1. 2004
Publicação da Divisão Coromant da Sandvik do Brasil
ISSN 1518-6091 RG. BN 217.147
Sandvik Coromant do Brasil
1
Todo ano novo é o momento ideal para reprogramações
e planos de mudanças. No intuito de continuar, cada vez
mais, representando o setor, a
revista O Mundo da Usinagem
introduziu algumas alterações
que, espera-se, facilitarão e
tornarão mais eficaz sua leitura e aproveitamento.
Assim é que as antigas seções Usinabilidade e Fluidos de
Corte foram englobadas na nova
seção Produtividade. As reportagens, que visavam apresentar
diversos modelos de gestão empresarial de sucesso, serão apresentadas sob a seção Gestão
Empresarial. A seção Notas & Novas foi substituída por Movimento, que terá, a partir do
próximo número, a conotação de divulgar,
com antecedência, eventos e realizações do
setor, para que o leitor possa se programar
a fim de assisti-los, caso seja de seu interesse. Finalmente, em Contatos, o leitor encontrará o elenco das referências necessárias para se comunicar com autores e empresas que tenham figurado naquele número específico da revista.
O desejo de aprimorar-se cada vez mais
e servir de fórum de debates para questões
da engenharia e da manufatura permanece
absoluto. O presente número enfatiza a posição de apoio ao relacionamento entre empresa e universidade, apresentando contribuições de professores e alunos de
renomadas escolas de engenharia e, também, de empresas como Blaser e Aços VIC.
Apresentamos,igualmente, nesta edição, interessantes cases de usinagem. Um
deles com a Alstom Brasil sobre usinagem
pesada e um outro do Arsenal de Guerra
do Rio de Janeiro, sobre furação profunda.
Na seção Empreendedores fomos até a
MECAT – Goiás, onde a inovação os levou
a uma projeto de máquinas que racionalizou custos e desbancou a concorrência no
campo da industrialização de sucos.
Assim pretendemos continuar, entre a
manutenção das experiências positivas e
inovações que as consolidem e enfatizem.
Esperamos continuar contando com o apoio
e as sugestões de nossos leitores.
Índice...............................................................................................
Ponto de Vista
A importância da pesquisa aplicada para o
desenvolvimento industrial do país ....................................pág. 04
Suprimentos
Logística: Enfoque em Sistemas de Transporte (Modais) .............pág. 06
Empreendedores
Do bagaço da laranja sobrou muita história ............................pág. 12
Produtividade
Microbiologia e fluidos para usinagem....................................pág. 16
Produtividade
Aços Ressulfurados de Corte Fácil ..........................................pág. 19
Gestão Empresarial
Dez Toneladas de Cavacos ...................................................pág. 22
Gestão Empresarial
Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro ......................................pág. 26
Pesquisa & Desenvolvimento
Furação com fresa de topo usando estratégia
helicoidal em aço endurecido AISI H13 ...................................pág. 30
OTS
Okuma inaugura filial em Manaus .........................................pág. 36
Página da Abepro
O ENCEP 2004 será no Espírito Santo ....................................pág. 38
Movimento .........................................................................pág. 40
Contatos ............................................................................pág. 42
2
O Mundo da Usinagem
Caros amigos,
O Mundo da
Usinagem
Publicação trimestral da Divisão
Coromant da Sandvik do Brasil S.A.
ISSN 1518-6091 RG.BN 217.147
e-mail:
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Mike Amat;
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Madison José Souza Santana
Criação, Ilustração,Editoração:
Arte Gráfica
Revisor: Fernando Sacco
Fotolito: Digigraphic
Todo início de um novo ano reforçamos em nós
o desejo de cumprir todas as promessas, de implementar
e colocar em prática todos projetos que fizemos. E m
nossa vida particular, por exemplo, normalmente,
planejamos o início de um regime alimentar. Também
prometemos ser mais organizados, reservar mais tempo
para nós mesmos e para a família, iniciar aquele curso
de idiomas que faz tanta falta, ingressar naquele grupo
de trabalho voluntário, etc,etc,etc...
Em nossa vida profissional, assim como na pessoal,
também estabelecemos novas metas e planejamos várias
ações e tudo com o intuito de nos trazer mais progresso e
nos fazer mais bem sucedidos em nossa carreira: um
planejamento mais adequado para que possamos agir de
uma forma pró-ativa no atendimento aos nossos clientes
internos e externos; aquela organização em nossos
documentos para que possamos achá-los no momento que
precisarmos sem que, com isso, tenhamos que deixar
nossos colaboradores “malucos”; a implantação daquele
novo processo de produção que aumentará nossa
produtividade; aquela redução de custo de produção que
aumentará nossa lucratividade, e assim por diante.
O que existe de comum entre nossos planos
pessoais e profissionais é que, em geral, somos bastante
ambiciosos, e se atingirmos a maior parte daquilo que
planejamos e prometemos, certamente teremos mais
sucesso do que nos anos anteriores.
Pois bem, estamos aqui escrevendo para a primeira
edição de 2004 de O Mundo da Usinagem, o que significa
que já estamos terminando o primeiro trimestre do ano; e
nos perguntamos: o que já fizemos?
Nosso momento é extremamente positivo,
com sinais claros de um crescimento lento, mas
progressivo. Esta é a hora de agir rapidamente para
não perder as oportunidades que o mundo está
oferecendo ao Brasil, oportunidades estas que não
aparecem sempre. Nosso país está ávido de idéias
e ações que possam nos tornar mais competitivos
no cenário mundial e com isso ratificar nossa
condição de país economicamente viável e de
crescimento contínuo.
Coloquemos, pois, em prática nossas
Gráfica: GraphBox-Caran
idéias e planos que é a única forma de atingirmos
Tiragem: 9.000 exemplares
nossos objetivos.
Caso precise de uma ajuda na área de
ferramentas para usinagem, conte conosco!
Av. das Nações Unidas, 21.732
Santo Amaro - São Paulo - SP
CEP 04795-914
Um grande abraço
e uma excelente leitura!
O que existe
de comum entre
nossos planos
pessoais e
profissionais
é que, em
geral, somos
bastante
ambiciosos, e se
atingirmos a
maior parte
daquilo que
planejamos e
prometemos,
certamente
teremos mais
sucesso do que
nos anos
anteriores.
Cláudio José Camacho
Diretor - Coromant
Sandvik Coromant do Brasil
3
A
O Mundo da Usinagem
convidou o Prof. Dr. Olívio Novaski para
escrever a seus leitores e com eles
compartilhar sua ampla experiência de
profissional com dezenas de publicações
no Brasil e no exterior.
4
O Mundo da Usinagem
ntes de se comentar
sobre o tema acima, é interessante verificar o que significa a palavra “pesquisa”: “ato ou efeito
de pesquisar. Indagação ou busca minuciosa para averiguação da
realidade. Investigação e estudo
minudentes e sistemáticos, com o fim
de descobrir ou estabelecer fatos ou
princípios relativos a um campo qualquer do conhecimento.” (Dicionário
Aurélio). Acredita-se que, para o
tema em questão, o conceito em
itálico (marcado pelo autor deste artigo) é o que mais se aplica.
Com esta conceituação, a palavra pesquisa, no Brasil, fosse ela
acompanhada do termo aplicada
ou não, era associada aos Centros
de Pesquisas, mais especificamente às Universidades. Por bom tempo esteve, de fato, mais restrita ao
meio acadêmico, com pouca ou
nenhuma interface com o meio
industrial, salvo alguns esforços
isolados. De maneira geral, o
meio acadêmico se encapsulava
em si mesmo e as indústrias, querendo respostas imediatas às suas
questões, se desiludia com as tentativas de aproximação.
Os profissionais das Empresas, envolvidos com a rotina diáProf. Dr. Olívio Novaski,
Depto. de Engenharia de Fabricação da Faculdade de
Engenharia Mecânica - UNICAMP-SP.
ria, não dispunham de tempo para
questões mais complexas ou, para
ser mais exato, para pesquisar. Assim, salvo honrosas exceções, havia
uma dicotomia entre o que a Universidade pesquisava e o que a Indústria precisava.
Foi por esta época que os órgãos
oficiais apoiaram os pesquisadores
brasileiros a se especializarem no
exterior, gerando, como conseqüência, uma pós-graduação forte e uma
equipe de pesquisadores de primeira linha, de sorte que, hoje, já não
há necessidade tão grande de financiar, por exemplo, um doutorado
inteiro no exterior.
Todavia, ao contrário do que
acontece nos países chamados de Primeiro Mundo, a maior parte deste
pessoal tem ido para as Universidades e Centros de Pesquisas, com uma
ínfima parcela sendo absorvida pelo
meio industrial. Muitos dos profissionais titulados possuem mais o perfil de pesquisador do que o de professor, mas ainda não há, ou é muito
tímida, uma política de absorção desta mão de obra, pelas corporações.
No meio de tudo isto, algumas
políticas industriais importantes
ocorreram, de sorte que, de um instante para outro, as empresas encontraram fortes competidores externos e a sobrevivência daquelas
aqui instaladas exigia esforços
emergenciais. Assim, o que parecia
impossível começou a ocorrer : uma
procura, por parte das Empresas,
de soluções prontas das Universidades que, também, desprovidas de
conhecimentos mais práticos, não
podiam responder da maneira
requerida. Mas, o fato positivo é
que o sentimento, usando uma
palavra talvez um tanto forte para
o momento, de repulsa de ambas
as partes começou a se dissolver,
devido também à atribuição de
recursos cada mais escassos dos
órgãos oficiais às Universidades e
Centros de Pesquisa.
O cenário apontava, de um lado,
para entidades necessitadas de recursos e, de outro, para empresas
com recursos e ávidas por outros
meios de conhecimento ou de aprofundamento do conhecimento. Percebeu-se que existia uma interface
que podia ser explorada e a somatória de conhecimentos só apontava
para ganhos, pois equipes competentes e bem informadas existiam
de parte a parte, faltando um início de relacionamento e uma troca
maior de experiências.
É a sobrevivência da própria
Economia, das Empresas e das Universidades, ou seja, deste sistema,
que fez com que começasse a ocorrer uma relação mais profissional
entre os diversos atores. A própria
proposta do atual Ministro da Educação para as Universidades Públicas, principalmente as Federais,
contempla uma autonomia maior
às mesmas, fazendo que se desenvolva a criatividade de seus membros para a captação de recursos,
que somente serão conseguidos
através de parcerias.
No mundo da usinagem, felizmente, sempre houve uma cooperação mais forte entre Empresas e
Instituições de Pesquisa. Fabricantes de matéria-prima, ferramentas,
máquinas e de componentes sempre estiveram ao lado das pesqui-
sas aplicadas e trabalhos desenvolvidos. Temas importantes em
usinabilidade, análise de desempenho de ferramentas, otimização e
desenvolvimento de processos e
outros, de há muito são feitos em
parceria. Os trabalhos práticos sempre envolveram ferramentas, máquina e material, que sem a colaboração e interesse em temas conjuntos, seriam difíceis de serem desenvolvidos. Por outro lado, sempre
houve, de certa forma, uma pesquisa, como definido pelo Aurélio, por
parte destes segmentos, conduzida
O lançamento de
diversos cursos de
pós-graduação, em
parceria, tem sido
um sucesso, assim
como o Mestrado
Profissional
pelas organizações. Melhorias dos
processos de usinagem, avaliação de
alternativas de usinagem, etc., sempre estiveram na pauta, principalmente dos fabricantes de ferramentas, frente aos seus clientes, ou seja,
a pesquisa feita pelas Empresas.
Outrossim, há necessidade
freqüente dos profissionais ligados
às empresas se reciclarem, e de outros se formarem, para se ter, em
primeira instância, uma equipe de
alto padrão e, em segunda instância, esta equipe de alto padrão começar a desenvolver novos produtos e serviços de maneira permanente, pois somente com equipes
assim é que se consegue pensar em
desenvolvimento, capacitando e
qualificando a mão-de-obra, para se
ter equipes capazes de se lançar aos
desafios. De novo, a relação Empresas/Instituições de Ensino passa a ter um papel de suma importância, lançando programas de
ensino condizentes com ambas as
partes, em parceria.
O lançamento de diversos cursos de pós-graduação, em parceria, tem sido um sucesso, assim
como o Mestrado Profissional, dirigido aos profissionais já atuantes, permitindo uma troca de experiências enriquecedora. Aos poucos as corporações começam a absorver e, em alguns casos, a exigir
pessoas tituladas. Um sinal de que
há uma premência para se fazer
pesquisa aplicada, com mais ênfase, também em outras áreas do conhecimento, além da usinagem.
O espírito empreendedor e o
desenvolvimento de produtos e serviços inovadores passam, obrigatoriamente pela base do conhecimento, adquirido e desenvolvido em
Instituições voltadas para o desenvolvimento aplicado.
Resta saber se, em função da
condução da Economia e dos Negócios do País, ter-se-á uma mãode-obra qualificada, em profusão,
que será explorada nos moldes
atuais, por falta de oportunidades
(que o reporte quem tentou abrir
uma empresa), ou se as condições
permitirão que esta mão-de-obra
utilize o seu potencial, fortalecendo a base da Economia, que são as
pequenas e as microempresas, com
produtos e serviços diferenciados.
Da mesma forma, a procura e
o investimento das grandes corporações em pessoas mais qualificadas, embora ainda de maneira
tímida, aponta para a necessidade de se desenvolver cada vez
mais produtos regionalizados e
customizados.
Esperamos que tudo aponte
para uma oportunidade maior
para todos.
Sandvik Coromant do Brasil
5
G ESTÃO L OGÍSTICA
O Conselho de Gestão de
Logística (CLM – Council of Logistics
Management, organismo internacional sediado em Illinois, nos Estados Unidos) descreve o termo
Gestão de Logística como sendo
o processo de planejamento, implementação e controle eficiente,
fluxo efetivo e estocagem de bens
e relação de informações, do ponto de origem ao ponto de consumo, para o atendimento dos requisitos do cliente (CLM, 1991).
Prof. Dr. Antonio Batocchio
Depto.de Engenharia de Fabricação da Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP-SP.
Prof. Dr. Rogério Monteiro
Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, Centro Paula Souza,
São Paulo-SP.
