UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM ORTODONTIA FERNANDA SILVA MATTOS AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO DE CADEIAS ELÁSTICAS SUBMETIDAS A DIFERENTES MEIOS DE DESCONTAMINAÇÃO SÃO PAULO 2013 FERNANDA SILVA MATTOS AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO DE CADEIAS ELÁSTICAS SUBMETIDAS A DIFERENTES MEIOS DE DESCONTAMINAÇÃO Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ortodontia da Universidade da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre. SÃO PAULO 2013 FERNANDA SILVA MATTOS AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO DE CADEIAS ELÁSTICAS SUBMETIDAS A DIFERENTES MEIOS DE DESCONTAMINAÇÃO Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ortodontia da Universidade da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Fernando César Torres Co-orientador: Prof. Dr. Acácio Fuziy SÃO PAULO 2013 FERNANDA SILVA MATTOS AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO DE CADEIAS ELÁSTICAS SUBMETIDAS A DIFERENTES MEIOS DE DESCONTAMINAÇÃO Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ortodontia da Universidade da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre Área de Concentração: Ortodontia Data da defesa: 17/12/2013 Resultado: APROVADA BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Fernando César Torres Universidade Cidade de São Paulo Prof. Dr. Acácio Fuziy Universidade Cidade de São Paulo Profa. Dra. Lylian Kazumi Kanashiro Universidade de São Paulo DEDICATÓRIA Ao meu querido marido Daniel que me estimula sempre a crescer profissionalmente e pessoalmente, me apoiando em cada decisão. Obrigada por entender minhas ausências neste período de crescimento profissional. Amo você incondicionalmente! Aos meus pais Dalmo e Sonia pelo exemplo de vida e amor. Obrigada por terem sempre confiado em mim e por me ensinarem desde os valores das coisas pequenas da vida até o valor do conhecimento. As minhas irmãs Renata e Daniela pelos exemplos de sucesso pessoal e profissional nas quais sempre me inspirei. Amo vocês! Espero retribuir e compensar todo o carinho, apoio e dedicação que constantemente me oferecem. A vocês dedico este trabalho! AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Prof. Dr. Fernando César Torres pelos ensinamentos científicos transmitidos e pelo companheirismo em sua orientação. Ao meu co-orientador Prof. Dr. Acácio Fuziy pela competência científica e amizade transmitida. A todos os professores do curso que colaboraram pelo meu crescimento profissional e pessoal. Aos meus colegas de turma do mestrado que tornaram essa etapa tão especial. Vocês trouxeram alegria a todos os nossos encontros. Sabemos que a vida nos separa por caminhos distintos, mas espero que consigamos manter nossos laços de amizades conquistadas. “Chegou o momento de cada um seguir viagem sozinho... Uma despedida é necessária antes de podermos nos encontrar outra vez. Que nossas despedidas sejam um eterno reencontro.” Autor Desconhecido A minha querida companheira e amiga Gabriela Sobral Figueiredo Melke. Acredito que encontramos certas pessoas na vida não por um acaso. Obrigada pela amizade, companheirismo e, claro, pelas risadas ao longo do curso. Que nossa amizade se estenda por toda a vida! Ao meu querido professor e amigo Dr. Eduardo César Werneck que me ensinou os primeiros conceitos ortodônticos, me encorajou a realizar este curso e incentiva minha carreira acadêmica. Aos meus amigos e familiares que entenderam minha ausência neste período. Aos funcionários e colaboradores da pós-graduação e da clínica desta Universidade que de alguma forma contribuíram para o bom andamento do curso. A todas as empresas que concederam os elásticos para a realização deste trabalho. A empresa Orthometric® que concedeu os templates utilizados nos testes deste estudo. “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir” Cora Coralina MATTOS, FS. Avaliação da deformação de cadeias elásticas submetidas a diferentes meios de descontaminação. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2013. RESUMO O conhecimento do comportamento das correntes elastoméricas é de grande interesse ao ortodontista, uma vez que estes materiais são amplamente utilizados na clínica ortodôntica. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a deformação elástica de 14 diferentes marcas comerciais (7 nacionais e 7 importadas), quando submetidas aos meios de descontaminação mais comumente utilizados atualmente (ácido peracético, álcool 70% e autoclave) nos intervalos de tempo de 7, 14, 21 e 28 dias. Três elos de cada elástico foram cortados com meio elo extra de cada lado e mensurados com um paquímetro digital para a individualização do estiramento de 50% do tamanho original. Das 20 amostras de cada fabricante, 5 foram diretamente colocadas no template (grupo controle), 5 foram imersas em ácido peracético 0,2% (Sekusept aktiv®, Profilática Produtos Odonto Médicos Hospitalares Ltda, Curitiba, PR, Brasil), 5 foram friccionadas suavemente com álcool 70% (Ciclo Farma Indústria Química Ltda, Serrana, SP, Brasil) e 5 foram submetidas ao ciclo em autoclave a 121°C/1atm/30 minutos. As amostras permaneceram estiradas em placas de aço, presas nas hastes por amarrilhos metálicos, imersas em saliva artificial (Saliform®, Fórmula & Ação, São Paulo, Brasil), mantidas em estufa a 37°C. Para cada tempo, os elásticos foram removidos do template, aferidos por paquímetro digital e descartados. Os dados obtidos foram tabulados e submetidos à análise estatística descritiva, análise de variância (ANOVA) a 3 critérios e teste de Tukey, com intervalo de confiabilidade de 5%. A ANOVA a 3 critérios indicou que houve diferença estatisticamente significativa entre as marcas comerciais avaliadas, entre os meios de descontaminação e entre os tempos de mensuração; assim como entre as possíveis interações entre os grupos. O teste de Tukey demonstrou a formação de grupos homogêneos entre as marcas. Entretanto, ao analisar a porcentagem de deformação plástica para cada marca, pôde-se estabelecer a seguinte sequência (em ordem crescente): TP Orthodontics®, GAC®, Rocky Mountain®, American Orthodontics®, Orthometric®, Tecnident®, Eurodonto®, Dentaurum®, Abzil®, Ormco®, OrthoOrganizers®, Aditek®, e Uniden® e Morelli®. Para os meios de descontaminação, verificou-se que o autoclave teve comportamento semelhante ao grupo controle, alterando menos as propriedades dos elásticos. Já para a variável tempo, verificou-se que o elástico deforma-se mais quanto maior é o tempo que permanece estirado. Conclui-se que existe deformação plástica em forma de alongamento presente em todas as marcas analisadas, variando de acordo com a marca, aumentada em função do tempo e influenciada pelo meio de descontaminação ao qual o elástico foi submetido. Palavras-chave: Desinfecção; Esterilização; Ortodontia Corretiva. MATTOS, FS. Evaluation of elastomeric chains deformation submitted to different decontamination means. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2013. ABSTRACT The knowledge of elastomeric chain behavior is of interest for the orthodontist, because these materials are widely used in orthodontic practice. Thus, the aim of this work is to evaluate elastic deformation of 14 different brands (7 Brazilian and 7 imported), when submitted to currently decontaminating means used (peracetic acid, 70% alcohol and autoclave) in intervals of 07, 14, 21 and 28 days. Three loops of each elastic were cut with a half extra on each side and measured with a digital caliper to the stretch individualization of 50% of the original size. From the 20 samples from each brand, 5 were placed directly in the template (control group), 5 were immersed in 0.2% peracetic acid (Sekusept aktiv®, Profilática Produtos Odonto Médicos Hospitalares Ltda, Curitiba, PR, Brasil), 5 were rubbed gently with 70% ethanol (Ciclo Farma Indústria Química Ltda, Serrana, SP, Brasil) and 5 were submitted to autoclaving cycle (121°C/1atm/30 minutes). The samples remained stretched in steel templates with metal rods through metallic ligadures. The set template and elastics were immersed in artificial saliva (Saliform®, Fórmula & Ação, São Paulo, Brasil) and maintained at 37°C. The samples from each period were removed from template, measured by digital caliper and discarded. Data were tabulated and submitted to descriptive statistical analysis, 3way analysis of variance (ANOVA) and Tukey test, with confidence interval of 5%. Three way ANOVA showed that there is statistically significance differences between trademarks evaluated, decontamination means and between time intervals measured; as well as among the possible interactions among groups. Tukey test showed different homogeneous groups between trademarks. However, when plastic deformation