CADERNO SOBRE
Plantas Tóxicas
Principais Plantas Tóxicas Causadoras de
Morte Súbita em Bovinos
ORGANIZADORES
Prof. Gabriel Domingos Carvalho
(Médico Veterinário – Professor do IFNMG – Campus Salinas – MG)
Profa. Viviane Modesto Arruda
(Engenheira Agrônoma – Professora UEMG – Ubá – MG)
2011
CADERNO SOBRE
Plantas Tóxicas
Principais Plantas Tóxicas Causadoras de Morte Súbita em
Bovinos
ORGANIZADORES
Prof. Gabriel Domingos Carvalho
(Médico Veterinário – Professor do IFNMG – Campus Salinas – MG)
Profa. Viviane Modesto Arruda
(Engenheira Agrônoma – Professora UEMG – Ubá – MG)
Assessoria Técnica: Isabella Cristina Gomes Honorio
Iná Lima Reis
Filipe Pereira Giardini Bonfim
Adalgisa de Jesus Pereira
Daniela Boanares de Souza
Esta publicação é parte do Programa de Extensão
“Divulgação das Plantas Medicinais, da Homeopatia e da
Produção de Alimentos Orgânicos”.
Projeto – “Partilha de Conhecimentos sobre Plantas Medicinais
e Terapêuticas Tradicionais”.
Universidade Federal de Viçosa/Departamento de Fitotecnia
Patrocínio: CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico)
Projeto 558358/2009-8: – “Ensino e Partilha de
Experiências em Plantas Medicinais, Homeopatia
e Produção de Alimentos Orgânicos”
1a edição – Tiragem 3.000 exemplares
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SUMÁRIO
Pág.
1. Introdução………………………………......................
2. O que são plantas tóxicas?.............................................
3. Condições em que ocorrem as intoxicações...................
4. Medidas de controle e de prevenção das intoxicações...
5. Diagnose e prevenção....................................................
6. Importância na saúde pública.........................................
7. Principais plantas tóxicas causadoras de morte súbita
em bovinos.....................................................................
7.1. Palicourea marcgravii……………........................
7.2. Mascagnia rigida……………................................
7.3. Tetrapterys acutifolia..............................................
7.4. Ricinus communis...................................................
7.5. Cestrum laevigatum................................................
7.6. Pteridium aquilinum...............................................
7.7. Lantana camara......................................................
7.8. Enterolobium contorsiliquum..................................
7.9. Crotalaria anagryroides..........................................
7.10. Asclepias curassavica...........................................
8. Conclusão.......................................................................
9. Referências.....................................................................
10. Contato com os organizadores.....................................
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“Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não
seja veneno. Somente a dose correta diferencia o veneno do
remédio.”
Paracelso (Médico e Alquimista do Século XV)
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1. Introdução
No Brasil é muito frequente a ocorrência de morte súbita
em bovinos causada pela ingestão de plantas tóxicas. Geralmente essas mortes repentinas se manifestam sem sinais clínicos prévios e sem evidências visíveis significativas.
As intoxicações por plantas em animais de produção são
conhecidas desde que os pioneiros portugueses e espanhóis introduziram o gado nas pastagens naturais brasileiras. Segundo
Riet-Correa et al. (1993) as perdas econômicas ocasionadas pelas intoxicações por plantas podem ser diretas ou indiretas. As
perdas diretas são causadas pelas mortes de animais, diminuição
dos índices reprodutivos (abortos, infertilidade, malformações),
redução da produtividade nos animais sobreviventes, diminuição
da produção de carne e leite, doenças transitórias e enfermidades
subclínicas provocadas pela depressão imunogênica. As perdas
indiretas são os custos do controle dessas plantas tóxicas nas
pastagens, as medidas de manejo que evitem as intoxicações
(como a utilização de cercas e o pastoreio alternativo), a redução
do valor da forragem devido ao atraso na sua utilização, a redução do valor da terra, a compra de bovinos que substituam os
animais mortos, os gastos com o diagnóstico das intoxicações e
o tratamento dos animais afetados.
Algumas mortes nos rebanhos bovinos são atribuídas a doenças, como carbúnculo hemático, ou confundidas com picadas
de serpentes venenosas, quando o verdadeiro motivo é a ingestão de plantas tóxicas pelos animais. No Brasil, as causas mais
frequentes de mortes súbitas são as intoxicações por plantas. Há
dificuldade na diagnose das intoxicações, bem como há falta de
registros do número de óbitos. Ainda há crendices muito presentes na cultura regional. Neste caderno constam as principais
plantas causadoras de morte súbita em bovinos na região da
Zona da Mata de Minas Gerais e do Estado do Espírito Santo.
