UNIVERSIDADE BANDEIRANTE ANHANGUERA RODRIGO DE ALMEIDA PUPO O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA SÃO PAULO 2013 RODRIGO DE ALMEIDA PUPO Mestrado em Educação Matemática O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Bandeirante Anhanguera, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação Matemática, sob orientação da Profª Drª Maria Elisabette Brisola Brito Prado. SÃO PAULO 2013 RODRIGO DE ALMEIDA PUPO Pupo, Rodrigo de Almeida. P986u O uso das tecnologias digitais na formação continuada do professor de matemática / Rodrigo de Almeida Pupo. -- São Paulo: Universidade Bandeirante Anhanguera, 2013. xiii, 104 f.; 30 cm. Dissertação (MESTRADO) – Universidade Bandeirante Anhanguera, 2013. Orientadores: Profª. Dra. Maria Elisabette Brisola Brito Prado. Referências bibliográficas: f. 95-99. 1. Programação. 2. GEOGEBRA. 3. Conhecimento profissional. 4. Formação continuada. 5. Observatório da educação. I. Prado, Elisabette Brisola Brito. II. Universidade Bandeirante Anhanguera. III. Título. CDD 370.71 O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA. Este Trabalho foi julgado e aprovado para obtenção do título de Mestre em Educação Matemática da Universidade Bandeirante Anhanguera - UNIBAN. São Paulo, ____/_____/_______ Profa. Dra. Maria Elisabette Brisola Brito Prado (Presidente-Orientadora) Universidade Bandeirante Anhanguera - UNIBAN Profa. Dra. Odete Sidericoudes (1º Titular Externo) SEE/SP Prof. Dr. Ruy Cesar Pietropaolo (1ºTitular Interno) Universidade Bandeirante Anhanguera - UNIBAN MEUS AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela vida e pelo Senhor Jesus Cristo seu filho, que veio do alto céu como homem e sofreu para que possamos ter a chance da vida eterna. Ao Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Bandeirante Anhanguera de São Paulo e a Coordenadora do curso Professora Dra. Tânia Maria Mendonça Campos que ofereceu toda a estrutura necessária durante o curso. Ao projeto do Observatório da Educação da UNIBAN financiado pela CAPES, sob a coordenação do Prof. Dr. Ruy Cesar Pietropaolo, que me proporcionou a realização dessa a pesquisa. A Dirigente e aos professores da Diretoria de Ensino – Região Norte II juntamente com a professora Rosana Jorge Monteiro Magni, responsável por esse projeto na Diretoria de Ensino em questão. À Professora Doutora Nielce Meneguelo Lobo da Costa pelo apoio do meu ingresso no programa de mestrado. Pela dedicação, amizade e paciência durante toda a pesquisa no trabalho de orientação e escrita da professora Doutora Maria Elisabette Brisola Brito Prado. Ao professor Dr. Ruy Cesar Pietropaolo, que considero como um pai acadêmico. Aos meus professores do Programa de Mestrado em Educação Matemática da Universidade Bandeirante Anhanguera de São Paulo, que tive o prazer de conhecer e foram contribuintes em minhas decisões como aluno, professor, formador e pesquisador. Aos profissionais da secretaria do Programa, que sempre auxiliaram de forma clara as dúvidas relacionadas às documentações exigidas. À Diretoria de Ensino Região de Sumaré, com direção da Dirigente Regional de Ensino, professora Dirceuza Biscola Pereira, pelo apoio durante o curso. Aos meus pais, que com amor me educaram, ensinaram e continuam ensinando sobre a vida. Aos meus irmãos, que me deram sempre força em meus estudos. À Fátima Dias, amiga a quem sempre me ajudou e continua me ajudando em assuntos profissionais e pessoais. À Marinês Yole Poloni, que conheci durante o mestrado e tenho um carinho especial. Ao casal de Pastores Myckon e Andreia, amigos sempre presentes dos quais recebo diversos ensinamentos da palavra de Deus. À minha esposa, a quem escolhi amar e suportou os meus momentos de estudos. RESUMO Esta pesquisa foi desenvolvida no âmbito da linha de Formação de Professores que ensinam Matemática, no contexto do Projeto Observatório da Educação da UNIBAN, financiado pela CAPES. O objetivo foi verificar as potencialidades do software GEOGEBRA para o processo de ensino e aprendizagem de Simetria Axial. Participou da pesquisa um grupo de quinze professores de Matemática que atuam na Educação Básica. A metodologia de caráter qualitativo integrou elementos da abordagem do Design Experiment de Cobb e utilizou como instrumentos de coleta questionário de perfil e de diagnóstico, bem como os protocolos das atividades de intervenções realizadas pelo formadorpesquisador durante a Oficina de Simetria com o uso do software GEOGEBRA. O referencial teórico constituiu-se de dois temas centrais, Informática na Educação, com foco na atividade de programação baseada nos princípios construcionistas de Papert e Conhecimento profissional do professor, com destaque nas ideias de Shulman e no modelo do TPACK de Koelber e Mishra. A análise dos dados iniciais mostrou, durante a fase de diagnóstico, a existência de compreensões equivocadas sobre o conceito de Simetria. Isto foi fundamental para nortear as atividades de intervenção utilizando materiais concretos e digitais, especialmente, o software GEOGEBRA. O uso desse software permitiu ao grupo de professores manipular Objetos, Retas, Ponto e Figuras, observar suas propriedades e fazer conjecturas as quais instigaram a busca de novas compreensões sobre o conteúdo de matemática. Uma estratégia didática desafiadora para o grupo foi a criação do Botão de Simetria. Essa atividade confirmou o potencial da programação, pelo seu caráter reflexivo e de “empodeiramento” do homem sobre o computador (Papert e Valente). O resultado da pesquisa mostrou que por meio da atividade de programação, o grupo de professores pode vivenciar a espiral de aprendizagem e a reconstrução do conhecimento integrado das tecnologias digitais e o conteúdo matemático. Palavras-chave: Programação – GEOGEBRA – Conhecimento Profissional – Formação Continuada – Observatório da Educação. ABSTRACT This research was conducted within the Teacher Training online that teach mathematics in the context of the Project Centre for Education UNIBAN, funded by CAPES. The objective was to verify the potential of GEOGEBRA software for the teaching and learning of Axial Symmetry. Participated in the research group of fifteen teachers of mathematics involved in basic education. The qualitative methodology incorporated elements of the approach of Design Experiment Cobb and used as instruments of questionnaire listing and diagnostic collection as well as the protocols of interventions by the trainer researcher activities during the workshop Symmetry using the software GEOGEBRA . The theoretical framework consisted of two central themes, Computers in Education, with a focus on programming activity based on the principles of constructionist Papert and professional knowledge of the teacher, especially the ideas of Shulman and model of the TPACK of Koelber and Mishra. The initial analysis of the data showed that during the diagnostic phase, the existence of misunderstandings about the concept of symmetry. This was essential to guide intervention activities using concrete materials and digital, especially GEOGEBRA software. Using this software allowed the group of teachers manipulate Objects , Lines , Point and Figure , observe their properties and make conjectures which prompted the search for new understandings of math content . A challenging teaching strategy for the group was the creation of the Symmetry button . This activity confirmed the potential of programming for its reflective nature and "empodeiramento" man on the computer ( Papert and Valente ) . The research result showed that through activity programming, the group of teachers can experience the learning spiral and reconstruction of integrated digital technologies and mathematical content knowledge. KeyWords: Programming - GEOGEBRA - Professional Knowledge Continuing Education - Education Observatory. - SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ............................................................................................ 14 CAPÍTULO UM – INTRODUÇÃO ..................................................................... 16 1.1 Trajetória ............................................................................................. 16 1.2 A Questão da Pesquisa....................................................................... 19 1.3 Procedimentos Metodológicos ............................................................ 19 1.4 Sujeito da Pesquisa............................................................................. 20 1.5 Instrumentos da Coleta ....................................................................... 20 1.6 Justificativa .......................................................................................... 21 CAPITULO DOIS – REFERENCIAL TEÓRICO ............................................... 26 2.1. Informática na Educação..................................................................... 26 2.2. A Programação ................................................................................... 28 2.3. O Construcionismo .............................................................................. 31 2.4. A formação e conhecimento profissional do professor ........................ 33 CAPÍTULO TRÊS – O GEOGEBRA ................................................................. 37 3.1. O Software .......................................................................................... 37 3.2. Utilizando O Software.......................................................................... 38 CAPÍTULO QUATRO – DIAGNÓSTICO .......................................................... 51 4.1. Oficina de Simetria – Fase de diagnóstico. ......................................... 51 4.2. Diagnóstico do aluno – na visão do professor..................................... 53 4.3. Diagnóstico do conteúdo de Simetria Axial – na visão do professor ... 54 CAPÍTULO CINCO – INTERVENÇÃO ............................................................. 62 5.1. Oficina de Simetria – Fase de intervenção.......................................... 62 5.2. Atividade um de intervenção ............................................................... 62 5.3. Atividade dois de intervenção ............................................................. 64 5.4. Atividade três de intervenção .............................................................. 67 5.4.1. Resolução com o uso de materiais concreto ....................................... 68 5.4.2. Resolução com o uso do software GEOGEBRA. ................................ 72 5.5. A programação e a simetria ................................................................ 77 5.6. Questionário de utilização do GEOGEBRA ......................................... 84 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 92 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 95 Apêndice I – Questionário de Perfil. ............................................................ 100 Apêndice II – Questionário de Simetria 1 .................................................... 101 Apêndice III – Conjunto de Atividade I ........................................................ 102 Apêndice IV – Conjunto de Atividade II ....................................................... 103 Apêndice V – Questionário de utilização do software ................................ 104 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Espiral da aprendizagem e a atividade de programação. ................. 30 Figura 2 - Tela Inicial do GEOGEBRA ............................................................. 38 Figura 3 – Inserir ponto pela barra de ferramenta. ........................................... 39 Figura 4 – Inserir ponto pela caixa de entrada. ................................................ 40 Figura 5 - Controle deslizante .......................................................................... 41 Figura 6 - Manipulando o controle deslizante ................................................... 42 Figura 7 - Construção do quadrado.................................................................. 43 Figura 8 - protocolo de construção do quadrado .............................................. 44 Figura 9 – Ferramenta de simetria. .................................................................. 46 Figura 10 - Exemplo de utilização da ferramenta Reflexão em relação a uma reta ................................................................................................................... 47 Figura 11 - Resolução do exemplo da ferramenta Reflexão em relação a uma reta. .................................................................................................................. 48 Figura 12 – Ocultar a ferramenta de reflexão. .................................................. 49 Figura 13 - Comparação de tela do GEOGEBRA. ........................................... 49 Figura 14 - Protocolo do professor T ................................................................ 58 Figura 15 - Protocolo do professor X ................................................................ 59 Figura 16 - Protocolo do professor Y ................................................................ 59 Figura 17 - Protocolo do professor W ............................................................... 59 Figura 18 - Protocolo do professor Z. ............................................................... 60 Figura 19 - Atividade de eixo simétrico ............................................................ 63 Figura 20 - Resolução com espelho ................................................................. 64 Figura 21 – Protocolo 1 de resolução da atividade de intervenção dois .......... 66 Figura 22 - Protocolo 2 de resolução da atividade de intervenção dois ........... 66 Figura 23 - Protocolo professor A da atividade de intervenção três do primeiro conjunto. ........................................................................................................... 69 Figura 24 - Protocolo professor B da atividade de intervenção três do primeiro conjunto.. .......................................................................................................... 70 Figura 25 - Protocolo professor A da atividade de intervenção três. ................ 71 Figura 26 - Protocolo professor A da atividade de intervenção três. ................ 73 Figura 27 - Protocolo professor B da atividade de intervenção três ................. 74 Figura 28 - Comparativo professor A ............................................................... 75 Figura 29 - Comparativo Professor B ............................................................... 75 Figura 30 - Atividade 1 no GEOGEBRA ........................................................... 77 Figura 31 - Codificação da linguagem matemática para a linguagem do GEOGEBRA ..................................................................................................... 78 Figura 32 - Atividade 2 no GEOGEBRA ........................................................... 79 Figura 33 - Resolução da atividade 2 no GEOGEBRA .................................... 80 Figura 34 - Resolução da atividade 3 no GEOGEBRA .................................... 81 Figura 35 - Atividade 1 do questionário de utilização do GEOGEBRA ............ 84 Figura 36 - Protocolo do professor A do questionário de utilização do GEOGEBRA ..................................................................................................... 85 Figura 37 - Protocolo do professor B do questionário de utilização do GEOGEBRA ..................................................................................................... 85 Figura 38 - Protocolo do professor C do questionário de utilização do GEOGEBRA ..................................................................................................... 