ANÁLISE FENOMENOLÓGICA DE MERLEAU-PONTY NA PSICOLOGIA Jeferson Menezes de França (Bolsista IC - PIBIC/UFPI), Ronald Taveira da Cruz (Orientador, Departamento Psicologia/UFPI) Introdução O presente trabalho é uma tentativa breve de analisar e compreender o caso de cegueira psíquica do paciente de Gelb e Goldstein, Johann Schneider, a partir da ótica fenomenológica do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty, que relata o caso em uma de suas obras, Fenomenologia da Percepção. O caso chama a atenção por suas particularidades nos sintomas apresentados pelo paciente, que parece não dispor mais de percepção do esquema corporal como antes do acidente que causou a patologia. Primeiramente fizemos uma breve introdução de como ocorreu o caso Schneider, como se deu a cegueira psíquica e as principais características do paciente. Posteriormente, tentamos discorrer a cerca do conceito de Merleau-Ponty sobre o corpo enquanto potencia no contato do ser com o mundo e como abertura para a produção de sentidos e vivencias. E por ultimo sobre a noção de esquema corporal, não como algo objetivo e que ocupa um lugar determinado no espaço, mas como organização de uma experiência que é possível graças à característica mundana do sujeito. Metodologia Leitura e discussão de algumas partes da obra de Merleau-Ponty, bem como de artigos científicos relacionados. As discussões ocorrem semanalmente e são dirigidas pelo professor orientador Dr. Ronald Taveira. Resultados e Discussão O caso Schneider, tem muitos pontos a serem compreendidos num perspectiva que não evidencie somente aspectos fisiológicos ou psíquicos da problemática, mas que ambos estejam diretamente entrelaçados, como características que estão envolvidas no modo de ser no mundo do indivíduo. E a proposta pontyana trás em sua análise um modo de ver a existência como algo que vai para além do delinear pontos específicos, mas estabelecer as ligações entre os diversos movimentos do corpo enquanto potencia. É nessa compreensão que a possibilidade da opacidade da noção do esquema corporal em um determinado momento de sua experiência após a patologia é que permite compreender um olhar sobre o corpo como produtor de sentido: “Sou meu corpo enquanto um conjunto de possibilidades que me inserem no mundo, abrindo-me um campo de experiências que, por sua vez, propiciam a emergência de novos sentidos, o que dá ao corpo um estatuto não só de experiência original como também originária” (Vieira e Furlan, 2011). Ou seja, o corpo produz sentidos, que são essas várias possibilidades de experiências corporais, marcadas pelo movimento espaço-temporal. Todas essas experiências são não só o produto inacabado da existência, elas produzem a própria existência, são sua origem. Neste prospecto, Schneider com o seu corpo busca sua experiência existencial que neste caso é seu próprio corpo, não como algo totalmente estranho, mas como algo que pode ser novo, original. Mas, é a partir desse novo, que outros sentidos surgirão como potência, como origem. Conclusão Uma análise mais detalhada do caso de Schneider sob a ótica da fenomenologia de MerleauPonty pode trazer uma maturação na maneira de lidar com a patologia. Uma vez que, o enfoque não se limita a determinados aspectos da patologia, mas da maneira como meu corpo reage ao mundo, se relaciona com o mesmo ou o percebe. Tal percepção que vai para além de uma consciência, mas que parte de uma intencionalidade que o corpo produz na tentativa de manter um contato direto com o mundo, que é abertura e que produz sentido para o “eu” e para o mundo, faz do homem esse ser que é objetivo enquanto esquema corporal em sua espacialidade e temporalidade, e ser intersubjetivo, o qual está diretamente ligado nas relações “eu-mundo”, “eu-outro eu”, “eu- eu mesmo”. Apoio: Ronald Taveira. Neemyas Kerr. Referências VIEIRA, Marcelo Georgetti; FURLAN, Reinaldo. Algumas considerações sobre psicopatologia na filosofia de Merleau-Ponty. Ágora (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, Jun 2011. Palavras-chave: Merleau-Ponty. Schneider. Esquema corporal.