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Figura 1. Ilustração de um bovino acometido por morte súbita.
Fonte: Humanities Development Library (www.greenstone.org)
2. O que são plantas tóxicas?
As plantas tóxicas quando ingeridas ou em contato com
animais, produzem danos à saúde ou causam a morte. A ação
nociva é consequência do vegetal em seu estado natural.
O número de vegetais superiores é estimado em 250 mil
espécies. Muitas dessas espécies produzem substâncias capazes
de exercer ação tóxica sobre os organismos vivos. Levando em
consideração a grande diversidade do Reino Vegetal,
particularmente nas regiões tropicais, é válido ressaltar que
muitas plantas são completamente desconhecidas quanto ao
potencial de causar intoxicações, sendo o número de plantas
potencialmente tóxicas muito elevado. Atualmente é desconhecido o princípio ativo de pelo menos, 32 das 88 espécies tóxicas
descritas no Brasil.
O conceito de substância tóxica é bastante relativo, pois
depende da dosagem e do animal. Há substâncias muito tóxicas
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que em doses mínimas são remédios. A toxidez vegetal pode ser
resultante da ação de algum composto específico ou da ação de
compostos químicos associados. As substâncias tóxicas das
plantas podem estar limitadas as estações do ano, a específicas
condições ambientais, ou ainda a variedades da planta.
3. Condições em que ocorrem as intoxicações
Tem sido observado que os animais geralmente ingerem
plantas tóxicas quando têm acesso a áreas de mata nativa, ou a
áreas próximas de matas nativas. Algumas plantas tóxicas
lançam ramos ou sementes, dispersando nos pastos próximos às
matas nativas.
As intoxicações por plantas ocorrem em qualquer época
do ano sendo agravadas na época da seca ou após queimadas,
quando a falta de pastos condiciona os animais a ingerirem
outras plantas.
4. Medidas de controle e de prevenção das
intoxicações
A maioria das plantas tóxicas é consumida em função da
escassez de pasto e do deslocamento de animais famintos para
pastagens com plantas tóxicas. Portanto, as pastagens de boa
qualidade na época seca devem suprir as necessidades dos
bovinos. Deve-se também evitar a superlotação de modo que os
animais não passem fome e reduzam a busca por outras fontes
de alimentação.
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A erradicação das plantas tóxicas, principalmente aquelas
mais palatáveis ou atrativas deve ser feita periodicamente. Áreas
de difícil controle ou erradicação devem ser cercadas mantendo
os animais sem acesso a essas pastagens.
A eliminação das espécies tóxicas pode ser feita pela
utilização de métodos mecânicos de controle, como a roçada
manual ou a capinação. Esse método não é 100% eficiente, por
eliminar apenas a parte aérea das plantas e manter o sistema
radicular. Normalmente ocorre o rebrote e o consequente retorno
do problema. A parte aérea cortada deve ser retirada da
pastagem, visando evitar a ingestão pelo gado.
5. Diagnose e prevenção
Não estão disponíveis tratamentos terapêuticos específicos
e comprovadamente eficazes na maioria dos casos de intoxicações por plantas.
O único meio atualmente disponível de evitar mortes dos
animais por plantas é a diagnose mais precisa dos casos de
intoxicação e a prevenção. A diagnose deve ser complementada
com a identificação correta da planta. Fazer o histórico de cada
caso de intoxicação. Também é muito importante verificar os
sinais de intoxicação animal. Observar marcas de pegadas ao
redor da planta, folhas comidas, plantas pisoteadas, e até mesmo
ossada de animais mortos nas proximidades das plantas tóxicas.
Sempre que possível solicitar ao Médico Veterinário que
realize o exame necroscópico dos animais mortos, e que observe
o conteúdo gastrintestinal até constatar localmente a presença da
planta tóxica.
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Figura 2. Indícios de intoxicação: sinais apresentados pelo
cadáver; presença da planta tóxica e ossadas próximas à planta.
Fonte: Carvalho, 2005.
