CADERNO SOBRE Plantas Tóxicas Principais Plantas Tóxicas Causadoras de Morte Súbita em Bovinos ORGANIZADORES Prof. Gabriel Domingos Carvalho (Médico Veterinário – Professor do IFNMG – Campus Salinas – MG) Profa. Viviane Modesto Arruda (Engenheira Agrônoma – Professora UEMG – Ubá – MG) 2011 CADERNO SOBRE Plantas Tóxicas Principais Plantas Tóxicas Causadoras de Morte Súbita em Bovinos ORGANIZADORES Prof. Gabriel Domingos Carvalho (Médico Veterinário – Professor do IFNMG – Campus Salinas – MG) Profa. Viviane Modesto Arruda (Engenheira Agrônoma – Professora UEMG – Ubá – MG) Assessoria Técnica: Isabella Cristina Gomes Honorio Iná Lima Reis Filipe Pereira Giardini Bonfim Adalgisa de Jesus Pereira Daniela Boanares de Souza Esta publicação é parte do Programa de Extensão “Divulgação das Plantas Medicinais, da Homeopatia e da Produção de Alimentos Orgânicos”. Projeto – “Partilha de Conhecimentos sobre Plantas Medicinais e Terapêuticas Tradicionais”. Universidade Federal de Viçosa/Departamento de Fitotecnia Patrocínio: CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) Projeto 558358/2009-8: – “Ensino e Partilha de Experiências em Plantas Medicinais, Homeopatia e Produção de Alimentos Orgânicos” 1a edição – Tiragem 3.000 exemplares 2 SUMÁRIO Pág. 1. Introdução………………………………...................... 2. O que são plantas tóxicas?............................................. 3. Condições em que ocorrem as intoxicações................... 4. Medidas de controle e de prevenção das intoxicações... 5. Diagnose e prevenção.................................................... 6. Importância na saúde pública......................................... 7. Principais plantas tóxicas causadoras de morte súbita em bovinos..................................................................... 7.1. Palicourea marcgravii……………........................ 7.2. Mascagnia rigida……………................................ 7.3. Tetrapterys acutifolia.............................................. 7.4. Ricinus communis................................................... 7.5. Cestrum laevigatum................................................ 7.6. Pteridium aquilinum............................................... 7.7. Lantana camara...................................................... 7.8. Enterolobium contorsiliquum.................................. 7.9. Crotalaria anagryroides.......................................... 7.10. Asclepias curassavica........................................... 8. Conclusão....................................................................... 9. Referências..................................................................... 10. Contato com os organizadores..................................... 4 5 6 6 7 8 9 9 10 12 13 15 16 19 21 22 24 25 26 27 “Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não seja veneno. Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio.” Paracelso (Médico e Alquimista do Século XV) 3 1. Introdução No Brasil é muito frequente a ocorrência de morte súbita em bovinos causada pela ingestão de plantas tóxicas. Geralmente essas mortes repentinas se manifestam sem sinais clínicos prévios e sem evidências visíveis significativas. As intoxicações por plantas em animais de produção são conhecidas desde que os pioneiros portugueses e espanhóis introduziram o gado nas pastagens naturais brasileiras. Segundo Riet-Correa et al. (1993) as perdas econômicas ocasionadas pelas intoxicações por plantas podem ser diretas ou indiretas. As perdas diretas são causadas pelas mortes de animais, diminuição dos índices reprodutivos (abortos, infertilidade, malformações), redução da produtividade nos animais sobreviventes, diminuição da produção de carne e leite, doenças transitórias e enfermidades subclínicas provocadas pela depressão imunogênica. As perdas indiretas são os custos do controle dessas plantas tóxicas nas pastagens, as medidas de manejo que evitem as intoxicações (como a utilização de cercas e o pastoreio