O COORDENADOR PEDAGÓGICO NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA: A FORMAÇÃO DO PROFESSOR EM QUESTÃO1 CARVALHO, Adriana de Souza2 SOUZA, Adriane Dias de KOUPAKA, Ariane Jussiara Otto SILVA, Cleidineris Costa e PINHEIRO, Francielle WATTHIER, Izabel Cristina CASAGRANDE, Kelly Cristina SILVA, João Carlos da (orientador)3 Introdução A Prática de Ensino I do Curso de Pedagogia da UNIOESTE – Campus Cascavel, em sua ementa, estabelece o desenvolvimento de estágio junto às escolas do Ensino Fundamental e Médio, direcionado a atuação do Orientador, Gestor, Supervisor e do Coordenador Pedagógico. Dessa forma, visamos articular a referida ementa, desenvolvendo um projeto direcionado ao trabalho pedagógico na formação de docentes, onde a finalidade consiste em possibilitar a socialização do conhecimento e a reflexão sobre as questões relacionadas à teoria e prática na formação do educador. Este texto visa discutir o papel do coordenador pedagógico enquanto mediador do conhecimento, a partir de suas práticas no contexto escolar. Para uma melhor compreensão do objeto em questão foi necessário a realização de estudos ao longo do período acadêmico, visando à fundamentação teórica. Para tanto, foi preciso verificar como se deu o surgimento do Coordenador Pedagógico, e como foi sua inserção no contexto educacional, sendo hoje uma função importante para as escolas. Salientamos que sem um aprofundamento teórico, não teríamos capacitação e subsídios para abordar tal assunto. O Coordenador no contexto do Projeto Político - Pedagógico Diniz (2000) aborda questões referentes à formação de professores, visando aspectos diversos em datas históricas, para uma melhor análise de como tal função surgiu no âmbito educacional. Nos anos 70, o professor era concebido como um organizador dos componentes do processo de ensino-aprendizagem que deveriam ser rigorosamente planejados para garantir 1 Este artigo é resultado parcial das atividades desenvolvidas junto a Disciplina de Prática de Ensino I, durante o ano letivo de 2007. 2 Alunas do 3. ano, Curso de Pedagogia, UNIOESTE, Campus Cascavel. E-mail: [email protected] 3 Professor do Colegiado de Pedagogia, UNIOESTE. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em História e Filosofia da Educação/UNICAMP. Membro do Grupo de pesquisa HISTEDBR, GT-Cascavel, Pr. E-mail: [email protected] resultados instrucionais altamente eficazes e eficientes. O professor ideal era o técnico, deveria ter boas técnicas de transmissão do conhecimento para os alunos. Nos anos 80, o professor deveria ter uma opção política em sua prática pedagógica e compromisso com as classes populares. Não bastava formação técnica, mas era preciso compromisso político. Já nos anos 90, há uma preocupação com o profissional reflexivo e sua profissionalização. O professor deveria torna-se um bom pesquisador, compreender o próprio processo de construção e produção do conhecimento escolar. Segundo Diniz, na atualidade, o professor tem que ter compromisso político com o conhecimento, com o ensino, ter uma boa formação teórica, técnica, ser um bom pesquisador, tendo como instrumento de trabalho o conhecimento. Bussmann (1998), em O projeto político-pedagógico e a gestão da escola, apresenta que até os anos 80, os profissionais das escolas eram considerados subalternos e só desempenhavam funções subalternas, onde o professor era o operário que executava o trabalho pronto e acabado. O trabalho era organizado de forma hierárquica. O supervisor e o orientador supervisionam o trabalho de forma hierárquica, no intuito não de formar ou organizar, mas de fiscalizar se o que era imposto estava sendo cumprido. A partir dos anos 80 surge a intenção de coordenador pedagógico, na intenção de superar a divisão hierárquica do trabalho pedagógico, formando assim a idéia de trabalho coletivo. O Projeto Político Pedagógico surge com a intenção de organizar o trabalho de forma coletiva. Os profissionais da escola deixariam de ser meros executores e passariam a serem sujeitos construtores do saber. A escola pública tem suas origens no final do século XIX, durante a Revolução Industrial, sendo organizada como extensão de uma fábrica, priorizando a formação do homem para o trabalho. Ainda, segundo Bussmann, cada escola deve construir e administrar seu próprio Projeto político-pedagógico, para assim delinear de forma coletiva a competência principal esperada do educador e de sua atuação na escola. Deve ser elaborado por todos: funcionários, professores, diretor e pais e devendo ser renovado constantemente. O administrador ou mais especificamente o diretor deve estar bem preparado e ser competente para