Avaliação Farmacológica dos Mecanismos Transducionais em Músculo Liso de Extrato Padronizado de Própolis Vermelha do Brasil Mariana Obara Suzuki Prof. Niraldo Paulino Área de concentração: Ciências da vida INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS A própolis, ou cola de abelha, é uma resina balsâmica de mistura complexa de metabólitos secundários e tem sido largamente usada em muitos países para o tratamento de diversas doenças (GHISALBERT et al, 1979). É produzida por abelhas e usada no interior de suas colméias para selar e protegê-las contra possíveis invasores. Possui consistência viscosa, odor agradável, apresenta variação de cor (amarelo-esverdeado ao marrom-escuro) e sabor amargo. O nome vem do grego “pro”, em defesa de, e polis, significando cidade (MARCUCCI, 1996). Para cultivação das células macrófagos 264.7, adquiridas comercialmente por fornecedor do Rio de Janeiro, utilizou-se o meio de cultura Eagle modificado por Dulbecco (DMEM) de alta glicose. O Óxido Nítrico é uma importante molécula envolvida na resposta imune além de outros sistemas. A partir da ativação dos macrófagos e através de uma endotoxina como o lipopolissacarídeo (LPS), mediadores do Óxido Nítrico são ativados resultando na ativação do sistema inflamatório. Através da Reação de Griess, padronizado por John Peter Griess em 1879, o nitrito presente na amostra reage em meio ácido com uma amina aromática, produzindo um sal de diazônio. Este sal reagirá com a 3-hidroxi-1,2,3,4-tetraidrobenzilquinolina, uma molécula orgânica, e produzirá a coloração rósea. A coloração resultante tem intensidade de cor em proporção direta com a concentração de nitrito na amostra. Este projeto avaliou as respostas farmacológicas produzidas por células macrófagos RAW 264.7 tratadas com extrato padronizado de própolis vermelha do Brasil e outros compostos, a fim de avaliar e comparar a sua atividade antiinflamatória, através da dosagem de produtos da resposta inflamatória. OBJETIVOS O objetivo do presente estudo foi avaliar, através da dosagem de Óxido Nítrico, as respostas farmacológicas produzidas por células macrófagos RAW 264.7 tratadas com própolis vermelha do Brasil e outros compostos, mediante a indução da resposta inflamatória destas células com lipopolissacarídeo de Escherichia coli. Foi preparado 1 litro de meio DMEM em pó gradualmente adicionado e diluído em 900 ml de água Milli-Q dentro de Erlenmeyer de 1 litro, sob constante agitação na velocidade média e em temperatura ambiente. Após a diluição do pó, adicionou-se 3,7g de Bicarbonato de Sódio, seguido por 0,15 ml de antibióticos (Estreptomicina e Penicilina) devidamente homogeneizados. Dentro do fluxo laminar, previamente esterilizado de acordo com o seu protocolo de utilização, sendo que a bancada e os materiais a serem utilizados foram expostos à luz UV por, pelo menos, 15 minutos, acrescentou-se 50 ml de soro fetal bovino. Com a água Milli-Q, o volume foi completado até 1litro. Um pouco desse meio foi separado em Becker para avaliação de pH, que deve ser de 7,7. Caso o pH não seja adequado, o meio deve ser equilibrado com solução de HCl ou NaOH. O meio é então filtrado em membrana 0,20 μm e depositado em um meio estéril, o qual deverá ser identificado, armazenado em geladeira, e manipulado na temperatura ambiente (estufa ou banho-maria de 37ºC), e aberto apenas dentro do fluxo laminar esterilizado. A garrafa mãe, adquirida comercialmente, foi repicada e cultivada em 8 garrafas estéreis de cultura de 50 ml contendo 10 ml de meio DMEM. O meio de cultura foi trocado com 10 ml de meio DMEM estéril a cada dois dias até que se formasse uma camada monolaminar de células aderidas na parede da garrafa. No momento em que a camada monolaminar era formada, um novo repique era feito através de remoção de células aderidas à parede com uso de scrapers, e a suspensão de células no meio DMEM estéril, que eram Aluna do Curso de Biomedicina Professor do Programa de Mestrado Profissional em Farmácia -- então divididas em novas garrafas estéreis 50 ml. Os testes de dosagem de Óxido Nítrico e Viabilidade das células foram realizados em placas multipoços, 96 poços. As células foram suspensas em 5 ml de meio DMEM e contadas em câmara de Newbauer laminada nos quadrantes laterais do campo superior e o inferior. Pipetou-se 100 µl de suspensão de células nos campos superior e inferior da câmara de Newbauer e as células nos quatro quadrantes laterais foram contadas (dezesseis quadrados/ quadrante). O total de células contadas em cada campo foi submetida à fórmula: nº total de células x 104 x fator de diluição = Média de células/ ml número