Revista Digital Simonsen 32 Letras COMPETÊNCIA DE INTERPRETAÇÃO X CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO: UMA ANÁLISE SOBRE O PAPEL DO PROFESSOR E O PROCESSO DE INTERAÇÃO COM OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NO RIO DE JANEIRO. Por Terezinha Machado1 Ideias Chave: EJA, Linguagem, papel do professor E ste artigo tem como objetivo discutir ótica dos alunos, buscando refletir sobre o que as dificuldades do aluno da EJA os impedem de interpretar os textos com maior diante da mensagem dos textos facilidade. trabalhados em sala de aula. Discuto se a Algumas hipóteses para a dificuldade linguagem é ou não dificultada pela forma demonstrada como são escritos: realizo atualmente, uma interpretação de textos: seleção vocabular, pesquisa de campo na Escola Municipal Pio X, sintaxe, em turmas de sexto e sétimo anos do Ensino desconhecimento de termos técnicos, falta ou Fundamental deste segmento, onde estou colhendo dados para serem utilização alunos do de EJA na metáforas, excesso de imagens, entre outros. analisados posteriormente em publicação mais ampla, mas acredito que já posso apresentar aqui neste pequeno artigo alguns elementos que discuta a 1 pelos Minha pesquisa no Mestrado mostrou a análise de dados que configuraram o Perfil do Professor do Ensino Supletivo (atual EJA), Possui graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1976), graduação em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1970) e mestrado em Educacao pela Fundação Getúlio Vargas (1989). Atualmente é aluna do Doutorado em Língua Portuguesa pela UERJ, professora da Universidade Cândido Mendes e das Faculdades Integradas Simonsen. Revista Digital Simonsen 33 revelado pela categoria “linguagem”. Nela A situação da EJA é delicada, em relação comprovei, pela análise da fala dos integrantes ao insucesso dos alunos e acaba por marcar do processo ensino-aprendizagem da EJA, que também os professores, alguns colegas ainda havia uma rotulação que pesava sobre esta marginalizam este segmento do Ensino clientela. Grande parte dos entrevistados, de Fundamental. Muitas vezes senti isto na pele, acordo com material gravado e analisado, tinha como professora municipal, estadual e no setor uma ideia pré-concebida de que o aluno do privado, quando me perguntavam em que EJA, em sua maioria, não apresentava escolas lecionava, quando falava da escola condições Apontavam noturna, percebia um certo preconceito, como causas como: cansaço (pois a maioria se eu fosse menos preparada do que eles, trabalhava durante o dia e seguia para a escola apesar do concurso ser o mesmo e exigir noturna), fome (algumas escolas públicas não licenciatura plena. de aprendizagem. ofereciam merenda), sono (em virtude de Sobre a pesquisa realizada no terem que acordar muito cedo para ir ao Mestrado, apliquei alguns questionários em trabalho) turmas que lecionava para relativizar a fala dos e, sublinhavam um aparente desinteresse por parte dos alunos. Na verdade, entrevistados: cansaço, fome e sono são três situações que pedagógicos e diretores. Uma das questões levam a maioria das pessoas a aparentar professores, supervisores propostas era que o aluno apontasse que desinteresse. Havia outro complicador, grande disciplina lhe trazia mais dificuldade para parte dos professores também vinha de outra interpretar jornada de trabalho, chegando cansado, com Aproximadamente, fome e sono. Ou seja, professor e aluno da EJA Portuguesa como a mais difícil, seguida pela possuem algumas dificuldades em comum. disciplina A Educação de Jovens e Adultos é um os de textos 60% História. trabalhados. apontou Alguns Língua poucos apontaram Ciências e outros, Geografia. sonho que não quero abandonar, apesar de Existe uma diferença bem marcada na todas as dificuldades, há caminhos que ainda condição de comunicação do ser humano, não foram experimentados pelos professores. todos falam, mas nem todos possuem a mesma Felizmente, vejo aumentar o número de condição na hora de se expressar. Quando profissionais do ensino interessados em trabalhava os textos em sala de aula, fazia, pesquisar sobre a EJA com a intenção de preliminarmente, uma preparação com os colaborar para maior produtividade deste setor alunos sobre o que iríamos ler, o que eles já de ensino. conheciam sobre o assunto, se conheciam o autor, se já