PTI 2011 - WORKSHOP DE PESQUISA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SENAI/DR-BA Desenvolvimento de compósitos de polímero/partículas de madeira (WPC´s) e estudo do comportamento de fratura através do método EWF. Laís Cerqueira *, Zora Ionara Gama dos Santos** * Bolsista de Iniciação Científica da Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC, [email protected] ** Mestre em Mestrado em Engenharia de Processos Orientador de Iniciação Científica da Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC, [email protected] Resumo Estudos mostram que o uso de partículas de madeira como carga em termoplásticos, em substituição aos tradicionalmente empregados tais como talco, carbonato de cálcio e outros proporcionam, além do aumento da rigidez, resistência mecânica e a diminuição na expansão térmica, traz vantagens perante a madeira como: resistência a rachaduras e ao empenamento, não requer pintura, não mancham, necessitam menor manutenção que as peças de madeira tradicional, principalmente no caso de peças para aplicação ao ar livre. Esta variação das propriedades está relacionada não somente à matéria prima, mas com a morfologia/microestrutura do produto final que acaba governando as propriedades e, por conseguinte, esta morfologia é fortemente influenciada pelas condições de processo. Além disso, quando se trata de aplicação, o material é sujeito a solicitações das mais diversas: mecânicas, térmicas, etc; é necessário entender como as propriedades dos materiais mudam com o seu uso e pouco se sabe a respeito da mudança nas propriedades nos compósitos polímero/madeira (Wood Polymer Composites - WPC´s). Entretanto, para o uso destes materiais em aplicações de engenharia, incluindo as situações estruturais, é importante entender o processo de fratura dos mesmos. Palavras chave: EWF, Compósitos, WPC. 1. Introdução Atualmente, existe uma tendência em preparar compósitos, com o intuito de agregar propriedades específicas de alguns tipos de cargas a matriz polimérica. Dentre estas cargas destaca-se o uso de cargas lignocelulósicas, como as partículas de madeira, em compósitos termoplásticos os chamados (WPC’s), substituindo os tradicionalmente empregados tais como talco, carbonato de cálcio e outros proporcionando, além do aumento da rigidez, resistência mecânica e a diminuição na expansão térmica, trazendo vantagens perante a madeira como: resistência a rachaduras e ao empenamento, não requer pintura, não mancham, necessitam menor manutenção que as peças de madeira tradicional, principalmente no caso de peças para aplicação ao ar livre [1, 2].Quando se trata de aplicação, os materiais estão sujeitos a solicitações das mais diversas: mecânicas, térmicas, intemperismo, etc; o que se faz necessário entender como as propriedades destes materiais, PTI 2011 - WORKSHOP DE PESQUISA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO incluindo os WPC’s, mudam com o seu uso [2]. Dai, para o uso destes materiais é SENAI/DR-BA importante entender o processo de fratura dos mesmos [3, 4 e 6]. Em 1996 Wu & Mai apresentaram um novo método da mecânica da fratura - a teoria do método EWF (Trabalho Essencial de Fratura)- onde é proposto que quando um sólido dúctil está sendo solicitado, o processo de fratura e a deformação plástica ocorrem em duas regiões distintas. W f = We + W p Portanto, o trabalho de fratura total, , deve ser separado em duas partes, o trabalho essencial de fratura ( We ) e o trabalho não-essencial de fratura (W p ). Assim o trabalho de fratura total é dado por: Eq. (1) W f = we tl + βw p l 2 O trabalho essencial de fratura é a energia dissipada na zona de processo de fratura, corresponde ao trabalho necessário para criar duas novas superfícies e é consumido no processo de fratura. Para uma dada espessura, este é proporcional ao comprimento do ligamento, l, e enquanto que o trabalho não-essencial de fratura (WWpp ) é a energia dissipada na zona plástica e é uma energia volumétrica e 2 proporcional a l , de forma que o trabalho de fratura total é reescrito da Eq. (1) como: Eq.