6
O Mundo da Usinagem
Nesse sentido, GREEN(1991)
afirma que a logística surge para
incluir todo o suporte necessário
para a introdução de um novo
produto ou mudanças significantes em um produto existente. Normalmente, isso requer treinamento, desenvolvimento de técnicas de publicidade e aquisição
de peças sobressalentes, ferramentas especiais e equipamentos
de testes. Logística, então, tornase o processo de oferecer a quantidade adequada de um determinado item, no local em que este
item é solicitado, no tempo certo.
A gestão de uma atividade de
logística integrada tem se tornado a tarefa de garantir que estes
objetivos sejam atingidos dentro
dos limites de recursos aceitáveis.
A logística não está confinada
apenas às operações de manufatura. Ela é relevante em organizações, incluindo governo, instituições como hospitais e escolas,
prestadoras de serviços como varejistas, bancos e organizações de
serviços financeiros (LAMBERT et
alii,1998). Algumas das muitas
atividades abrangidas pela logística aparecem na Figura 1, que
dependem de entradas como fatores humanos, naturais, financeiro e recursos de informação. Os
fornecedores entregam (providenciam) os materiais brutos, produtos semi-acabados (forjados, perfilados, etc.) e acabados (rolamento, motor elétrico, etc.) os quais
são modificados pelos gestores de
logística em material bruto, inventário em processo e bens finais.
Ações da gestão, providenciam
a estrutura para atividades logísticas por meio do planejamento,
implementação e controle. As saídas dos sistemas logísticos são: (1)
vantagem competitiva em tempo,
em espaço utilizado ou em movimentação eficiente até o cliente e
(2) oferta de diversos serviços
logísticos, serviços esses que se
transformam em propriedade da
organização (LAMBERT et alii,
1998).
O transporte representa um
dos elementos mais importantes
na composição dos custos logísticos de uma empresa. Segundo
BALLOU(1998), o transporte é capaz de absorver entre 33,3 e 66,6%
dos custos logísticos totais. Surge,
então, a necessidade de se entender os fundamentos do transporte
e sua influência no desempenho
logístico da empresa.
IMPORTÂNCIA DO S ISTEMA
DE T RANSPORTE
Um sistema de transporte eficiente e de baixo custo contribui
para aumentar a competitividade
da empresa no mercado, reduzir
preços dos produtos comercializados e melhorar a economia
de escala na produção. Com relação à economia de escala, o sistema de transporte interfere na
confiabilidade do recebimento de
matéria-prima e componentes dos
fornecedores e na confiabilidade
de entrega de produtos acabados
aos clientes e mercados consumidores, em bom estado e nos tempos pré-determinados.
A escolha do modo de transporte deve considerar algumas
características básicas, tais como:
(1) preço do serviço de transporte, (2) rapidez e variabilidade, (3)
versatilidade, (4) riscos de perdas
e danos decorrentes da modalidade escolhida (Monteiro, 2002).
Sandvik Coromant do Brasil
7
O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior
(MDIC, 2002) classifica o Sistema
de Transporte quanto à forma em:
Modal: envolve apenas uma modalidade (ex.: Rodoviário);
Intermodal: envolve mais de
uma modalidade (ex.: Rodoviário
e Ferroviário);
Multimodal: envolve mais de
uma modalidade, porém, regido
por um único contrato;
Segmentados: envolve diversos
contratos para diversos modais;
Sucessivos: quando a mercadoria, para alcançar o destino final,
necessita ser transbordada para
prosseguimento em veículo da mesma modalidade de transporte (regido por um único contrato).
Todas as modalidades têm suas
vantagens e desvantagens. Algumas
são adequadas para um determinado tipo de mercadorias e outras
não. Segue descrição suscinta dos
diversos modais.
TIPOS DE M ODAIS
los pertencem a terceiros. Trata-se
do sistema de transporte mais utilizado no país, apesar de registrar
elevado custo operacional e excessivo consumo de óleo diesel. Possui
grande flexibilidade operacional,
permitindo acessos a pontos isolados. Apresenta grande competitividade para o transporte de cargas dispersas, isto é, não concentradas na origem ou no destino e o de
curtas distâncias, onde seu maior
custo operacional é compensado
pela eliminação de transbordos.
O transporte rodoviário na
América do Sul é regido pelo Convênio sobre Transporte Internacional Terrestre entre Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai e Peru, firmado em Santiago
do Chile, 1989. Esse convênio regulamenta os direitos e obrigações
no tráfego regular de caminhões
em viagens entre os países consignatários (MDCI, 2002).
No Brasil algumas rodovias ainda apresentam estado de conservação ruim, aumentando os custos
com manutenção dos veículos.
Além disso, a frota é antiga e sujeita a roubo de cargas.
VANTAGENS
Adequado para curtas e médias
distâncias;
Simplicidade no atendimento
das demandas e agilidade no
acesso às cargas;
Menor manuseio da carga e menor exigência de embalagem;
O desembaraço na alfândega
pode ser feito pela própria empresa transportadora.
O transporte rodoviário apresenta baixo custo inicial de implantação, exigindo apenas a construção do leito, uma vez que os veícu8
O Mundo da Usinagem
DESVANTAGENS
Custo de fretes mais elevados em
alguns casos;
Menor capacidade de carga entre todos os outros modais;
Todas as modalidades
adequadas para um
Menos competitivo para longas
distâncias;
Com relação à segurança no
transporte rodoviário de cargas,
tecnologias com rastreamento
de veículos por satélite, bloqueio
remoto de combustível, entre
outras tecnologias, estão sendo
utilizadas por empresas do setor
de transporte, visando reduzir os
riscos de transporte. Ocorre que
essas tecnologias possuem elevados custos de aquisição, de maneira que grande parte da frota
rodoviária de carga encontra-se
à margem dessas inovações.
O transporte ferroviário possui um custo de implantação elevado, não apenas pela exigência
de leitos mais elaborados, como
também pela aquisição simultânea do material rodante, constituído de locomotivas e vagões.
Apresenta baixo custo operacional e pequeno consumo de óleo
diesel, em relação ao transporte
rodoviário. Não apresenta grande flexibilidade, operando através
de pontos fixos, caracterizados
têm suas vantagens e desvantagens. Algumas são
determinado tipo de mercadorias e outras não.
por estações e pátios de carga, sendo
muito competitivo no transporte de
cargas com origem e destinos fixos
e para longas distâncias, onde os
transbordos realizados na origem e
no destino são compensados pelo
menor custo do transporte.
O transporte ferroviário na
América do Sul também é regido
pelo Convênio sobre Transporte Internacional. O transporte ferroviário é adequado para o transporte
de mercadorias agrícolas, derivados
de petróleo, minérios de ferro, produtos siderúrgicos, fertilizantes,
entre outros.
VANTAGENS
Adequado para longas distâncias
e grandes quantidades de carga;
Menor custo do transporte.
lização privilegia materiais fluidos,
tal como gases, líquidos e sólidos
granulares. O sistema apresenta elevado custo de implantação e baixo
custo operacional. Possui pequena
flexibilidade, operando apenas
entre pontos fixos, que são as estações de bombeamento e recalque.
No entanto, o transporte dutoviário
registra muita competitividade para
o transporte em alta velocidade de
grandes quantidades de fluidos.
VANTAGENS
Alta confiabilidade pois possui
poucas interrupções;
Pouco influenciado por fatores
meteorológicos.
utilizado no comércio internacional.
Possibilidade de navegação interior
através de rios e lagos.
VANTAGENS
Maior capacidade de carga;
Carrega qualquer tipo de carga;
Menor custo de transporte.
DESVANTAGENS
Necessidade de transbordo nos
portos;
Longas distância dos centros de
produção;
Menor flexibilidade nos serviços
aliado a freqüentes congestionamentos nos portos.
DESVANTAGENS
Número limitado de serviços e
capacidade.
DESVANTAGENS
Diferença na largura das bitolas;
Menor flexibilidade no trajeto;
Necessidade maior de transbordo.
O transporte dutoviário é feito
através de tubos (dutos), baseandose na diferença de pressão. Sua uti-
O transporte marítimo apresenta baixo custo de implantação e de
operação. Apesar de limitado às
zonas costeiras, registra grande
competitividade para longas distâncias. Necessita de transporte complementar, o que pode torná-lo inadequado para algumas rotas. O
transporte marítimo é o modal mais
O transporte hidroviário apresenta baixo custo de implantação,
quando da ocorrência de uma via
natural. Tal custo, no entanto, aumenta bastante se houver necessidade de construção de canais, barragens e eclusas, por exemplo. Seu
custo operacional, pequeno em vias
perenes de grande calado, aumenta de maneira sensível em vias de
baixo calado e de utilização sazonal,
onde não é possível operar em períodos de seca. Apresenta baixa velocidade operacional e alcance limiSandvik Coromant do Brasil
9
tado ao curso natural da via utilizada. Atinge excelente competi tividade quando satisfeitas as condições de via natural, perene e de
grande calado.
VANTAGENS
Custos de perdas e danos são
considerados baixos.
DESVANTAGENS
Costuma ser mais lento que o
modo ferroviário;
Disponibilidade e confiabilidade
são fortemente influenciadas pelas condições meteorológicas.
VANTAGENS
É o transporte mais rápido;
Não necessita embalagem mais
reforçada (manuseio mais cuidadoso);
Os aeroportos normalmente estão localizados mais próximos
dos centros de produção.
DESVANTAGENS
Menor capacidade de carga;
Valor do frete mais elevado em
relação aos outros modais.
SERVIÇOS M ULTIMODAIS
A utilização de mais de um modo
de transporte vem crescendo nos
últimos anos. BALLOU(1998) apresenta dez combinações para os
transportes multimodais:
O transporte aeroviário apresenta baixo custo de instalação e
elevado custo operacional. Registra grande flexibilidade e permite o acesso a pontos isolados do
país, com alta velocidade operacional. É o meio ideal para o transporte de mercadorias de grande
valor e de materiais perecíveis em
situações excepcionais. Algumas
dessas situações são catástrofes,
guerras e epidemias. Devido a seu
elevado custo operacional, o transporte aéreo não é apresentado
como alternativa, limitando-se
sua utilização a casos específicos.
É o transporte adequado para
mercadorias de alto valor agregado, pequenos volumes ou com
urgência na entrega.
10
O Mundo da Usinagem
1) Ferro – Rodoviário
2) Ferro – Hidroviário
3) Ferro - Aeroviário
4) Ferro – Dutoviário
5) Rodo - Aéreo
6) Rodo – Hidroviário
7) Rodo – Dutoviário
8) Hidro – Dutoviário
9) Hidro – Aéreo
10) Aero – Dutoviário
Sabe-se que nem todas essas
combinações mostram-se práticas. A
alternativa de equipamento mais
popular é o contêiner, empregado
em muitas das companhias multimodais. O contêiner é uma grande caixa para acondicionamento de
carga, em geral de dimensões e formato padronizados, que pode ser
transferido para todos os modais de
transporte de superfície, com
exceção dos dutos.
Com a carga em contêiners, os
remanejamentos de pequenas unidades de carga nos pontos de transferência intermodal são realizados
com baixos custos, viabilizando o serviço porta-a-porta por caminhões.
Ao longo do processo logístico,
surgem inúmeros fluxos de mercadorias entre pontos diversos da rede
logística. Nos pontos de transição de
um fluxo para outro, como, por
exemplo, da manufatura e transferência ou entre a transferência e a
distribuição física, surge a necessidade de manter o produto estocado
por um certo período de tempo.
A estocagem tem um papel importante no desenvolvimento
econômico da rede logística.
O tempo de permanência da
mercadoria num depósito ou armazém depende muito dos objetivos gerais das empresas.
Referências Bibliográficas
BALLOU, R. H., Business Logistics Management, 4a edição, Prentice Hall,
New Jersey, 1998.
CLM, 1991, Council of Logistics Management, www.clm1.org
GREEN, L. L., Logistics Engineering, Willey-Interscience, New York, 1991.
LAMBERT, D. M., STOCK, J. R. e ELLRAM, L. M., Fundamentals of Logistics
Management, Boston, Irwin - McGraw-Hill, 1998.
MONTEIRO, R., Proposta de um Modelo de Apoio à Tomada de Decisão
Baseado em Fatores Críticos de Sucesso. Tese de Doutorado, Faculdade
de Engenharia Mecânica da UNICAMP, Campinas, São Paulo, 2002.
MDCI, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
http://www.mdic.gov.br/comext/depla/doc/logistica.PDF acessado em 2002.
Sandvik Coromant do Brasil
11
O
que ninguém sequer desconfia é que tal
resultado é fruto de uma
inovação tecnológica,
surgida há mais de uma
década e patenteada no
Brasil e nos Estados Unidos, hoje presente em
70% das indústrias de cítricos no mundo todo.
Trata-se do equipamento
Turbo-Filtro, inteiramente concebido por Attilio
Turchetti, diretor do grupo MECAT, cuja fábrica
está situada em Abadia de
Goiás, no estado de Goiás.
O
PRODUTO – SUA
CONCEPÇÃO,
CARACTERÍSTICAS E
BENEFÍCIOS DE USO
A experiência inicial de Attilio
Turchetti como empresário, aqui no
Brasil, foi marcada pela produção
de equipamentos em geral, para as
indústrias de cimento, mineração e
fabricação de filtros-prensa para
tratamento de efluentes nas empresas de laticínios.
Tendo observado que o mecanismo de filtração para separação
dos sólidos em líquidos era um
elemento crítico para o processo,
pensou logo em fazer um mecanismo preliminar separador contínuo, a fim de padronizar o fluxo para o filtro-prensa.
Desta idéia de separador contínuo inicial surgiu, em 1987, um
embrião de Turbo-Filtro, com o
primeiro sendo utilizado em um
laticínio, no processo de fabricação de queijo para filtrar o soro
depois da calhação, retirando toVera L.Natale
12
O Mundo da Usinagem
Vários modelos de Turbos-Filtro em fase final de montagem.
das as partículas sólidas residuais.
A partir deste momento , a
MECAT iniciou uma série de pesquisas de campo em cada produto
onde havia a necessidade de separar os sólidos e microsólidos insolúveis em suspensão em um líquido.
