227 A Instituição na filosofia do Merleau-Ponty Gautier Maes* RESUMO A historiografia sobre Merleau-Ponty não entende muito bem a distância entre o primeiro e o segundo Merleau-Ponty. Mesmo um especialista como Renaud Barbaras, por exemplo, dentro a obra De l’Être du Phénomène (O Ser do Fenômeno), percebe a separação entre dois momentos mas não vê o ponto de mudança entre a Fenomenologia da Percepção e O Visível e Invisível. Como se Merleau-Ponty, o filósofo das relações fizesse duas filosofias sem nenhuma ligação. Nosso objetivo é demonstrar que a fenomenologia de Merleau-Ponty é uma pesquisa que nunca acaba e que não tem ruptura. Para nós, a aula acerca da instituição é a ponte entre dois Merleau-Ponty. Vamos tentar demonstrar a importância desse texto pouco conhecido, buscando um melhor entendimento dentro da filosofia de Merleau-Ponty e pretendemos mostrar como esta aula pode nos ajudar. Trata-se de uma nova concepção da temporalidade e da subjetividade dentro das relações com o mundo. PALAVRAS-CHAVE: Instituição, subjetividade, temporalidade e fenomenologia. Introdução: Estamos em 1954. Merleau-Ponty leciona há dois anos no Collège de France e se propõe a fazer uma aula com o título a Instituição. No mesmo ano ele prepara outra aula, dessa vez sobre a passividade. Daquele ano é talvez uma das mais importantes para entender a filosofia do fenomenólogo francês. O formato que ele usa para apresentar o texto aparece mais tarde como o símbolo da filosofia de Merleau-Ponty: aberta e em desenvolvimento perpétuo. De fato, o texto foi escrito em pequenos papéis e a versão publicada vem de um aluno chamado * Mestrando do Erasmus Mundus Europhilosophie. Bolsa Erasmus Mundus. E-mail: [email protected]. Anais do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar (2011) 228 Dominique Darmaillacq, por isso o estado do texto ja é um pouco específico. Isso provoca um problema de leitura: podemos ler o texto como um texto de Merleau-Ponty? Parece evidente que sim, visto que se trata de um texto extraído de uma aula ministrada por ele. Por se tratar de um texto extraído de uma aula, ou seja, oral, pode sim ser considerado um texto muito importante na filosofia de Merleau-Ponty. Mas por que esse texto é tão importante afinal? Por duas razões: primeiro porque o texto faz uma ponte entre a primeira e a ultima filosofia do autor. E o segundo ponto importante é que a noção de instituição concentra toda a filosofia do pensador francês. Quase todos os temas importantes estão presentes no referido texto: a natureza e a vida, as obras em pintura, o conhecimento, a cultura e a história. Pretendemos aqui mostrar, a partir de diferentes pistas de leitura a real importância do texto para o entendimento da fenomenologia de Merleau-Ponty. I-A origem do conceito de instituição: 1) Contra o idealismo e o realismo sociopolítico: Como todo conceito, o conceito de instituição aparece contra outro conceito. Nesse caso a instituição emerge contra o conceito de constituição ou de consciência constituinte e contra o conceito clássico de instituição também. Merleau-Ponty abre a aula dele assim: A vida pessoal considerada como vida de uma consciência, quer dizer uma presença ao todo (...). É assim? Somos essa presença imediata ao todo frente às possibilidades que são todas iguais – todas impossíveis? Toda essa análise assume uma redução primordial da nossa vida ao “pensamento de...” viver. 1 1 Merleau-Ponty, L’Institution La Passivité Notes de cours au Collège de France (1954-1955), Belin (2003), p.33 A tradução é nossa. Anais do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar (2011) 229 Assim Merleau-Ponty mostra bem o campo a partir do qual podemos localizar a noção de instituição. A consciência não é capaz de explicar toda a vida, a vida em geral. Ela é uma negação do outro, da trascendência. O idealismo europeu faz da consciência um todo separado do mundo, e de onde a subjetividade e o restante do mundo podem se entender. O que é estranho aqui é que o filósofo francês usa o tema da vida. Não se trata de um tema ate tão usado por Merleau-Ponty. Mas como sabemos, a vida, depois da leitura da Krisis do Husserl vai ocupar um espaço maior na filosofia do autor. Dois anos depois ele faz uma aula famosa sobre a natureza e o conceito da vida, que se tornaria mais tarde a mais importante para ele. O que o idealismo não pode fazer é entender a vida como uma coisa exterior da consciência. MerleauPonty é um pensador da excedência e das relações. Se a relação é única, como a consciência por um idealismo, não existe uma relação na verdade nesse caso, não existe semelhança entre as coisas relacionadas. A instituição tenta abrir a consciência com o que a excede. Se a noção de instituição pensa contra a constituição, ela não pode ser entendida também como o conceito clássico de instituição. Tradicionalmente, a instituição passa por um conjunto de regras que permite um acordo entre os homens. Depois do acordo, a instituição pode aparecer como um fato histórico sem razão. Para Merleau-Ponty a instituição é o oposto dos contratos passados entre os homens, por isso ele é contra o realismo sociopolítico. Em outras palavras, a instituição é contra o idealismo e o realismo sociopolitico. Outro filósofo ajuda Merleau-Ponty a pensar o conceito de instituição: Husserl. 