haviam lido algum texto dele, Revista Digital Simonsen 34 enfim, procurava dar condições aos alunos A questão do “erro” atinge para que falassem sobre o texto, antevendo, profundamente o aluno adulto, pois há uma pelo título sobre o que achavam que seria o carga subjetiva em nossa sociedade que “é feio desenvolvimento do mesmo. Dessa forma, errar”. Dessa forma, vejo muitos alunos do evitava o que costumo chamar de aplicar uma EJA desistirem de estudar, convencidos pelos “interpretação a sangue frio”, pois, sem resultados obtidos na escola que estudar não é preparação adequada (contextualização), não para eles. Isso não é dito abertamente, mas o se estará fazendo um trabalho de interpretação aluno vai percebendo que tem algumas lacunas e nem de construção de conhecimento e, sim, que o impedem de prosseguir no processo uma ensino-aprendizagem. avaliação da competência de interpretação. Após a primeira avaliação, é notório o número de desistentes, Um viés importante nesta questão é a uma turma que inicia o semestre com cerca de forma como o professor entende este tipo de cinquenta alunos, geralmente, ao final do trabalho. A interpretação de um texto literário período letivo, não chega a trinta. Durante a pode e tem muitas formas de serem lidas. pesquisa de campo, atualmente realizada para Quando o autor coloca no papel sua ideia e seu o Doutorado em Língua Portuguesa, percebi texto chega ao leitor há todo um caminho que que diminuiu a matrícula dos alunos da EJA. envolve muitas informações, habilidades, nível As turmas costumam ficar entre dezoito e vinte de letramento, conhecimento do léxico e e cinco alunos, no máximo, bem diferente na estruturas sintáticas que possam levar o aluno década de noventa quando fiz a Pesquisa para a ter uma empatia com o autor em seu texto ou o Mestrado. não. Uma das causas que observei está na Algumas entrevistas com autores de livros literários mostram que algumas grande distância entre a oralidade e o texto escrito. Quando o aluno é convidado a interpretações de seus escritos passam distante interpretar um texto, suas respostas, de sua intenção inicial. Por isso a importância geralmente, carregam as marcas da oralidade. do professor tratar o texto com maior leveza, Entram aqui algumas especificidades dos sem procurar ser o “dono da verdade”, fato que alunos jovens e adultos: embora estejam fora tanto aborrece o aluno, que na maior parte das da idade escolar, trazem uma bagagem de vida, vezes quer colaborar, ter voz em sala de aula, influências marcantes do falar de seu grupo muitas vezes cortada pelo conceito de “certo social. Ninguém pula etapa na construção do ou errado” que o professor carrega consigo. conhecimento, todos são falantes, mas nem todos conseguem se expressar bem, tanto oralmente como por escrito. É descabida a Revista Digital Simonsen 35 exigência de observar os padrões gramaticais sobre o processo ensino-aprendizagem, logo no início do Ensino Fundamental, envolvendo a construção do conhecimento, independentemente da idade que tenha o aluno. tendo o aluno como centro deste processo, Criança, jovem ou adulto têm as mesmas ainda enfrenta resistências por parte de dificuldades de aprendizagem, o que muda é a algumas escolas e professores. maior vivência, no caso do adulto. Talvez, por A questão de como é selecionado o falta de um preparo mais específico no Curso conteúdo programático de Língua Portuguesa de Formação de Professores para quem irá pode ser uma dificuldade a mais para o aluno trabalhar com turmas da EJA, o professor da EJA. Alguns planejamentos partem do entenda que “cobrar” correção gramatical logo pressuposto de que os alunos devem trazer no início, irá ajudar seu aluno a se expressar determinados conteúdos que são pré-requisitos melhor. Desconsidera que o falante da língua e, se o aluno, não recebeu aquele conteúdo ou materna já possui uma gramática internalizada se não teve a aprendizagem, fica com uma para construir sua fala e nem sempre a sua lacuna que dificultará seu desenvolvimento lógica naquela série. Muitas vezes, o Professor encontra-se dentro dos padrões normativos. percebe essa defasagem e tenta saná-la, mas se Liliana Tolchinsky e Mabel Pipikin, em julgar que essa demora em cumprir o programa seu artigo ”Seis Leitores em Busca de um poderá ser cobrada pela equipe pedagógica, Texto”, chamam