alternativo), a redução do valor da forragem devido ao atraso na sua utilização, a redução do valor da terra, a compra de bovinos que substituam os animais mortos, os gastos com o diagnóstico das intoxicações e o tratamento dos animais afetados. Algumas mortes nos rebanhos bovinos são atribuídas a doenças, como carbúnculo hemático, ou confundidas com picadas de serpentes venenosas, quando o verdadeiro motivo é a ingestão de plantas tóxicas pelos animais. No Brasil, as causas mais frequentes de mortes súbitas são as intoxicações por plantas. Há dificuldade na diagnose das intoxicações, bem como há falta de registros do número de óbitos. Ainda há crendices muito presentes na cultura regional. Neste caderno constam as principais plantas causadoras de morte súbita em bovinos na região da Zona da Mata de Minas Gerais e do Estado do Espírito Santo. 4 Figura 1. Ilustração de um bovino acometido por morte súbita. Fonte: Humanities Development Library (www.greenstone.org) 2. O que são plantas tóxicas? As plantas tóxicas quando ingeridas ou em contato com animais, produzem danos à saúde ou causam a morte. A ação nociva é consequência do vegetal em seu estado natural. O número de vegetais superiores é estimado em 250 mil espécies. Muitas dessas espécies produzem substâncias capazes de exercer ação tóxica sobre os organismos vivos. Levando em consideração a grande diversidade do Reino Vegetal, particularmente nas regiões tropicais, é válido ressaltar que muitas plantas são completamente desconhecidas quanto ao potencial de causar intoxicações, sendo o número de plantas potencialmente tóxicas muito elevado. Atualmente é desconhecido o princípio ativo de pelo menos, 32 das 88 espécies tóxicas descritas no Brasil. O conceito de substância tóxica é bastante relativo, pois depende da dosagem e do animal. Há substâncias muito tóxicas 5 que em doses mínimas são remédios. A toxidez vegetal pode ser resultante da ação de algum composto específico ou da ação de compostos químicos associados. As substâncias tóxicas das plantas podem estar limitadas as estações do ano, a específicas condições ambientais, ou ainda a variedades da planta. 3. Condições em que ocorrem as intoxicações Tem sido observado que os animais geralmente ingerem plantas tóxicas quando têm acesso a áreas de mata nativa, ou a áreas próximas de matas nativas. Algumas plantas tóxicas lançam ramos ou sementes, dispersando nos pastos próximos às matas nativas. As intoxicações por plantas ocorrem em qualquer época do ano sendo agravadas na época da seca ou após queimadas, quando a falta de pastos condiciona os animais a ingerirem outras plantas. 4. Medidas de controle e de prevenção das intoxicações A maioria das plantas tóxicas é consumida em função da escassez de pasto e do deslocamento de animais famintos para pastagens com plantas tóxicas. Portanto, as pastagens de boa qualidade na época seca devem suprir as necessidades dos bovinos. Deve-se também evitar a superlotação de modo que os animais não passem fome e reduzam a busca por outras fontes de alimentação. 6 A erradicação das plantas tóxicas, principalmente aquelas mais palatáveis ou atrativas deve ser feita periodicamente. Áreas de difícil controle ou erradicação devem ser cercadas mantendo os animais sem acesso a essas pastagens. A eliminação das espécies tóxicas pode ser feita pela utilização de métodos mecânicos de controle, como a roçada manual ou a capinação. Esse método não é 100% eficiente, por eliminar apenas a parte aérea das plantas e manter o sistema radicular. Normalmente ocorre o rebrote e o consequente retorno do problema. A parte aérea cortada deve ser retirada da pastagem, visando evitar a ingestão pelo gado. 5. Diagnose e prevenção Não estão disponíveis tratamentos terapêuticos específicos e comprovadamente eficazes na maioria dos casos de intoxicações por plantas. O único meio atualmente disponível de evitar mortes dos animais por plantas é a diagnose mais precisa dos casos de intoxicação e a prevenção. A diagnose deve ser complementada com a identificação correta da planta. Fazer o histórico de cada caso de intoxicação. Também é muito importante verificar os sinais de intoxicação animal. Observar marcas de pegadas ao redor da planta, folhas comidas, plantas pisoteadas, e até mesmo ossada de animais mortos nas proximidades das plantas tóxicas. Sempre que possível solicitar ao Médico Veterinário que realize o exame necroscópico dos animais mortos, e que observe o conteúdo gastrintestinal até constatar localmente a presença da planta tóxica. 