dos Professores de Matemática 13. O professor e o desenvolvimento Equações do 2.º grau na Antiga Babilónia com alunos do 9.º ano Centro de Investigação em Educação, Universidade do Minho [email protected] Escola Básica e Secundária de Pinheiro, [email protected] • Resumo: • Palavras-Chave: 313 314 João Pedro da Ponte (Org.) Introdução a problemática da argumentação surge associada ao reconhecimento do papel da reconhecimento permite realçar a importância da linguagem natural, do estreito vínculo estudar a argumentação nesta disciplina deriva da necessidade de caracterizar os descoberta, construção e exploração de conjeturas (Pedemonte, 2002). uma cultura de aula em que se promove a argumentação suscita a participação dos e discutir argumentos matemáticos implica criar condições para que os alunos nas suas diversas dimensões, que este capítulo ilustra e discute. O segundo autor, dos Professores de Matemática 1 argumentarem sobre as ideias matemáticas, em particular, desenvolverem a arte de conexões com outros conhecimentos já adquiridos ou de outras áreas do saber, A argumentação na aula de Matemática e o papel do professor argumentação, sublinhar a sua centralidade na educação matemática e recolher um 1 315 316 João Pedro da Ponte (Org.) Noção de argumentação. Por argumentação o desacordo superado. O resultado deste processo, que pode ser reconstruído, argumento um processo interativo de saber como e quando participar nesse intercâmbio (Wood, expressão, verbais ou não verbais, podendo, em particular, invocar desenhos, O interesse da educação matemática pelo estudo da argumentação e, consequentemente, o aumento de trabalhos de investigação nesta área, está dos Professores de Matemática Papel do professor. que pretende que seja de discussão: questionamento, explicitação do pensamento ao assumir a aula como uma comunidade a saber como atuar na construção dessa comunidade em que cada um tem o seu lugar. participar, deve dar indicações das suas expectativas em termos dessa participação momentos de discussão e a criação de um registo quer das ideias em discussão quer 317 318 João Pedro da Ponte (Org.) alunos que não estão a requerer atenção; ensinar e apoiar alunos particulares, mas monitorizar a discussão de acordo com o horário da aula. Para que o discurso o uso de representações quer sejam orais, escritas ou com recurso a materiais. Os uma linguagem matemática progressivamente mais elaborada deve ser garantida tarefas A sustentação do conhecimento dos Professores de Matemática Modelo de argumentação de Toulmin O aparecimento da obra The Uses of Argument livro Traité de l’Argumentation: La Nouvelle Rhétorique teve igual importância no sobre argumentação no âmbito da educação matemática. Em particular, estas obras tornaram possível caraterizar a argumentação matemática ao nível das 1). Embora, por vezes, a distinção entre dados e garantias não seja clara, as suas termos: duas premissas e uma conclusão. 319 320 João Pedro da Ponte (Org.) Dados Conclusão Garantias Figura 1 – Dados Conclusão Garantias Condições de refutação Fundamento Qualificadores modais Figura 2 – passo de argumento, permitindo selecionar argumentos distintos, nomeadamente elementos e, ao mesmo tempo, ver os seus encadeamentos. dos Professores de Matemática categorias de argumentos que designam por empírica, genérica, simbólica e formal, trabalho desenvolvido por aqueles investigadores. Tabela 1 – Categoria Subcategoria Argumentos empíricos (exemplos não representativos) Extensão de um padrão Esquema percetual Entre o empírico e o genérico (entre exemplos não representativos e exemplos representativos) Argumentos genéricos (exemplos como representações) Exaustão Contraexemplo Exemplos concretos Exemplos situacionais Argumentos simbólicos (palavras e símbolos como representações) Entre o simbólico e o formal (entre símbolos representativos e não representativos) Argumentos formais (símbolos não representativos) Metodologia e contexto 321 322 João Pedro da Ponte (Org.) recolha de dados; análise dos argumentos produzidos pelos alunos e análise dos argumentos produzidos pelos alunos em grupo e uma câmara de vídeo colocada aos momentos de trabalho de grupo e de discussão com toda a turma, interagindo A experiência em sala de aula de contextos argumentativos bem como os argumentos produzidos pelos alunos ao Na aula Apresentamos, de seguida, alguns exemplos do trabalho desenvolvido pelos alunos dos Professores de Matemática Tabela 2 – Tempo* Tarefa Descrição (90 minutos) I II III** Leitura e análise da resolução do mesmo problema, Aritmética 1 Interpretação, com recurso a material manipulável, em termos de geometria do corta e cola, geometria intuitiva; 1 dado; sabendo que a soma da área do retângulo com a área 1 considerando que o retângulo dado tem comprimento b e que a soma da área do retângulo com a área do quadrado largura do retângulo inicial; 2 ax2 bx = c e ax2 bx c = 0, tendo em consideração a x2 x * O tempo sugerido para a realização de cada uma destas partes constitui apenas uma indicação, mático dos alunos. ** 323 324 João Pedro da Ponte (Org.) conhecimento das aulas, em particular as discussões coletivas. Episódio 