A Brincadeira e os Jogos: Aportes para a Construção do Conhecimento Edvaldo Aparecido Rofatto Resumo Abstract O presente trabalho objetiva conhecer o papel dos jogos na construção do conhecimento pela criança na educação infantil. Atualmente, os jogos e brincadeiras aparecem como uma forma de ação, de movimento, mas como atividades lúdicas, livres, divertidas. Eles têm uma finalidade psicológica, ao participarem da formação da própria individualidade da criança, e também antropológica, ao se constituírem em meios de apropriação e transformação de sua cultura. Brincar é fonte de lazer, mas é, concomitantemente, fonte de conhecimento; e é esta dupla natureza que conduz o brincar a se integrar na atividade educativa que será gerenciada pelo professor, um mediador de todo o processo que precisará conhecer o desenvolvimento psicogenético infantil como também as implicações cognitivas inerentes à utilização de tais aportes. Ressalte-se que o trabalho teve um cunho predominantemente bibliográfico cujo cerne destaca a bipolaridade das ações pedagógicas, uma vez que o processo de aprender inclui a ação, a reflexão sobre a ação e a sistematização do conhecimento tanto pelos professores quanto pelos alunos. This project aimed to know the role of games in the knowledge development by kids in Children Education. Nowadays, games and playings act as a kind of action, of movement, but as leisure activities, free and fun. They have a psicological function, while participating of the child’s own individuality formation, and anthropological too, as they become the means of appropriation and transformation of culture. Play is a source of leisure, but also a source of knowledge; and it is this double nature that leads the playing to be integrated in educational activity which will be managed by the teacher, the one that balances the whole process that will have to know the children’s psicogenetic development just like the cognitives implications to the use of such resources. It should be stressed that this project had a mainly bibliographical side whose core underlines the pedagogical actions bipolarity, once the process of learning includes the action, the thinking about the action and the knowledge systematization by teachers and also by students. Revista de Educação Especialista em Direito Educacional no Processo de Ensino-Aprendiazagem - União das Faculdades Claretianas Especialista em Psicopedagogia - Faculdade de Educação São Luiz Especialista em Metodologia do Ensino de Português - União das Faculdades Claretianas Professor da Faculdade Comunitária de Limeira e-mail: [email protected] Key-words: Games, playings, cognations, appropriation, transformation. Palavras-chave: Jogos, brincadeiras, cognição, apropriação, transformação. 93 Revista de Educação Edvaldo Aparecido Rofatto 94 Introdução O significado do jogo na educação escolar A cada dia que passa, as crianças vão mais cedo para a escola. As escolas, por sua vez, vangloriam-se da aceleração de seus programas e da objetividade de seus currículos: encurta-se a infância, fase tão preciosa em que a criatividade e a suscetibilidade da criança ficam à mercê dos que a cercam. Desde a Educação Infantil, atividades de brincadeira e jogos são tão importantes para as crianças quanto as de treinamento de coordenação psicomotora, por exemplo. A brincadeira como atividade dominante da infância, tendo em vista as condições concretas da vida da criança e o lugar que ela ocupa na sociedade é, primordialmente, a forma por que ela começa a aprender. Depois é ainda na brincadeira que tem início a formação de seus processos de imaginação ativa e, por último, meio em que se apropria das funções sociais e das normas de comportamento que correspondem a certas dinâmicas sociais. Foram estas considerações que se apresentaram como motivo para o estudo da importância das brincadeiras nas atividades pedagógicas. Assim, o objetivo geral deste trabalho foi dimensionar o papel dos jogos na construção do conhecimento pela criança na Educação Infantil e mesmo em séries subseqüentes de sua escolarização, nas quais se destaca a pertinência e praticidade dos jogos bem como sua aplicação como recurso pedagógico. Deste modo, considerou-se inicialmente o significado dos jogos no contexto escolar, para, em seguida realizar uma reflexão sobre a importância do brincar no desenvolvimento infantil, tendo em vista os processos psíquicos envolvidos. Frise-se que o interesse deste trabalho não foi apontar soluções para o brincar na Educação Infantil ou no Ensino Fundamental, nem questionar dificuldades na aplicação de jogos ou explicar a inexperiência dos educadores, mas contribuir com reflexões e indicativos para outros estudos. A escola, como instituição que tem uma função social a desempenhar na organização da sociedade, participando do processo de constituição de