PERSPECTIVA DOS CURSOS SUPERIORES DE DOIS ANOS: Relação Entre Educação, Formação Profissional e Cursos Seqüenciais. IRENE DOMENES ZAPPAROLI (PG-UEL/ PUC/SP/ehps) ∗ [email protected] Resumo: Na Lei e Diretrizes e Bases 9.394/96, a política de igualdade, um dos fundamentos da Constituição, possibilita o acesso às universidades e dá nova concepção à educação de nível superior, incluindo aos cursos já existentes a criação de cursos seqüenciais. Esses cursos levam em consideração as palavras de ordem: desenvolvimento de habilidades específicas para o trabalho. Nessa compreensão as universidades utilizam como tema-objeto a diversificação e a flexibilização para a implementação das práticas pedagógicas nos cursos seqüenciais, assim questionase: como acontece a relação educação e mercado de trabalho? Nesse segmento estudam-se as perspectivas nos três eixos: educação, formação profissional e cursos seqüenciais. A pesquisa bibliográfica e documental estabelece um aparato teórico-conceitual e a parte empírica, realizada em 2003, e 60 entrevistas com estudantes de cursos seqüenciais. Os principais resultados mostram uma separação entre educação e formação profissional pela existência de um sistema de ensino com dois ramos equivalentes que levam à divisão entre trabalho intelectual e trabalho manual (KUENZER, 1997a e ARROYO, 1998). Um descompasso entre realidade mercadológica e possibilidade de realização profissional acentuando a insatisfação dos alunos. O mais evidente nos resultados é a relação que precisa existir habilidades adquiridas durante os cursos seqüenciais; a relação com as empresas; os conteúdos ministrados nas disciplinas; a metodologia usada pelos professores; e, a avaliação aplicada durante os cursos seqüenciais. Palavras-chave: educação; formação profissional; cursos seqüenciais. ∗ Professora do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e doutoranda no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política, Sociedade (EHPS) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). 1029 Introdução e Justificativa A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional número 9.394/96 aprovada em 20 de novembro de 1996, Capítulo IV, Artigos 43 a 57, tratam das instituições universitárias. Essa nova proposta vem produzindo transformações na identidade das instituições de ensino superior brasileira. É preciso insistir que a LDB 9.394/96 propõe um cenário de profundas mudanças na política educacional, ficando então o ensino superior brasileiro, assim, com quatro modalidades de cursos previstos em Lei, nos termos do art. 44 (BRASIL, 1996, p.17): A educação superior abrangerá os cursos e programas: I cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangências, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino; II de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo; III de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização e aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino; IV de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino. Em linhas gerais a educação vocacional brasileira segue as tendências propostas pela UNESCO e pelo Banco Mundial nas seguintes questões: primeiro, atender as pessoas que estão excluídas do mercado de trabalho por falta de educação formal; segundo, qualificar trabalhadores que já estejam no mercado de trabalho e que precisam atualizar-se em razão do avanço tecnológico, seja para criar novas oportunidades, para a melhoria da ocupação atual; terceiro, dar oportunidade àquelas pessoas que necessitam de um diploma de curso superior, para as mais diversas finalidades, como ascensão de nível na carreira profissional, para fins de regulamentação ou mesmo de aposentadoria. Finalmente, atender as pessoas que precisam ou querem ingressar mais rápido no mercado de trabalho, ou 1030 seja, a população jovem, egressa do ensino médio (WORLD BANK, 1995; WALLENBORN, 2001 e UNESCO, 2000). Conforme Alain Bihr, (apud ANTUNES, 1997), a desregulamentação das condições de trabalho, em relação às normas vigentes legais ou acordadas e à conseqüente regressão dos direitos sociais, bem como a ausência de proteção e expressão sindical, vem configurando uma tendência à individualização extrema da relação entre o capital e o trabalho. Argumenta Ferretti (1988, p.19) que: “as teorias econômicas