realizar um bom trabalho na escola, devendo considerar a influência e a relação da escola com seu contexto social e político e também a subjetividade na construção do conhecimento, os valores e a hierarquia desses valores que presidem o estabelecimento de metas e prioridades. Isso implica um posicionamento filosófico, paradigmas de conhecimento que expressam nova visão de homem e de sociedade e que fundamentam a questão educacional. O administrador não deve separar a teoria e a prática administrativa ou essa de teoria e prática pedagógica. “Administrar é agir de modo a combinar adequadamente o uso de recursos disponíveis para atingir um objetivo. É, portanto, uma ação finalista, voltada à obtenção de algum resultado” (BUSSMANN, 1995. p.43). O administrador da escola deve gerenciar os docentes, discentes, técnico-administrativos e de serviços, não devendo dissociar da tarefa de gerencia seu caráter formativo, razão maior da ação escolar a ser expressa no seu projeto político-pedagógico. O homem para esta escola-fábrica servia para produzir capital. Neste sentido, passava a ser pautada a partir de uma hierarquia, reprodutora do conhecimento. Veiga (1995), em “Projeto político-pedagógico da escola: uma construção coletiva” considera que ao construir o PPP na escola, planejamos o que temos intenção de fazer na escola. Ele não deve ser um simples agrupamento de planos de ensino, nem ser construído somente por um pedagogo da escola, mas construído e vivenciado por todos os envolvidos no planejamento global da escola. “O PPP é político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade, é Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade” (VEIGA, 1995, p.13). O PPP está relacionado com a organização da escola no geral e da sala de aula (conteúdo, organização) devendo ser feito de acordo com a realidade das crianças que estudam naquela escola. Um dos objetivos é diminuir a evasão escolar, melhorando a qualidade de ensino e as atividades. Ainda de acordo com a mesma autora: “[...] o projeto político-pedagógico da escola dará condições necessárias à organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do professor na dinâmica interna da sala de aula” (Idem, ibidem, p.18). Por muito tempo o diretor era considerado o chefe e o dono da escola, e a escola um micro-poder, espaço estratégico de controle social e de poder. O coordenador pedagógico seria é aquele que organizaria, orientaria e harmonizaria o trabalho de um grupo, por intermédio de determinados métodos, de acordo com o contexto em que se insere. Na educação existem algumas contradições: na sala de aula, na escola, no sistema educativo, essas contradições se dão entre: as pessoas e a sociedade, a unidade e a diversidade, a autonomia e a dependência, a invariância e a mudança, a harmonia e o conflito, e entre a igualdade e a diferença. O coordenador deve compreender essas contradições desenvolvendo ações que o ajudaram enfrentá-las. Na sala de aula, por exemplo, está em jogo o compromisso com o respeito pelas pessoas, suas necessidades, seus ritmos, seu pensamento e as exigências do programa de ensino, do trabalho, da avaliação, do horário e da coexistência. Com relação aos professores o coordenador deve entender que não é possível esperar que todos pensem igual, que passem a ter a mesma crença do grupo, da escola, que concordem e desenvolvam as mesmas práticas, pois cada um tem sua individualidade e precisa ser respeitada. A igualdade de oportunidades não significa tratar a todos do mesmo modo, mas criar condições para que todos tenham acesso às mesmas oportunidades, o que demanda aprender a trabalhar com a diversidade. O coordenador pedagógico deve estar preparado, pois tanto pais, alunos, professores, são grupos muito diversos, mas há ainda o outro lado: as pressões advindas de instâncias superiores (diretores ou próprios mantenedores de escolas particulares, ou supervisores) que têm metas a serem alcançadas. Outra questão a ser observada é a carga de trabalho burocrático que o coordenador recebe, a qual, muitas vezes, ocupa quase todo o seu tempo, deixando-lhe poucas possibilidades para desempenhar suas funções pedagógicas. A escola pública e os desafios do Coordenador Pedagógico O coordenador pedagógico precisa entender que para mudar alguns hábitos em seu grupo, ele precisa primeiramente mudar a si mesmo, modificar-se, devendo ser como um espelho para os professores, ou seja, ao se modificar como parte inicial, o todo também se transforma. Sylvia Helena e Otília Maria (2004) em “O Coordenador pedagógico e a avaliação da aprendizagem: buscando uma leitura interdisciplinar” fala da necessidade de alteração