homens, situa-se como um ambiente onde perpassam uma pluralidade de relações sociais, representando um espaço possível e privilegiado onde o jogo seja concretizado. No entanto, este espaço possível tem sido garantido por nossas instituições escolares? O jogo enquanto fator que contribui para a formação do sujeito tem sido estudado ou pesquisado como tal pelos profissionais da área? Alguns estudos mais recentes referentes ao jogo na pré-escola (OTERO, 1996; WAJSKOP, 1990; BASSAN, 1997; KISHIMOTO, 1996 e MACEDO, 1995) indicam que há um consenso sobre a importância do jogo na formação do homem, fundamentado por diferentes concepções teóricas. No que diz respeito ao brincar infantil relacionado à educação escolar, Kishimoto faz as seguintes considerações: Na área da educação, atualmente, o papel fundamental do brincar na infância parece não deixar dúvidas. A criança brinca para interpretar e assimilar o mundo, os objetos, a cultura, asa relações e os afetos entre as pessoas. Por isso da importância do jogo infantil como recurso para educar e desenvolver a criança, desde que respeitadas as características da atividade lúdica (KISHIMOTO, 1994:10). Por esta explicação, o jogo pode ser entendido como fenômeno de natureza mais livre e por isso parece incompatibilizar-se com a busca de resultados previstos pelos processos educativos. Sendo assim, como articular, o jogo e a educação se ambas parecem comportar dimensões tão diversas? Em se tratando desta relação - jogos e educação, há divergências em torno de aspectos ligados à utilização dos jogos e tal constatação se expressa em duas funções básicas: A Brincadeira e os Jogos: Aportes para a Construção do Conhecimento O jogo não é inato, é uma aquisição social. Desta forma, o educador tem que estar atento para auxiliar a criança, ensinado-a a utilizar o brinquedo. Só depois ela estará apta para uma exploração livre. (KISHIMOTO, 1994:20) Necessário se faz também considerar a distinção existente entre o jogo didático e o jogo educativo. Para Vial (1981), o primeiro é mais restrito pela sua natureza atrelada ao ensino de conteúdos, por limitar o prazer e a livre iniciativa das crianças, tornando-se inadequado ao desenvolvimento infantil; já o segundo, mais dinâmico, envolve ações ativas das crianças, permitindo explorações com efeitos positivos para as esferas corporal, afetiva, social e cognitiva. Assim, Rabioglio (1995) defende o jogo como recurso a serviço do processo ensinoaprendizagem; desta forma: não basta jogar, é preciso haver um projeto pedagógico que considere a introdução do jogo na classe, até sua realização, análise e avaliação (RABIOGLIO, 1995:75). Na sua visão, o jogo é, para a escola, um meio; e, para o aluno, um fim. Por isso propõe o uso diário dos jogos regrados e coletivos, tornando o jogo um instrumento privilegiado na rotina da sala, sendo mais do que um espaço informal, pois promove interações, ação, reflexão, construção de hipóteses, troca e confronto de idéias. Portanto, a polêmica entre as funções educativa e lúdica se desfaz quando se respeita a natureza do jogo e quando se sabe qual o papel do aspecto pedagógico no contexto do jogo educativo. Como também há a necessidade de uma organização nos espaços dentro e fora da sala de aula, tornando-os adequados para as brincadeiras, disponibilizando-se os materiais e os brinquedos, mostrando como se utilizam, permitindo a invenção, tornando a verbalização acessível ao nível de compreensão das crianças e fazendo a integração da dimensão corporal do “ser brincante” tanto pelas crianças como pelos adultos. Desta forma, são ampliadas ass potencialidades do jogo, respeitando-se tanto sua natureza pedagógica como sua natureza lúdica. Dentre os inúmeros jogos utilizados pela Revista de Educação Função Educativa: entende-se o jogo como meio e recurso do trabalho pedagógico em Educação, através do qual se visa atingir a aprendizagem de conceitos, conhecimentos, noções e habilidades, numa ação orientada e dirigida. Função Lúdica: entende-se o jogo como ação livre, o qual tem um fim em si mesmo, iniciado e levado a efeito pela criança pelo prazer que tem de jogar. Devemos lembrar também que esta dupla função do jogo educativo cria um paradoxo para a autora supracitada (KISHIMOTO), o qual diz respeito à aparente incompatibilidade entre a natureza do jogo, que é de liberdade, com a busca de resultados, típica do processo educativo. Para solucionar este aparente conflito, há necessidade de se entender estas duas funções de modo que não se tornem excludentes, pois a utilização de uma em detrimento da outra poderá provocar estas situações: ou haverá apenas o jogo, ou haverá apenas o ensino. Portanto, o equilíbrio entre as duas funções é o objetivo do jogo educativo (KISHIMOTO, 1994:19). Com esse horizonte de solução, o jogo surge como uma alternativa que deve ser explorada no