Pró-Reitoria de Extensão - Proex Diretoria de Programas de Pastoral – Dipas Programa de Formação Humanística - PFH Centro de Reflexão sobre Ética e Antropologia da Religião (CREAR) SEMANA TEMÁTICA 3 a 8 de outubro de 2011 Tema: Áfricas: outros olhares, novas visões I. FUNDAMENTAÇÃO 1.1. Fundamentação teórica Boaventura de Sousa Santos (2006 e 2009), sumarizando a reflexão teórica e epistemológica que o projeto “A reinvenção da emancipação social” o teria conduzido, propõe o objetivo de recuperar saberes e práticas dos grupos sociais que historicamente teriam sido postos numa posição de objeto ou matéria-prima para os saberes dominantes, únicos válidos, pela lógica da ‘epistemologia do Norte’. A sociologia das ausências e a sociologia das emergências, bem como a ecologia de saberes e a tradução intercultural, seriam os conceitos centrais de uma ‘epistemologia do Sul’, responsável por essa recuperação. O autor teria chegado a isso uma vez que o projeto “A reinvenção da emancipação social” teria: 1) sido conduzido fora dos centros hegemônicos de produção da ciência social; 2) implicado o cruzamento de diferentes tradições teóricas e metodológicas das ciências sociais, bem como de diferentes culturas e formas de interação entre cultura e conhecimento, e entre conhecimento cientifico e não-cientifico; 3) debruçado-se sobre lutas, iniciativas, movimentos alternativos. As conclusões do autor, a partir dos fatores e circunstância acima descritos, são igualmente 3: I) a experiência social em todo o mundo é muito mais ampla e variada do que a tradição científica ou filosófica ocidental conhece e considera importante; II) esta riqueza social vem sendo desperdiçada; III) o combate a esse desperdício de experiência deve ser feito em confronto com a ciência social disponível, uma vez que esta também tem servido para invisibilizar tais iniciativas e movimentos. Um novo modelo de racionalidade, que o autor, em outro lugar, vai chamar de epistemologias do Sul, conforme apontado acima, é necessário para evitar a simples reprodução do modelo de racionalidade ocidental em vigor, que tende a reproduzir o mesmo efeito de ocultação e descrédito dos outros saberes e experiências. Trata-se de um conjunto de epistemologias que procuram incluir o máximo de experiências de conhecimentos do mundo. Nelas caberiam, embora somente depois de reconfiguradas, as experiências de conhecimento do Norte também. Abrir-se-ia “pontes insuspeitadas de intercomunicação, nomeadamente com as tradições ocidentais que foram marginalizadas, desacreditadas ou esquecidas pelo que no século XIX passou a vigorar como o cânone da ciência moderna” (2006). Boaventura faz uma crítica da razão que sustenta a epistemologia do Norte, a que chama de indolente, cujas formas seriam 4: a) razão impotente; b) razão arrogante; c) razão metonímica; e d) razão proléptica. A primeira pensa que ‘nada pode fazer contra uma necessidade concebida como exterior a ela própria’. A segunda, não sentiria necessidade de exercer-se porque se imagina incondicionalmente livre. A terceira, reivindicaria o lugar de única forma de racionalidade. Por fim, a quarta não nos ajuda a pensar o futuro, pois acredita que sabe tudo sobre ele, visto como pura superação linear, automática e infinita do presente. O autor concentra-se em confrontar as formas ‘metonímica’ e ‘proléptica’ da razão indolente, uma vez que as outras duas, sendo mais antigas, já teriam recebido maior atenção. Embora Boaventura de Sousa considere as formas metonímica e proléptica da razão indolente como fundacionais, é estranho, porém, aponta o autor português, que tenham sido pouco discutidas. Central para o autor é a concepção da emancipação social como elemento central na modernidade ocidental, especialmente a partir da tensão entre a manifestação de inúmeros problemas sociais e das tentativas de resolvê-los, com objetivo de reorganizar a sociedade. As experiências e expectativas oscilariam, portanto, na busca por essas soluções. No entanto, lembra, que as aspirações da modernidade (liberdade, igualdade, solidariedade, entre outras) tornaram-se impossíveis na contemporaneidade, mesmo antes de terem sido alcançadas alguma vez. Há uma distância insuperável entre as diversas possibilidades para o pensamento e ação uma vez que teoria e prática social têm sido apresentadas como discrepantes. Como sempre, é nas realidades dos chamados países periféricos que isso faz sentir-se com maior clareza. No caso das ciências sociais, o que nos toca de maneira mais direta, para combater o que chama de pensamento hegemônico, Boaventura de Sousa propõe uma “sociologia das ausências” e uma “ecologia dos saberes”, sobre as quais novos modelos fundam-se, organizados a partir de novas formas de racionalidade que surgiriam nas periferias do mundo. É como forma de resistência à “razão indolente e preguiçosa” que, como vimos, não tem necessidade de se exercitar, considerada única e exclusiva, evitando, por isso mesmo, abrir-se para a inesgotável diversidade epistemológica do mundo, que surgem essas novas formas de racionalidade. É aqui que se pode falar de uma “sociologia das ausências”, procedimento transgressivo e insurgente “para tentar mostrar que o que não existe é produzido ativamente como não-existente, como uma alternativa não-crível, como uma alternativa descartável, invisível à realidade hegemônica do mundo”. Cinco seriam os modos pelos quais a sociologia ocidental produz as ‘ausências’. O autor os chama de “monoculturas”: 1) a monocultura do saber e do rigor; 2) a do tempo linear; 3) a da naturalização das diferenças; 4) a da escala dominante; e, por fim, 5) aquela do