6. Importância na saúde pública
Os seres humanos podem se intoxicar indiretamente por
meio da ingestão de carne e do leite de animais intoxicados. E
também por meio do mel oriundo de plantas tóxicas. Não é
recomendada a ingestão de carne de animais que foram
intoxicados por plantas. Os animais em lactação intoxicados não
devem ser ordenhados até que voltem ao normal.
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7. Principais plantas tóxicas causadoras de
morte súbita em bovinos
7.1. Palicourea marcgravii
Família: Rubiaceae
Nomes vulgares: “erva-de-rato”, “cafezinho”, “vick”, “roxa”,
“roxinha” e “roxona".
Características Gerais:
É a planta tóxica mais importante no Brasil. Possui
ampla distribuição geográfica (só não ocorre no extremo
sul do país e no sertão nordestino). É difícil a erradicação. É arbustiva, com folhas opostas e pecioladas. Suas
folhas têm cheiro de salicilato de metila (“vick”). É muito palatável.
Princípio Tóxico:
Ácido monofluoroacético. Monofluoroacetato de sódio.
Sinais Clínicos:
Arritmia cardíaca, andar cambaleante, paraplegia, convulsões, dispneia, prostração, pulso venoso positivo. A
morte súbita pode ocorrer 7 a 14 horas após a ingestão.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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Figura 3. Palicourea marcgravii
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
7.2. Mascagnia rigida
Família: Malpighiaceae
Nomes vulgares: “tingüi”, “timbó”, “pela-bucho” e “quebrabucho” (BA); “salsa rosa” e “rama-amarela”
(MG); “suma-branca” e “suma-roxa” (ES).
Características Gerais:
É encontrada em todo o Nordeste do Brasil e em Minas
Gerais e Espírito Santo. É planta do agreste e do sertão,
porém ocorre em locais mais frescos como campos, capoeiras e matas. A planta é tipo cipó arbustivo. Apresenta
boa palatabilidade. Possui folhas atrativas flores amarelas (inflorescência) e frutos alados de coloração castanha.
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Princípio tóxico:
Saponina. Glicosídeo Digitálico.
Sinais clínicos:
Anorexia, depressão, andar cambaleante e quedas repentinas. Animal deitado com movimentos desordenados,
tremores musculares, “movimentos de pedalagem”. Pulso venoso positivo. Mugido forte, respiração espaçada ou
forçada. A morte súbita ocorre entre 24 e 48 horas após a
ingestão da planta. Em alguns casos, pode ocorrer de 1 a
18 minutos após o início dos sintomas.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
Figura 4. Mascagnia rígida
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
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7.3. Tetrapterys acutifolia
Família: Malpighiaceae
Nomes vulgares: “cipó-ruão” e “cipó-preto” (MG).
Características Gerais:
A planta é restrita à região Sudeste do Brasil. Cresce na
forma de cipó ou de arbusto (pseudo-arbusto ou
enroladeira). Planta atrativa com folha de coloração verde bem evidente e inflorescência tipo panícula, com flores amarelas. O fruto tem coloração marrom-avermelhada. As intoxicações são comuns na época da seca (agosto
a outubro). O adoecimento varia de 6 a 28%, com letalidade próxima a 100%.
Princípio tóxico:
Desconhecido.
Sinais clínicos:
Os sinais de intoxicação estão relacionados à insuficiência cardíaca: veia jugular ingurgitada, pulso venoso positivo, edema da região da barbela, arritmia cardíaca,
edema esternal (peito inchado), dificuldade de locomoção, fraqueza e anorexia, tremores musculares, fezes ressequidas. Pode ainda ocorrer aborto ou nascimento de
bezerro muito fraco que logo morre. A evolução é de subaguda a crônica. Pode ocorrer a morte súbita quando
animal é forçado a se movimentar.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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Figura 5. Tetrapterys acutifolia.
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
7.4. Ricinus communis
Família: Euphorbiaceae
Nomes vulgares: “mamona”, “carrapateira”, “rícino”,
“mamoeira” e “palma-de-cristo”.
Características Gerais:
Distribuída por todo o país. A planta é perene, arbustiva,
de caule ramificado, com folhas grandes e com margens
serreadas, frutos com cápsula espinhosa e sementes lisas
e brilhantes.
Princípio tóxico:
•
Ricina: presente nas sementes. Causa distúrbios
digestórios.
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•
Ricinina (alcaloide): presente nas folhas e no
pericarpo. Causa distúrbios nervosos.