de práticas avaliativas no espaço escolar. As políticas públicas mostram a avaliação como uma forma de controle social fundamental para a construção de uma educação transformadora, onde os professores reivindicam a participação efetiva na maneira de avaliar o aluno durante o processo de aprendizagem. Na coordenação pedagógica, coordenar e avaliar andam juntas na delicada tarefa educativa. Para pensar em práticas avaliativas é necessário reconhecer que outros dois sujeitos participam também o professor e o aluno. Nesse sentido, precisamos entender um pouco de leitura interdisciplinar; aqui a leitura é conversar, dialogar, é negociar projetos. A interdisciplinaridade envolve uma atitude possível diante do conhecimento, uma atitude de buscar alternativas para conhecer melhor, tendo atitudes de reciprocidade, humildade, possibilidade de desvendar novos saberes, atitude de desafio diante do novo, envolvimento e comprometimento com os projetos e pessoas, atitude de responsabilidade; esses dois processos (leitura e interdisciplinaridade) juntos levaram a pensar na avaliação da aprendizagem. Avaliar constitui outro exercício de autoria em que discentes e docentes vivem, criam e transformam. O ato de avaliar por sua constituição mesma, não se destina a julgamento definitivo sobre uma coisa, pessoa ou situação, a avaliação se destina ao diagnóstico, deve ser visto como uma melhoria. A avaliação da aprendizagem é reconhecida como condicionada e condicionante da aprendizagem, ensino, inovações educacionais, mudanças curriculares, o ato de avaliar torna-se uma prática refletida em busca de soluções melhores. Promover a discussão coletiva, mediar ações inovadoras, provocar estudos e investigações sobre o que está sendo realizado no espaço escolar, situam-se como possibilidades pedagógicas que entendam a avaliação da aprendizagem como saberes e fazeres do que é possível desenvolver num dado contexto escolar. O lugar do coordenador também é visto em um projeto interdisciplinar, sensibilidade de provocar a auto-reflexão, possibilitando que a avaliação deixe de ser a queixa para constituir o material vivo de leitura da realidade, explorando e transformando-a. Ao discutir o coordenador pedagógico no contexto da diversidade, Sousa (2004), considera que este profissional deve ser aquele que organiza, orienta e harmoniza o trabalho de um grupo, por intermédio de determinados métodos, de acordo com o sistema ou contexto em que se insere. O coordenador deve compreender essas contradições para assim poder desenvolver ações para assim poder enfrentá-las. É preciso criar novos desafios para as relações entre o coordenador pedagógico e a avaliação da aprendizagem, projetar e implementar outro modo de tratar a coordenação pedagógica, a avaliação da aprendizagem e o trabalho do professor. Nesse sentido, o coordenador pedagógico pode ser um sujeito que pergunta e faz questões, ao mesmo tempo em que escuta, busca alternativa e altera seus próprios questionamentos, de provedor de respostas á mediador das interrogações. Matte (2004), por sua vez discuti a organização escolar, a produção de normas e regras que constitui a escola historicamente, considerando a dinâmica interna dos indivíduos que atuam no cotidiano da escola. O exercício do poder atua também ao produzir e mobilizar ações dos indivíduos quando produzem. Um modo de relação do poder se dá no P.P.P. da escola, sendo um projeto que expresse a “verdade” de uma pratica saudável e criativa. Portanto trata-se de saber se o projeto que está sendo constituído na escola faz sentido para aquela determinada realidade. O projeto pedagógico é um conjunto de regras e normas, mas acima disso é um trabalho coletivo, que coloca suas dificuldades em discussão, problematizando num movimento de troca vinculado a uma meta a ser atingida o projeto pedagógico. Podemos assim concluir que um projeto pedagógico poderia ser mais um espaço de discussão permanente das diferenças e das formas de trabalhar do que um consenso. É muito importante que o coordenador pedagógico procure encaminhar as discussões para que formas de trabalho mais inventivas possíveis emergiam do grupo. Desse modo, cria-se uma prática de rever e problematizar modelos evitando a burocratização: Ficam assim as relações de poder como pano de fundo a ser pensados nos espaços de discussão de projetos pedagógicos e que, se percebidas em seu exercício, podem proporcionar aos coordenadores pedagógicos e demais educadores condições de propor decidir, aceitar, rejeitar, resistir, partilhar, criticar, problematizar, colaborar, inventar, enfim, participar! (MATTE, 2004, p.150). No texto Um dia na vida de um