a atenção para as diferentes acabará por deixar de lado tais dificuldades e maneiras de se ler um texto: “Há leituras tenderá seguir o planejamento. Acompanhar o intensivas, minuciosas e atentas; há leituras rendimento distraídas, seletivas ou verticais. Há leituras Planejamento é flexível é bastante difundido silenciosas entre leitores silenciosos ou leitura nas escolas, mas na prática, o que se vê, em em voz alta enquanto os outros ficam calados.” muitas escolas, é que o Professor que não Esta forma de se pensar o leitor, em sua relação cumpre o “programa” acaba sendo mal visto. da turma e dizer que o com o texto, pode representar um universo de Há muito que se pesquisar e estudar para possibilidades diferentes de se atingir ao que que se possa levar ao aluno da EJA uma foi dito pelo autor. Um dos entraves que vejo possibilidade na aula de Língua Portuguesa, é que muitos aprendizado da língua. Uma delas centra-se Professores são pressionados pela Instituição nos critérios existentes para selecionar os onde o textos a serem lidos pelos alunos. Ainda com ser as autoras Tolchinsky e Pipikin, faz-se a conteudistas, o movimento de renovação reflexão de que tipo de texto deve ser oferecido trabalham Programa. As para escolas que cumpram tendem a metodológica em relação a um novo pensar concreta de sucesso no Revista Digital Simonsen 36 ao aluno: o mais fácil, com vocabulário sem Como diz um compositor brasileiro em uma de maiores dificuldades, textos literários ou suas músicas: “Ninguém sabe tudo, ninguém informativos? E como consequência vem a sabe nada!” pergunta antiga: o que é um texto literário? E A leitura pode ter vários objetivos: obter apontam para uma seleção com base numa informação, distração, estudar determinado possível apreciação e aceitação dos alunos: assunto, entre outros. A leitura é um processo “(...) Escolhemos livros que foram escritos que irá preenchendo lacunas em nosso para serem lidos, interpretados, criticados e conhecimento, sempre. Não há verdades sentidos, e não para ensinar a ler ou para definitivas, todas são provisórias, então a ensinar a compreensão da leitura (...)”. forma mais adequada para se manter É conhecida a ideia de que não forma atualizado é a leitura, seja em livros, revistas, leitor quem não é leitor. Se não há prazer de jornais, em sites na Internet, não importa a ler, como passar como verdade que é um prazer forma e, sim, o conteúdo que é oferecido. ler? Professores que leem têm mais chances de encantar seus alunos sobre a leitura. O Professor precisa estar preparado para intervir de forma positiva na dificuldade de O aluno adulto, que já faz uma leitura de leitura de seu aluno. Reforço o conceito de que mundo, não consegue suportar um estudo de a leitura é um processo e, como tal, envolve leitura que seja descontextualizado, precisa ler vários personagens (autor, leitor, mediador, textos que falem de alguma coisa que tenha outros leitores), várias ideias e diferentes conexão com a sua experiência de vida ou que atribuições de sentido ao texto, dependendo da lhe aguce a curiosidade para que possa vencer vivência e da bagagem de conhecimentos de o cansaço e o sono e trabalhar o texto em sala cada leitor. de aula. A importância dada à leitura é básica, O professor tem que assumir seu papel assim como a promoção de outras de mediador entre texto e aluno, não competências de igual importância; falar subestimar vencer (expressão adequada a cada situação de fala), obstáculos e chegar a uma leitura mais saber escutar (quem ouve mais tem condições satisfatória, com uma interpretação que seja de aprender mais), escrita (necessidade de aceitável. Dúvidas sempre acontecerão no colocar no papel ideias concatenadas). As percurso quem questões linguísticas não se fundamentam costuma ler com frequência, que continua seus apenas na leitura, mas no que ela envolve de estudos de forma regular e chega a Pós- conhecimentos importantes na aquisição do Graduação saber. sua do capacidade aluno-leitor, enfrentará em mesmo algumas barreiras. Revista Digital Simonsen 37 Irandé Antunes, uma das autoras que tem que exercemos na sociedade. É bonito ouvir se dedicado à pesquisa sobre a aprendizagem falar da relevância de nossa profissão na da leitura, enfatiza que “(...) ainda falta construção da sociedade, permanentemente em perceber que uma língua é muito mais do que mudança. Mas, o que precisamos é assumir uma gramática. Muito mais, mesmo. Toda a algumas atitudes de forma concreta no dia a dia história, toda a produção cultural que uma de sala de aula. língua carrega, extrapola os limites de sua gramática. (...)”