7 Figura 2. Indícios de intoxicação: sinais apresentados pelo cadáver; presença da planta tóxica e ossadas próximas à planta. Fonte: Carvalho, 2005. 6. Importância na saúde pública Os seres humanos podem se intoxicar indiretamente por meio da ingestão de carne e do leite de animais intoxicados. E também por meio do mel oriundo de plantas tóxicas. Não é recomendada a ingestão de carne de animais que foram intoxicados por plantas. Os animais em lactação intoxicados não devem ser ordenhados até que voltem ao normal. 8 7. Principais plantas tóxicas causadoras de morte súbita em bovinos 7.1. Palicourea marcgravii Família: Rubiaceae Nomes vulgares: “erva-de-rato”, “cafezinho”, “vick”, “roxa”, “roxinha” e “roxona". Características Gerais: É a planta tóxica mais importante no Brasil. Possui ampla distribuição geográfica (só não ocorre no extremo sul do país e no sertão nordestino). É difícil a erradicação. É arbustiva, com folhas opostas e pecioladas. Suas folhas têm cheiro de salicilato de metila (“vick”). É muito palatável. Princípio Tóxico: Ácido monofluoroacético. Monofluoroacetato de sódio. Sinais Clínicos: Arritmia cardíaca, andar cambaleante, paraplegia, convulsões, dispneia, prostração, pulso venoso positivo. A morte súbita pode ocorrer 7 a 14 horas após a ingestão. Tratamento: Não há tratamento específico. 9 Figura 3. Palicourea marcgravii Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000. 7.2. Mascagnia rigida Família: Malpighiaceae Nomes vulgares: “tingüi”, “timbó”, “pela-bucho” e “quebrabucho” (BA); “salsa rosa” e “rama-amarela” (MG); “suma-branca” e “suma-roxa” (ES). Características Gerais: É encontrada em todo o Nordeste do Brasil e em Minas Gerais e Espírito Santo. É planta do agreste e do sertão, porém ocorre em locais mais frescos como campos, capoeiras e matas. A planta é tipo cipó arbustivo. Apresenta boa palatabilidade. Possui folhas atrativas flores amarelas (inflorescência) e frutos alados de coloração castanha. 10 Princípio tóxico: Saponina. Glicosídeo Digitálico. Sinais clínicos: Anorexia, depressão, andar cambaleante e quedas repentinas. Animal deitado com movimentos desordenados, tremores musculares, “movimentos de pedalagem”. Pulso venoso positivo. Mugido forte, respiração espaçada ou forçada. A morte súbita ocorre entre 24 e 48 horas após a ingestão da planta. Em alguns casos, pode ocorrer de 1 a 18 minutos após o início dos sintomas. Tratamento: Não há tratamento específico. Figura 4. Mascagnia rígida Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000. 11 7.3. Tetrapterys acutifolia Família: Malpighiaceae Nomes vulgares: “cipó-ruão” e “cipó-preto” (MG). Características Gerais: A planta é restrita à região Sudeste do Brasil. Cresce na forma de cipó ou de arbusto (pseudo-arbusto ou enroladeira). Planta atrativa com folha de coloração verde bem evidente e inflorescência tipo panícula, com flores amarelas. O fruto tem coloração marrom-avermelhada. As intoxicações são comuns na época da seca (agosto a outubro). O adoecimento varia de 6 a 28%, com letalidade próxima a 100%. Princípio tóxico: Desconhecido. Sinais clínicos: Os sinais de intoxicação estão relacionados à insuficiência cardíaca: veia jugular ingurgitada, pulso venoso positivo, edema da região da barbela, arritmia cardíaca, edema esternal (peito inchado), dificuldade de locomoção, fraqueza e anorexia, tremores musculares, fezes ressequidas. Pode ainda ocorrer aborto ou nascimento de bezerro muito fraco que logo morre. A evolução é de subaguda a crônica. Pode ocorrer a morte súbita quando animal é forçado a se movimentar. Tratamento: Não há tratamento específico. 