CRISTINA MARTINS COELHO
THAÍZA TAVARES LESSA
FUNÇÃO VENTILATÓRIA, VARIÁVEIS CARDIOVASCULARES,
FLEXIBILIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES PRATICANTES DE
YOGA
Juiz de Fora
2008
CRISTINA MARTINS COELHO
THAÍZA TAVARES LESSA
FUNÇÃO VENTILATÓRIA, VARIÁVEIS CARDIOVASCULARES,
FLEXIBILIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES
PRATICANTES DE YOGA
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado
ao
Departamento
de
Fisioterapia da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Juiz de Fora, como
requisito parcial para obtenção do título de
Graduação em Fisioterapia.
Profª Ms. Rosa Maria de Carvalho
Orientadora
Prof. PhD José Marques Novo Júnior
Co-Orientador
Juiz de Fora
2008
DEDICATÓRIAS
Ao meu querido sogro, Walter, que estará sempre presente em nossas
lembranças e em nossos corações.
Cristina Martins Coelho
Dedico este trabalho ao meu vovô querido, que sempre esteve e sempre estará
comigo.
Thaíza Tavares Lessa
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por me conduzir durante toda essa caminhada, principalmente
nos momentos mais difíceis;
Ao meu pai, Pedro, pelo carinho, apoio e compreensão incondicionais;
À minha mãe, Lúcia, colo de todos os instantes, pelo amor, carinho e por me
ajudar durante todo este trabalho;
À minha irmã, Débora, pela amizade e apoio;
Aos meus queridos avós, Joventina e Aristides, pelos exemplos de amor e de fé;
Ao meu namorado, Rafael, pelo amor, paciência e por ter tornado estes cinco
anos tão maravilhosos;
Aos meus sogros, Vera e Walter, por todo carinho e por me fazerem sentir parte
da família;
À minha companheira, Thaíza, que esteve ao meu lado durante todo este
trabalho, pela paciência e amizade;
À nossa orientadora, Rosa, não apenas pelos ensinamentos acadêmicos, mas
principalmente pela pessoa maravilhosa que é, e por ter tornado esse trabalho uma
experiência tão gratificante;
Ao nosso co-orientador, José Marques, pela colaboração preciosa;
À Lílian e Jorge, membros da banca examinadora, pela grande contribuição;
À Neimar Fernandes, pela disponibilidade em nos ajudar quando necessitamos;
À Ana Beatriz, por me ajudar a construir o equilíbrio necessário a todos os
momentos de minha vida;
À Sra. Ana Angélica, atual Secretária de Administração e Recursos Humanos da
Prefeitura de Juiz de Fora, por ter possibilitado a realização deste estudo;
Às alunas do Programa de Atividade Física e Qualidade de Vida da Prefeitura de
Juiz de Fora, por se disponibilizarem a nos ajudar e pela grande colaboração
durante as avaliações;
Aos meus queridos amigos de turma, dos quais sentirei imensa saudade...
E a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste
trabalho.
Cristina Martins Coelho
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à minha família, em especial minha mãe, que sempre
esteve ao meu lado, me apoiando e incentivando em todos os momentos;
À Cristina, que ultrapassou a barreira entre paciência e amizade, se tornando
uma grande companheira;
À Rosa, por transmitir tanta segurança e pela sua presença sempre
tranquilizadora;
À Lílian, Jorge e Marques, meus sinceros agradecimentos pela colaboração
neste estudo!
À Deus, por sempre guiar meus passos.
Thaíza Tavares Lessa
RESUMO
Introdução: O Yoga é um sistema filosófico milenar originário da Índia, cujo objetivo
principal é o desenvolvimento da união entre corpo e mente através de exercícios,
respiração e meditação, visando o bem-estar físico e mental do indivíduo. Diversos
estudos têm mostrado os benefícios provocados pelas alterações fisiológicas
advindas da prática regular do Yoga. Objetivo: Avaliar os efeitos do Yoga em
mulheres saudáveis participantes do Programa de Atividade Física e Qualidade de
Vida da Prefeitura de Juiz de Fora, no que diz respeito a: frequência cardíaca de
repouso (FC), frequência respiratória de repouso (FR), pressões arteriais sistólica
(PAS) e diastólica (PAD) de repouso, força da musculatura respiratória (PImax e
PEmax), mobilidade torácica axilar (MAx) e xifóidea (MXif), capacidade vital forçada
(CVF), pico de fluxo expiratório (PFE), flexibilidade de isquiotibiais e qualidade de
vida (QV). Métodos: Estudo transversal controlado, no qual participaram 25
mulheres saudáveis, sendo os grupos YOGA e CONTROLE compostos por 13 e 12
voluntárias, respectivamente. A FC foi avaliada pelo método palpatório; a FR,
através da contagem em um minuto; a pressão arterial, através do método
auscultatório; PImax e PEmax, através da manovacuometria; MAx e MXif, através da
cirtometria; CVF e PFE através da espirometria; flexibilidade de isquiotibiais, através
do teste de sentar e alcançar (TSA); e QV, através do questionário SF-36. Foram
ainda avaliadas as características antropométricas de ambos os grupos.
Resultados: Foram encontradas diferenças significativas nos valores de FR e PAD,
que se apresentaram menores no grupo YOGA, além de maiores valores para MAx,
MXif, PImax, PEmax e no TSA, também com significância estatística. Além disso, as
voluntárias do grupo YOGA apresentaram pontuação significativamente mais
elevada no domínio “dor” e no escore físico geral do questionário SF-36.
Conclusão: Na população avaliada, a prática regular de Yoga apresentou impactos
positivos sobre as variáveis FR, PAD, MAx, MXif, PImax, PEmax, qualidade de vida
e flexibilidade de isquiotibiais.
Palavras-chave: Yoga, qualidade de vida, espirometria
ABSTRACT
Introduction: Yoga is an ancient philosophic system originated in India thousands of
years ago, which aims the achievement of mind and body union, through exercises,
breathing and meditation. It seeks the development of individual’s physical and
mental well-being. Many studies have demonstrated the physiological benefits of
regular Yoga practice. Objectives: To assess the effects of Yoga in healthy women
participating in the Juiz de Fora´s City Hall's program “Atividade Física e Qualidade
de Vida” regarding: resting heart rate, resting respiratory rate, resting blood pressure,
respiratory muscle strength, chest wall mobility, forced vital capacity, peak expiratory
flow, lower body flexibility and quality of life. Methods: Transversal and controlled
study, in which 25 healthy women were assessed and divided in two groups: YOGA
and CONTROL, with 13 and 12 volunteers respectively. The following parameters
were evaluated: resting heart rate (HR) through palpatory method; resting respiratory
rate (RR) counted during one minute; resting blood pressure (BP), through
auscultatory method; maximal inspiratory and expiratory pressures (MIP and MEP),
using the manovacuometer; axillar and xifoid mobility (AMob and XMob), through
cirtometry, forced vital capacity and peak expiratory flow (FVC and PEF), through
spirometry; lower body flexibility, through the “sit and reach test”; and quality of life,
through the SF-36 questionnaire. Results: Significant differences were found in RR
and diastolic blood pressure (DBP) values, which were lower in the YOGA group,
besides higher AMob, XMob, MIP, MEP and lower body flexibility values in the same
group. The “pain” domain and the overall physical score were also higher in the
YOGA group. Conclusion: In the evaluated population, the regular Yoga practice
showed positive outcomes in the following parameters: RR, DBP, AMob, XMob, MIP,
MEP, lower body flexibility and quality of life.
Key words: Yoga, quality of life, spirometry
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Página
Figura 1: Boxplot dos dados de idade
28
Figura 2: Boxplot dos dados de massa corporal
29
Figura 3: Boxplot dos dados de estatura
29
Figura 4: Boxplot dos dados de índice de massa corporal
30
Figura 5: Boxplot dos dados de frequência cardíaca
31
Figura 6: Boxplot dos dados de frequência respiratória
32
Figura 7: Boxplot dos dados de pressão arterial
33
Figura 8: Boxplot dos dados de mobilidade torácica
34
Figura 9: Boxplot dos dados de capacidade vital forçada e pico de fluxo
35
expiratório
Figura 10: Boxplot dos dados das pressões inspiratória e expiratória
36
máximas
Figura 11: Boxplot dos dados de flexibilidade de isquiotibiais
37
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1: Média e desvio padrão das variáveis mensuradas
30
Tabela 2: Descrição e significância das dimensões do questionário SF-36
38
LISTA DE ABREVIATURAS
a. C. – Antes de Cristo
bpm – Batimentos por minuto
CAS – Centro de Atenção à Saúde
cm – Centímetros
cmH2O – Centímetros de água
CO2 – Dióxido de carbono
CPT – Capacidade Pulmonar Total
CV – Capacidade Vital
CVF – Capacidade Vital Forçada
d. C. – Depois de Cristo
DP – Duplo Produto
FC – Frequência cardíaca
FEF 25-75% – Fluxo Expiratório Forçado 25-75%
FR – Frequência respiratória
HU – Hospital Universitário
IMC – Índice de Massa Corporal
ipm – incursões por minuto
Kg – Quilograma
MAx – Mobilidade Axilar
mmHg – Milímetros de mercúrio
MXif – Mobilidade Xifóidea
O2 – Oxigênio
OMS – Organização Mundial de Saúde
p – Coeficiente de significância
PA – Pressão Arterial
PAD – Pressão Arterial Diastólica
PAM – Pressão Arterial Média
PAS – Pressão Arterial Sistólica
PEmax – Pressão Expiratória Máxima
PFE – Pico de Fluxo Expiratório
PImax – Pressão Inspiratória Máxima
PRP – Produto Razão Pressão
QV – Qualidade de Vida
RPFE – Razão do Pico de Fluxo Expiratório
RPG – Reeducação Postural Global
TSA – Teste de Sentar e Alcançar
UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora
VC – Volume corrente
VEF1 - Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo
VR – Volume Residual
VRE – Volume de Reserva Expiratória
VVM – Ventilação Voluntária Máxima
SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO
13
1.1 Yoga
13
1.2 Yoga e pesquisa científica
16
1.3 Efeitos da prática de Yoga sobre variáveis fisiológicas de indivíduos
saudáveis
16
1.3.1 Efeitos sobre a função ventilatória
17
1.3.2 Efeitos sobre variáveis cardiovasculares
19
1.3.3 Efeitos sobre o sistema musculoesquelético
20
1.3.4 Efeitos sobre a qualidade de vida
20
1.4 Programa de Atividade Física e Qualidade de Vida da Prefeitura de Juiz
de Fora
21
2 OBJETIVOS
22
3 METODOLOGIA
23
3.1 Análise estatística
27
4 RESULTADOS
28
5 DISCUSSÃO
39
5.1 Considerações
48
6 CONCLUSÃO
50
REFERÊNCIAS
51
APÊNDICE I
56
ANEXO I
58
ANEXO II
59
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Yoga
O sistema filosófico-prático denominado Yoga originou-se na Índia há milhares
de anos atrás. Sua origem exata não é conhecida, entretanto, segundo evidências
arqueológicas, remonta a 2500 a.C. (MEIRELES, 2005). O termo yoga deriva da raiz
sânscrita “yuj”, cujo significado é “atrelar, unir ou juntar” (GULMINI, 2002). A partir de
sua origem etimológica, podemos entender o significado mais amplo do Yoga: “a
união harmônica de todos os aspectos constituintes do Ser (físico, mental e
espiritual)” (SILVA, 2005).