percentage was analysed for each brand, it could be established the following sequence (in ascending order): TP Orthodontics®, GAC®, Rocky Mountain®, American Orthodontics®, Orthometric®, Tecnident®, Eurodonto®, Dentaurum®, Abzil®, Ormco®, OrthoOrganizers®, Aditek®, e Uniden® e Morelli®. For decontamination means, it was verified that autoclave behaved similarly to control group, with fewer changes in elastic properties. For time variable, it was verified that the elastic deforms the more time it remains stretched. It was concluded that there is plastic deformation in elongation form in all brands tested, varying with the brand used, increased in function of time and influenced by means of elastic decontamination was undergone. Keywords: Disinfection; Sterilization; Orthodontics Corrective. LISTA DE FIGURAS Figura 1.....................................................................................................................................27 Figura 2.....................................................................................................................................28 Figura 3.....................................................................................................................................29 LISTA DE TABELAS Tabela 1.....................................................................................................................................45 Tabela 2.....................................................................................................................................30 Tabela 3.....................................................................................................................................31 Tabela 4.....................................................................................................................................32 Tabela 5 ....................................................................................................................................32 Tabela 6.....................................................................................................................................33 ABREVIATURAS E SÍMBOLOS et al.: e colaboradores p.: página %: porcentagem ®: marca registrada g: gramas cm: centímetro mm: milímetro g/cm2: gramas por centímetro quadrado °C: graus Celsius Ltda: limitada EUA: Estados Unidos da América ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária SUMÁRIO RESUMO...........................................................................................................................07 ABSTRACT.......................................................................................................................09 1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………….......15 2. REVISÃO DE LITERATURA…………………………………………….....….....17 3. PROPOSIÇÃO………………………………………………………………..…......22 4. MATERIAL E MÉTODOS.…………………………………………………...........23 4.1.Delineamento Experimental……………………………………………...…....23 4.2. Análise Estatística………………………………………………………..…...25 5. RESULTADOS……………………………………………………………….……...30 6. DISCUSSÃO………………………………………………………………….……...34 7. CONCLUSÕES………………………………..………………………….......…......41 REFERÊNCIAS................................................................................................................42 APÊNDICE........................................................................................................................45 1 INTRODUÇÃO As correntes elastoméricas foram introduzidas na Ortodontia na década de 1960, principalmente após a afirmação das extrações (De Genova et al., 1985). Este material passou a ser considerado uma importante fonte de força na movimentação ortodôntica, juntamente com as molas e as alças (Araújo e Ursi, 2006). Atualmente, integra a rotina clínica dos ortodontistas sendo utilizadas para inúmeros procedimentos com correções de rotações dentárias, consolidação de espaços, fechamento de espaços através de retrações ou tracionamento de dentes e correção de desvio de linha mediana (Wong, 1976; Baty, Storie e Von Fraunhofen 1994; Araújo e Ursi, 2006; De Genova et al., 1985). Possuem baixo custo, são de fácil manipulação e requerem pouca ou nenhuma cooperação do paciente (Baty, Storie e Von Fraunhofen 1994; Alexandre et al., 2008; De Genova et al., 1985). Entretanto, os elásticos sintéticos não podem ser considerados materiais ideais, pois são sensíveis à exposição prolongada à água, às enzimas e também às variações de temperatura (De Genova et al., 1985; Ferriter, Meyers e Lorton 1990; Stevenson e Kusy 1994; Wong 1976; Eliades, Eliades e Watts, 1999). Além disso, possuem uma rápida degradação da quantidade de força devido a um relaxamento de tensão, resultando em perda gradual de eficácia (Wong, 1976; Araújo e Ursi, 2006), que pode ser alterada de acordo com a pigmentação utilizada na manufatura das ligaduras elásticas coloridas (Martins et al., 2006, Baty, Volz e Von Fraunhofer, 1994). O conhecimento das alterações nas propriedades mecânicas dos elásticos em cadeia quando estirados é de grande interesse uma vez que estes materiais permanecerão por um intervalo de tempo relativamente longo na cavidade bucal, devendo exercer, por todo período, uma força clinicamente adequada (Kochenborger et al., 2011). A escolha correta dos elásticos ortodônticos e o monitoramento cuidadoso da quantidade de força liberada nos diferentes intervalos de tempo (Kurol et al., 1996), são imprescindíveis para a realização segura e satisfatória do tratamento ortodôntico (Araújo e Ursi, 2006). A literatura é vasta com respeito às propriedades, comportamentos e modos de ação dos elásticos (Andreasen e Bishara, 1970; Wong, 1976; De Genova et al., 1985; Ferriter, Meyers e Lorton 1990; Hixon et al., 1969, Wang et al., 2007). Alguns autores sugerem que o estiramento in vitro induz a uma deformação permanente na forma de alongamento (Eliades et al., 2004), mas poucos trabalhos verificam a deformação desta maneira. Outra observação importante é que os elásticos são geralmente cortados e inseridos diretamente na cavidade bucal sem terem sido submetidos a nenhum tipo de desinfecção ou esterilização prévia, sendo um meio de contaminação cruzada entre pacientes no consultório (Pithon et al., 2010; Badaró et al., 2009). Achados importantes referentes as alterações de comportamento dos elásticos após serem submetidos a meios de descontaminação (Martins, Lima e Areas, 2008; Matlack, 1979) têm sido relatado, mas nenhum estudo realizou a avaliação com o ácido peracético, que tem sido citado como um meio promissor de desinfecção (Salvia et al., 2011), ou mesmo com álcool 70%, um dos desinfetantes mais populares nos consultórios odontológicos (Venturelli et al., 2009). Diante deste contexto, o objetivo deste trabalho é verificar a deformação de cadeias elastoméricas, em determinados intervalos de tempo, submetidas a diferentes meios de descontaminação prévia. 2 REVISÃO DA LITERATURA O controle da força é imprescindível para a obtenção de resultados favoráveis na clínica ortodôntica. Diversos trabalhos descrevem a quantidade ideal de força para movimentar um dente com o máximo de resposta quantitativa e qualitativa (Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Martins et al., 2006). Sabe-se que a “força ortodôntica ótima” deve ser moderadamente maior do que aquela que o sangue exerce nas paredes dos vasos da microcirculação (20 a 26 g/cm2 de superfície radicular) (Schwarz, 1932), tornando possível a movimentação dentária de forma que o ligamento periodontal e osso alveolar consigam restabelecer a normalidade, com o mínimo de dor, desconforto ao paciente (Schwarz, 1932; Burstone e Koenig, 1974, Hixon et al., 1969, Boester e Johnson, 1974) e dano tecidual (Burstone e Koenig, 1974). A força fisiológica necessária para movimentar um dente é controversa, mas há um consenso que forças leves e contínuas são consideradas ótimas (Baty, Volz e Von Fraunhofer, 1994). De forma geral, é baseada na área de superfície da raiz dentária (Hixon et al., 1969), sendo entre 100 e 300g (Boester e Johnson, 1974). No entanto, outro fator a ser levado em consideração é o intervalo de aplicação da força, pois quando aumentado, permite uma resposta metabólica completa frente à inflamação induzida pela movimentação dentária. Aumentar o intervalo de aplicação da força seria mais importante do que alterar a magnitude, desde que dentro dos limites considerados adequados (Capelozza e Silva Filho, 1998). Dessa forma, é imprescindível que se conheça as propriedades dos materiais utilizados para a aplicação de força nos dentes (Kochenborger et al., 2011). Os elásticos em corrente são considerados uma importante fonte de força ortodôntica (Araujo e Ursi, 2006) e integram a rotina clínica da grande parte dos