2) Husserl e a stiftung: A instituição vem da noção huserliana de Stiftung. O problema para Husserl, na obra a Krisis, é reunir o empírico e o transcendental. Para conseguir fazer isso, ele tenta pensar a genêsis do senso. A stiftung é uma verdade omnitemporal, que quer dizer uma verdade que ganha o universal a partir do empírico. A verdade vem do mundo, se faz dentro do mundo, no mesmo tempo, se é verdade, é verdade para o tempo finito, não infinito; ele é determinado, limitado, uma verdade momentânea, vale ate ser negada. Merleau-Ponty vê isso aparecer a partir de três momentos na filosofia de Husserl. Em primeiro lugar ele pensa a partir da noção Anais do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar (2011) 230 de wesenschau, que pode ser entendida como intuição das idéias, das essências e que é uma forma de pegar as essências a partir da experiência. Num segundo tempo, Husserl vai mais fundo na noção de wesenschau quando ele faz a proposição de uma psicologia eidética. O problema da psicologia tradicional é pensar a consciência ou em geral todo o material dela, como um objeto sem perguntar o que é a consciência, o que é o sentimento. Para Husserl, a psicologia deveria pegar uma metodologia dentro da filosofia? Quero dizer, a partir de um trabalho sobre as noções de instituição. Husserl não quer que a psicologia acabe, quer apenas que ela tire do empírico as noções e essências pra chegar numa verdade mais profunda. Se a psicologia não fizer isso, vai ter uma atitude natural e aceitar os conceitos como objetos sem problema. Num terceiro tempo, Husserl questiona a respeito de uma possível ampliação das relaçãoes entre filosofia e psicologia, mas para Merleau-Ponty, ele não consegue; é uma das razões para que Merleau-Ponty, mesmo parecendo bem perto de Husserl esteja, na verdade, muito distante do alemão. Pra ele, não existe uma diferença de natureza entre ciênçia e filosofia, existe apenas uma diferença de graus. Husserl ainda vai contribuir muito para ajudar a entender a emergência do conceito de stiftung, é o peso da imaginação. A fenomenologia não parte de fatos reais, mas de fatos imaginários. É a imaginacão que permite chegar até a psicologia eidética, e é aqui que se faz a distinção com relação à psicologia clássica. Mas é também exatamente esse o ponto onde Merleau-Ponty não concorda com o Husserl. Para o francês, a ligação do stiftung com as ciências esta errada. Não existe diferença entre ciência eidética e o empirico como Husserl acredita. Na verdade, os fatos e as idéias fazem um quiasma, a visão das essências e os fatos estão sempre relacionados e não tem nada que anteceda como o Husserl gostaria. É impossível definir qual é o oriundo de qual na relaçao existente entre o fato ou a idéia, eles mantêm relações entre si e um não pode sobreviver sem o outro. No fim, é um debate inconsistente entre o idealismo e o empírico. Mesmo MerleauPonty não concordando com Husserl, ele reconhece um fato importante na obra do autor alemão: o que o Husserl viu como um paralelismo entre ciência e filosofia, quer dizer aqui entre psicologia e outras ciências e a fenomenologia eidética. Existe uma correspondência entre os fatos das ciências e o que a fenomenologia ajuda a descobrir. Isso é pra Merleau-Ponty, o ponto em que Husserl ajuda no pensamento, mas ele não vai adiante suficiente e fica do lado do Anais do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar (2011) 231 idealismo. Agora, queremos mostrar qual definição Merleau-Ponty da para a noção de instituição e dentro de quais campos essa noção pode ser utilizada. II-Definição e campos da instituição: 1) Novos tipos de relações: É bem difícil conseguir dar uma definição justa ao conceito de instituição, como podemos ver agora é, talvez como sempre em Merleau-Ponty, um conceito que ajuda a pensar em vários fenômenos. Como ja disse anteriormente, o texto se inicia indo contra a filosofia da constituição, se refere a um sujeito de onde tudo acontece. A nova forma de pensar que Merleau-Ponty propõe aqui quer nos remeter a novas relações com o mundo, o outro e o fazer. *a relação com o mundo: A relação com o mundo não pode ser entendida a partir do idealismo e do empirismo, mas precisa ser entendida como uma perspectiva que abre numa excêdencia. Não tem um projeto stricto sensu porque o viver no mundo é muito mais que um projeto da conciência. Aqui Merleau-Ponty é contra Sartre para quem