12 Figura 5. Tetrapterys acutifolia. Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000. 7.4. Ricinus communis Família: Euphorbiaceae Nomes vulgares: “mamona”, “carrapateira”, “rícino”, “mamoeira” e “palma-de-cristo”. Características Gerais: Distribuída por todo o país. A planta é perene, arbustiva, de caule ramificado, com folhas grandes e com margens serreadas, frutos com cápsula espinhosa e sementes lisas e brilhantes. Princípio tóxico: • Ricina: presente nas sementes. Causa distúrbios digestórios. 13 • Ricinina (alcaloide): presente nas folhas e no pericarpo. Causa distúrbios nervosos. Sinais clínicos: 1. Quadro Digestório: anorexia, cólica, vômitos, diarreia catarral a hemorrágica, falência cardíaca, hipotensão e choque hipovolêmico. Quadro Nervoso: desequilíbrio, dificuldade ao deitar, tremores musculares, sialorreia (hipersalivação) e movimentos de mastigação excessivos. Tratamento: Não há tratamento específico, somente paliativo visando controlar os sinais clínicos manifestados. Profilaxia: Evitar o pastejo em áreas infestadas. A torta de mamona usada na alimentação deve estar detoxicada. Figura 6. Ricinus communis. Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000. 14 7.5. Cestrum laevigatum Família: Solanaceae Nomes vulgares: “coerana”, “baúna” e “dama da noite”. Características Gerais: Dispersa nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. A planta é arbustiva e pode ter até 3 metros de altura. As folhas são pecioladas e alternadas, o fruto é ovoide, quase preto quando maduro. Não possui boa palatabilidade, mas depois de murcha se torna mais palatável. Princípio tóxico: Saponina: Cestrumida (substância amarga). Não há perda de toxicidade pela secagem. Sinais clínicos: Apatia, anorexia, parada ruminal, “dorso arquejado”, fezes ressequidas, podendo ter estrias de sangue. Desequilíbrio, tremores musculares, andar cambaleante, ranger de dentes, sialorreia (hipersalivação), retração do globo ocular, hipotermia. O quadro clínico tem evolução aguda, 4 a 24 horas, e culmina com a morte do animal. Tratamento: Não há tratamento específico. 15 Figura 7. Cestrum laevigatum Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000. 7.6. Pteridium aquilinum Família: Polypodiaceae Nomes vulgares: “samambaia” e “samambaia do campo”. Características Gerais: A planta é cosmopolita, sendo encontrada principalmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Habita regiões frias e chuvosas, com solos de pH ácido e bem drenados (preferencialmente em encostas de morro). A planta é rasteira, rizomatosa, forma touceiras densas. As folhas são grandes, e podem atingir 1,80 metros ou pouco mais. No controle, deve-se arrancar as plantas, arar o solo e fazer a calagem. 16 Princípio tóxico: 1. Glicosídeo ptaquilosídeo: é tóxico aos ruminantes (principalmente bovinos). Possui efeito cancerígeno acumulativo. È transmitido pelo leite e não é inativado pelo processo de pasteurização. 2. Tiaminase: é tóxica aos monogástricos (principalmente equinos). Causa deficiência de Tiamina (Vitamina B1). Sinais Clínicos: O quadro clínico-patológico em bovinos pode ser dividido em três: síndrome hemorrágica aguda (diátese hemorrágica – hemorragia de pele), hematúria enzoótica (sangue na urina) e carcinomas das vias digestórias superiores (base da língua, faringe, esôfago e rúmen). Hemorragia de pele Ocorre em bovinos jovens e adultos que ingerem mais de 10 gramas da planta por quilo de peso vivo do animal (10 gramas da planta/kg animal). Tem alta letalidade. A hemorragia de pele é acompanhada de hipertermia acentuada. Durante a necropsia podem ser observadas hemorragias em todos os órgãos e tecidos, úlceras nas mucosas e sangue coagulado no intestino. 