de quadrantes contados Sabe-se que o fator de diluição da quantidade de ml utilizado para suspensão de células, ou seja, 5 ml, e o número de quadrantes contados é igual a quatro. As médias totais de células obtida em cada campo foram somadas e dividas por dois, obtendo-se a média total de células/ ml. Para se obter a quantidade total de células na suspensão inteira, multiplicou-se a média de células/ ml pelo volume da suspensão, ou seja, cinco. Foram utilizadas 2,5x105 células/ poço, o que equivale a 250x105 ou ainda 2,5x107 células/ placa. No primeiro dia de teste, 100µl de meio de cultura com 2,5x105 células foram pipetados em cada poço e armazenados com tampa em estufa 37ºC, 5%CO2 por 24 horas. No segundo dia, o meio de cultura das placas foi desprezado e, a 100µl de meio de cultura estéril, foram aplicados mais 2µl de LPS (Lipopolissacarídeo de E. coli diluído em meio DMEM) em cada poço. Os testes foram realizados em triplicatas. Nas duas placas foram realizados os testes controles: positivo (células + LPS) e negativo (só células). poços, 2µl, 6 µl e 20 µl e com o estoque de 20 mg/ml foram pipetados 6µl e 20 µl por linha, obtendo então as respectivas concentrações de 20 µg/ml, 60 µg/ml, 200 µg/ ml, 600 µg/ml e 2000 µg/ml por poço. As placas foram armazenadas novamente na estufa a 37ºC, 5% de CO2 por 22 horas. No terceiro e último dia utilizou-se a mesma técnica de Dosagem de Óxido Nítrico (reação de Griess) e Viabilidade das células (MTT) para as duas placas teste. Foram retirados 100µl do sobrenadante de cada poço transferindo-os para uma nova placa, respeitando a mesma ordem de coluna e linha. Nesta nova placa foi feita a dosagem de óxido nítrico enquanto que a outra que ainda contém células deverá testar a viabilidade das células. Foi preparada uma solução de 1 ml de MTT (5mg/ml) + 9ml de meio DMEM para o teste de uma placa. Na placa destinada ao teste de viabilidade das células, adiciou-se 100 µl da solução diluída de MTT. A placa foi tampada e embrulhada no alumínio para vedá-la da luz e deixada por 45 minutos na estufa a 37º, 5% CO2. Depois dos 45 minutos, todo sobrenadante é desprezado e é adicionado 100 µl de DMSO. A placa é novamente tampada e vedada com alumínio e deixada por 1 hora na estufa a 37º, 5% CO2. Após 1 hora, realizar leitura no espectrofotômetro. Para a reação de Griess, foi seguido o protocolo de dosagem de óxido nítrico, utilizando 50 µl de cada reagente (Griess I e Griess II) em cada poço e realizada leitura em espectrofotômetro. Foi feita a Curva Padrão de Nitrito de Sódio para que esta servisse de parâmetro de comparação dos resultados obtidos. Na placa 1, os composto testados foram: Própolis Vermelha 20%, LX-1, LX-2 e LX-22. As soluções estoques foram diluídas em DMSO (Dimetil sulfóxido), com exceção da Própolis vermelha que se encontrava em estado líquido e foi diluída em PBS (Solução Tampão Fosfato), porém todas foram preparadas na concentração de 1mg/ml. As diluições para o teste foram preparadas com a diluição dos estoques em PBS para obtenção das concentrações 10 µg/ ml e 100 µg/ml por poço. Houve uma diluição em cada linha da placa e 100 µl pipetados em cada poço. Na placa 2, o composto testado foi a Própolis Vermelha 20% com concentrações variadas. Foram feitos dois estoques com concentrações diferentes: 2 mg/ml e 20 mg/ml. Com o estoque 2 mg/ml foram pipetados nos -- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RESULTADOS Absorbância (550nm) Curva de calibração nitrito 0 .3 CLERICI, M. T. P. S. Uso da própolis na dermatologia e produção de cosméticos. Revista da Universidade de Franca, São Paulo: Associação Cultural e Educacional de Franca, p. 24, ago., 1999 0 .2 0 .1 0 .0 0 5 10 15 20 25 Concentração de Nitrito (nmol) Absorbance (550nm) NO in RAW 264.7 0.4 MARCUCCI, M. C. Biological and therapeutic properties of chemical propolis constituents. Química Nova. n. 19, p. 529-336, 1996 0.3 * 0.2 * 0.1 0.0 LPS 6 60 GHISALBERTI, E.L. Propolis; A review. Bee World, v.60, p.59-84, 1979. Gold Analisa: O Laboratório Clínico na Avaliação da Função Renal. Disponível em: <http://www.goldanalisa. com.br/publicacoes/Funcao_renal.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2008. x 600 Base Red propolis Treatment (mg/mL) MTT in RAW 264.7 120 Cell viability (%) Chemetrics: Métodos Analíticos. Disponível em: <http:// www.precisionlabs.com.br/dwn/metodologia_kits_ chemetrics.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2008. 0 .4 MOSMANN T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: application toproliferation and cytotoxicity assays. 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