ortodontistas (Wong, 1976; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Araújo e Ursi, 2006) por possuir baixo custo, fácil aplicação e requerem pouca ou nenhuma colaboração do paciente, além de possuírem disponibilidade em diversas cores (Baty, Volz e Von Fraunhofer 1994, Wang et al., 2007; Alexandre et al., 2008; De Genova et al., 1985). Os materiais elásticos são aqueles que após sofrerem uma deformação, retornam à sua configuração original (Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Wong, 1976). Os primeiros relatos do uso da borracha natural foi, provavelmente, pelas civilizações maias e incas, que o utilizavam de forma limitada já que propriedades físicas como a absorção de água e a instabilidade térmica eram fatores limitantes. A vulcanização, preconizada por Charles Goodyear em 1839, melhoraram essas propriedades aumentando consideravelmente a utilização deste material (Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Alexandre et al., 1998). Os elásticos ortodônticos podem ser de borracha ou sintéticos. A borracha ou látex é obtida por extração vegetal seguida por um processo industrial e é amplamente utilizados em aparelhos extra-bucais, máscaras faciais e como auxiliar na correção de deformidades anteroposteriores, desvios de linha mediana e na fase de intercuspidação (Wong, 1976). Já os elásticos sintéticos, elastoméricos ou plásticos, utilizados nas formas de elásticos em cadeia e ligaduras elásticas (Kochenborger et al., 2011), são obtidos por meio de transformações químicas do carvão, petróleo e alguns alcoóis vegetais, sendo a composição interna determinada pelo nível de tecnologia e pela qualidade das matérias-primas empregadas (Taloumis et al., 1997), com pequenas alterações entre fabricantes que não divulgam sua exata composição química (Wong, 1976; Brantley et al., 1979; Taloumis et al., 1997). A produção dos elásticos sintéticos iniciou-se por petroquímicas em 1920, mas sua introdução na clínica ortodôntica ocorreu em 1960 (De Genova et al., 1985; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994). O termo borracha de poliuretano é um termo genérico dado aos polímeros elásticos que contém ligações de uretano. Eles podem ser sintetizados pela extensão de um poliésteruretano ou poliéteruretano (Renick et al., 1999, Wong, 1976; Young e Sandrik, 1979). A diferença está na perda da força em função do tempo (Ferriter, Meyers e Lorton, 1990), nas técnicas de confecção (recorte ou injeção), na incorporação de aditivos, nas diferenças na forma (circular/elipsóide) e nas características dimensionais dos elásticos (presença ou ausência de ligação modular das correntes) (Eliades et al., 2004). Dependendo da finalidade, altera-se o processamento para obtenção do produto final com as características desejadas (Wong, 1976). Dentre as principais finalidades dos elastômeros pode-se citar o fechamento ou a prevenção da abertura de espaços (Wang et al., 2007), correção de rotações, retrações de dentes (Wong, 1976; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Araújo e Ursi, 2006) e constrição do arco (De Genova et al., 1985). Apesar de possuírem força e resistência à abrasão superiores à borracha natural, tendem a perder suas propriedades elásticas, distorcendo-se permanentemente quando mantidos longos períodos na boca (Wong, 1976), sendo afetados pela duração da força e pelo ambiente (Young e Sandrik, 1979; Araújo e Ursi, 2006). Existem dois tipos de mecanismos de degradação das forças de um material. Denomina-se deformação elástica ou distensão elástica quando ao se aplicar a força, o material tem sua forma alterada, mas retorna a original quando o estímulo é removido. A carga aplicada faz com que as moléculas do polímero desenrolem, estiquem e estendam. Quando a força aplicada ultrapassa o limite elástico do material, este passa a apresentar uma deformação plástica. Ocorre então o deslizamento em cadeia, ou seja, a carga aplicada causa o deslizamento das moléculas do polímero entre si, resultando em deformação permanente, não retornando a sua forma original (De Genova et al., 1985). Outro mecanismo que pode ser observado é a cisão da corrente molecular, quando a carga é suficientemente alta para quebrar a cadeia molecular resultando em ruptura do material (Eliades et al., 2004). As propriedades mecânicas são influenciadas pela taxa e duração da carga assim como pelas condições ambientais (Stevenson e Kusy, 1994). Inúmeros estudos (Alexandre et al., 2008; Almeida et al., 1991; Andreasen e Bishara, 1970; Araújo e Ursi, 2006; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Buchmann et al., 2012; De Genova et al., 1985; Eliades, Eliades e Watts, 1999; Eliades et al., 2004; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Kim et al., 2005; Kochenborger et al., 2011; Kovatch, Lautenschlager e Keller, 1976; Lu et al., 1993; Martins et al., 2006; Natrass, Ireland e Sherriff, 1998; Pithon et al., 0000; Renick et al., 1999; Stevenson e Kusy, 1994; Taloumis et al., 1997; Von Fraunhofer, Coffelt e Orbell, 1992; Wang et al., 2007, Wong, 1976; Young e Sandrik, 1976) vêm sendo realizados com o propósito de descrever as propriedades elastoméricas destes materiais devido ao fato de serem amplamente utilizados na clínica ortodôntica. Em termos gerais as propriedades estudadas giram em torno da gama da força inicial, força remanescente após o alongamento e duração da efetividade da força mantida para movimentação dentária (Lu et al., 1993). A literatura tem demonstrado ainda uma diminuição substancial dos níveis de força dos elásticos em corrente após serem estirados em diferentes condições e períodos de tempo in vivo e in vitro (Andreasen e Bishara, 1970; Wong, 1976; De Genova et al., 1985; Young e Sandrik, 1979; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Stevenson e Kusy, 1994; Buchmann et al., 2012; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Von Fraunhofer, Coffelt e Orbell, 1992). A maioria deles relatam uma maior redução na quantidade de carga liberada pelos elásticos nos primeiros 30 minutos (Kochenborger et al., 2011), ou em média 30% a 45% na primeira hora de teste (De Genova et al., 1985; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Stevenson e Kusy, 1994; Araújo e Ursi, 2006; Andreasen e Bishara, 1970), ou ainda, 50% a 70% de perda nas primeiras 24h. Em seguida, uma fase mais estável é iniciada com mudanças de 10% a 20% nas próximas quatro semanas (Wong, 1976; Andreasen e Bishara, 1970; De Genova et al., 1985; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Von Fraunhofer, Coffelt e Orbell, 1992; Lu et al., 1993). Diante deste fato, alguns autores preconizam a aplicação de uma força maior que a desejada para o movimento ortodôntico. (De Genova et al., 1985; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Stevenson e Kusy, 1994; Andreasen e Bishara, 1970), mas Lu et al. (1993) verificaram que quanto maior for a força inicial, maior é a perda de força. Outros recomendam ainda que se realize um pré-estiramento de 1/3 do seu comprimento (Wong, 1976), o dobro do seu tamanho original (Kovatch, Lautenschlager e Keller, 1976), três vezes o tamanho original (Wong, 1976) ou quatro vezes o seu comprimento para compensar a grande perda de força durante o primeiro dia (Andreasen e Bishara, 1970) no intuito de diminuir a degradação da força após seu posicionamento, aumentando sua efetividade na movimentação dentária (Stevenson e Kusy, 1994; Kovatch, Lautenschlager e Keller, 1976). Outras propriedades importantes a serem ressaltadas são a absorção de líquidos, quando expostos em meio aquoso, manchamento permanente, alterações com a temperatura (De Genova et al., 1985; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Stevenson e Kusy, 1994; Wong, 1976), incosistência do nível de forças (Wang et al., 2007; Araújo e Ursi, 2006) e decomposição das ligações internas que conduzem a uma deformação permanente, além de perda rápida de força devido ao relaxamento de tensão resultando em perda gradual da sua eficiência (Andreasen e Bishara, 1970; Kochenborger et al., 2011; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Wong, 1976; Araújo e Ursi, 2006) fazendo estes materiais incapazes de promover uma força de movimento contínuo do dente por um período de tempo (Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994), mecanismo este ideal para movimentação dentária. O relaxamento da força tem atraído o interesse de muitos investigadores por causa da significância clínica do comportamento dos materiais (Brantley et al., 1979; Von Fraunhofer, Coffelt e Orbell, 1992; Eliades et al., 2004). Elásticos quando testados em meio úmido sofrem maior degradação de força ao longo do tempo do que comparados em meio seco (Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Stevenson