86 Figura 39 - Protocolo do professor D do questionário de utilização do GEOGEBRA ..................................................................................................... 86 Figura 40 - Protocolo do professor C na questão da linguagem ...................... 87 Figura 41 - Protocolo do professor D na questão da linguagem ...................... 88 Figura 42 - Protocolo do professor UM sobre a contribuição do GEOGEBRA . 89 Figura 43 - Protocolo do professor DOIS sobre a contribuição do GEOGEBRA ......................................................................................................................... 89 Figura 44 - Protocolo do professor TRÊS sobre a contribuição do GEOGEBRA ......................................................................................................................... 90 Figura 45 - Protocolo do professor QUATRO sobre a contribuição do GEOGEBRA ..................................................................................................... 90 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Uso do computador feito pelo grupo de professores ...................... 52 Gráfico 2 - Dificuldade dos alunos em relação à Simetria axial ........................ 53 Gráfico 3 - Quantidade de eixos simétricos no quadrado ................................. 55 Gráfico 4 - Quantidade de eixos simétricos no retângulo não quadrado .......... 56 Gráfico 5 - Quantidade de eixos simétricos de um círculo ............................... 57 Gráfico 6 - Questão sobre simetria axial .......................................................... 58 LISTA DE QUADROS Quadro 1- Atividade de completar figuras ........................................................ 65 Quadro 2 - Conjunto de atividades da intervenção três .................................. 67 Quadro 3 - Script de resolução da atividade 1 do GEOGEBRA ...................... 78 Quadro 4 - Script de resolução da atividade 2 do GEOGEBRA ...................... 80 Quadro 5 - Script de um professor da atividade 4 no GEOGEBRA.................. 82 14 APRESENTAÇÃO Esse trabalho intitulado “O uso das Tecnologias Digitais na Formação Continuada do Professor de Matemática” foi desenvolvido no âmbito da linha de pesquisa de Formação de Professores que ensinam Matemática do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Bandeirante Anhanguera. Essa pesquisa teve como objetivo verificar as potencialidades do software GEOGEBRA para o processo de ensino e aprendizado de noções relativas à Simetria Axial. Participou da pesquisa um grupo de professores de Matemática que atuam na Educação Básica. E o que levou a esse objetivo foram basicamente os seguintes questionamentos: Como a formação continuada pode favorecer aos professores o aprendizado dos recursos tecnológicos indo além dos aspectos operacionais do software no sentido de propiciar a reflexão e conceituação de conteúdos matemáticos? Como podemos utilizar o GEOGEBRA para o ensino e aprendizagem conceitual de Simetria Axial? A partir dessas indagações, construímos a questão norteadora da pesquisa: Quais são as potencialidades do software GEOGEBRA para o desenvolvimento de conceitos da Simetria Axial dos professores? Para responder a essas questões, a pesquisa se desenvolveu adotando a metodologia qualitativa e interpretativa das ações realizadas em um contexto formativo com um grupo de professores que lecionam matemática da educação básica. Para tanto, este trabalho está estruturado em cinco capítulos, descritos a seguir com uma breve apresentação: 15 Capítulo Um – Introdução. O capítulo apresenta a trajetória do pesquisador, como originou a questão da pesquisa e a justificativa da mesma, bem como os procedimentos metodológicos utilizados, os sujeitos da pesquisa e os instrumentos de coleta. Capítulo Dois – Fundamentação Teórica. Este capítulo aborda de forma sucinta o percurso da Informática na Educação, o papel da atividade de programação no processo de aprendizagem, os princípios construcionistas e a formação com ênfase no conhecimento profissional do professor. Capítulo Três – Software GEOGEBRA. Apresenta o software GEOGEBRA, destacando alguns de seus recursos e possibilidades de uso para explorar conceitos matemáticos. Alguns exemplos são enfatizados com visualização de telas juntamente com as barras de menus, barras de ferramentas e uma breve descrição de como utilizá-lo. Capítulo Quatro – Oficina de Simetria – Fase de diagnóstico. Este capítulo descreve e analisa as questões e atividades de diagnóstico que ocorreram na fase inicial da Oficina de Simetria Axial desenvolvida para os professores participantes dessa pesquisa. Capítulo Cinco – Oficina de Simetria – Fase de intervenção. Este capítulo descreve e analisa as atividades realizadas durante a fase de Intervenção da Oficina de Simetria Axial desenvolvida pelos professores participantes dessa pesquisa, destacando o uso do software GEOGEBRA e a atividade de programação. Considerações finais Apresenta a análise das possíveis potencialidades do uso do software GEOGEBRA para o aprendizado de simetria axial. 16 CAPÍTULO UM – INTRODUÇÃO 1.1 Trajetória No ano de 2000, tive a oportunidade de participar de um curso de 30 horas, voltado para o uso do software Cabri Geometri II1, que me permitiu conhecer e explorar suas ferramentas. Nessa época era estudante do segundo ano da licenciatura de Matemática, onde conclui a graduação em 2002. Senti um encantamento pela possibilidade da movimentação que o software permitia, pois o mesmo tem características de Geometria Dinâmica (GD) - Figura com movimento mantendo as suas propriedades. Minhas indagações para o uso da tecnologia com os alunos iniciaram em 2004, como professor coordenador em uma unidade escolar estadual do município de Hortolândia no Estado de São Paulo. Nessa época constatei que a unidade escolar em que atuava estava recebendo computadores e os professores não estavam preparados para a utilização com os alunos. Alguns professores aventuravam a levar seus alunos para utilizarem os computadores, mas poucos trabalhavam algo específico do currículo. Trabalhavam com editor de texto, sala de bate papo na internet e alguns softwares comprados pelo Estado. Esse foi um momento muito importante, porém não justificava o investimento dos equipamentos. As esferas governamentais (Federal e Estadual) disponibilizaram cursos para um melhor aproveitamento desses recursos, mas a utilização com os alunos era baixa. Como Coordenador Pedagógico em uma unidade escolar do município de Hortolândia, trabalhava com todos os professores de todas as disciplinas da 1 O Cabri-Géomètre é um software que permite construir todas as figuras da geometria elementar que podem ser traçadas com a ajuda de uma régua e de um compasso – trecho retirado do site http://www.cabri.com.br/oquee.php em 15/01/2013. 17 escola, mas minha formação específica me levava a uma conversa mais amiúde com os professores de matemática, bem como sugerir atividades com o uso dos computadores em suas atividades de sala de aula. Os softwares mais utilizados para a matemática eram: Building Perspective, Divide and Conquer, Factory, Graphers, Jogos de Funções, Siracusa, Thales. Ficava evidente que os alunos gostavam de ir à sala dos computadores, mas os professores nem tanto devido a vários fatores, tais como: a dinâmica que ocorria dentro da sala, certa perda de controle dos professores com os alunos, fragilidade dos equipamentos, como quebra e travamento, o que desmotivava o corpo docente a utilizarem os equipamentos. Apesar dessas dificuldades, a tecnologia na escola provocou algumas mudanças na prática do professor e favoreceu algumas reflexões sobre os processos de ensino e aprendizagem, bem como experiências inovadoras, mas de forma pontual. E, mesmo com a evolução dos últimos anos dos meios de comunicação, especialmente da internet, onde informações são trocadas, colaboradas, formadas e divulgadas, as escolas apresentam dificuldades para utilizar de forma sistemática as tecnologias digitais. Nesse momento em que ser torna cada vez mais visível na sociedade a presença das tecnologias digitais, a educação poderia aproveitar seu potencial na utilização das diferentes mídias e linguagens, tais como: imagens, sons e vídeos, para trabalhar pedagogicamente com os alunos que são nativos dessa cultura digital. Atualmente existe uma grande quantidade e diversidade de recursos pedagógicos digitais que são disponibilizados pela internet. O Governo Federal mantém um ambiente on-line para professores e alunos com diversas ferramentas e objetos de aprendizagem, denominado Portal do Professor2. 2 O Portal do professor http://portaldoprofessor.mec.gov.br foi criado em 2008, com objetivo de contribuir com a prática pedagógica dos professores, disponibilizando diversos materiais e propiciando a troca de experiências realizadas nas escolas. 18 Foi nesse cenário da educação que fui convidado para participar de uma entrevista na Diretoria de Ensino para ocupar a função de Professor Coordenador de Tecnologia Educacional na Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino da Região Sumaré. Iniciei essa função com um novo desafio: desenvolver a formação dos professores de toda a Diretoria para uso das Novas Tecnologias de Comunicação e Informação, conhecida como TIC. Éramos três professores com a mesma função, eu com licenciatura em Matemática e alguns cursos na área de servidores, redes e sistemas operacionais, e outras duas professoras com muito conhecimento pedagógico e na utilização desses recursos na educação, sendo uma delas com formação em licenciatura também em Matemática e outra em Letras, mas ambas não possuíam cursos técnicos. Foi nessa função que aprendi com ambas as professoras o cuidado que devemos ter em como utilizar os softwares, quais suas finalidades, que conceitos trabalhar e como trabalhar. E foi observando e aprendendo com as duas professoras, que percebi a diferença da formação que obtive no curso do Cabri Geometri II e a formação realizada na Oficina Pedagógica. No curso em que fui aluno (Cabri Geometri II), a ênfase era totalmente técnica, não se discutia os conceitos matemáticos que poderiam ser explorados. Comecei então a refletir sobre como deveriam ser as formações para o uso da tecnologia para os professores de matemática. Atualmente no curso de mestrado, na linha de formação de professores, tive a oportunidade de aprofundar sobre estas questões que têm me instigado a compreender como a formação continuada pode preparar o professor de matemática para integrar os recursos da tecnologia aos conteúdos curriculares. Para tanto, delimitando esta questão, o objetivo da investigação é de verificar as potencialidades do software GEOGEBRA para o conteúdo de Simetria Axial com um grupo de professores de Matemática que atua na Educação Básica. 19 1.2 A Questão da Pesquisa Com base nas seguintes indagações: Como a formação continuada pode favorecer aos professores o aprendizado dos recursos tecnológicos indo além dos aspectos operacionais do software no sentido de propiciar a reflexão e a conceituação de conteúdos matemáticos? Como podemos utilizar o GEOGEBRA para o ensino e aprendizagem conceitual de Simetria Axial? Estas foram às questões que norteavam meus pensamentos, de modo delinear à questão central desta pesquisa: Quais são as potencialidades do software GEOGEBRA para o conteúdo de Simetria Axial? 1.3 Procedimentos Metodológicos A metodologia dessa pesquisa de natureza qualitativa integra elementos da abordagem do Design Experiment de Cobb et al. (2003), que se constitui de maneira dinâmica, interativa e cíclica permitindo ao pesquisador reformular as atividades a partir das resoluções feitas pelos professores durante as ações formativas. Nesta abordagem metodológica, o pesquisador pode adotar simultaneamente o papel de formador e pesquisador no contexto das ações formativas desenvolvidas na Oficina sobre Simetria com o uso do software GEOGEBRA voltado para professores da Educação Básica participantes do Projeto do Observatório da Educação da UNIBAN. Assim, a Oficina de Simetria Axial com a utilização do software GEOGEBRA foi realizada como parte das atividades do Projeto do Observatório da Educação, com duração de cinco encontros presenciais quinzenais nos espaços da Diretoria de Ensino Região Norte-2. 20 Essa Oficina constituiu-se de dois momentos: um voltado para o diagnóstico e outro para a intervenção junto ao grupo de professores participantes dessa pesquisa. 1.4 Sujeito da Pesquisa Participaram dessa pesquisa um grupo de quinze professores de matemática que lecionam no Ensino Fundamental II e Ensino Médio da rede Estadual de São Paulo. Esse grupo de professores, já vem participando de várias ações formativas, realizadas por meio de Oficinas temáticas que se desenvolveram ao longo do período de vigência do Projeto Observatório da Educação. 1.5 Instrumentos da Coleta Os instrumentos de coleta dos dados utilizados na pesquisa foram: Questionário de perfil (apêndice I) com a finalidade de conhecer os participantes em relação à sua formação acadêmica, experiência como professor, nível de utilização de computadores e de software educacionais. Questionário de Diagnóstico (apêndice II) com a intencionalidade de fazer um diagnóstico dos professores participantes sobre o seu conhecimento específico e pedagógico de Simetria Axial. Protocolos de Intervenção: Conjunto de atividade I (apêndice III) e o Conjunto de atividade II (apêndice IV), ambos com a finalidade de observar, intervir e analisar o processo de resolução das situações propostas relacionadas à Simetria Axial, bem como o uso de materiais concretos (réguas e compassos) e do software GEOGEBRA. A coleta desses dados foi realizada no primeiro semestre de 2012. 21 1.6 Justificativa Os recursos tecnológicos estão cada vez mais atrelados no nosso cotidiano, seja no trabalho, em nossos lares ou em nosso lazer. E nas escolas não é diferente, pelos dados apresentados do SIGETEC (Sistema de Gestão Tecnológica)3 até 2006 existiam 201.657 unidades escolares com laboratório de informática e atualmente com as novas políticas públicas e o rápido avanço das tecnologias digitais esse número se amplia constantemente, além de diversificar os recursos implementados nas escolas. Vale recordar que no início da chegado dos computadores nas escolas era comum ouvir os professores e gestores perguntarem: o que vamos fazer com esses computadores? Agora que os laboratórios estão equipados, a internet conectada e a sala de aula com possibilidades de ter acesso a diversos recursos tecnológicos os questionamentos continuam, tais como: De que maneira vamos utilizar pedagogicamente essas tecnologias digitais? Essa é uma questão que vem sendo estudada por vários pesquisadores. Destacamos os estudos de Fugimoto e Altaé, (2009) que relatam a existência de muitas escolas ainda terem a preocupação em propiciar aos professores o aprendizado operacional do computador. Embora o aprendizado técnico seja necessário, ele não é suficiente para que o professor possa inserir o uso do computador na sua prática pedagógica, dando ênfase ao processo de construção do conhecimento dos alunos. Muller (2001) retrata em sua tese de Doutorado que somente a utilização dos novos recursos tecnológicos não são suficiente para mostrar a sua importância no ambiente educacional. É necessário que haja o envolvimento e a participação dos educadores para que essa tecnologia seja efetivamente um fator importante nesse atual cenário. 