Em 1993, depois de sete anos
de testes e de contínua evolução do
equipamento, um Turbo-Filtro
aprovado pelas maiores multinacionais produtoras de sucos cítricos revoluciona a fase do processo
de finalização na fabricação do
suco de laranja.
A principal peculiaridade do Turbo-Filtro é o uso de tecido técnico sintético no lugar de chapa perfurada
no corpo filtrante. Outra peculiaridade é a turbulência como dinâmica
do produto a ser processado.
Hoje, a turbo-filtração é a
tecnologia mais utilizada nas indústrias de sucos cítricos em escala industrial, e esta tecnologia
está encontrando um campo de
ação na produção de álcool e açúcar, de amidos e no pré-tratamento de efluentes industriais com
conteúdo de microsólidos insolúveis em suspensão.
O Turbo-Filtro é um equipamento que exige uma fabricação
de alta qualidade, sendo todos os
componentes de aço inox com
acabamento para uso alimentício.
Devido às enormes solicitações suportadas pelos elementos
do Turbo-Filtro durante o processo dos produtos, as partes mecânicas exigem um altíssimo grau
de precisão e por isso a usinagem
da MECAT é dotada de modernas máquinas de comando nu-
mérico, com pessoal constantemente atualizado na escolha e no
uso da ferramenta.
Para o gerente, o cérebro e o
coração do Turbo-Filtro são, justamente, o modo e o meio de filtração: a separação efetiva do sólido e do líquido é realizada por
uma dinâmica de turbulência e
em circuito fechado, em contraposição à filtração estática e intermitente empregada antes. Dessa
forma, o produto a ser filtrado
não perde calor, por não ter
contato atmosférico, e assim evitam-se eventuais contaminações,
conservando-se ainda as propriedades do que está sendo filtrado.
O tecido sintético também contribui para agregar valor ao produto por ser de fácil limpeza e não
esmagar nenhuma fibra, dada sua
respectiva elasticidade, conferindo assim maior eficácia de filtração. Sua assepsia é garantida por
um sistema de limpeza, monitorado por um software , o qual
emite vários jatos – de água e soda
– que opera com duração máxima de dois minutos e evita, atra-
Da esquerda para a direita: Rogério Narvae Lima, diretor da Kaymã, distribuidor
Sandvik Coromant; Eng. Sergio Soares da Silva, gerente de produção MECAT;
Marcionil Borges de Faria, gerente industrial MECAT e Wenderlayne da Silva, operador de Fresadora CNC.
Sandvik Coromant do Brasil
13
to e equipamento,
sendo nove delas brasileiras e quatro deferidas pelos EUA).
TRAJETÓRIA NO
BRASIL – UMA
GESTÃO
EMPRESARIAL
ARROJADA
Attilio Turchetti, diretor do grupo MECAT.
vés de um sistema automático de
drenos, a mistura entre o produto
processado e o produto de limpeza. Além disso, o software controla a
vazão e o sistema de segurança do
processo. Devido basicamente a
dois fatores principais, ou seja, à flexibilidade do produto que pode
servir à microfiltração de qualquer
tipo de fibra em suspensão em um
determinado efluente como tomate, cana de açúcar, cevada, laticínios
etc., desde que se especifique a
micragem do meio filtrante; bem
como à toda estrutura fabril de que
dispõe a MECAT, que mantém sempre em estoque as partes “estratégicas” do equipamento, a empresa
consegue atender os clientes em um
tempo médio de quinze dias a um
mês. A MECAT faz questão de frisar que é inovador também o fato
de fazer parte do preço de venda
do produto a garantia de um ano
de manutenção do mesmo.
Hoje a MECAT conta com 07
modelos e 14 patentes (de concei14
O Mundo da Usinagem
Turchetti, italiano,
residente no Brasil há
mais de vinte anos, é
diplomado em tecnologia industrial pelo
Instituto Guglielmo
Marconi de Forli, Itália, com ênfase em metalurgia e usinagem.
No período em que
traba lhou como executivo da
Diemme S.A., uma das maiores empresas fabricantes de Filtros-Prensa, Belt Press e Sistemas de Tratamento de Efluentes Industriais e
Urbanos, também estudou, na década de 70, na Societé Belge de
Filtration, da Universidade de Liège,
na Bélgica. Teve assim oportunidade de aplicar, na prática, as teorias
aprendidas no referido curso.
Logo depois de chegar ao Brasil decide fundar, em 1983, na cidade de Goiânia, a C.M.T. para
manufatura de equipamentos em
geral como já pontuamos. Em 1989,
a C.M.T passa a se chamar MECAT
e se transfere para sua sede própria,
com 3.600 m2 de área construída,
em Abadia de Goiás, GO.
Desde a concepção do TurboFiltro, a empresa só vem crescendo, inclusive no mercado global.
Hoje, já se fala no Grupo MECAT
constituído pelas seguintes unidades: a MECAT Filtrações Industriais, com sede em Goiânia, dedica-
se a projetos, fabricação e vendas;
a MECAT Services, em Bebedouro
(próximo de clientes de laranja e
álcool), responsabiliza-se pelo relacionamento industrial, marketing,
testes, supervisão operacional,
start-up, assistência técnica em garantia, preventiva e interventiva,
além de assistência técnica pósgarantia; e por fim a MECAT USA
que se ocupa de venda, leasing, venda de serviços para assistência técnica e manutenção específica em
geral, nos Estados Unidos.
O escritório dos Estados Unidos
surgiu depois de venderem um Turbo-Filtro modelo PONEY ao Centro de Pesquisa Cítrica de Lake
Alfred, na Flórida/EUA, em agosto
de 2000. O motivo do interesse dos
EUA deve-se ao nosso suco cítrico
ser mais saboroso que o americano
e de coloração mais próxima do natural e também porque acreditaram
ser o Turbo-Filtro o principal responsável pela qualidade superior
do referido suco, já que participa
de quase todas as etapas do processo, como assinala o gerente industrial Marcionil de Faria.
A principal meta da MECAT,
agora, é ser cada vez mais reconhecida como produtora de equipamentos para microfiltração, ou
seja, onde houver microfibras/
micro-sólidos em suspensão num
líquido que precisem ser filtrados, a MECAT quer estar presente. Por enquanto, a área de
atuação já foi ampliada para o
setor sucro-alcooleiro.
No Brasil, a empresa vende para
toda a região de Araraquara (região
produtora de cítricos e cana), além
de Sergipe, Bahia, Paraná e Goiás
por exemplo; exporta para os EUA,
América Central (Costa Rica,
Belize), Espanha e Uruguai, além
de estar em tratativas com os Emirados Árabes e a África.
SOBRE
O ESPÍRITO
EMPREENDEDOR
A filosofia de vendas da empresa é transferir tecnologia para o cliente e em vários níveis: direcional, gerencial e operacional, tudo sedimentado por meio de várias visitas
de caráter industrial, técnico e financeiro. A MECAT apresenta
como a alma de seu marketing, o seu
próprio equipamento, deixando,
muitas vezes, o Turbo-Filtro uma
safra inteira no cliente para que
seja testado.
A declaração de Turchetti é , nesse sentido, proveitosa: “Temos que
ter uma tecnologia inovadora, que
deve ser consolidada ou difundida,
além de assimilada pelo cliente. O
retorno que vale é o teste prático
para você mostrar que pode obter o
pay-back, ou o retorno sobre o investimento e também que a tua
tecnologia é melhor do que a existente”, enfatiza.
Tal afirmação consolida o espírito arrojado do fundador da
MECAT, perfeitamente alinhado às
modernas gestões empresariais.
Fresa R390 da Sandvik Coromant usinando base em aço inox.
Convicto que, em sua empresa,
“cada um é gerente do que faz”, pois
treinou, à sua moda simples, direta
e pragmática, seus trinta funcionários para a fabricação específica do
Turbo-Filtro, Turchetti caminha feliz e orgulhoso por sua fábrica comentando cada detalhe de sua obra.
Obra essa nascida de seu espírito
empreendedor, ou no sentido lato de
sua vocação pela técnica - do grego
techné, “arte”, “habilidade” - que
sempre o impeliu e ainda impele ao
desejo de conceber inovações e
colocá-las em prática, a fim de que
possam aprimorar, aperfeiçoar algo.
Na frente do pátio em que os
Turbo-Filtros são montados, está um
grande campo de girassóis para
atrair e alimentar as ararinhas verdes, pássaros da região. Afinal de
contas, como declara: “temos que
cuidar do nosso meio, da natureza”.
Isso evidencia claramente sua
preocupação em propiciar meios
para o crescimento, o fazer prosperar, o progredir ou, enfim, o desenvolvimento positivo de algo, mesmo
sem ser diretamente ligado às necessidades da manufatura.
UMA PEQUENA CONTRIBUIÇÃO E UM GRANDE PRIVILÉGIO
Há alguns anos a Sandvik
Coromant lançou no mercado o
slogan acima e agora o retoma nessa matéria com toda a propriedade.
Marcionil Borges de Faria, gerente industrial, com 15 anos de
MECAT, comenta satisfeito o valor
de se falar uma mesma língua ou,
em outras palavras, a de se ter um
parceiro que também queira somar
empenho, transferir know-how, para
citarmos alguns dos pontos mais
importantes: “Desde o princípio ficou claro, para nós, que o nosso fornecedor de ferramentas iria nos tra-
zer soluções, nos deixando mais
tempo livre para a gente se dedicar
ao nosso negócio, que é a fabricação de filtros. Quando a MECAT
decidiu adquirir a sua primeira
fresadora CNC, nós chamamos o
Rogério, da Kaymã, para ferramentar
nossa máquina. E desde então não
tivemos mais problemas”, frisa.
Rogério Narvae Lima, diretor da
Kaymã, distribuidor autorizado
Sandvik Coromant na região Centro-Oeste, com dez anos de existência, corrobora a afirmação do gerente: “Nosso objetivo não é ven-
der a pastilha, mas a estabilidade
do processo, o bom funcionamento
da máquina, a qualidade da peça
final. A caixinha com as pastilhas
acaba sendo uma conseqüência. Nosso objetivo principal é levar soluções
ao cliente”,
com pleta o
diretor da
Kaymã.
Sandvik Coromant do Brasil
15
S
uas funções na circulação
de materiais da natureza são muito
diversas e está comprovado que,
sem eles, não poderíamos sobreviver. Na verdade, nós não só convivemos com eles, nós precisamos
deles. Também existem alguns deles que, para nós, são fatais. Epidemias mataram milhões de pessoas
no passado, existem no presente e
continuarão a existir no futuro.
Os microorganismos têm uma
taxa de reprodução muito alta que,
ao contrário do que acontece com
os seres humanos, contribui para
que eles se adaptem sem muita dificuldade às alterações do meioambiente. Devido a isso, os antibióticos festejados como remédios milagrosos estão perdendo o seu efeito. Tipos resistentes de bactérias estão se difundindo e levam a novas
epidemias que exigem a descoberta de novos remédios e vacinas. Na
verdade, os microorganismos habitavam a Terra muitos milhões de
anos antes de nós e o farão ainda
após nosso desaparecimento.
Heinz Huber
Blaser Swisslube do Brasil Ltda.
16
O Mundo da Usinagem
MICROORGANISMOS
ANTIBIÓTICOS
E
Na Terra existem incontáveis tipos de bactérias e continuamente
surgem novos tipos. Somente uma
pequena parte (cerca de 10.000)
está descrita adequadamente
(BERGEY, 1964). A maior parte
delas é totalmente inofensiva aos
seres humanos. O corpo humano é
habitado, segundo estimativas, por
aproximadamente 100 trilhões de
bactérias. Sobre a nossa pele, na
cavidade bucal, no intestino, vivem
milhões de bactérias que constituem seu próprio micromundo. Só na
cavidade bucal existem de 200 a
300 tipos de bactérias.
O ser humano aprendeu a conviver bastante bem com elas, tendo
mesmo surgido relações simbióticas.
Dessa maneira, por exemplo, a conhecida Escherichia Coli forma, no
intestino, a importante vitamina K.
Em um ser humano saudável, ocorre um equilíbrio estável entre os micróbios e o sistema imunológico.
Os antibióticos não matam somente os microorganismos do tipo
incômodo, que provocaram a doen-
ça, mas também danificam toda a
flora restante de micróbios. Nos seres humanos isso pode conduzir a
perturbações da digestão, diarréia
ou mesmo a uma infestação por
microorganismos indesejáveis (por
exemplo, fungos) que não reagem
aos antibióticos. As substâncias químicas agressivas destroem a flora
existente de bactérias e com isso a
barreira de proteção por elas criada contra a entrada de estranhos. A
nossa própria flora natural nos protege de microorganismos nocivos e
dessa forma de possíveis infecções.
A AÇÃO DOS M ICRÓBIOS
DA Á GUA
Após a excursão pela Medicina
Humana, apresentamos os paralelos com os Fluidos para Usinagem
miscíveis em água. No concentrado não há bactérias, elas se aninham na emulsão, trazidas especialmente pela água de preparação.
Afirma-se sempre que os microorganismos destroem a emulsão e
causam problemas de saúde.
No entanto, isso não é válido
para todos os Fluidos de Usinagem.
Com uma formulação adequada,
forma-se nesse material um equilíbrio entre os diversos tipos de bactérias. Eles se compõem principalmente dos inócuos micróbios da
água (do grupo Pseudomonas), que
não causam doenças e não tem efeito negativo na preparação e estabilidade das emulsões. Eles se reproduzem até atingirem de 1 a 100
milhões/ml. A partir daí há um
equilíbrio no desenvolvimento. A
vantagem da existência dessa população é que o micróbio patogênico, isto é, o causador de doenças,
não tem condição de se desenvolver nesse ambiente. Os micróbios
da água formam aqui, como as bactérias no ser humano sadio, uma
espécie de proteção contra os tipos
indesejados. Após uma adição de
biocida, da mesma forma como
em uma aplicação de antibióticos
nos seres humanos, com freqüência aparecem diferentes tipos de
fungos e, estes sim, podem trazer
problemas técnicos.