produtivismo capitalista. Assim, tudo que não é produtivo no contexto capitalista seria considerado “improdutivo”, produzindo ausências que deixam de lado, uma diversidade de formas de experiências sociais, tidas como não-existentes. A “sociologia das ausências” visaria, portanto, basicamente, à subversão dessa produção de ausências, por meio de sua transformação em objetos presentes, visibilizando o que, até o momento, têm sido ignorado ou escondido pela sociologia dominante. Ao substituir as monoculturas por “ecologias”, o autor apresenta uma possibilidade de inversão dessa situação, também por meio de cinco outros modos: 1) a ecologia dos saberes; 2) a das temporalidades; 3) a do reconhecimento; 4) a das escalas locais e globais; e 5) aquela das produtividades. Cada uma das ecologias relaciona-se diretamente às monoculturas acima citadas, sempre apresentando os contrapontos entre a sociologia das presenças e a sociologia das ausências. Ao identificar os índices ou sinais, detectáveis já no presente, como possibilidade de futuro, muito embora não consolidados, essa sociologia das ausências pode ser vista como uma “sociologia das emergências”, a fim de fazer frente à razão sociológica tomada em seu sentido tradicional. O que essa “sociologia das emergências” buscará é trocar indicadores seguros por pistas incipientes, incluindo na ordem do dia o “ainda não”, o que nos permite pensar a realidade como aquilo que não existe, mas que está emergindo. Nas palavras de Boaventura de Sousa (2006), “na sociologia das emergências temos de fazer uma ampliação simbólica, por exemplo, de um pequeno movimento social, uma pequena ação coletiva”, pois o que se vislumbra não é um futuro abstrato, mas aquele cujos indícios já estão postos para nós, de forma a ‘presentificar’ o futuro. O autor, por fim, conclui que essas duas sociologias, a das ausências e a das emergências, produzirão uma grande quantidade de realidades antes não existentes, mais fragmentadas, caóticas e plurais do que aquela antes vivida. Por esse motivo, o desafio final é o de compreender e ressignificar essas outras realidades, por meio de um “procedimento de tradução” que deve considerar e garantir a heterogeneidade, mas também indicar a nãounivocidade de sentidos no mundo contemporâneo. Aqui vai uma crítica às novas formas de imperialismo cultural e uma chamada ao difícil, mas desafiador, trabalho de tradução, trabalho esse que, baseado na sociologia das ausências e na sociologia das emergências, seria uma trabalho de imaginação epistemológica e de imaginação democrática, cujo objetivo fundamental é construir novas (e plurais) concepções de emancipação social e, assim, possibilitar as condições para uma justiça social global. Nesse mesmo sentido, mesmo que pensando a América Latina em particular há uma série de autores que têm feito, há muito tempo, a crítica à invisibilização dos saberes não-ocidentais e, de modo particular, à colonização desse mesmo saber, a ponto de naturalizar-se a ciência ocidental como o único modo verdadeiro de conhecer-se a realidade. Não só, porém. As ciências sociais, assim como a filosofia, eurocêntricas por natureza, apresentam-se igualmente como O saber verdadeiro sobre o social e O pensamento válido, correto, logicamente consistente, sobre os problemas que efetivamente interessam, racionalmente construído (todo o resto é tudo menos interessante ou racional). Mas como lembra Gonçalves-Porto, porém, “apesar dos europeus imporem seu capitalismo em todo parte, isso não quer dizer que sua episteme dê conta de toda a complexidade das distintas formações sociais que se constituíram em cada lugar e região do mundo nesse encontro” (2005, p.10). Contudo, a Colonialidade do saber, como paradigma ainda vigente, revela que, para além do legado de desigualdade e injustiça sociais profundos do colonialismo e do imperialismo já assinalados pela teoria da dependência e outras, há um legado epistemológico do eurocentrismo que nos impede de compreender o mundo a partir do próprio mundo em que vivemos e das epistemes que lhe são próprias. (GONCALVES-PORTO, 2005). Aqui nos aproximamos da visão de Boaventura dos Santos. Como argumenta Walter Mignolo (2003), os gregos podem até mesmo terem inventado o pensamento filosófico, mas isso não implica terem inventado O Pensamento. O pensamento, diz ele, está em todos os lugares, lá onde diferentes povos e distintas culturas se desenvolveram e, assim, são múltiplas também as epistemes, como são muitos os mundos de vida. Esse autor argentino questiona constantemente a naturalidade com a qual aceita-se a ideia de que determinadas teorias produzidas em certos lugares geo-históricos e em certas línguas (principalmente inglês, francês, e alemão, a partir da Europa e dos Estados Unidos) são superiores, ‘avançadas’ e possuiriam, por isso mesmo, um valor universal incontestável. Ao contrário, teorias produzidas a partir de línguas e histórias locais subaltemizadas (por exemplo, teorias produzidas na Bolívia, em espanhol, ou no Brasil, em Português) são recebidas (ou melhor, não recebidas) com desconfiança e com ‘reservas’ em relação a uma pretensa validade universal. Para Mignolo (2003), o fato de algumas teorias ‘viajarem’ mais e terem maior alcance que outras tem a ver, exatamente, com a ‘colonialidade’ do poder e com a diferença colonial que configurariam historicamente uma verdadeira geopolítica do conhecimento, em que teorizar, pensar, apresenta-se como privilégio de poucos indivíduos ‘iluminados’, localizados em determinados lugares geo-históricos do globo, o que é uma das faces do eurocentrismo. Não precisamos retomar as inúmeras críticas