9º Ano – Artes – 2º bimestre GRAFITAGEM VERSUS PICHAÇÃO Michelangelo, Picasso, Di Cavalcanti, Zé Carratu, Rui Amaral e Oséas Duarte. O que esses nomes têm em comum? São todos artistas. No entanto, a arte dos três últimos se manifesta de uma forma muito distinta das pinturas em quadros dos primeiros. Eles trabalham através do grafite, fazendo de muros de concreto seus cavaletes e denunciando as mazelas sociais e os preconceitos sofridos pelos excluídos. A arte do grafite é hoje uma das mais fortes expressões culturais das grandes cidades. No Brasil, São Paulo concentra um verdadeiro berçário desses artesões incomuns. Ainda assim, existe um ar de desdém do grande público diante do grafite, que o liga diretamente à pichação — este sim, um ato criminoso. Com o surgimento do movimento Hip Hop no final da década de 60, o grafite apareceu como forma de expressão das classes marginalizadas. O grafite já foi classificado como pichação, já que as duas coisas tinham essencialmente a mesma idéia: enfeitar (ou “enfeitar”) muros se utilizando de tintas de spray. A diferença entre pichação e grafite está tanto nos fins quanto nos meios: os pichadores fazem agressão ao patrimônio, sem a autorização dos proprietários das áreas utilizadas e não há em seus trabalhos uma manifestação de técnicas reconhecíveis de pintura. Os grafiteiros, por sua vez, expressam sua forma de ver o mundo através da pintura, usando várias técnicas de pintura que se desenvolveram com o tempo. Dentre elas, destacam-se o “Grafite Hip Hop” — que usa letras e personagens caricatas em seus desenhos, preferindo a tinta spray - e o “Grafite Acadêmico” — que utiliza técnicas dos murais e a tinta látex. Esta última é composta por alunos de escolas de arte que não possuem nenhum vínculo com o movimento Hip Hop. Infelizmente, as áreas pichadas superam as que apresentam a presença da cultura Hip Hop. Há pichações em muros, paredes, monumentos e patrimônio público. Apesar do alto índice de vandalismo, a população afetada não registra queixas junto ao órgão de polícia. Em meio a esse cenário de depredação, a presença de áreas grafitadas na cidade vem se expandindo aos poucos. Em algumas praças e muros de escolas, já estão presentes obras que usam o grafite para ornar a paisagem. O Dia Nacional do Grafite (27/05) foi instituído em homenagem ao grafiteiro etíope naturalizado brasileiro, Alex Vallauri, que morreu no mesmo dia, em 1993. O grafite é uma das três vertentes do movimento hip-hop, que engloba as artes visuais (o próprio grafite), a dança (break) e a música (DJs e MCs). • Pichação e a Grafitagem na óptica do direito penal: Delito de dano ou crime ambiental? A crescente onda de pichações e Grafitagem tem afetado a vida de milhares de cidadãos das metrópoles brasileiras. Em face desta grave problemática, o código penal brasileiro prevê punições a tais condutas. A lei prevê pena de três meses até um ano de detenção e multa nos casos de pichação de edificações. Entretanto, quem não tem antecedentes criminais - em geral - tem a pena convertida em serviço comunitário, pagamento de cestas básicas ou até mesmo a recuperação do bem danificado. TATUAGEM Há mais de 3500 anos atrás, a tatuagem já existia como forma de expressão da personalidade ou de indivíduos de uma mesma comunidade tribal (união de pessoas com as mesmas características sociais e religiosas). Os primitivos se tatuavam para marcar os fatos da vida biológica: nascimento, puberdade, reprodução e morte. Depois, para relatar os fatos da vida social: virar guerreiro, sacerdote ou rei; casar-se, celebrar a vida, identificar os prisioneiros, pedir proteção ao imponderável, garantir a vida do espírito durante e depois do corpo. Na era Cristã, na clandestinidade, sob o jugo do poder pagão, os primeiros cristãos se reconheciam por uma série de sinais tatuados, com cruzes, as letras IHS, o peixe, as letras gregas. Na era moderna, a tatuagem passou por vários