17 Sangue na Urina Este quadro tem evolução crônica quando os animais ingerem menos de 10 gramas da planta por quilo de peso vivo do animal por ano (10 g da planta/kg animal/ano). A hematúria (sangue na urina) é intermitente, acompanhada de anemia, emagrecimento e incontinência urinária. Babesiose (Piroplasmose, “Febre do Carrapato”, Tristeza Parasitária Bovina). Durante a necropsia observa-se a presença de nódulos na bexiga, com o aspecto de couveflor, de coloração amarelada ou avermelhada. Carcinomas das vias digestórias superiores Este quadro tem evolução crônica, se houver a ingestão de doses menores e por tempo mais prolongado. Esse quadro é conhecido pelos nomes vulgares de “Caraguatá”, “Figueira-da-Goela” e “Favo”. O carcinoma geralmente está associado ao Vírus do Papiloma Bovino (BPV-2) e a letalidade é 100%. Os sinais clínicos são: hematúria intermitente, anemia, emagrecimento progressivo, incontinência urinária, dificuldade de deglutir, regurgitação do alimento e dificuldade de respirar. Deve-se fazer diagnóstico diferencial com Babesiose (Piroplasmose, “Febre do Carrapato”, Tristeza Parasitária Bovina), Actinobacilose (“língua-de-pau”) e Tuberculose. Durante a necropsia observa-se diversos nódulos neoplásicos, de coloração amarelo-acinzentada, infiltradas e ulceradas, principalmente nas regiões das vias digestivas superiores (base da língua, faringe, esôfago e rúmen). Tratamento: Não há tratamento específico. 18 Figura 8. Pteridium aquilinum Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000. 7.7. Lantana camara Família: Verbenaceae. Nomes vulgares: “camará”, “chumbinho”, “bem-me-quer” e “mal-me-quer”. Características Gerais: A planta é arbustiva, de distribuição cosmopolita, encontrada do Amazonas ao Rio Grande do Sul. O caule e os ramos têm pequenos espinhos. Suas folhas são opostas e ovais, de aspecto áspero-rugoso. As flores na mesma inflorescência são amarelas, alaranjadas, vermelhas e rosas. Os frutos são redondos, lisos e brilhantes. As infrutescências são densas, de coloração roxa escura ou preta (o que a confere o nome vulgar de “chumbinho”). 19 Princípio tóxico: Triterpenos: Lantadeno A e B Sinais clínicos: Anorexia, diminuição dos movimentos ruminais, fotossensibilização das partes despigmentadas da pele, coceira intensa, inquietação, icterícia (amarelamento das mucosas), urina de coloração amarelo escuro a marrom e fezes endurecidas e em pequenas quantidades. Tratamento: Usar purgantes e carvão ativado. Os animais devem ser mantidos à sombra e com água à vontade. Figura 9. Lantana camara Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000. 20 7.8. Enterolobium contorsiliquum Família: Mimosoideae Nomes vulgares: “timbaúba”, “tamboril-da-mata” e “orelha-demacaco”. Características Gerais: Possui distribuição desde o Pará até o Rio Grande do Sul. Habita principalmente as terras férteis de Minas Gerais. A planta é arbórea, de tronco curto e grosso e com casca. A copa é esgalhada e com folhas alternadas. Os frutos têm forma de vagem recurvada com borda ondulada e preta, semelhante a “orelha-de-macaco”. Princípio tóxico: Saponina esteroidal (presente nas vagens) Sinais clínicos: Ausência de apetite, fadiga, diarreia escura e fétida, desidratação (retração do globo ocular), culminando com a morte dos animais. Tratamento: Não há tratamento específico. Somente paliativo. 21 Figura 10. Enterolobium contorsiliquum Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000. 7.9. Crotalaria anagryroides Família: Papilionoideae Nomes vulgares: “xique-xique”, “guizo-de-cascavél” e “chocalho-de-cascavél”. Características Gerais: A planta tem ampla dispersão, sendo encontrada principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste. É herbácea e tem aproximadamente 50 centímetros de altura. Possui inflorescência terminal com flores amarelas e frutos em forma de vagem, que quando secos ficam com aparência de chocalho. 22 Princípio tóxico: Alcaloides pirrolizidinicos. Sinais clínicos: Os animais apresentam anorexia, emagrecimento e sintomas nervosos de excitação e depressão. Tratamento: Não há tratamento específico. Figura 11. Crotalaria anagryroides Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000. 