BARREIRA DE PROTEÇÃO
DESTRUÍDA
Com adições muito fracas ou
muito freqüentes de biocida, formam-se micróbios resistentes e a
quantidade de biocida precisa ser
aumentada por não apresentar
mais os mesmos resultados. Em
conseqüência, novos tipos de
biocida precisam ser continuamente desenvolvidos.
Os biocidas não agem somente
sobre os microorganismos nas
emulsões. A população natural de
bactérias nas mãos dos operadores
também é afetada negativamente.
Também aqui as bactérias deixam
de formar a sua barreira protetora.
As conseqüências são eczemas e o
aparecimento de fungos. Precisamos nos perguntar se há realmente alguma vantagem no uso permanente de biocida nas emulsões para
usinagem, tanto em termos da
qualidade do produto quanto da
saúde humana.
Nas publicações sobre Fluidos
para Usinagem miscíveis em água,
menciona-se sempre uma limitação
de um número total de micróbios
de 10 mil até 100 mil micróbios/ml
para proteção dos operadores das
máquinas. Para manter os valores
assim baixos é necessário a adição
de biocida. Por outro lado, é freqüente o alerta de que a adição de
biocida em máquinas com reservatórios individuais de emulsão é
muito arriscada. Tal fato é melhor
ou diferente, no caso de equipamentos alimentados por sistemas centralizados? Afinal de contas, o que
significa essa contagem total de
micróbios? Será que isso significa
que, com essa limitação, haverá menos geradores de doenças do que
com 1 milhão, 10 milhões, ou mesmo 100 milhões? Dependendo do
tipo de micróbio, pode haver um
potencial de risco maior para o ser
humano em um número de 10 mil
do que em 100 milhões.
Obrigatoriamente surge a pergunta: a quem atende essa limitação repetida há décadas? Ela realmente resulta de uma preocupação
com a saúde das pessoas? Não seria
muito mais importante controlar as
variedades aninhadas, principalmente onde ocorre o controle através de biocidas, já com possíveis variedades resistentes?
Os Sindicatos de Classe, por
exemplo na Alemanha, não mais se
guiam por esse valor de 1.000.000
micróbios/ml. Atualmente há muito poucas emulsões no mercado que
permanecem estáveis com um número natural de micróbios de
1.000.000 ou mais micróbios/ml,
sem conseqüências negativas.
Fluidos para Usinagem, cuja formulação está ajustada de tal forma
que eles podem ser usados sem
biocida, não são só analisados constantemente quanto ao número total de micróbios, mas também quanto as variedades. Existe, portanto,
um controle regular no qual as diversas alterações são abrangidas.
Enquanto não houver conhecimentos mais seguros, tanto sobre a formação de bactérias em Fluidos para
Usinagem quanto sobre os efeitos
dos biocidas sobre o ser humano,
deveríamos reconhecer que existem
fluidos mis-cíveis em água que se
mantém estáveis por muitos anos
com uma flora natural de micróbios, sem adição de biocida. Segundo
os conhecimentos científicos atuais,
estes últimos não apresentam nenhum risco maior à saúde, em comparação com aqueles que tem a flora manipulada [4].
Referências Bibliográficas
(1) BERGEY’s Manual of Systematic Bacteriology, 1964.
(2) BURKHARDI, F., Mikrobiologische Diagnostik (Diagnóstico Microbiológico).
Thieme Verlag,1992.
(3) PELEZAR,M.J., CHAN, E.C.S., KRIEG, N.R., Microbiology. International Edition, 1993.
(4) Landesgesundheitsamt (Centro Estadual de Saúde Pública),Stuttgart,1992, (comunicação pessoal).
(5) SCHLEGEL,H.G., Allgemeine Mikrobiologie (Microbiologia Geral). Thieme Verlag, 1985 .
Sandvik Coromant do Brasil
17
18
O Mundo da Usinagem
S
urgiram, nesse período, os
primeiros aços ressulfurados produzidos pela Belgo-Mineira e os
ressulfurados ao chumbo pela
Mannesmann (“Chumbaloy”).
A Siderúrgica Aparecida (depois
incorporada à Villares), a Acesita,
na década de 70 e, mais recentemente, a Piratini (com aços ao
bismuto) também passaram a produzir aços de corte fácil.
Os aços ressulfurados de corte fácil são ligas ferro-carbono (com
baixo ou médio teor de carbono) às quais se adicionam, basicamente, enxofre (S) e manganês (Mn) para melhorar sua
usinabilidade, ou seja, aumentar a vida das ferramentas, diminuir o esforço de corte, aumentar as velocidades de trabalho e melhorar o acabamento (rugosidade)
das superfícies usinadas.
As ligas de ferro com baixo teor
ou médio teor de carbono normalizadas são estruturas formadas por
“grãos” cristalinos de dois tipos:
- ferrita: praticamente ferro puro,
portanto bastante mole e dúctil.
- perlita: estruturas compostas
por lamelas (lâminas) alternadas
de ferrita e cementita (Fe3C – dura
e frágil) com teor médio de 0,80%
de carbono, mais dura e menos
dúctil que a ferrita.
Quando adicionamos enxofre
e manganês ao aço, ambos se
combinam formando MnS (Sulfeto
Eng. Fábio Troiani
Diretor Industrial da Aços Vic Ltda
Na década de 60, o desenvolvimento da indústria automobilística,
aliada à política de substituição de importações, induziu o
crescimento e sofisticação do parque produtivo nacional
de Manganês) que torna-se, na
solidificação, uma inclusão não
metálica, frágil, distribuída na
matriz metálica.
As partículas de MnS facilitam a
usinagem basicamente por dois
mecanismos:
a) O cavaco, ao invés de contínuo, torna-se fracionado em conseqüência da fragilidade das inclusões MnS, viabilizando a produção
seriada em máquinas automáticas.
b) A aresta da ferramenta tem
sua vida prolongada pois é lubrificada pelo MnS.
Em relação à mesma liga Fe-C,
a presença do MnS nos permite
produzir peças usinadas mais complexas, mais precisas e com melhor
acabamento, trabalhando com velocidades de corte, em máquinas de
produção seriada, muito superiores
às velocidades de corte utilizadas
nos aços comuns.
Obtemos significativo incremento de usinabilidade no aço adicionando chumbo (Pb) e/ou bismuto
(Bi), metais de baixo ponto de fusão não miscíveis ao ferro, que juntam-se às inclusões de sulfeto e melhoram a lubrificação da aresta cortante da ferramenta.
Os ressulfurados comercialmente
produzidos apresentam as seguintes
faixas de composição percentual:
C: 0,08-0,55; Si: 0,00-0,35; P:
0,00-0,12; Mn: 0,30-1,65; S:
0,08-0,35; Pb: 0,15-0,35.
Quando aumentamos a
porcentagem de MnS, melhoramos a usinabilidade mas
também incrementamos a fragilidade do aço, sua tendência a
trincas (principalmente nos carbonos mais altos) e crescem as dificuldades de laminação.
Na usinabilidade, a composição
e a quantidade de inclusões têm importância equivalente à sua forma
e distribuição no aço. Evidentemente busca-se distribuição homogênea
(pouca segregação) para que tenhamos precisão e acabamento uniformes, bem como furos centrados.
A utilização recente de lingotamento contínuo, na fabricação do
aço, favorece a homogeneidade e
inibe a formação de macro sulfetos
indesejáveis. Controla-se o teor de
oxigênio do aço líquido com o
objetivo de adequar a forma do
sulfeto na solidificação.
Sandvik Coromant do Brasil
19
A adição de teores mínimos de
telúrio (Te), selênio (Se) ou cálcio
(Ca) contribuem para obtenção de
inclusões esféricas de MnS que
transformar-se-ão em elipsóides na
laminação a quente, ou seja, a forma ideal para tais inclusões.
Além dos controles citados, procura-se também minimizar a presença dos elementos de liga residuais
(Cr,Ni,Mo,V,W, etc.) que endurecem
o aço, bem como a quantidade de
óxidos (silicatos, aluminatos) provenientes da desoxidação do aço líquido, pois são altamente abrasivos.
O processo de trefilação consiste em deformar plasticamente uma
barra ou fio metálico fazendo-o
passar (a frio) por um orifício
cônico (fieira) de diâmetro menor.
Obtemos assim precisão dimensional maior, bom acabamento superficial e encruamento do metal. A
trefilação melhora a usinabili dade dos aços de corte fácil de
baixo carbono (os mais usados) pois
o encruamento endurece a ferrita
tornando-a menos plástica (mais
frágil). Na tabela abaixo temos uma
comparação dos índices de usinabi-
SAE
1010
1020
1035
1045
1070
1090
1212
1213
12L14
12L14Te
1137
1144
4320
4340
6150
8620
52100
20
%C
0,08 - 0,13
0,18 - 0,23
0,32 - 0,38
0,43 - 0,50
0,65 - 0,75
0,85 - 0,98
0,13 max
0,13 max
0,15 max
0,15 max
0,32 - 0,39
0,40 - 0,48
0,17 - 0,22
0,38 - 0,43
0,48 - 0,53
0,18 - 0,23
0,98 - 1,10
O Mundo da Usinagem
lidade dos aços mais usados.
Os aços ressulfurados trefilados
(ou descascados) com diâmetros entre 4 e 50 mm representam a quase
totalidade do consumo no Brasil.
A usinabilidade insatisfatória,
normalmente interpretada como
“dureza elevada” deve-se geralmente à morfologia e distribuição dos
sulfetos inadequadas; em segundo
lugar, a residuais ou óxidos em excesso e raramente (quando o aço for
adquirido de fornecedor confiável)
à composição química incorreta.
Aços de desempenho insatisfatório em um tipo de usinagem podem apresentar-se bons em outro
processo. Sulfetos muito grandes ou
por demais alongados prejudicam
a usinabilidade e são geradores de
trincas (particularmente nos aços
de médio carbono).
Os elevados teores de enxofre (e
portanto de inclusões) implicam em
fragilização do material, desqualificando os aços ressulfurados para
peças de responsabilidade. Nestes
casos, tiveram grande evolução os
aços (especialmente ligados) com
usinabilidade melhorada através da
%Mn
0,30 - 0,60
0,30 - 0,60
0,60 - 0,90
0,60 - 0,90
0,60 - 0,90
0,60 - 0,90
0,70 - 1,00
0,70 - 1,00
0,85 - 1,15
0,85 - 1,15
1,35 - 1,65
1,35 - 1,65
0,45 - 0,65
0,60 - 0,80
0,70 - 0,90
0,70 - 0,90
0,28 - 0,45
%S
0,05 max
0,05 max
0,05 max
0,05 max
0,05 max
0,05 max
0,16 - 0,23
0,24 - 0,33
0,26 - 0,35
0,26 - 0,35
0,08 - 0,13
0,24 - 0,33
0,05 max
0,05 max
0,05 max
0,05 max
0,025 max
otimização das variáveis metalúrgicas, inclusive adição de
chumbo ou bismuto mas com baixos teores de enxofre.
A usinagem é processo oneroso
e representa cerca de 15% do custo
de um automóvel, justificando a busca permanente por materiais (principalmente aços) com usinabilidade
melhorada. O desenvolvimento de
materiais alternativos (termoplásticos, microfundidos, sinterizados),
bem como a sofisticação de processos, como a estampagem a frio de
peças cada vez mais complexas e a
usinagem em altíssima velocidade
nos equipamentos CNC modernos
têm diminuído a importância dos
aços de corte fácil.
As múltiplas alternativas e a
competitividade fazem com que
apenas a solução mais eficaz prevaleça, de modo que os aços
ressulfurados de corte fácil continuarão evoluindo mas serão utilizados (como os demais materiais)
onde sua vantagem for inconteste,
pois a sobrevivência na sociedade
globalizada é privilégio dos mais
eficientes (ou mais fortes).
%Pb
0,15 – 0,35
0,18 – 0,35
USINABILIDADE
55
65
65
55
55
45
100
135
180
200
70
80
70
45
45
60
30
Sandvik Coromant do Brasil
21
A
fabricação de rotores
Pelton é cercada de dificuldades, a
começar pela própria matéria-prima utilizada, o aço inoxidável fundido, que é um material de difícil
usinabilidade.
Outra dificuldade para a fabricação desse tipo de equipamento é
a exigência quanto à integridade do
material e qualidade do acabamento superficial, sem contar as dificuldades naturais desse tipo de peça
de grande porte, como dificuldade de acesso, etc.
Um grupo de funcionários da
Alstom Brasil, da unidade de
Taubaté-SP, porém, encarou o desafio de desenvolver um processo de usinagem para produzir o
rotor a partir de um bloco forjado de aço inoxidável. E os resultados foram muito além do
satisfatório.
Já foram produzidos dois
rotores pelo novo processo,
com ganhos sensíveis do segundo em relação ao primeiro. Para que se tenha
uma idéia da extensão do
trabalho, basta dizer que o
bloco forjado é entregue na fábrica pesando 14,8 toneladas (2,5
m de diâmetro e 420 mm de altura) e, após usinado, restam apenas
5,6 toneladas. Quase 10 toneladas
DeFato Comunicações
22
O Mundo da Usinagem
são removidas (62%), com a
usinagem, exigindo cerca de 800
horas de máquina. “Em breve, esperamos reduzir bastante esse tempo de usinagem”, diz o supervisor
de Engenharia Industrial, José
Roberto Pires.
Ele nos elucida, ainda, que muitos técnicos da área da usinagem
podem estranhar uma operação
que exija 800 horas de máquina.
“Aqui, 400, 500 horas são comuns.
As peças são únicas, não temos lotes de peças. Em geral, são um ou
dois rotores por encomenda. E os
projetos quase nunca são iguais,
talvez porque os rios sejam diferentes, assim como as vazões e a energia que vão gerar”, explica.
Marcio Oliveira, Superindentende de Engenharia, conta que a
empreitada teve início a partir de
concorrência vencida pela Alstom
Brasil para o fornecimento de dois
Rotor Pelton em fase final de fabricação.
Fresa R390 da Sandvik Coromant usinando uma concha do Rotor Pelton.
rotores para a Usina General José
Antonio Paez, da Venezuela. O contrato - de US$ 450 mil - foi assinado em 2002. O desafio de desenvolver o processo de fabricação por
meio da usinagem buscou solucionar problemas recorrentes, em es-
pecial no que se refere a prazos,
provocados pelo material fundido.