tudo é projeção, mas uma projeção que mostra o poder completo da conciência sobre o desejo, a liberdade. Para Merleau-Ponty, a vida é uma interrelação entre um projeto, mas com coisas que você não pode decidir. Na filosofia de Sartre, a liberdade é tão pura, tão possível que ela fica quase separada do mundo e da situação (mesmo Sartre sendo situacionista também). Merleau-Ponty faz da situação no mundo, o elemento que determina a relação do sujeito com ele. Mas ele explica bem que a idéia dele não é um determinismo. Existe uma situação com a qual o sujeito dialoga, ele pode surpassar ou não a situação no mundo mesmo ficando num determinismo, ele se encontra num diálogo com o mundo. O fato de não responder ja é uma resposta. Merleau-Ponty conclui disso que o sujeito Anais do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar (2011) 232 é um sujeito instituído e instituinte, e não um sujeito constituinte. Ele fica numa situação que é o início do movimento dele. *a relação com o outro: A relação com o outro também deve ser entendida de uma outra maneira. Não é possível uma constituição do outro pela conciência. O outro não pode me negar e eu não posso nega-lo também. Aqui, mesmo não citando seu nome de forma explicita, é Hegel que o autor frances está criticando. Pra ele, na obra Fénoménologia do Espirito, a relação com o outro é uma relação de constituição ou de se constituir: essa é a lição da dialética do mestre e o escravo. Existe sempre uma relação assimetrica entre duas conciências e Merleau-Ponty defende a tese de que, ao contrário, a relação com o outro é uma relação de instituição comum. Há uma espécie de projeção de reciprocidade que parte dele para dentro de mim e de mim para dentro dele a partir dos objetos culturais, nesse caso uma relação instituído/instituinte e, assim a relação com o outro é sempre uma relação com o mundo. Tem um campo da intersubjetividade que é a origem dos dois sujeitos. Nesse caso, se a relação com o outro é sempre uma relação com o mundo a partir dos objetos culturais, essa relação é a origem de um novo conceito do fazer. *a relação o fazer: O fazer visto pelos olhos da instituição, se pensa a partir do paradigma da percepção. Ele faz parte do mesmo mundo que também faz parte a percepção, quer dizer que se trata do corpo perceptivo (os gestos, as palavras...) que vê as lacunas do mundo e que tenta agir a partir delas. O fazer é sempre um futuro sem saber como esse futuro vai se traduzir, trata-se de uma indeterminação, uma pesquisa como gosta de escrever Merleau-Ponty a partir da leitura dele do Proust. O fazer é também uma instituição, ele é a relação indeterminada com o objeto, ninguém pode dizer com certeza qual será o resultado. Ele também é uma coisa simbólica e real, essa distinção não precisa existir pra se entender o fazer. Afinal, para entender a instituição, mesmo agora Merleau-Ponty fazendo a separação, é necessário trabalhar com tudo junto, o sujeito, o mundo, o outro e o fazer. Somente se pegamos tudo, poderemos entender bem a instituição. Ela mostra a conjunção, a circunstância necessária entre aquelas coisas que Anais do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar (2011) 233 são tradicionalmente separadas. Porém, é verdade que existe um sujeito visto como “campo da presença”, um mundo, um outro e um fazer. Então o problema é saber como a instituição permite pensar a conjunção daqueles fenômenos? Merleau-Ponty responde que é o tempo. *o tempo: “O tempo é mesmo o modelo da instituição: passividade-atividade, ele continua, porque ele foi instituído assim, ele segue, ele não pode acabar (parar), ele é total porque partiu, ele é um campo.”2 O tempo da instituição é diferente da concepção dum tempo que vai do passado até o futuro sem obstáculo algum. O passado fica sempre com o status de presença, posso ver meu passado como um tipo específico de objeto e dialogar com ele. Não é um objeto maior que eu e que me determina, mas também não é um objeto que eu posso conhecer perfeitamente e que me abre o futuro como o idealismo acha. Novamente e como para as outras renovações, o tempo é uma interrelação do passado com o presente que abre-se num futuro indeterminado. A instituição pode ser entendida como uma pesquisa sem fim, interações de campos num tempo que nunca acaba. Assim, a instituição é um movimento perpétuo como dentro da tradição de Heráclito e também uma cristalização que da um material. A instituição não é sem fundamento, tem uma construção que se faz a partir do movimento e é essa construção que poderia ser seu fundamento. O fundamento nunca é cristalizado para sempre, mas também não existe num passado perpétuo, eterno. O fundamento se faz e faz novamente, a verdade se constrói para desaparecer e surgir de novo. Vamos tentar agora definir a instituição, ver os campos dela por Merleau-Ponty antes de mostrar como ela pode ajudar a pensar um novo tipo de verdade. 