Sinais clínicos:
1. Quadro Digestório: anorexia, cólica, vômitos, diarreia
catarral a hemorrágica, falência cardíaca, hipotensão e
choque hipovolêmico.
 Quadro Nervoso: desequilíbrio, dificuldade ao deitar,
tremores musculares, sialorreia (hipersalivação) e
movimentos de mastigação excessivos.
Tratamento:
Não há tratamento específico, somente paliativo visando
controlar os sinais clínicos manifestados.
Profilaxia:
Evitar o pastejo em áreas infestadas. A torta de mamona
usada na alimentação deve estar detoxicada.
Figura 6. Ricinus communis.
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
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7.5. Cestrum laevigatum
Família: Solanaceae
Nomes vulgares: “coerana”, “baúna” e “dama da noite”.
Características Gerais:
Dispersa nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
A planta é arbustiva e pode ter até 3 metros de altura. As
folhas são pecioladas e alternadas, o fruto é ovoide, quase preto quando maduro. Não possui boa palatabilidade,
mas depois de murcha se torna mais palatável.
Princípio tóxico:
Saponina: Cestrumida (substância amarga).
Não há perda de toxicidade pela secagem.
Sinais clínicos:
Apatia, anorexia, parada ruminal, “dorso arquejado”, fezes ressequidas, podendo ter estrias de sangue. Desequilíbrio, tremores musculares, andar cambaleante, ranger
de dentes, sialorreia (hipersalivação), retração do globo
ocular, hipotermia. O quadro clínico tem evolução aguda,
4 a 24 horas, e culmina com a morte do animal.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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Figura 7. Cestrum laevigatum
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
7.6. Pteridium aquilinum
Família: Polypodiaceae
Nomes vulgares: “samambaia” e “samambaia do campo”.
Características Gerais:
A planta é cosmopolita, sendo encontrada principalmente
nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Habita regiões
frias e chuvosas, com solos de pH ácido e bem drenados
(preferencialmente em encostas de morro). A planta é
rasteira, rizomatosa, forma touceiras densas. As folhas
são grandes, e podem atingir 1,80 metros ou pouco mais.
No controle, deve-se arrancar as plantas, arar o solo e
fazer a calagem.
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Princípio tóxico:
1. Glicosídeo ptaquilosídeo: é tóxico aos ruminantes
(principalmente bovinos). Possui efeito cancerígeno
acumulativo. È transmitido pelo leite e não é inativado pelo processo de pasteurização.
2. Tiaminase: é tóxica aos monogástricos (principalmente equinos). Causa deficiência de Tiamina (Vitamina B1).
Sinais Clínicos:
O quadro clínico-patológico em bovinos pode ser
dividido em três: síndrome hemorrágica aguda (diátese
hemorrágica – hemorragia de pele), hematúria enzoótica
(sangue na urina) e carcinomas das vias digestórias
superiores (base da língua, faringe, esôfago e rúmen).
Hemorragia de pele
Ocorre em bovinos jovens e adultos que ingerem mais de
10 gramas da planta por quilo de peso vivo do animal
(10 gramas da planta/kg animal). Tem alta letalidade. A
hemorragia de pele é acompanhada de hipertermia
acentuada. Durante a necropsia podem ser observadas
hemorragias em todos os órgãos e tecidos, úlceras nas
mucosas e sangue coagulado no intestino.
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Sangue na Urina
Este quadro tem evolução crônica quando os animais
ingerem menos de 10 gramas da planta por quilo de peso
vivo do animal por ano (10 g da planta/kg animal/ano). A
hematúria (sangue na urina) é intermitente, acompanhada
de anemia, emagrecimento e incontinência urinária.
Babesiose (Piroplasmose, “Febre do Carrapato”, Tristeza
Parasitária Bovina). Durante a necropsia observa-se a
presença de nódulos na bexiga, com o aspecto de couveflor, de coloração amarelada ou avermelhada.