3 http://sip.proinfo.mec.gov.br/sisseed_fra.php 22 Isto significa que a implementação das tecnologias digitais envolve outros aspectos que precisam ser considerados, uma vez que: O problema com que defrontamos não é o simples domínio instrumental da técnica para continuarmos a fazer as mesmas coisas, com os mesmos propósitos e objetivos, apenas de uma forma pouco diferente. Não é tornar a escola mais eficaz para alcançar os objetivos do passado. O problema é levar a escola a contribuir para uma nova forma de humanidade, onde a tecnologia esteja fortemente presente e faça parte do cotidiano, sem que isso signifique submissão à tecnologia (Ponte, 2004, apud Kenski, 2007, p.67). As práticas pedagógicas com computadores, segundo Valente (1993), podem oscilar entre dois polos: instrucionista e construcionista. A abordagem instrucionista se desenvolve na direção do ensino que prioriza o computador e o software que ensina ao aluno. Nessa situação, o controle do ensino é feito pela tecnologia, considerada uma máquina de ensinar na perspectiva skinneriana, a qual transmitir informações e conteúdos organizados para que o aluno memorize e reproduza respostas corretas. A abordagem construcionista (que será melhor detalhada no capítulo dois) definida por Papert (1985), que criticou os métodos instrucionistas, enfatiza o uso do computador como uma ferramenta para construção de conhecimentos. Nessa abordagem, o aluno ensina o computador, por meio de um software para representar conhecimentos, expressar ideias, aplicar conceitos e desenvolver estratégias de resolução de problemas. Na perspectiva construcionista, Papert (1985) desenvolveu uma metodologia e linguagem de programação denominada LOGO. Foi com o uso dessa linguagem que os primeiros projetos de informática na educação no Brasil foram implantados nas escolas públicas. A partir dessa distinção de abordagens educacionais que fundamenta o uso do computador, vários softwares foram desenvolvidos procurando contemplar os princípios construcionistas, inclusive isto se tornou possível também pelos estudos e proximidade de pesquisadores das áreas de 23 conhecimentos afins (computação, psicologia, sociologia, linguística, educação). Dentre os softwares educacionais que podem favorecer o aprendizado do aluno na perspectiva da construção do conhecimento, especificamente matemáticos, destacamos o Cabri, Winplot, Geogebra. Tais software, segundo Lobo da Costa et al (2013). permite ao aluno visualizar propriedades, assim como perceber relações e particularidades entre os elementos envolvidos e as variáveis, favorecendo a discussão, argumentação, experimentação, entendida como verificação de conjecturas, que auxiliam na construção e na representação de conceitos (s/nº). A pesquisa de Castro (2011) abordou o uso do software Winplot para trabalhar função quadrática com os professores de matemática da educação básica. Durante as ações formativas, a autora percebeu a necessidade de retomar o conteúdo especialmente quando se trata de integrar as funções de várias representações. Os professores tiveram dificuldades quando novas representações conceituais foram abordadas, mostrando com isso que a integração das tecnologias aos conteúdos curriculares não é simples, pois requer novas construções de conhecimento. Em relação à utilização do software GEOGEBRA, a pesquisa de Rodrigues (2008) sobre a formação de professores de matemática, mostrou que o trabalho com o software envolvendo conceitos de Geometria foi restrito uma vez que não faz parte do cotidiano escolar desenvolver atividades sobre tal conceito. Vale ressaltar que a maioria das atividades teve como foco a álgebra, apenas uma proposta de atividade abordou conteúdo de geometria. O que retrata a realidade de nossas escolas, a falta de se trabalhar com régua e compasso no dia a dia escolar foi refletido no ambiente informatizado, mostrando que recursos tecnológicos são insuficientes quando os conceitos matemáticos não estão bem definidos.” (p. 8). 24 Nesse caso, a utilização do software deixou transparente que outras tecnologias, materiais concretos, não estão sendo utilizados, ou os professores de matemática não estão trabalhando os aspectos conceituais do conteúdo de Geometria. Isto nos alerta para que a formação do professor não deve estar somente voltada para a operacionalização dos recursos do software e sim para o contexto de uso do software que envolve conteúdos específicos. Trabalhar com materiais concretos e digitais pode ser um estratégia pedagógica interessante, pois cada tipo de materiais possue características próprias, que dependendo da realidade escolar, podem ser utilizados inclusive de forma complementar. O importnte é fazer o uso desses materiais – concreto e/ou digital - tendo clareza da intencionalidade pedagógica, de modo a contribuir para que o aluno possa atribuir sentido para aquilo que estiver aprendendo. Outra pesquisa analisada trata-se da dissertação de mestrado de Fialho (2010), que foi desenvolvida com alunos do terceiro ano do Ensino Médio usando o GEOGEBRA. Em seus estudos, ficou evidenciada a existência de construções geométricas equivocadas. E, isto foi possível de ser constatado devido as propriedades dinâmicas que o software possibilita. O autor, diante dessas constatações, sugeriu a realização de um pré-curso para ser trabalhado os conceitos matemáticos antes de explorar os recursos do ambiente dinâmico e estático. A proposta de Filho (2010) em realizar um pré-curso sobre Geometria Plana para depois utilizar o software Geogebra é totalmente contrária a proposta pedagógica construcionista da qual defendemos. Os princípios construcionistas norteadores de prática pedagógica destacam a importância de o aluno utilizar as tecnologias para “aprender-fazendo”, por meio da vivência do ciclo de aprendizagem. A pesquisa de Silva (2010), desenvolvida também com o uso do software GEOGEBRA com alunos, teve a finalidade de analisar as correções de aprendizagem sobre o conteúdo de Simetria Axial. Seus estudos mostraram 25 que antes de utilizar o software é indicado trabalhar no ambiente estático, ou seja, utilizar materiais concretos (papel, réguas e compasso). Tais estudos mostraram que o uso de softwares voltados para o trabalho com os conteúdos matemáticos não são tarefas fáceis. Cabe investigar sobre as potencialidades dos mesmos no sentido de compreender como o seu uso pode favorecer no processo de construção do conhecimento da matemática, sem perder de vista que [...] a atitude de um professor no que diz respeito às tecnologias é multifacetada e que uma combinação ótima para a integração das TIC no currículo resulta de uma mistura balanceada de conhecimentos a nível científico ou dos conteúdos, a nível pedagógico e também a nível tecnológico. (COUTINHO, 2012, p. s/nº). Considerando essa complexidade da integração é que a presente pesquisa busca identificar e compreender as potencialidades do software GEOGEBRA para o conteúdo de Simetria Axial com um grupo de professores de Matemática que atuam na Educação Básica. A escolha do conteúdo de Simetria Axial se deu em conformidade das observações que a simetria está presente na arte, na natureza e na arquitetura com proporções impecáveis permitindo que um material seja dividido em partes iguais utilizando propriedades geométricas como retas, segmentos de retas, retas perpendiculares e ângulos, além de estar presente na proposta curricular do Estado de São Paulo. 26 CAPITULO DOIS – REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Informática na Educação A Informática na Educação teve como marco o primeiro projeto de pesquisa EDUCOM apoiado pelo governo brasileiro que se desenvolveu na década dos anos 80. Nesse início da história foi fundamental a vinda de dois pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT-USA), Seymour Papert e Marvin Minsky ao Brasil, em 1975, a convite do Professor Ubiratan D’Ambrósio, que na época era diretor do IMECC (Instituto de Matemática, Estatística e Ciências da Computação) na UNICAMP. Esses pesquisadores vieram para apresentar e discutir com um grupo de pesquisadores brasileiros ideias poderosas e inovadoras acerca do uso do computador com crianças, embasadas em pressupostos teóricos norteadores da metodologia da Linguagem de Programação Logo (VALENTE, 1999). A Linguagem LOGO foi desenvolvida na década de 60 por um grupo de pesquisadores coordenado por Seymour Papert e se destacou no cenário educacional pelo fato de ter sido criada com bases em princípios educacionais distintos da visão mecanicista e reprodutora. O LOGO contrapõe [...] o uso do computador como máquina de ensinar, onde o aluno, um usuário passivo manipula uma máquina detentora de um “saber” coletado e organizado por uma especialista, que é apresentado ao aluno para propiciar-lhe a aquisição de habilidades ou conhecimento (ALMEIDA, et al, 1998, p. 13). Papert (1985, 1994) defendeu o uso do computador como uma ferramenta para construção de conhecimentos e desenvolveu uma abordagem denominada construcionismo para orientar educacionalmente o trabalho com a linguagem de programação LOGO. 27 Nos anos finais da década de 80 o LOGO foi utilizado em vários Projetos de implantação dos computadores nas escolas públicas e particulares. Dentre eles, destacamos o Projeto Gênese no município de São Paulo e o Projeto Eureka na cidade de Campinas, que tiveram como base fundamental as experiências e pesquisas desenvolvidas no Projeto EDUCOM (SIDERICOUDES, 1993; RIPPER, et al, 1993). As experiências realizadas no contexto do Projeto EDUCOM, trouxeram também subsídios para outras iniciativas do MEC na década de 90 com a criação do Programa Nacional de Informática na Educação, responsável pela disseminação da Informática na Educação no país. Nessa época foram criados os Centros de Tecnologia Educacional em vários estados e municípios, para acompanharem e darem suporte técnico e pedagógico na implantação dos laboratórios de informática nas escolas públicas. Esse momento de disseminação gerou multiplicadores para a necessidade atuarem da formação pedagogicamente com de os professores e recursos do computador (linguagem de programação Logo, aplicativos e alguns softwares educacionais) nas escolas e nos Centros de Tecnologia Educacional. Desde essa época o governo federal passou a investir em vários programas de formação continuada de professores na área de Informática na Educação, promovendo cursos de especialização e extensão desenvolvidos em parceria com as Secretarias de Educação dos Estados e Universidades. Essa formação continua até os dias atuais com novas propostas de cursos e envolvendo diversas parcerias, principalmente porque as tecnologias digitais avançam rapidamente exigindo do professor novas aprendizagens para lidar com a variedade de equipamentos (lousa interativa, netbook, projetor, tablet), softwares educacionais, objetos de aprendizagem, recursos educacionais abertos e da Web, no contexto da escola. Desde o início da formação, Valente (1993) destaca que a área de Informática na Educação apresenta peculiaridades que precisam ser consideradas nos cursos. O fato da Informática na Educação envolver conhecimentos de áreas distintas requer uma forma de lidar com isto numa 28 perspectiva integradora dessas duas áreas. Para isto, o participante do curso deve vivenciar situações que propiciem tanto o domínio tecnológico como os aspectos educacionais, que envolve compreender o que significa o aprendizado e ensino usando os tais recursos, considerando as novas maneiras de representação do conhecimento. A Informática na Educação tem cerca de 30 anos de experiências e de estudos desenvolvidos buscando encontrar caminhos que tornem viáveis e efetivos o uso dos recursos das tecnologias digitais aos processos de ensino e aprendizagem. O interessante é que mesmo com o avanço das tecnologias, os princípios do Construcionismo criados por Papert continuam orientando as análises e propostas de uso das tecnologias na educação, assim como, a atividade de programação que teve seu auge nos anos 80 e que atualmente, é retomada por meio de novas versões de softwares educacionais. 2.2. A Programação Existem dois níveis de Linguagem de programação, um de alto nível e outro de baixo nível. Essa classificação está atrelada ao processador e sua arquitetura computacional. Uma linguagem de alto nível significa que está distante do processador e mais próxima do usuário e a linguagem de baixo nível, ao contrário, está mais distante do usuário e próxima da arquitetura do processador. Portanto, uma linguagem indicada para ser utilizada no contexto da educação e por usuários que não são programadores é a de alto nível, como por exemplo, o LOGO. Outra característica da programação refere-se ao paradigma subjacente à linguagem, que merece ter uma atenção especial, no caso de ser usada em contextos educacionais. Existem diferentes paradigmas de programação, tais como: procedural, funcional, orientado a objeto e lógica. Cada um deles envolve um tipo de representação da solução de um problema. O procedural envolve escrever uma série de ações (usando o código da linguagem) que ao ser executadas sequencialmente levam à solução. No paradigma funcional, programar significa definir funções e conhecer o comportamento de funções na 29 máquina, ou seja, os mecanismos de controle passam de iterativo a recursivos. Já o paradigma orientado ao objeto simula o mundo real, ou seja, é mais próximo de como expressamos as coisas na vida real (BARANAUSKAS, 1993). Esse paradigma de programação vem sendo usado mais recentemente nas novas versões da linguagem Logo, tal como o Squeak e o Scratch. A linguagem LOGO, mais conhecida pelo seu uso educacional, possui em toda sua estrutura computacional dois paradigmas de programação: a parte gráfica representada pelo micromundo da Geometria da Tartaruga, que é baseada no paradigma procedural, e a parte simbólica derivada da linguagem Lisp, que requer outra maneira de representação da solução de um problema e baseia-se no paradigma funcional. Para entender algumas das implicações educacionais da atividade de programação Logo, no paradigma procedural, que é acessível para ser usada na educação básica, Valente (1999, 2002) criou um modelo explicativo da espiral da aprendizagem. Essa espiral é constituída por um movimento dinâmico de pensamentos e ações envolvendo: Descrição-Execução-ReflexãoDepuração- (nova) Descrição que ocorre quando o sujeito interage com o computador para resolver determinado problema, como ilustra a figura 1: 30 Figura 1: Espiral da aprendizagem e a atividade de programação. Fonte: Prado, 2008, p. 61 Na figura 1, o sujeito para programar descreve, via comandos da linguagem computacional, a resolução do problema e, o computador executa de imediato os comandos na tela. O sujeito pode confrontar e ter o feedback daquilo que pensou e descreveu com o resultado na tela do computador. Se o resultado for o esperado, o ciclo pode continuar sem necessariamente provocar a reflexão e a depuração. Mas, se o resultado for diferente do esperado o sujeito (espontaneamente ou com a mediação do professor) passa a refletir sobre a descrição da resolução do problema e a depurar aquilo que pensou em relação à aplicação de conceitos e estratégias. Nesse movimento cíclico, quando o resultado é diferente do esperado, significa que algo está errado, mas na atividade de programação Logo, o erro tem uma conotação diferente e é visto como parte do processo de aprendizagem. O processo de achar e corrigir o erro constitui uma oportunidade para o aluno aprender sobre um determinado conceito envolvido na solução do problema ou sobre as estratégias de resolução (VALENTE, 1993, p.35). 