processo ensino-aprendizagem, como material ou situações que possam ser desencadeadoras de aprendizagem. O jogo é uma situação privilegiada de aprendizagem infantil na qual o desenvolvimento pode alcançar níveis mais complexos, exatamente pela impossibilidade de interação entre os pares numa situação imaginária e pela negociação de regras de convivência e de conteúdos temáticos (WAJSKOP, 1990:53). E, ao incorporar o jogo às áreas específicas, a prática pedagógica cria o jogo educativo. Nesse contexto, é necessário que se possa garantir a liberdade de brincar das crianças, preservando-se a ação voluntária delas, no entanto, a ação pedagógica do professor se refere à sua capacidade de organizar o espaço, selecionar os brinquedos e materiais, planejando e estruturando o espaço educativo tornando-o rico de possibilidades de interação entre os sujeitos e entre os objetos. 95 Revista de Educação Edvaldo Aparecido Rofatto 96 educação, estão os jogos tradicionais, jogos de construção, jogos simbólicos e os jogos de regras. O centro de interesse aqui reside no cruzamento de dados trazidos por estudiosos, com reflexões sobre a aplicação destes conhecimentos à nossa realidade educativa. Muitos autores têm discutido a função da escola na nossa sociedade, contribuindo para desmontar as imagens romântica e mística da educação, bem como a não neutralidade de seu papel, que é político, é social, é histórico. Revela-se, desta forma, uma instituição que tem funções reais, que se concretizam num cenário de práticas sociais. Portanto, é importante olhar a escola como um espaço de práticas concretas que reproduzem idéias, mas que também pode ser palco de ação, reflexão e transformação. É nesse cenário que se defende o espaço afetivo do jogo, como uma atividade que possibilita a constituição de um homem criativo, afetivo e social. Ao enfatizarmos a necessidade do lúdico na educação e na vida humana, deparamo-nos com uma constatação que se defronta com os argumentos pró-jogos educativos. Algumas opiniões são contrárias àquelas defendidas pela valorização dos jogos, enquanto recursos educativos, como apoio no desenvolvimento do raciocínio lógico, na construção de conhecimento e resolução de problemas. Muitos educadores, aos serem questionados sobre o valor dos jogos, inferem que a escola, ao aplicá-los, perde seu principal papel na sociedade: ensinar os alunos a serem cidadãos e transmitir conteúdos sistematizados. O jogo, portanto, é visto como “brinquedo” para a hora do lazer das crianças - o recreio. Ora, essa visão da escola, apresentada por estes educadores está vinculada à herança de uma educação, via de regra, baseada no controle da disciplina e na memorização - a escola tradicional. Cumpre-se lembrar que “o que tem significado” para a escola tradicional é: • a valorização das técnicas e métodos que dão respostas prontas e caminhos desvendados; • o sucesso localizado na vitória, o qual “vencer” significa ter boas notas, independentemente de se ter compreendido os significados e os raciocínios; • o medo do erro - a perfeição como necessária para a competição; • não valorização do cotidiano, da imaginação, da intuição, iniciativa, criatividade, cooperação, não valorização do que as pessoas tem a dizer - idéias e sentimentos; • o corpo e a mente aprisionados pela disciplina; Consideramos este último item como um dos principais motivos por que muitos dos profissionais da educação relacionam a utilização de jogos como uma ameaça à disciplina. Carrano (1992) aponta o fato de que a atividade infantil livre, na qual as crianças se organizam em grupos de brincadeiras, ameaça à disciplina escolar, que, por sua vez, tenta controlar tempo, espaço e quaisquer atividades. Segundo ele: A perspectiva que busca encarar no tempo livre apenas o momento da negatividade e da ausência do projeto educativo, deixa de perceber o importante papel social que a brincadeira infantil possui no processo de constituição do sujeito social. A negação do tempo livre e do espaço para brincadeiras, em última análise, acaba sendo a negação do próprio jogo infantil, da possibilidade da constituição dos grupos de brincadeiras, e da não percepção do papel estrutural da brincadeira e do lúdico para o processo de desenvolvimento do sujeito (CARRANO, 1992:75). Em seus estudos, Otero (1996) também aborda que os professores não demonstram interesse pelos jogos das crianças, sendo utilizados apenas para descanso das atividades pedagógicas; afirma que os jogos infantis possuem uma importância secundária em relação às atividades escolares propriamente ditas, visto que à medida que a criança vai se aproximando do ingresso no primeiro grau o tempo previsto para os jogos e o material oferecido vai diminuindo (OTERO, 1996:89). Wajskop (1990), preocupada em pesquisar as condições concretas na escola que favorecem o desenvolvimento dos