(2) wf e o trabalho total específico, , é dado por: Wf = we + βwpl w f = tl Eq.(3) Onde: we ew p são o trabalho essencial específico de fratura e trabalho não essencial específico de fratura, respectivamente. β é o fator de forma da zona plástica e t é a espessura do corpo de prova. A literatura científica mostra um crescente interesse quanto ao uso do método EWF na avaliação da tenacidade de blendas poliméricas, porém o uso deste método em compósitos ainda se mostra incipiente. Diante disso o objetivo deste trabalho é avaliar a possibilidade de aplicar este método ao compósito de polipropileno com partículas de madeira e a influência de um agente de acoplamento sobre os parâmetros do EWF. 2. Metodologia Neste trabalho foi utilizado como matriz um polipropileno (PP) como fase dispersa partículas de madeira, proveniente de resíduo de serragem e um agente de acoplamento (Orevac CA 100). Os compósitos foram preparados em uma extrusora dupla rosca Foram testadas 3 composições: PP puro (PP); PP com 5% de madeira (PP/M) e PP com 5% de madeira e 10%, em relação ao teor de madeira, de agente de acoplamento PP-MMA (PP/M/MMA ). Após extrusão foram confeccionadas placas, e estas foram 2 PTI 2011 - WORKSHOP DE PESQUISA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SENAI/DR-BA entalhadas adquirindo formato do tipo DENT (entalhados duplamente nas faces opostas). A profundidade do entalhe foi variada de acordo com o comprimento de ligamento (l) desejado, sempre buscando obedecer ao protocolo ESIS/EWF. Para cada lote de amostras o comprimento do ligamento foi variado em 7 (sete) níveis. O ensaio de tração foi executado em uma máquina universal do tipo Emic, modelo DL 2000 operando com uma velocidade de 1mm/min. 3. Resultados e Discussão As curvas que estão representadas na Fig. 2 mostram a relação da força e deslocamento, obtidos do ensaio de tração unidirecional, correspondente à matriz de polipropileno puro (Fig. 3a), ao compósito de matriz PP como 5% de partículas de madeira (Fig. 3b) e ao compósito de PP com 5% de partículas de madeira e 10% de agente de acoplamento ((Fig. 3c). Através destas curvas pode-se verificar excelente similaridade entre elas para todos os comprimentos referentes ao PP e para o compósito sem agente de acoplamento. Porém esta similaridade é menos expressiva entre alguns comprimentos de ligamento apresentados pelo compósito contendo agente de acoplamento (Fig. 3c) o que não inviabiliza a aplicação do método, visto que essa similaridade está presente para maioria dos comprimentos de ligamento desta composição [4, 5, 7-9]. (a) Figura 1: Curvas de força versos deslocamento para matriz PP puro (a), compósito de PP com 5% de partículas de madeira (b) e compósito PP com 5% de partículas de madeira e 10% de agente de acoplamento (c). (b) (c) 4. Conclusões O método EWF apresenta-se de forma eficiente como alternativa aos testes convencionais de medidas de tenacidade à fratura de materiais compósitos de matriz termoplástica com partículas de madeira. Visto que foi possível atender aos critérios estabelecidos pelo protocolo ESIS/EWF para os comprimentos de ligamento estudados. Onde se obteve similaridade das curvas força versos deslocamento e 3 PTI 2011 - WORKSHOP DE PESQUISA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SENAI/DR-BA 5. Referências M. Zanin, C. Desiderá, A. Logarezzi, C. A. Correa. In: IX Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. 2002, CDROM. F. J. X. Carvalho. Plast. Refor. 2006, 50, 40. J. Karger-Kocsis, T. Czigány, Polymer, 1996, 37, 2433. Y.-W. Mai. B. Cotterell, Eng. Fract. Mech., 1985, 21, 123. M. Heino, P. Hietaoja, J. Seppãlã, T. Harmia & K.-J Friedrich. Appl. Polym. Sci. 1997, 66, 2209. J. Wu & Y.-W, Polim. Eng. Sci., 1996, 36, 2275. S. C. Tjong, S.-A. Xu. R. K.-Y. Li. Y.-W. Mai. Comp. Sci. Tech. 2002, 62, 2017. Y.-W. Mai & B. Cotterell. Eng. Fract. Mech., 1985, 21, 123. R. J. Yamakawa. Tese de Doutorado Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2005. F. M. Peres, Tese de Doutorado, Politécnica da Universidade de São Paulo, 2009. H. Zhang, Z. Zhang, J-L. Yang, K. Friedrich. Polymer, 2006, 47, 679. 4