Apesar de sua origem milenar, a primeira compilação escrita dos princípios do
Yoga da qual se tem notícia, o Yogasutra, atribuído a Patanjali, só ocorreu muitos
séculos depois, entre II a. C. e II d. C (MEIRELES, 2005). Em seu texto, composto
por 194 frases, Patanjali estabelece os princípios do Raja Yoga, também conhecido
como Yoga clássico (GULMINI, 2002).
De acordo com Silva (2005) o termo que melhor define o Yoga é “integração”, e
é justamente a busca por esta integração, ou “Samadhi”, a meta final dos yogis.
Porém, para se atingir tal condição, faz-se necessária ao praticante uma
metodologia composta por princípios, atitudes e técnicas. A metodologia proposta
por Patanjali apresenta o Yoga como um sistema de oito (“asta”) partes (“anga”), que
14
ficou conhecido como Astanga Yoga. Os oito componentes do Yoga de Patanjali
são, a saber:
- “Yamas” e “nyamas”: são os princípios éticos e morais do Yoga. Os yamas, ou
refreamentos, constituem para o yogi os cinco “tu não farás” (GULMINI, 2002), e
são: não cometer violência, não roubar, não mentir, não cobiçar e ser continente
(SILVA, 2005). Já os nyamas, ou observâncias, constituem os cinco “tu farás”
(GULMINI, 2002), e são: pureza, contentamento, austeridade, auto-estudo e autoentrega (SILVA, 2005).
- “Ásanas”: são as posturas, concebidas inicialmente por Patanjali para fins
meditativos. (SILVA, 2005). Objetivam “(...) “estacionar” o corpo físico e mantê-lo
aquietado e quase inoperante, para que a consciência possa prosseguir sem
interrupções seu trabalho de mergulho interior” (GULMINI, 2002, p. 263). Patanjali
não descreve nenhum tipo de postura específica, mas coloca que estas devem ser
estáveis e confortáveis, conduzindo ao relaxamento (SILVA, 2005).
- “Pranayamas”: são os controles do alento. Segundo a teoria indiana, existem
cinco alentos responsáveis pelos processos metabólicos, sendo o mais facilmente
manipulável deles a respiração. Assim, os pranayamas consistem, em sua maioria,
de técnicas de controle respiratório, que objetivam alcançar a suspensão voluntária
da respiração por períodos de tempo cada vez maiores (GULMINI, 2002). Mais uma
vez, Patanjali não define técnicas respiratórias específicas.
- “Pratyahara”: é o retraimento ou a abstração dos sentidos, através do qual o
yogi poderá desligar-se inteiramente do mundo físico (GULMINI, 2002).
- “Dharana”: é a concentração. Segue-se à abstração dos sentidos, e ocorre
quando o yogi é capaz de dirigir toda a sua atenção a um determinado foco
específico (SILVA, 2005).
- “Dhyana”: é a meditação, ou o “(...) processo de concentração profunda,
contínua e totalmente unidirecionada, que exclui as oscilações e movimentos
característicos do pensamento racional” (GULMINI, 2002, p. 264).
- “Samadhi”: é o conceito mais importante do Yoga e objetivo final de toda a
prática. Significa a “(...) contemplação ou concentração total (ou na totalidade) e
voltada para o âmago do sujeito, do si” (GULMINI, 2002, p. 119).
Todos estes componentes, aplicados em conjunto, buscam levar o yogi à
integração, através da correção e do aperfeiçoamento de seu comportamento para
consigo mesmo e para com os outros (GULMINI, 2002).
15
A metodologia proposta por Patanjali tornou-se uma referência quando tratamos
do tema Yoga (SILVA, 2005). Porém, com a passar dos séculos, diversas escolas
foram surgindo e se desenvolvendo, com enfoques e metodologias distintas, mas
todas elas com o mesmo objetivo final: o alcance do Samadhi, ou integração, por
parte do yogi (GULMINI, 2002). Dentre estas escolas, a mais amplamente difundida
no Ocidente é a Hatha Yoga, cujas primeiras referências literárias datam dos
séculos X e XI d. C. (SILVA, 2005). Trata-se de um sistema de técnicas
psicossomáticas, cujo objetivo é alcançar a transformação do corpo, da mente e da
alma, preparando o corpo para as práticas espirituais. Assim, através da disciplina
física, busca atingir o controle orgânico necessário para o alcance da integração. Os
principais componentes deste sistema são (DASSI, 2002):
- Ásanas: posturas cujo objetivo é propiciar ao praticante saúde física e mental.
Devem ser executadas de forma lenta e suave, buscando alcançar estabilidade e
firmeza. Os ásanas podem ser realizados nas posições sentada, deitada e de pé, e
podem ainda ser classificados como invertidos (coração acima do nível da cabeça),
de flexão, extensão, rotação ou flexão lateral da coluna vertebral, de equilíbrio
(MEIRELES, 2005) e meditativos (DASSI, 2002);
- Pranayamas: controle da respiração. As respirações praticadas pelo yogi
podem ser rítmicas, uniformes e regulares, rápidas e tônicas ou lentas e
prolongadas, podendo envolver também o treino da apnéia, seja ao final da
inspiração ou da expiração. Os exercícios respiratórios podem ser praticados em
diversas posições (de pé, sentado ou deitado), tanto em posturas estáticas quanto
durante movimentos corporais dinâmicos (LEITE, 1999);
- Kriyas: técnicas de purificação;
- Nidras: técnicas de relaxamento;
- Bandhas: controle muscular;
- Mudras: gestos reflexológicos;
- Dhyana: meditação.
Devido à semelhança de suas posturas com exercícios físicos convencionais,
bem como aos resultados surpreendentes alcançados com a utilização de suas
técnicas sobre a saúde, o condicionamento físico e padrões estéticos, o Hatha Yoga
se popularizou no Ocidente, principalmente a partir do século XIX (SILVA, 2005), e é
visto por muitos como uma forma alternativa de atividade física.
16
Entretanto, devemos relembrar que o objetivo final desta prática milenar não se
restringe a simplesmente alcançar um corpo mais belo, ou melhorar a saúde. Sua
meta é bem mais ampla e transcende os limites do corpo físico. Conforme salienta
Silva (2005): “Se uma prática tiver somente enfoque corporal não é Yoga”.
1.2 Yoga e a pesquisa científica
Durante muitos séculos, as alterações fisiológicas decorrentes da prática de
Yoga permaneceram no campo do misticismo e do sobrenatural. Os primeiros
estudos que investigaram cientificamente seus efeitos foram realizados na década
de 1920, na Índia, e tiveram como precursor Swami Kuvalayananda, fundador do
Instituto Kaivalyadhana e do jornal “Yoga Mimansa”, onde estes estudos eram
divulgados. A partir de então, diversos autores começaram a estudar os efeitos
fisiológicos da prática regular de Yoga, dentre os quais podem ser destacados
Vinekar, Anand, Dwarkanath, Yogendra, Karambelkar, Bhole, Gharote, dentre outros
(SILVA, 2005).
As investigações acerca do Yoga não se restringem apenas ao Oriente. Em uma
recente análise bibliométrica sobre o uso do Yoga como ferramenta terapêutica,
Khalsa (2004) destaca a predominância de pesquisas indianas sobre o tema.
Segundo o autor, tal predomínio não causa surpresa, uma vez que o Yoga originouse na Índia. Porém, o autor salienta o recente aumento no número de publicações
ocidentais, proporcionalmente maior em relação às pesquisas indianas, e coloca que
tal produção científica deve aumentar em função do crescimento da popularidade do
Yoga no Ocidente. O autor realça também o crescente número de experimentos
randomizados e controlados sobre o tema, demonstrando um aumento na qualidade
e confiabilidade de tais pesquisas.
1.3 Efeitos da prática de Yoga sobre variáveis fisiológicas de indivíduos
saudáveis
17
No Ocidente, o Yoga tem ganhado popularidade como uma forma alternativa de
atividade física. Os benefícios da prática regular de atividade física sobre a saúde
são bem conhecidos e extensivamente documentados. Uma revisão de literatura
realizada com publicações entre os anos de 2000 e 2003 evidenciou os efeitos
positivos da prática regular de atividades físicas, de intensidade moderada, na
prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes tipo II, acidentes vasculares
cerebrais, obesidade, câncer (especialmente de mama e cólon), bem como redução
da mortalidade por todas as causas (BAUMAN, 2004). A prática do Yoga como
atividade física apresenta o atrativo de ser uma experiência diferente dos treinos
aeróbicos e de força tradicionais, além de ser menos extenuante e mais prazerosa
(HAGINS et al, 2007). Em uma revisão de literatura, programas de Yoga
apresentaram eficácia na redução da massa corporal, nos níveis de glicose e
colesterol sanguíneos e na pressão arterial (YANG, 2007).
As pesquisas acerca do impacto da prática de Yoga sobre variáveis fisiológicas
são muito diversificadas e incluem estudos relacionados aos efeitos do Yoga sobre
os sistemas cardiovascular, respiratório e musculoesquelético, dentre outros.
1.3.1 Efeitos sobre a função ventilatória
O sistema respiratório sempre recebeu atenção especial por parte dos
praticantes de Yoga por apresentar simultaneamente controles voluntário e
involuntário. Segundo Rodrigues (2007), o primeiro estudo a investigar o controle
respiratório em praticantes de Yoga foi desenvolvido por Anand e colaboradores em
1961. Neste estudo, foram avaliadas as respostas respiratórias e metabólicas de um
yogi que permaneceu deitado durante dez horas em uma câmara com volume de ar
conhecido e observou-se que este indivíduo não apresentava hiperpnéia ou
taquicardia, mesmo quando havia diminuição de O2 e aumento na concentração de
CO2.