coordenador pedagógico de escola publica Almeida (2004), analisa que, na rotina do coordenador, todos os dias são diferentes, porque sempre têm coisas diferentes para resolver e com diferentes pessoas. O coordenador deve ser o elemento que ajuda a unidade escolar nos seus projetos pedagógicos, assessorando e acompanhando professores em suas atividades de planejamento, docência e avaliação. São raros os dias que conseguem cumprir com o que estava previsto, sempre surgem imprevistos. Segundo a autora, as principais atividades diárias dos coordenadores são: organizar a entrada dos alunos; verificar se faltaram professores e quais os presentes, necessitando às vezes convocar professores substitutos; atender pais e alunos; quase todos os dias sua presença é solicitada em sala de aula, para solucionar conflitos entre professores e alunos; tomar decisões sobre atividades extraclasses (visita ao teatro, cinema, passeios, etc.); planejamento do uso da sala de informática, laboratórios e sala de vídeo; análise de caos indisciplinares; preparação dos materiais para serem utilizados pelos professores; organização e controle deste material; programação de datas comemorativas e eventos; visita a salas, assistir aulas para acompanhar o desenvolvimento dos alunos, participar de eventos, atender projetos especiais desenvolvidos pelos professores; marcar e organizar reuniões com pais e professores. Muitos destes coordenadores ainda relatam que após um dia de trabalho exaustivo, ao perceber que não foi possível cumprir com as atividades previstas, demonstram uma sensação de mal estar e frustração. É o que nos relata a coordenadora pedagógica, da Escola Municipal Robert Francis Kennedy. Ela aponta que existem dias tranqüilos, conseguindo realizar todas suas obrigações previstas, mas também há dias tumultuados com muitas visitas de pais e solicitações da Secretaria de Educação. Levantamento de dados na escola campo de estágio Tendo como meta levantar dados na escola campo de estágio teve-se a necessidade de elaborar um questionário junto a Coordenadora Pedagógica para compreender melhor sua função nesse contexto escolar. A Coordenadora Pedagógica entrevista está nesta função na escola há três anos, sendo formada no curso de Letras na UNIOESTE - Campus de Cascavel. A respeito de sua trajetória profissional, iniciou-se com 15 anos em uma escola particular, em 1992. No ano de 1993 trabalhou na faculdade Dom Bosco. Em 1999 começou trabalhar no estado e em 2000 no município. O seu trabalho no cotidiano escolar tem início às 7h20min e se estende até as 17h30min. Em relação a sua atividade, a coordenadora colocou que realiza várias funções: conversar, atender, convocar os pais para conversar, fazer registros, orientar os professores com o trabalho pedagógico, verificar o que os professores estão trabalhando em sala, dialogar com os pais, professores, alunos, e ainda tem a função de investigadora e de psicóloga. Sua jornada de trabalho é de 40 horas, mas tem que ter disponibilidade de horários para as funções para além do que está escrito em seu contrato como coordenadora. Ela colocou que seus objetivos poderiam ser bem melhor desenvolvidos se houvessem menos imprevistos e empecilhos que acontecem durante seu caminho diário. Apontou que escola tem autonomia para realizar seus trabalhos pedagógicos, quanto à avaliação de acordo com os conceitos da escola. A coordenadora avalia seu trabalho da seguinte forma: o trabalho não é atingido 100%, pois surgem muitos imprevistos, além de ter o problema de exercer várias funções o que acaba influenciando nos seus objetivos, pois tem que solucionar outros problemas que surgem no decorrer do dia. Sobre a relação com a SEMED – Secretaria Municipal de Educação, ela disse que falta assessoramento mais profissional, pois muitas vezes eles desenvolvem apenas um trabalho fiscalizador. Os principais problemas da escola apontados são: a falta de estrutura, e que há uma luta pela ampliação da mesma, pois esta não oferta pré-escola, devido o espaço físico. Segundo ela, há um projeto de R$ 1.111.000 (um milhão, cento e onze mil reais) que está arquivado na Prefeitura Municipal de Cascavel, que objetiva uma nova infra-estrutura. Levantando dados junto aos professores da escola campo de estágio Para levantar mais dados na escola campo de estágio vimos à necessidade de elaborar um questionário junto aos professores para compreender a visão que eles têm sobre a função do coordenador pedagógico. Neste sentido formulamos algumas questões voltadas para este objetivo as quais questionam sobre a principal função do coordenador junto à equipe pedagógica desde sua atitude á seu