patamares no desenvolvimento motor. Percebemos como a noção espacial se desenvolveu tornando as crianças mais organizadas, pois o deslocamento pela sala apresentou maior harmonia, mesmo com todos se
movimentando ao mesmo tempo em atividades de dança coletiva. Propusemos, individualmente, alguns giros e saltos. Saber observar o trabalho de um amigo e também
saber se expor para o resto do grupo foi um
grande aprendizado para todos. Aos poucos
fomos experimentando algumas atividades
mais ousadas e desafiadoras com o corpo
em movimento que nos possibilitaram perceber o desenvolvimento de cada criança. A
utilização dos diversos materiais como o bolão, os panos, os bambolês, os colchões e a
cama elástica, enriqueceu a exploração das
possibilidades corporais e favoreceu a socialização da turma. Administrar os diversos
desejos, além de respeitar cada criança no
seu tempo e nas suas capacidades, foi um
objetivo constante nas aulas e percebemos
que todos aprenderam muito com as diferenças e com as trocas de experiências.
Um Japão de cultura milenar e incríveis histórias, como a apresentada na Festa Pedagógica, cujo personagem principal era um
menino em miniatura que usava uma agulha
como espada. Junto com essas histórias
fantásticas, a música tradicional japonesa
tratou de ambientar as crianças nessa cultura tão diferente. Puderam perceber que a
escala oriental, de cinco sons, difere da nossa com sete. E, trabalhando com as notas
alteradas, dispostas na parte superior dos
metalofones, pudemos brincar um pouco de
construir pequenos desenhos melódicos,
dentro da escala japonesa. As crianças gostaram também de cantar em japonês uma
música ensinada pela Paula. Foi muito bacana ver que as crianças puderam reproduzir
os sons de uma língua tão difícil e cantar
com a maior desenvoltura.
Ainda nesse momento, improvisamos um
acompanhamento com tambores e chocalhos para essas melodias. A turma também
respondeu bem aos comandos de regência
da brincadeira do Vento que Venta, onde
trabalhamos a dinâmica da intensidade, da
formiguinha ao elefante. Identificamos também, nessa brincadeira, o nome de cada
instrumento e o contraste entre o som e o
silêncio.
Das histórias e brincadeiras cantadas
destaco a História de uma minhoca\ Que
desceu o morro \ para procurar \ Um pedacinho do seu rabo. Dessa forma, as crianças
iam passando por debaixo das pernas, se
integrando ao grande rabo da minhoca.
MÚSICA
Orientando-se pelo céu, a turma dos pequeninos viajou para o outro lado do planeta.
Mais precisamente, desembarcou no Japão.
Professora: Vanessa Passos Guimarães de Uzêda Auxiliar: Maria Nazareth de Souza Salutto Música: Jean Phillippe C. B. Trindade
Expressão Corporal: Ana Cecilia P. Guimarães Coordenação: Paula Lacombe
Relatório do Segundo Semestre de 2002
Turma do Céu
Rua Capistrano de Abreu, 29 - Botafogo - 2535-2434
Rua Cesário Alvim, 15 - Humaitá 3239-0950
www.sapereira.com.br / [email protected]
André Saback Saint-Clair / Arthur Alvarez dos Santos Jobim / Dora Buarque de Holanda / Eduarda
Marques Accioli de Vasconcellos / Francisco Nery Abrantes / Gabriel Correa Barbosa B. Fausto /
Guilherme Araujo Mello de Andrade / Joaquim Lima Goldenberg / Julia Ribeiro Matta de Almeida / Juliana
Lacerda Catharino / Luisa Annik Guimaraes Gouyou Beauchamps / Maria Clara Walcacer Nehrer /
Nina Neder de Lima / Paola Abreu Bokel / Pedro Xavier Ferreira de Sa / Tarcila Silveira de Paula Fonseca
Saudade e muita alegria marcaram o nosso reencontro. Começamos o semestre com
14 crianças. Aos pouquinhos nossa turma foi
crescendo novamente. Recebemos com
muito carinho Júlia e Juliana.