ao pensamento único (SANTOS, 2000) ou à força hegemônica do pensamento neoliberal hoje (LANDER,2005), que se nos repetem, como um mantra, que a história acabou, pois o melhor que o homem poderia construir, enquanto sociedade, já se cumpriu, já se fez presente, não há outra verdade além daquela do mercado, do capitalismo, do Estado (neoliberal) de Direito. Internamente, o saber colonizado age no sentido de invisibilizar as experiências sociais que poderiam ser interpretadas como não condizentes com o grande projeto civilizador do ocidente. Gostamos de nos ver como parte do Ocidente (leia-se branco, cristão, patriarcal, europeu). Esse mesmo Ocidente que negou validade à cultura africana ou às culturas indígenas. Não negou apenas com palavras, mas com a violência justificada de quem tem a missão de civilizar o mundo bárbaro. Darcy Ribeiro (2001), por exemplo, nos lembra que que a expansão civilizatória, empreendida às nações indígenas brasileiras, levou-as, invariavelmente, a processos de transfiguração no seu modo de ser e de viver, sendo-lhes sistematicamente negada a possibilidade de preservar seu substrato biológico, sua sociedade e sua cultura em sua forma original. Em todas as formas de contato entre “brancos” e índios, persistiriam, portanto, formas de integração da cultura. Formas de relações que operam como moderadores da personalidade e como orientadores da conduta, capazes de desencadear um processo de transfiguração étnica (dos indígenas, evidentemente) É ainda o antropólogo brasileiro que nos lembra que “(…)Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles negros e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos” (RIBEIRO, 1995) Ora, ainda assim, como nos lembra Anibal Quijano, quando se pensou a diferença, por exemplo, racial, fez-se-o com o objetivo de justificar-se um instrumento de classificação social que coloca o índio e o negro em um lugar inferior. A raça é uma invenção ocidental, datada, historicamente identificável que expressa a experiência básica da dominação colonial e que desde então permeia as dimensões mais importantes do poder mundial, incluindo sua racionalidade específica, o eurocentrismo. Esse eixo tem, portanto, origem e caráter colonial, mas provou ser mais duradouro e estável que o colonialismo em cuja matriz foi estabelecido. Implica, conseqüentemente, num elemento de colonialidade no padrão de poder hoje hegemônico.(QUIJANO, 2005) E aqui retoma-se a questão da raça, enquanto conceito, enquanto categoria classificatória, mas, no racismo, também visão de mundo e motivadora da ação, porque este nos têm cegado, nos impedido de enxergar a nós mesmos e aos outros em sua integridade, em pé de igualdade, nos fazendo sentir vergonha de nossa história (que é indígena, que é africana também). É o complexo de Caliban que nos alcança desde sempre: Próspero - Decididamente, o mundo está invertido. Teremos visto de tudo: Caliban dialético! Afinal de contas, Caliban, eu o amo... Vamos façamos a paz... nós vivemos dez anos juntos e trabalhamos lado a lado dez anos. Dez anos, isso conta! Acabamos por nos tornar compatriotas! Caliban - não é a paz que me interessa, você sabe muito bem! É ser livre. Livre , está me ouvindo! (...) Próspero, você é um grande ilusionista , a mentira, isso você conhece. E de tal modo você mentiu para mim, mentiu sobre o mundo, mentiu sobre mim, que acabou por me impor uma imagem de mim mesmo: um subdesenvolvido, como você diz , um incapaz, eis como você me obrigou a me ver, e essa imagem eu a odeio. E ela é falsa! Mas agora, eu o conheço, velho câncer, e eu me conheço também" (SHAKESPEARE, 1969: l - I I I , V, p. 87) Para superar esse complexo, e enxergar a nós mesmos de maneira diferente, não como imagem distorcida da Europa (MORSE, 1995), a proposta de Boaventura dos Santos de recuperação das experiências sociais disponíveis é importante, necessária. Tornar visível aquilo que foi invisibilizado, negado, por nos trazer vergonha ou, hoje, já porque esquecemos e preferimos, acreditando nas mentiras de Próspero, acreditar que nossa história é a história que nos contam os livros escritos pelos vencedores, os que detém o poder político e financeiro, os mesmos que nos querem fazer acreditar que a história chegou ao fim, realizando-se plenamente com o liberalismo, com o capitalismo, com o mercado, numa reedição de ideias de Hegel, que viu o ‘Espirito’ realizarse plenamente na e com a Europa. É necessário recontar essa história, como o têm feito, por exemplo, a filosofia da libertação (DUSSEL, 1977; 1992; 1995; e 2005). A proposta, portanto, de transformar a Semana Temática no ponto de chegada de um processo de recuperação das histórias dos vencidos ou do resgate das experiências sociais ‘ausentes’, das culturas negadas, de tornar visível outros pensamentos (contra o pensamento único), é um desafio que não é pequeno, mas que nos coloca em frente a outro desafio que é o de continuar nos repensando como professores. Ora, a educação é um projeto de e da sociedade (ou pelo menos do Estado para a sociedade). Ela não se desvincula nunca da visão de mundo dominante e que nos domina. Também é impossível desvincular a educação de uma base histórica, cultural. Ignorar nossa história (nacional), nossas matrizes culturais, a tradição (se podemos dizer), os vários povos e culturas que estão envolvidos no complexo processo de formação deste país é resultado da mesma lógica que temos criticado até aqui, que tem como uma de suas consequências tornar invisíveis experiências sociais, histórias, povos inteiros. Silenciamos diante do etnocídio indígena, silenciamos diante da escravidão negra e índia, silenciamos