LEWIS CARROLL
A Pequena Alice
no País das Maravilhas
ILUSTRAÇÕES: EMMANUEL POLANCO
TRADUÇÃO: M ARINA COLASANTI
1a edição
2015
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E
ra uma vez uma menininha chamada Alice. E ela teve um
sonho muito estranho.
Você quer saber o que ela sonhou?
Bem, a primeira coisa que aconteceu foi essa. Um Coelho
Branco veio correndo apressado e, justamente quando passava diante
de Alice, parou e tirou o relógio do bolso.
Não é engraçado? Você já viu algum Coelho que tivesse relógio e bolso
para botar ele dentro? É claro que, quando um Coelho tem um relógio,
tem que ter também um bolso para guardá-lo; não ia dar certo carregá-
-lo na boca — ele precisa das patas de vez em quando para correr.
Que lindos olhos cor-de-rosa ele tem (acho que todos os Coelhos
Brancos têm olhos cor-de-rosa), e orelhas também cor-de-rosa, e um
belo paletó marrom! Você pode ver o lenço vermelho dele despontando no bolso do paletó. E, com essa gravata azul e o colete amarelo,
está realmente muito bem-vestido.
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— Ó céus, ó céus! — disse o Coelho. — Vou chegar atrasado!
E eu pergunto:
— Atrasado para quê?
É que ele estava indo visitar a Duquesa (daqui a pouco, você vai ver
uma ilustração da Duquesa, sentada na cozinha). A Duquesa era uma
velha muito mal-humorada, e o Coelho sabia que ficaria furiosa se a
deixasse esperando. O coitado estava apavorado (está vendo como treme? Basta você sacudir um pouquinho o livro, para cá e para lá, que a
tremedeira dele logo aparece), pensando que, como castigo, a Duquesa
mandaria cortar-lhe a cabeça. É o que a Rainha de Copas costumava
fazer quando se zangava com alguém (logo, logo você vai ver uma
ilustração dela). Ou, pelo menos, ela costumava mandar cortar a cabeça e acreditava estar sendo atendida, embora, na realidade, ninguém
obedecesse a essa ordem.
Assim, quando o Coelho Branco saiu correndo, Alice quis saber o que
ia lhe acontecer, e correu atrás dele; correu, correu, até despencar de
cabeça na toca do coelho.
A queda parecia infindável. E Alice foi caindo, caindo, caindo, até
pensar que estava atravessando a Terra e ia sair do outro lado!
Era uma espécie de poço muito profundo, só que sem água. Se
alguém realmente levasse um tombo daqueles, morreria na certa.
Mas você sabe que quedas de sonho não machucam, porque, enquanto você acha que está caindo, está, na verdade, deitado em
algum lugar, são e salvo, ferrado no sono!
Seja como for, finalmente essa queda terrível acabou e Alice aterrissou
num monte de gravetos e folhas secas. Não estava nem um pouco machucada, levantou-se de um salto e recomeçou a correr atrás do Coelho.
Foi esse o começo do estranho sonho de Alice. Então, da próxima vez
que você encontrar um Coelho Branco, tente imaginar que também
terá um sonho estranho, como a nossa pequena e querida Alice.
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