Com o grupo de volta, reorganizamos a
nossa rotina, adequando o nosso dia-a-dia
ao novo movimento dessa moçada que agora está mais crescida e autônoma. Assim
que as crianças chegam na escola, gostam
de colocar o papo em dia e de saber o que
irão fazer durante a tarde. Diante de tanta
vontade de falar, foi necessário estruturarmos novamente as nossas rodas de conversas. Com muita competência, esse grupo já
consegue se organizar. Ouvir e esperar a
sua vez de falar tem sido uma das grandes
conquistas da Turma do Céu.
Começamos a fazer, sempre no início da
tarde, um planejamento prévio de nossa rotina. Lançamos mão, neste momento, de cartões com fotos e a escrita do nome das salas, que são presos no quadro na ordem em
que serão utilizadas. Todos querem participar da organização de nossa agenda, contribuindo com sugestões de atividades. Desta
forma, buscamos criar mais um momento
onde as crianças possam perceber a importância e a função da escrita.
Na roda não há só conversa. Há também
muita brincadeira. É na roda que as histórias
da turma começam a acontecer. A roda move a Turma do Céu e a Turma do Céu move
a roda!
Neste processo de descobrir afinidades,
inaugurar novas parcerias e de perceber-se
como membro importante de um grupo, um
novo projeto foi surgindo. Após as férias,
começamos a perceber que uma questão
estava deixando o grupo inquieto: “Ser crian-
ça” . Em alguns momentos os ouvimos dizer
que já eram adultos quando queriam dizer
que já estavam crescidos. Para justificar esse crescimento, diziam que não usavam
mais fralda, mamadeiras e que já dormiam
em suas próprias camas e não mais em berço ou com os seus pais. Realmente eles haviam crescido!
Aproveitamos que o assunto estava envolvendo um grande número de crianças da
turma e abraçamos a questão dividindo-a
com todo o grupo. Seus palpites foram:
SER CRIANÇA É...
Ser pequeno
Ser legal
Brincar de Barbie
Brincar de leão
T23T
Brincar muito
Gostar de desenhar e pintar
Gostar de comer macarrão, milho, ovo, mate, coca-cola, chocolate e bala
Os adultos cuidam das crianças. Elas não
podem ficar sozinhas porque podem se
machucar e se perder
Trouxemos para ilustrar e salientar ainda
mais a curiosidade de todos, fotos de crianças sendo cuidadas por seus pais em diferentes países. Esse cuidado foi facilmente
percebido pela turma. Organizamos um mural e inserimos nele outras fotos onde as próprias crianças puderam se ver junto às suas
famílias. A hora da papinha, do banho, as
brincadeiras e muitos flagrantes de carinho
estiveram presentes, tornando a aprendizagem ainda mais significativa. Entre as conversas relacionadas ao tema surgiu o comentário: "Criança não pode ficar com fome!"
Com a colaboração dos pais, fizemos uma lista com os pratos preferidos da Turma
do Céu. Reunimos receitas que davam água
na boca! Biscoitos, brigadeiros, macarrão e
bolo dos mais variados. Foi impossível ficarmos só no papel e a criançada acabou colocando a mão na massa! Prepararam algumas receitas e receberam com entusiasmo a
visita de Helena, avó da Eduarda, que nos
ensinou a fazer deliciosos pães de queijo, os
preferidos de sua netinha.
As frutas também não ficaram de fora.
Alice, mãe do André (P1M), nutricionista,
conversou com o grupo sobre a importância
de uma alimentação saudável. Ao experimentá-las, algumas caretas. Com o incentivo
profissional as crianças ficaram mais receptivas ao que estava sendo oferecido. Experimentaram com prazer os diferentes sabores
que encontraram, tecendo comentários: “Foi
melhor do que festa, porque em festa não
tem fruta!!!”
Da cozinha para as brincadeiras de casinha trouxemos panelas e talheres, utensílios de verdade! As crianças assumiram os
papéis de pai, mãe, cozinheiro e garçom. Foi
a vez dos adultos ficarem de fora observando e se divertindo com o jogo de faz de conta que envolveu todo o grupo.