31 A análise e a compreensão do erro levam a depuração que envolve o aluno “... pensar sobre o conteúdo representado e a sua forma de representação – pensar sobre o pensar...” (ALMEIDA, 2002, p. 24). Outro aspecto importante destacado por Valente (1999, 2002) refere-se ao feedback do computador que tem um caráter lógico, próprio da linguagem computacional e, portanto, nem sempre pode ser suficiente para provocar a reflexão. O autor chama atenção sobre a necessidade de o sujeito receber feedback de seus pares e professores para que a reflexão e a depuração aconteça de modo a propiciar o movimento da espiral de aprendizagem. Essa explicação da espiral da aprendizagem na atividade de programação, segundo os vários autores salientam (Valente, 1999; Almeida, 2002; Prado, 2003; Maltempi, 2004), pode ser aplicada em situações com o uso de outros softwares e aplicativos. O importante é que as situações de aprendizagem permitam ao sujeito envolver-se em ações significativas e reflexivas, tendo a oportunidade de receber feedback, bem como a mediação do professor, baseada na abordagem construcionista. 2.3. O Construcionismo O termo construcionismo refere-se a uma teoria desenvolvida por Seymour Papert (1985), que desde o início da Informática na Educação, mais especificamente da criação da Linguagem de Programação Logo e de sua abordagem educacional seus princípios vem norteando a mediação do professor junto aos alunos usando as tecnologias. Segundo Valente (1999), na abordagem construcionista o computador é usado com foco diferente, ou seja, como uma ferramenta em que o aluno ativamente possa explorar suas hipóteses, seu conhecimento intuitivo e/ou formal, explicitar suas ideias, registrar seus pensamentos e conclusões, de modo que neste processo o aluno possa construir conhecimentos. Uma situação de aprendizagem baseada no construcionismo permite que o aluno 32 construa um produto (um texto, como um relato, um desenho, um blog, um gráfico, um vídeo) usando o computador. O construcionismo é uma forma de conceber e utilizar as tecnologias de informação e comunicação em educação que envolve o aluno, as tecnologias, o professor, os demais recursos disponíveis e todas inter-relações que se estabelecem constituindo um ambiente de aprendizagem que propicia o desenvolvimento da autonomia do aluno, não direcionando a sua ação, mas auxiliando-o na construção de conhecimentos por meio de explorações, experimentações e descobertas (ALMEIDA, 2002, p.25). Nessa abordagem o papel do professor é diferente daquele que transmite informação, ele passa a atuar como mediador do processo de aprendizagem do aluno. O professor cria situações e propõe desafios significativos para que os alunos possam construir conhecimentos. “... a melhor aprendizagem ocorre quando o aprendiz assume o comando de seu próprio desenvolvimento em atividades que sejam significativas e lhe despertem o prazer” (PAPERT, 1985, p. 29). Segundo Prado (2003, 2008), os princípios construcionistas foram criados com base nos pressupostos de Piaget, que concebem o processo de construção do conhecimento a partir das interações do sujeito com outras pessoas e objetos. Para a construção de um novo conhecimento, o sujeito precisa vivenciar situações nas quais possa relacionar, comparar, diferenciar e integrar os conhecimentos. Isso implica colocar em ação os processos funcionais de regulações, abstrações e equilibração que desenvolvem novas estruturas mentais de assimilação e acomodação (PRADO, 2008, p. 56). A autora também salienta que Papert trouxe da pedagogia desenvolvimentista as ideias de Dewey, que valorizam o interesse, a liberdade do aluno e o aprender-fazendo. O aprender-fazendo é destacado por Prado (2008) como sendo uma ideia chave na teoria do construcionismo, pelo fato de envolver ações que tenham sentido para o aluno “possibilitando-lhe questionar, 33 problematizar, refletir e desenvolver uma atitude de busca constante do conhecimento” (p.57) Assim, o construcionismo, que orienta as situações de aprendizagem com o uso do computador, enfatiza a importância de propiciar ao aluno a vivenciar o “hands-on” e “head-in”, que pode ser traduzido por mão-na-massa e mente envolvida (PRADO, 2008). E, nessa situação, a mediação do professor é fundamental, porém, não é simples. A mediação requer do professor o domínio integrado do conhecimento pedagógico e tecnológico como tem enfatizado (ALMEIDA; VALENTE, 2011). Entretanto, para que ocorra essa integração é necessário repensar a formação considerando o conhecimento profissional do professor. 2.4. A formação e conhecimento profissional do professor A prática pedagógica efetiva e de qualidade exige um professor bem preparado para trabalhar com os alunos e lidar as demandas que surgem no cotidiano da escola. Por esta razão é preciso entender que a formação não acaba ao término de um curso de graduação, quando no caso do professor, ele é legitimado a assumir a docência. O aprendizado de qualquer profissional deve ocorrer ao longo da vida, ou seja, deve fazer parte da sua trajetória. Isso significa que a formação do professor precisa ser contínua, principalmente se considerarmos as inovações científicas da sociedade atual. A formação continuada deve propiciar aos professores o desenvolvimento de ações reflexivas e investigativas sobre sua prática, de modo que contribua para sua qualificação profissional. O papel do professor torna-se cada vez mais complexo diante dos avanços das tecnologias e das características da sociedade atual. Particularmente, uma questão preocupante diz respeito ao professor das series/anos iniciais do Ensino Fundamental, que geralmente são formados em Pedagogia para atuarem como polivalentes, ou seja, para lidar com as diferentes áreas do conhecimento e mais recentemente para integrá-las ao uso 34 dos recursos das TDIC. Essa preocupação, também se estende com os professores de matemática que se deparam cada vez mais com novos recursos tecnológicos, os quais demandam novas saberes e práticas. É fundamental entender o que o professor precisa saber para ensinar de forma que o aluno possa aprender e desenvolver-se integralmente. Shulman (1986) discute a base do conhecimento profissional do professor e organiza em três categorias de conhecimentos necessários à docência: conhecimento do conteúdo específico, conhecimento pedagógico geral e conhecimento curricular. Posteriormente, Sztajn (2002) o autor incluiu mais uma categoria denominada o conhecimento pedagógico do conteúdo. Esta última categoria significa, por exemplo, que para ensinar matemática, o professor precisa compreender o conteúdo e saber transformá-lo em algo pedagogicamente viável para ser ensinado aos alunos. Shulman (1987) elencou de forma mais detalhada essas categorias do conhecimento profissional: Conhecimento de Conteúdo: refere-se ao conteúdo específico da matéria a ser ensinada; Conhecimento Pedagógico Geral: constitui os princípios e estratégias de manejo de sala de aula e organização, que transcendem a matéria específica; Conhecimento de Currículo: refere-se ao entendimento dos materiais e programas que servem de ferramenta de trabalho para o professor; Conhecimento de Conteúdo Pedagógico: que traz uma mistura especial entre conteúdo e pedagogia; Conhecimento sobre os alunos e suas características: implica em conhecer como o aluno aprende, envolvendo os aspectos cognitivos, emocionais e sociais. Conhecimento do contexto educacional: envolve conhecer desde a organização dos trabalhos com grupos ou classes, a administração e finanças da unidade escolar até as características e cultura da comunidade, onde está inserida a unidade escolar; 35 Conhecimento das finalidades e propósitos educacionais: referem-se os valores educacionais e sua base filosófica e histórica. Sobre o conhecimento profissional Gauthier et al (1998) também enfatizam que: Pensar que ensinar consiste apenas transmitir um conteúdo a um grupo de alunos é reduzir uma atividade tão complexa quanto o ensino a uma dimensão, aquela que é mais evidente, mas é, sobretudo, negar-se a refletir de forma mais profunda sobre a natureza desse ofício de outros saberes que lhe são necessários (p. 20-21). Esses autores, assim como Tardif (2002), destacam que os saberes que são colocados em ação no contexto real do ensino referem-se a um saber plural, heterogêneos e naturais da formação profissional. Tardif também salienta aqueles saberes decorrentes das experiências passadas e atuais do cotidiano da prática do professor. Nesse sentido, podemos entender que os saberes profissionais são temporais e personalizados, são adquiridos na experiência de vida de cada professor, conjugado com o modo de agir e ser, uma vez que “carregam as marcas do ser humano” (p. 13). Em se tratado das características da sociedade atual, permeadas pelas novas tecnologias digitais, os processos de ensino e aprendizagem demandam ampliações do conhecimento profissional do professor. E, nesse sentido, mais recentemente, os pesquisadores Mishra e Koehler (2009) partiram do modelo da base do conhecimento de Shulman e criaram um modelo denominado TPACK - Technology, Pedagogy and Content Knowledge, que constitui pela integração entre os três conhecimentos fundamentais: Conhecimento do Conteúdo (CK), Conhecimento Pedagógico (PK) e Conhecimento Tecnológico (TK). Nesse modelo estrutural do TPACK, as autoras Prado e Lobo da Costa (2013) enfatizam a sua importância no sentido de nortear os programas de formação continuada do professor, com vistas propiciar o uso das TDIC na prática do professor de matemática. O TPACK é a base para a integração das TIC ao conteúdo curricular. E nessa abordagem a prática do professor que ensina matemática deve ser desenvolvida para propiciar a 36 visualização de conceitos e propriedades, que evidenciam as relações e particularidades entre os elementos envolvidos e as variáveis, favorecendo a discussão e argumentação, bem como a experimentação, entendida como verificação de conjecturas, que auxiliam na construção e na representação de conceitos (PRADO & LOBO DA COSTA, 2013, s/nº). Por esta razão as propostas de formação continuada de professores com o uso da TDIC, nos dias de hoje, devem ser concebidas na perspectiva de envolver as dimensões relacionadas aos saberes de Tardif (2002) e ao conhecimento desse profissional comutativamente com a estrutura TPACK. 37 CAPÍTULO TRÊS – O GEOGEBRA 3.1. O Software O GEOGEBRA é um software de matemática com propriedades dinâmicas, distribuição gratuita e de código fonte aberto, que utiliza recursos como a régua, o compasso, as retas e círculos de forma digital permitindo a construção de figuras geométricas. O processo de construção das figuras é feito mediante o uso de menus em linguagem natural da geometria – ponto, reta passando por dois pontos,retas paralelas, retas perpendiculares, círculos, transformações geométricas, por exemplo. A régua virtual é dada no recurso Reta por Dois Pontos e o compasso virtual é dado no recurso Círculo com Centro e Ponto. (Gravina et al, 2012,p.38-39). O software pode ser adquirido no endereço eletrônico http://www.geogebra.org e ser instalado no computador, tanto para o Sistema Operacional Microsoft Windows como para o Sistema Linux. Existe também a possibilidade de utilizar o software sem fazer a instalação, ou seja, ele pode ser executado pelo navegador de internet. O fato de possuir o código fonte aberto, possibilita fazer alterações de suas funções padronizadas, deste o layout até a criação de novas ferramentas. Por ter essa característica, é comum muitos programadores contribuírem gratuitamente para a melhoria do software, gerando novas versões do mesmo. Nessa pesquisa foi utilizada a versão 4.0. Segue uma breve descrição de algumas ferramentas e funções ilustradas nas telas do GEOGEBRA: A figura 2 mostra a tela inicial do GEOGEBRA que possui uma Barra de Menus: Arquivo, Editar, Exibir, Opções, Ferramentas, Janela e Ajuda; uma Barra de Ferramentas com 12 blocos e cada bloco possui outras funções; 38 uma janela de álgebra, uma janela de visualização e uma caixa de entrada, conforme a Figura 2: Figura 2 - Tela Inicial do GEOGEBRA 3.2. Utilizando O Software A utilização do software é considerada bem intuitiva pelos usuários da área matemática. Por exemplo, caso queira inserir um ponto basta clicar na barra de ferramentas deslizar o mouse para a segunda opção, selecionar Novo Ponto e clicar na Janela de Visualização, conforme mostra a Figura 3 que segue: 39 Figura 3 – Inserir ponto pela barra de ferramenta. Outra possibilidade de inserir um novo Ponto é pela caixa de entrada. Para isso, o usuário deve digitar A = (2,2) e será inserido um ponto A na Janela de visualização com a respectiva localização (2,2). E na Janela de álgebra é possível verificar sua representação algébrica, conforme a Figura 4. 40 Figura 4 – Inserir ponto pela caixa de entrada. Essa ação também ocorre para equações e possibilita mostrar para o usuário a relação de representação no plano cartesiano e no sistema algébrico. [...] equações e coordenadas podem ser introduzidas diretamente com o teclado. O GEOGEBRA tem a vantagem de trabalhar com variáveis vinculadas a números, vetores e pontos. Permite determinar derivadas e integrais de funções e oferece um conjunto de comando próprio da análise matemática, para identificar pontos singulares de uma função, como raízes ou extremos. (HOHENWARTER e PREINER, 2007, p.5). No caso da função y=x podemos digitá-la na caixa de entrada e na janela de visualização será apresentado o gráfico correspondente. Como o GEOGEBRA se configura um software dinâmico, pode-se utilizar a função de controle deslizante com a finalidade de mostrar uma translação de um gráfico, como mostra a figura 5: 41 Figura 5 - Controle deslizante Como exemplo, a variável b representa um número com intervalo [-5,5] e ao deslizar horizontalmente segue uma progressão aritmética com razão 0,5. Definidos os atributos para a variável b, e digitar y = x + b na caixa de entrada, o GEOGEBRA permite apresentar o movimento do gráfico que ocorre para a função y = x + b, com b=[-5,5], razão=0,5 para b de uma progressão aritmética. A Figura 6 que segue apresenta o valor b=0, logo y = x, ao deslizar a variável b para o valor 1 ocorre y = x + 1, podendo ser trabalhado a translação, propriedades da função, os intervalos como exemplo. 