Em relação à função ventilatória, diversas pesquisas a respeito dos efeitos da
prática de Yoga já foram realizadas, com resultados muitas vezes contraditórios.
Villien e colaboradores (2005) conduziram um estudo controlado no qual indivíduos
saudáveis foram treinados em técnicas de respiração yogi, as quais consistiam em
18
manobras
respiratórias
lentas
e
amplas,
próximas
da
capacidade
vital,
acompanhadas por períodos de apnéia ao final da inspiração e da expiração. Foram
avaliados parâmetros como capacidade vital (CV), capacidade pulmonar total (CPT),
volume expiratório forçado de primeiro segundo (VEF1), relação VEF1/CFV, padrão
ventilatório eupnêico, volume corrente (VC), freqüência respiratória (FR), tempo
inspiratório e expiratório, dentre outros. Ao final de dois meses de treinamento diário,
por períodos de 20 a 30 minutos, não foram evidenciadas alterações na função
ventilatória destes indivíduos, exceto no padrão respiratório eupneico, com redução
da FR em virtude do aumento do tempo expiratório. Por outro lado, Harinath e
colaboradores (2004), também em um estudo controlado, avaliaram os efeitos da
prática de Yoga e meditação sobre a função cardiorrespiratória de soldados do
exército saudáveis que praticaram ásanas, pranayamas e meditação diariamente
durante duas horas por um período de três meses, em comparação com soldados
saudáveis que realizaram treinamento físico de rotina pelo mesmo período. Após o
tempo de intervenção, os pesquisadores reportaram um aumento significativo nos
valores de CVF, VEF1, porcentagem do volume expiratório forçado (%VEF1), razão
do pico de fluxo expiratório (RPFE) e ventilação voluntária máxima (VVM) entre os
voluntários que praticaram Yoga, não havendo tal aumento no grupo controle.
Entretanto, não foi evidenciada alteração significativa nos valores de FR em ambos
os grupos.
Em um estudo transversal conduzido por Prakash e colaboradores (2007), a
função ventilatória em termos de VEF1, CVF, pico de fluxo expiratório (PFE), relação
VEF1/CVF e fluxo expiratório forçado 25-75% (FEF 25-75%), foi comparada entre
atletas, praticantes de Yoga e sedentários do gênero masculino. Os autores
encontraram valores semelhantes para CVF, VEF1 e VEF/CVF entre atletas e yogis,
sendo estes significativamente maiores em comparação com os valores encontrados
nos sedentários. Além disso, os praticantes de Yoga apresentaram valores de PFE
significativamente mais elevados em comparação aos outros grupos estudados. Já
Godoy e colaboradores (2006), em um estudo longitudinal comparativo entre
praticantes de Yoga e de ginástica aeróbica, após três meses de intervenção, não
observaram alterações significativas nos valores de CVF, VEF1 e pressão
inspiratória máxima (PImax) em ambos os grupos. Entretanto, o grupo Yoga
apresentou um delta absoluto de pressão inspiratória máxima (PImáx final menos a
19
PImáx inicial) estatisticamente maior em relação aos indivíduos que praticaram
ginástica aeróbica.
A expansão da parede torácica, juntamente com a função ventilatória, foi
avaliada em um estudo controlado por Chanavirut e colaboradores (2006), em
indivíduos
saudáveis
praticantes
de
Yoga.
Foram
encontrados
valores
significativamente maiores tanto para mobilidade torácica quanto para VEF1, FEF
25-75% e CVF após seis semanas de treinamento em ásanas selecionados do
Hatha Yoga, não havendo diferenças em relação ao VC de repouso. Outros autores
também encontraram alterações significativas em parâmetros de função ventilatória
de indivíduos submetidos à prática regular de Yoga, sendo os mais frequentemente
mencionados a CVF e o VEF1 (BIRKEL e EDGREN, 2000; JOSHI et al, 1992;
MAKWANA et al, 1988; YADAV e DAS, 2001).
1.3.2 Efeitos sobre variáveis cardiovasculares
Segundo Meireles (2005), os primeiros estudos a investigar os efeitos das
técnicas de Yoga sobre o sistema cardiovascular foram publicados por Anand e
Chhina e por Wegner, Bagchi e Anand, ambos em 1961. A partir de então, diversos
estudos mostraram influência positiva da prática de Yoga sobre variáveis
cardiovasculares de indivíduos saudáveis. Em um estudo que avaliou os efeitos do
Yoga sobre a resposta cardiovascular ao exercício físico, Madanmohan e
colaboradores (2004), evidenciaram redução nos valores de frequência cardíaca
(FC), pressão arterial sistólica (PAS), duplo produto (DP) e produto razão-pressão
[PRP = (FC x PAS)/ 100] após dois meses de prática de Yoga. Harinath e
colaboradores (2004) observaram uma redução significativa dos valores de pressão
arterial média (PAM), PAS e pressão arterial diastólica (PAD) em homens saudáveis
submetidos à prática diária de Yoga e meditação durante três meses, em
comparação com um grupo controle. Entretanto, os autores não encontraram
alterações significativas nos valores de FC após a intervenção. Um estudo
controlado conduzido por Bharshankar e colaboradores (2001) evidenciou valores de
FC, PAS e PAD estatisticamente menores em indivíduos acima de 40 anos que
haviam praticado Yoga por cinco anos em relação a indivíduos da mesma faixa
20
etária que não praticavam nenhum tipo de atividade física. Em um estudo
comparativo entre praticantes e não praticantes de Yoga, Meireles (2004) encontrou
valores de FC estatisticamente menores entre praticantes de Yoga antes e após
uma série de ásanas em relação aos não praticantes, que realizaram padrões de
mudanças posturais semelhantes aos ásanas.
1.3.3 Efeitos sobre o sistema musculoesquelético
Os padrões posturais envolvidos nos ásanas podem levar ao ganho de força e
flexibilidade por parte de seus praticantes: Tran e colaboradores (2001) reportaram
aumento significativo na flexibilidade e força dos músculos dos membros superiores
e inferiores em indivíduos saudáveis após oito semanas de treinamento de Yoga;
estes resultados foram semelhantes aos encontrados por Cowen e Adams (2004)
após seis semanas de treinamento. Por outro lado, Puymbroeck e colaboradores
(2007), após avaliarem os resultados de um estudo controlado com duração de oito
semanas de prática de Yoga sobre a saúde física de cuidadores informais,
encontraram aumento significativo na força, mas não na flexibilidade, dos membros
superiores e inferiores destes indivíduos.
1.3.4 Efeitos sobre a qualidade de vida
Por trata-se de uma atividade que enfoca simultaneamente os aspectos físico,
mental e espiritual do indivíduo, a prática do Yoga tem sido relacionada com a
melhora da qualidade de vida e do bem estar geral. Oken e colaboradores (2006)
reportaram melhora significativa na qualidade de vida de idosos saudáveis, avaliada
através do Questionário de Qualidade de Vida SF-36, após seis meses de prática de
Yoga. Da mesma forma, Kjellgren e colaboradores (2007) também reportaram
aumento nos níveis de otimismo e diminuição nos níveis de depressão, ansiedade e
stress em indivíduos saudáveis após seis semanas de treino de pranayamas.
21
1.4 Programa de Atividade Física e Qualidade de Vida da Prefeitura de Juiz de
Fora
Em Juiz de Fora, a Prefeitura Municipal vem oferecendo aos seus servidores,
desde julho de 2004, o Programa de Atividade Física e Qualidade de Vida, que
objetiva estimular a prática da atividade física, a adoção de hábitos de vida
saudáveis e a integração entre os servidores, com consequente melhora da
qualidade de vida. Idealizado por uma professora de Educação Física, este
programa é constituído por aulas de Yoga, Dança de Salão e Ginástica Laboral. O
programa é desenvolvido através do Departamento de Ambiência Organizacional
(DAMOR), que visa à promoção de ambientes de trabalho saudáveis e a melhora da
qualidade de vida dos servidores municipais.
Em relação à prática do Yoga, o programa já teve adesão de cerca de 250
servidores. Atualmente, aproximadamente 100 alunos frequentam as aulas de Yoga,
que são realizadas na sala multiuso do Museu Ferroviário. Os alunos são divididos
em cinco turmas e participam de duas aulas semanais, com duração de uma hora.
As turmas são constituídas essencialmente por mulheres adultas.
Segundo a professora / coordenadora, os principais resultados relatados pelas
alunas são a melhora da flexibilidade e da postura, diminuição nos níveis de
ansiedade, aumento da amplitude e diminuição do ritmo respiratório. Desta forma,
faz-se necessário avaliar de forma objetiva o que, subjetivamente, está claro para os
yogis: quais são exatamente os benefícios da prática de Yoga, e de que forma
podem ser quantitativamente mensurados? Além disso, não há até o momento
qualquer avaliação objetiva e sistematizada do impacto das aulas de Yoga do
Programa de Atividade Física e Qualidade de Vida sobre os sistemas
cardiorrespiratório e musculoesquelético, bem como sobre a qualidade de vida
dessas alunas. Sendo assim, consideramos importante avaliar os resultados do
referido programa visando ao embasamento da utilização das técnicas do Yoga.
Para tanto, elegemos alguns métodos e técnicas de avaliação, objetivando mensurar
os efeitos do Yoga sobre a função ventilatória, variáveis cardiovasculares,
flexibilidade e qualidade de vida das praticantes de Yoga do referido programa.
22
2. OBJETIVOS
Avaliar os efeitos do Yoga em mulheres saudáveis participantes do Programa de
Atividade Física e Qualidade de Vida da Prefeitura de Juiz de Fora, no que diz
respeito a:
- frequência respiratória de repouso;
- frequência cardíaca de repouso;
- pressão arterial de repouso;
- força da musculatura respiratória;
- mobilidade torácica axilar e xifóidea;
- capacidade vital forçada;
- pico de fluxo expiratório;
- flexibilidade de isquiotibiais;
- qualidade de vida.
