imprevistos e empecilhos que acontecem durante seu caminho diário.
Apontou que escola tem autonomia para realizar seus trabalhos pedagógicos, quanto à
avaliação de acordo com os conceitos da escola.
A coordenadora avalia seu trabalho da seguinte forma: o trabalho não é atingido
100%, pois surgem muitos imprevistos, além de ter o problema de exercer várias funções o
que acaba influenciando nos seus objetivos, pois tem que solucionar outros problemas que
surgem no decorrer do dia. Sobre a relação com a SEMED – Secretaria Municipal de
Educação, ela disse que falta assessoramento mais profissional, pois muitas vezes eles
desenvolvem apenas um trabalho fiscalizador.
Os principais problemas da escola apontados são: a falta de estrutura, e que há uma
luta pela ampliação da mesma, pois esta não oferta pré-escola, devido o espaço físico.
Segundo ela, há um projeto de R$ 1.111.000 (um milhão, cento e onze mil reais) que está
arquivado na Prefeitura Municipal de Cascavel, que objetiva uma nova infra-estrutura.
Levantando dados junto aos professores da escola campo de estágio
Para levantar mais dados na escola campo de estágio vimos à necessidade de
elaborar um questionário junto aos professores para compreender a visão que eles têm sobre a
função do coordenador pedagógico.
Neste sentido formulamos algumas questões voltadas para este objetivo as quais
questionam sobre a principal função do coordenador junto à equipe pedagógica desde sua
atitude á seu trabalho realizado sobre o P.P.P. e com o aluno.
Para tal, foram aplicados quinze questionários, sendo o numero correspondente de
professores de primeira á quarta série de ambos os períodos (matutino e vespertino) da escola
campo de estágio. Assim sendo, houve respostas diversas, as quais irão abordar.
Evidenciamos que os professores entendem que o trabalho do coordenador deve ser
de participação efetiva auxiliando, orientando e coordenando o professor com metodologia
nos encaminhamentos para a resolução de seus problemas encontrados em sala,
principalmente em relação aos alunos com dificuldades de aprendizagem. Assim contribuir
para o bom desempenho pedagógico visando o bom desenvolvimento do aluno mediando o
processo educativo.
Abordando sobre as atitudes dos indivíduos em questão, obtivemos como resposta
que o mesmo deve estar orientando, organizando, auxiliando, avaliando e buscando a
melhoria da qualidade do ensino focando todos os sujeitos relacionados à questão ensino
aprendizagem. Conseqüentemente ser o gestor pedagógico da escola implica assumir a grande
responsabilidade de assegurar conhecimento e qualidade, de forma que possa contribuir com
o trabalho do professor em sala de aula. O acompanhamento pedagógico, assessoramento ao
professor, comunicação e informações aos pais sobre o desempenho dos alunos são desafios
que correspondem ao coordenador pedagógico da escola pública.
Questionados com relação ao papel central do coordenador pedagógico tendo várias
alternativas para analise a maioria concordou que tal função não se resume em um item em
questão, pois, os mesmos, se relacionam e interagem entre si. Sendo eles elaboração do
Projeto Político – Pedagógico atendimento aos pais, formação do professor, resolução de
problemas na escola, atendimento aos alunos visando auxilio avaliativo do processo ensino
aprendizagem.
Sobre o P.P.P. interrogamos a sua importância para a escola, aos quais responderam
que ele é de suma importância para a escola, pois é através dele que se delineiam as
características da escola e de sua comunidade, o que proporciona o planejamento de todas as
atividades. Portanto o P.P.P. é o que caracteriza a escola a partir de seu contexto. É a
adequação possível do Projeto Pedagógico a partir das diretrizes dos sistemas de ensino dos
quais a escola está subordinada. É o documento que norteia todo o trabalho pedagógico,
administrativo e institucional.
Finalmente sobre a questão de reprovação do aluno, responderam que o papel do
professor e do coordenador pedagógico sobre tal é de analisar o desenvolvimento do aluno, o
meio no qual está inserido e sua família. Os recursos utilizados pela escola são reforço,
atividades extras e atendimento referenciado dentro da disponibilidade dos professores,
buscando analisar as diversas questões que influenciaram no processo ensino aprendizagem
do aluno verificando a possibilidade de falhas.
Em vista disso, quando a escola, através dos responsáveis pela ação pedagógica,
professores e equipe administrativa e pedagógica desenvolveu um trabalho articulado e
encaram as dificuldades de aprendizagem dos alunos com comprometimento pedagógico,
varias ações podem ser desencadeadas durante o ano letivo de forma a não garantir apenas
aprovação. O grande desafio não é só aprovar, mas assegurar que todas as crianças aprendam
ou tenham domínio dos conteúdos básicos para prosseguir na série seguinte.
Levantamento de dados junto a SEMED – Secretaria Municipal de Educação
Em nossa entrevista na SEMED, junto a Coordenadora pedagógica, discutiu-se
sobre este profissional, vimos que não há concurso para coordenador pedagógico. Então é
dentro do quadro dos professores que fazem concurso que se é escolhido esse profissional.