ocupam-se em explicar a distribuição da força de trabalho por diferentes ocupações no conjunto da sociedade e, também, em identificar os fatores de natureza econômica que conduzem os indivíduos a procurar algumas profissões e recusar outras”. Segundo Coraggio (1995, p.77), “a abordagem integral necessária para pensar e atuar na promoção do desenvolvimento não se explica pelo pragmatismo imposto pelos economistas neoclássicos; os problemas intrínsecos do modelo econômico neoclássico somam-se às deficiências metodológicas em sua aplicação”. A separação entre educação e formação profissional pela existência de um sistema de ensino com dois ramos equivalentes leva à divisão entre trabalho intelectual e trabalho manual (KUENZER, 1997a e ARROYO, 1998). Na LDB 9394/96, a política de igualdade, um dos fundamentos da Constituição, possibilita o acesso a essa modalidade de educação e dá nova concepção à educação de nível superior. Utiliza como tema-objeto a diversificação e a flexibilização no intuito de discutir os conceitos e a implementação das práticas pedagógicas, levando em consideração as palavras de ordem para o desenvolvimento de habilidades específicas para o trabalho: adaptação, flexibilidade no sentido de ausência de delineamento específico, competência, laboralidade, áreas de conhecimentos, 1031 campos do saber e outras que podem conduzir a uma falta de formação humana que considere a totalidade das relações sociais na aplicação dos conceitos da nova Lei e na concepção de cultura dos cursos superiores no Brasil. Nesse mesmo sentido, sindicatos e conselhos regionais se seccionam quando a temática é a discussão quanto a desenvolver nos estudantes habilidades específicas para o trabalho, por não considerarem os vieses ideológicos, demonstrando estratégias pouco coerentes no lidar com a dimensão da força humana (Cruz, 1999). Concomitantemente amplia-se o número de trabalhadores precarizados em seu trabalho. Chama-se a isso, de flexibilização do trabalho (FRIGOTTO, 1998, p.218). A implementação dos cursos seqüenciais como uma forma de flexibilização e diversificação do ensino superior no Brasil, os quais têm como objetivo o desenvolvimento de habilidades específicas para o trabalho, conduze a questões que podem ser levantadas para ajudar a responder ao problema de pesquisa, ou seja, qual é o papel planejado para os cursos na preparação de estudantes para o mercado de trabalho, que podem ser considerados nos três âmbitos: educação, formação profissional e cursos seqüenciais. Esta comunicação oral tem como objetivo verificar, na visão dos alunos que fazem os cursos seqüências, relação entre conhecimentos adquiridos durante o curso seqüencial e o mercado de trabalho; identificar expectativas dos estudantes e requerimentos dos empresários no contexto de uma universidade. Os procedimentos da pesquisa se baseiam nos moldes de uma pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica e documental tem como base a consulta em livros e publicações periódicas, arquivos de órgãos públicos e privados, relatórios, tabelas estatísticas e outros, no intuito de estabelecer um aparato teóricoconceitual. 1032 O que a sociedade brasileira espera das práticas universitárias no entendimento de adequação da educação superior brasileira às novas tecnologias e demandas do mercado? Qual é o papel dos cursos seqüenciais na preparação de estudantes para o mercado de trabalho? Esses cursos visam atender os sistemas de produção fordista ou toyotista, ou, ainda, deverão adaptar-se a uma combinação de ambos? Formas de Produção e Mercado de Trabalho: Fordismo e Toyotismo Henry Ford deu início à jornada de trabalho de oito horas diárias pagando cinco dólares para os trabalhadores da linha automática. Taylor descrevia que a produtividade do trabalho poderia ser aumentada mediante a divisão de cada processo de trabalho em movimentos componentes e da organização das tarefas de trabalho fragmentadas, segundo padrões rigorosos de tempo e estudo do movimento (HARVEY, 1996). Para esses novos padrões os governos buscaram participaram com um forte complemento ao salário social com gastos de seguridade social, assistência médica, educação, habitação etc. Além disso, o poder estatal era exercido direta ou indiretamente sobre os acordos salariais e os direitos dos trabalhadores na produção (HARVEY, 1996). “A legitimação do poder do Estado dependia cada vez mais da capacidade de levar os benefícios do fordismo a todos e de encontrar meios de oferecer assistência médica, habitação e serviços educacionais adequados em larga escala, mas de modo humano e atencioso” (HARVEY, 1996, p.133). Para Marx (1996), a força produtiva do trabalho se altera de acordo com o grau médio de habilidade dos trabalhadores, o nível de desenvolvimento da ciência e sua aplicabilidade tecnológica, a combinação social do processo de produção, o volume e a eficácia dos meios de produção e as condições naturais. 