anos de marginalidade. Ela retorna a ser questão de relevância em nossa sociedade quando surge em artistas de música, cinema e em pessoas comuns. Deixando de ser um símbolo de marginalidade, e sim uma forma de expressão individual de arte e estética do corpo, a tatuagem não é mais tosca como as de cadeias, e sim um desenho de traços mais finos e cores variadas. No Brasil, o precursor da tatuagem moderna foi um cidadão dinamarquês chamado Knud Harald Lucky Gegersen, conhecido popularmente como Lucky, ou Mr. Tattoo. Chegando por aqui em 1959, Lucky se estabeleceu em Santos-SP, utilizando seu talento e suas técnicas de desenhista e pintor profissional. Lucky teve uma participação real no mundo da tatuagem brasileira. Os tatuadores chegam a dizer que por mais imperfeita que seja a tatuagem de Lucky, ela vale muito, pois foi graças ao dinamarquês que o Brasil entrou no mapa da tatuagem moderna. Lucky foi notícia em vários jornais, e em 1975 o jornal O Globo o considerou o único tatuador profissional da América do Sul, sendo sua morte noticiada no Jornal ‘A Tribuna” de Santos do dia 18 de dezembro de 1983. Por um bom tempo Lucky continuou sendo o único, até que começaram a aparecer, aos poucos, os seus seguidores, que herdaram dele as técnicas e a arte de fazer tatuagem. Apesar de toda sua história, o conceito de origem independente se adequa a tatuagem, pois ela foi inventada várias vezes, em diferentes momentos e partes do Mundo, em todos os continentes, com maior ou menor variação de propósitos, técnicas e resultados. • Os tipos de tatuagem • Tradicional (tatuagem de marinheiro): são aqueles desenhos tradicionais, como uma âncora ou uma gaivota, aliás, os marinheiros foram os grandes divulgadores da tatuagem pelo mundo. • Sumi: técnica oriental que utiliza bambu em vez de agulha. Geralmente os desenhos são ricos em detalhes. • Realista: desenhos que imitam o mundo real, como mulheres, pássaros e personalidades. • Estilizada: como o próprio nome já diz, são desenhos estilizados. • Alto relevo: muito difundida entre os índios. A pele é dissecada formando desenhos com uma infinidade de cores, praticada principalmente por aborígenes, de origem africana. • Belfaro Pigmentação: a maquiagem definitiva, como delineador, batom, etc. • Celta: desenhos de origem celta com figuras entrelaçadas. Pode ser preta ou colorida. • Tribal: desenhos em preto ou coloridos com motivos tribais. Podem ser desenhos de tribos norteamericanas, haidas, maias, incas, astecas, geométricas ou abstratas. • Oriental: trabalhos grandes, geralmente de corpo inteiro, como um painel. Os desenhos são com motivos orientais, como samurais, gueixas e dragões. • Psicodélicas: trabalhos supercoloridos com desenhos totalmente senseless. • Religiosas: trabalhos com personagens bíblicos, como um santo, uma cruz, etc. • Bold line: desenhos das histórias em quadrinhos com traços bem largos e cores berrantes. • Branding: tatuagem marcada a ferro e fogo. • Como são feitas as tatuagens As tatuagens são feitas com pigmentos importados de origem mineral, principalmente, e com agulhas específicas para tatuar, sempre descartáveis e nunca reutilizadas (mesmo que seja na própria pessoa). As máquinas elétricas, preferencialmente, devem ter a ponteira de aço inox cirúrgico e/ou descartáveis, devem ser limpas por ultrassom e esterilizadas com estufa a uma temperatura igual ou superior à 170 º C por um período de pelo menos 3 horas. Os aparelhos de barbear utilizados para depilar o local da tatuagem não devem ser reaproveitados. O tatuador deve usar luvas e máscara para procedimentos, para evitar uma possível infecção ou até a contaminação por doenças como hepatite, AIDS, tuberculose, esporos patogênicos, bactérias e fungos. A limpeza do ambiente é fundamental afim de se evitar a contaminação cruzada. A arte é consequência de tudo que o tatuador aprendeu durante anos, este, deve ter pelo menos, a experiência de 5 anos.