42 Figura 6 - Manipulando o controle deslizante Para a construção de um quadrado utilizando o GEOGEBRA uma das possibilidades é utilizar as funções de criação de pontos, retas, retas perpendiculares e círculo, conforme Figura 7: 43 Figura 7 - Construção do quadrado A figura formada pelos pontos ABEC são os vértices de um quadrado e, pode-se observar, que na janela de álgebra os objetos estão representados algebricamente, como no caso do ponto A = (0.68, 3.98) e na janela de visualização podemos visualizar o ponto A. Outra opção que pode ser interessante é utilizar a função protocolo de construção localizada na barra de menu Exibir, que mostra as definições que foram criadas e para o exemplo do quadrado, como mostra a Figura 8: 44 Figura 8 - protocolo de construção do quadrado Nesse exemplo o Ponto A e Ponto B foram criados sem dependências. Foi selecionado com o mouse a função novo ponto e clicado em um lugar qualquer da janela de visualização. Por esse motivo não possui definição, não pode ser comparada com a definição de ponto da Geometria Euclidiana. Semelhante ao item 3, reta a é definida pelo GEOGEBRA como Reta AB, ou seja, reta a é o nome do objeto criado e definido como uma reta que passa pelos pontos AB (Reta AB). No caso do item 7 temos na coluna nome Ponto C e também de nome Ponto D (aparentemente o software duplicou o número do item 7, isso ocorre devido a definição ser a mesma) não se trata de qualquer ponto e sim de um ponto de interseção de um círculo (d) com a reta c. 45 Na definição do item 8 (Reta e) definida pelo GEOGEBRA (Reta passando por C e perpendicular a c), temos um código escrito e deve ser decodificado, o que é C ( C maiúsculo) e c ( c minúsculo)? O C (C maiúsculo) é um ponto e o c (c minúsculo) uma reta, assim a definição “Reta passando por C e perpendicular a c” remete a uma reta que passa pelo ponto C e é perpendicular à reta c. O GEOGEBRA apresenta uma linguagem de codificação que aparentemente pode ser uma ferramenta favorável a uma aprendizagem relacional e com alto nível de abstração. Aprendizagem relacional definido pelas próprias ideias de suas palavras: aprendizagem – ato de aprender, relacional – ato de relacionar. Essa pesquisa utilizou o GEOGEBRA para trabalhar com o conteúdo de Simetria Axial, uma vez que este software oferece ferramentas específicas de Simetria com possibilidades de explorar várias funções, tais como: Reflexão em relação a uma reta; Reflexão em relação a um ponto; Reflexão em relação a um círculo (inversão); Rotação em torno de um ponto por um ângulo; Translação por um vetor; Homotetia dados centro e razão. A figura 9 mostra as ferramenta de Simetria e as várias funções: 46 Figura 9 – Ferramenta de simetria. Tomamos um exemplo de utilização da ferramenta “Reflexão em relação a uma reta”, para desenhar o simétrico da Figura A em relação à reta que passa pelos pontos DE, conforme mostra a Figura 10: 47 Figura 10 - Exemplo de utilização da ferramenta Reflexão em relação a uma reta Os procedimentos utilizando a função do GEOGEBRA são: Primeiro selecione a ferramenta “Reflexão em relação a uma reta”; Selecione a figura de vértice A, B e C; Clique na reta que passa pelos pontos DE. A Figura 11 mostra a resolução do exemplo na janela de visualização do software: 48 Figura 11 - Resolução do exemplo da ferramenta Reflexão em relação a uma reta. Dependendo do objetivo do professor, a existência dessa função pode prejudicar o trabalho conceitual da simetria e de suas propriedades, mas o software permite que a mesma possa ser ocultada, assim como, qualquer outra ferramenta que desejar. Para ocultar uma ferramenta, basta selecionar o menu Ferramentas no GEOGEBRA, optar pela ação Configurar Barras de Ferramentas, escolher a ferramenta que deseja ocultar e clicar no botão remover, como mostra a Figura 12. 49 Figura 12 – Ocultar a ferramenta de reflexão. Pode-se observar na Figura 13, em ambas as telas do GEOGEBRA, que uma está com o botão Simetria visível, e pode ser acionado para utilizar as várias funções e, que a outra, está sem a visualização do botão Simetria, ou seja, o botão ficou oculto na tela. Figura 13 - Comparação de tela do GEOGEBRA. Conforme já mencionado, qualquer função pode ser ocultada. Esse exemplo é uma alternativa que o professor pode utilizar dependendo de seus objetivos pedagógicos, principalmente quando tiver a intenção de propiciar ao aluno desenvolver a prática de programação. 50 No próximo capítulo será apresentada a fase de diagnóstico desenvolvida na Oficina de Simetria Axial para os professores da educação básica participantes da pesquisa. 51 CAPÍTULO QUATRO – DIAGNÓSTICO 4.1. Oficina de Simetria – Fase de diagnóstico. Para o diagnóstico foram utilizados dois instrumentos de coleta, o primeiro contém dois questionários, sendo um de perfil (apêndice I), com questões relacionadas à formação dos professores participantes com o uso das TDIC tanto pessoal como profissional. Mais especialmente, sobre a prática desenvolvida com os alunos e sobre as dificuldades de aprendizagem em relação à simetria. O outro instrumento (apêndice II) foi constituído por um conjunto de questões específicas de simetria axial, que visa saber como os professores lidam com esse conteúdo na prática pedagógica. Os dados do questionário do Perfil dos professores mostraram em relação à situação funcional que seis professores lecionam no Ensino Fundamental, seis no Ensino Médio e três professores nos dois tipos de ensino. E em relação ao tempo de atuação, ou seja, de experiência em sala de aula com alunos, seis professores atuam com mais de quinze anos de experiência, seis até cinco anos e três nesse intervalo de tempo. Quanto à formação acadêmica, os quinze professores têm curso superior e, desses, apenas dois não possuem graduação em Matemática, sendo graduados em administração e engenharia mecânica. Outro fato que chamou atenção foi que desse grupo de professores, treze deles já participaram de algum curso de formação continuada durante a sua trajetória profissional. Estes dados demonstraram que esse grupo possui experiências como professores na educação básica e busca o aperfeiçoamento profissional participando de cursos de formação continuada. Este fato se confirma pela participação nas várias ações formativas desenvolvidas pelo Projeto do 52 Observatório da Educação, sendo uma destas ações o contexto em que esta pesquisa se realiza. Neste diagnóstico foi também constatado o tipo de uso que o grupo de professores faz do computador, conforme mostra o gráfico 1. Gráfico 1 - Uso do computador feito pelo grupo de professores Observa-se nesse grupo de professores que é quase unânime o uso da internet, mas é restrito em relação ao uso de aplicativos e softwares educacionais. Especificamente, se tratando de planilhas eletrônicas, apenas cinco professores utilizam esse recurso, fato que nos chamou atenção por ser um aplicativo que possui recursos que envolvem manipulação de fórmulas matemáticas. Da mesma maneira, para o uso de softwares educacionais, apenas quatro professores utilizam essa ferramenta, uma vez que existem vários softwares voltados para área de matemática como, por exemplo, GEOGEBRA, CABRI GEOMETRI, WINPLOT, FACTORE e outros simuladores on-line. Entendemos que existem várias causas que impedem e/ou dificultam o uso de aplicativos e softwares educacionais na prática docente. Considerando que a maioria do grupo, dez professores, não teve contato com o computador durante a formação inicial, este fato pode ter influenciado, uma vez que o uso dos recursos tecnológicos requer o desenvolvimento de novas práticas 53 pedagógicas. E isto não é simples, pois mudar a prática, muitas vezes, pode tirar o professor de uma “zona de conforto”, como salienta BORBA; PENTEADO (2001). Segundo esses autores, a “zona de conforto” é aquela em que o professor sente que pode prever e controlar quase todos os eventos que surgem na sua prática de sala de aula. Com a presença das TDIC na prática pedagógica, fica mais difícil assumir atitudes previsíveis e de controle sobre o encaminhamento da aula; muitas vezes o professor vivencia uma “zona de risco”, pois precisa lidar com situações inusitadas. Por essa razão é necessário propiciar cursos de formação continuada, de modo que preparem o professor tanto para aprender a operacionalizar os recursos do computador como para compreender as implicações pedagógicas envolvidas. 4.2. Diagnóstico do aluno – na visão do professor Em relação ao conhecimento pedagógico da Simetria Axial sete professores reconheceram que os alunos apresentam dificuldades de aprendizagem, seis professores indicaram que os alunos não têm dificuldades e dois não souberam fornecer esta informação, conforme mostra o gráfico 2. Gráfico 2 - Dificuldade dos alunos em relação à Simetria axial 54 Com o objetivo de saber dos professores participantes quais recursos didáticos podem auxiliar na aprendizagem da Simetria, dez professores responderam que existem softwares educacionais e cinco professores não responderem essa questão. E, quando questionados se conhecem algum software específico para o ensino e aprendizagem de simetria, treze professores responderam desconhecer. Nota-se que os professores reconheceram que existem dificuldades de aprendizagem por parte dos alunos em relação à simetria e também expressaram que o uso de software pode auxiliar nos processos de ensino e aprendizagem. Entretanto, o que nos chamou atenção foi o fato da maioria responder que acredita no potencial dos softwares mesmo sem conhecer softwares destinados ao conteúdo matemático em questão. Esse fato indica que possivelmente existe expressa uma crença já arraigada no âmbito educacional de que softwares educacionais podem contribuir nos processos de ensino e aprendizagem sem a devida compreensão de suas potencialidades e restrições pedagógicas. 4.3. Diagnóstico do conteúdo de Simetria Axial – na visão do professor O segundo instrumento de diagnóstico se constituiu de algumas atividades específicas sobre simetria a serem realizadas pelos professores. Foi solicitado que os professores respondessem o número de eixos simétricos de algumas figuras, como mostra as questões que seguem: a) Quantos eixos de simetria tem um quadrado? b) Quantos eixos de simetria tem um retângulo não quadrado? c) Quantos eixos de simetria tem um paralelogramo não retângulo? d) Quantos eixos de simetria tem um círculo? 55 A intenção destas questões era de conhecer o que os professores sabiam sobre eixo simétrico. Em relação aos eixos de simetria de um quadrado, houve três tipos de resolução, conforme mostra o gráfico 3. Gráfico 3 - Quantidade de eixos simétricos no quadrado A maioria, nove professores, considerou que a figura do quadrado apresenta apenas dois eixos simétricos, sendo um eixo horizontal e outro na vertical. Somente quatro professores responderam adequadamente, quatro eixos simétricos e, estranhamente, dois professores consideraram existir um eixo simétrico na horizontal, outro na vertical e um eixo na diagonal. Tais respostas demonstraram que existem dúvidas sobre esse assunto. Quanto aos eixos de simetria de um retângulo não quadrado, tivemos dois tipos de respostas, conforme mostra o gráfico 4. 56 Gráfico 4 - Quantidade de eixos simétricos no retângulo não quadrado Apesar de quatorze professores terem respondido adequadamente que a figura do retângulo não quadrado possui dois eixos simétricos, esta conclusão não surgiu prontamente. Houve um momento de discussão, fazendo conjecturas e experimentações (dobrando a folha da atividade) para certificarem suas respostas. Mesmo assim, um dos professores manteve sua opinião de que a figura tem três eixos simétricos. Foi esse professor que também identificou três eixos na figura do quadrado, mostrando com isso uma compreensão equivocada dos eixos simétricos. Na questão sobre a quantidade de eixos de simetria de um paralelogramo não retângulo, nove professores responderam adequadamente dois eixos simétricos, cinco não responderam essa atividade e um professor respondeu que não existe eixo simétrico para essa figura, conforme o registro na folha de atividade: “se não é retângulo não tem eixo de simetria”. Considerando essa fala do professor e aqueles que não responderam a questão, podemos interpretar que, possivelmente, esses professores tiveram dificuldades para visualizarem a figura de um paralelogramo não retângulo. Em relação ao eixo de simetria de um círculo houve quatro tipos de respostas, conforme mostra o gráfico 5. 57 Gráfico 5 - Quantidade de eixos simétricos de um círculo Somente dois professores responderam adequadamente que existem infinitos eixos simétricos de um círculo, quatro professores responderam um eixo, seis professores responderam dois eixos e três professores responderam quatro eixos. O grupo de professores que respondeu existir dois e quatro eixos simétricos interpretamos que, possivelmente, os professores fizeram algum tipo de relação equivocada com base nas atividades anteriores (eixos simétricos do quadrado e do retângulo não quadrado). Esse conjunto de questões envolvendo a quantidade de eixos simétricos em diversas figuras mostrou que existem, por parte de alguns professores, compreensões equivocadas que precisam ser revistas para que possam explorar o conceito de simetria axial, através de diversos recursos na prática pedagógica. Para verificar a compreensão dos professores, sobre simetria axial, foi apresentada uma questão aberta para que pudessem explicitar, por meio da escrita, a sua compreensão incluindo exemplos. 58 Em relação a essa questão houve três tipos de respostas, conforme mostra o gráfico 6. Gráfico 6 - Questão sobre simetria axial Somente dois professores responderam adequadamente, nove professores responderam de forma não adequada e quatro professores responderam que não lembram. Para exemplificar as respostas inadequadas dos professores, seguem cinco protocolos e sua transcrição para uma melhor visualização: Figura 14 - Protocolo do professor T “Simetria em relação a um eixo fixado de acordo com sua referência, conveniência, para mostrar um detalhe, um corte.” (transcrição do protocolo do professor T). 59 Figura 15 - Protocolo do professor X “Quando o lado são exatamente iguais, como por exemplo personalidades tem a face/face do rosto exatamente iguais na simetria, ou seja a simetria axial” (transcrição do protocolo do professor X). Figura 16 - Protocolo do professor Y “É uma isometria, segue abaixo três tipos: - Simetria pelo eixo de simetria; Simetria por rotação; - Simetria por translação” (transcrição do protocolo do professor Y). Figura 17 - Protocolo do professor W “Projeção de pontos de uma figura para o outro lado (como se fosse espelho)” (transcrição do protocolo do professor W). 60 Figura 18 - Protocolo do professor Z. Nota-se nos protocolos das atividades dos professores que existem compreensões frágeis e equivocadas sobre o conceito de Simetria Axial. Esse fato nos instigou a fazer um levantamento com o grupo para saber se o tema Simetria estava inserido no currículo de suas unidades escolares. Quatorze professores responderam que esse conteúdo consta no currículo, os professores do Ensino Fundamental responderam que Simetria aparece a partir do sexto ano e os professores que lecionam no Ensino Médio explicitaram que utilizam a simetria no estudo da função quadrática. Apenas um professor respondeu que a simetria não fazia parte do currículo da escola. Considerando que o conteúdo de simetria faz parte do currículo, foi feito um levantamento de como os professores trabalhavam esse assunto com os alunos, ou seja, quais recursos eram utilizados e que tipo de atividades eram propostas. E as respostas foram agrupadas por similaridades: Com espelhos planos; Com imagens de pirâmides; Utilizando softwares educativos, folhas quadriculadas; Pontos opostos com o mesmo módulo; Reta numérica; Eixo que divide uma parábola no meio; Utilizando dominó 61 De fato, todos estes recursos apontados pelos professores podem ser utilizados no ensino de simetria. Mas, em suas respostas não ficou claro como o uso de tais recursos era feito, ou seja, não ficou esclarecido as dinâmicas e estratégias pedagógicas. Em suma, a fase de diagnóstico mostrou que esse grupo possui experiências em sala de aula, mas não utiliza aplicativos e softwares educacionais, apesar de expressar reconhecimento da sua importância como ferramenta para o ensino e aprendizagem. Em relação à Simetria Axial não ficou claro como é trabalhado com os alunos e quanto ao conhecimento do conteúdo do professor sobre esse conceito há indícios de que existem fragilidades e equívocos. A partir dessas constatações, foi elaborada e desenvolvida a segunda fase da Oficina, envolvendo a intervenção do formador-pesquisador. No capítulo a seguir apresentamos as atividades propostas, suas resoluções e as estratégias pedagógicas utilizadas incluindo o uso do software GEOGEBRA. 62 CAPÍTULO CINCO – INTERVENÇÃO 5.1. Oficina de Simetria – Fase de intervenção. Esta fase da Oficina, caracterizada de intervenção constituiu de atividades com objetivos relacionados ao conceito de Simetria Axial, por meio da exploração do uso de várias ferramentas concretas (réguas, compasso e espelhos) e do software GEOGEBRA. Durante as Oficinas foram apresentadas várias atividades para os professores de forma gradativa, permitindo resoluções intuitivas, das quais eram discutidas e analisadas no grupo visando a identificação e a sistematização das propriedades da simetria axial. 