Carcinomas das vias digestórias superiores
Este quadro tem evolução crônica, se houver a ingestão
de doses menores e por tempo mais prolongado. Esse
quadro é conhecido pelos nomes vulgares de “Caraguatá”, “Figueira-da-Goela” e “Favo”. O carcinoma geralmente está associado ao Vírus do Papiloma Bovino
(BPV-2) e a letalidade é 100%. Os sinais clínicos são:
hematúria intermitente, anemia, emagrecimento progressivo, incontinência urinária, dificuldade de deglutir, regurgitação do alimento e dificuldade de respirar. Deve-se
fazer diagnóstico diferencial com Babesiose (Piroplasmose, “Febre do Carrapato”, Tristeza Parasitária
Bovina), Actinobacilose (“língua-de-pau”) e Tuberculose. Durante a necropsia observa-se diversos nódulos neoplásicos, de coloração amarelo-acinzentada, infiltradas e
ulceradas, principalmente nas regiões das vias digestivas
superiores (base da língua, faringe, esôfago e rúmen).
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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Figura 8. Pteridium aquilinum
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
7.7. Lantana camara
Família: Verbenaceae.
Nomes vulgares: “camará”, “chumbinho”, “bem-me-quer” e
“mal-me-quer”.
Características Gerais:
A planta é arbustiva, de distribuição cosmopolita,
encontrada do Amazonas ao Rio Grande do Sul. O caule
e os ramos têm pequenos espinhos. Suas folhas são
opostas e ovais, de aspecto áspero-rugoso. As flores na
mesma inflorescência são amarelas, alaranjadas,
vermelhas e rosas. Os frutos são redondos, lisos e
brilhantes. As infrutescências são densas, de coloração
roxa escura ou preta (o que a confere o nome vulgar de
“chumbinho”).
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Princípio tóxico:
Triterpenos: Lantadeno A e B
Sinais clínicos:
Anorexia, diminuição dos movimentos ruminais,
fotossensibilização das partes despigmentadas da pele,
coceira intensa, inquietação, icterícia (amarelamento das
mucosas), urina de coloração amarelo escuro a marrom e
fezes endurecidas e em pequenas quantidades.
Tratamento:
Usar purgantes e carvão ativado. Os animais devem ser
mantidos à sombra e com água à vontade.
Figura 9. Lantana camara
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
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7.8. Enterolobium contorsiliquum
Família: Mimosoideae
Nomes vulgares: “timbaúba”, “tamboril-da-mata” e “orelha-demacaco”.
Características Gerais:
Possui distribuição desde o Pará até o Rio Grande do
Sul. Habita principalmente as terras férteis de Minas
Gerais. A planta é arbórea, de tronco curto e grosso e
com casca. A copa é esgalhada e com folhas alternadas.
Os frutos têm forma de vagem recurvada com borda
ondulada e preta, semelhante a “orelha-de-macaco”.
Princípio tóxico:
Saponina esteroidal (presente nas vagens)
Sinais clínicos:
Ausência de apetite, fadiga, diarreia escura e fétida,
desidratação (retração do globo ocular), culminando com
a morte dos animais.
Tratamento:
Não há tratamento específico. Somente paliativo.
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Figura 10. Enterolobium contorsiliquum
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
7.9. Crotalaria anagryroides
Família: Papilionoideae
Nomes vulgares: “xique-xique”, “guizo-de-cascavél” e
“chocalho-de-cascavél”.
Características Gerais:
A planta tem ampla dispersão, sendo encontrada
principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste. É
herbácea e tem aproximadamente 50 centímetros de
altura. Possui inflorescência terminal com flores
amarelas e frutos em forma de vagem, que quando secos
ficam com aparência de chocalho.
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Princípio tóxico:
Alcaloides pirrolizidinicos.
Sinais clínicos:
Os animais apresentam anorexia, emagrecimento e
sintomas nervosos de excitação e depressão.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
Figura 11. Crotalaria anagryroides
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
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7.10. Asclepias curassavica
Família: Asclepiadaceae
Nomes vulgares: “oficial-de-sala”, “capitão-de-sala”, “leiteira”,
“paina-de-sapo”
Características Gerais:
Possui distribuição por todo o país. Seu habitat são as
terras férteis. A planta é anual, herbácea e lactífera. As
folhas são opostas-cruzadas, lanceoladas, com a base e o
ápice “afilados”. Sua inflorescência é apical, axiliar, com
flores alaranjadas e vermelhas. Seus frutos são fusiformes e lisos, e as sementes são achatadas, de coloração
castanha, com pelos longos e sedosos. Não é muito palatável, não é consumida naturalmente pelo gado, geralmente é ingerida acidentalmente junto com a forrageira.
São mais consumidas pelos bezerros por crescer nos lugares mais baixos e mais férteis, normalmente próximo
aos currais e bezerreiros.