1033 Entretanto as condições materiais de uma sociedade, como a base de sua estrutura social, emergem das relações de produção, e não do desenvolvimento geral da mente humana, nem tão pouco do conjunto de vontade dos homens. Para Marx, o Estado é a expressão política da classe dominante, a burguesia que, na produção capitalista, tem um controle particular da mão-de-obra no processo de produção. De acordo com Harvey (1996), a acumulação flexível se opõe ao fordismo, com a flexibilidade nos processos e nos mercado de trabalho, nos produtos e padrões de consumo. As mudanças ocorrem no fornecimento de serviços financeiros, inovação comercial, tecnológica e organizacional. A diversificação e flexibilização do ensino superior no Brasil se caracteriza como uma das formas de atender a ascensão do capital financeiro provocada pela competitividade econômica, dirigidas para obter a máxima intensidade do trabalho e o máximo rendimento de uma mão-de-obra totalmente flexível (CHESNAIS, 1996). Referindo-se à flexibilidade na produção e no trabalho, Harvey (1966) explica que a acumulação flexível é marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo. Relação Entre Educação, Formação Profissional e Cursos Seqüenciais Em 1909, em todas as capitais brasileiras, criam-se escolas de aprendizes artífices, direcionadas aos filhos dos desfavorecidos da fortuna (FRANCO 1994). Esses cursos profissionalizantes eram subordinados ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Na década de 40, conforme explica Kuenzer (1997b, p.13): /.../ a Lei Orgânica do Ensino Industrial cria as bases para a organização de um sistema de ensino profissional para a indústria, articulando e organizando o funcionamento das escolas de aprendizes artífices (1942); é criado o SENAI, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (1942), e o SENAC, Serviço 1034 Nacional de Aprendizagem Comercial (1946), resultantes de um estímulo do Governo Federal à institucionalização de um sistema nacional de aprendizagem, custeado pelas empresas para atender as próprias necessidades. Para Franco (1994), na década de 1940, a aprovação da Lei Orgânica dos Ensinos Industrial, Secundário, Comercial, Normal e Agrícola, equiparava o ensino profissionalizante ao grau médio, estabelecendo-se no plano legal uma dicotomia para o ensino: o ensino secundário para atender a formação da elite, e o ensino profissionalizante para formar trabalhadores. Em 1950, tenta-se romper esta dicotomia, quando se procura assegurar aos alunos do primeiro grau de qualquer ramo o ingresso no secundário (Lei 1076/50) e, depois, o direito de acesso ao vestibular (Lei 1821/53). Novas tentativas foram feitas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1961), Lei 4024/61, quando passam a existir dois ramos de ensino médio diferenciados, mas equivalentes: um propedêutico, representado pelo científico, e o outro profissionalizante, com os cursos normal (magistério), industrial, comercial e agrícola (KUENZER, 1997b). Desta vez, deu-se mais autonomia às escolas e aos estados em relação ao ensino industrial. Ao pretender reduzir a profissionalização do primeiro grau e propor reestruturações no ensino secundário, visou-se romper a dicotomia entre o ensino técnico, destinado às classes subalternas, e o acadêmico, destinado à elite e à classe dirigente (FRANCO,1994). A Lei 5692/71 estabeleceu a profissionalização universal e compulsória para todos que freqüentassem o segundo grau, destinado à qualificação para o trabalho. Assim, cabia ao sistema educacional preparar recursos humanos para o mercado de trabalho. Dada a demanda, na época, por ensino superior, multiplicaram-se os campus universitário. Para Franco (1994), foi uma forma 1035 encontrada para atender a crescente demanda pelo ensino superior e as exigências do mercado de trabalho. Além disso, faz-se sobre a afirmação de Kuenzer (1997a) a reflexão de que a atual proposta de ensino profissional é tão anacrônica e confusa, que não serve sequer ao capital, que tem mais clareza do que o próprio MEC sobre as demandas de formação de um trabalhador de novo tipo, numa perspectiva menos retrógrada de superação do taylorismo. Na nova Lei de Diretrizes e Bases, no. 9493/96, as discussões estão direcionadas para a redefinição do ensino superior. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de nível técnico (BRASIL, 1998a), evidenciam-se as novas tecnologias, somadas à produção e à organização do trabalho, para os novos requerimentos de qualificação. Aponta-se para a necessidade de se contemplarem as dimensões da educação e do trabalho num contexto mais importante Darci Ribeiro apresentou proposta inovadora para o ensino superior brasileiro implementada com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394, promulgada em 20 de dezembro de 1996, a qual estabelece em seu artigo 44: “A educação superior abrangerá /.../ Cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos registros estabelecidos pelas instituições de ensino...” (BRASIL, 1996). Assim a Resolução CNE nº 01/99 define os tipos de cursos seqüenciais que podem ser implementados no Brasil (BRASIL, 1999): cursos seqüenciais de formação especifica, com destinação coletiva, conduzindo a diploma; cursos superiores de complementação de estudos, com destinação coletiva ou individual, conduzindo a certificado. Os cursos seqüenciais em suas duas modalidades podem ser visualizados na FIGURA 1. 1036 Doutorado Mestrado Especialização Especialização Graduação (Diploma) Curso Seqüencial de Complementação de Estudos (Certificado) Curso Seqüencial de Formação Específica (Diploma) Vestibular Grupo Individual Grupo Sistema Brasileiro de Educação Superior Ensino Médio Cursos Seqüenciais FIGURA 1: BRASIL – Estrutura do Sistema de Cursos Seqüenciais O formato, normas e padrões de funcionamento deverão obedecer aos estatutos, regimentos e resoluções das instituições de ensino superior, levandose em consideração as diretrizes e ações de controle do poder público (BRASIL, 2001).Para a aplicação da Resolução CNE nº 01/99, o Ministério da Educação MEC, estabeleceu as Portarias MEC 752/97, 612/99, 482/00 e 514/01, que apresentam os critérios de oferta, acesso e reconhecimento dos cursos seqüenciais de ensino superior. E a Resolução CNE/CES nº estabelece normas para funcionamento de cursos de pós-graduação e possibilita o acesso dos egressos dos cursos seqüenciais aos cursos lato sensu. 1037 Na Tabela 1, é apresentado o número de ofertas de cursos seqüenciais por modalidades para o Brasil, no ano de 1999 e 2003. TABELA 1 – Posição Total de Oferta de Cursos Seqüenciais, Presenciais e à Distância no período de 1999 e 2003. Unidade da Federação / Categoria Administrativa Número Vagas Candidatos Ingressos de Cursos Oferecidas Inscritos Matrículas em 30/06 Concluintes 1999 423 19.987 24.467 nd 13.478 911 82 249 2.083 3.052 1.793 3.425 5218 50 10.979 nd nd nd 2.850 377 2.473 118 116 2 339 3.810 13.125 6.935 7.557 1.692 44.260 26.010 18.250 nd nd nd 10.580 2.676 7.904 745 745 55.582 36.990 52.082 21.929 Pública 212 7.308 11.322 Federal 15 50 50 Estadual 152 6.998 10.979 Municipal 45 260 293 Privada 663 50.897 44.260 Particular 321 28.361 26.010 Comun/Confes/Filant 342 22.536 18.250 Fonte: BRASIL. MEC/INEP/DAES, jan. 2005 Sinopse Preliminar. 6.871 50 1.440 1.154 29.172 19.151 10.197 11.061 210 10.085 766 41.021 24.718 16.303 5.008 32 4.428 548 16.921 10.389 6.650 Brasil Pública Federal Estadual Municipal Privada Particular Comun/Confes/Filant 2003 875 Brasil 58.205 Nd: não disponível. Com relação às perspectivas dos alunos sobre os cursos seqüenciais foi abordado pelos entrevistados: habilidades desenvolvidas; relação com as empresas; conteúdos das disciplinas; metodologia usada pelos professores; avaliação aplicada durante o Curso. O nosso curso é meio complicado porque não existe uma classe específica, o exercício de uma profissão regulamentada. Estamos brigando com o mercado de trabalho, relações públicas e turismo, então não existe uma classe formada, consolidada, é em desafio que nós