“Para este componente, a obtenção do fundido apresenta alguns
problemas, e o desenvolvimento de
fornecedores se torna demorado e
dispendioso, sendo que é comum
recebermos o fundido com alguns
problemas metalúrgicos. E, claro,
temos de fornecer ao cliente dentro de um padrão”, conta Oliveira,
acrescentando que as dificuldades
começam já no prazo de entrega da
matéria-prima.
Embora próximo do perfil final
da peça, o material fundido nesse
tipo de peça exige que o acabamento seja realizado por esmerilhagem,
com a retirada de até 500 kg por
processo manual, com todos os problemas que essa árdua operação
envolve (dificuldade de acesso, peso
do equipamento, excesso de ruído,
geração de cavacos da esmerilhagem, etc.). Não raras vezes, ainda, tem-se de recorrer ao desbaste
por eletrodo de carvão (goivagem),
que é ainda mais agressiva que a
esmerilhagem.
As imperfeições metalúrgicas do
material fundido, as quais são deSandvik Coromant do Brasil
23
Da esquerda para direita: Luiz Fernando de Oliveira, operador Alstom de máquina
pesada; Luiz Américo Costa, programador Alstom de máquina CNC; José Roberto
Pires, supervisor Alstom de engenharia industrial; Admir Breve, técnico Alstom de
ferramentas; José Carlos Sávio de Souza, engenheiro Alstom de métodos e processos e Álvaro Diniz , vendedor técnico da Sandvik Coromant.
tectadas pelos ensaios não
destrutivos, obrigam a constantes
retrabalhos. “Assim, não conseguíamos fazer o planejamento de nossos prazos com precisão”, relata.
Essa soma de fatores motivaram a equipe a desenvolver o processo para trabalhar com matéria-prima forjada. “O forjado é
muito mais homogêneo, pois sua
base mecânica é muito melhor
que a do fundido”, lembra José
C. Sávio de Souza, engenheiro de
Métodos e Processos.
Pires enumera as vantagens:
“com o forjado, a primeira vantagem já se dá no prazo de fornecimento da matéria-prima, que é
menor, permitindo um melhor
planejamento do tempo de fabricação e, melhor, não se têm surpresas depois da usinagem”.
Produzida a peça, os ensaios
são realizados por exigência da
24
O Mundo da Usinagem
norma, e a ocorrência de defeitos praticamente não existe.
P ROCESSO
Usinar rotores não chega a ser
novidade para a Alstom. Já há algum tempo, a unidade utiliza o
processo para fabricar as pás dos
rotores modelos Francis e Kaplan.
Em Taubaté, entre outros exemplos, já foram produzidos rotores
para Itaipu, de 300 toneladas, e
para Tucuruí, de 240 toneladas.
Mas não se trata de uma simples
adaptação. O rotor Pelton tem características distintas, que dificultam
o processo, em especial no que se
refere ao acesso, tanto no modo
manual quanto através da máquina.
Esse foi um dos obstáculos
enfrentados pela equipe. Luiz
Américo Costa, técnico de Métodos
e Processos, responsável pela pro-
gramação da fresadora Waldrich,
do tipo portal e de cinco eixos,
onde a peça é usinada, conta que
este foi o programa mais complicado e demorado em que trabalhou. “Para fazer este programa
gastei em torno de 300 horas, quase um mês e meio”, diz, acrescentando que foram necessárias outras
80 horas ao lado da máquina, para
a otimização do programa.
Foi também um longo período
de escolha e definição do ferramental, pois 60% das ferramentas utilizadas são especiais, entre
barras de mandrilar e fresas.
Admir Breve, técnico de Ferramentas da Alstom, conta que a
usinagem total do rotor consome
cerca de 390 pastilhas de metal duro,
sendo que a substituição das ferramentas e a opção pelas fresas de
topo R390 da Sandvik Coromant e
suas respectivas pastilhas, promoveu
a redução do consumo de pastilhas
na usinagem do segundo rotor.
Em sua opinião, porém, o mais
importante foi o melhor escoamento dos cavacos na operação de acabamento, possibilitado pela fresa
R390 da Sandvik Coromant. Com
a fresa anterior, os cavacos estavam
aderindo à ferramenta, principalmente nas regiões de mais difícil
acesso da peça.
Pires se diz satisfeito com os resultados obtidos até aqui. Ele conta que, a princípio, existiam dúvidas sobre ser possível usinar a peça
totalmente, devido à dificuldade de
acesso em alguns pontos. Essa questão já foi superada e, agora, a preocupação é a de reduzir o tempo
de fabricação e, conseqüentemente, o custo de produção, para
viabilizar a produção por usinagem.
“Já ganhamos bastante tempo no
período pós-usinagem, descartando o esmerilhamento. Agora, temos
consciência de que é preciso evoluir na operação de usinagem, o
que será obtido com o desenvolvimento de novas ferramentas,
otimização do processo e até mesmo com os operadores se tornando mais confiantes ao apertar o
botão da máquina, elucida”.
O supervisor lembra que há quatro anos, quando foi introduzida
a usinagem na fabricação das pás
Francis e Kaplan, o tempo de
usinagem era o dobro do atual.
“Vamos chegar lá também no caso
dos rotores Pelton”, acredita. “Essas duas peças - embora atendam
todos os padrões - são tratadas internamente como protótipos. Já
reduzimos em 30% o tempo de
produção da primeira para a segunda, mas vamos reduzir ainda
mais”, diz confiante.
Pires pondera que a redução do
custo de produção, e o conseqüente
alcance de uma boa relação custo x
benefício, será fundamental para
trazer para o Brasil a produção de
Alstom: empresa global
Rotores Pelton: alta queda, baixa vazão
O rotor Pelton é utilizado
em usinas hidroelétricas
com duas características:
alta queda, baixa vazão.
Instaladas em rios de baixa vazão, obtém-se a força
necessária para geração de
energia devido à altura de
queda da água.
No Brasil, esse tipo de usina é rara, sendo mais comuns em regiões como a dos
Andes. O rotor Pelton é o que
mais se assemelha às antigas rodas d´água. Já as turbinas Francis, são do tipo
média queda e média vazão,
enquanto a Kaplan é voltada
para usinas de baixa queda
e alta vazão.
No caso específico do
rotor que será fornecido à
usina venezuelana, levou-se
em consideração as características do local de instalação da usina. A água é muito
abrasiva, fator agravado pela
altura da queda. Qualquer
imperfeição na peça pode,
portanto, provocar a redução
de sua vida útil.
Esse fator também pesou
muito na escolha do material forjado.
rotores que hoje são produzidos em
outras unidades do grupo pelo processo manual. Ele lembra que, devido à qualidade do material forjado,
a peça será mais resistente e de maior vida útil em campo, detalhe importante numa usina, tendo em vis-
ta as dificuldades de manutenção e
substituição dos rotores.
“Ainda não fizemos uma divulgação oficial para o grupo. Pretendemos fazê-la em breve”, conclui
o supervisor de Engenharia Industrial, José Roberto Pires.
Uma das principais empresas do
mundo em infra-estrutura para energia e transporte, a Alstom atua nos
mercados de geração e conversão
de energia, transporte metrô-ferroviário e naval. Com faturamento global superior a 20 bilhões de euros,
emprega mais de 100 mil pessoas
em 70 países.
No Brasil, está presente em cinco Estados e no Distrito Federal,
com 10 unidades, entre fábricas,
centros de serviços e escritórios. A
fábrica de Taubaté, certificada pelas normas ISO 9000 - versão 2000
e ISO 14001, é especializada na
fabricação de turbinas hidráulicas,
geradores e equipamentos hidromecânicos. Instalada em terreno de
821.329 m², com área construída de
81.500m², emprega 980 pessoas.
Fábrica da Alstom em Taubaté-SP.
Sandvik Coromant do Brasil
25
Estratégia nacional, tecnologia global
N
o ano de 2000, o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro,
tradicional organização fabril do
Exército Brasileiro, lançou, por
meio de edital de licitação “global”,
como assim chamaram, uma solicitação bem intrigante ao mercado:
procuravam uma empresa que pudesse ser co-responsável por todo
o projeto de usinagem do tubo de
um novo armamento, o Morteiro
Médio Antecarga 81 (Mrt Me Acg
81). Quinze empresas se candidataram e apenas três delas compareceram. O que poderia ser tão desafiador ou até mesmo “assustador”
nesse processo licitatório à procura
de um sole supplier?
O primeiro fator era muito provavelmente por se tratar de requisição de um órgão governamental,
diretamente ligado à estratégia de
defesa nacional, em que o zero defeito, mais do que uma meta, é condição sine qua non para se atender à
Vera L. Natale
26
O Mundo da Usinagem
rigoríssima fiscalização militar.
De fato, a fabricação de uma
arma nacional implicitamente indica a capacitação tecnológica do país,
revelando o quanto se está, ou não,
preparado para o mundo global.
Em segundo lugar, por ser um
projeto complexo: não bastava apenas fornecer ferramentas para a
usinagem do tubo mas auxiliar na
montagem de todo o aparato necessário para a realização das operações de usinagem, i.e. furação
profunda e usinagem externa; máquina adequada para tal, sistema de
fixação da ferramenta, sistema de
refrigeração, treinamento, orientação, enfim, um real serviço de pósvenda. E, por fim, mas não menos
importante, fazer tudo isso com
uma só máquina, que fosse capaz
de realizar ambas as operações de
usinagem, evitando-se a compra de
dois equipamentos, mesmo porque
isso demandaria mais recursos, não
disponíveis na época.
O objetivo da fabricação nacional do morteiro era fazê-lo no tipo
monobloco para melhor perfomance.
Esse tipo de arma tinha antes
um furo passante, ou vazado, sendo que a culatra era roscada por
fora do tubo. O intuito de torná-la
monobloco decorre do fato que assim se consegue uma pressão maior
na região da culatra e, portanto, o
projétil pode ser lançado a uma distância maior. Além disso, o tubo anterior pesava 20 quilos e os engenheiros tinham que reduzir tal peso.
Ao tornar a arma mais leve, o infante, que a carregará em combate, ganha alguns quilômetros a mais, além
de facilidade no manuseio.
Desse modo, para reduzir o peso
do tubo, os engenheiros tinham que
...a fabricação de
reduzir a espessura da parede do
mesmo, sem comprometer a segurança de uso da peça.
Os engenheiros da Divisão de
Estudos do Arsenal se viram assim
impelidos a dedicarem, em um primeiro momento, maior tempo com
a engenharia do produto do que
com a de processo em si.
O trabalho de engenharia do
processo foi dividido com a empresa vencedora do processo licitatório, a Toolset, um dos distribuidores autorizados da Sandvik
Coromant no Rio de Janeiro, com
vinte e cinco anos de existência. Um
dos pontos que pesou muito favoravelmente, foi o fato do distribuidor Sandvik Coromant conseguir
cotar, já desde o início, todos os
itens do projeto.
Tal ponto se tornou até mesmo
fundamental, pois os engenheiros
do Arsenal já tinham saído antes a
campo para fazer uma investigação
prévia sobre quem poderia enfrentar tal empreitada, encontrando
inúmeras dificuldades inclusive
para uma simples cotação.
Primeira etapa vencida, o desafio maior foi então comprovar, na
prática, a capacidade de solucionar
o problema referido.
Embora de difícil usinagem, o
material escolhido foi o aço SAE
4340 da Villares Metals, 44-48 HRC,
refundido a arco sob vácuo (V.A.R.)
e tratado termicamente por melhor
atender aos quesitos de segurança.
O método de refusão significa que
depois de fundido o lingote, o aço
passa por uma câmara a vácuo para
ser refundido, conferindo ao mesmo uma
microestrutura mais
refinada, com menor
grau de impureza,
tornando-o portanto
mais resistente.
A máquina adquirida para a usinagem
do tubo do Morteiro
Médio Antecarga 81,
no final de 2000, por
indicação da Sandvik
Coromant, foi curiosamente um torno
exclusivo para rosca
petrolífera, o ROMI
ATOC 9.
Juraj Bacic, especialista em furação
profunda, há mais de
trinta anos traba- Morteiro Médio Antecarga 81 Brasileiro no
lhando na Sandvik Campo de Provas de Marambaia.
Coromant e que participou ativamente do projeto, ex- adequou às necessidades do proplica que tal indicação contemplou jeto, ou seja, realizar ambas as
dois aspectos: “A Sandvik Coromant operações de usinagem envolvidas
recomendou tal máquina por ela ter no processo, que são a furação produas placas de fixação, assim a peça funda e a usinagem externa.
pode ficar dentro do cabeçote do
Para tanto, a Divisão de Estudos,
torno e conseqüentemente não é por intermédio do engenheiro
necessário ter um torno extrema- Egydio Carvalho, projetou e gemente longo. A Coromant tam- renciou a construção de um circuibém assistiu o Arsenal no proje- to hidráulico paralelo de refrigerato do bloco-suporte de fixação e
ção especial, que consiste em um
do bloco-suporte da bucha-guia, tanque para depósito e filtração do
construídos, respectivamente, pela óleo (no caso óleo mineral RATAK
ROMI e pela Bromberg, os quais MS 139 FUCHS, 1200l) e bomba
foram especialmente desenhados centrífuga Jacuzzi 10MC4-T 10 cv.
para a ferramenta Ejector que A empresa que fabricou o tanque
usinaria a peça em questão”.
foi a Indústria Bromberg, especiComo dito antes, o torno se alizada em projetos industriais.
uma arma nacional implicitamente indica a capacitação
tecnológica do país...
Sandvik Coromant do Brasil
27
O comprimento de furação total é de 1200 mm e a espessura do
tubo de 2,5mm. O primeiro furo é
realizado com a CoroDrill 800-24
Ø 60,40 mm e na sequência são
usadas cabeças alargadoras Ejector
424-31 de diâmetros variados, todas elas com pastilhas intercambiáveis que substituíram de vez as
com pastilhas soldadas, usadas anteriormente, acarretando maior
agilidade ao processo. Primeiro utiliza-se uma cabeça alargadora
Ejector de Ø 71 mm, depois de Ø
81 mm e por fim a cabeça de Ø 81,4
mm com pastilha especial de raio
de 14 mm, para usinar o calibre da
arma, fazendo a configuração geométrica da câmara de deflagração
da carga de projeção da munição,
ou o raio de fundo do tubo. As cabeças de corte foram chanfradas
para não perder o óleo.