jogos pelas A Brincadeira e os Jogos: Aportes para a Construção do Conhecimento é função da escola levar à criança, em qualquer nível de ensino e período de desenvolvimento, a obter experiências e informações que enriqueçam seu repertório, bem como procedimentos metodológicos que permitam integrar sucessivamente esses novos conhecimentos àqueles que as crianças já detém (LIMA, 1991:28). Vale enfatizar o fato de que todas essas discussões a respeito da importância do brincar para a criança, no âmbito escolar, estão diretamente relacionadas à visão da criança por parte da sociedade e, principalmente, por parte dos educadores. Mas também percebemos que é necessário recuperar o lúdico no universo adulto, tarefa mais difícil que recuperá-lo junto às crianças. É possível recuperar as brincadeiras de infância de cada adulto, como também as brincadeiras espontâneas de rua, como forma de pensar o lúdico e as crianças. Só vendo as crianças por inteiro, como pessoas envolvidas em outras tantas atividades que não a lúdica, é que podemos entender com mais agudeza seus jogos e suas brincadeiras. E então, propor soluções específicas, concretas, que envolvam essas atividades no contexto escolar. Kamii (1981) mostra que não se pode conhecer nem educar uma criança sem saber como e por que ela brinca. Por esta razão, é que formar educadores nesta área é mais do que discutir e propor trabalho a junto às crianças. É também lhes permitir experimentar (brinquedos e materiais). Leif & Brunelle (1978) também enfatizam a necessidade de formação do educador e de abarcar e definir o jogo em sua natureza própria. Não é suficiente dar às crianças o direito ao jogo; é preciso despertar e manter nelas o desejo do jogo; não é suficiente ampliar espaços de recreação e aumentar estoques de brinquedos: é preciso formar educadores (LEIF & BRUNELLE, 1978:52). O papel do educador adulto deverá ser o de estimular a imaginação das crianças, propondo-lhes uma atitude e uma linguagem nãoliteral, simbólica e secundária frente à realidade. Neste sentido, a mediação tem um papel fundamental e, de acordo com Rocha (1994), ...na instituição escolar as circunstâncias de ensino poderiam ser extremamente favoráveis ao encontro do indivíduo com outros, promovendo desenvolvimento. E o professor deve ser visto como parceiro privilegiado no processo de interação entre os sujeitos, sendo que o mesmo pode ser sujeito especialmente capacitado para possibilitar aos indivíduos caminharem além dos níveis de desenvolvimento já garantidos na esfera de suas competências individuais, e criar competências de desenvolvimento proximal através e dentro do contexto pedagógico (ROCHA, 1994:27). Revista de Educação crianças, relata que a escola prioriza a preparação da criança para o primeiro grau utilizando-se de jogos apenas como recurso didático de sedução, sendo que as experiências do brincar são basicamente ora determinadas pela professora que postula o ritmo e todos os passos a serem seguidos, ora como “desgaste de energia natural”. Como a autora expõe: se a escola não atua positivamente, garantindo possibilidades para pó desenvolvimento do jogo, ela, ao contrário, age negativamente impedindo que isso aconteça (WAJSKOP, 1990:75). Sabe-se que a escola, enquanto instituição, objetiva facultar ao educando a aquisição de cultura formal e o desenvolvimento dos processos do pensamento. Assim: Logo, não restam dúvidas da importância do brincar na infância e faz-se, portanto, necessária a sua defesa por nós, adultos, enquanto um direito da criança. Consideramos, por fim, pertinente a colocação de Dias (1996): ...é preciso resgatar o direito das criança a uma educação que respeite sue processo de construção de pensamento, que lhe permita desenvolver-se nas linguagens expressivas do jogo do desenho e da 97 Edvaldo Aparecido Rofatto música. Estes, como instrumentos simbólicos de leitura e de escrita do mundo, articulam-se ao sistema de representação da linguagem mais sofisticado para sua plena realização (DIAS, 1996:54-5). Assim, entendemos que garantir o espaço do jogo, na sua forma mais ampla, é também garantir o espaço às idéias, à imaginação, à representação das coisas, contrapondo-se a uma realidade congelada e opressiva que desrespeita a construção do conhecimento como uma leitura significativa do mundo. Revista de Educação O brincar no processo de desenvolvimento infantil 98 Brincar é uma forma de atividade complexa, sendo assim, possui uma peculiaridade: o brincar combina a ficção com a realidade, ou seja, brincando a criança trabalha com informações, dados e percepções da realidade, mas na forma de ficção. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação, isso implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isso quer dizer que é preciso discernir a diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que forneceu conteúdo para realizar-se. Neste sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de qual forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e imitação da realidade (BRASIL, v 1, 1998:27). O brincar inclui sempre a experiência de quem brinca. Desta forma, as crianças pequenas (de dois anos a dois anos e meio) reproduzem ações que percebem em seu meio (dirigir um carro, embalar uma boneca). À medida que crescem, vão incorporando a representação que fazem da vida real, os conhecimentos adquiridos, bem como os desejos e sentimentos. Adquirem, assim, nuances cada vez mais complexas do próprio comportamento humano, o mundo interno da criança pode, assim, através do brincar, ser expresso e comunicado para as outras pessoas. Para que a criança brinca? Como já discutido antes, os jogos, inicialmente, eram encarados como oportunidades de descarga de energia para as crianças, atividades que se explicaria por si só. Hoje há unanimidade em que brincar tem função essencial no processo de desenvolvimento da criança, principalmente, nos primeiros anos de vida, nos quais ela tem que realizar a grande tarefa de compreender e se inserir em seu grupo, constituir a função simbólica, desenvolver a linguagem, explorar e conhecer o mundo físico. Desde bebê, a criança dedica grande parte de seu tempo a explorar o mundo material no qual está inserida de forma que o possa compreender e utilizar. Através do contato, manipulação e uso dos brinquedos pelas crianças, há uma aprendizagem multidisciplinar das formas de ser e de pensar a sociedade. Ao utilizar determinados brinquedos como bonecas, carrinhos, naves espaciais etc. as crianças aprendem sobre determinadas formas de se relacionar com as pessoas e conhecimentos já conquistados pela humanidade, através de imagens que esses objetos lhes transmitem (BRASIL, 19998:30). O brincar apresenta-se, portanto, através de várias categorias de experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados. Essas categorias incluem: o movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas, assim como a combinação e associação entre eles; as linguagens oral e gestual oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; conteúdos sociais, tais como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente para brincar. Segundo Lima (1991), a criança brinca para conhecer-se a si própria e aos outros em suas relações recíprocas, para aprender as normas sociais de comportamento, os hábitos determinados pela cultura; para conhecer os objetos em seu contexto, ou seja, o uso cultural dos objetos; para desenvolver a linguagem e a A Brincadeira e os Jogos: Aportes para a Construção do Conhecimento Conhecer esses papéis, compreendêlos como forma de comportamento no meio e realizar sua inserção neste meio é tarefa que a criança executa através do brincar. E na medida em que pode se identificar com tantos papéis, constrói sua personalidade, enquanto individualidade, e sua identidade, enquanto membro que pertence a um grupo social (KISHIMOTO, 1994:41). Por outro lado, a exploração de suas ações e sentimentos, assim como os das outras pessoas, tem um papel importante no desenvolvimento da capacidade de estabelecer relações positivas que a criança terá no futuro. Brincar e processos psíquicos O jogo e a brincadeira têm importância também para o desenvolvimento de processos psíquicos relacionados tanto direta quanto indiretamente a estas atividades. Do primeiro grupo fazem parte a imaginação, a linguagem e o pensamento; do segundo, a memória. Leontiev (1988), pesquisador russo, mostra em seu artigo que é na situação do brincar que se apresentam à criança as premissas necessárias para o desenvolvimento da memória voluntária, e que a prática do brincar é especialmente efetiva para o exercício dos processos da memória. Brincar tem uma relação muito direta com a formação da motricidade da criança em idade pré-escolar, pois o controle consciente dos movimentos no jogo, na brincadeira é muito maior do que em outra atividade realizada por instrução. As atividades lúdicas levam, também, segundo ele, ao desenvolvimento de determinadas faculdades, das quais destacamos as seguintes: • Faculdade de abordagem de experiências de modo objetivo e criativo; • Faculdade de cooperação que, por sua vez, favorece o desenvolvimento da linguagem; • Faculdade de concentração, pois o jogo e a brincadeira levam ao desenvolvimento da atenção voluntária, dando à criança materiais e situações que prendem sua atenção involuntária, ou seja, a que ocorre quando ela ainda não tem domínio da vontade. Desta forma, a criança aprende a desenvolver outras técnicas de concentração, excluindo progressivamente os estímulos dispersivos. O desenvolvimento da atenção voluntária é fator essencial para que a criança possa seguir sua escolarização, alfabetização, etc; • Faculdades mentais, propriamente