. Precisamos levar em conta o papel do aprendizado da língua na construção da A questão apontada por Antunes é tão identidade nacional e na formação da simples de ser entendida e tão difícil de ser cidadania plena. Sem condição de leitura e colocada em prática. O que costumo ver é o escrita não há condição de promoção de professor utilizar o texto como pretexto para desenvolvimento nos grupos sociais. E menor ensinar gramática: classes gramaticais, funções será a chance de vermos nosso país melhorar a sintáticas, classificação de orações etc. qualidade de vida através da tão sonhada Algumas vezes o texto nem ao menos é melhoria da qualidade em educação. lido antes de se trabalhar a gramática, ou seja, Em que momento a escola deve parar e o texto fica como pano de fundo numa aula de se perguntar: - Quem é o leitor que queremos Língua Portuguesa, quando deveria ocupar um preparar? O Planejamento de uma aula de lugar de destaque. Uma discussão com os Língua Portuguesa reflete a realidade do aluno alunos sobre o texto poderia aguçar a da EJA? O Professor desse segmento tem o curiosidade do aluno sobre o mesmo, nesse perfil de seus alunos? O Planejamento é envolvimento, nessa interação aluno-texto, o confeccionado Professor tem uma função importante de “imaginando” o perfil do aluno ao qual se destacar algumas estratégias utilizadas pelo destina? Ou o Planejamento é apenas uma autor, falar sobre o léxico selecionado, enfim, exigência administrativo-pedagógica? mostrar por sua atitude frente ao texto que, de forma hipotética, Para o Professor comprometido com a antes de se valorizá-lo como um celeiro de aprendizagem do aluno, este aluno para o qual fatos gramaticais, tem que se olhar a sua planejou é real, concreto, tem dúvidas, tessitura. muito desconhecimentos, mas possui a matéria- importante para que se possa dimensionar o prima para ser trabalhado. É necessário que a alcance da mensagem do texto. escola tenha a consciência que não formará A contextualização é Nós, professores de Língua Portuguesa, leitor sem a soma perfeita de livro+texto+leitor temos que nos dar conta da função importante e que o Professor detém conhecimento sobre as Revista Digital Simonsen 38 estratégias de leitura que possibilitarão seu a possibilidade de ler e tirar suas próprias aluno a desenvolver o processo da aquisição da conclusões. Isto dá ao ser humano o que leitura com interpretação. deveria ser um direito respeitado por todos: ao enfoque dos textos construir e definir suas ideias, reforçando-as quando inseridos nos livros através de aquisição de conhecimento onde didáticos, os alunos do EJA sentem-se quiser, não apenas no livro didático da escola, “desprotegidos”, o seu encaixe numa unidade mas no jornal, na revista, no mural, no outdor, que, por exemplo, pretenda trabalhar os nos cartazes da rua, enfim, como ensinou Paulo Voltando literários, pronomes pessoais, dependendo da ótica do autor, poderá minimizar toda a beleza e variadas possibilidades deste texto num Freire (citação de memória): “Ninguém é analfabeto oral e antes de ingressar na escola, o sujeito já faz a leitura do mundo”. “armazém” onde se possa comprar os pronomes pessoais. Somente. A postura de um professor deve ser antes de tudo, reflexiva. Não se pode imaginar Não sou contra o livro didático, pelo depois de tantas pesquisas levando em contrário, há coleções imperdíveis, que os consideração a prática e a teoria que um alunos gostam de trabalhar, entretanto o apelo professor do século XXI deixe de refletir sobre que faço é sobre a forma de utilizá-los. Não o porquê de suas ações em sala de aula. podem ser “os senhores” da aula. Pedir para o Precisa-se de uma boa base teórica para aluno abrir o livro na página tal, ler o texto e desenvolverem-se as teorias que envolvem a responder às perguntas de interpretação e Língua, suas normas e suas regras. Mas não há depois fazer os exercícios sobre o vocabulário e, finalmente, trabalhar com os exercícios como deixar de lado outro aspecto, talvez mais importante, que é a língua em uso. gramaticais empobrece