e Kusy, 1994; De Genova et al., 1985; Andreasen e Bishara, 1970; Nattrass, Ireland e Sherriff, 1998). Quando mantidos em água ocorre um enfraquecimento das forças intermoleculares e uma subseqüentemente degradação química. Especificamente a redução da liberação de força dos elásticos de 1 a 7 dias em ambiente aquoso pode ser o resultado de absorção de água e da formação de ligações com correntes de hidrogênio entre as moléculas de água e os polímeros (Huget, Patrick e Nunez, 1990). A elevação da temperatura é considerada outro fator agravante na redução da carga gerada pelos elásticos (Stevenson e Kusy, 1994; Kim et al., 2005; De Genova et al., 1985) e por isso, inúmeros estudos têm sido realizados em meio aquoso a 37°C simulando as condições bucais (De Genova et al., 1985; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990). Variações de Ph (meios ácidos são mais favoráveis do que básicos (Kim et al., 2005), componentes da saliva, pigmentos, dieta alimentar (Alexandre et al., 2008; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Eliades, Eliades e Watts, 1999, Pithon et al., 0000; Nattrass, Ireland e Sherriff, 1998), exposição a substâncias químicas (Von Fraunhofer, Coffelt e Orbell, 1992) e meios de descontaminação (Martins, Lima e Areas, 2008; Matlack 1979; Jeffries e Von Fraunhofer, 1990; Mayberry et al. 1996; Pithon et al., 0000) também alteram as propriedades destes materiais. Dentre os agentes químicos mais utilizados em odontologia estão as o hipoclorito de sódio (1%), o glutaraldeído (2%) e, mais recentemente, o ácido peracético (Salvia et al., 2011; Chassot, Poisl e Samuel, 2006; Loukili et al., 2006; Kunigk e Almenida, 2001). O hipoclorito e o glutaraldeído possuem grande potencial germicida, mas alto risco ocupacional podendo causar intoxicações, despigmentação da pele, dermatites de contato, problemas respiratórios, irritações oculares dentre outros (Chassot, Poisl e Samuel, 2006; Rutala e Weber, 1999). O ácido peracético, composto por peróxido de hidrogênio e acido acético, tem rápida atividade contra bactérias vegetativas, esporos bacterianos, vírus e fungos. Além de ser atóxico, não alergênico, não inativado por matéria orgânica e promover desinfecção/esterilização em menores tempos: 15/30 minutos (contra 30 minutos/10 horas do glutaraldeído) (Martins, Lima & Areas, 2008; Matlack, 1979), não necessitando de pré-enxague para remoção de matéria orgânica (Chassot, Poisl e Samuel, 2006; Loukili et al., 2006; Kunigk e Almenida, 2001). Pesquisas demonstraram que a desinfecção/ esterilização com o glutaraldeído a 2% provocam queda nos valores referentes à liberação inicial de força nos elásticos (Martins, Lima e Areas, 2008; Matlack, 1979). No entanto, não se sabe como estes materiais se comportam diante dos métodos atuais de descontaminação, objetivo proposto neste estudo. 3 PROPOSIÇÃO Este trabalho tem como propósito verificar a deformação de cadeias elastoméricas de marcas comerciais nacionais e importadas, estiradas em 50% do seu comprimento total, nos intervalos de tempo de 7, 14, 21 e 28 dias, submetidas a diferentes meios de descontaminação. 4 MATERIAL E MÉTODOS a. Delineamento Experimental Para a realização deste trabalho foram analisadas cadeias elastoméricas da cor cinza, adquiridas em embalagens lacradas, com prazo de validade adequado, mantidas em local seco e protegido da luz para reduzir a deterioração do material. As análises dos elásticos foram feitas pela diferença de suas dimensões considerando três fatores de estudo: fator marca em 14 níveis: - Marcas nacionais: - Morelli® (Sorocaba, São Paulo, Brasil) - Aditek® (Aditek, Cravinhos, São Paulo, Brasil) - Abzil® (3M do Brasil, São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil) - Tecnident® (São Carlos, São Paulo, Brasil) - Uniden® (Uniden Ortodontia, Sorocaba, São Paulo, Brasil) - Eurodonto® (Curitiba, Paraná, Brasil) - Orthometric® (Marília, São Paulo, Brasil) - Marcas importadas: - American Orthodontics® (American Orthodontics, Sheboygan, Wisconsin, EUA) - Ortho Organizers® (Carlsbad, Califórnia, EUA) - Dentaurum® (Dentaurum Dental Technology, Ispringen, Germany) - Ormco® (Ormco Corporation, Glendora, Califórnia, EUA) - TP Orthodontics® (TP Orthodontics Incorporation, La Porte, EUA) - GAC® (Dentsply, Nova Iorque, EUA) - Rocky Mountain Orthodontics® (Rocky Mountain Orthodontics, Denver, Colorado, EUA) fator meio em 4 níveis: - Saliva Artificial - Ácido peracético - Autoclave - Álcool 70% fator tempo em 4 níveis: - 7 dias - 14 dias - 21 dias - 28 dias Oitenta amostras de cada marca comercial foram selecionadas, escolhidas aleatoriamente. Três elos de cada elástico foram cortados com meio elo extra de cada lado para prevenir distorção no momento do corte e evitar a incorporação de stress no material. Os elásticos foram mensurados com um paquímetro digital e as medidas individualizadas para a determinação do comprimento adequado para o estiramento de 50% (Stevenson e Kusy, 1994; Buchmann et al., 2012; Eliades, Eliades e Watts, 1999) do seu tamanho original, devido às variações das formas das diferentes marcas das cadeias (Figura 1A). Das 80 amostras de cada fabricante, 5 foram diretamente colocadas no template (sem nenhum tratamento prévio) para grupo controle, 5 foram imersas em solução de ácido peracético 0,2% (Sekusept aktiv®, Profilática Produtos Odonto Médicos Hospitalares Ltda, Curitiba, Paraná, Brasil) por 30 minutos (Figura 2A), preparada segundo as orientações do fabricante (20g/litro de água), lavadas com água estéril e secas cuidadosamente com papel absorvente; 5 foram friccionadas suavemente com álcool 70% (Ciclo Farma Indústria Química Ltda, Serrana, São Paulo, Brasil) e gaze, intercaladas pelo tempo de secagem natural totalizando 10 minutos e 3 aplicações; e 5 foram embaladas em papel Kraft(Produmed, Arujá, São Paulo, Brasil) (Figura 2B) e submetidas ao ciclo em autoclave convencional (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil) a 121°C/1atm por 30 minutos (Ferreira et al., 2006). Após os processos de descontaminação, todas as amostras foram colocadas no template, onde permaneceram estiradas. Os templates eram placas de aço com 0,9 mm de espessura, 21,0 cm de comprimento e 4,0 cm de largura, nas quais foram colocados pinos alinhados distando 21 mm. Os elásticos foram presos nas hastes do template por amarrilhos metálicos (Figura 1B e 1C). Dessa forma, foi possível mensurar o estiramento aplicado para cada marca comercial. Após esses procedimentos, o conjunto de elásticos e template foi mantido imerso em saliva artificial Saliform (Fórmula & Ação®, São Paulo, Brasil) em estufa a 37°C (±1°C), controlada por um termostato digital e um termômetro. A temperatura e o nível de saliva foram conferidos diariamente (Figura 3A). As amostras foram retiradas da saliva a cada medição e colocadas sobre papel absorvente com o auxílio de uma pinça clínica. As deformações para cada período foram aferidas pelo mesmo paquímetro digital, mesmo operador e o elástico mensurado foi descartado (Figura 3B). Cada fabricante apresentou 20 registros de deformações residuais para cada intervalo de mensuração. b. Análise Estatística Os dados obtidos foram tabulados e as seguintes análises foram realizadas: - análise descritiva geral dos dados (média, desvio padrão) para a variável dependente estudada (tamanho do elástico), considerando a análise geral e estratificada por meio das suas 3 variáveis independentes (marca, método de descontaminação e tempo); - testes de comparação intergrupos por meio da análise de variância a três critérios (estatística paramétrica), avaliando a influência das 3 variáveis independentes (marca, método de descontaminação e tempo) nos resultados obtidos; - no caso de haver diferenças entre os grupos no teste acima, bem como para verificar as possíveis interações, foi aplicado um teste post hoc (Teste de Tukey) para comparação múltipla dos grupos, com o intuito de se identificar entre quais grupos podem ser verificadas diferenças estatisticamente significativas. O intervalo de confiabilidade de utilizado foi de 5% e 2 softwares foram utilizados para facilitar a compreensão dos dados: SIGMAPLOT 12.0 (Systat Software Inc., San Jose, Califórnia, USA) e STATISTICA 11.0 (StatSoft, São Caetano do Sul, São Paulo, Brasil) para windows. Figura 1: A) Cortes dos elásticos com meio elo extra de cada lado. Observar a diferença intermodular e as marcas; B) “Template” e paquímetro utilizados para os testes; C) Inserção do elástico no “Template” auxílio de amarrilho metálico. A B C Figura 2: A) Elásticos sendo submetidos a descontaminação com ácido peracético; B) elásticos embal para realização do ciclo em autoclave. A B Figura 3: A) O conjunto elástico e template foi imerso em saliva artificial e mantido em estufa a 37°C Elásticos sendo removidos do template, colocados em papel absorvente para mensuração e distâ considerada para mensuração. A B Fonte: Ferriter, Meyers e Lewis, 1990. 