Efeitos da estimulação osmótica sobre a morfologia e a expressão de transportador de glutamato em cultura de astrócitos hipotalâmicos Marina Malerba de Souza, Silvia Graciela Ruginsk Leitão Unifal –MG (Instituto de Ciências Biomédicas / Departamento de Ciências Fisiológicas, Biomedicina) [email protected] Introdução: A neuroglia é formada por células não neurais (células da glia) e inclui os astrócitos, que participam de informações complexas dentro do sistema nervoso central (SNC). Os astrócitos não geram potenciais de ação, mas geram correntes internas de cálcio e podem liberar gliotransmissores como o glutamato (principal neurotransmissor excitatório do SNC). A recaptação do glutamato pelos astrócitos tem função antiexcitotóxica, prevenindo a morte celular, e ocorre por meio de dois principais transportadores de glutamato (GLAST e o GLT-1), que desempenham um papel fundamental no clearance extracelular deste neurotransmissor. Além disso, os astrócitos expressam uma proteína exclusiva em seu citoesqueleto, a GFAP (Glial Fibrillary Acidic Protein), que participa do rearranjo estrutural destas células em diversas situações fisiológicas. [1] A partir de tais evidências, o presente estudo pretende avaliar possíveis alterações morfológicas e de expressão de GFAP e GLAST induzidas pela hiperosmolalidade do meio de incubação, usando para tal fim soluções hipertônicas à base de NaCl ou manitol, um osmólito não permeante na membrana celular. Material e métodos: Foram utilizados ratos Wistar machos neonatos que, após dois dias de nascimento, foram eutanasiados por decapitação para remoção do hipotálamo médio basal. As amostras de tecido foram dissociadas com tripsina e as células foram cultivadas em solução de DMEM contendo soro fetal bovino e antibióticos. Cerca de sete dias após o plaqueamento, as células foram submetidas à separação por agitação. As células em suspensão foram removidas e as células aderidas ao frasco (astrócitos) foram novamente tripsinizadas e cultivadas em placa contendo ou não lamínulas com poli-D-lisina. No dia do experimento, o meio de cultura foi removido e a cada poço da placa foi adicionado o volume de 1 mL de solução estéril de Hank Isotônica (290 mosm/kg H2O, 128 mM de NaCl) ou Hipertônica (330 mosm/kg H2O, a base de NaCl ou manitol), pH 7.4, por 2 horas. As lamínulas foram inicialmente fixadas com metanol puro e, em seguida, processadas para imunofluorescência para GFAP e contracoradas com o marcador nuclear DAPI. Em seguida, as lamínulas contendo as células foram lavadas e fixadas sobre uma lâmina gelatinizada para visualização em microscópio e captura das imagens, que foram adquiridas com o mesmo nível de exposição em todos os grupos. A quantificação do sinal fluorescente foi realizada por meio do software Image J. Os gráficos foram construídos no programa Prism 3.0, sendo os resultados expressos em médias ± erro padrão da média (EPM). A análise foi realizada por meio do teste de variância (ANOVA) de uma via, com pós-teste de Newman-Keuls. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados e Discussões: A incubação com a solução Hank Hipertônica à base de NaCl diminuiu a área da célula, evidenciada pela diminuição da marcação de GFAP neste grupo em relação à incubação com Hank Isotônico (p <0,05). A incubação com solução Hank Hipertônica à base de manitol não alterou significativamente a área celular. Conclusão: O aumento da osmolalidade do meio de incubação somente foi capaz de induzir alteração no tamanho celular e na marcação de GFAP quando produzido por um soluto permeante, no caso, NaCl. Isso indica que os astrócitos reagem seletivamente a determinados tipos de estímulos extracelulares. Financiamento: PIBIC/CNPq Referências: [1] Lent, R. 2002. Cem bilhões de neurônios? Conceitos fundamentais de neurociências. Brasil. 1:73-110. Alfenas – MG – Brasil 12, 13 e 14 de novembro de 2015