Durante os testes, um dos grandes problemas foi a quebra de cavacos - havia fitas de até 2 m. Isso
foi solucionado com um um estudo
criterioso dos parâmetros de corte
e troca, sempre que necessário, das
ferramentas usadas por outras que
melhor se adaptassem ao processo.
Algumas pastilhas tiveram que ser
Visão parcial da área de usinagem no Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro.
reprojetadas com um quebra-cavacos mais estreito.
Vale também ressaltar o importante desempenho do bedame
CoroCut na geometria RM para
cópia das aletas (rosca externa) e da
nova classe K05A para torneamento externo da parede fina
do tubo e com alta dureza.
Valter Fraga, diretor da Toolset,
afirma que já há dez anos havia
percebido que na tríade “produto,
qualidade e serviços”, o último ponto era de fato o diferencial. Da época em que era funcionário na filial
carioca da Sandvik
Coromant, isso no final da década de setenta, diz ter aprendido muito, tanto do
ponto de vista técnico quanto administrativo. Ele também traz
consigo o legado de
criar identidade com
a empresa que trabalha: “Você deve se
identificar com o
produto, com a empresa, e formar a tua
marca, a tua presenTubo do morteiro Antecarga 81 usinado no Brasil.
ça no cliente, aten-
28
O Mundo da Usinagem
dendo às necessidades, ou ainda
otimizando os processos dele, não
importa se ele é grande ou pequeno: ele é cliente”, enfatiza.
Bacic, da Sandvik Coromant,
acrescenta: “Tudo no processo era
difícil, mas mais difícil era fazer o
furo em si, pois o material é muito
duro. Ainda bem que tivemos a
chance e a credibilidade do Arsenal para estarmos lá desde o início do processo e assim pudemos
transferir a eles todo o nosso
know-how na área de furação profunda, mostrando bem a filosofia da
Coromant, ou seja, a de sempre
buscar soluções, não simplesmente
vender ferramentas”.
O Capitão Egydio Carvalho,
engenheiro mecânico e de armamento, há dez anos servindo em
Arsenais de Guerra (Rio de Janeiro e São Paulo) e encarregado do
projeto, comenta oportunamente
que “o trabalho de nossa área de
Pesquisa e Desenvolvimento é muito estimulante. Acreditar no sucesso de um empreendimento desta
natureza, onde há a parceria entre
o estado e empresas privadas, visando o know-how a ser adquirido com
a fabricação de um armamento ge-
nuinamente brasileiro, é ter a certeza de
que os recursos públicos, mesmo que escassos no que diz respeito à segurança nacional, são bem empregados”. E ele reitera, confiante, a posição de Bacic: “Nós
percebemos logo do
início que o conceito da Sandvik,
representada pelo Valter da Toolset
e pelo Bacic, da Sandvik, não era
vender. O conceito da Sandvik foi o
de trazer soluções. A Sandvik entrou,
não como fornecedora de ferramentas, mas para fazer o tubo da arma
junto com a gente”.
Depois de três anos de intenso trabalho e inúmeros try-outs
todo o aparato desejado para a
usinagem do tubo do Morteiro
Antecarga 81, a ser fabricado inteiramente e pela primeira vez
no Brasil, está pronto e apto
para atuação plena.
Uma bancada
com ferramentas só
para furação profunda é o elemento mais
recentemente integrado ao espaço que
o Arsenal pretende
transformar em um
centro de excelência
em furação profunda no Rio de Janeiro, disponibilizando-o para prestar
serviços de usinagem a terceiros.
Percebe-se o valor, não apenas da
inovação tecnológica pura e simplesmente mas, sobretudo, das soluções práticas que ela pode proporcionar. Entusiasta, o Capitão Engenheiro Militar Egydio Carvalho declara: “Trabalhamos para dominar
o conceito de fabricação de armamento e aumentar a autonomia de
nosso Exército”. E acrescenta: “Nosso sonho é exportar a arma”.
Fica evidente que o Arsenal de
Guerra do Rio de Janeiro realmente
tem total condição de fazê-lo.
“Nosso
Sonho é
Exportar”
Da esquerda para a direita: Tenente Coronel José Carlos dos Santos, Diretor do
Arsenal; Capitão Egydio Carvalho Souza Caria, encarregado do projeto do Morteiro
81; Juraj Bacic, consultor técnico Sandvik Coromant; 1 o Sargento Edvaldo de Oliveira Chaves Filho, mecânico operador CNC; 3º Sargento Marcos André Morais
Rangel, operador auxiliar CNC ; Soldado Márcio da Silva Alencar, operador auxiliar
CNC; Valter Fraga, Diretor da Toolset, distribuidor Sandvik Coromant; Soldado
Wilson Pereira de Souza, operador auxiliar CNC e Soldado Robson da Silva Oliveira,
operador auxiliar CNC.
Sandvik Coromant do Brasil
29
Durante o século XX, devido ao desenvolvimento de novos produtos, os materiais de fabricação mecânica evoluíram, tornando-se cada vez
mais difíceis de usinar. Por outro lado, na busca intensa do aumento da produtividade, a indústria moderna sempre objetiva custos e tempos
de produção cada vez menores, a fim de que a atividade seja rentável em mercados competitivos. Frente a essa realidade, a pesquisa de
novas estratégias de usinagem tem sido uma tendência atual para aumentar a produtividade com a possibilidade de se obter ótima
qualidade superficial, possivelmente eliminando processos subseqüentes. Esse trabalho apresenta um estudo sobre o processo de furação
em aço-ferramenta endurecido, utilizando-se fresamento de topo com estratégia helicoidal de usinagem. O material usinado é o aço AISI
H13 endurecido e um sistema CAD/CAM foi usado para gerar os programas NC. Uma alternativa a esta estratégia foi também utilizada.
1.INTRODUÇÃO
O recente desenvolvimento de
máquinas-ferramenta com eixo-árvore de alta rotação, CNC’s velozes
e grande estabilidade dinâmica,
combinado com novas ferramentas
e sistemas de fixação, têm criado
condições para obtenção de peças
usinadas a partir de aços endurecidos com excelente qualidade dimensional, de forma e baixos valores de rugosidade superficial. Furos
com grandes diâmetros, como
aqueles com diâmetro acima de 20
mm, sempre foram um desafio, esProf. Dr. Reginaldo Teixeira Coelho
Hugo Martinelli Watanuki
Ricardo Arai
Escola de Engenharia de São Carlos – EESC – USP
30
O Mundo da Usinagem
pecialmente quando são usinados
em aços com dureza acima de 45
HRc. Dificuldades adicionais aparecem no processo quando pequenas tolerâncias dimensionais e geométricas, além de boa qualidade superficial, são exigidas. Dentro desse contexto, o fresamento de topo
com interpolação helicoidal pode
ser uma alternativa viável para a
usinagem de furos com tolerâncias
muito estreitas no diâmetro, na
forma e na qualidade superficial.
Freqüentemente, durante a produção de furos de grandes diâmetros, com tolerâncias muito estreitas, o processo adotado é a furação
em cheio, seguida de abertura do
diâmetro e usinagem final por
mandrilamento (WEIKERT et alii,
2002). O fresamento de topo helicoidal, o qual exige a interpolação
simultânea em três eixos, pode ser
usado como alternativa ao mandrilamento. O furo pode ser aberto
em cheio, e acabado pelo mesmo
processo, modificando-se as condições de usinagem. Para que as tolerâncias fechadas possam ser
alcançadas, a máquina deve ter um
bom controle de posição dos eixos.
Somente máquinas capazes de
posicionamento muito preciso podem produzir furos com tolerâncias na ordem de milésimos de milímetro. Adicionalmente, a estabilidade dinâmica da máquina-ferramenta deve ser capaz de oferecer
uma usinagem sem vibrações, para
que o acabamento superficial seja
compatível com as exigências. Como
a interpolação exige a movimentação simultânea de três eixos
cartesianos da máquina, o programa
CNC deve ser propriamente gerado
por um software de CAM – Computer
Aided Manufacturing. Nessa estratégia de interpolação, o software normalmente produz a trajetória da ferramenta através de pequenos segmentos de reta, no espaço 3D, dentro de uma faixa de tolerância
admissível em torno do cilindro ideal. Este valor de tolerância, usado
pelos programas CAM, nem sempre
é transparente ao usuário.
A melhor chance de se obter sucesso em uma seqüência de fabricação como a citada, está na utilização de um centro de usinagem de
alta velocidade (HSM – High Speed
Machining) e com fresas de metal
duro recobertas com material resistente a altas temperaturas e à
abrasão (como (TiAl)N, TiCN, etc).
Nesta aplicação os valores de tolerância dimensional são baixos e alguns reportam uma rugosidade superficial de aproximadamente 0,4
µm Ra (NG et alii, 2000) e 0,18 µm
Ra (DEWES et alii, 1997) e vida da
ferramenta tão longa quanto aquela necessária para usinar um comprimento de cerca de 9 m de
Inconel 718 a 150 m/min, um dos
materiais mais difíceis de usinar
(SHARMAN et alii, 2001).
Neste trabalho, o processo de
fresamento de topo foi usado como
operação de desbaste e de acabamento, mudando-se as condições de
usinagem em uma máquina-ferramenta que oferece uma excelente
precisão no posicionamento. Explora, ainda, a possibilidade de se
usinar furos de boa qualidade em
aço-ferramenta endurecido analisando os valores de circularidade e
rugosidade superficial. Os furos fo-
ram usinados utilizando-se fresas de
topo tanto no desbaste quanto no
acabamento. Uma placa de aço AISI
H13, com espessura de 22 mm, endurecida para 52 HRc, foi utilizada
como corpo de prova.
2.TRABALHO EXPERIMENTAL
2.1. M ÁQUINAS
E
EQUIPAMENTOS
Centro de usinagem de alta velocidade Hermle C800U, com
24.000 rpm, velocidade máxima de
avanço de 35 m/min com comando
CNC Siemens 840D. A fixação da
ferramenta foi feita através de um
porta-ferramenta hidromecânico
pelo sistema CoroGripTM.
Os valores de rugosidade na
direção axial foram medidos através de um rugosímetro portátil
Taylor-Robson modelo Surtronic 3P
e na direção radial pelo Form
Talysurf - Rank Taylor Hobson. Os
valores de erro de circularidade foram medidos utilizando-se uma
máquina Talyround 250. A medição
da circularidade de alguns furos foi
feita por uma máquina de medir a
três coordenadas Mitutoyo Bright,
modelo BRT-M 507, uma vez que a
posição de alguns furos no corpo de
prova não permitiam a medição na
máquina Talyround.
Figura 1 – Ferramentas utilizadas nas
operações de desbaste e acabamento.
(a) desbaste código R216.13-20030BS20P 1020 com recobrimento de TiCN.
(b) acabamento R215.28-20045EAC38H
1010 com recobrimento de (TiAl)N.
(TiAl)N. A figura 1(b) mostra o
aspecto da ferramenta.
2.3. C ORPO
DE
P ROV A
O corpo de prova utilizado foi
uma placa de 22 mm de espessura de
aço AISI H13, temperado e revenido
para 52 HRc. A figura 2 mostra o corpo de prova após os experimentos
2.4. P ROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Todos os quatro furos foram inicialmente usinados com a fresa de
topo de desbaste utilizando-se
interpolação helicoidal, cuja estra-
2.2. F ERRAMENTAS
Fresa para Desbaste
Fresa de topo inteiriça de metal
duro com 20 mm de diâmetro, três
arestas de corte, código R216.1320030-BS20P 1020 com recobrimento de TiCN. A figura 1(a)
mostra o aspecto da ferramenta.
Fresa para Acabamento
Fresa de topo de 20 mm de diâmetro, oito arestas de corte, código R215.28-20045EAC38H
1010 com recobrimento de
Figura 2 - Corpo de prova após a usinagem
de dois furos de 38 mm de diâmetro e dois
furos de 50 mm de diâmetro.
tégia é mostrada na figura 3, obtida pelo CAM PowerMill TM . A
usinagem de acabamento também
utilizou a estratégia helicoidal e foi
dividida em duas etapas: a primeira consistia na remoção de 0.1 mm
da parede do furo e a segunda na
remoção de 0.05 mm da parede,
Sandvik Coromant do Brasil
31
feita em diversos pontos
ao longo da circunferência do furo. Nas tabelas foram usados valores médios para rugosidade e
circularidade.
Por último, testou-se
uma estratégia de acabamento gerada por prograFigura 3 – Interpolação com estratégia
Figura 4 – Estratégia de fresamento de furo
mação manual, usando-se
helicoidal.
em acabamento usando-se G2/G3.
os comandos G2 e G3, devido à simplicidade e facideixando o furo no diâmetro final zação de ar comprimido como
lidade
de
programação manual,
pretendido. Os furos foram então fluido de corte.
avaliados quanto à circularidade e
As medições da rugosidade su- neste caso.
A Figura 4 mostra um esquema
rugosidade superficial nas direções perficial na direção axial foram
radial e axial.
feitas em pontos da geratriz do furo da estratégia usada. Nesta estratégia
A tabela 1 mostra os parâmetros com um cut-off ajustado para 0,8 a ferramenta avança até a profundide corte utilizados no desbaste mm. As medições de rugosidade dade final do furo, toca a parede até
(alguns indicados pelo fabrican- superficial na direção paralela às a profundidade de usinagem final e
te da ferramenta).
marcas de usinagem foram feitas em então inicia o comando G2/G3, sinOs parâmetros de corte utili- uma parcela da circunferência do cronizando as velocidades nos eixos
zados no desbaste foram mantidos furo e seus resultados são apresen- X e Y simultaneamente.
Neste caso, não há excessivas
no acabamento. Todo o processo tados em forma de gráfico.
de usinagem foi feito com a utiliA medição da circularidade foi acelerações e desacelerações ao
longo da trajetória. As condições
de corte também foram as mesmas
Tabela 1 - Parâmetros de corte utilizados nas operações.
descritas acima.