5 RESULTADOS O poder do teste foi calculado para todas as variáveis (marca, meio e tempo) e interações (marca-meio, marca-tempo, meio-tempo), sendo o valor de 1,00 encontrado. Assim, sendo o erro alfa 100%, não houve necessidade de cálculo do erro beta (0%). A estatística descritiva encontra-se no apêndice 1 (Tabela 1). A análise de variância a 3 critérios indicou que houve diferença entre os 3 fatores de estudo avaliados. Na tabela 2 verificou-se que existe diferença estatisticamente significativa entre as marcas comerciais avaliadas, entre os meios de descontaminação prévia e entre os tempos de mensuração; assim como entre as possíveis interações entre os grupos. Tabela 2: ANOVA 3 critérios Variáveis P Marca <0,001* Meio <0,001* Tempo <0,001* Marca x Meio <0,001* Marca x Tempo <0,001* Meio x Tempo <0,001* Marca x Meio x Tempo <0,001* *P<0,05=significativo Para a realização dos testes paramétricos, é importante que os dados cumpram 2 requisitos básicos: devem possuir distribuição normal e devem possuir variâncias homogêneas entre os grupos. Os dados deste estudo não passaram no Teste de normalidade (p<0,05). Contudo, para a análise realizada (ANOVA a 3 critérios) este fato é irrelevante, uma vez que para análises de variância com mais de 1 fator de estudo, não existe um teste não paramétrico com as mesmas propriedades estatísticas do ANOVA a 3 critérios. Logo, embora os dados não possuam uma distribuição normal, este fato não possui nenhuma influência na escolha do teste estatístico a ser utilizado. Já o teste de homogeneidade das variâncias demonstrou que houve homogeneidade das variâncias (p=0,113). Devido às significâncias observadas, foi aplicado o teste de Tukey para cada variável. Considerando-se a variável “marca” observa-se na tabela 3 que as marcas que melhor se comportaram foram a TP Orthodontics e a GAC, seguida pela Rocky Mountain, American Orthodontics, Orthometric-Aditek, Aditek-Eurodonto, Dentaurum-Tecnident-Ormco- OrthoOrganizers, Abzil-Ormco-OrthoOrganizers, Morelli e Uniden . Tabela 3: Teste de Tukey para “Marca” (em milímetro) Diferença Desvio Média Padrão TP Orthod 1,726000 0,340750 ... GAC 1,782000 0,339465 ... Rocky 1,948375 0,506893 American 2,203625 0,481754 Orthometric 2,574500 0,307315 ... Aditek 2,625000 0,286295 ... Eurodonto 2,699000 0,300458 Dentaurum 2,927000 0,481013 ... Tecnident 2,965625 0,305025 ... Abzil 2,992375 0,270402 ... ... Ormco 3,009500 0,410313 ... ... OrthoOrg 3,065750 0,488891 Morelli 3,292125 0,312773 Uniden 3,593250 0,354246 2,671723 0,665162 Marca Todos os grupos A B C D E F G H I ... ... ... ... ... ... ... *Letras diferentes indicam diferenças estatísticas com significância Todas as amostras das diferentes marcas comerciais avaliadas sofreram deformação plástica variando de 17,10% a 40,99%, sendo que os comportamentos podem ser avaliados na tabela 4 em ordem crescente. Tabela 4: Porcentagem de deformação plástica para cada marca comercial, em ordem crescente de comportamento. Porcentagem de deformação Ordem Marca plástica 1 TP Orthodontics 17,106% 2 GAC 20,136% 3 Rock Mountain 21,625% 4 American Orthodontics 23,147% 5 Orthometric 32,384% 6 Tecnident 32,842% 7 Eurodonto 34,826% 8 Dentaurum 34,845% 9 Abzil 36,582% 10 Ormco 37,063% 11 OrthoOrganizers 38,660% 12 Aditek 39,713% 13 Uniden 39,925% 14 Morelli 40,998% Quando consideramos a variável “Meios” verificou-se que o autoclave teve comportamento semelhante a saliva artificial, possuindo menor efeito nas propriedades dos elásticos (Tabela 5). Tabela 5: Teste de Tukey para “Meios” (em milímetro) Diferença Desvio Média Padrão Autoclave 2,634786 0,385379 ... Saliva artificial 2,639786 0,742232 ... Meios A B C Álcool 70% 2,684500 0,721368 Ácido peracético 2,727821 0,740950 Todos os grupos 2,671723 0,665162 ... ... *Letras diferentes indicam diferenças estatísticas com significância Já para a variável tempo, verificou-se que o elástico deforma-se mais quanto maior é o tempo (Tabela 6). Tabela 6: Teste de Tukey para “Tempo”(em milímetro) Diferença Desvio Média Padrão 07 dias 2,539714 0,650995 14 dias 2,615929 0,644356 21 dias 2,739286 0,662765 28 dias 2,791964 0,675699 2,671723 0,665162 Tempo Todos os grupos A B C D ... ... *Letras diferentes indicam diferenças estatísticas com significância ... ... 6 DISCUSSÃO A principal intenção das pesquisas sobre elásticos do tipo corrente é proporcionar bases para que o ortodontista utilize forças leves e contínuas com maior eficiência clínica por um período de 4 a 8 semanas (Buchmann et al., 2012). Inúmeras investigações sobre o comportamento mecânico destes materiais revelam parâmetros como o declínio de forças por unidade de tempo (De Genova et al., 1985; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Lu et al., 1993; Kim et al., 2005; Wong, 1976), o declínio de forças com diferentes níveis de ativação (Andreasen e Bishara, 1970; Lu et al., 1993), a deformação plástica em forma de alongamento (Eliades et al., 2004), a simulação do fechamento de espaço (De Genova et al., 1985), o préestiramento das correntes elastoméricas (Andreasen e Bishara, 1970; Wong, 1976; Young e Sandrik, 1979; Brantley et al., 1979; Kim et al., 2005), a influência de fatores ambientais, de armazenamento (Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Brantley et al., 1979; Young & Sandrik, 1979) e o design da corrente (Andreasen e Bishara, 1970; Eliades et al., 2004; Eliades, Eliades e Watts, 1999). Os estudos para caracterização dos materiais “in vitro” possuem algumas vantagens quando comparados àqueles “in vivo” devido a uma difícil padronização do ambiente da cavidade oral, nos quais estão sujeitos a variações na microbiota, nos níveis de enzimas, e exposições alimentares. Assim, é mais apropriado comparar diferentes produtos em meios constantes mantendo-se em mente que o comportamento dos materiais testados, pode ter ligeiras diferenças na cavidade oral. (Buchmann et al., 2012). Grandes diferenças nos estudos em relação à ambientes secos ou úmidos têm sido descritas demonstrando maior degradação em meio úmido (Baty, Volz e Von Fraunhofer, 1994; Ash e Nicolai, 1978; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Stevenson e Kusy, 1994; Andreasen e Bishara, 1970), mas pequenas diferenças foram notadas entre ambientes úmidos e “in vivo” (Ash e Nicolai, 1978). Outros autores (Von Fraunhofer, Coffelt e Orbell, 1992; Araújo e Ursi, 2006) verificaram ainda que o único meio que afeta significativamente todos os elastômeros com alto ou baixo módulo de elasticidade é a saliva artificial e, por isso, este foi o meio de eleição neste estudo, tendo em vista ainda, que esta consegue simular adequadamente o ambiente bucal. Diversos estudos foram realizados com saliva artificial (Kochenborger et al., 2011; Pithon et al., 0000; Martins, Lima e Areas, 2008; Taloumis et al., 1997; Araújo e Ursi, 2006). Outro fator importante para a simulação das condições bucais é a padronização da temperatura, que possui influência significativa sobre a degradação de forças sofridas pelos elásticos sintéticos (Stevenson e Kusy, 1994; Araújo e Ursi, 2006). Geralmente há uma padronização a 37°C por se tratar da temperatura corpórea (Andreasen e Bishara, 1970; De Genova et al., 1985; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Von Fraunhofer, Coffelt, Orbell, 1992; Kochenborger et al., 2011; Martins, Lima e Areas, 2008; Araújo e Ursi, 2006; Taloumis et al., 1997; Lu et al., 1993), também utilizada neste estudo. O pré-estiramento dos elásticos é controverso: alguns autores (Andreasen e Bishara, 1970; Wong, 1976) descrevem que quanto maior a força inicial, maior é a queda da força enquanto outros (Hershey e Reynolds, 1975) relatam não haver essa relação. Contudo, a maioria dos estudos verificaram uma redução no declínio de forças quando este procedimento é realizado (Young e Sandrik, 1979; Brantley et al., 1979; Lu et al., 1993;). Kim et al. (2005) verificou ainda que os benefícios do pré-estiramento são questionáveis já que demonstrou que a queda de força inicial foi diminuída. Entretanto, da primeira hora a 4 semanas de mensuração, as forças foram similares no grupo controle e no grupo pré-estirado. Mais uma vez, a dificuldade de padronização do pré-estiramento pode afetar o resultado final do estudo (Buchmann et al., 2012), sendo este o motivo para a não realização desta conduta neste trabalho. A padronização da cor (cinza para este estudo) das correntes elastoméricas também é importante. Estudos anteriores concluíram que as propriedades relacionadas à distribuição de forças elastoméricas são significantemente afetadas pela