23 7.10. Asclepias curassavica Família: Asclepiadaceae Nomes vulgares: “oficial-de-sala”, “capitão-de-sala”, “leiteira”, “paina-de-sapo” Características Gerais: Possui distribuição por todo o país. Seu habitat são as terras férteis. A planta é anual, herbácea e lactífera. As folhas são opostas-cruzadas, lanceoladas, com a base e o ápice “afilados”. Sua inflorescência é apical, axiliar, com flores alaranjadas e vermelhas. Seus frutos são fusiformes e lisos, e as sementes são achatadas, de coloração castanha, com pelos longos e sedosos. Não é muito palatável, não é consumida naturalmente pelo gado, geralmente é ingerida acidentalmente junto com a forrageira. São mais consumidas pelos bezerros por crescer nos lugares mais baixos e mais férteis, normalmente próximo aos currais e bezerreiros. Princípio tóxico: Glicosídeo. Sinais clínicos: Anorexia, diarreia líquida ou pastosa, às vezes com muco. Timpanismo, edema submandibular, arritmia cardíaca. O quadro pode ter evolução aguda ou subaguda. Tratamento: Não há tratamento específico. 24 Figura 12. Asclepias curassavica Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000. 8. Conclusão As plantas tóxicas causam grandes prejuízos. Podem afetar a saúde dos humanos e comprometer a produtividade dos rebanhos, provocando mortes e diminuição de crescimento. É de grande importância identificar as plantas tóxicas invasoras das pastagens. Observar a biologia da planta e identificar os métodos ecológicos de reduzir sua presença nas pastagens. Dessa forma, adotar procedimentos e manejos de prevenção das intoxicações. Na maioria dos casos de intoxicação por plantas os tratamentos são emergenciais e paliativos. A resposta aos tratamentos depende da vitalidade do animal, da intensidade da intoxicação e da planta. Na Medicina Veterinária Homeopática há a recomendação geral de desintoxicar com Nux vomica 4CH, doses de 10 a 20 gotas, repetidas a cada 60-120 minutos, tão logo haja sinais de intoxicação. Pingar diretamente na língua. 25 9. Referências ALBUQUERQUE, J.M. Plantas tóxicas: no jardim e no campo, Belém: FCAP, 1980. BERTINATO, A.E. Plantas tóxicas no planalto mineiro. O Ruralista, Belo Horizonte, v. 17, p. 284-289, out. 1979. CARVALHO, G. D. Principais plantas tóxicas causadoras de morte súbita em bovinos na região sul do estado do Espírito Santo. 64f. Monografia (Graduação). Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre-ES, 2005. CARVALHO, G. D. Plantas Tóxicas Causadoras de Morte Súbita em Bovinos no Espírito Santo. 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Viviane Modesto Arruda UEMG – Unidade Ubá – MG – Telefone: (32) 35322459 e-mail: [email protected] 27 CADERNO SOBRE Plantas Tóxicas Principais Plantas Tóxicas Causadoras de Morte Súbita em Bovinos ♦ – Texto informativo distribuído gratuitamente entre participantes dos eventos sobre: Qualidade de Vida, Plantas Medicinais, Homeopatia, Agricultura Orgânica, Agroecologia, Trabalhos Comunitários, Família Agrícola, Educação Rural, Terapêuticas Tradicionais e Terapias Naturais, promovidos pela Universidade Federal de Viçosa. ♦ – Texto distribuído a Escolas Rurais, Escolas Família Agrícola e Voluntárias das Pastorais que acessam as pessoas demandantes de qualidade de vida. ♦ – Programa de Extensão da Universidade Federal de Viçosa/ DFT – “Divulgação das Plantas Medicinais, da Homeopatia e da Produção de Alimentos Orgânicos”. – Projeto – “Partilha de Conhecimentos sobre Plantas Medicinais e Terapêuticas Tradicionais”. Pedidos (distribuição gratuita): Vicente W. D. Casali Universidade Federal de Viçosa/Fitotecnia Viçosa-MG CEP: 36570-000 Tel: (31) 3899-2613 Fax: (31) 3899-2614 e-mail: [email protected] Ao pedir, informar: nome e endereço completos, cidade, CEP, perfil (voluntária da pastoral, terapeuta, estudante, professor(a), agricultor(a), empresário(a) ou outra atividade). 28