5.2. Atividade um de intervenção Como a metodologia da oficina se desenvolveu baseada nos elementos de Design Experiment, a primeira atividade de intervenção resgatou uma questão que foi trabalhada no questionário de diagnóstico relacionada à quantidade de eixos de simetria de algumas figuras geométricas. O objetivo foi de propiciar aos professores a identificação da quantidade de eixos de simetria nas figuras do quadrado, do retângulo não quadrado, do paralelogramo não retângulo e do círculo. A estratégia utilizada foi de permitir aos professores a exploração de materiais concretos, no caso, o espelho para que pudessem visualizar a quantidade de eixos simétricos das figuras apresentadas. As dúvidas mais recorrentes dessa atividade estavam em saber: Se as diagonais de um quadrado são eixos de simetria? 63 E se as diagonais de um retângulo propriamente dito também são eixos de simetria? Para esclarecer essas dúvidas, os professores utilizaram os espelhos e puderam confirmar visualmente que as diagonais do quadrado são eixos de simetria e as diagonais do retângulo propriamente dito, não são eixos de simetria. Em relação às figuras paralelogramo não retângulo e o círculo, os professores puderam certificar a quantidade de eixos de simetria existente e também reconheceram que foi esclarecedora essa experiência com o uso do espelho, porque permitiu fazer explorações relacionadas ao eixo simétrico. Como essa experiência foi significativa para os professores, eles imediatamente manifestaram que poderia ser uma estratégia interessante para ser aplicada em sala de aula de modo a contribuir para a aprendizagem dos alunos. Mas, logo em seguida perceberam que no contexto da escola o uso dos espelhos não seria adequado, por uma questão de segurança, pois os alunos poderiam se machucar com o manuseio dos espelhos. Dando continuidade às atividades com o uso dos espelhos foi apresentada uma nova situação como mostra a Figura 19: Figura 19 - Atividade de eixo simétrico Nessa atividade os professores, a partir do reconhecimento de que a figura do círculo possui infinitos eixos, transportaram essa mesma ideia para a 64 resolução da atividade acima, ou seja, focaram apenas a figura do círculo e não da imagem representada na figura 19. A resposta correta é que a figura apresenta apenas um eixo de simetria, mas não foi essa a resolução da maioria dos professores, mesmo utilizando o espelho. Nesse momento o formador-pesquisador interveio pontualmente explicando o motivo de a imagem ter apenas um eixo de simetria, conforme ilustra a Figura 20: Figura 20 - Resolução com espelho Embora a figura seja um círculo, a mesma apresenta uma parte de sua área pintada (ranchurada), logo a propriedade de infinitos eixos simétricos para um círculo não atende para essa figura. Provavelmente a dúvida dos professores deve ter ocorrido pelo fato de estarem com o pensamento centrado na certificação vista apenas dos eixos simétricos do círculo, não identificando as propriedades de simetria, que vai além da visualização. Considerando a necessidade de explorar e compreender as propriedades de simetria, foi proposto para os professores um novo conjunto de atividades. 5.3. Atividade dois de intervenção O objetivo foi de propiciar aos professores a vivência de situações que valorizam a identificação das propriedades de figuras simétricas. Para isto foi utilizada como estratégia a apresentação de algumas figuras que deveriam ser complementadas, conforme consta no quadro 1. 65 Essas atividades poderiam ser feitas com apoio de materiais concretos, no caso, papel, lápis e régua. Quadro 1- Atividade de completar figuras Nos itens 1 e 2 do quadro 1 de atividades, os professores resolveram com facilidade, mas as resoluções dos itens 3 e 4, ao contrário, demonstraram dificuldades. Possivelmente isto aconteceu devido à inclinação do eixo de simetria. Os procedimentos utilizados pelo grupo de professores valorizavam a manipulação do objeto, dos quais dobravam as folhas para resolverem as atividades. Mesmo sem a presença dos espelhos a dobradura simulava a imagem refletida no papel, como mostra na Figura 21: 66 Figura 21 – Protocolo 1 de resolução da atividade de intervenção dois A figura 22 mostra diferentes estratégias de resolução: uma delas, o professor dobra a folha para ajudar a visualizar a parte complementar da figura e, em outras, faz várias tentativas com o auxílio de régua, lápis e compasso. Figura 22 - Protocolo 2 de resolução da atividade de intervenção dois O procedimento de dobrar a folha na resolução da atividade se mostrou funcional, porque ao dobrar a folha no eixo simétrico é possível marcar os pontos simétricos refletidos, permitindo completar a figura. Mas esse método não coloca na luz as propriedades, ou seja, as distâncias, os ângulos e retas perpendiculares. A ação em dobrar a folha é concreta, no entanto, essas propriedades permanecem ocultas e, logo, abstratas. A ideia de dobrar a folha pode ser vista, a princípio como uma estratégia interessante para resolver a atividade, mas é restrita porque não deixam visíveis as marcações de ângulos, retas e medidas. Outros professores que resolveram sem a ação de dobrar a folha utilizando réguas e compassos se apoiaram apenas em uma das propriedades “à distância”, não apresentando sucesso em suas resoluções. 67 Dessa forma foi necessário desenvolver outra atividade de intervenção com a finalidade de propiciar aos professores identificar a existência de todas as propriedades contidas na simetria axial. 5.4. Atividade três de intervenção O objetivo dessa atividade foi semelhante da anterior, ou seja, de propiciar aos professores a vivência de situações que valorizam todas as propriedades simétricas, de forma mais direta e clara. Foi utilizado um conjunto de três atividades, conforme mostra o quadro 2, para serem resolvidas utilizando duas diferentes estratégias: uma com o uso de materiais concretos (folha de papel, régua, compasso) e, a outra, com o software GEOGEBRA. Quadro 2 - Conjunto de atividades da intervenção três 68 5.4.1. Resolução com o uso de materiais concreto As atividades 1 e 2 apresentam duas figuras simétricas (figura A e figura B) separadas por um eixo simétrico. A tarefa para os professores participantes era de anotar suas observações acerca das propriedades geométricas identificadas. A atividade 3 apresenta apenas a figura A e um segmento de reta para que os professores possam construir a figura B simétrica à figura A. Nota-se que nesse conjunto de atividades os professores puderam identificar algumas propriedades de simetria, uma vez que as mesmas se apresentavam de forma mais visível para essa situação. Assim os professores puderam relatar suas observações, conforme mostram os registros dos protocolos dos professores nas figuras 23 e 24 a seguir: As Figura 23 e Figura 24, referem-se aos protocolos de dois professores sobre a resolução da atividade 1 do quadro 2, juntamente com as transcrições de suas anotações para melhor visualização: 69 Figura 23 - Protocolo professor A da atividade de intervenção três do primeiro conjunto. - Distância através do eixo; -Retas // nos feixes entre si; - Perpendiculares ao eixo dado; -Os ângulos se mantém; -Se mantém as retas, inclinação, distância, perpendicularidades. (transcrição do protocolo professor A). 70 Figura 24 - Protocolo professor B da atividade de intervenção três do primeiro conjunto.. 1- Pontos simétricos (A e A’) com igual distância do eixo IJ; 2- Linhas perpendiculares ao eixo IJ; 3- O mesmo procedimento acima para todos os pontos. (transcrição do protocolo professor B). Os registros nos protocolos dos professores A e B mostraram as resoluções referentes à atividade 1 do quadro 2. Na resolução do professor A (figura 23), identificamos que ele observou as relações das Retas // nos feixes entre si, além das Distâncias através do eixo, das Perpendiculares ao eixo dado e da manutenção dos ângulos. A resolução do professor B (figura 24) evidencia que não foram utilizadas as propriedades da medida do ângulo, a sua resolução se deu com base nas distâncias dos pontos e da linha perpendicular em relação ao eixo. Podemos perceber que as resoluções da atividade 1 (quadro 2) foram próximas. O que causou certa estranheza para os professores foi a atividade 2 (motivo pela qual o eixo apresentava-se inclinado) a qual contribuiu para a discussão e visualização da propriedade reta perpendicular em relação ao eixo simétrico. Em relação à atividade 3, a resolução do professor A (figura 25) mostrou que foram utilizadas as propriedades observadas anteriormente nas atividade 1 71 e 2. Isso indica que o processo de observar a figura simétrica e identificar as relações existentes auxiliou o professor a utilizar o pensamento mais matemático, ou melhor, utilizar outras formas de resolver o problema. Nessa resolução o professor A não fez o uso do procedimento de dobrar a folha de papel para encontrar a figura simetria e sim utilizou as propriedades geométricas mais visíveis, como mostra a figura 25 que segue: Figura 25 - Protocolo professor A da atividade de intervenção três. Ficou evidenciado que o conjunto das três atividades realizadas com o uso de materiais concretos (papel, régua, compasso) nesta oficina durante a fase de Intervenção, favoreceu ao grupo de professores a retomada de conceitos geométricos por meio da exploração, experimentação e discussão de ângulos e retas. Esse contexto de estudo em que o grupo de professores fez registro dos procedimentos de resolução e pode discuti-los com os colegas e o formador-pesquisador mostrou-se bastante propício para a utilização do software GEOGEBRA, saindo da situação estática das figuras e entrando para algo mais dinâmico, utilizando uma nova estratégia de ensino e aprendizagem. 72 5.4.2. Resolução com o uso do software GEOGEBRA. O mesmo conjunto de atividades apresentado no quadro 2 foi trabalhado com os professores participantes com o uso do softwares GEOGEBRA. Isto porque o objetivo dessa pesquisa foi de verificar as potencialidades do uso do GEOGEBRA nos processos de ensino e aprendizagem do conceito de simetria axial. Além disso, vale destacar que os professores tinham expectativas, conforme constatado no diagnóstico, que o trabalho com o software poderia auxiliar na aprendizagem dos alunos, embora ainda não tivessem feito o uso dessa ferramenta. De fato, as pesquisas mostraram que o uso dessa aplicação pode possibilitar o desenvolvimento de novas estratégias de aprendizagem por meio da exploração dos recursos de movimento, visualização e simulação. Considerando tais aspectos e o fato de os professores participantes não terem familiaridade com o GEOGEBRA, inicialmente, ou seja, antes de elaborarem as atividades do quadro 2, o formador-pesquisador propôs algumas atividades exploratórias do software, tais como: ponto, retas, ângulos e os movimentos. Nesse momento pontual de exploração não foi tratado do conteúdo de simetria axial, pois a intenção foi apenas propiciar aos professores o manuseio de alguns recursos do GEOGEBRA. Assim, terminado o momento de exploração do software, o próximo passo da intervenção foi a apresentação da proposta com as atividades do quadro 2 para serem feitas pelos professores participantes, agora usando o software GEOGEBRA. No entanto, cabe ressaltar que o formador-pesquisador, como tinha a intenção de trabalhar com o conceito de simetria axial integrado com a tecnologia, usou como estratégia pedagógica ocultar o botão de simetria da barra de menu do GEOGEBRA. Essa estratégia utilizada criava um novo desafio para os professores, pois o fato da função não estar disponível, eles teriam que explorar as ferramentas auxiliares, tais como retas, ângulos e circunferências para resolver as atividades propostas (quadro 2). 73 A seguir, são apresentados dois protocolos da atividade 1 do quadro 2 (figura 26 e figura 27) realizadas pelos professores A e B. Salientamos que foram os mesmos professores que realizaram a atividade elaborada no papel, mas agora suas manipulações e anotações foram feitas com as ferramentas do software GEOGEBRA. Figura 26 - Protocolo professor A da atividade de intervenção três. Na resolução da atividade, o Professor A utilizou das seguintes ferramentas existentes no software: Reta definida por dois pontos; Após selecionar a ferramenta, o professor clicou em dois pontos e o software traçou a reta; Ângulos. Após selecionar a ferramenta, o professor clicou em três pontos e o software marcou no segundo ponto a medida do ângulo. Na ferramenta ângulos, o professor A mencionou a praticidade do GEOGEBRA em executar essa ação (“... nossa o programa além de marcar o ângulo também já mostra o valor.”). 74 Figura 27 - Protocolo professor B da atividade de intervenção três Na resolução da atividade, o Professor B utilizou das seguintes ferramentas: Segmento definido por dois pontos; Após selecionar a ferramenta, o professor clicou em dois pontos e o software traçou o segmento. Círculo dados Centro e Um de seus Pontos. Após selecionar a ferramenta, o professor clicou em dois pontos e o software traçou o círculo. O professor B destacou a facilidade em desenhar o círculo com o software dizendo “...como é fácil fazer um círculo no GEOGEBRA”. Houve comentário de outros professores de que o software também poderia ajudar no ensino de geometria, uma vez que à falta de materiais concretos por parte dos alunos. Mas, o interessante nessa atividade foi de poder constatar e comparar a resolução do professor A e do professor B, feita no papel e com o uso do GEOGEBRA. 75 A figura 28 apresenta as duas resoluções feitas pelo professor A, utilizando ferramentas diferentes, que apesar de o professor ter escrito as propriedades simétricas com a utilização de lápis e régua, suas anotações geométricas basearam-se em retas que passavam por alguns pontos, enquanto com a utilização do GEOGEBRA nota-se visualmente a existência de pontos marcados e medida dos ângulos, conforme mostra a Figura 28. Figura 28 - Comparativo professor A A figura 29 apresenta as duas resoluções feitas pelo professor B e mostra poucas anotações geométricas feitas com papel e lápis. Esse fato pode indicar que ele possivelmente relacionou os pontos simétricos e apresentou nomes aos mesmos, enquanto que com a utilização do GEOGEBRA suas emendas complementares foram maiores. Podemos observar que foram utilizadas as seguintes ferramentas: pontos, segmentos de reta e circunferência (nesse caso o software nomeia círculo), como mostra a Figura 29: Figura 29 - Comparativo Professor B 76 Durante a resolução da atividade percebemos que a utilização do GEOGEBRA não propiciou apenas maior detalhamento das observações e/ou anotações das propriedades. Foi um momento em que ocorreram discussões interessantes entre os participantes que expressavam suas hipóteses acerca das possíveis resoluções, em especial quando utilizavam as possibilidades de movimento que o software permite. Os professores manusearam a figura virtualmente girando, alterando as dimensões e observaram que as propriedades se mantêm. Esse uso do software que permite fazer e desfazer, aumentar e diminuir, medir e conferir, enfim, experimentar hipóteses acerca daquilo que pensam sobre um determinado problema e receber o resultado na tela é que caracteriza o uso da tecnologia na perspectiva de Papert (1994) e Valente (2002) sobre o pensar com e pensar sobre aquilo que faz e produz. Vivenciando essa nova forma de aprender, os professores demonstraram estar envolvidos com a atividade, pois se sentiram desafiados e instigados para compreenderem o processo de resolução da atividade diante do resultado que visualizaram na tela do computador. Nesse momento, houve diversos comentários, dentre eles, destacamos algumas falas: “...com o software a formalização e a conceitualização é mais rápido devido à possibilidade de movimento que o software permite.” (Professor D). “Estou achando incrível, pois com o software estou explorando e ao mesmo tempo formalizando conceitos.” (Professor D). “... no inicio tinha uma ideia de como fazer, mas quando vi o resultado percebi que não era esse caminho, revi com minha colega e chegamos a mesma conclusão que não poderia alterar...” (Professor E) 77 Essas falas dos professores ilustram como a tecnologia pode ser utilizada nas atividades pedagógicas de modo que o aprendiz sinta-se ativo e seja construtor do conhecimento. Mas, para isto, é preciso ter atividades problematizadoras que desafiem cognitivamente e, ao mesmo tempo, ter um ambiente favorável para que possa mostrar e lidar com os erros, equívocos e fragilidades como parte do processo de construção do conhecimento. 