Diâmetro do Velocidade de Passo vertical Avanço
Velocidade
Furo (mm)
38
50
corte (m/min)
25
25
(mm/volta)
0,5
0,5
(mm/dente) de Avanço (mm/min)
0,05
60
0,08
95
Tabela 2 – Resultados dos furos de 38 mm de diâmetro.
Diâmetro ( Topo – fundo)
Circularidade ( Topo – fundo)
Rugosidade axial
37.981 – 37.946 mm
19 – 14 µm
0,24 µm
Figura 5 – Perfil típico de rugosidade superficial no furo de 38 mm de
diâmetro na direção radial planificado.
32
O Mundo da Usinagem
3. R ESULTADOS E D ISCUSSÕES
3.1 Furos com 38 mm
de diâmetro
A tabela 2 e a figura 5 mostram
os resultados obtidos nos dois furos de 38 mm após a operação de
acabamento usando-se somente a
interpolação helicoidal.
Estes primeiros resultados
obtidos demonstram a capacidade da operação em obter furos com boa qualidade superficial e de circularidade devido a
um posicionamento preciso da
máquina-ferramenta.
Os resultados dos diâmetros
mostram, no entanto, uma diferença entre o fundo e o topo
do furo maior do que a esperada. Tal fato indica que a fresa
de topo ficou submetida a uma
força de flexão durante a operação de desbaste.
Como o raio do furo é menor
que o diâmetro da fresa de topo e
a estratégia helicoidal executa
uma trajetória em rampa (uma vez
que a ferramenta move-se simultaneamente em três eixos), após
o centro da ferramenta completar
a primeira revolução, o ângulo de
contato entre a ferramenta e o
material é menor do que 180º na
extremidade da fresa de topo.
O esforço de corte não é uniforme, uma vez que a resistência ao
avanço da ferramenta não é constante ao longo da circunferência
descrita pelo centro da ferramenta. Conseqüentemente, a resultante de forças na extremidade da fresa
é direcionada, preferencialmente,
para o centro do furo.
Tal fato ocasionou uma força
de flexão, elevada o suficiente
para produzir um furo mais
cônico do que o esperado.
Embora tenha-se continuado
com a operação de acabamento, a
forma cônica do furo não pôde ser
removida a contento. Decidiu-se,
assim, começar novamente, com
um furo cujo raio fosse maior que
o diâmetro da fresa.
3.2. Furos com 50 mm dediâmetro
A figura 6 mostra o perfil do
furo usinado e a tabela 3 e a figura
7 mostram os resultados obtidos.
Os furos de 50 mm de diâmetro foram desbastados deixando
um pequeno tarugo no centro, o
qual poderia ser eliminado em
outra operação.
O fato do raio desses furos ser
maior que o diâmetro da ferramenta reduziu significantemente
a conicidade para aproximadamente 4 mm numa profundidade
de 13 mm. Quando o contato en-
Figura 6 – Perfil do furo
usinado em desbaste e
acabamento utilizando-se
a estratégia helicoidal.
Tabela 3 - Resultados obtidos nos furos de 50 mm de diâmetro.
Diâmetro ( Topo – fundo)
Circularidade ( Topo – fundo)
Rugosidade axial
50.018 – 50.014 mm
4,47 – 4,60 µm
0,34 µm
Figura 7 – Típico perfil de rugosidade superficial do furo de 50 mm de diâmetro na
direção radial planificado.
tre a extremidade da fresa de
topo e o material da placa é de
180º, a direção da força de flexão
é predominantemente tangente
ao círculo descrito pelo centro da
ferramenta.
Tal fato minimiza a conicidade,
embora ainda exista uma pequena conicidade na operação de desbaste, a qual pode ser minimizada
pela operação de acabamento.
A operação de acabamento conduziu a um erro de circularidade de
4,60 mm e a uma ondulação ao redor de todo o furo, cuja amplitude
apresenta a mesma magnitude do
erro. Essa ondulação é resultado da
estratégia helicoidal de usinagem
utilizada para o acabamento.
Como a estratégia escolhida
aproximou a trajetória helicoidal
por retas, dentro da tolerância
estabelecida, a máquina teve que
acelerar e desacelerar em curtos espaços. Essa variação de aceleração
levou a vibrações que resultaram em
uma superfície toda facetada.
Caso essa ondulação, causada
por vibração, seja removida usando um filtro de circularidade passa-altas, para 20 ondulações por
revolução, o erro de circularidade
Sandvik Coromant do Brasil
33
medido pode ser reduzido para
perto de 3 mm. Pode-se dizer que
esse erro é devido somente às
interpolações da máquina.
O valor médio de rugosidade
superficial na direção axial nos furos de 50 mm de diâmetro foi de
0,34 mm, o que pode ser considerado como um valor muito baixo para
uma operação com fresa de topo.
3.3. Acabamento Utilizando-se
a estratégia com G2/G3
Nesta estratégia de interpolação os movimentos da máquina
são sincronizados pelo próprio
CNC, de forma que as variações
de aceleração não são sentidas, a
não ser no início e fim do furo.
Mesmo assim, a circularidade
e a rugosidade resultaram menores que a estratégia helicoidal,
aproximada pelos pequenos segmentos de reta. A Figura 8 mostra o perfil do furo obtido.
Os valores de rugosidade deste tipo de interpolação também
resultaram baixos, sendo tipicamente em torno de 0,41 µm na
direção axial.
C ONCLUSÃO
Os primeiros resultados obtidos na experimentação com diferentes estratégias de interpolação,
para fabricação de furos de grande diâmetro em aço temperado,
permitem as seguintes conclusões:
O melhor resultado em termos
de erro de circularidade foi de
3,75 µm nos furos cujos raios são
maiores que o diâmetro da ferramenta (50 mm) usando-se estratégia com interpolação circular
G2/G3. Neste caso, a rugosidade
superficial foi da ordem de 0,41
µm na direção axial.
34
O Mundo da Usinagem
Na direção axial dos furos, valores de rugosidade
superficial da ordem de 0,24 µm
foram obtidos.
Na direção paralela às marcas
de usinagem, os
valores de rugosidade ficaram em
torno de 0,5 µm,
principalmente
devido a ondulações oriundas de
vibrações da máquina, causadas
pela estratégia Figura 8 – Perfil do furo de 50 mm obtido através de
interpolação circular G2/G3.
de interpolação
adotada.
cial, especialmente utilizando-se
O fresamento helicoidal é cafresas de topo de diâmetro mepaz de produzir furos de gran- nor do que os raios do furo a ser
des diâmetros com tolerâncias produzido, no desbaste, e a esestreitas de forma e diâmetro e tratégia de interpolação circular,
com bom acabamento superfi- no acabamento.
Referências Bibliográficas
DEWES, R.C., ASPINWALL,D.K., 1997, “A Review of Ultra High Speed
Milling of Hardned Steels”, Journal of Materials Processing Technology,
n°. 69, pp. 1-17.
NG, E.-G., LEE, D.W., SHARMAN, A.R.C., DEWES, R.C.,
ASPINWALL,D.K.,2000, “High Speed Ball Nose End Milling of Inconel
718”, Annals of the CIRP, Vol. 49/1/2000, pp. 41-46.
SHARMAN, A.R.C., DEWES, R.C., ASPINWALL,D.K., 2001, “Tool life
when High Speed Ball Nose end Milling Inconel 718”, Journal of
Materials Processing Tecnhnology, No 118, pp. 29-35.
WEIKERT, S., RITTER, R., 2002, “Fresamento Circular Versus
Mandrilamento”, Máquinas e Metais, No 435 , pp. 48-55.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Delcam/Seacam, à Sandvik Coromant pelas parcerias em software e ferramentas de corte e à FAPESP, pelo
apoio finan ceiro no desenvolvimento desta investigação.
Sandvik Coromant do Brasil
35
C
Com investimento da ordem US$200 mil, a Okuma Latino Americana Comércio Ltda.
inaugurou filial em Manaus (AM) no dia 3 de fevereiro de 2004.
om isso, o cliente da companhia poderá receber atendimento mais ágil quando necessitar de peças de reposição para as
máquinas-ferramenta da tradicional fabricante japonesa e manter os benefícios fiscais concedidos às empresas instaladas na
Zona Franca de Manaus.
A nova unidade permite ao cliente se beneficiar da agilidade (já
que a Okuma mantém estoque na
DeFato Comunicações
filial manauara para pronto atendimento) e dos benefícios fiscais,
porque naquela região, “praticamente só há incidência do ICMS
de 7%”, explica Alcino Junqueira
Bastos, gerente geral da Okuma
Latino Americana.
De acordo com Bastos, a diferença dos custos de internação para
São Paulo e para a Zona Franca de
Manaus é considerável. Sobre o
preço FOB nos EUA, há um acréscimo da ordem de 45% em São Paulo contra apenas 14% em Manaus,
Alcino Junqueira Bastos, gerente geral da Okuma Latino Americana.
36
O Mundo da Usinagem
somando-se o valor do frete e dos
impostos e taxas.
Antes da abertura da filial, caso
o usuário necessitasse de peças de
reposição e quisesse adquirí-las
mantendo o direito aos benefícios
fiscais, teria de fazer a importação
direta dos Estados Unidos (ou do
Japão) o que poderia significar a
perda de agilidade. Se houvesse
urgência, a peça teria de ser levada de São Paulo (SP), onde o
Okuma Latino Americana mantém
estoque devidamente desembaraçado. Nessa hipótese, o preço seria maior, porque os impostos e
taxas incidentes sobre os produtos
importados já teriam sido recolhidos e a Okuma teria de repassálos ao cliente.Dessa forma, conjugar agilidade e benefício fiscal era
praticamente impossível.
A Okuma é uma das poucas do
segmento de importação de máquinas operatrizes – senão a única – a
abrir uma filial em Manaus. “Temos
o dever de dar todo o suporte necessário e da melhor maneira, onde
quer que o cliente esteja”, justifica
Bastos, acrescentando que em breve a Okuma manterá um técnico
residente naquela região. A base
instalada da Okuma em Manaus
supera os 100 equipamentos.
Além de a empresa ver o suporte como um dever, outro aspecto relevante foi o fato de os benefícios
fiscais para a Zona Franca de
Manaus terem sido estendidos até
2023. Com isso, novos empreendimentos tendem a surgir, sem contar que as empresas já instaladas
deverão investir em ampliações.
Dados da Administração da Suframa (CAS) confirmam a tendência:
em 2003 foram aprovados 207
projetos que somam mais de US$ 2
bilhões em investimentos, um volume quase 70% maior que o de 2002.
Clientes da Okuma também ratificam a tendência. A Moto Honda
da Amazônia, por exemplo, já anunciou investimento de US$ 30 milhões. Só na primeira fase, que será
Saguão de entrada da filial Okuma em Manaus-AM.
concluída até dezembro de 2004, a
capacidade produtiva será ampliada de 750 mil motocicletas/ano para
1 milhão motocicletas/ano em 2004.
É de se esperar que outros usuários das máquinas Okuma façam o
mesmo. Além disso, ter uma filial em
Manaus pode representar um diferencial importante, porque ao investir em
máquinas-ferramenta, as empresas
costumam considerar a qualidade do
atendimento pós-vendas.
Okuma dobra a base instalada em três anos
A Okuma Latino Americana Comércio Ltda. instalada em São Paulo (SP) desde 1997 é subsidiária da
Okuma Corporation, com sede no
Japão e filiais em vários países,
como Alemanha, Taiwan, China e
EUA. A unidade brasileira, que se
reporta à filial dos EUA, é a responsável pelos negócios do grupo em
toda a América do Sul. Atualmente,
a base instalada da Okuma no continente sul-americano é de mais de
1000 máquinas. “Em 2000, a base
da Okuma no Brasil somava cerca
de trezentas e poucas máquinas,
recorda Alcino Junqueira Bastos,
Gerente geral da Okuma Latino
Americana. Para ele, o crescimento
de mais de 100% nos últimos três
anos decorre do reconhecimento do
trabalho realizado e também das
características técnicas que diferenciam os equipamentos da marca.
De acordo com Bastos, a Okuma
é uma empresa que, por buscar qualidade diferenciada, é uma das poucas do segmento que fabrica internamente seus próprios encoders,
motores elétricos, CNCs entre outros. “A busca pela qualidade é tal,
que a estrutura dos fundidos da base
das máquinas Okuma é rasqueteada
manualmente.”
A Okuma, fundada em 1898 em
Nagoya, no Japão, tornou-se conhecida mundialmente pelos tornos.
Hoje, fabrica também centros de
usinagem e retíficas. No Brasil, embora o número de tornos instalados
ainda seja maior, o volume de vendas
de centros de usinagem tem superado o de tornos nos últimos três anos.
O fato é que no Brasil há fabricantes
de tornos que oferecem principalmente modelos mais simples, com preços
e condições de financiamento competitivos, via Finame.
No caso dos centros de usina-
gem, embora exista fabricação nacional, a relação custo/benefício das
máquinas Okuma, para Bastos, é extremamente favorável. Já a demanda
por retíficas é menor em todo o mundo, porque a evolução dos tornos e
centros de usinagem tem permitido
acabamento com qualidade suficiente para se suprimir a operação de
retífica em vários processos.
A Okuma oferece centros de
usinagem horizontais com pallets d e
400 x 400 mm a 1.000 x 1.000 mm,
standard, e centros de usinagem verticais dos mais variados portes, que podem usinar desde próteses dentárias
a peças de grande porte para a indústria automobilística. Em tornos,
oferece modelos que possibilitam fazer desde um eixo de relógio até o
rosqueamento de tubos de oleodutos.
A empresa oferece ainda retíficas universais, angulares e cilíndricas-planas
em diversos modelos e portes.
Sandvik Coromant do Brasil
37
O ENCEP 2004 será no Espírito Santo
O nono Encontro Nacional
de Coordenadores de Cursos
de Engenharia de Produção
(ENCEP) vai acontecer de 26
a 28 de maio em Vila VelhaES, organizado pelo Centro
Universitário Vila Velha (UVV)
e pela ABEPRO.
O objetivo do ENCEP é criar
oportunidades para que coordenadores de cursos de Engenharia de Produção do Brasil possam debater questões fundamentais relativas aos aspectos
do ensino, da pesquisa e do relacionamento com a sociedade
que atua nesta importante área
das engenharias.