ditas, incluindo o desenvolvimento geral das relações causais e das capacidades de discriminação, de julgamento, de análise e de síntese, de imaginação e de expressão; • Faculdades criativas que dependem das oportunidades oferecidas à criança, como situações e materiais adequados. (LEONTIEV apud VYGOTSKY, 1988:125). Revista de Educação narrativa; para trabalhar com o imaginário; para conhecer os eventos e fenômenos que ocorrem a sua volta. O alto conhecimento parte da descoberta do próprio corpo e engloba, naturalmente, a cultura, pois o indivíduo não existe num vácuo, portanto, eles se conhecem num determinado contexto. As pessoas apresentam modos de se comportar, de reagir, de expressar emoções, de se relacionar com a natureza ou com a produção tecnológica humana. Esses modos não são constantes em todos os grupos humanos e divergem inclusive entre os membros de um mesmo grupo. As pessoas também mantêm relações entre si, que são, em grande parte, definidas pelos papéis que elas desempenham. Já Vygotsky (1994), em seus estudos, aborda a origem social das funções mentais superiores - linguagem, atenção voluntária etc. procurando mostrar de que forma o conhecimento emerge da vida social humana e como o ser humano constitui-se enquanto tal na 99 Revista de Educação Edvaldo Aparecido Rofatto relação com o outro. Para isso, diálogos criados na interação da criança com outras pessoas permitem que ela construa sua própria linguagem e o pensamento verbal, cuja característica é ser um diálogo que cada indivíduo estabelece consigo mesmo. A maior mudança na capacidade das crianças para usar a linguagem como um instrumento para solução de problemas ocorre quando elas internalizam a fala socializada, aquela previamente utilizada para dirigir-se ao adulto. Em vez de apelar apara o adulto, as crianças passam a apelar a si mesmas, usando a fala como um instrumento para planejar. Nesse diálogo, a criança lança mão de formas culturais desde cedo em experiências vividas com outras pessoas - os signos e as estratégias cognitivas através das quais constrói significações e trabalha com informações. Em outras palavras, os signos culturais por ela internalizados passam a mediar, a orientar sua função prática ou mental. A linguagem passa assim a adquirir uma função intrapessoal (vai se constituir em pensamento), além de seu uso interpessoal. Vygotsky destaca a fala dentre os elementos de origem sóciocultural que atuam sobre a formação dos processos mentais superiores da criança. Portanto, para o autor a relação interpessoal é o recurso básico para o desenvolvimento infantil, mas deixa claro que na análise do desenvolvimento infantil deve-se levar em consideração a diferença que existe entre o que a criança a cada momento é capaz de fazer sozinha e o que pode fazer e aprender com a ajuda de outras pessoas, conforme for observando, imitando, ouvindo explicações, seguindo instruções ou contrapondo-se a elas. A esse espaço denominado “zona de desenvolvimento proximal” refere-se que a distância entre o nível de desenvolvimento real que se costuma determinar pela capacidade de solucionar independentemente um problema e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de adulto ou em colaboração de companheiros mais capazes (Vygotsky, 1994:97). 100 O autor acreditava que o brincar fornece às crianças um sistema de suporte mental que lhes permite pensar e agir de diferentes maneiras. Priorizando a necessidade do brincar simbólico no desenvolvimento infantil, sobretudo considerando a atividade social imbricada neste processo. Vygotsky revela que por meio desta atividade livre a criança desenvolve iniciativa, expressa os desejos e internaliza regras sociais, pois, ao mesmo tempo, ao fazer o papel do outro em uma brincadeira de “faz-de-conta”, a criança começa a perceber as diferentes perspectivas de uma situação, o que facilita a elaboração do diálogo interior, característico de seu pensamento verbal (VYGOTSKY, apud WAJSKOP, 1995:35). Assim, durante o brincar, as situações imaginativas seriam Zonas de Desenvolvimento Proximal, permitindo à criança agir em níveis cada vez mais avançados do que fariam, se brincassem sozinhas. Para Vygotsky, as crianças sempre brincam acima de sua idade média, acima de seu comportamento diário; é como se, ao brincar, a criança fosse uma cabeça mais alta que ela mesma. Neste sentido, as crianças mais experientes que os próprios adultos introduzem novos elementos capazes de desencadear novas aquisições, isso num contexto que abrange tanto a dimensão imaginária quanto a das regras e convenções (VYGOTSKY apud WAJSKOP, 1995:37). Vygotsky (1994) chama atenção para o fato de que parte das brincadeiras emerge do conjunto de brincadeiras diárias das crianças, a partir de situações de intenso contato com outros adultos e outras crianças, o que permite obter sempre novos