pigmentação incorporada ao material (Martins et al., 2006; Baty, Volz e Von Fraunhofer, 1994). Devido à grande variabilidade de design e dimensões dos elásticos das marcas comerciais, foi necessária uma padronização individual para cada marca. A distância de 21mm intrapinos utilizada nos templates correspondiam a aproximadamente, à distância entre a face mesial de um bráquete colado na vestibular de um canino superior até a face distal de um bráquete colado na vestibular de um segundo pré-molar do mesmo lado do arco quando da extração terapêutica (Araújo e Ursi, 2006). No entanto, após a mensuração do comprimento da cadeia elastomérica em repouso (Figura 3B) estipulou-se um alongamento de 50%. Este valor foi escolhido pela facilidade de mensuração e baseado no estudo de Eliades et al. (2004), que verificou que nas primeiras 24h após este estiramento no ar, a maioria dos elastômeros apresentam deformação permanente que se extende por 10% do tamanho original. Outros estudos também consideraram esta porcentagem de alongamento (Almeida et al., 1991; Pithon et al., 0000; Stevenson e Kusy, 1994; Eliades, Eliades e Watts, 1999). Baty, Volz e Fraunhofer (1994) verificaram que para gerar um nível de força de 300g, nas correntes elastoméricas, era requerida a extensão de 52% a 57%. Considerando-se que a força ótima média para retração é de 100 a 250g (Smith e Storey, 1952; Renick et al., 1999), a força média produzida seria ligeiramente maior do que a força ótima. Além disso, se considerarmos que após os primeiros 30 minutos existe uma perda de 23 a 37,3% (De Genova et al., 1985) da força inicial, a força remanescente ainda seria na média ótima para a movimentação dentária. As principais marcas comerciais presentes no mercado foram testadas, como pode ser visualizado na tabela 3, em um período de até 4 semanas. Este intervalo de tempo foi selecionado, pois coincide com o intervalo frequentemente observado entre as consultas ortodônticas (Pithon et al. 0000; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Von Fraunhofer, Coffelt e Orbell, 1992, Araújo e Ursi, 2006; Kim et al., 2005; Taloumis et al., 1997). Quando o estiramento de 50% foi aplicado observou-se, através da análise de variância a 3 critérios, uma diferença estatisticamente significativa entre os 3 fatores de estudo (marcas comerciais, meios de descontaminação prévia e tempos de mensuração), assim como entre as possíveis interações entre os grupos. A maioria dos estudos (Kochenborger et al., 2011; Alexandre et al., 2008; Andreasen e Bishara, 1970; Araújo & Ursi, 2006; Baty, Volz e Von Fraunhofer, 1994; Buchmann et al., 2012; De Genova et al., 1985; Eliades et al., 2004; Eliades, Eliades, Watts, 1999; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Kim et al., 2005; Lu et al., 1993; Martins et al., 2006; Stevenson e Kusy, 1994; Taloumis et al., 1997; Wang et al., 2007) com diferentes marcas comerciais verificaram diferentes comportamentos entre as marcas. Este fato pode ser justificado devido ao fato de, apesar de serem obtidos por meio de transformações químicas do carvão, petróleo e alguns alcoóis vegetais, possuírem uma composição interna determinada pelo nível de tecnologia da empresa e pela qualidade das matérias-primas empregadas (Taloumis et al., 1997), determinando algumas variações entre os fabricantes, que não divulgam a exata composição química da marca específica (Wong, 1976; Brantley et al., 1979; Taloumis et al., 1997). Além disso, alguns autores sugerem ainda não haver um rígido controle de qualidade na fabricação dos elásticos resultando em diferentes resultados entre as marcas (Stevenson e Kusy, 1994) e até mesmo no mesmo lote (Andreasen e Bishara, 1970). Todas as marcas sofreram algum grau de deformação plástica. Assim como observado por outros autores, o comportamento dos elásticos demonstraram uma grande variação entre os diferentes produtos (Wong, 1976; Andreasen e Bishara, 1970; Ash e Nikolai, 1978; Martins et al., 2006). Para a determinação das marcas que tiveram melhor e pior comportamento, foi aplicado o teste de Tukey (tabela 3) e as porcentagens de deformação plástica (tabela 4). Verificou-se a formação de grupos homogêneos de comportamento segundo o teste de Tukey. Entretanto, quando se comparam as porcentagens de deformação plástica pôde-se estabelecer a seguinte sequência (em ordem crescente): TP Orthodontics®, GAC®, Rocky Mountain®, American Orthodontics®, Orthometric®, Tecnident®, Eurodonto®, Dentaurum®, Abzil®, Ormco®, OrthoOrganizers®, Aditek®, e Uniden® e Morelli®. Kochenborger et al., (2011) também encontraram resultados favoráveis de maior estabilidade para a marca TP Orthodontics®, com menor perda de potencial elástico nos tempos estudados; e resultados menos favoráveis para as marcas Ormco® e Morelli®, que se assemelha a este estudo. Diversos autores (Araújo e Ursi, 2006; Ash e Nikolai, 1978; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Kochenborger et al., 2011) verificaram que quando as cadeias elastoméricas são distendidas e mantidas em torno dos bráquetes, não liberam níveis de forças constantes por longo tempo e sofrem alterações em suas propriedades físicas. Em concordância com este estudo, Eliades et al., (2004) verificaram que o estiramento in vitro induz a uma deformação permanente na forma de alongamento. Além disso, afirmou que a geometria da corrente ou o design não afetam o alongamento permanente das correntes, provavelmente por causa da variação substancial na forma da corrente, tamanho e comprimento da entre os produtos de mesma categoria. Os testes de resistência à tração fornecem uma avaliação da resistência à fratura da cadeia elastomérica, verificando a propriedade de ruptura do elástico, assim como a influência do meio bucal nesta propriedade (Eliades et al., 1999). Baseados nas afirmações de Eliades et al., (2004) que o alongamento dos módulos elásticos leva a uma reduzida na força de tração e, consequentemente, na eficácia do sistema; e para a obtenção de maior precisão e reprodutibilidade na metodologia deste estudo, optou-se pela mensuração da deformação plástica em milímetros. Os elásticos em corrente são geralmente cortados e inseridos diretamente na cavidade bucal sem ter sido submetido a nenhum tipo de desinfecção ou esterilização prévia. No entanto, estes materiais podem sofrer contaminação durante o processamento, empacotamento e manipulação pela assistente ou pelo ortodontista (Pithon et al., 2010). A grande maioria dos profissionais não faz uso de nenhum procedimento prévio para a desinfecção de amarrilhos metálicos e elásticos durante os procedimentos ortodônticos, o que pode ser um meio de disseminação de infecção cruzada entre os pacientes (Badaró et al., 2009). Além disso, a falta de conhecimento de como os métodos de desinfecção/esterilização podem afetar as propriedades dos elásticos, gera certa insegurança entre os ortodontistas. Sabe-se que fatores químicos como água, saliva (enzimas) e compostos de peróxidos, geram radicais livres, e podem acelerar a quebra das ligações cruzadas das moléculas dos elásticos (Wong, 1976) gerando perda de eficiência. Outros como o tempo de extensão, alterações na temperatura e exposição a substâncias químicas como a clorexidina (Pitton et al.,0000), glutaraldeído a 2% (Martins, Lima e Areas, 2008), glutaraldeído a 5% (Mayberry et al., 1996) e soluções ácidas (Ferriter, Meyers e Lorton, 1990) demonstram efeitos deletérios, com alteração das propriedades físicas dos elásticos ortodônticos em cadeia (Martins, Lima e Areas, 2008), podendo influenciar significativamente a quantidade de força dissipada por esses materiais (Jeffries e Von Fraunhofer, 1990). Segundo Andreasen e Bishara (1970) este fato pode ser explicado pela absorção de líquidos a qual diminui a liberação de força pelos elásticos. No entanto, apesar desta diferença, os níveis de força gerados ao final dos procedimentos de desinfecção e esterilização, não apresentaram valores numericamente expressivos (Martins, Lima e Areas, 2008; Jeffries e Von Fraunhofer, 1990). Jeffries e Von Fraunhofer (1990) verificaram que soluções de glutaraldeído não possuem efeitos deletérios sobre as correntes elásticas, sendo um meio efetivo e conveniente para elásticos em corrente. Pithon et al., (0000) verificaram que a clorexidina utilizada para bochechos não altera significativamente a degradação de forças dos elásticos em corrente. Assim é importante o conhecimento da ação dos métodos de descontaminação prévia utilizadas no tratamento dos elásticos. Neste estudo foram testados os meios de descontaminação de elásticos recomendados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, presentes no cotidiano no consultório ortodôntico, com atividade eficiente contra bactérias vegetativas, esporos