23
3. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo controlado, transversal, cuja amostra foi composta por 25
mulheres servidoras da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, com idades entre 18 e
65 anos, não obesas (IMC < 30 Kg/m2), que não apresentavam diagnóstico de
doenças
cardiovasculares
e/ou
respiratórias;
bem
como
limitações
musculoesqueléticas que pudessem impedir a participação efetiva nas aulas de
Yoga. As voluntárias foram divididas em dois grupos: Grupo YOGA, composto por
13 servidoras participantes do programa há pelo menos seis meses e que não
praticassem e/ou tivessem praticado outro tipo de atividade física regular nos últimos
seis meses; Grupo CONTROLE, composto por 12 servidoras com características
antropométricas e idades semelhantes às do Grupo YOGA, que não praticassem
Yoga e não realizassem nenhum tipo de atividade física regular há pelo menos seis
meses.
O presente estudo obteve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em
Seres Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora, com parecer nº. 180/2008
(anexo 1)
Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (apêndice 1),
as participantes foram submetidas à uma avaliação padronizada, que contemplou os
seguintes aspectos:
- Avaliação da frequência respiratória de repouso: avaliada através da
quantificação dos movimentos torácicos e abdominais das voluntárias sentadas,
durante um minuto.
24
- Avaliação da frequência cardíaca de repouso: realizada a partir da palpação do
pulso radial, contando-se o número de pulsações durante um minuto. A voluntária
permaneceu sentada com seu antebraço apoiado sobre uma mesa e em completa
supinação (PORTO, 2004).
- Avaliação da pressão arterial de repouso: realizada com a voluntária sentada,
apoiando o antebraço em supinação sobre uma mesa, mantendo a artéria braquial
ao nível do coração. Inicialmente foi avaliada a pressão arterial sistólica estimada
pelo método palpatório e em seguida as pressões arteriais sistólica e diastólica
foram avaliadas pelo método auscultatório (PORTO, 2004), utilizando-se um
esfigmomanômetro aneróide previamente calibrado.
- Força muscular respiratória: a força da musculatura respiratória pode ser
avaliada através da mensuração das pressões estáticas máximas geradas ao nível
da boca durante esforços inspiratórios e expiratórios, contra uma via aérea ocluída
ou semi-ocluída. Uma vez que tais esforços sejam realizados com a glote aberta, as
pressões medidas ao nível da boca podem ser consideradas iguais às pressões
alveolares. A pressão expiratória máxima (PEmax) é medida usualmente a partir da
capacidade pulmonar total (CPT), uma vez que nesta condição a musculatura
expiratória, em vantagem mecânica, apresentará desempenho máximo. Já a
pressão inspiratória máxima (PImax) é medida em geral a partir do volume de
reserva expiratório (VRE) ou do volume residual (VR), pelos mesmos motivos acima
descritos. As medidas de PImax e PEmax nos permitem avaliar de forma global a
função muscular respiratória do indivíduo. Assim, durante os esforços inspiratórios
máximos é avaliada a atuação conjunta de todos os músculos inspiratórios, tanto
dos principais (diafragma, escalenos, intercostais externos) quanto dos acessórios
(como os peitorais e esternocleidomastóideos). O mesmo ocorre durante os esforços
expiratórios máximos, quando pode-se avaliar em conjunto a atuação dos músculos
abdominais, intercostais internos e de outros músculos da parede abdominal que
desempenham um papel menor durante a expiração forçada (GIBSON, 1995). Os
valores obtidos podem ser então comparados com valores de referência disponíveis
na literatura ou então avaliados através de equações preditivas, em ambos os casos
levando-se em consideração o sexo e a idade do indivíduo. As avaliações foram
realizadas utilizando-se um manovacuômetro aneróide da marca GERAR®, com
intervalo operacional de ± 300 cmH2O, conectado a um circuito plástico que termina
em um bocal. A voluntária utilizou um clipe nasal para evitar a ocorrência de escape
25
aéreo pelas narinas. Uma vez na posição sentada, as voluntárias foram solicitadas a
realizar, a partir de uma expiração completa, um esforço inspiratório máximo, sendo
considerada a PImax, a pressão mais negativa que foi atingida e mantida por pelo
menos um segundo; em seguida, a partir de uma inspiração máxima, solicitamos a
realização de um esforço expiratório máximo, sendo considerada a PEmax a maior
pressão positiva que foi atingida e mantida por pelo menos um segundo. Foram
realizadas três manobras e o maior valor alcançado, tanto para PImax quanto para a
PEmax, foi considerado (SOUZA, 2002). Os valores de PImax e PEmax foram
expressos em termos de porcentagem do esperado para sexo e idade, utilizando-se
como referência as equações preditivas descritas por Neder e colaboradores (1999).
- Mobilidade torácica: avaliada conforme descrito por Kakizaki e colaboradores
(1999) apud Paulin e colaboradores (2003)1, utilizando uma fita métrica colocada nas
regiões axilar e xifóidea do tórax para medir o diâmetro em cada uma dessas
regiões, tanto na inspiração máxima quanto na expiração máxima. As mobilidades
torácicas axilar e xifóidea foram consideradas como as diferenças entre os valores
dos diâmetros encontrados na inspiração e expiração máximas nas respectivas
regiões, sendo considerado para análise o maior valor obtido em três mensurações.
- Capacidade vital: a avaliação da capacidade vital (CV) realizou-se através da
espirometria, um teste fisiológico que avalia como um indivíduo inala ou exala
volumes de ar em função do tempo (MILLER et al, 2005) e que pode ser realizado
durante a respiração lenta ou durante manobras de expiração forçada. Trata-se de
um teste não invasivo muito útil na determinação das condições ventilatórias, tanto
de indivíduos saudáveis quanto de portadores de doença pulmonar. Pode ser
utilizado como ferramenta diagnóstica ou apenas para o acompanhamento do
quadro clínico de determinados pacientes. A CV (expressa em litros) representa o
maior volume de ar que pode ser mobilizado, podendo ser medida tanto na
inspiração quanto na expiração. Se for avaliada a partir de uma manobra expiratória
forçada, desde a capacidade pulmonar total (CPT) até o volume residual (VR) é
chamada de capacidade vital forçada (CVF). Porém, pode ser medida lentamente,
tanto na inspiração, partindo-se do VR, quanto na expiração, partindo-se da CPT.
Em nosso estudo, avaliamos a CVF, solicitando que a voluntária, a partir de uma
1
KAKIZAKI, F. Preliminary report on the effects of respiratory muscle stretch gymnastics on
chest wall mobility in patients with chronic obstructive pulmonary disease. Respiratory Care,
v. 44, p. 409-414, 1999
26
inspiração máxima (até a CPT) expirasse o mais rápida e intensamente possível em
um bocal conectado a um micro computador portátil, onde se encontrava o software
para espirometria Pulmo Win V2.30E®. A voluntária utilizou um clipe nasal para
impedir vazamento de ar pelas narinas. O teste foi repetido três vezes, e o maior
valor obtido considerado (PEREIRA, 2002).
- Pico de fluxo expiratório: trata-se do fluxo máximo de ar expirado durante a
manobra de CVF. É representado num gráfico fluxo x volume, sendo expresso em
litros por segundo. Foi avaliado através da espirometria, sendo considerado para
análise o maior valor de três aferições consecutivas (PEREIRA, 2002).
Os valores alcançados por cada uma das voluntárias para as variáveis CVF e
PFE foram expressos e analisados em termos de porcentagem do esperado para
sexo, idade, massa corporal e estatura, sendo usados como referência os valores
fornecidos pelo software Pulmo Win V2.30E®, utilizado para a realização dos testes
espirométricos.
- Avaliação da flexibilidade dos músculos isquiotibiais, através do teste de sentar
e alcançar (TSA). Neste teste o indivíduo, uma vez sentado no chão com as pernas
unidas e os joelhos estendidos, coloca as plantas dos pés apoiadas contra a borda
de uma caixa de sentar e alcançar (Banco de Wells). Posteriormente, o indivíduo é
solicitado a alcançar à frente o mais distante possível, enquanto mantém as mãos
paralelas, e o ponto mais distante alcançado pela pelas pontas de seus dedos
médios é considerado (HEYWARD, 2004). Foi considerado para análise o maior
valor de três tentativas consecutivas.
- Características antropométricas: massa corporal, estatura e IMC (índice de
massa corporal, calculado como a razão entre a massa corporal em quilogramas e a
estatura em metros ao quadrado), utilizando balança antropométrica mecânica
adulto, disponível no local de realização das aulas.
- Qualidade de vida: foi avaliada através do Questionário de Qualidade de Vida
SF-36 (anexo II). Trata-se de um indicador genérico do estado de saúde utilizado em
estudos experimentais. É composto por trinta e seis questões, divididas em oito
domínios, que avaliam diferentes áreas do estado de saúde (função física,
desempenho físico, dor física, saúde em geral, saúde mental, desempenho
emocional, função social e vitalidade), que, por sua vez, podem ainda ser agrupados
em duas dimensões gerais: saúde física e mental (SEVERO et al, 2006). Maiores
valores indicam melhor desempenho.
27
Antes dos procedimentos de avaliação, a voluntária permaneceu em repouso
durante cinco minutos, sentada em uma cadeira com encosto. As variáveis FC, FR e
PA foram sempre avaliadas antes das demais, com o intuito de evitar possíveis
influências determinadas pelo esforço gerado pelos outros testes.
3.1 Análise estatística
Primeiramente, optou-se pela análise exploratória dos dados, compreendendo o
cálculo da estatística descritiva, através de boxplots. Os dados foram analisados
usando-se o programa Microsoft® Office Excel 2003. A normalidade dos dados foi
testada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov (Splus 4.5, Student Edition, Mathsoft
Inc.).
Com o objetivo de testar os impactos da prática do Yoga sobre as variáveis
avaliadas, foram comparados os dois grupos. O primeiro grupo, formado por doze
pessoas, identificado como CONTROLE, não praticava qualquer atividade física, em
específico, Yoga. O segundo grupo, de treze pessoas, caracterizou-se por
praticantes de YOGA há pelo menos 6 meses. Verificou-se, através do teste t de
Student independente, se houve variação significativa de determinadas variáveis,
considerando-se um nível de significância de 5% (p ≤ 0,05).
Os dados resultantes da aplicação do questionário SF-36 foram descritos
utilizando mediana e percentis. Foram realizadas provas não paramétricas de MannWhitney, uma vez que a distribuição dos dados não se aproximava, numa série de
variáveis, da curva normal, para identificar diferenças significantes entre os dois
grupos: YOGA e CONTROLE. Para análise dos dados, foi utilizado o programa
SPSS, versão 11.0.