demais a aula de Penso que a boa interação entre texto- Língua Portuguesa e o aluno fica na impressão leitor será feita por um Professor-mediador que que aula de português é assim mesmo: “chata”. tenha Ler e interpretar representa um objetivo conhecimentos Psicolinguística, da advindos da Linguística, da a ser alcançado por todos. Na maioria das Sociolinguística, da Pedagogia, da Sociologia entrevistas, se não na totalidade das realizadas e da Psicopedagogia Cognitiva, entre outras pelos canais que têm programação educativa, áreas do conhecimento. todas as vezes que vejo adultos analfabetos que Foram tantos anos de trabalho com voltam à escola para aprender a ler, a resposta alunos jovens e adultos por escolha, não por é unânime: sentem-se melhor porque estão acaso, pois ninguém se fixa num determinado agora aprendendo algo que é muito importante: segmento de ensino se não for por total Revista Digital Simonsen 39 afinidade com esse grupamento. Via em meus mim como a verdade que vivi em salas de aula alunos o olhar da esperança em poder aprender da EJA. Nesta comunicação, há alguns a falar, ler e escrever melhor, eles sentiam que parágrafos falei sobre a questão do Professor e eu o cumprimento do Planejamento, mas: acreditava neles, que torcia pelo crescimento e sucesso deles. Acho que foi este o diferencial que me fez, em tantos anos nunca desistir deles, nunca. Uma das lembranças mais marcantes destes alunos, foi de uma turma de alfabetização de adultos que estava sem Professor. Eu estava em função pedagógica, mas resolvi assumir a turma. Foi Tão importante quanto o cuidado para cumprir esse programa é a postura que pode ser adotada na abordagem de suas questões (...). O Professor que está em sala de aula é também ‘ator’ participante de sua própria vida, da vida de outros falantes, de outros atores do espetáculo verbal! uma das turmas que tive mais retorno em tudo que levava para a aula. Ao final do semestre, fui surpreendida com uma das minhas alunas escolhida para representar o nosso Núcleo de EJA/Jacarepaguá/RJ, como a aluna mais idosa a terminar, com aproveitamento, a turma de Alfabetização. oitenta ensino que use a aula como um texte de “competência de interpretação” ao invés de incluí-lo numa aula que busque a “construção do conhecimento” é um dos grandes erros que os professores tem cometido neste segmento. A alegria de um aluno que entra com quase Descartar o aluno da EJA através de um anos numa turma de Alfabetização e obtém sucesso, deixa em nós Alterar esta perspectiva seria o primeiro passo na tentativa de melhorar os resultados na Educação de Jovens e Adultos. uma marca que jamais será apagada, a função primordial do Professor é exatamente esta, possibilitar que nossos alunos alcancem um Referências lugar melhor no grupo social. ANTUNES, Irandé. Aula de Português: Conclusão Finalizo com um fragmento de Irandé Antunes (2012), falando sobre “As armadilhas encontro &interação/Irandé Antunes.-São Paulo: Parábola Editorial, 2003-(Série Aula;1). da rotina da escolarização dos conteúdos” e _______________. Língua, texto e ensino: com uma reflexão que tem motivado minhas outra escola possível/ Irandé Antunes.- pesquisas e atuação docente. Muito do que São Paulo: Parábola Editorial, 2009- Antunes coloca em seus livros repercute em (Estratégias de Ensino;10). Revista Digital Simonsen 40 _______________.O território das palavras.- TOLCHINSKY, Liliana e PIPKIN, Mabel. São Paulo: Parábola Editorial, 2012- Seis leitores em busca de um texto. In (Estratégias de Ensino;28). Compreensão de Leitura – A Língua como HENRIQUES, Claudio Cezar. Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre procedimento.-Porto Alegre: Artmed, 1995. palavra e significação/Claudio Cezar Henriques.- Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Il.-(Português na Prática) Ler e escrever; compromisso de todas as áreas/organizado por Iara Conceição Bittencourt Neves... [et al.]-9.ed.-Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2011. Como Citar: MACHADO, Terezinha. Competência de interpretação x Construção do conhecimento: uma análise sobre o papel do professor e o processo de interação com os alunos da educação de jovens e adultos (EJA) no Rio de Janeiro. In: Revista Digital Simonsen. Rio de Janeiro, n.1, Dez. 2014. Disponível em: <www.simonsen.br/revistasimonsen>