bacterianos, vírus e fungos, porém atóxicos e não alergênicos (Martins, Lima & Areas, 2008; Matlack, 1979), e com poucos relatos na literatura (autoclave, álcool 70%, ácido peracético). A elevação da temperatura é um fator agravante na carga gerada por esses materiais (Stevenson e Kusy, 1994; De Genova et al., 1985; Jeffries e Von Fraunhofer, 1990; Von Fraunhofer et al., 1992; Taloumis et al., 1997). Contudo, verificou-se que a esterilização prévia com o autoclave, apesar de ocorrer esse aumento da temperatura, não influenciou o comportamento dos elásticos sendo semelhante à saliva artificial (controle), sem diferença estatística, diferindo dos outros agentes químicos testados (álcool 70% e ácido peracético) como pode ser visto na tabela 5. Este resultado corrobora com os achados de Mayberry et al. (1996) que verificaram que a esterilização com autoclave teve pequeno efeito na degradação de força das correntes elastoméricas, concluindo que o calor úmido do autoclave a 121°C não deforma permanentemente os elásticos como o calor seco o faz. Verificou ainda que os módulos elastoméricos tendem a encolher, tornando sua manipulação ligeiramente mais difícil, porém sem significância clínica (Mayberry et al., 1996). Não existem estudos anteriores que verificaram da ação do álcool 70% e do ácido peracético nas propriedades elásticas das correntes elastoméricas. O uso do álcool 70% é um método de desinfecção bastante popular por ser um procedimento simples, rápido e de baixo custo (Venturelli et al., 2009), selecionado pela maioria dos ortodontistas e, por isso, selecionado neste estudo. No entanto, é considerado um desinfetante de nível intermediário e está contra-indicado para instrumentos ortodônticos que entram em contato direto ou indireto com saliva e/ou sangue devendo-se esterilizar estes materiais preferencialmente em autoclave (Venturelli et al., 2009). Já o ácido peracético é atóxico, não alergênico, não inativado por matéria orgânica e promove desinfecção/esterilização em tempo menores (15/30 minutos contra 30 minutos/10 horas do glutaraldeído) (Martins, Lima & Areas, 2008; Matlack, 1979). Estas propriedades favoráveis, além da efetividade contra os microorganismos, fizeram com que este meio de descontaminação passasse a integrar o cotidiano do consultório (Ferreira et al., 2006) e por isso foi selecionado para avaliação neste estudo. Entretanto, pôde-se observar (tabela 5) que o ácido peracético teve ação negativa nas propriedades dos elásticos, aumentando sua deformação plástica (2,72±0,74) de forma estatisticamente significante, e ainda, em maior grau do que quando se utilizou o álcool 70% (2,68±0,72). Este fato não foi observado quando os elásticos foram autoclavados (2,63±0,38), reforçando a utilização do ciclo em autoclave como método de descontaminação prévia dos elásticos. Existem relatos, entretanto que verificaram a citotoxidade dos elásticos após submetidos a métodos de esterilização (álcool 70%, autoclave, glutaraldeído e microondas) sugerindo que esses processos podem alterar a viabilidade celular tornando os elásticos citotóxicos. Dentre estes métodos, aqueles que elevam a temperatura para a esterilização, a resposta era ainda mais desvantajosa, com alterações de algumas propriedades químicas causando a liberação de substâncias tóxicas. A esterilização com raios gama, óxido etileno e radiação ultravioleta não produziu alterações citotóxicas nos elásticos. No entanto, os 2 primeiros são de natureza industrial, inviáveis ao consultório ortodôntico, sendo a radiação ultravioleta o único que possibilita a adequação no consultório. As propriedades mecânicas não foram avaliadas (Pithon et al., 2010). Mais estudos se fazem necessários para conclusões definitivas. Em concordância com a maioria dos autores (Araújo e Ursi, 2006; Ash e Nikolai, 1978; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Andreasen e Bishara, 1970; Kochenborger et al., 2011; Taloumis et al.; Eliades et al., 2004) este estudo verificou uma proporcionalidade entre a deformação elástica e o tempo. Quanto mais tempo o elástico ficou estirado, maior foi a sua deformação (tabela 6). Alguns autores acrescentam ainda que a maior redução na quantidade de carga liberada ocorreu principalmente na primeira hora de teste (Araújo e Ursi, 2006; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Andreasen e Bishara, 1970; De Genova et al., 1985; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Martins, Lima e Areas, 2008; Taloumis et al., 1997, Kochenborger et al., 2011; Lu et al., 1993). Os estudos das correntes elastoméricas permitiram uma evolução desses materiais com a melhoria de suas propriedades, tornando mais eficiente sua aplicabilidade clínica. No entanto, é importante que o ortodontista compreenda o comportamento destes materiais para alcançar resultados clínicos adequados. A verificação do comportamento das diferentes marcas comerciais permite a seleção apropriada do material a ser utilizado na prática clínica. Além disso, este estudo demonstrou que é possível realizar a esterilização dos elásticos com autoclave, sendo este o método que menos interferiu no comportamento dos elásticos. Dessa forma, o ortodontista poderá selecionar o material para obter o mínimo de deformação plástica e o máximo de deformação elástica, garantindo o melhor desempenho clínico. 7 CONCLUSÕES - existe deformação plástica em forma de alongamento presente em todas as marcas analisadas; - o teste de Tukey indicou que as marcas que demonstraram melhor comportamento foram a TP Orthodontics® e a GAC® e o pior comportamento foi da Uniden®, desconsiderando os fatores meio e tempo; - a menor porcentagem de deformação plástica foi observada na marca TP Orthodontics® e a maior, na marca Morelli®; - a deformação plástica foi maior quanto maior foi o tempo que o elástico ficou estirado (maior deformação: 28 dias), desconsiderando os fatores marca e meio; - existe diferença de comportamento dos elásticos de acordo com o método de descontaminação previamente utilizado; - o método que menos afetou as propriedades dos elásticos foi o ciclo em autoclave e o que mais afetou foi o ácido peracético, desconsiderando os fatores tempo e marca. REFERÊNCIAS Alexandre LP, De Oliveira Júnior G, Dressano D, Paranhos LR, Scavini MA. Avaliação das propriedades mecânicas dos elásticos e cadeias elastoméricas em ortodontia. Rev Odonto. 2008; 16(32): 53-63. Almeida RR, Petry H, Itziar S, Fernandez J. Degradação da força das cadeias de elastômeros. Rev Odonto. 1991; 24(3): 11-3. Andreasen GF, Bishara SE. Comparison of alastik chain with elastics involved with intra-arch molar to molar forces. Angle Orthod. 1970. 40(3): 151-8. Araújo FBCA, Ursi WJS. Estudo da degradação da força gerada por elásticos ortodônticos sintéticos. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. 2006; 11(6): 52-61. Ash JL, Nikolai RJ. Relaxation of orthodontic elastomeric chains and modules in vitro and in vivo. J Dent Res. 1978; 5(5-6): 685-90. Badaró MM, Silva PL, Cardoso DG, Araújo MVA. Análise das medidas de biossegurança utilizadas em consultórios de ortodontia em Belém-Pará. Rev Bras Pesq Saúde. 2009; 11(1): 4-10. Baty DL, Storie DJ, Von Fraunhofer JA. Synthetic elastomeric chains: a literature review. Am J Orthod Dentofacial Orthop, 1994; 105(6): 536-42. Baty DL, Volz JE, Von Fraunhofer JA. Force delivery properties of colored elastomeric modules. Am J Orthod Dentofac Orthop. 1994: 106(1): 40-6. Boester CH, Johnston LE. A clinical investigation of the concepts of differential and optimal force in canine retraction. Angle Orthod. 1974; 44(2): 113-9. Brantley WA. Effects of prestretching on forces degradation characteristics of plstic modules. Angle Orthod. 1979; 49(1): 37-43. Buchmann N, Senn C, Ball J, Brauchli L. Influence of initial strain on the force decay of currently available elastic chains over time. Angle Orthod. 2012; 82(3): 529-35). Burstone CJ, Koenig HA. Force systems from an ideal arch. Am J Orthod. 1974; 65(3): 27089. Capelozza Filho L, Silva Filho OG. Reabsorção radicular na clínica ortodôntica: atitudes para uma conduta preventiva. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial. 1998; 3(1): 104-26. Chassot ALC, Poisl MI, Samuel SMW. In vivo and in vitro evaluation of the efficacy of a peracetic acid-based disinfectant for decontamination of acrylic resins. Braz Dent J. 2006; 17(2): 117-21. De Genova DC, Mclnnes-Ledoux P, Weinberg R, Shaye R. Force degradation of orthodontic elastomeric chains – a product comparation study. Am J Orthod. 1985; 87(5): 319-28. Eliades T, Eliades G, Watts DC. Structural conformation of in vitro and in vivo aged orthodontics elastomeric modules. Eur J Orthod. 1999; 21(6): 649-58. Eliades T, Eliades G, Slikas N, Watts DC. Tensile properties of orthodontic elastomeric chains. Eur J Orthod. 