trabalho realizado sobre o P.P.P. e com o aluno. Para tal, foram aplicados quinze questionários, sendo o numero correspondente de professores de primeira á quarta série de ambos os períodos (matutino e vespertino) da escola campo de estágio. Assim sendo, houve respostas diversas, as quais irão abordar. Evidenciamos que os professores entendem que o trabalho do coordenador deve ser de participação efetiva auxiliando, orientando e coordenando o professor com metodologia nos encaminhamentos para a resolução de seus problemas encontrados em sala, principalmente em relação aos alunos com dificuldades de aprendizagem. Assim contribuir para o bom desempenho pedagógico visando o bom desenvolvimento do aluno mediando o processo educativo. Abordando sobre as atitudes dos indivíduos em questão, obtivemos como resposta que o mesmo deve estar orientando, organizando, auxiliando, avaliando e buscando a melhoria da qualidade do ensino focando todos os sujeitos relacionados à questão ensino aprendizagem. Conseqüentemente ser o gestor pedagógico da escola implica assumir a grande responsabilidade de assegurar conhecimento e qualidade, de forma que possa contribuir com o trabalho do professor em sala de aula. O acompanhamento pedagógico, assessoramento ao professor, comunicação e informações aos pais sobre o desempenho dos alunos são desafios que correspondem ao coordenador pedagógico da escola pública. Questionados com relação ao papel central do coordenador pedagógico tendo várias alternativas para analise a maioria concordou que tal função não se resume em um item em questão, pois, os mesmos, se relacionam e interagem entre si. Sendo eles elaboração do Projeto Político – Pedagógico atendimento aos pais, formação do professor, resolução de problemas na escola, atendimento aos alunos visando auxilio avaliativo do processo ensino aprendizagem. Sobre o P.P.P. interrogamos a sua importância para a escola, aos quais responderam que ele é de suma importância para a escola, pois é através dele que se delineiam as características da escola e de sua comunidade, o que proporciona o planejamento de todas as atividades. Portanto o P.P.P. é o que caracteriza a escola a partir de seu contexto. É a adequação possível do Projeto Pedagógico a partir das diretrizes dos sistemas de ensino dos quais a escola está subordinada. É o documento que norteia todo o trabalho pedagógico, administrativo e institucional. Finalmente sobre a questão de reprovação do aluno, responderam que o papel do professor e do coordenador pedagógico sobre tal é de analisar o desenvolvimento do aluno, o meio no qual está inserido e sua família. Os recursos utilizados pela escola são reforço, atividades extras e atendimento referenciado dentro da disponibilidade dos professores, buscando analisar as diversas questões que influenciaram no processo ensino aprendizagem do aluno verificando a possibilidade de falhas. Em vista disso, quando a escola, através dos responsáveis pela ação pedagógica, professores e equipe administrativa e pedagógica desenvolveu um trabalho articulado e encaram as dificuldades de aprendizagem dos alunos com comprometimento pedagógico, varias ações podem ser desencadeadas durante o ano letivo de forma a não garantir apenas aprovação. O grande desafio não é só aprovar, mas assegurar que todas as crianças aprendam ou tenham domínio dos conteúdos básicos para prosseguir na série seguinte. Levantamento de dados junto a SEMED – Secretaria Municipal de Educação Em nossa entrevista na SEMED, junto a Coordenadora pedagógica, discutiu-se sobre este profissional, vimos que não há concurso para coordenador pedagógico. Então é dentro do quadro dos professores que fazem concurso que se é escolhido esse profissional. Tem uma portaria que limita a quantidade de alunos e a quantidades de coordenadores na escola. A própria legislação do coordenador vem de supervisor para assim desmistificar a visam apenas de supervisionar, dando margem a um trabalho pedagógico tendo uma participação mais efetiva. O coordenador na SEMED faz um trabalho de assessoria para os demais coordenadores da rede visando uma formação continuada proporcionando cursos, palestras, etc. Essa assessoria junto com os coordenadores funciona da seguinte maneira: a secretaria vai até a escola, junto com o coordenador pedagógico, sentam e discutem os problemas da escola, e juntos tentam superar tais dificuldade, e são inúmeras desde dificuldades de aprendizagem até a dificuldade do próprio processo de ensino que o professor que tem a dificuldades de superar tais fatos em sala de aula, e ficando para o papel do coordenador dar conta de superar essas dificuldades. Quando