Tem uma portaria que limita a quantidade de alunos e a quantidades de coordenadores na
escola. A própria legislação do coordenador vem de supervisor para assim desmistificar a
visam apenas de supervisionar, dando margem a um trabalho pedagógico tendo uma
participação mais efetiva.
O coordenador na SEMED faz um trabalho de assessoria para os demais
coordenadores da rede visando uma formação continuada proporcionando cursos, palestras,
etc. Essa assessoria junto com os coordenadores funciona da seguinte maneira: a secretaria vai
até a escola, junto com o coordenador pedagógico, sentam e discutem os problemas da escola,
e juntos tentam superar tais dificuldade, e são inúmeras desde dificuldades de aprendizagem
até a dificuldade do próprio processo de ensino que o professor que tem a dificuldades de
superar tais fatos em sala de aula, e ficando para o papel do coordenador dar conta de superar
essas dificuldades.
Quando essas assessorias da SEMED juntamente com a escola se tornam intensa
conseguem fazer um mapeamento das situações problemas e vão tentando resolvê-las
gradativamente. O coordenador tem um papel limitado e importante, ele assessora o professor
visando sempre à aprendizagem do aluno, ele vai para a sala de aula observar o aluno, o
professor para assim apoiar no que for necessário, e verificar se há um problema de
indisciplina na sala, entrando com auxilio teórico e pratica junto com os professores.
A SEMED faz avaliações para os professores verificarem o desempenho do
coordenador de sua escola em sala de aula. Para a SEMED papel central do coordenador é o
aluno, assim sendo assessor o professor visando à aprendizagem do aluno. O número de
coordenadores em uma escola depende do número de alunos, havendo escolas em Cascavel
com até três coordenadores.
Em entrevista com a coordenadora pedagógica da SEMED, fizemos as seguintes
questões: Qual é a maior dificuldade para trabalhar com o coordenador?
Varia muita a formação que a pessoa teve, na rede municipal houve um tempo que a
diretoria escolhia o coordenador no quadro de professor de escola. A SEMED junto com a
UNIOESTE acabaram realizando um teste seletivo para coordenador que abriu um leque de
oportunidades para muitas pessoas qualificadas para o cargo. Professores interessados fazem
o teste e depois uma entrevista com a SEMED. A maioria dos coordenadores da rede são
pedagogos (formados em Pedagogia), alguns são formados em Letras (número pequeno), mas
em sua maioria têm magistério.
A SEMED propicia algum material para trabalhar com os coordenadores?
A rede municipal por um longo período trabalhou com o Currículo Básico dando um
norte para o trabalho. Com a vinda dos PCNS – Planos Curriculares Nacionais, tiveram
dificuldades porque algumas escolas começaram a usar um ou outro, mas eles têm concepções
diferentes, complexas, havendo muitas concepções conflituosas.
Em 2005 começou a se discutir uma proposta preliminar que garantisse discussões
especificas para o trabalho pedagógico, hoje com o Materialismo Histórico Dialético visa uma
mesma leitura de concepção, alguns discursos partem da AMOP - Associação dos Municípios
do Oeste do Paraná, assim os professores têm de ter uma participação mais efetiva com essa
concepção. Em vista disso só não houve uma concepção mais efetiva em razão do movimento
grevista ocorrido no 1º semestre deste ano.
Então para que haja mais engajamento a SEMED busca uma participação mais
efetiva dos professores, porém não é obrigatório. É feito grupos para discutirem problemas
encontrados na rede. A educação sofreu algumas dificuldades, hoje a dificuldade vem por
falta de profissionais na rede escolar, por isso estão agilizando concursos que passam por um
processo de liberação.
Conclusão
A partir dos estudos realizados, concluímos que a função do Coordenador
Pedagógico é de fundamental importância para o bom andamento do professor no processo
ensino-aprendizagem, visando o aluno. Porém, vimos que no seu cotidiano há um acumulo de
funções, pois além de auxiliar nesse processo, o Coordenador participa da elaboração do
Projeto Político - Pedagógico, resolve problemas corriqueiros entre pais, alunos e professores,
preenche formulários que visam situações burocráticas e entre outras situações que ocupam
seu tempo.
Essa função não se restringe apenas a um item, sendo que na prática ela é ampla,
devendo auxiliar em várias áreas (funções), exigindo desses profissionais habilidades para
lidar com situações inesperadas, por isso, tendo que estar sempre em busca de novos
conhecimentos que o ajudarão a enfrentar as dificuldades encontradas em sua carreira.
Entendemos que o Coordenador deve ter como prioridade orientar o professor para
que este busque uma formação continuada, despertando nele a necessidade de ampliar seus
conhecimentos, dando ênfase a um ensino de qualidade em busca de garantir a melhoria da
qualidade da educação do aluno. Este é o desafio.
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