O público alvo é formado por
coordenadores de cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia de Produção, além de
engenheiros de empresas.
Para a edição de 2004, estão previstas as presenças de
personalidades dos organismos
de regulamentação, avaliação e
de fomento de ensino e pesquisa, da ABEPRO e UVV, além do
presidente da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST). Nos
três dias do evento muitas
atividades serão desenvolvidas.
No dia 26 haverá palestra sobre
“Gestão de Coordenação de
Curso”, seguida de debates e
uma mesa redonda sobre “Gestão de Cursos de EP”.
A grande novidade, entretanto, e que consta na programação
dos demais dias, é o debate so-
38
O Mundo
bre os assuntos acima mencionados sob o contexto das mudanças
ocorridas no MEC, CAPES e
INEP neste segundo ano do Governo Lula.
Confira outras abordagens sobre temas fundamentais para o
desenvolvimento da Engenharia
de Produção:
Sob as perspectivas criadas
pelas diretrizes curriculares de ensino de engenharia ocorreu o
surgimento de cursos de Engenharia de Produção com características atuais e muito diferentes
daqueles oferecidos com base na
legislação anterior. Várias questões ainda permanecem sem resposta quando se discute a habilitação do “Engenheiro de Produção” diante do sistema CONFEA/
CREA.Esse tema será abordado
com todas as particularidades que
o assunto permite e merece.
A oportunidade de debates entre a empresa e a universidade
interfere diretamente na formação
de um bom profissional, aspecto
a ser especialmente considerado
neste ENCEP, procurando-se
avançar ainda mais com relação
aos dois ENCEPs anteriores, com
as atividades, em um dos dias do
evento, sendo desenvolvidas nas
instalações da CST, com a presença de outras empresas por ela
especialmente convidadas para
este momento.
Para o presidente da ABEPRO,
Prof. Dr. Nivaldo Lemos Coppini,
o ENCEP vem registrando resul-
tados positivos a cada ano, sempre com um excelente e crescente volume de participantes devido
a dois fatores: primeiro, o interesse dos coordenadores de cursos
em participar de debates relacionados com a Engenharia de Produção e, segundo, devido ao crescimento espetacular de cursos de
Engenharia de Produção no Brasil e suas respostas positivas, por
meio de participações efetivas, em
relação às atividades desenvolvidas pela ABEPRO.
A programação preliminar do
ENCEP 2004 já está pronta: confira
em breve no site da associação.
Saiba mais sobre a Abepro:
Para saber todas as atividades desenvolvidas pela
ABEPRO, acesse o site
www.abepro.org.br e se estiver interessado em receber
nossos boletins, cadastre-se
na página da Associação e fique informado sobre defesas
de dissertações, cursos e
eventos direcionados à comunidade de Engenharia de Produção. Quem quiser dar sugestões de notícias mande um
e-mail para [email protected],
ou [email protected]
Para adquirir os Anais dos
ENEGEPs realizados nos anos
de 1981 a 2002 acesse o site da
associação, ou mande um e-mail
para [email protected]
ou, se preferir, pelo telefone
(19) 3454-2238.
ABEPRO - Associação Brasileira de Engenharia de Produção - Universidade Metodista de
Piracicaba - Faculdade de Engenharia e de Produção - Programa de Pós Graduação
Rod. Santa Bárbara-Iracemápolis - Km 1 - Cep: 13450-000 Santa Bárbara d´Oeste - SP
da
Usinagem
site:
www.abepro.org.br e-mail: [email protected] Tel: (0xx19) 3124-1767, 3454-2238
Sandvik Coromant do Brasil
39
ARCANO: Um Novo Instrumento de
Gerenciamento de Trabalho.
Em meados de 2002, a organização denominada Cluster de
Alta Tecnologia de São Carlos,
que reúne várias empresas da cidade de São Carlos, lançou oficialmente no mercado um novo
produto que foi desenvolvido em
parceria com pesquisadores da
rede Instituto Fábrica do Milênio
— IFM — (Ver O Mundo da
Usinagem 2003-3).
40
O Mundo da Usinagem
O produto é uma plataforma
que permite a construção de portais corporativos que, além de facilitar a comunicação institucional,
servem como instrumento de trabalho e auxiliam o gerenciamento
do conhecimento da organização.
O produto permite: publicação avançada de conteúdo, busca avançada,
criação de espaços para comunidades de prática, criação de espaços de
trabalho para times de projeto e ferramentas de e-Learning, entre outras, tudo isso de maneira integrada
com ferramentas para a criação de
sites, intranets e extranets corporativas. O cluster é formado por
7 empresas do Parque de Alta
Tecnologia de São Carlos, entre elas
suas fundadoras Radium Systems,
SV Consultoria e MZO Interativa,
que desenvolveram a plataforma
em parceria com o Grupo de Engenharia Integrada do Núcleo de
Manufatura Avançada (EI/
NUMA), um dos nós da rede IFM.
A parceria foi bastante proveitosa para todos os seus membros
e deverá ser mantida. Ela permitiu que os conhecimentos acumulados pelo grupo de engenharia
integrada, na área de sistemas
para gestão do conhecimento, pudessem ser transferidos rapidamente para o mercado e fossem
potencializados pela experiência
em desenvolvimento de sistemas
trazida pelas empresas parceiras.
2a. Feira de Ferramentaria e Modelação
Realizar-se-á, de 23 a 26 de março, no EXPOVILLE, Joinville-SC,
a segunda edição de um encontro
de muito sucesso. A primeira feira
contou com a participação de 8520
visitantes que percorreram os
stands de expositores representativos de um largo espectro de atividades industriais, como Daimler
Chrysler, Arno, Gerdau, Multibrás,
Denso do Brasil, Moto Honda,
Volkswagen, Audi, Maihle-MMG,
Bosch Rexroth, Scania, Weg,
Siemens, Volvo do Brasil, Eckele,
Consultech, AAM, Astra, Zen
Dello, Ford, Electrolux, Gestamp,
Huhtamaki, Tritec, Renault, Grupo Delga, Fiat e outros. Nesta segunda edição, simultaneamente à
Feira, ocorrerão ainda eventos paralelos, como o Seminário de Técnologia Aplicada à Ferramentaria
e Modelação, no auditório da
Expoville, organizado pelo Senai
Joinville e o de Metal-mecânica Plástico - Subcontratação, na mesma data, organizado pelo
Sindimec de Joinville.
DHB nacionaliza fabricação de válvulas
A DHB Componentes Automotivos inaugurou, em Porto Alegre, sua
nova fábrica, para produção de
válvuIas hidráulicas. Com a fabricação local desse componente, o mecanismo de direção hidráulica - um
dos principals produtos do portfólio
da empresa - pula de 30% para 90%
de Indice de nacionalização.
0 empreendirnento de US$ 10
milhões faz da DHB a pioneira na
produção de válvulas hidráulicas no
Brasil. Instalada em um espaço de
2 mil m2, a nova unidade gera 80
empregos diretos e vai trabalhar
com uma meta fabril de 700 mil válvulas por ano. “Além de um salto
no processo produtivo, ela vai proporcionar a independência da variação cambial, maior competitividade e redução dos custos de fabricação”, declara Carlos Francisco
Zanetti, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios.
Além de contar com a recuperação do mercado interno, a
empresa acredita na ampliação das
exportações, que representam hoje
23% do faturamento, podendo chegar a cerca de 30% nos próximos
anos. A empresa já exporta para o
México, Estados Unidos, Argentina e Irã, e pretende atingir também
os mercados europeu e africano.
Para 2004, a companhia projeta
uma evoluçao de 44% em seus ganhos,
atingindo R$ 230 milhões. Esse incremento deriva de um novo contrato estabelecido com aFord - que envolve o
fornecimento de componentes para
toda a linha de veículos de passeio nacionais da montadora - além das estimativas de crescimento da produção
nacional de automóveis em 2004.
A Deb’Maq realizou, nos dias
15,16 e 17 de janeiro, sua convenção anual de vendas, onde o Sr.
Ronaldo da Silva Ferreira (Técnico
OTS da Sandvik Coromant)
palestrou sobre a finalidade e funcionalidade do departamento OTS,
confirmando e fortalecendo com
isto a parceria entre as duas empresas, Sandvik Coromant e Deb’Maq.
Discutiram-se também as estratégias de vendas para 2004 e a situação da empresa, que vem crescendo a passos largos, tanto no merca-
do interno, quanto no externo. Falou-se do sucesso obtido pela Unidade de Difusão Tecnológica, montada sobre um caminhão, em projeto
de levar tecnologia de ponta pelo
interior do país, que conta com o
apoio da Sandvik Coromant, entre
o de outras empresas. As expectativas
para 2004 são as melhores, pois a chegada do caminhão tem sido
prestigiada até por prefeitos e demais
autoridades dos locais visitados, mostrando assim que ainda existem muitos mercados a serem explorados.
Sandvik Coromant do Brasil
41
Sandvik Coromant
Programa de Treinamento 2004
Mês
Mar
TBU
TFR
UMM
EAFT
29, 30
e 31
15 e 16
Abr
EAFF
OUT
OUF
26, 27
e 28
TGU
12, 13
e 14
03, 04,
05 e 06
Mai
21 e 22
Jun
Jul
12 e 13
Ago
30 e 31
Set
20 e 21
19, 20,
21 e 22
14, 15
e 16
27 e 28
18, 19,
20 e 21
Out
Nov
TUA
29 e 30
4, 5
e6
22, 23
e 24
28, 29
e 30
13, 14
e 15
Técnicas Básicas de Usinagem (14 horas em 2 dias)
Técnicas de Furação e Roscamento com macho
(14 horas em 2 dias)
Usinagem de Moldes e Matrizes (28 horas em 4 dias)
Escolha e Aplicação de Ferramentas para
Torneamento (21 horas em 3 dias)
Escolha e Aplicação de Ferramentas para
Fresamento (21 horas em 3 dias)
23, 24,
25 e 26
02, 03,
04 e 05
Otimização da Usinagem em Torneamento
(28 horas em 4 dias)
Otimização da Usinagem em Fresamento
(28 horas em 4 dias)
Técnicas para Usinagem Automotiva
(28 horas em 4 dias)
Técnicas Gerenciais para Usinagem
(21 horas em 3 dias)
Mais informações sobre os cursos, acesse www.cimm.com.br
Anunciantes
Aços Romam.........................pág.11
Romi.......................................pág.35
Deb’Maq..................................... 39
SKA...............................................40
Ergomat.......................................18
Technifor........................................41
Kabel Schlepp..............................29
Villares Metals..............................21
MD do Brasil................................43
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Usinagem pode entrar em contato
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Blaser Swisslube do Brasil
São Paulo-SP
Tel. (11) 5049 2611
Faculdade de Engenharia Mecânica/
Depto. de Engenharia de FabricaçãoUNICAMP
Campinas-SP
Tel. (19)3788-3092/3299
Aços VIC
São Paulo-SP
Tel. (11) 6166-2127
Faculdade de Tecnologia da Zona
Leste, Centro Paula Souza
São Paulo-SP
Tel. (11) 3327-3000
Faculdade de Engenharia de
São Carlos – USP
Tel. (16) 273-9267
Mecat Filtrações Industriais
Abadia de Goiás-Go
Tel. (62) 503-1155
Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro-RJ
Tel. (21) 2580-1668
Okuma Latino Americana
São Paulo-SP
Tel. (11)3846-6645
Alstom Brasil
Taubaté-SP
Tel. (12) 225-3057/3151
Sandvik Coromant e seus Distribuidores
Amazonas-AM: MSC, Manaus, Tel: (092) 613 2350; Ceará-CE: Ferrametal, Fortaleza,Tel: (085) 287 4669; Pernambuco-PE:
Recife Tools, Recife,Tel: (081) 3268 1491; Bahia-BA: Sinaferrmaq, Lauro de Freitas, Tel: (071) 379 5653; Espírito Santo-ES:
Hailtools, Vila Velha,Tel: (027) 3349 0416; Mato Grosso do Sul-MS: Kaymã, Campo Grande, Tel: (067) 321 3593; Minas GeraisMG: Escândia, Belo Horizonte, Tel: (031) 3295 3274; Sandi, Belo Horizonte,Tel: (031) 3295 2957; Tecnitools, Belo Horizonte,
Tel: (031) 3295 2974; Tungsfer, Ipatinga, Tel: (031) 3825 3637; Rio de Janeiro-RJ: Jafer, Rio de Janeiro, Tel: (021) 2270 4835;
Machfer, Rio de Janeiro, Tel: (021) 2560 0577; Toolset, Rio de Janeiro, Tel: (0xx21) 2290 6397; Trigon, Rio de Janeiro, Tel: (021)
2270 4566; São Paulo-SP: Atalanta, São Paulo,Tel: (011) 3837 9106; Cofast, Santo André, Tel: (011) 4997 1255; Cofecort,
Araraquara Tel: (016) 3333 7700; Comed, Guarulhos Tel: (011) 6442 7780 / 6409 1440; Diretha, São Paulo, Tel: (011) 6163 0004;
Maxvale, S.José dos Campos, Tel: (012) 3941 3013; Mega Tools, Campinas, Tel: (019) 3243 0422; PS Ferramentas, Bauru, Tel:
(014) 3234 4299; Pérsico, Piracicaba, Tel: (019) 3421 2182; Paraná-PR: Gale, Curitiba, Tel: (041) 339 2831; Oliklay, Curitiba, Tel:
(041) 327 2718; PS Ferramentas, Maringá, Tel: (044) 265 1600; Santa Catarina-SC: GC, Joaçaba, Tel: (049) 522 0955; Repatri,
Criciúma, Tel: (048) 433 4415; Thijan, Joinville, Tel: (047) 433 3939; Logtools, Joinville, Tel: (047) 422 1393; Rio Grande do Sul-RS:
Arwi, Caxias do Sul, Tel: (054) 223 1388; Consultec, Porto Alegre, Tel: (051) 3343 6666; F.S., Porto Alegre, Tel: (051) 3342 2366.
Sandvik Coromant, atendimento ao cliente : 0800 - 559698
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