Princípio tóxico:
Glicosídeo.
Sinais clínicos:
Anorexia, diarreia líquida ou pastosa, às vezes com
muco. Timpanismo, edema submandibular, arritmia
cardíaca. O quadro pode ter evolução aguda ou
subaguda.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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Figura 12. Asclepias curassavica
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
8. Conclusão
As plantas tóxicas causam grandes prejuízos. Podem afetar
a saúde dos humanos e comprometer a produtividade dos rebanhos, provocando mortes e diminuição de crescimento.
É de grande importância identificar as plantas tóxicas invasoras das pastagens. Observar a biologia da planta e identificar os métodos ecológicos de reduzir sua presença nas pastagens. Dessa forma, adotar procedimentos e manejos de prevenção das intoxicações.
Na maioria dos casos de intoxicação por plantas os tratamentos são emergenciais e paliativos. A resposta aos tratamentos
depende da vitalidade do animal, da intensidade da intoxicação e
da planta.
Na Medicina Veterinária Homeopática há a recomendação
geral de desintoxicar com Nux vomica 4CH, doses de 10 a 20
gotas, repetidas a cada 60-120 minutos, tão logo haja sinais de
intoxicação. Pingar diretamente na língua.
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9. Referências
ALBUQUERQUE, J.M. Plantas tóxicas: no jardim e no
campo, Belém: FCAP, 1980.
BERTINATO, A.E. Plantas tóxicas no planalto mineiro. O
Ruralista, Belo Horizonte, v. 17, p. 284-289, out. 1979.
CARVALHO, G. D. Principais plantas tóxicas
causadoras de morte súbita em bovinos na região sul do
estado do Espírito Santo. 64f. Monografia (Graduação).
Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre-ES, 2005.
CARVALHO, G. D. Plantas Tóxicas Causadoras de Morte
Súbita em Bovinos no Espírito Santo. Jornal do Conselho
Regional de Medicina Veterinária do Espírito Santo –
CRMV-ES, Vitória-ES, v. 2, p. 07, dez. 2006.
HOEHNE, F. C. Plantas e substâncias vegetais tóxicas e
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KISSMANN, K. G.; GROTH, D. Plantas infestantes e
nocivas. Tomo III – 2ª ed. São Paulo: BASF, 2000.
MELO, C.A. Plantas tóxicas: grave problema para o
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RIZZINI, C. T.; MORS, W. B. Botânica econômica
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RIET-CORREA, F.; MENDEZ, M. C.; SCHILD, A. L.
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Veterinária Brasileira, Seropédica, v. 21, p. 38-42, 2000.
26
RIET-CORREA, F.; SCHILD, A. L.; MENDEZ, M. C.;
LEMOS, R. A. A. Doenças de ruminantes e eqüinos. Vol. 2.
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SANTOS, H. L.; FERRI, M. B.; D’ASSUMPÇÃO, W. R.
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SCHVARTSMAN, S. Plantas Venenosas e Animais
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Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5ª ed. Porto
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TOKARNIA, C. H.; DÖBEREINER, J.; PEIXOTO, P. V.
Plantas tóxicas do Brasil. Rio de Janeiro: Helianthus, 2000.
10. Contato com os Organizadores
Prof. Gabriel Domingos Carvalho
IFNMG – Campus Salinas – MG – Telefone: (38) 32013050
e-mail: [email protected]
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Principais Plantas Tóxicas Causadoras de Morte Súbita em
Bovinos
♦ – Texto informativo distribuído gratuitamente entre participantes dos eventos sobre: Qualidade de Vida, Plantas Medicinais,
Homeopatia, Agricultura Orgânica, Agroecologia, Trabalhos Comunitários, Família Agrícola, Educação Rural, Terapêuticas Tradicionais e Terapias Naturais, promovidos pela Universidade Federal de Viçosa.
♦ – Texto distribuído a Escolas Rurais, Escolas Família Agrícola
e Voluntárias das Pastorais que acessam as pessoas demandantes
de qualidade de vida.
♦ – Programa de Extensão da Universidade Federal de Viçosa/
DFT – “Divulgação das Plantas Medicinais, da Homeopatia e da
Produção de Alimentos Orgânicos”. – Projeto – “Partilha de Conhecimentos sobre Plantas Medicinais e Terapêuticas Tradicionais”.
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