28
4. RESULTADOS
A amostra foi composta por vinte e cinco voluntárias, treze no grupo YOGA e
doze no grupo CONTROLE. As avaliações foram realizadas no período de junho a
outubro de 2008, na sala multimeios do Museu Ferroviário. Duas voluntárias
pertencentes ao grupo CONTROLE foram avaliadas no Centro de Atenção à Saúde
(HU/CAS/UFJF). As idades e as características antropométricas da amostra estão
expressas nas figuras 1, 2 e 3.
Figura 1: Boxplot dos dados de idade das voluntárias em cada grupo estudado. Cada caixa
representa o valor mínimo, 1º e 3º quartis e valor máximo, com a mediana ilustrada pela
linha espessa no interior da caixa.
29
Figura 2: Boxplot dos dados de massa corporal das voluntárias em cada grupo estudado.
Cada caixa representa o valor mínimo, 1º e 3º quartis e valor máximo, com a mediana
ilustrada pela linha espessa no interior da caixa.
Figura 3: Boxplot dos dados de estatura das voluntárias em cada grupo estudado. Cada
caixa representa o valor mínimo, 1º e 3º quartis e valor máximo, com a mediana ilustrada
pela linha espessa no interior da caixa.
Observa-se que, apesar da ausência de diferença significativa entre os grupos
com relação à massa corporal e estatura, o grupo CONTROLE apresentou valores
de IMC significativamente mais elevados que o grupo YOGA (figura 4).
30
Figura 4: Boxplot dos dados de índice de massa corporal das voluntárias em cada grupo
estudado. Cada caixa representa o valor mínimo, 1º e 3º quartis e valor máximo, com a
mediana ilustrada pela linha espessa no interior da caixa.
* Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05)
A seguir, a tabela 1 apresenta os valores de média e desvio padrão das variáveis
mensuradas. Observa-se diferença significativa nos valores de FR e PAD, que se
apresentam menores no grupo YOGA, além de maiores valores para MAx, MXif,
PImax, PEmax e flexibilidade de isquiotibiais, também com significância estatística.
Tabela 1: Média e desvio padrão das variáveis mensuradas nos grupos YOGA e
CONTROLE.
YOGA
CONTROLE
FC (bpm)
72,38 ± 6,48
74 ± 9,4
FR (ipm)
15,23 ± 3,32 *
18,16 ± 1,74
PAS (mmHg)
111,84 ± 10,08
115,5 ± 11,22
PAD (mmHg)
73,38 ± 6,89 *
82,5 ± 6,15
MAx (cm)
4,64 ± 1,54 *
3,43 ± 1,95
MXif (cm)
5,11 ± 1,93 *
2,94 ± 1,43
CVF (%)
101,84 ± 9,38
103,75 ±14,38
PFE (%)
101,61 ± 20,21
101,83 ± 8,45
PImax (%)
95,92 ± 28,35*
77,47 ± 21,38
PEmax (%)
97,46 ± 26,13*
82,08 ± 21,14
Flexibilidade (cm)
27,04 ± 8,61 *
18,83 ± 7,17
* Diferença estatisticamente significativa (p<0,05)
31
As figuras seguintes apresentam os boxplots dos valores obtidos para cada uma
das variáveis.
Na figura 5, observa-se que, apesar de não haver diferença significativa, a
mediana da FC do grupo YOGA foi mais baixa do que a obtida pelo grupo
CONTROLE. Além disso, os valores de FC das praticantes de Yoga apresentaram
menor dispersão em relação à mediana.
Figura 5: Boxplot dos dados de frequência cardíaca das voluntárias em cada grupo
estudado. Cada caixa representa o valor mínimo, 1º e 3º quartis e valor máximo, com a
mediana ilustrada pela linha espessa no interior da caixa.
Quanto aos valores de FR, apesar de apresentarem maior variabilidade em
relação à mediana, foram significativamente menores no grupo YOGA (figura 6).
32
Figura 6: Boxplot dos dados de frequência respiratória das voluntárias em cada grupo
estudado. Cada caixa representa o valor mínimo, 1º e 3º quartis e valor máximo, com a
mediana ilustrada pela linha espessa no interior da caixa.
* Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05)
Com relação aos valores de PAS (figura 7), com exceção dos valores
considerados como outliers (representados por x), os valores obtidos no grupo
YOGA apresentaram-se mais homogêneos em comparação aos obtidos pelo grupo
CONTROLE. Já em relação à PAD, observa-se que os resultados obtidos pelo grupo
YOGA apresentaram-se significativamente menores e com maior variabilidade
abaixo da mediana.
33
Figura 7: Boxplot dos dados de pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) das
voluntárias em cada grupo estudado. Cada caixa representa o valor mínimo, 1º e 3º quartis
e valor máximo, com a mediana ilustrada pela linha espessa no interior da caixa.
* Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05)
Na figura 8 podemos observar que o grupo YOGA apresentou valores de
mobilidade axilar e xifóidea significativamente mais elevados que o grupo
CONTROLE. Ambos os grupos apresentaram ampla variação dos resultados em
relação à mediana.
34
Figura 8: Boxplot dos dados de mobilidade axilar (MAx) e xifóidea (MXif) das voluntárias em
cada grupo estudado. Cada caixa representa o valor mínimo, 1º e 3º quartis e valor máximo,
com a mediana ilustrada pela linha espessa no interior da caixa.
* Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05)
Em relação à CVF e ao PFE, não houve diferença significativa entre os valores
obtidos pelos grupos (figura 9). Entretanto, observa-se que os valores de CVF
alcançados pelo grupo YOGA apresentaram-se mais homogêneos em relação à
mediana comparado ao grupo CONTROLE, comportamento inverso ao observado
no PFE.
35
Figura 9: Boxplot dos dados de capacidade vital forçada (CVF) e pico de fluxo expiratório
(PFE) das voluntárias em cada grupo estudado. Cada caixa representa o valor mínimo, 1º e
3º quartis e valor máximo, com a mediana ilustrada pela linha espessa no interior da caixa.
A figura 10 apresenta os valores de PImax e PEmax obtidos pelos grupos.
Observa-se que o grupo YOGA obteve valores significativamente mais elevados que
o grupo CONTROLE em ambas as variáveis, além de maior variabilidade em relação
à mediana.
36
Figura 10: Boxplot dos dados de pressão inspiratória máxima (PImax) e pressão expiratória
máxima (PEmax) das voluntárias em cada grupo estudado. Cada caixa representa o valor
mínimo, 1º e 3º quartis e valor máximo, com a mediana ilustrada pela linha espessa no
interior da caixa.
* Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05)
Da mesma forma, o grupo YOGA apresentou valores de flexibilidade de
isquiotibiais, detectados no TSA, significativamente mais elevados em relação ao
grupo controle (figura 11).
37
Figura 11: Boxplot dos dados de flexibilidade de isquiotibiais, mensurados através do teste
de sentar e alcançar, das voluntárias em cada grupo estudado. Cada caixa representa o
valor mínimo, 1º e 3º quartis e valor máximo, com a mediana ilustrada pela linha espessa no
interior da caixa.
* Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05)
A tabela 2 apresenta os resultados obtidos na análise dos questionários de
qualidade de vida. Foram analisados apenas nove questionários do grupo
CONTROLE, devido a problemas na devolução dos mesmos. No grupo YOGA,
todos os questionários foram analisados. Podemos observar que houve diferença
significativa no domínio “dor” e no escore físico geral, que obtiveram pontuações
mais altas entre as praticantes de Yoga, representando melhor desempenho das
mesmas em relação a esses parâmetros.
38
Tabela 2: Descrição e significância das dimensões do questionário SF-36.
* Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05)
39
5. DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da prática de Yoga em
mulheres saudáveis participantes do Programa de Atividade Física e Qualidade de
Vida da Prefeitura de Juiz de Fora. Para tanto, treze praticantes de Yoga foram
avaliadas e os resultados foram comparados aos obtidos por doze mulheres
saudáveis e sedentárias, que constituíram o grupo CONTROLE. A análise estatística
evidenciou diferença significativa entre os grupos, com valores de FR e PAD mais
baixos no grupo YOGA em relação ao CONTROLE, bem como valores maiores de
MAx, MXif, PImax, PEmax e flexibilidade de isquiotibiais entre as praticantes de
Yoga.
As
voluntárias
do
grupo
YOGA
também
apresentaram
valores
significativamente mais elevados no domínio “dor” e no escore físico geral do
questionário de qualidade de vida SF-36.
Antes de iniciarmos a discussão dos resultados, julgamos que alguns aspectos
envolvendo a pesquisa científica e a prática do Yoga merecem consideração. O
primeiro deles refere-se ao predomínio ainda marcante de estudos realizados em
países orientais, especialmente na Índia (Khalsa, 2004), nos quais a população
apresenta estilos de vida distintos comparados aos países ocidentais. Tal fato pode
restringir a análise comparativa entre resultados obtidos em diferentes países.
Pinheiro e colaboradores (2007), ao avaliar os impactos de um programa de Yoga
sobre a pressão arterial de indivíduos hipertensos, atentam para tais diferenças em
relação ao estilo de vida, salientando a maior prevalência de sedentarismo e
consumo de alimentos com alto teor de sal e gordura entre ocidentais. Outra
questão que deve ser levantada refere-se às variadas formas de intervenção
40
utilizadas em pesquisas e que recebem a mesma denominação genérica de Yoga,
dentre as quais podemos citar estudos que utilizam apenas meditação, pranayamas,
ásanas, ou combinações entre estas técnicas. Como exemplos, podemos citar o
estudo de Chanavirut e colaboradores (2006), que utilizaram apenas ásanas durante
a intervenção, bem como o de Villien e colaboradores (2005), que utilizaram apenas
pranayamas. Paralelamente, a intensidade relativa dos variados ásanas difere entre
os diferentes estilos de Yoga. De fato, Cowen e Adams (2005), ao avaliar o
comportamento da frequência cardíaca de voluntários durante práticas de diferentes
estilos de Yoga, encontraram diferenças significativas entre os grupos, com
freqüências cardíacas mais altas durante a prática de Astanga Yoga. Além disso,
diferentes tipos de ásanas e pranayamas podem provocar respostas fisiológicas
diversas, de acordo com a forma como são aplicados. É o que demonstram Pal,
Velkumary e Madanmohan (2004), ao estudar o efeito de um treinamento de três
meses em pranayamas lentos e rápidos em uma população de jovens saudáveis do
sexo masculino. Os autores encontraram aumento do tônus parassimpático e
redução do tônus simpático nos indivíduos que praticaram pranayamas lentos,
enquanto não foram observadas diferenças nas funções autonômicas dos indivíduos
que praticaram pranayamas rápidos. Sendo assim, vale a pena ressaltar que no
presente estudo foram avaliadas mulheres praticantes de Hatha Yoga, cujas práticas
eram constituídas por ásanas, pranayamas e meditação.