indícios para a formação da identidade social e cultural. Ainda segundo este autor, a brincadeira possui três características que são a imaginação, imitação e regras. Podemos perceber que estas características estão presentes em todo tipo de brincadeiras infantis, sejam elas tradicionais, “fazde-conta” ou de regras. Se a brincadeira é efetivamente uma necessidade de organização infantil, ao mesmo tempo em que é o espaço de interação das crianças, quando estas podem estar pensando/ imaginando/vivendo suas relações familiares, as relações de trabalho, a língua, a fala, o corpo, a escrita, para citar alguns temas mais importantes, então o brincar se transforma em fator educativo, se no processo pedagógico for utilizado pela criança para sua organização e trabalho. Também Piaget (1975) faz considerações relevantes ao brincar e processos psíquicos quando explica que a qualidade do brincar durante o período pré-operatório deriva do egocentrismo e para o pensamento egocêntrico, brincar é suprema lei. Para ele, Neste processo, há um predomínio do processo de assimilação sobre o da acomodação, por isso, no brincar a criança é capaz de assimilar fatos e objetos ao seu “eu” e suas estruturas mentais. Neste sentido, as brincadeiras surgem como indicativos do estágio de desenvolvimento cognitivo em que se encontram as crianças e revelam uma função facilitadora que permite a estas evoluírem seqüencialmente, buscando formas mais elaboradas de adaptação à realidade (Piaget apud Oliveira, 1994:133). Com isso demonstra que as brincadeiras aparecem já no período sensório-motor e continuam no pré-operatório, funcionando como a base para as conquistas futuras; por isso o pensamento egocêntrico cumpre sua função e cede lugar ao pensamento lógico e ás brincadeiras de faz-de-conta, por sua vez, também cedem lugar às brincadeiras fundamentais em regras e em atividades coletivas organizadas, mostrando que quanto mais a criança avança em idade, mais caminha em direção da apreensão da realidade. Conclusão Sabe-se que a escola é uma instituição que tem como objetivo facultar ao educando a aquisição de conhecimento formal, por meio da sistematização curricular. Embora as brincadeiras na escola não sejam exatamente iguais ao brincar em outros espaços, justamente porque a escola é regida por normas que regulamentam as ações das pessoas e as interações entre elas, cabe aos educadores possibilitarem este tipo de atividade no processo educativo, principalmente porque o brincar tem função essencial no processo de desenvolvimento cognitivo da criança já nos primeiros anos de vida, posto que a auxilia a compreender e inserir-se no seu grupo, a construir a função simbólica, a desenvolver a sua linguagem, a construir a sua identidade e a conhecer o mundo físico e cultural do qual faz parte. O estudo realizado teve por objetivo central estudar o papel dos jogos na construção do conhecimento pela criança, reconhecendo o valor desse aporte pedagógico, considerando suas implicações no psiquismo infantil e sua praticidade e aplicação nas atividades escolares, com base em autores como Piaget (1975), Kamii (1991), Kishimoto (1994), que trouxeram grandes contribuições para este estudo ao explicarem os jogos infantis como peças importantes na construção do conhecimento dos alunos. É importante que a ação do educador se oriente no sentido de ampliar o repertório das crianças, não só do ponto de vista lingüístico, mas também do cultural. Cabe ao educador a tarefa de alimentar o imaginário infantil, de forma que as atividades das crianças se enriqueçam, tornando-se mais completas a partir das relações que vão estabelecendo. Com base nas suas observações, o educador terá condições de coordenar atividades pedagógicas que desenvolvam os conceitos que as crianças já estão construindo e que sejam adequadas às possibilidades reais de interação e compreensão que estas apresentam em determinado estágio de seu desenvolvimento. Durante a trajetória deste estudo, houve oportunidade de reavaliar conceitos em relação aos jogos e brincadeiras e à prática de ensino. Se por um lado pode-se refletir sobre as ações docentes, minimizando dúvidas e angústias, por outro lado chegou-se à constatação de que a prática não vem destoando da teoria e viceversa. Destaque-se, contudo, uma questão geradora de certa inquietação que se constituiu em objeto de grande interesse nesse estudo: entender o porquê de os alunos se movimentarem Revista de Educação A Brincadeira e os Jogos: Aportes para a Construção do Conhecimento 101 Revista de Educação Edvaldo Aparecido Rofatto tão pouco na escola, uma vez que a intensa atividade física faz parte de sua natureza infantil. A íntima relação de movimentos/atividades físicas, que caracterizam a fase infantil, com jogos e brincadeiras (o brincar inerente à faixa etária em questão) não indica proporcionalidade