5.5. A programação e a simetria Dando continuidade às atividades da fase da intervenção e considerando o engajamento dos professores participantes com o uso do GEOGEBRA foi proposta uma situação de aprendizagem bastante desafiadora. Os professores deveriam criar um botão no software que ao ser clicado pelo usuário, a sua função era de mostrar o simétrico do ponto em relação à reta, conforme mostra a Figura 30: Figura 30 - Atividade 1 no GEOGEBRA Vale lembrar que embora já exista esse botão no GEOGEBRA, o mesmo foi ocultado pelo formador-pesquisador, uma vez que o propósito dessa atividade era de propiciar aos professores vivenciar situações que permita transportar os conceitos de simetria axial para a linguagem de programação do software. Com a finalidade de construir um botão que ao clicar nele, mostra o simétrico do Ponto A em relação a uma reta dada, os professores poderiam 78 criar uma relação com as propriedades exigidas e a linguagem de programação do software. Para isto foi necessário que o formador-pesquisador mostrasse a codificação da linguagem matemática para a linguagem do software. A dinâmica utilizada foi de resolver a atividade 1 no GEOGEBRA (figura 30) e utilizando o flipsharp para mostrar à relação de ambas as linguagens, conforme segue a Figura 31: Figura 31 - Codificação da linguagem matemática para a linguagem do GEOGEBRA Quadro 3 - Script de resolução da atividade 1 do GEOGEBRA s = perpendicular[r,A] Uma reta s passando pelo ponto A sendo perpendicular a reta r. p = intersecão[s,r] Um ponto p na intersecção da reta s e r. segmentoAP = segmento[A,P] Um segmento chamado de segmento AP, com extremidades dos pontos A e P. 79 Ressalto que a escrita da palavra circunferência nos textos acima não pertence à linguagem do software, logo para que possamos ter as mesmas ideias e funcionalidades no software, sua escrita deve ser círculo. Ao executar o script (quadro 3), o programa realiza todos os comandos de forma sequencial apresentando o ponto B, sendo simétrico ao ponto A em relação à reta r. Depois dessa relação e experimentação, os professores realizaram a atividade 2 (Figura 32) com poucas interferências do formador-pesquisador, pois era necessário utilizar os mesmos conceitos e ideias da orientação apresentada anteriormente. Figura 32 - Atividade 2 no GEOGEBRA Além dos conhecimentos da Simetria Axial e da comparação ou relacionamento dos conceitos matemático para a linguagem do software, é necessário uma abstração dos acontecimentos para elaborar o script ou a programação. Isto porque a escrita do programa ocorre sem a visualização do efeito de cada procedimento descrito, ou seja, é necessário finalizar a escrita de procedimentos para que seja executado o código elaborado. O quadro 4 mostra o script ou o código da resolução da atividade de programação do GEOGEBRA elaborado por um professor: 80 Quadro 4 - Script de resolução da atividade 2 do GEOGEBRA s = Perpendicular [A, r] t = Perpendicular [B, r] M = Interseção [r, s] L = Interseção [r, t] segmentoMA = Segmento [M, A] segmentoLB = Segmento [L, B] C_1 = Círculo [M, segmentoMA] H_2 = Círculo [L, segmentoLB] Y = Interseção [C_1, s] Q = Interseção [H_2, t] segmentoYQ = Segmento [Y_2, Q_2] Assim, ao clicar no botão criado é executado o script do quadro 4, sendo apresentado na janela de visualização um segmento Y2Q2 simétrico ao segmento AB em relação a reta r, conforme mostra a Figura 33: Figura 33 - Resolução da atividade 2 no GEOGEBRA Para dar continuidade nas atividades de programação no GEOGEBRA, foi proposta para os professores elaborarem em casa (fora do horário da Oficina) a atividade 3 que se apresenta de forma semelhante a anterior (atividade 2), apenas com um elemento mais complexo, pois a imagem da figura era de um 81 polígono convexo. Elemento mais complexo devido à exigência de maior grau na abstração da resolução da atividade. Vejamos um exemplo da atividade realizada pelo professor E na Figura 34. Observe que o professor denominou o botão como boto cor de rosas, isso mostra que o professor percebeu que ele possui o controle, podendo atribuir qualquer nome a esse botão. Figura 34 - Resolução da atividade 3 no GEOGEBRA Os conceitos matemáticos envolvidos na atividade 3 são os mesmos das atividades 1 e 2, sendo: a perpendicularidade das retas, as mesmas distâncias e os mesmos ângulos. Por se tratar de uma figura com mais elementos comparada com as atividades anteriores, existe a necessidade de trabalhar com esses novos elementos, que aparentemente pode mostrar que a atividade é mais complexa no teor matemático, mas verdade mostra maior grau de abstração na programação. 82 Quadro 5 - Script de um professor da atividade 4 no GEOGEBRA s = Perpendicular [A, r] t = Perpendicular [B, r] u=Perpendicular [C, r] M = Interseção [r, s] L = Interseção [r, t] N = Interseção [r, u] segmentoMA = Segmento [M, A] segmentoLB = Segmento [L, B] segmentoNC = Segmento [N, C] C_1 = Círculo [M, segmentoMA] H_2 = Círculo [L, segmentoLB] G_3 = Círculo [N, segmentoNC] Y = Interseção [C_1, s] Q = Interseção [H_2, t] O = Interseção [G_3, u] segmentoOQ = Segmento [O_2, Q_2] segmentoOY = Segmento [O_2, Y_2] segmentoYQ = Segmento [Y_2, Q_2] Polígono = Polígono [O_2, Y_2, Q_2] Para descrever passo-a-passo a resolução da atividade, por meio da linguagem de programação do GEOGEBRA, foi necessário escrever dezenove linhas de comandos da linguagem, utilizando somente as propriedades matemáticas de simetria. Isto significa que os professores tiveram que pensar matematicamente nas propriedades envolvidas abstraindo e descrevendo a sequência de ações para a execução do programa. A atividade de programação mostra um tipo de uso da tecnologia nos processos de ensino e aprendizagem que permite ao usuário (professores nesse caso) ativamente colocar em ação suas hipóteses sobre aquilo que pensa e sabe sobre a resolução do problema de acordo com a sintaxe da linguagem computacional. Essa possibilidade de comandar e controlar o 83 programa propicia ao usuário sentir-se o que Papert (1985) denomina de “empodeiramento” sobre o computador. Isto acontece quando o aprendiz realiza atividades investigativas, baseadas em resoluções de problemas, mais especificamente quando vivencia os princípios do construcionismo e reconhece ser produtor do conhecimento. Ao programar o computador fica evidenciado que o “saber fazer” para resolver um determinado problema o usuário se depara com uma situação em que é necessário representar o conhecimento de uma nova maneira e expressá-lo via linguagem computacional. O “saber fazer” e o “saber compreender” precisam caminhar juntos para que as relações entre as linguagens (matemática e computacional), bem como as relações entre os comandos sejam descritos de forma a produzirem o resultado esperado na tela do computador. Outro aspecto constatado pela reação dos professores durante as atividades de programação foi o fato de como lidaram com o erro. Ao executar os scripts depararam algumas vezes com o resultado diferente do esperado e, isto causou surpresa e ao mesmo tempo indagações e questionamentos. Nesses momentos o grupo começou a intensificar a discussão e a reflexão sobre os conceitos envolvidos, debatendo suas conjecturas e buscando compreender como poderiam encontrar as soluções mais adequadas para a criação do botão de simetria. Esse momento ficou bastante claro que os professores participantes da pesquisa vivenciaram a espiral de aprendizagem, explicitada por Valente (2002). Ao final da fase de intervenção foi apresentado para os professores um questionário visando conhecer como resolveriam uma atividade de criação de botão sem digitar a sequência dos comandos da linguagem de programação do GEOGEBRA, para que ficasse evidenciada a compreensão das propriedades da simetria axial. 84 5.6. Questionário de utilização do GEOGEBRA O objetivo desse questionário estava em saber como os professores resolveriam uma atividade de criação de botão sem a utilização do GEOGEBRA e após o trabalho com software na oficina, quais eram seus entendimentos sobre a programação e a utilização dessa ferramenta para a simetria axial. A proposta da questão 1, Figura 35, envolve a escrita no papel de como deveriam criar um botão que tivesse a função de achar o eixo simétrico de um segmento de reta. Escreva como devemos programar no software para achar o simétrico do segmento AB em relação à reta r Figura 35 - Atividade 1 do questionário de utilização do GEOGEBRA A partir da questão colocada, os professores deveriam escrever o script da resolução relacionando as propriedades do conceito de simetria axial e a estrutura lógica da linguagem de programação, sem visualizar as funções Pontos, Retas e Círculos que o software GEOGEBRA disponibiliza. Alguns professores realizaram esta atividade fazendo a relação entre o conceito matemático e a linguagem computacional, construindo fora do computador a sequência de programação, como exemplificam os protocolos dos professores A e B nas figuras 36 e 37 a seguir: 85 Figura 36 - Protocolo do professor A do questionário de utilização do GEOGEBRA Figura 37 - Protocolo do professor B do questionário de utilização do GEOGEBRA Esse processo mental é mais complexo, porque requer pensar nos conceitos matemáticos envolvidos e, ao mesmo tempo, na forma de representá-los, traduzindo-os na lógica da linguagem computacional. 86 Esse tipo de resolução foi feita apenas por alguns professores, pois a maioria utilizou a descrição da resolução do problema na linguagem matemática, como exemplificam os protocolos dos professores C e D nas figuras 38 e 39 a seguir: Figura 38 - Protocolo do professor C do questionário de utilização do GEOGEBRA Figura 39 - Protocolo do professor D do questionário de utilização do GEOGEBRA 87 É importante destacar que essa antecipação da sequência de passos, conforme mostraram os protocolos dos professores C e D, retratam a descrição das propriedades do conceito de simetria axial, demonstrando que houve compreensões do conteúdo matemático. Isto aconteceu numa situação de aprendizagem que o usuário (nesse caso, o professor) estava envolvido com o fato de ensinar o computador o conceito de simetria. A dificuldade apresentada pelos professores se deu no processo de fazer a integração conteúdo específico (matemático) e o tecnológico (linguagem de programação) que requer a construção de uma lógica própria computacional. Quando isto ocorre significa que houve a construção do conhecimento Tecnológico do Conteúdo (TCK) enfatizado por Koehler e Mishra (2009) referindo-se a intersecção entre os conhecimentos do Conteúdo Específico e Tecnológicos. Entretanto, essa construção não é simples de ocorrer, principalmente quando o conhecimento do conteúdo específico for pautado em resoluções que envolvem apenas a memorização de fórmulas sem que se tenha a compreensão conceitual do objeto matemático para poder saber representá-lo de nova maneira e de forma articulada com outros saberes. Assim, retomando as questões das atividades apresentadas para os professores, ficou também evidenciado, quando foram questionados sobre qual seria o maior nível de abstração: a linguagem matemática ou a linguagem de programação. O professor C respondeu conforme o protocolo na figura 40, a seguir: Figura 40 - Protocolo do professor C na questão da linguagem Para o professor C o maior grau de abstração está na articulação das linguagens, o que implica, como já foi mencionado, uma nova forma de representação do conhecimento. E sobre essa mesma questão, o professor D, 88 conforme protocolo da figura 41, reconhece que a programação requer abstração do conceito matemático, mas que a passagem de uma linguagem para outra (matemática - computacional) é mais difícil, devido ao não conhecimento pleno da linguagem de programação. Figura 41 - Protocolo do professor D na questão da linguagem A transição de uma linguagem para a outra requer conhecimento de ambas, semelhante à representação de uma função, podendo ser algebricamente ou geometricamente, mas o fator de aprendizagem dessa transição é o que prevalece. Outra questão, depois de os professores terem escrito os procedimentos da programação no papel e no ambiente computacional do GEOGEBRA, foi em relação ao uso pedagógico do software para propiciar a aprendizagem da simetria axial. Essa questão tinha a finalidade de instigar aos professores a refletirem sobre a experiência vivenciada na Oficina e se a mesma poderia ser recontextualizada em suas práticas docentes, ou seja, se o uso do software GEOGEBRA poderia contribuir para a aprendizagem dos alunos sobre a simetria axial. De uma forma geral o grupo manifestou que o uso do software GEOGEBRA pode contribuir para aprendizagem do aluno, mas fez algumas ponderações, tais como exemplificam os protocolos dos professores nas figuras 42, 43 e 44. 