essas assessorias da SEMED juntamente com a escola se tornam intensa conseguem fazer um mapeamento das situações problemas e vão tentando resolvê-las gradativamente. O coordenador tem um papel limitado e importante, ele assessora o professor visando sempre à aprendizagem do aluno, ele vai para a sala de aula observar o aluno, o professor para assim apoiar no que for necessário, e verificar se há um problema de indisciplina na sala, entrando com auxilio teórico e pratica junto com os professores. A SEMED faz avaliações para os professores verificarem o desempenho do coordenador de sua escola em sala de aula. Para a SEMED papel central do coordenador é o aluno, assim sendo assessor o professor visando à aprendizagem do aluno. O número de coordenadores em uma escola depende do número de alunos, havendo escolas em Cascavel com até três coordenadores. Em entrevista com a coordenadora pedagógica da SEMED, fizemos as seguintes questões: Qual é a maior dificuldade para trabalhar com o coordenador? Varia muita a formação que a pessoa teve, na rede municipal houve um tempo que a diretoria escolhia o coordenador no quadro de professor de escola. A SEMED junto com a UNIOESTE acabaram realizando um teste seletivo para coordenador que abriu um leque de oportunidades para muitas pessoas qualificadas para o cargo. Professores interessados fazem o teste e depois uma entrevista com a SEMED. A maioria dos coordenadores da rede são pedagogos (formados em Pedagogia), alguns são formados em Letras (número pequeno), mas em sua maioria têm magistério. A SEMED propicia algum material para trabalhar com os coordenadores? A rede municipal por um longo período trabalhou com o Currículo Básico dando um norte para o trabalho. Com a vinda dos PCNS – Planos Curriculares Nacionais, tiveram dificuldades porque algumas escolas começaram a usar um ou outro, mas eles têm concepções diferentes, complexas, havendo muitas concepções conflituosas. Em 2005 começou a se discutir uma proposta preliminar que garantisse discussões especificas para o trabalho pedagógico, hoje com o Materialismo Histórico Dialético visa uma mesma leitura de concepção, alguns discursos partem da AMOP - Associação dos Municípios do Oeste do Paraná, assim os professores têm de ter uma participação mais efetiva com essa concepção. Em vista disso só não houve uma concepção mais efetiva em razão do movimento grevista ocorrido no 1º semestre deste ano. Então para que haja mais engajamento a SEMED busca uma participação mais efetiva dos professores, porém não é obrigatório. É feito grupos para discutirem problemas encontrados na rede. A educação sofreu algumas dificuldades, hoje a dificuldade vem por falta de profissionais na rede escolar, por isso estão agilizando concursos que passam por um processo de liberação. Conclusão A partir dos estudos realizados, concluímos que a função do Coordenador Pedagógico é de fundamental importância para o bom andamento do professor no processo ensino-aprendizagem, visando o aluno. Porém, vimos que no seu cotidiano há um acumulo de funções, pois além de auxiliar nesse processo, o Coordenador participa da elaboração do Projeto Político - Pedagógico, resolve problemas corriqueiros entre pais, alunos e professores, preenche formulários que visam situações burocráticas e entre outras situações que ocupam seu tempo. Essa função não se restringe apenas a um item, sendo que na prática ela é ampla, devendo auxiliar em várias áreas (funções), exigindo desses profissionais habilidades para lidar com situações inesperadas, por isso, tendo que estar sempre em busca de novos conhecimentos que o ajudarão a enfrentar as dificuldades encontradas em sua carreira. Entendemos que o Coordenador deve ter como prioridade orientar o professor para que este busque uma formação continuada, despertando nele a necessidade de ampliar seus conhecimentos, dando ênfase a um ensino de qualidade em busca de garantir a melhoria da qualidade da educação do aluno. Este é o desafio. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ALVES, Nilda. Formação de Professores: pensar e Fazer. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 1996. BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Parecer CNE/CP 009/2001. Brasília, DF, maio de 2005. BUSSMANN, Antônia C. O projeto político-pedagógico e a gestão da escola. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto político-pedagógico da escola: Uma construção possível. São Paulo: Papirus, 1995. DINIZ, Júlio Emílio. Formação de Professores – Pesquisa, representações e poder. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. 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