1. Professor: Nuno: Professor: Nuno: Este (apontando para a base do retângulo) era maior que este (apontando para a altura do retângulo). Ana: Nuno: base) mais pequeno era este (apontando para a altura). E não dava, desenho) dá o perímetro. dos Professores de Matemática do retângulo era 40, pois, pelo enunciado, o semiperímetro do retângulo era 20. É e erro, o discurso argumentativo detetado corresponde a uma forma complexa de argumentação a solução do problema. Figura 3 – raciocínio apresentado pelo grupo G12 2 325 326 João Pedro da Ponte (Org.) comunidade na sala de aula, Episódio 2. entre o empírico e o genérico. Embora os alunos tenham intervenções que estabeleceu na orquestração da discussão. Professor: Nuno: Por tentativa e erro. Professor: Explica lá. Nuno (virando-se para Ana): Explica tu! Professor: Ana: Professor: Ana: Aqui tinha que Miguel: Professor: Miguel: Professor: Explica de novo, Ana. Ana: (apontando para o x), 10 vezes 4 dava dos Professores de Matemática (apontando para o x) (apontando para o x) Miguel: Ana: menor do que 4. Miguel: Ora, mas podia demorar muito tempo! Ana: Pois… Nuno: possibilidades. Figura 4 – Este excerto mostra que os alunos não procederam a uma simples enumeração dos valores de x este grupo de alunos apresenta um contraexemplo recorrerem, posteriormente, a um processo de carácter exaustivo. com a construção da comunidade 327 328 João Pedro da Ponte (Org.) x terá de ser menor do que 4. Esta conclusão será um novo dado no processo argumentativo, o que os leva a Figura 5 – raciocínio apresentado pelo grupo G1. Episódio 3. evidenciando a presença de argumentos genéricos Diana: Já percebemos que a área do quadradinho pequenino ... Diana: ... dos Professores de Matemática Diana: (fazendo as contas) Professor: Diana: É a área disto tudo. Professor: Diana: Do quadrado Professor: Diana: (apontando para o x) vai ser Figura 6 – Este excerto mostra que o grupo descreve aritmeticamente os argumentos pictóricos comunidade discurso na sala de aula interpretação e compreensão de processos utilizados por matemáticos da antiguidade, 329 330 João Pedro da Ponte (Org.) esteve presente na seleção das tarefas argumentos entre o genérico e o simbólico simbólicos determinar uma das soluções das equações do tipo x ax x ambos os membros da equação por a Figura 7 – Daniel, grupo G1. registando que uma solução da equação ax 2 ( ( c b + a 2a – b 2a x x dos Professores de Matemática Figura 8 – É de reparar que os argumentos apresentados pelos alunos para determinar esta Episódio 4. geral ax2 bx c solução. A maioria dos alunos entende que existe uma relação entre esta equação bx = c e a equação ax2 escrevam todos os termos no primeiro membro da equação: Ana: ax2 bx c = 0]. Professor: (apontando para ax2 + bx + c = 0) Daniel: Professor: Emanuel: Ele está a dizer que podemos escrever assim (apontando para o papel). Professor: Emanuel escreve no quadro ax2 + bx = c ax2 + bx + (– c) = 0 Emanuel: c. ax2 + bx – c = 0 331 332 João Pedro da Ponte (Org.) Por vezes, solicita a ida de um aluno ao quadro para que todos acompanhem o raciocínio. Os alunos observam que a equação dada, ax2 ax 2 bx bx = c c c – ( ( 2 c b + a 2a – c b 2a . Depois de ser proposta aos alunos a resolução de algumas equações aplicando a – –b + b 2 – 2 ( ( c b + a 2a – b 2a 4ac 2a manipulação algébrica, o que caracteriza o tipo de argumentos entre o simbólico e o formal. Figura 9 – dos Professores de Matemática nomeadamente, as oportunidades surgidas nos diálogos para introduzir brechas Nas produções escritas dos alunos Aritmética no enunciado, designaram o aritmo por x representou por x x o menor. Contudo, o grupo G2 Figura 10 – podem ser representados pelas expressões x x. 333 334 João Pedro da Ponte (Org.) x Figura 11 – x x Figura 12 – Figura 13 – dos Professores de Matemática x2 Figura 14 – Figura 15 – . 335 336 João Pedro da Ponte (Org.) o raciocínio e os argumentos presentes numa resolução que não a desenvolvida habitual, como se pode ver no excerto retirado da avaliação do grupo G4, realizada nos momentos de discussão que ocorreram durante as aulas. A importância do seu desses argumentos por parte dos alunos. dos Professores de Matemática comunidade de discurso (Grugnetti, 2000). Colocou os alunos a trabalhar em grupo durante a realização das tarefas conhecimento acreditando sempre nas suas capacidades. argumentos paralelos, como de novos dados ou conclusões que iam sendo inseridos não se encontravam presentes de um modo explícito. construtiva em discussões sobre conceitos, processos e resultados matemáticos. para esta disciplina e proporcionando uma visão mais ampla da sua natureza. A propício ao desenvolvimento da argumentação na sala de aula. 337 338 João Pedro da Ponte (Org.) Referências Anthony, Journal of Mathematics Education, 2 Balacheff, Is argumentation an obstacle? Invitation to a debate. (Acedido Banegas, Boavida, A argumentação em Matemática: Investigando o trabalho de duas professoras em contexto de colaboração. Douek, Argumentative aspects of proving of some undergraduate mathematics students’performances. Douek, perspective. 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