Para uma maior aproximação do projeto
institucional “Nós Tão Iguais, Tão Diferentes”, tivemos como objetivo proporcionar um
encontro da Turma do Céu com crianças de
outros lugares do mundo e perceber nossas
diferenças e semelhanças. Mobilizados em
conversas anteriores sobre os diferentes
utensílios utilizados pelos japoneses para se
alimentarem, nos envolvemos com a cultura
japonesa.
O livro “Crianças como Você”, do Unicef,
ilustrou a conversa com Daisuke, um menino que vive no Japão e que adora comer
yakisoba, peixe, legumes e verduras na tigela e com pauzinhos.
Visitamos um restaurante japonês. Ao
chegarem, as crianças tiraram os sapatos,
se acomodaram em almofadas no chão e
ouviram uma pequena história sobre o significado do nome Manekineko. Todos limparam as mãozinhas com toalhas quentes e
saborearam um delicioso yakisoba. O maior
desafio foi comer com os palitinhos. No final
da visita foram presenteados com um gatinho da sorte de porcelana.
Fomos também ao Museu Histórico Nacional ver a exposição de Sharaku - revisitado por artistas contemporâneos do Japão.
Lá, o grupo apreciou diferentes obras que
salientavam as expressões faciais de samurais e japoneses em geral, assim como as
cores. O encontro das crianças com a arte
japonesa aconteceu de forma lúdica e prazerosa.
Inspirados nesta arte, produziram tigelas
de argila, pinturas com nanquin em papel
vegetal, brincaram com as próprias expressões faciais, que foram registradas através
de fotografias e inventaram várias dobraduras, ou melhor, origamis.
Os materiais trazidos de casa, como livros
de culinária, vestimentas, vídeos e diferentes
objetos, contribuíram muito, possibilitando
novas descobertas. Dentre eles, o conto Issumboushi. As crianças ficaram tão envolvidas com a história, que ela ganhou espaço
também nas aulas de Expressão Corporal e
Música. Um pouco deste trabalho pôde ser
visto na dança japonesa que o grupo apresentou na festa pedagógica.
Estamparam lindos quimonos e no dia da
apresentação houve muita emoção! Os
“Issumbushis” da Turma do Céu encantaram
o público presente com uma bela e animada
dança com bastões. E como não podia faltar,
foi oferecido a todos os convidados um delicioso yakisoba, preparado com muito carinho pela Cida.
Nos últimos meses, partimos em direção
às terras africanas para descobrirmos o que
fazem as crianças por lá. Além de suas brincadeiras, aproveitamos para descobrir as
preferidas da turma. Listamos as que eles já
conheciam e lhes ensinamos outras. O repertório do grupo aumentou e, no pátio, já se
aventuram em algumas brincadeiras coletivas como o pique pega e a pular corda.
Demonstraram interesse também pelos
fascinantes animais das savanas e florestas
africanas. Na sala de artes confeccionaram a
estampa de seus corpos e brincaram com
os movimentos dos felinos, da girafa, do ele-
fante e da zebra. O passeio ao zoológico tão
esperado, foi um sucesso. Afinal todos queriam vê-los de pertinho.
A visita dos pais do Gabriel selou o encontro do grupo com a cultura africana. Na
companhia de mais um capoeirista, jogaram
capoeira, tocaram atabaque, pandeiro e berimbau, além de relatarem um breve histórico sobre a origem da capoeira. Foi um sucesso!
O ano já está terminando e o projeto denominado “Ser criança”, foi apenas o começo de muitos questionamentos que ainda
virão. Certamente o grupo pôde perceber o
quanto é bom ser criança e poder brincar
tendo sempre, ao nosso redor, grandes amigos.
A heterogeneidade do grupo proporcionou um ano de interações ricas, recheadas
de muito afeto e novas aprendizagens. Buscamos garantir um espaço seguro em que as
crianças pudessem agir de forma solidária e
tolerante umas com as outras. Os vínculos
construídos e fortalecidos ao longo do período foram de grande importância na construção desta história. Uma história de muita
emoção, aventura, desafio, descoberta e
crescimento.
EXPRESSÃO CORPORAL
Observamos muitos progressos no semestre. As crianças avançaram nas suas
possibilidades corporais e alcançaram novos
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Turma do Céu - Escola Sá Pereira