diante da marginalização de uma gigantesca massa de pobres que foram e são fundamentais para a construção da nação brasileira. Propõem-se iniciar a recuperação dessas histórias, romper tais silêncios, tornar visíveis experiências sociais valiosas e, porque distintas, fundamentais para garantir o surgimento de um ‘mundo novo’. É necessário desconstruir imagens, como o faz Caliban, tornar claro o que é estereótipo, mito, ideia preconcebida, base para sentimentos racistas e xenófobos. Poder-se-ia começar por qualquer lugar, mas diante da necessidade de, do ponto de vista da educação formal, parece justificável iniciarmos com a África, como desafio a nossa capacidade de tornar presente essa ausência despropositada de uma das maiores influências a nossa identidade. Por outro lado, a Lei Federal nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003 alterou as diretrizes e bases da educação nacional (LDB) para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Logo no seu §1º, a lei estabelece a inclusão do “estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional” no currículo escolar do ensino fundamental e médio. Em 10 de março de 2004, foram aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, regulamentando, portanto, as alterações trazidas pela Lei 10.639/03. Sem dúvida, essas iniciativas estão assentadas em uma política de reparação, de reconhecimento e valorização, de ações afirmativas, enfim, cujo objetivo é, conforme o governo entende, o direito de os negros “se reconhecerem na cultura nacional, expressarem visões de mundo próprias, manifestarem com autonomia, individual e coletiva, seus pensamentos1”. A dificuldade está, evidentemente, em como capacitar os profissionais da educação, já habilitados para o ensino da disciplina História, bem como 1 P 9, das Diretrizes (2004) proporcionar aos novos professores, ainda em formação, com todos os elementos necessários para assumirem esse desafio. Desafio tanto maior quando se imagina os interesses envolvidos em torno à disciplina, aqueles entre negros e não-negros, acadêmicos e militantes, puristas e defensores da mestiçagem, religiosos cristãos e religiosos afro-brasileiros, para ficarmos com alguns. Para além da questão ideológica, porém, estão as questões mesmas da historiografia, dos métodos, das fontes, das perguntas feitas, silenciosamente algumas vezes, por outras disciplinas ou por outros profissionais, por militantes ou religiosos (missionários, por exemplo). A antropologia, só para ficarmos com um exemplo, exerceu um importante papel na divulgação de grupos africanos, de sua cultura e organização social, ao mesmo tempo em que colaborou, também, para fixar o conceito de “povos sem história”. O Estado Brasileiro, ao aprovar uma lei, como a 10.639/03, entende o ensino da História e Cultura da África como um componente necessário, ou ao menos importante, na “Educação das relações étnico-raciais”, e na construção de uma sociedade mais justa. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, há um forte componente ideológico que busca justificar a formação do que ali é chamado de “consciência negra”, com base numa suposta política de reparação que o Estado brasileiro deveria promover e incentivar. No que diz respeito especificamente à “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”, no parecer às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana (2004), assume-se tratar-se de uma decisão política, mas, por outro lado, afirma-se que não se trata, porém, nesse ensino da história da África, de uma simples mudança de perspectiva, a etnocêntrica, europeia, para uma “africana”, mas de “ampliar o foco dos currículos escolares para a diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira”. O § 2º do art. 2º, da Resolução 1/2004, do MEC, que institui as diretrizes, reza que “O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos afro-brasileiros, bem como garantia de reconhecimento e igualdade de volorização das raízes africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas, européias, asiáticas” Pois bem, no caso deste projeto, no caso da Universidade Católica de Brasília, especificamente no caso das disciplinas Antropologia da Religião e Ética, nosso desafio é menor, mas não menos interessante, instigante. Seja pela importância das culturas africanas (no plural) na formação da cultura brasileira, com impacto direto na religiosidade e nas formas concretas de religião presentes em território nacional, mas também porque a África existe, como continente, como um vasto território, pleno de histórias, de culturas, de desafios, de lutas, é uma África dinâmica, complexa, contemporânea, com quem deveríamos ter mais afinidade e projetos comuns, e que nos desafia a pensar o mundo de maneira diferente, olhando a partir dos olhos desta África atual, viva e pujante. Isso implica conhecer como os diversos povos africanos vivem sua religiosidade hoje, como planejam sua vida, como lidam com as injustiças, como pensam sua educação, o que produzem em termos de música, literatura, ciências sociais, filosofia, história etc. As muitas Áfricas nos podem lançar desafios para repensar a ética, a política, nosso projeto de sociedade. Aceitando o desafio de relativizar o pensamento eurocêntrico, devemos iniciar (re)aprendendo um pouco mais da África e da cultura africana e, junto com os alunos, ampliar nossa capacidade de pensar o mundo e a nós mesmos a partir de um outro lugar, hoje invisível, ausente. Creio que todos sairemos maiores do que no início do processo. Grande desafio, mas à nossa altura. 1.2. Referências BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 20 dez. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. _____. _____. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. 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Livros HISTÓRIA DA ÁFRICA (UNESCO) KI-ZERBO, Joseph (ed). História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. Brasília : UNESCO, 2010. MOKHTAR, G. (ed). História geral da África, II: África antiga. Brasília : UNESCO, 2010. EL FASI, M. (ed). História geral da África, III: África do século VII ao XI. Brasília : UNESCO, 2010. NIANE, D. T. (ed). História geral da África, IV: África do século XII ao XVI. Brasília : UNESCO, 2010. OGOT, B. A. (ed). História geral da África, V: África do século XVI ao XVIII. Brasília : UNESCO, 2010. AJAVI, J. F. A. (ed). História geral da África, VI: África do século XIX à década de 1880. Brasília : UNESCO, 2010. BOAHEN, A. A. (ed). História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935. Brasília : UNESCO, 2010. MAZUI, A. A. (ed). História geral da África, VIII: África desde 1935. Brasília : UNESCO, 2010. ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de & FRAGA FILHO, Walter.. Uma história do negro no Brasil.Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006. APPIAH, Kwame Anthony. Na Casa de Meu Pai: a África na filosofia da cultura . Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. ATLAS NATIONAL GEOGRAFIC: Africa I (Volume 9). – São Paulo: Abril, 2008. ATLAS NATIONAL GEOGRAFIC: Africa II (Volume 10). – São Paulo: Abril, 2008. DEVÉS-VALDÉS, Eduardo [compilador]. O Pensamento Africano Sul-Saariano. Conexões e paralelos com o pensamento Latino-Americano e o Asiático (um Esquema). Brasil, São Paulo, Clacso - EDUCAM, Septiembre de 2008. Disponível em: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/coedicion/valdes/ FONSECA JÚNIOR, Eduardo. Dicionário antológico da cultura afro-brasileira; incluindo as ervas dos Orixás, doenças, usos e fitologia das ervas. São Paulo: Maltese, 1995. FRANCHINI, A.S. e SEGANFREDO, Carmen. As melhores histórias da mitologia africana. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2009. GORDON, René. 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Medieval Africa, 1250–1800. Cambridge: Cambridge University Press, 2001. RUIZ, Beatriz Hilda Grand. África tradicional y la muerte. Buenos Aires: Editorial Dunken, 2005. WIREDU, Kwasi (ed). A Companion to African Philosophy. Oxford: Blackwell Publishing Ltd, 2004. 1.5. Vídeos Chimamanda Adichie: O perigo da história única (http://www.ted.com/talks/lang/por_pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_s ingle_story.html) Instrumentos africanos (http://www.portacurtas.com.br/pop_160.asp?cod=1840&Exib=1) Entrelinhas - Literatura da África do Sul (http://www.youtube.com/watch?v=Yd4A-JVqtzk&feature=relmfu) Entrelinhas - Literatura da África – Entrevista com Abdourahman Waberi (http://www.youtube.com/watch?v=pWU3HBm1GG4&feature=player_embedde d#at=70) Entrelinhas - José Eduardo Agualusa (http://www.youtube.com/watch?v=smQR4iAZhNM&feature=relmfu) Programa Sempre Um Papo Mia Couto e Agualusa – 2009 (http://www.youtube.com/watch?v=bE1EMuh_Tn8&feature=related) Entrelinhas - Ungulani Ba Ka Khosa (http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=X9K6H5qR Xzo#at=17) Formação das religiões brasileiras de matriz africana em reportagem (http://www.youtube.com/watch?v=g67AwD7dav4) 1.6. Filmes ABC África (Abbas Kiarostami) Sinopse: Dispondo de duas câmeras digitais, Kiarostami e seu assistente viajam para Uganda, país assolado pela crise da AIDS, para gravar um documentário sobre as milhares de crianças portadoras do vírus e os esforços (ou falta deles) em ajudá-las, seja de ONGs de mulheres ou propagandas religiosas do governo. Amistad (Steven Spielberg, 1997) Sinopse: Costa de Cuba, 1839. Dezenas de escravos negros se libertam das correntes e assumem o comando do navio negreiro La Amistad. Eles sonham retornar para a África, mas desconhecem navegação e se vêem obrigados a confiar em dois tripulantes sobreviventes, que os enganam e fazem com que, após dois meses, sejam capturados por um navio americano, quando desordenadamente navegaram até a costa de Connecticut. Os africanos são inicialmente julgados pelo assassinato da tripulação, mas o caso toma vulto e o presidente americano Martin Van Buren (Nigel Hawthorn), que sonha ser reeleito, tenta a condenação dos escravos, pois agradaria aos estados do sul e também fortaleceria os laços com a Espanha, pois a jovem Rainha Isabella II (Anna Paquin) alega que tanto os escravos quanto o navio são seus e devem ser devolvidos. Mas os abolicionistas vencem, e no entanto o governo apela e a causa chega a Suprema Corte Americana. Este quadro faz o ex-presidente John Quincy Adams (Anthony Hopkins), um abolicionista não-assumido, sair da sua aposentadoria voluntária, para defender os africanos. War Dance (2007) Sinopse: Rose, Nancy e Dominic são os protagonistas de WarDance, um belíssimo documentário sobre a preparação da escola primária do campo de refugiados de Patongo, norte de Uganda, para o Kampala Music Festival. Dominic é um virtuoso xilofonista de 14 anos que já foi um soldado nas linhas dos rebeldes da LRA e que procura por seu irmão. Nancy de apenas 14 anos é uma das dançarinas da escola, uma doçura de menina, mas que sofre muito por ter perdido o pai para os rebeldes da LRA, cuida dos seus irmãos pequenos enquanto sua mãe trabalha em outros campos de refugiados. Rose de 13 é uma cantora de olhar triste, mas tão pequena assim é órfã de pai e mãe, hoje vive com sua tia e trabalha dia e noite e sua única alegria é o canto e sua única ambição é ganhar o Kampala Music