vamos estar encarando no mercado porque a gente vai estar pegando o trabalho, atividade de relações públicas e turismo como eu já falei, você está invadindo o mercado deles então não existe posição de nenhum sindicato, nem conselho só levantamento , questionamento, está em processo ainda. Quanto às habilidades desenvolvidas, mudei minha forma de agir em relação ao trabalho eu acho que até o próprio local poderia ter uma técnica de desenvolvimento, alguma coisa para oportunizar as pessoas que estão aqui e tem habilidades. Muitos alunos vêem fazer o curso com dois anos apenas para ter 1038 diploma. Com relação às empresas não estamos tendo a relação escola, /.../ empresa. Até o momento temos tido dificuldade nos temos barreiras, quando se solicita um palestrante de fora, encontra barreiras na própria /.../, a burocracia da /.../. O conteúdo da disciplina é bom, acho que enlouquece é uma coisa assim que nunca imaginava que tinha. A metodologia por ser o primeiro curso não tem muita metodologia, falta. Avaliação é crítica, acho a pior coisa que tem, porque nos temos avaliação prática o que você tem que avaliar. Tem que avaliar o todo do evento, você tem que avaliar a equipe, o professor vai te avaliar durante o evento, mas antes do evento o pré-evento ele não avalia, avaliação é muito difícil. Acho que esse curso deveria fazer avaliação por escrito é ideal. Dois motivos, o um o curso é em dois anos, outro é especifico para a área que atuo que é venda. Quanto ao conteúdo estou satisfeita, por que nos vimos que aqui ninguém aprendeu a vender, aprendeu a administrar, aprendemos a analisar balanço, aprendemos a fazer calculo financeiros, agora o que falta para dar um pouco, mas credibilidade ao curso é o TCC embora se fizer uma pesquisa que é favorável ao TCC, eu acredito que ninguém é favorável, mas eu acho que fora seria visto com outros olhos. E outra coisa que o curso poderia ter é estágios para desenvolver estratégia de vendas em empresas do comercio geral com certeza temos uma grande área de trabalho e poucas pessoas têm noção do que está sendo desenvolvido aqui dentro. Somos a primeira turma, acredito que o curso vai passar por algumas melhorias, com a proposta inicial do curso ser em dois anos está sendo cumprida, não é um curso pesado é fácil de levar, os comentários é que já falei acima. Quando iniciei o curso eu estava realmente trabalhando para uma empresa. Hoje estou trabalhando para uma instituição e eu tenho participação no trabalho que realizo, na empresa que trabalhava não tive nenhum incentivo embora estar fazendo um curso de estratégia de venda é visto com bons olhos. Considerações Finais No fordismo as habilidades desenvolvidas eram transmitidas de funcionário para funcionário enquanto que no toyotismo o funcionário precisará para executar seu trabalho desenvolvimento de habilidades. Em relação com as empresas todos os alunos que foram entrevistados mostram sua preocupação em aprender e aplicar na empresa os conhecimentos adquiridos nos cursos seqüenciais. Vários alunos se mostraram insatisfeitos em relação aos professores e conteúdos das disciplinas se manifestando quanto à falta de relação teoria prática. Poderia se considerar que muito do que era transmitido de empregado para empregado hoje tem sido cobrado na universidade. Já metodologia usada pelos professores é boa, mas vários alunos se manifestaram em relação à falta de cobrança na avaliação de conteúdos. 1039 Vários autores foram mencionados nos textos preocupados com o sistema dual de ensino, ou seja, um tipo de ensino para os pobres e outro para a elite, pode-se constatar que além dessa discussão temos também o sistema de transição na produção. Essa transição corresponde a formas de produção que precisa ser revisto no sistema educacional. Os cursos seqüenciais poderiam ser uma nova forma de educação, mas carece de muitos estudos. Na percepção dos alunos existe uma relação estreita entre habilidades adquiridas nos cursos seqüenciais, sua relação com as empresas, os conteúdos das disciplinas e a metodologia usada pelos professores e as avaliações efetuadas pelos professores. Entretanto fica claro nas entrevistas que o curso seqüencial da forma como vem sendo trabalho deixa de atender essas propostas. Referências Aglietta M. 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