Em relação aos efeitos da prática de Yoga sobre a frequência respiratória de
indivíduos saudáveis, a literatura apresenta resultados bastante controversos. Villien
e colaboradores (2005) encontraram redução da freqüência respiratória de repouso
após dois meses de treinamento diário em “ujjai”, uma espécie de pranayama que
envolve manobras respiratórias amplas e lentas, próximas da capacidade vital,
acompanhadas por períodos de apnéia após a inspiração e a expiração. Em um
estudo envolvendo a comparação entre duas técnicas de relaxamento do Yoga,
Sarang e Telles (2006) evidenciaram redução da frequência respiratória de repouso
entre praticantes de Yoga do sexo masculino após a prática da meditação cíclica.
Tais resultados estão de acordo com os obtidos no presente estudo, no qual foram
encontrados valores de FR significativamente menores entre mulheres praticantes
41
de Yoga em relação às sedentárias. Stanescu e colaboradores (1981 2, apud Villien e
colaboradores, 2005) levantam a hipótese de que o estímulo repetitivo sobre
mecanorreceptores localizados nos pulmões ou nos músculos respiratórios, através
de respirações amplas, poderia levar a um mecanismo de habituação, com redução
da informação aferente aos centros respiratórios. Tal hipótese poderia justificar a
redução da freqüência respiratória decorrente da prática regular de Yoga e de seus
pranayamas. Entretanto, Harinath e colaboradores (2004) não encontraram
alterações significativas na FR de indivíduos submetidos a um período de
treinamento diário de três meses em ásanas e pranayamas. De forma semelhante,
Meireles (2005), ao comparar o comportamento da freqüência respiratória de
praticantes de Yoga antes, durante e após uma série de ásanas ao de nãopraticantes que realizaram uma seqüência de posturas que simulavam tais ásanas,
não encontrou diferença significativa entre os grupos.
Os efeitos do Yoga sobre a freqüência cardíaca de indivíduos saudáveis foram
avaliados em diversos estudos. Em um estudo transversal, Bharshankar e
colaboradores (2003), ao avaliarem indivíduos de ambos os sexos, encontraram
frequências cardíacas de repouso significativamente mais baixas em praticantes de
Yoga em relação aos indivíduos sedentários do grupo controle. Madanmohan e
colaboradores (2004) encontraram impactos positivos na FC de indivíduos do sexo
masculino após um período de 10 semanas de treinamentos diários em ásanas e
pranayamas. Neste estudo, os pesquisadores investigaram a resposta da FC ao
“Harvard step test” antes e após o período de intervenção. Em tal teste, os sujeitos
são solicitados a subir e descer de uma plataforma de 45 cm de altura a uma
frequência de 30 vezes por minuto durante 5 minutos, ou até a fadiga. Após o
período de intervenção, os resultados indicaram redução significativa na FC de
repouso e após a realização do teste. Bowman e colaboradores (1997), ao comparar
os efeitos do treinamento aeróbico e do Hatha Yoga sobre a FC de repouso de
idosos, encontraram valores significativamente menores no grupo Yoga após um
período de treinamento de seis semanas, com frequência de duas vezes por
semana. Meireles (2005), ao estudar o comportamento da FC de praticantes de
Yoga durante uma seqüência de ásanas, encontrou valores significativamente
menores tanto antes quanto após a realização de tal seqüência em comparação com
2
STANESCU, D. C. et al. Pattern f breathing and ventilatory responses to CO2 in subjects
practicing hatha-yoga. Journal of Applied Physiology, v. 51, p. 1625-1629, 1982.
42
indivíduos não praticantes após uma série de posturas que simulavam estes ásanas.
Entretanto, os resultados obtidos no presente estudo não evidenciaram diferença
significativa entre os valores de FC dos dois grupos. Resultados semelhantes foram
descritos por Harinath e colaboradores (2004) que, ao avaliar os efeitos do Hatha
Yoga e da meditação Omkar sobre a FC de indivíduos saudáveis, não encontraram
alterações significativas após um período de três meses de treinamento diário com
tais técnicas.
No presente estudo, foram encontrados níveis de PAD significativamente
menores no grupo YOGA. De fato, a maior parte das pesquisas relacionando
pressão arterial e Yoga apresenta como resultados redução dos níveis pressóricos
após um período de prática regular de Yoga. Harinath e colaboradores (2004)
estudaram os efeitos da prática diária de Hatha Yoga e meditação sobre a PA de
jovens saudáveis do sexo masculino e encontraram, após três meses de
intervenção, redução significativa nos níveis de PAS, PAD e PAM. Em um estudo
transversal,
Bharshankar
e
colaboradores
(2003)
encontraram
resultados
semelhantes, com níveis pressóricos significativamente mais baixos em indivíduos
saudáveis praticantes de Yoga comparados a sedentários. Chen e Tseng (2008), em
estudo longitudinal com duração de quatro semanas, encontraram redução
significativa nos níveis de PAS em idosos saudáveis submetidos a um programa de
Hatha Yoga. Da mesma forma, Madanmohan e colaboradores (2004), após 10
semanas de treinamentos diários em ásanas e pranayamas, encontraram redução
significativa nos níveis de PAS de repouso e após a realização do “Harvard step
test” em indivíduos saudáveis do sexo masculino. Cowen e Adams (2005), após seis
semanas de treinamento com indivíduos saudáveis em Astanga e Hatha Yoga,
encontraram diminuição significativa nos valores de PAD no grupo que praticou
Astanga Yoga. Vários autores (HARINATH et al, 2004; JERATH, 2006; KHATTAB,
2007; PAL; VELKUMARY; MADANMOHAN, 2004) relacionam a prática das técnicas
de Yoga, em especial pranayamas, com alterações na modulação autonômica, que
levam a um predomínio do tônus parassimpático. Tais alterações, segundo os
mesmos autores, podem levar a uma redução nos níveis pressóricos, bem como dos
valores de FC. Além disso, Pinheiro e colaboradores (2007) propõem como um dos
mecanismos responsáveis pelo efeito hipotensivo do Yoga, a redução dos níveis de
estresse físico e mental advindos da prática. Em contrapartida, Bowman e
colaboradores (1997), não encontraram diferenças significativas nos níveis
43
pressóricos de idosos saudáveis após seis semanas de prática de Hatha Yoga
comparada ao treinamento aeróbico.
Nesse ponto, devemos considerar a influência do horário da realização das
avaliações sobre as variáveis pressão arterial e frequência cardíaca. Em virtude da
disponibilidade das voluntárias, a maior parte das avaliações do grupo YOGA
ocorreu pela manhã, enquanto no grupo CONTROLE a maioria das voluntárias foi
avaliada no período da noite. Sabe-se que a pressão arterial e frequência cardíaca
apresentam variação circadiana, com maiores valores encontrados nas primeiras
horas da manhã (ELLIOTT, 1999; PAPAIOANNOU et al, 2006). Sendo assim, devido
a esta falha metodológica, nossos resultados em relação à PA e FC devem ser
apreciados com cautela.
Outra questão que merece ser levada em consideração refere-se ao expressivo
número de outliers apresentado nos resultados da variável PAS do grupo YOGA.
Uma vez que foram encontrados valores de PAD significativamente menores entre
as praticantes de Yoga, poderia ser esperado que o mesmo acontecesse em relação
à PAS. Entretanto, devido ao tamanho reduzido da amostra, o grande número de
outliers (4 em 13) pode ter influenciado a análise estatística. Sendo assim, acreditase que uma amostra maior e mais homogênea seja necessária para análise mais
adequada deste parâmetro.
Em relação à força da musculatura respiratória, os resultados encontrados no
presente estudo evidenciaram maiores valores entre as praticantes de Yoga.
Determinados pranayamas que envolvem inspirações e expirações forçadas com
uma das narinas ocluída podem promover um treinamento muscular respiratório,
uma vez que aumentam a resistência contra a qual são realizados (PRAKASH;
MESHRAM; RAMTEKKAR, 2007). Além disso, a prática de Yoga envolve ásanas
que promovem alongamento da musculatura torácica, envolvida na mecânica
respiratória. Uma vez que, para que possa desenvolver uma tensão máxima, o
músculo deve-se encontrar em um comprimento ótimo (NORKIN; LEVANGIE, 2001),
tal alongamento pode exercer uma influência positiva sobre a capacidade de gerar
força dos músculos respiratórios. É o que mostraram Moreno e colaboradores
(2007), que encontraram aumento da força muscular respiratória após um programa
de alongamento baseado no método de Reeducação Postural Global (RPG),
direcionado para a musculatura respiratória. Entretanto, Godoy e colaboradores
(2006), ao avaliarem a influência da prática de Yoga sobre a força da musculatura
44
respiratória, encontraram resultados distintos. O estudo envolveu a comparação
entre Yoga e atividades aeróbicas e, após um período de treinamento de três
meses, foram encontrados aumentos não significativos nos valores de pressão
inspiratória máxima (PImáx) em ambos os grupos. Porém, o delta absoluto de
variação (calculado como PImáx final – PImáx inicial) foi significativamente maior
entre os praticantes de Yoga.
A revisão de literatura identificou apenas um estudo relacionando os efeitos da
prática de Yoga sobre a mobilidade torácica. Chanavirut e colaboradores (2006), em
um estudo longitudinal com duração de seis semanas, avaliaram os efeitos da
prática de ásanas selecionados do Hatha Yoga sobre a expansibilidade torácica de
indivíduos saudáveis, encontrando aumento significativo após o período de
treinamento. Os resultados do presente estudo evidenciaram valores de MAx e MXif
significativamente mais elevados entre as praticantes de Yoga. Tais resultados
podem ser atribuídos aos padrões de movimento e postura envolvidos na prática do
Hatha Yoga, que vão desde a realização de manobras respiratórias lentas e
profundas, até ásanas que propiciam o alongamento muscular e a mobilização de
articulações envolvidas na mecânica respiratória. De fato, a influência do
alongamento
da musculatura
respiratória
sobre a
mobilidade
torácica foi
demonstrada por Moreno e colaboradores (2007). Estes autores encontraram
aumento significativo nos valores de mobilidade toracoabdominal de indivíduos
sedentários submetidos a um programa de oito semanas de alongamento da
musculatura respiratória através do método de Reeducação Postural Global (RPG).