Festival, onde competem mais de 20000 estudantes. O Festival de Música de Kampala é muito mais que um show de talentos e a metamorfose sofrida por essas crianças, passa da dor e pânico para uma profunda e vigorosa afirmação pessoal. War Dance já ganhow o Sundance Film Festival 2007 como Best Documentary Directing (e mais uma carrada de prêmios) e está nominado ao Oscar de Melhor Documentário. Uma Jornada de Esperança (David Hickson, 2003) Sinopse África do Sul. Musa (Junior Singo) é um jovem que ficou órfão após a morte de seu pai, que faleceu devido à mesma doença que tem aniquilado toda sua família. Por causa disto alguns garotos de sua vila acreditam que a família dele está amaldiçoada. Vivendo com sua avó e prima, ele decide ir até Johanesburgo para procurar seu tio e conseguir emprego. No caminho ele consegue carona com Nobe (Owen Sejake), um caminhoneiro, que o leva até Johanesburgo. Lá Musa precisa enfrentar os perigos da cidade grande e conhece um pouco mais sobre a famigerada doença. Verger: Mensageiro entre Dois Mundos (1998) O documentário traz um importante trabalho de pesquisa realizado pelo diretor Lula Buarque e o roteirista Marcos Bernstein (Central do Brasil), que estiveram na África, na França e na Bahia em busca da trajetória do fotógrafo e etnógrafo francês Pierre Verger. Gilberto Gil é quem narra e apresenta Verger: Mensageiro entre Dois Mundos. O filme traz a última entrevista de Pierre Verger (filmada um dia antes de seu falecimento, em 11 de fevereiro de 1996), além de extenso material fotográfico, textos produzidos por Verger e depoimentos de amigos como o documentarista Jean Rouche (Musée de l'Homme, Paris), Jorge Amado, Zélia Gattai, Mãe Stella, Pai Agenor e o historiador Cid Teixeira. A tão famosa ponte criada por Verger entre a cultura negra na Bahia e na África, rompida desde os anos 40, é reestabelecida no filme quando Gilberto Gil refaz o papel de Mensageiro e percorre os mesmos caminhos do fotógrafo. Outra descoberta de Verger apresentada no filme, são os descendentes da única colonização feita por brasileiros: os "Agouda", africanos, habitantes do Benin e da Nigéria, que ainda hoje cultivam influências brasileiras trazidas por ex-escravos que retornaram do Brasil ao continente africano. Brazil: uma história inconveniente (Brazil – An inconvenient history) (2000) Portugal foi responsável pela maior emigração forçada da história da humanidade. De Angola chegou ao Brasil um número 10 vezes superior de escravos comparado à America do Norte. Este documentário, sobre o passado colonial do Brasil, foi realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001. Uma verdade inconveniente da história de Portugal. Enquanto todo o mundo conhece a história da escravidão nos EUA, poucas pessoas percebem que o Brasil foi, na verdade, o maior participante do comércio de escravos. Quarenta por cento de todos os escravos que sobreviviam à travessia do Atlântico eram destinados ao Brasil, quando apenas 4% iam para os EUA. Chegou uma época em que a metade da população brasileira era de escravos. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, em 1888. O documentário tem depoimentos dos historiadores João José Reis, Cya Teixeira, Marilene Rosa da Silva; do antropologista Peter Fry e outras pessoas que contam os efeitos de séculos de escravidão no Brasil de hoje. Este é um importante documentário sobre a história dos negros, história africana e estudos latino americanos. Atlântico Negro - Na Rota dos Orixás (1998) Um relato realista e comovente das relações entre Brasil e África inspirou o videomaker Renato Barbieri e o historiador Victor Leonardi a criar uma série de quatro documentários chamada Atlântico Negro. O primeiro filme da série, feito em vídeo, Na Rota dos Orixás, entra em cartaz depois de ser elogiado no 31º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e de participar de eventos como o Dia Nacional da Consciência Negra. Na Rota dos Orixás apresenta a grande influência africana na religiosidade brasileira. Na fita, Renato Barbieri mostra a origem de as raízes da cultura jêje-nagô em terreiros de Salvador, que virou candemblé, e do Maranhão, onde a mesma influência gerou o Tambor de Minas. Um dos momentos mais impressionantes deste documentário é o encontro de descendentes de escravos baianos que moram em Benin, um país africano desconhecido para a maioria do brasileiros, mantendo tradições do século passado. Motherland (Enat Hager) (2009) Documentário épico que aborda questões da história, cultura, política e atualidades desse continente gigantesco que África. Conta uma história atual de um continente dinâmico desde seu passado de glória e majestade até sua história complexa e presente. Com uma abordagem cinematográfica e uma trilha Sonora fluida, Motherland é uma belíssima ilustração da diversidade e unidade africana global. Diamante de Sangue (the Blood Diamond) (2007) O filme acompanha Danny Archer, um traficante de pedras preciosas que financia a guerra civil em Serra Leone, em 1999. Ele conhece um fazendeiro que teve seu filho levado pelo exército para servir no conflito. Archer se vê culpado pelo fato e resolve ajudar o homem a salvar seu filho. Crianças invisíveis (All the Invisible Children) (2005) Sete países, sete diretores, sete realidades infanto-juvenis retratadas em histórias curtas, mas, todas com grande profundidade no que tange o mundo criança dos respectivos países. “Crianças invisíveis” com suas realidades próprias, porém, o grande mérito do trabalho é mostrar de forma franca e objetiva estes inícios de vidas, nos emocionamos, choramos e às vezes sorrimos, pois lembramos de que