2004; 26(2): 157-62. Ferreira EL, Ferreira IRC, Sanmartin JA, Verotti MP, Martins ST. Fluxo e processamento de artigos. In: ANVISA. Serviços Odontológicos: Prevenção e controle de riscos. Brasília: Editora Anvisa, 2006.75-88. Ferriter JP, Meyers CE, Lorton L. The effect of hydrogen ion concentration on the degradation rate of orthodontic polyurethane chain elastic. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1990; 69(2): 496-501. Hershey HG, Reynolds WG. The plastic module as an orthodontic tooth-moving mechanism. Am J Orthod. 1975; 67(5): 554-62. Hixon EH, Atikan H, Callow GE, McDonald HW, Tacy RJ. Optimal force, differential force and anchorage. Am J Orthod. 1969; 55(5): 437-57. Huget E, Patrick K, Nunez L. Observations on the elastic behavior of a synthetic orthodontic elastomer. J Dent Res. 1990; 69: 496-501. Jeffries CL, Von Fraunhofer. The effect of 2% alkaline glureraldehyde solution on the elastic properties of elastomeric chain. Angle Orthod. 1990; 61(1): 25-30. Kim KH, Chung CH, Choy K, Lee JS, Vanarsdall RL. Effects of prestreching on force degradation of synthetic elastomeric chain. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2005; 128(4): 477-482. Kochenborger C, Silva DL, Marchioro EM, Vargas DA, Hahn L. Avaliação das tensões liberadas por elásticos ortodônticos em cadeia: estudo in vitro. Dental Press J Orthod. 2011; 16(6): 93-9. Kovatch J, Lautenschlager D, Keller J. Load extensions-time behavior of orthodontic alastiks. J Dent Res. 1976; 55 (5): 783-786. Kunigk L, Almeida MCB. Action of peracetic acid on Escherichia coli and Staphylococcus aureus in suspension or settled on stainless steel surfaces. Braz J Microbiol. 2001 JanMar;32(1):38-41. Kurol J, Franke P, Lundgren D, Owman-Moll P. Force magnitude applied by orthodontists. An inter and intra-individual study. Eur J Orthod. 1996; 18(1): 69-75. Loukili NH, Granbastien B, Faure K, Guery B, Beaucaire G. Effect of different stabilized preparations of peracetic acid on biofilm. J Hosp Infect. 2006; 63(1): 70-2. Lu CT, Wang WN, Tarng TH, Chen JW. Force decay of elastomeric chain – a serial study, part II. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1993; 104():373-7. Martins MM, Mendes AM, Almeida MAO, Goldner MTA, Ramos VF, Guimarães. Estudo comparativo entre as diferentes cores de ligaduras elásticas. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006; 11(4): 81-90. Martins MM, Lima TA, Areas AC. Influência das soluções de glutaraldeído a 2% nas forças geradas pelos elásticos ortodônticos em cadeia. Cienc Odontol Bras. 2008; 11(1): 49-57 Matlack RE. Instrument sterilization in orthodontic offices. Angle Orthod. 1979; 49(3): 20511. Mayberry D, Allen R, Close J, Kinney DA. Effects of disinfection procedures on elastomeric ligadures. J Clin Orthod. 1996; 30(1): 49-51. Maylani BE, Berzins DW, Monaghan P. Effect of disinfecting solutions on the mechanical properties of orthodontic elastomeric ligadures. Angle Orthod. 2007; 77(4): 681-87. Natrass C, Ireland AJ, Sherriff M. The effect of environment factors on elastomeric chain and nickel titanium coil springs. Eur J Orthod. 1998; 20(2): 169-76. Pithon MM, Santana DA, Sousa KH, Farias IMAO. Does chlorhexidine in different formulations interfere with the force of orthodontic elastics? Angle Orthod. 0000; 00(0): 1-6. Pithon MM, Santos RL, Martins FO, Romanos MTV, Araújo MT. Cytotoxicity of orthodontic elastic chain bands after sterilization by different methods. Orthod Waves. 2010; 69: 151-55. Renick MR, Brantley WA, Webb CS, Beck FM, Vig K, Culbertson BM. DSC studies of orthodontic plastic modules I. As-received products. J Dental Res. 1999; 98: 404-10. Rutala WA, Weber DJ. Disinfection of endoscopes: review of new chemical sterilizants used for high-level disinfection. Infect Contrl Hosp Epidemiol. 1999; 20(1): 69-76. Salvia ACRD, Teodoro GR, Balducci I, Koga-Ito CY, Oliveira SHG. Effectiveness of 2% peracetic acid for the disinfection of gutta-percha cones. Braz Oral Res. 2011; 25(1): 23-7. Schwarz AM. Tissue changes incidental to orthodontic tooth movement. Int J Orthod. 1932. Stevenson JS, Kusy RP. Force application and decay characteristics of untreated and treated polyurethane elastomeric chains. Angle Orthod. 1994; 64(6): 455-67. Storey E, Smith R. Force in orthodontics and its relation to tooth movement. Aust J Orthod. 1952; 56: 11-8. Taloumis JL, Smith TM, Hondrum SO, Lorton L. Force decay and deformation of orthodontic elastomeric ligadures. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1997; 11(1): 1-11. Venturelli AC, Torres FC, Almeida-Pedrin RR, Almeida RR, Almeida MR, Ferreira FPC. Avaliação microbiológica da contaminação residual em diferentes tipos de alicates ortodônticos após desinfecção com álcool 70%. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. 2009; 14(4): 43-52. Von Fraunhofer JA, Coffelt MTP, Orbell GM. The effects of artificial saliva and topical fluoride treatments on the degradation of the elastics properties of the orthodontics chains. Angle Orthod. 1992; 62(4): 265-74. Wang T, Zhou G, Tan Xianfeng, Dong Y. Evaluation of force degradation characteristics of orthod latex elastics in vitro and in vivo. Angle Orthod. 2007; 77(4): 688-93. Wong AK. Orthodontic elastic materials. Angle Orthod. 1976; 46: 196-205. Young J, Sandrik J. The influence of preloading on stress relaxation of orthodontic elastic polymers. Angle Orthod. 1976; 49(2): 104-9. APÊNDICE 1 Tabela 1: Análise estatística descritiva dos dados: Eur od Controle 7d 14 21 28 d d d 2,2 4± 0,1 6 TP 1,3 4± 0,0 6 Ort 2,3 5± ho met 0,1 7 ric Am 1,5 eric 6± 0,1 an 4 Den 3,0 t 6± 0,2 1 Mor 3,2 elli 2± 0,1 3 GAC 1,7 4± 0,0 0 Abzi 2,5 l 4± 0,1 2,6 0± 0,1 0 1,4 4± 0,0 4 2,4 2± 0,1 9 1,8 8± 0,1 4 3,0 0± 0,2 6 3,4 3± 0,1 1 1,4 6± 0,0 8 2,8 7± 0,2 2,6 2± 0,2 5 1,4 5± 0,1 3 2,4 5± 0,2 0 2,1 9± 0,1 0 3,3 2± 0,2 0 3,3 1± 0,2 7 1,5 6± 0,0 5 3,0 9± 0,1 2,9 5± 0,0 9 1,6 6± 0,0 5 2,5 2± 0,2 2 2,0 0± 0,0 9 3,2 4± 0,1 9 3,3 8± 0,1 1 1,5 3± 0,1 0 3,1 6± 0,1 Média ± Desvio Padrão Álcool 70% Ácido Peracético 7 14 21 28 7 d 14 21 28 dia d d d d d d s 2,6 2,8 3,0 3,0 2,6 2,6 2,9 2,8 9± 5± 2± 9± 3± 1± 7± 8± 0,2 0,1 0,2 3,2 0,1 0,2 0,0 0,1 7 6 1 0 2 8 7 0 1,4 1,6 1,6 1,6 1,5 1,4 1,5 1,8 2± 6± 5± 6± 6± 4± 8± 3± 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,0 0,0 0,1 2 5 5 0 5 8 8 5 2,3 2,4 2,4 2,6 2,2 2,0 2,8 2,6 8± 7± 0± 6± 5± 8± 4± 3± 0,0 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 6 1 6 4 1 8 4 7 1,6 1,8 1,9 2,1 1,7 1,9 2,4 2,1 7± 9± 1± 0± 9± 2± 2± 9± 0,1 0,1 0,0 0,1 0,0 0,1 0,1 0,0 8 9 3 8 2 6 4 2 3,3 2,7 3,2 3,2 3,1 3,2 3,1 3,1 4± 9± 6± 8± 9± 7± 4± 4± 0,1 0,0 0,2 0,1 0,1 0,0 0,2 0,0 6 1 3 7 0 2 3 2 3,2 3,4 3,5 3,5 3,2 3,4 3,6 3,4 4± 1± 4± 4± 7± 7± 6± 5± 0,1 0,0 0,1 0,1 0,1 0,0 0,1 0,6 1 2 7 1 8 8 9 4 1,6 1,5 1,6 1,5 1,5 1,7 1,5 1,6 4± 6± 4± 7± 1± 0± 8± 7± 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,1 1 0 2 8 4 8 4 6 3,0 3,1 2,9 3,0 2,9 2,7 3,3 2,9 6± 0± 2± 2± 5± 6± 8± 4± 0,1 0,2 0,2 0,0 0,1 0,2 0,3 0,2 7 dia s 2,3 4± 0,2 6 1,9 5± 0,1 2 2,8 5± 0,2 4 2,7 0± 0,0 9 2,1 4± 0,0 6 2,7 9± 0,1 0 2,3 1± 0,1 7 2,8 7± 0,1 Autoclave 14 21 28 d d d 2,3 4± 0,2 4 2,3 0± 0,0 9 2,8 5± 0,0 9 2,9 8± 0,0 7 2,2 6± 0,1 0 2,8 6± 0,2 2 2,3 1± 0,1 7 2,8 5± 0,1 2,7 1± 0,1 5 2,4 5± 0,2 3 2,9 6± 0,2 1 2,9 4± 0,2 3 1,9 2± 0,1 3 3,1 3± 0,1 1 2,2 5± 0,0 7 3,1 5± 0,2 2,5 8± 0,1 1 2,1 8± 0,0 4 3,0 1± 0,1 5 3,0 5± 0,1 8 2,4 2± 0,2 0 2,9 2± 0,1 0 2,4 2± 0,1 4 3,1 6± 0,2 Uni d Tec n Orm co RM O Ort ho Org Adit ek 0 3,4 8± 0,2 0 2,8 4± 0,1 9 3,2 4± 0,1 2 1,4 0± 0,1 1 3,2 7± 0,2 5 2,5 9± 0,1 7 8 3,7 3± 0,0 8 2,9 6± 0,2 8 3,1 4± 0,1 2 1,5 3± 0,0 5 3,2 0± 0,2 4 2,6 9± 0,1 6 3 3,6 1± 0,0 9 2,8 5± 0,1 8 3,4 5± 0,2 8 1,7 1± 0,1 2 3,2 4± 0,1 8 2,5 4± 0,1 9 4 3,8 6± 0,2 5 3,3 3± 0,1 4 3,4 9± 0,2 6 1,7 8± 0,1 4 3,2 9± 0,1 1 2,8 5± 0,2 0 4 3,7 0± 0,3 3 2,9 2± 0,3 5 2,9 7± 0,0 9 1,4 5± 0,0 3 3,1 6± 0,2 4 2,6 5± 0,1 9 1 3,5 6± 0,2 0 3,1 7± 0,1 6 2,9 4± 0,2 7 1,6 3± 0,0 0 3,2 7± 0,0 8 2,6 9± 0,1 1 2 3,8 3± 0,1 5 2,9 3± 0,1 9 2,9 6± 0,2 5 1,9 3± 0,1 1 2,9 9± 0,0 3 2,7 2± 0,1 9 7 3,9 4± 0,1 3 3,1 9± 0,2 5 3,2 4± 0,1 4 1,6 1± 0,0 0 3,2 9± 0,0 5 2,9 8± 0,0 8 7 3,6 1± 0,0 6 2,7 7± 0,2 3 2,9 7± 0,1 9 1,8 2± 0,0 2 3,2 8± 0,1 2 2,5 7± 0,1 4 3 3,6 8± 0,1 7 2,9 0± 0,1 8 3,0 3± 0,1 9 1,4 9± 0,0 0 3,2 1± 0,2 4 2,6 5± 0,2 0 5 3,9 8± 0,2 0 3,2 7± 0,1 7 2,7 9± 0,1 4 1,8 0± 0,1 6 3,5 6± 0,2 7 3,0 6± 0,1 6 5 3,9 5± 0,1 7 3,3 3± 0,1 5 3,7 3± 0,3 4 2,0 1± 0,1 4 3,6 9± 0,4 3 2,7 8± 0,1 3 9 2,9 3± 0,1 3 2,4 3± 0,3 1 2,5 4± 0,2 1 2,5 3± 0,1 6 2,0 4± 0,1 2 2,2 5± 0,1 7 5 3,0 5± 0,2 8 2,7 4± 0,1 3 2,3 8± 0,0 8 2,7 5± 0,0 5 2,9 7± 0,0 7 2,1 8± 0,1 7 8 3,3 5± 0,1 2 2,9 9± 0,1 0 2,5 8± 0,3 1 2,8 4± 0,2 5 2,5 2± 0,0 7 2,3 1± 0,2 5 0 3,1 6± 0,0 9 2,7 8± 0,1 0 2,6 5± 0,2 1 2,8 5± 0,1 3 2,1 2± 0,3 7 2,4 4± 0,1 9