Pode-se especular de que forma a maior mobilidade torácica apresentada por
praticantes de Yoga pode se refletir em um padrão respiratório otimizado nesta
população. Leite (1999) comparou os padrões de movimento respiratório de
mulheres idosas praticantes e não praticantes de Yoga, através da análise
cinemática tridimensional para reconstrução da superfície anterior do tronco em
movimento. Em seu estudo, a autora utilizou a definição e o cálculo de duas áreas
parciais denominadas área superior e área inferior, de forma que a caracterização e
a comparação do padrão respiratório foram feitas através da variação em função do
tempo e da correlação entre tais áreas. As avaliações ocorreram durante a
realização de doze respirações voluntárias máximas, e evidenciaram valores de
correlação significativamente mais altos entre as praticantes de Yoga, indicando um
padrão respiratório predominantemente otimizado neste grupo. Paralelamente,
45
Villien e colaboradores (2005) investigaram os efeitos da prática diária de
pranayamas sobre o padrão ventilatório eupneico de indivíduos saudáveis através
da pletismografia corporal e evidenciaram, após dois meses de intervenção, redução
da freqüência respiratória de repouso, graças a um aumento do tempo expiratório.
A capacidade vital foi objeto de diversos estudos envolvendo a prática de Yoga
em indivíduos saudáveis. Villien e colaboradores (2005), após um período de dois
meses de treinamento diário em pranayamas, não encontraram diferenças
significativas nos valores de capacidade vital pré e pós intervenção. Prakash,
Meshram e Ramtekkar (2007), em um estudo transversal comparando a função
ventilatória de atletas, yogis e sedentários, também não encontraram diferença
significativa nos valores CVF entre os grupos. Resultados semelhantes foram
obtidos por Godoy e colaboradores (2006), ao comparar os efeitos do Yoga e da
ginástica aeróbica sobre índices espirométricos. Após três meses de treinamento
nas duas modalidades não foram encontradas alterações nos valores de CVF pré e
pós intervenção, nem diferenças significativas entre os grupos. Os resultados do
presente estudo corroboram os apresentados pelos autores citados, uma vez que
não foram encontradas diferenças significativas entre os valores de CVF dos grupos
avaliados. Entretanto, a literatura apresenta estudos com resultados diferentes.
Harinath e colaboradores (2004), após três meses de treinamento diário em Hatha
Yoga e meditação com voluntários do sexo masculino, encontraram aumento
significativo nos valores de CVF. Chanavirut e colaboradores (2006) também
encontraram aumento significativo nos valores de CVF em indivíduos saudáveis
após um período de seis semanas de treinamento em ásanas de Hatha Yoga.
Em relação à prática de Yoga e valores de pico de fluxo expiratório (PFE),
apenas um artigo envolvendo indivíduos saudáveis foi encontrado em nosso
levantamento bibliográfico. Em tal estudo, de caráter transversal, Prakash, Meshram
e Ramtekkar (2007) compararam a função ventilatória de atletas, yogis e
sedentários, encontrando valores de PFE significativamente mais altos entre
praticantes de Yoga. Os autores atribuem tal achado a uma maior força da
musculatura respiratória entre yogis. Entretanto, no presente estudo, não foram
encontradas diferenças significativas nos valores de PFE obtidos entre os grupos.
Uma vez que as praticantes de Yoga apresentaram maiores valores para força
muscular
respiratória
e
mobilidade
torácica,
poderia
ser
esperado
que,
consequentemente, o mesmo acontecesse em relação à CVF e ao PFE. No entanto,
46
pode-se observar que os valores de mediana apresentados por ambos os grupos
situaram-se acima de 100% do esperado para idade, sexo, massa corporal e
estatura, o que torna improvável a possibilidade de diferença significativa entre os
grupos com relação a esses parâmetros.
A flexibilidade pode ser definida como a habilidade de um músculo alongar-se,
permitindo que a articulação se mova através de toda sua amplitude de movimento.
Em relação aos músculos isquiotibiais, devido às suas inserções nas articulações do
quadril e do joelho, influenciam diretamente o equilíbrio antero-posterior da pelve,
afetando indiretamente a lordose lombar. Dessa forma, a flexibilidade adequada de
tais músculos torna-se importante para o correto equilíbrio postural, manutenção da
amplitude de movimento de quadril e joelhos, bem como prevenção de lesões
(BRASILEIRO; FARIA; QUEIROZ, 2007; CARREGARO; SILVA; COURY, 2007). O
impacto da prática do Yoga sobre a flexibilidade de membros inferiores foi avaliado
por diversos autores. Oken e colaboradores (2006), ao avaliar os efeitos de um
programa semanal de Iyengar Yoga em idosos saudáveis, observaram aumento
significativo da flexibilidade de membros inferiores após seis meses de intervenção.
Resultados semelhantes foram obtidos por Cowen e Adams (2005) ao avaliar os
efeitos de um programa de seis semanas de Astanga e Hatha Yoga em adultos
saudáveis. Após o período de intervenção, houve um aumento significativo nos
valores de flexibilidade de ambos os grupos. No presente estudo, foram encontrados
valores de flexibilidade de isquiotibiais significativamente mais altos entre as
praticantes de Yoga, o que pode ser atribuído aos padrões de ásanas e posturas
desenvolvidos nas práticas, que proporcionam o alongamento das diversas cadeias
musculares envolvidas. Entretanto, resultados distintos foram encontrados por Chen
e Tseng (2008) em um estudo envolvendo a prática de Hatha Yoga adaptada para
idosos, denominada pelos autores de “Silver Yoga”. Após um período de intervenção
de quatro semanas, com frequência de três vezes por semana, os autores
encontraram aumento da flexibilidade de mulheres idosas que participaram do
referido programa. Tal aumento, porém, não foi estatisticamente significativo.
A qualidade de vida é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como
“um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a
ausência de doença”. Ainda segundo a OMS, a qualidade de vida é influenciada, de
forma complexa, pela saúde física do indivíduo, estado psicológico, relações sociais,
nível de independência, dentre outros fatores (WHO, 1997). Desta forma o Yoga,
47
enquanto prática holística que engloba simultaneamente os aspectos físico, mental e
espiritual do indivíduo, pode exercer impactos positivos sobre a qualidade de vida de
seus praticantes. A relação entre qualidade de vida e Yoga foi avaliada por Oken e
colaboradores (2006) em idosos saudáveis. Estes foram submetidos a um programa
semanal de Iyengar Yoga durante seis meses, e foram comparados a indivíduos
controle e a idosos que praticaram caminhada pelo mesmo período de tempo. Após
o período de intervenção, foi observada melhora significativa na qualidade de vida
dos voluntários que praticaram Yoga, mensurada através do Questionário de
Qualidade de Vida SF-36. No presente estudo, observou-se que as praticantes de
Yoga apresentaram pontuações significativamente mais elevadas no domínio “dor” e
no escore físico geral do questionário SF-36 em relação ao grupo CONTROLE. Além
disso, houve uma tendência não significativa de maiores pontuações entre as
voluntárias do grupo YOGA no domínio “estado geral de saúde”. Pode-se observar
que, na população estudada, a prática de Yoga apresentou maiores influências nos
aspectos físicos em relação aos mentais. Acreditamos que a ausência de diferença
significativa entre os grupos com relação aos aspectos mentais deva-se a pouca
especificidade do Questionário de Qualidade de Vida SF-36 para a detecção das
alterações mais significativas geradas pela prática de Yoga, reportadas por seus
praticantes principalmente como redução nos níveis de ansiedade e estresse. Por
outro lado, Chen e Tseng (2008) avaliaram os efeitos de um programa de Yoga com
duração de quatro semanas sobre a qualidade de vida de mulheres idosas,
utilizando-se de uma versão reduzida do questionário SF-36, denominada SF-12.
Após o período de intervenção, os autores não encontraram diferenças significativas
em relação aos escores obtidos na avaliação inicial. Pode-se supor que o reduzido
tempo de intervenção neste estudo não foi suficiente para provocar modificações
expressivas na qualidade de vida dos indivíduos avaliados.
Os benefícios advindos da prática regular de Yoga não se restringem apenas a
indivíduos saudáveis. Apesar da aplicação de forma terapêutica não ser o foco
principal da prática, seus benefícios sobre os sistemas musculoesquelético e
cardiorrespiratório têm despertado atenção quanto a sua utilização como terapia
adjuvante em diversas condições clínicas. De fato, o Yoga tem sido utilizado como
recurso alternativo no tratamento de patologias como asma (MANOCHA et al, 2002),
doença pulmonar obstrutiva crônica (KATIYAR; BIHARI, 2006), hipertensão arterial
48
(PINHEIRO et al, 2007; VIJAYALAKSHMI et al, 2004), lombalgia (SHERMAN et al,
2005), síndrome do túnel do carpo (GARFINKEL et al, 2008), dentre outras.
Finalmente, os resultados obtidos no presente estudo corroboram as evidências
científicas acerca dos impactos positivos do Yoga em indivíduos saudáveis, dando
suporte adicional para sua aplicabilidade enquanto possível recurso complementar
para diversas condições de saúde. Tal aplicabilidade deve-se não apenas aos
efeitos benéficos da prática do Yoga sobre diversos sistemas e determinadas
condições clínicas, mas também ao seu potencial em aumentar a aderência ao
tratamento, por tratar-se de uma prática prazerosa e holística. Assim, acredita-se
que a Fisioterapia tem muito a se beneficiar ao incorporar as técnicas desta filosofia
milenar ao seu leque de opções terapêuticas, aliando os benefícios sobre a saúde
da prática de Yoga à possibilidade de um trabalho fora do ambiente hospitalar.
7.1 Considerações
Dentre as limitações do presente estudo, podemos citar o caráter não cego das
avaliações, uma vez que as pesquisadoras tinham conhecimento prévio a respeito
do grupo ao qual cada voluntária pertencia. Isto ocorreu devido ao horário de
realização das coletas de dados, que, por questão de conveniência para voluntárias
e pesquisadoras, coincidiu com os horários das aulas de Yoga.
Além disso, o número reduzido de voluntárias dificulta a generalização dos
resultados a toda população de praticantes de Yoga. Este número reduzido deve-se,
em grande parte, à dificuldade de se encontrar, dentro da população de alunos
participantes do Programa de Atividade Física e Qualidade de Vida da Prefeitura de
Juiz de Fora, indivíduos que praticassem apenas Yoga, já que os mesmos são
estimulados pelos professores a realizar outros tipos de atividades físicas.