2) Os campos da instituição: Merleau-Ponty faz da instituição o que ele vem a fazer cinco anos depois com a carne, quer dizer um quase elemento como o sol, o ar... Nossa tese é que a instituição é o ponto de 2 Ibid., p.36 Anais do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar (2011) 234 mudança entre o primeiro Merleau-Ponty da Fenomenologia da Percepção e o último MerleauPonty do Visível e Invível. É como se Merleau-Ponty fizesse uma lista de todos os temas anteriores e colocados junto, dentro do conceito da instituição antes de elaborar a última filosofia dele: a ontologia indireta. O francês divide a instituição em uma instituição pessoal e interpessoal primeiro e depois em uma instituição historica. A primeira ja é eficiente na vida. Os animais não estão em uma direfença de natureza com relação ao homem, e sim numa diferença de graus. O animal ja tem uma história com uma situação determinada pela vida e uma construção pessoal. Merleau-Ponty elabora essa tese, a partir do trabalho de Raymond Ruyer que escreve um texto que se chama As Conceipçãoes Novas do Instincto. Ele mostra como o instinto não é algo perfeito que já está lá quando o animal nasce, e sim que aceita relações, elaborações, educação, etc. Essa é a parte pré-historica da instituição que é a mesma entre o animal e o homen. Para o homen, Merleau-Ponty acha que essa instituição pode se fazer a partir de uma nova leitura de Freud e da psicanálise em geral. Ele mostra que existem eras na vida, mas que cada era nunca é fechada, elas se abrem numa pesquisa. Depois disso, ele defende a idéia de que a instituição pessoal se abre a partir do nascimento de um sentimento, a partir de uma leitura de Proust. É o sentimento por alguém que abre a conciência de si e que inicia uma pesquisa de si. Ele pega o exemplo de Swann pra mostrar como o sentimento abre uma pesquisa sem fim pra tentar se fazer entender. Os dois últimos campos da instituição são a obra e o saber. Aqui Merleau-Ponty vai mais longe e mostra que a obra ou o saber são duas modalidades de pesquisa que abrem um novo campo do ser. A obra é sempre uma pesquisa de um autor que abre a subjetividade dele com o mundo. Não pretendemos descrever muito aqui a obra, mas podemos ver o Doute de Cézanne ou A Prosa do Mundo pra entender o que quer dizer Merleau-Ponty. Pra melhor entender a instituição do saber, podemos ler a Krisis de Husserl, mas ja falei um pouco disso. Em outras palavras, o saber se constrói a partir da história e a verdade se faz pouco a pouco dentro das relações com o passado. Ninguém pode saber como a verdade vai se revelar, mas ninguém pode dizer também que a verdade é última. A verdade é uma relação, o ser evolui com o tempo, mas isso não quer dizer que a verdade anterior é errada, a verdade do momento se pensa a partir da verdade anterior. Para terminar, ele fala da instituição historica, que é a instituição no senso comum. Anais do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar (2011) 235 Mas aqui ele não concorda com a definição clássica da instituição. A instituição não é um corpo morto que representa um acordo passado como dentro das teorias do contrato social, é algo vivo que fica em desenvolvimento. Para Merleau-Ponty, existem duas características da instituição histórica: ela é universalista e particularista. Universalista porquê ela abre um novo campo histórico e particularista porque ela sempre se acha última e se torna em si. Conclusão: Infelizmente não podemos tratar aqui mais profundamente o trabalho de MerleauPonty sobre a instituição. Queremos terminar com uma citação do fenomenologo francês que ajuda a entender bem a instituição. Ele escreve: Então entendamos aqui para instituição daqueles eventos de uma experiencia que dão dimenções duráveis, a partir das quais toda uma seria de outras experiencias teriam senso, formarão uma suíte imaginável ou uma história, ou ainda os eventos que deixam em mim um senso, não como título de sobrevivência e de resíduo, mais como uma chamada a uma suíte, exigência de um futuro.3 Referências bibliográficas MERLEAU-PONTY, Maurice: L’Institution-La Passivité (Cours au Collège de France), Belin, 2003. 3 Ibid., p.124 Anais do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar (2011) 236 La Phénoménologie de la Perception, Tel Gallimard, 2005. La Prose du Monde, Tel Gallimard, 2004. BARBARAS, Renaud: Le Tournant de l’Expérience, Vrin, 1998. L’Être du Phénomène, Millon, 1991. HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich : La Phénoménologie de l’Esprit, Folio Essais, 2004. HUSSERL, Edmund : La Crise des Sciences Européennes et la Phénoménologie Transcendantale, Tel Gallimard, 1984. RUYER, Raymond : Les Conceptions Nouvelles de l’Instinct, Les Temps Modernes, novembre 1953. Anais do VII Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar (2011)