já fomos crianças, de que um dia já confiamos com amor e inocência. As crianças aqui retratadas pertencem a países distintos entre se, principalmente no que diz respeito à realidade socioeconômica, mostra também de forma nua e crua a relação destes personagens com os seus pais, isto quando tal relação existe. Eis uma questão pertinente em todas as histórias: que as famílias como nós conhecemos, em sua maioria, já se esfacelaram, todos nós sabemos, porém quem são os pais de hoje? E as crianças, como estas se relacionam com o mundo atual, tão agressivo, que afoga crianças e adolescentes num mundo perverso e consumista, que desde cedo joga uma serie de escolhas em cima do futuro jovem do mundo... E mais, como vivem os pequenos, que em uma realidade miserável, vive a ausência de bens materiais, sem brinquedos e vídeo game, ou seja, um mundo de exclusão infanto-juvenil, mundo este que já no começo é corroído, crianças que vivem a margem das drogas, armas, pais viciados, malandragem, consumismo, fazer amigos... As crianças invisíveis da metrópole, da África do Sul (Meldy Charef) a ServiaMontenegro (Emir Kusturica), dos Estados Unidos Spike Lee) ao Brasil (Kátia Lund), da Inglaterra (Ridley Scott) a Itália (Stefano Veranuso) e deste a China (Jonh Woo), histórias distantes uma das outras, mas todas um retrato fiel às crianças do mundo atual, obra de grandes personagens e histórias, de seres tão jovens e tão sofridos, que ainda assim, buscam a alegria das mais diversas formas, um certo brilho que se apaga na maioria das vezes, esquecemos de que já fomos crianças, perdemos a nossa inocência. Todos estes sentimentos e questionamentos estão no filme “Crianças invisíveis”, crianças jogadas em um mundo que se destrói diariamente, que prostitui e escraviza estas crianças invisíveis, estes personagens da vida real não fazem parte do plano do G8 e cia, apenas a macroeconomia importa, enfim, a pergunta: quando estas crianças tiverem os seus 20 anos, que mundo vão encontrar? Um homem que grita (Une homme qui crie) (2010) Em meio à guerra civil no Chade, um homem sexagenário, ex-campeão de natação, instrutor na piscina de um hotel de luxo de N’Djamena, é pressionado pelas autoridades a contribuir para o esforço de guerra. É sua “obrigação”. Não podendo lutar ou dar dinheiro, deve ceder seu filho para o exército. Para o realizador, que em 2006 filmou “Daratt” entre os combates, trata-se de uma história que privilegia a experiência humana. “Não é um filme sobre a guerra, mas sobre aqueles que sofrem com ela, experimentando o sentimento de o seu próprio destino lhes escapar”, disse Mahamat-Saleh Haroun. Hotel Ruanda (2004) Estamos em 1994. Ruanda é palco de uma das maiores atrocidades da história da humanidade onde, em apenas 100 dias, quase um milhão de tutsis são brutalmente assassinados por milícias de etnia hutu. No cenário destas indescritíveis acções um homem promete proteger a família que ama, acabando por encontrar a coragem para salvar mais de um milhar de refugiados. 'Hotel Ruanda' conta-nos a história verídica de Paul Rusesabagina, um homem que conseguiu evitar o genocídio de mais de 1200 tutsis durante a guerra civil ao conceder-lhes abrigo no hotel que dirigia na capital de Kigali. O jardineiro fiel (2005) "O Jardineiro Fiel" é a primeira incursão de Meirelles em projetos internacionais e logo consagrada pela crítica internacional. A história é uma forte crítica contra os laboratórios multinacionais de remédios, que tentam monopolizar o mercado de medicamentos, conseguindo lucros exorbitantes, através da cura de pessoas doentes no mundo todo, mas sem se preocupar em curá-los, sempre pensando, primeiramente e unicamente, até, nos lucros, a cura é secundária, ou seja, o filme critica também a globalização enorme que toma conta do mundo nos dias de hoje. Mostra também, de forma sutil e indireta, o papel de desmoralização de instituições internacionais, como a ONU, por exemplo; mostra também a utilização de cobaias humanas, para acertar na dosagem e nas drogas dos remédios, mesmo que levem à morte daquelas, elas podem morrer, mas é para o bem de um número maior de pessoas, ou seja: morrem alguns seres humanos, mas é para o bem do resto da humanidade. Kiriku e a feiticeira (1998) Kiriku é um garoto pequeno, mas muito inteligente e com dons especiais, que nasceu com a missão de salvar sua aldeia. A cruel feiticeira Karaba secou a fonte do lugar onde Kiriku mora com amigos e parentes e, possivelmente, comeu o pai e os tios do menino. Encontrando amigos e seres fantásticos pelo caminho, Kiriku vai resolver a situação. História baseada em uma lenda da África Ocidental. 1.7. Sites Publicações: REVISTA África e Africanidades (http://www.africaeafricanidades.com) África: Revista do Centro de Estudos Africanos da USP (http://www.fflch.usp.br/cea/revista.php?pub=apre) Sankofa. Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana Publicação semestral do NEACP – Núcleo de Estudos de África, Colonialidade e Cultura Política. Departamento de História (USP). (http://sites.google.com/site/revistasankofa ) African Studies Quarterly (http://www.africa.ufl.edu/asq/index.htm) Informações - Cultura CASA DAS AFRICAS (http://www.casadasafricas.org.br) FILMES AFRIKANA (http://www.filmafrikana.com) ALL Africa (http://allafrica.com) AfricanWriter.com (http://www.africanwriter.com/) ALUKA (http://www.aluka.org) MEMÓRIA DE ÁFRICA (http://memoria-africa.ua.pt/introduction/tabid/83/language/pt-PT/Default.aspx) AFRICAN CULTURAL CENTER (http://www.africanculturalcenter.org) AFRICAN HOLOCAUST (http://winx.name/?w=African_holocaust) GUIA – Stanford University (http://library.stanford.edu/depts/ssrg/africa/guide.html) African Studies Internet Resources (mantido pela Columbia University ) (http://www.columbia.edu/cu/lweb/indiv/africa/cuvl/) FILOSOFIA: African Philosophy Resources (excelente fonte para iniciar pesquisas) (http://pegasus.cc.ucf.edu/~janzb/afphil/) La ética del consenso de Kwasi Wiredu. Un modelo africano (http://them.polylog.org/2/index-es.htm) A HISTÓRIA DA ÁFRICA, EM: HISTORY OF AFRICA (BBC) (http://www.bbc.co.uk/worldservice/africa/features/storyofafrica/index.shtml)) AFRICAN HISTORY ELECTRONIC BOOKS (http://wwwsul.stanford.edu/depts/ssrg/africa/history/africanhistoryelectronicbooks.html) BIBLIOTECA DIGITAL DA WISCONSIN UNIVERSITY (COLEÇÃO ÁFRICA) (Africa Focus: Sights and Sounds of a Continent) (http://digital.library.wisc.edu/1711.dl/AfricaFocus) 1.8. Músicas Afromix (http://www.afromix.org/html/musique/index.pt.html) Calabash Music (http://music.calabashmusic.com/world/africa) Radio África (http://www.educadora.ba.gov.br) (http://blogradioafrica.blogspot.com) SOM NEGRO (http://somnegro.wordpress.com) MY AFRICAN MUSIC (http://myafricanmusic.com/index.php) AFRO POP (http://www.afropop.org) 1.9. Religião SOBRE A SANTERÍA (http://www.orishanet.org/) AFRICAN TRADITIONAL RELIGION (uma página pessoal, mas com muitos links, artigos etc). (http://www.afrikaworld.net/afrel/) FORUM MANTIDO PELA THE PEW RESEARCH CENTER *Região subsaariana da África: (http://pewforum.org/Regions/Sub-Saharan-Africa/) *Oriente Médio e Norte da África: (http://pewforum.org/Regions/Middle-East-and-North-Africa/) RELIGIOUS TRADITIONS OF AFRICA AND THE AFRICAN DIASPORA (http://dickinsg.intrasun.tcnj.edu/diaspora/) AFRICAN ASSOCIATION FOR THE STUDY OF RELIGIONS (http://www.a-asr.org/) II. PRÉ-PROJETO DE PESQUISA 2.1. Elementos do pré-projeto O pré-projeto será obrigatório como um dos critérios de avaliação da participação dos estudantes na Semana Temática. No item “Produto Final”, os estudantes deverão deixar claro qual será o resultado de sua produção (artigo, apresentação, vídeo, painel, etc.). O desenvolvimento do pré-projeto deverá ser acompanhado pelo professor. Seria interessante reservar uma parte de cada aula para esta tarefa. Ele deverá ser entregue, em sua forma definitiva, na última semana do mês de agosto. A apresentação em sala de aula, escolha dos melhores trabalhos e envio para a Equipe de Coordenação da Semana Temática devem ser feitos até, no máximo 10 de setembro. A comunicação final dos trabalhos escolhidos para apresentação no auditório será feita até 24 de setembro. O pré-projeto deverá constar dos seguintes itens: Identificação dos estudantes (nomes, matrícula. disciplina, turma, professor, semestre e curso de cada aluno); Tema: relacionado ao tema da Semana Temática; Título do projeto; Problematização: fundamentação teórica; Justificativa: relevância do tema; Objetivo Geral e Objetivos Específicos; Referencial Teórico; Metodologia Produto Final Cronograma Referências Bibliográficas Cada item será descrito em documento anexo. As atividades deverão ser feitas em grupos de 5 a 7 integrantes. Cada grupo deverá ser formado por estudantes de, no mínimo, 3 cursos diferentes. 2.2. Avaliação Pré-projeto: 15 pontos (grupo) Seminário: apresentação em sala de aula: 15 pontos (grupo) Sistematização (referente à participação nas atividades da Semana Temática): 20 pontos (individual) III. APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS Para apresentação dos trabalhos na Semana Temática do CREAR – África: outros olhares, novas visões – foram pensados momentos nos auditórios e no hall em frente aos mesmos. 3.1. Locais Auditório do Bloco G: dias 3, 7 e 8 de outubro Auditório do Bloco K: dias 4, 5 e 6 de outubro 3.2. Horário de chegada dos professores e estudantes Período matutino: até as 8h15 Período noturno: até as 19h35 3.3. Início das apresentações Período matutino: às 8h20 Período noturno: às 19h40 3.4. Acolhida e distribuição do tempo para as apresentações A acolhida será feita pelos coordenadores de turno (professor e estudante). O tempo para as apresentações será assim distribuído: 1º grupo – 15 minutos 2º grupo – 15 minutos 3º grupo – 15 minutos 4º grupo – 15 minutos Depois da apresentação dos trabalhos (artigo, teatro, música e vídeo) será aberto um momento de reflexão e de debate entre os estudantes e professores. 3.5. Sistematização ou relatório das atividades da Semana Temática No final do debate será entregue aos estudantes um Roteiro para a elaboração da sistematização (relatório da atividade do dia) que deverá ser feita no local e em seguida entregue ao professor da turma. No período matutino o roteiro será entregue aos estudantes somente depois das 10h00 e no período noturno somente depois das 21h30. O estudante terá o tempo máximo de quarenta (40) minutos para elaboração da sua síntese. Esta sistematização valerá vinte (20) pontos e servirá também para assinalar a presença do estudante na aula que coincide com a atividade da Semana Temática. Mais adiante serão indicados os elementos que farão parte deste Roteiro. 3.5. Apresentações no Hall dos Auditórios Durante os dias da Semana Temática haverá exposição de fotos e de banners preparados pelos grupos de estudantes como produto final do préprojeto de pesquisa. Os grupos que elaborarem esses produtos deverão escolher os membros que permanecerão à disposição dos visitantes para eventual explicação dos trabalhos, especialmente antes e depois da apresentação dos trabalhos nos auditórios. A Equipe de Coordenação da Semana Temática Prof. José Lisboa Moreira de Oliveira Prof. Aurélio Rodrigues da Silva Prof. Erivan da Silva Raposo Prof. Márcio Faria de Magalhães