Com relação às características antropométricas, houve diferença significativa
entre os valores de IMC apresentados pelos grupos, com maiores índices entre as
voluntárias do grupo CONTROLE. Paralelamente, foi observada variação de idade
entre os grupos, com maiores valores apresentados pelo grupo CONTROLE, porém
sem significância estatística. Apesar de não haver diferença significativa entre os
grupos com relação à estatura e massa corporal, julgamos que os maiores valores
49
de idade apresentados pelo grupo CONTROLE possam ter influenciado os valores
de IMC, uma vez que este índice tende a aumentar em função da idade. Entretanto,
acreditamos que este fato não influenciou os demais resultados, uma vez que todas
as voluntárias apresentaram IMC abaixo de 30 Kg/m², valor limítrofe para
classificação de obesidade.
Como já citado anteriormente, deve-se considerar o horário de realização das
coletas de dados. A maior parte das avaliações do grupo YOGA ocorreu pela
manhã, enquanto no grupo CONTROLE a maioria das voluntárias foi avaliada no
período da noite. Tal fato foi determinado pela disponibilidade de horário das
voluntárias.
Apesar de todas as voluntárias do grupo YOGA participarem do projeto há mais
de seis meses, não foi possível ter controle rígido sobre a frequência de cada uma
delas às práticas. Sendo assim, nos baseamos nos relatos informais de cada
participante a respeito de sua frequência às aulas.
Dessa forma, sugere-se que novos estudos sejam realizados, com um maior
número de voluntários e maior homogeneidade da amostra. Além disso, sugere-se a
avaliação de outros aspectos relacionados à prática de Yoga, como equilíbrio,
redução dos níveis de ansiedade e estresse, os quais não foram abordados no
presente estudo.
50
6. CONCLUSÃO
Na população avaliada, composta por mulheres saudáveis, a prática regular
de Hatha Yoga resultou em impactos positivos em relação a: FR, PAD, MAx, MXif,
PImax, PEmax, flexibilidade de isquiotibiais e em determinados aspectos da
qualidade de vida mensurados através do questionário SF-36. Dessa forma, o Yoga
deve ser valorizado como prática capaz de influenciar positivamente diversos
aspectos da saúde e da qualidade de vida.
51
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56
APÊNDICE I
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Eu,
____________________________________________________________,
Identidade:
__________________,
residente
à
,
nº
Rua.____________________________________
___________________________, Bairro _______________________________ e
telefone __________________________, concordo em participar do Projeto de
Pesquisa “Avaliação de variáveis cardiológicas, função ventilatória, flexibilidade e
qualidade de vida em mulheres praticantes de Yoga e sedentárias”, coordenado pela
Profª Rosa Maria de Carvalho, professora do Depto. de Fisioterapia da Faculdade de
Medicina da UFJF.
Declaro ter sido esclarecido(a) a respeito de todos os
procedimentos de avaliação funcional listados abaixo:
1. Avaliação das características antropométrica - peso, altura e índice de massa
corporal (IMC), através de balança antropométrica adulto.
2. Questionário de avaliação de Qualidade de Vida (SF-36) - avalia diferentes
áreas do estado de saúde: função física, desempenho físico, dor física, saúde
em geral, saúde mental, desempenho emocional, função social e vitalidade;
3. Capacidade Vital - representa o maior volume de ar que pode ser mobilizado,
podendo ser medido tanto na inspiração quanto na expiração, utilizando-se
espirômetro conectado a um computador portátil;
4. Pico de fluxo expiratório - realizado a partir de uma inspiração máxima
seguida por uma expiração mais rápida e forte possível, sendo considerado o
melhor valor individual de três aferições consecutivas. Será medido utilizandose espirômetro conectado a um computador portátil;
5. Mobilidade torácica - medida de diâmetros torácicos, utilizando-se fita métrica,
em situação de respiração tranqüila, inspiração e expiração máximas;
6. Pressões inspiratória e expiratória máximas – medida de esforços inspiratório
e expiratório máximos utilizando-se aparelho intitulado Manovacuômetro;
7. Teste de sentar e alcançar – forma de avaliação da flexibilidade dos músculos
posteriores dos membros inferiores e da coluna lombar: o indivíduo, uma vez
sentado no chão com as pernas juntas e os joelhos estendidos, coloca as
plantas dos pés apoiadas contra a borda de uma caixa. Será então solicitado
57
a alcançar à frente o mais distante possível, e o ponto mais distante
alcançado pela pelas pontas de seus dedos é considerado.
8. Mensuração da pressão arterial e das frequências cardíaca e respiratória.
Estou ciente que esta pesquisa busca avaliar os efeitos do referido programa
de Yoga da PJF nas variáveis cardiorrespiratórias e musculoesqueléticas supra
citadas e que os procedimentos de avaliação descritos oferecem riscos mínimos à
minha pessoa (risco este compatível ao que pode ocorrer todos os dias quando, por
exemplo saímos de casa),
que os dados obtidos nesta pesquisa poderão ser
divulgados em publicações, ficando a minha identidade preservada e que, a
qualquer momento, poderei retirar meu consentimento sem qualquer penalização ou
prejuízo à minha pessoa.
Estou esclarecido (a) de que, se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a
ética da pesquisa, posso entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Juiz de Fora (CEP-UFJF), situado na Pró Reitoria de
Pesquisa – Campus Universitário s/n – Bairro Martelos – Juiz de fora – MG, CEP
36036-900, fone/fax: (32) 3229-3788, e-mail: [email protected]
___________________________________________
Assinatura
___________________________________________
Profª Rosa Maria de Carvalho - Coordenadora da pesquisa
Departamento de Fisioterapia / FacMed / UFJF – Tel: 3229-3843 – 8824-2352
[email protected]
58
ANEXO I
59
ANEXO II
Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida SF-36
1- Em geral você diria que sua saúde é:
Excelente
1
Muito Boa
2
Boa
3
Ruim
4
Muito Ruim
5
2- Comparada há um ano atrás, como você se classificaria sua saúde em geral,
agora?
Muito Melhor Um Pouco Melhor
Quase a
Um Pouco Pior Muito Pior
Mesma
1
2
3
4
5
3- Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente
durante um dia comum. Devido à sua saúde, você teria dificuldade para fazer estas
atividades? Neste caso, quando?
Atividades
Sim,
dificulta
muito
Sim,
dificulta
um pouco
Não, não
dificulta de
modo
algum
a) Atividades vigorosas, que
exigem muito esforço, tais como
correr, levantar objetos pesados,
participar de esportes.
1
2
3
b) Atividades moderadas, tais
como mover uma mesa, passar
aspirador de pó, jogar bola,
varrer a casa.
1
2
3
c) Levantar ou carregar
mantimentos
1
2
3
d) Subir vários lances de escada
1
2
3
e) Subir um lance de escada
1
2
3
f) Curvar-se, ajoelhar-se ou
dobrar-se
1
2
3
g) Andar mais de 1 quilômetro
1
2
3
h) Andar vários quarteirões
1
2
3
i) Andar um quarteirão
1
2
3
j) Tomar banho ou vestir-se
1
2
3
60
4- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com
seu trabalho ou com alguma atividade diária regular, como conseqüência de sua
saúde física?
Sim
Não
a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava
ao seu trabalho ou a outras atividades?
1
2
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria?
1
2
c) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou em outras
atividades.
1
2
d) Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras
atividades (p. ex. necessitou de um esforço extra).
1
2
5- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com
seu trabalho ou outra atividade regular diária, como conseqüência de algum
problema emocional (como se sentir deprimido ou ansioso)?
Sim
Não
a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava
ao seu trabalho ou a outras atividades?
1
2
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria?
1
2
c) Não realizou ou fez qualquer das atividades com tanto
cuidado como geralmente faz.
1
2
6- Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas
emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família,
vizinhos, amigos ou em grupo?
De forma nenhuma Ligeiramente Moderadamente
1
2
3
Bastante
4
Extremamente
5
7- Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?
Nenhuma
Muito
leve
Leve
Moderada
Grave
Muito grave
1
2
3
4
5
6
8- Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com seu trabalho normal
(incluindo, tanto o trabalho fora de casa quanto o dentro de casa)?
De maneira
alguma
1
Um pouco
Moderadamente
Bastante
Extremamente
2
3
4
5
61
9- Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com
você durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta
que mais se aproxime de maneira como você se sente, em relação às últimas 4
semanas.
Todo
Tempo
A maior
parte
do
tempo
Uma
boa
parte
do
tempo
Alguma
parte
do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
a) Quanto
tempo você tem
se sentindo
cheio de vigor,
cheio de
vontade, cheio
de forças?
1
2
3
4
5
6
b) Quanto
tempo você tem
se sentido uma
pessoa muito
nervosa?
1
2
3
4
5
6
c) Quanto
tempo você tem
se sentido tão
deprimido que
nada pode
animá-lo?
1
2
3
4
5
6
d) Quanto
tempo você tem
se sentido
calmo ou
tranqüilo?
1
2
3
4
5
6
e) Quanto
tempo você tem
se sentido com
muita energia?
1
2
3
4
5
6
f) Quanto tempo
você tem se
sentido
desanimado ou
abatido?
1
2
3
4
5
6
g) Quanto
tempo você tem
se sentido
esgotado?
1
2
3
4
5
6
62
h) Quanto
tempo você tem
se sentido uma
pessoa feliz?
1
2
3
4
5
6
i) Quanto tempo
você tem se
sentido
cansado?
1
2
3
4
5
6
10- Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou
problemas emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar
amigos, parentes, etc)?
Todo
Tempo
A maior parte
do tempo
Alguma parte
do tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nenhuma
parte do
tempo
2
3
4
5
1
11- O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
Definitivamente
verdadeiro
A maioria
das vezes
verdadeiro
Não
sei
A maioria
das
vezes
falsa
Definitiva
mente
falsa
a) Eu costumo
adoecer um pouco
mais facilmente
que as outras
pessoas
1
2
3
4
5
b) Eu sou tão
saudável quanto
qualquer pessoa
que eu conheço
1
2
3
4
5
c) Eu acho que a
minha saúde vai
piorar
1
2
3
4
5
d) Minha saúde é
excelente
1
2
3
4
5
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CRISTINA MARTINS COELHO - Universidade Federal de Juiz de Fora