89 Figura 42 - Protocolo do professor UM sobre a contribuição do GEOGEBRA O professor Um reconheceu que a atividade pode contribuir, porque requer a escrita, que na verdade é a descrição da resolução do problema que se refere a explicitação daquilo que se entende com vistas a obter o produto final. A explicitação envolve conhecer os conceitos matemáticos envolvidos e saber representá-los na linguagem computacional. O professor Dois, além de concordar que a programação leva a abstração, relata a existência da relação criada entre cada comando com a propriedade simétrica, situação que leva a realizar comparações de representações. Também descreve uma opção de utilização, a verificação se duas figuras são simétricas por meio de propriedades, como mostra o protocolo na figura 43 a seguir: Figura 43 - Protocolo do professor DOIS sobre a contribuição do GEOGEBRA O professor Três não destacou a programação, mas valoriza a característica dinâmica do GEOGEBRA e o saber conceitual da simetria, como mostra o protocolo na figura 44 a seguir: 90 Figura 44 - Protocolo do professor TRÊS sobre a contribuição do GEOGEBRA Essa constatação no momento em que a tônica era a programação nos dá um indício de que a reflexão desse professor estava centrada nas características e nas potencialidades dos recursos do GEOGEBRA. De fato suas características, permitindo o movimento da figura ampliam as possibilidades de olhar e analisar os detalhes e as diferentes perspectivas, oportunizando a visualização e a compreensão das propriedades da figura. O professor Quatro reconheceu que o uso do software pode contribuir para a aprendizagem do aluno. No entanto, a sua estratégia de ensino não espelha a vivência que teve durante a Oficina. Podemos perceber como mostra o protocolo da figura 45 que o professor pretende explicar passo-a-passo para o aluno, ao invés de propiciar ao aluno vivenciar a espiral de aprendizagem. Figura 45 - Protocolo do professor QUATRO sobre a contribuição do GEOGEBRA Esta situação mostra que até esse momento da Oficina, provavelmente não tenha ocorrido a construção do conhecimento do TPACK (Technology, Pedagogy and Content Knowledge) na perspectiva dos autores Koehler e Mishra (2009), que enfatiza a sua ocorrência pela intersecção desses três conhecimentos: Conteúdo, Tecnológico e Pedagógico do Conteúdo. Para tanto, o professor precisa: 91 Saber o conteúdo: o conceito matemático envolvido indo além das definições, fórmulas e resoluções padronizadas; Saber tecnológico: o que determinado software permite, no caso do GEOGEBRA, tanto em termos da visualização de conceitos e propriedades como das novas formas de representação, o que implica conhecer a lógica e a sintaxe da programação; Saber pedagógico: as estratégias didáticas adequadas (saber como o aluno aprende, quais são seus conhecimentos prévios e suas dificuldades) para que o aluno compreenda e construa conhecimento. Embora o conhecimento Tecnológico, Pedagógico do Conteúdo na perspectiva do TPACK seja necessário, o que ficou evidenciado durante a Oficina de Simetria na fase de diagnóstico foi a fragilidade do conhecimento do conteúdo. Na fase de intervenção essa fragilidade foi superada, por meio das várias atividades desenvolvidas pelos professores. Essas atividades proporcionaram aos professores se envolverem e experenciarem novas formas de aprender usando materiais concretos e, principalmente, manipulando os recursos tecnológicos do GEOGEBRA e as propriedades da Simetria. Esse processo de aprendizagem e de (re)construção do conceito de Simetria se desenvolveu de forma interativa no grupo e com o formadorpesquisador, favorecendo a explicitação de conjecturas, de estratégias de resolução, de reflexões sobre as compreensões equivocadas e de compartilhamento de novas descobertas, mostrando com isso que a integração entre o conteúdo específico e os recursos tecnológicos por meio da atividade de programação contribuiu para a formalização do conceito de simetria axial. 92 CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso pedagógico das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação - TDIC na Educação Básica ainda é algo inovador, em fase de apropriação, tanto dos recursos tecnológicos como na forma de integrar esses recursos aos conteúdos curriculares. O avanço das TDIC caminha muito rápido e cada vez mais se torna disponível uma grande diversidade de softwares educacionais, sendo muitos deles gratuitos, favorecendo a sua utilização no contexto escolar. Entretanto, o seu uso ainda é restrito nos processos de ensino e aprendizagem e este fato não se justifica pela dificuldade de acesso às TDIC. O problema é que para utilizar um determinado software educacional não basta ter o acesso, é necessário saber operacionalizar e compreender suas potencialidades pedagógicas e como fazer essa integração das TDIC aos conteúdos curriculares. A importância dessa integração vem sendo enfatizada por vários autores pelo fato dessas tecnologias digitais não serem vistas apenas como mais uma ferramenta pedagógica, mas pelo seu papel enquanto estruturante na forma de pensar, de comunicar e de representar o conhecimento (ALMEIDA; VALENTE, 2011). A questão, portanto, que norteou o desenvolvimento dessa pesquisa foi de verificar quais são as potencialidades do software GEOGEBRA para trabalhar com o conceito de Simetria Axial junto a um grupo de professores da Educação Básica que participam do Projeto do Observatório da Educação. Para isto, foi realizada uma Oficina com a intenção de propiciar aos professores participantes aprenderem a utilizar o software GEOGEBRA tendo como foco a conceitualização do conteúdo matemático, nesse caso de Simetria Axial. As ações formativas foram organizadas em duas fases, sendo a primeira de diagnóstico e, em seguida a de intervenção. 93 Na fase de diagnóstico ficou evidenciada a existência de compreensões equivocadas sobre o conteúdo de Simetria por parte de alguns professores. Diante dessa constatação a fase de intervenção se desenvolveu explorando atividades de Simetria utilizando materiais concretos e digitais presentes no software GEOGEBRA. O fato de os professores terem explorado as características do GEOGEBRA, permitindo que Retas, Ponto e Figuras fossem manipuladas e suas propriedades mantidas, trouxe à tona no coletivo do grupo vários questionamentos e conjecturas, as quais demonstravam ora esclarecedoras de compreensões equivocadas, ora afirmativas das hipóteses e dos argumentos. Nesses momentos os professores sentiam instigados a conhecer mais detalhadamente as possibilidades do software GEOGEBRA. Mostrando uma grande riqueza no movimento existente do trabalho concreto ao Digital. Essa pesquisa mostrou que a atividade de programação do software GEOGEBRA requer do usuário (nesse caso, o professor) abstração, pois para descrever a sequencia de resolução de um determinado problema, é preciso antecipar o efeito de cada comando e em relação ao outro comando, integrando as propriedades do objeto matemático envolvido no problema na lógica computacional. Em outras palavras, pode-se dizer que na atividade de programação ocorre a relação do CODEC (Codificação e Decodificação), a todo momento existe uma translação da codificação e decodificação, a linguagem matemática sendo codificada para a linguagem do software e ao escrever a linguagem do software entender a linguagem matemática e suas representações. Uma situação forte evidenciada na Oficina foi a criação do Botão de Simetria. Essa estratégia didática utilizada confirmou o potencial da atividade de programação, pelo seu caráter reflexivo, de “empodeiramento” do homem sobre o computador. Essa ideia da atividade de programação, defendida por Papert e Valente, constituir-se em uma situação rica de aprendizagem em que 94 o usuário (professor, aluno) pode aprender-fazendo, vivenciado a espiral de aprendizagem que precisa ser revista nas práticas pedagógicas escolares. Mas para isto as TDIC precisam ser vistas e tratadas de forma integrada ao currículo. Essa visão nos remete ao TPACK que representa a intersecção de três diferentes conhecimentos como sendo necessária para o professor atuar com as TDIC nos processos de ensino e aprendizagem. A análise dos dados da pesquisa mostrou que houve a intersecção entre dois diferentes conhecimentos – conteúdo específico e o tecnológico, viabilizado pela atividade de programação. Mas o conhecimento pedagógico não foi enfatizado na Oficina devido às fragilidades encontradas e que foram sendo superadas em relação ao conhecimento específico. Enfim esse entendimento do conhecimento profissional do professor e da sua complexidade indica que os processos formativos precisam ser repensados criando estratégias e abordagens que permitem vivenciar novas dinâmicas de aprendizagens com o uso das TDIC e a compreender suas potencialidades para que possa reconstruir a sua prática pedagógica. 95 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M.E.B. Educação, projeto, tecnologia e conhecimento. São Paulo: PROEM, 2002. ALMEIDA, M.E.B.; ALMEIDA, F.J. D. Uma zona de conflitos e muitos interesses. TV e Informática na Educação, Brasília, 1998. ALMEIDA, M.E.B.; VALENTE, J.A. Tecnologias e currículo: trajetórias convergentes ou divergentes? São Paulo: Paulis, 2011. BARANAUSKAS, M.C.C Procedimento, Função, Objeto ou Lógica? Linguagens de Programação vistas pelos seus Paradigmas. In:Valente. J.A. (org.). Computadores e Conhecimento – Repensando a Educação. Campinas, SP: NIED-UNICAMP, 1993, p. 45-63. BORBA, M. C.; PENTEADO, M. G. Informática e Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2001. CASTRO, A. L. Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação no Ensino de funções Quadráticas: Contribuições das diferentes representações. Dissertação de Mestrado em Educação Matemática. São Paulo: Universidade Bandeirante de São Paulo, 2011. COUTINHO, C. P. TPACK: Em busca de um referencial teórico para a formação de professores em tecnologia educativa. Paideia - Revista Científica de Educação a Distância, 2012. Disponível em: <http://revistapaideia.unimesvirtual.com.br/index.php?journal=paideia&pa ge=article&op=view&path[]=197&path[]=193>. Acesso em: 5 Agosto 2012. Cobb, P., Confrey, J., diSessa, A., Lehrer, R. & Schauble, L. "Design Experiments in Educational Research". In Educational Researcher, Volume 32, No.1, 2003. 96 FIALHO, E. D. S. C. Uma Proposta De Utilização do Software Geogebra Para O Ensino De Geometria Analítica. Dissertação em Ensino de Ciências e Matemática. Rio de Janeiro: CEFET, 2010. FUGIMOTO, S. M. A.; ALTAÉ, A. O Computador na Escola: Professor de Educação Básica e Sua Prática Pedagógica. Seminário de Pesquisa PPE, Maringá, 2009. GAUTHIER, C (et. al), Tradução Francisco Pereira. Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente - Coleção Fronteiras da Educação. Ijui: Ed. UNIJUÍ, 1998. GRAVINA, M. A.; Meier, M.. Modelagem no GeoGebra e o desenvolvimento do pensamento geométrico no Ensino Fundamental. Revista do Instituto GeoGebra Internacional de São Paulo, v. 1. 2012. HOHENWARTER, M.; PREINER, J. Dynamic Mathematics with GeoGebra. Journal of Online Mathematics and its Applications, vol.7, 2007. KENSKI, W. M. Educação e Tecnologias – O novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2007. KOEHLER, M.J.; MISHRA, P. What is technological pedagogical content knowledge? In: Contemporary Issues in Technology and Teacher Education, 2009, p. 60-70. LOBO DA COSTA, N.M; PRADO, M.E.B.B.; PIETROPAOLO, R.C. Mathematics Teachers continuing education and technology: a necessary practice in a globalized context. Anais do CIEAEM-65. Turin, Itália. 2013. MALTEMPI, M.V. Construcionismo: pano de fundo para pesquisas em informática aplicada à educação matemática. In: M.A.V. Bicudo e M.C. 97 Borba 96 (org.), Educação Matemática: pesquisa em movimento. São Paulo: Editora Cortez, 2004, p. 264-282. MÜLLER, M. C.. Análise do processo pedagógico de uso de um software. Tese de Doutorado em Educação. Campinas, SP: UNICAMP, 2001. PAPERT, S. Logo: computadores e educação. São Paulo: Brasiliense,1985. PRADO, E.B.B. Educação a Distância e Formação do Professor: Redimensionando concepções de aprendizagem. Tese de Doutorado em Educação: Currículo. São Paulo. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2003. _______ E.B.B. Os princípios da Informática na Educação e o Papel do Professor: uma abordagem inclusiva. In: Raiça, D. (org.). Tecnologias para a Educação Inclusiva. São Paulo: Avercamp, 2008, p.55-56. PRADO, M.E.B.B.; LOBO DA COSTA, N.M.; GALVÃO, M.E.E.L. Teacher development for the integrated use of Technologies in Mathematics Teaching. Anais do CIEAEM-65. Turin, Italia, 2013. RIPPER, A.V.; BRAGA, A.J.P.; MORAES, R.A. O Projeto Eureka. J.A. (org.). Computadores e Conhecimento – Repensando a Educação. Campinas, SP: NIED-UNICAMP, 1993, p.409-418. RODRIGUES, S. V. D. O. Professores de Matemática e o Uso do Computador, Cianorte: Secretaria do Estado de Educação, 2008. SIDERICOUDES, O. Uma atividade LEGO-Logo em Trigonometria. In: Valente, J.A. (org.). Computadores e Conhecimento – Repensando a Educação. Campinas, SP: NIED-UNICAMP, 1993, p.367-378. 98 SILVA, J. T. D. O uso reconstrutivo do erro na aprendizagem de simetria axial: uma abordagem a partir de estratégias pedagógicas com o uso de tecnologias, EPM Educação Matemática Pesquisa. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática. São Paulo: PUCSP, vol 12, nº 2 2010. http://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/view/3516 Disponível em (acesso junho/2012). SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Proposta curricular do Estado de São Paulo para o ensino de matemática para o ensino fundamental Ciclo II e ensino médio. São Paulo: SE, 2008. SHULMAN, L.S. Those who understand: Knowledge growth in teaching. Education Researcher, vol 15, nº 2, 1986, p.4-14. ________, L. S. Knowledge and teaching: foundations of the new reform. Harvard: Educational Review. 57 (1), 1987, p. 1-22. SZTAJN, P. O que precisa saber um professor de Matemática? Uma Revisão da Literatura Americana dos anos 90. Educação Matemática em Revista SBEM. Ano 9, n. 11ª, 2002, p. 17 - 28. TARDIF, M. Saberes Docentes e Formação Profissional. 2a edição. Petrópolis: Vozes, 2002. VALENTE, J.A. A Espiral da aprendizagem e as Tecnologias da Informação e Comunicação. In: Joly, M.C. (Ed.) Tecnologia no Ensino: implicações para aprendizagem. São Paulo: Casa do Psicólogo Editora, 2002, p. 15-37. ________, J.A. Formação de professores. Diferentes abordagens pedagógicas. In: Valente, J.A. (org.). O computador na sociedade do conhecimento. Campinas, SP: UNICAMP-NIED, 1999. 99 ________, J.A. Diferentes usos do computador na educação. In: Valente, J.A. (org.). Computadores e Conhecimento – Repensando a Educação. Campinas, SP: NIED-UNICAMP, 1993. 100 Apêndice I – Questionário de Perfil. QUESTIONÁRIO 01. Dados pessoais: Nome: ____________________________________________________________________ E-mail: ____________________________________________________________________ 02. Situação funcional: Escola onde leciona: __________________________________________________ Níveis de Ensino que leciona:( ) E.F – I ( ) E.F – II ( ) E.M 03. Formação Acadêmica: Graduação: Sim ( ) Não ( ) Curso: _____________________________________________________________ Participou de cursos após sua graduação: Sim ( ) Não ( ) Quais: 04. Em relação ao computador, você utiliza: ( ) Não uso. ( ) Até uma vez por semana. ( ) Raramente. ( ) Frequentemente. 05. Ações que utiliza o computador: ( ) Internet. ( ) Editor de texto. ( ) Planilha eletrônicas. ( ) Softwares educacionais. 06. Há quanto tempo você atua como professor? 07. O conteúdo de simetria apresenta alguma dificuldade de compreensão para os alunos? Quais? 08. Quais recursos didáticos você acredita que possa auxiliar a aprendizagem de simetria? Por quê? 09. Você conhece algum software que pode ser utilizado para o ensino e aprendizagem de Simetria?Sim ( ) Não ( )Quais? Você já utilizou algum? 10. Na graduação, teve contato com algum software educacional?Sim ( )Não ( )Quais: 101 Apêndice II – Questionário de Diagnóstico 1. Responda as questões a seguir. Observação: use os espaços em branco para fazer figuras, caso você julgue conveniente ; Não apague essas figuras a) Quantos eixos de simetria tem um quadrado? b) Quantos eixos de simetria tem um retângulo não quadrado? c) Quantos eixos de simetria tem um paralelogramo não retângulo? d) Quantos eixos de simetria tem um círculo? 2. Como você explicaria a noção de simetria aos seus alunos? 3. O tema simetria faz ou fez parte do currículo de Matemática de sua escola? Em caso afirmativo, em qual ano? 4. O que é simetria axial? Dê exemplos. 5. Obtenha o quadrilátero simétrico ao da figura pela reta r 102 Apêndice III – Conjunto de Atividade I Imaginando que o segmento de reta AB é um espelho, complete as figuras. 1. 2. 3. 4. 103 Apêndice IV – Conjunto de Atividade II O que podemos observar das figuras simétricas ao segmento IJ? Obtenha a imagem simétrica da figura A com relação ao segmento IJ 104 Apêndice V – Questionário de utilização do software 1 - Escreva como devemos programar no software para achar o simétrico do segmento AB em relação à reta r 2 - A utilização do software pode contribuir para o aprendizado dos conceitos de simetria axial? Comente sua resposta. 3- Quando usamos a ferramenta de programação, “criar um botão”, ocorreram duas situações, a linguagem do software e o conceito matemático, nessa atividade qual das duas situações houve maior grau de abstração? 4 - Se o aluno não tiver o conhecimento do conceito de simetria axial, ele conseguiria programar? Comente sua resposta