relativamente às oportunidades de movimento no espaço do planejamento pedagógico (consideração da funcionalidade dos jogos na construção do conhecimento). Tendo em vista a motricidade, os jogos vão permitir a realização de movimentos cada vez mais complexos de mãos, braços, pernas, corpo e cabeça. Por meio de exercícios de movimentos mais simples, o educando vai se capacitando a realizar movimentos mais complexos que exigem a participação de estruturas físicas e mentais mais sofisticadas. A confiança na aquisição der domínio de seus movimentos torna a criança capaz de imitar o outro. A imitação nos primeiros anos de vida é condição básica para o desenvolvimento da função simbólica. A criança começa a imitar as outras pessoas na presença dela, procurando repetir gestos e expressões. Imita também animais, objetos animados e, às vezes, até mesmo os inanimados. Aos poucos, a criança começa a imitar o modelo na ausência deste, ou seja, ela imita a ação que viu, sem que quem a emitiu esteja presente. É por este processo que a criança constrói a imagem mental, intimamente ligada à representação. Representar é a possibilidade de evocar algo, percebido no mundo exterior, em sua ausência. A imitação é utilizada extensivamente pela criança em seus anos pré-escolares, sendo elemento constituinte importante no jogo de faz-de-conta (Assis, 2000, 66). Dentre os mais variados tipos de jogos, percebemos o movimento como essencial para a sua realização, mostrando ter assim relevância destacada na infância, pois eles servem para a criança se relacionar com o outro, explorar o espaço e situar-se nele, bem como desenvolver a percepção, a relação e a exploração dos objetos e do próprio corpo. 102 As diversas formas e funções que o brincar assume na infância nos revela, em primeiro lugar, sua complexidade e, em segundo, sugere-nos que compreender sua importância na infância deve passar necessariamente pela compreensão da importância que a atividade lúdica tem para o ser humano em qualquer idade e para o desenvolvimento cultural de um povo. Infelizmente, foi percebido em várias escolas que o movimento é sempre negado em função do sentar-se, do prestar atenção, do calar-se, visgos de uma educação autoritária permitindo-se apenas a movimentação em fila e no recreio. Qualquer tentativa da criança tentar iniciar um jogo que envolva movimento é imediatamente barrada. Isso se assenta na compreensão restrita de alguns educadores que consideram o movimento como sinônimo de bagunça e desordem. Mas o que a falta de movimento pode causar? E as contribuições que os jogos trazem? Nada disso se cogita... Com atitudes como essas, impossibilita-se uma educação eficaz, qualitativamente superior e prazerosa, de incontestável respeito ao nível de desenvolvimento dos alunos e à construção de seu conhecimento. É certo que essas questões dos jogos, brincadeira e movimento merecem um estudo mais detalhado, podendo ser uma proposta para a continuidade deste estudo - por isso considerase que muito ainda deve ser pesquisado sobre a questão do brincar na Educação Infantil e nas séries subseqüentes, a fim de que se possa contribuir cada vez mais para o desenvolvimento da criança e das novas maneiras de aplicação educativa dos aportes pedagógicos. Não se pretendeu apresentar fórmulas para um trabalho com jogos e brincadeiras, mas se procurou lançar questões em que os educadores pudessem perceber suas ações, refletir sobre sua prática, tendo uma possibilidade de considerar a necessidade de mudanças na sua prática, como também de conhecer a função dos jogos e brincadeiras, destacando-lhes a preponderância nos processos cognitivos dos educandos - neste sentido emerge com o devido destaque a figura do professor como sujeito histórico cuja práxis pedagógica via delineando os contornos da educação na atualidade. A Brincadeira e os Jogos: Aportes para a Construção do Conhecimento Portanto, torna-se essencial que os educadores iniciem um processo de açãoreflexão-ação sobre as teorias que embasam a sua prática, buscando espaços na escola e em sala, de valorização dos jogos e brincadeiras, como uma das formas mais viáveis para uma educação prazerosa, ativa e de qualidade que contemple os aspectos intrínsecos da faixa etária à qual se destina. Desse modo, cumpre-se verdadeiramente o sentido primeiro da ação educativa, que é a intervenção nos processos cognitivos dos educandos por meio da exploração e transformação das premissas que eles trazem sobre o ser-e-estar no mundo. VYGOTSKY, L. S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994. WAJSKOP, J. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995. (coleção Questões da nossa época). ASSIS, O. Z. M. Função Semiótica ou Simbólica. In: PROEPRE: Fundamentos Teóricos e Prática Pedagógica para Educação Pré-Escolar. 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