UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA INFLUÊNCIA DO pH DA SOLUÇÃO E DA CORRENTE ELÉTRICA SOBRE O PROCESSO DE REDUÇÃO DE CROMO(VI) UTILIZANDO ELETRODOS POROSOS MODIFICADOS OU NÃO COM POLÍMEROS CONDUTORES Dorival Suriano dos Santos Júnior São Carlos – SP - 2005 - ii UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA INFLUÊNCIA DO pH DA SOLUÇÃO E DA CORRENTE ELÉTRICA SOBRE O PROCESSO DE REDUÇÃO DE CROMO(VI) UTILIZANDO ELETRODOS POROSOS MODIFICADOS OU NÃO COM POLÍMEROS CONDUTORES Dorival Suriano dos Santos Júnior Trabalho de Graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de São Carlos Orientador: Prof. Dr. José Carlos Gubulin São Carlos – SP - 2005 - iii Dedico este trabalho aos meus pais, Dorival e Vera iv AGRADECIMENTOS A Deus, por me permitir a vida e pela saúde que me oferece todos os dias. Aos meus pais, Dorival Suriano e Vera Meconi, pelo eterno amor, pelo exemplo humano, pelo carinho e dedicação, por estarem sempre presentes e por quererem sempre o melhor para seus filhos. Às minhas irmãs, Michelle e Flávia, pelo companheirismo de sempre, pela especial amizade e afeto e por todos nossos momentos felizes juntos. À Larissa, meu grande amor, por estar junto de mim sempre que precisei, pelo seu enorme companheirismo e carinho nos momentos tristes e felizes e por simplesmente fazer parte de mim. Ao Prof. Gubulin, por me ter me dado a honra de ter sido seu aluno e seu orientado, pelo aprendizado que obtive em cada conversa, pelo seu exemplo de caráter e por sua segura orientação. Ao Guto, meu co-orientador, pela essencial presença neste trabalho, por muitas vezes que deixou de fazer seus deveres para me acudir, pelas longas tardes de sábado em que me ajudou nos experimentos, e por ter se tornado um grande amigo. Ao Prof. Moura, grande Mestre, por dividir seus ricos conhecimentos comigo, e por nunca me fazer desistir dos desafios surgidos. Ao amigo de laboratório, Juan Carlos, pelo incentivo e apoio para a conclusão deste trabalho. Aos meus amigos Alex, Erich, Flávio, Maurício, Thiago, Daniela, Fer Correia e Graciele; Aos amigos de República: Guilherme (Carioca), Marcelo (Londrina) e Paulo Rodrigo (Pigo); aos amigos da faculdade: Carol, Cris, Daniel (Tatuí), Danilo (Pota), Erik, Fábio, Ivana, Leandro (Joaninha), Marcelo (Zeca), Mari, Mileni, Misael, Monica e Paulo Roberto (Bixão) pela amizade verdadeira, pelo companheirismo, por dividirem comigo vitórias e derrotas, e por estarem presentes sempre que precisei. v BANCA EXAMINADORA Trabalho de graduação apresentado no dia 31 de outubro de 2005 perante a seguinte banca examinadora: Convidado: Dr. Luís Augusto Martins Ruotolo Orientador: Prof. Dr. José Carlos Gubulin Professor da disciplina: Prof. Dr. Alberto Colli Badino Júnior vi RESUMO O uso de eletrodos porosos para a remoção/redução eletrolítica de metais tóxicos presentes em efluentes industriais tem obtido grande sucesso por proporcionar altas taxas de transferência de massa que fazem com que o processo opere com eficiências de correntes elevadas, diminuindo assim o consumo energético do processo. O eletrodo de carbono vítreo reticulado (CVR) tem sido bastante empregado nesses processos por apresentar uma grande área superficial específica aliada a porosidades da ordem de 98%. Para o processo de eletrorredução do cromo hexavalente ao estado trivalente verificou-se que o recobrimento do CVR com um filme fino do polímero condutor polianilina (eletrocatalisador da reação) promove um grande aumento da taxa de reação sem prejuízo da eficiência de corrente, o que faz com que o volume do reator diminua sensivelmente. Porém, sabe-se que as características eletroquímicas da polianilina (PANI) são bastante afetadas pelo potencial elétrico e pelo pH da solução. Sabe-se também que a cinética da reação é influenciada pela corrente elétrica aplicada no sistema. Diante destes fatores, estudou-se e comparou-se o efeito do pH e da corrente elétrica aplicada sobre a reação de redução do Cr(VI) utilizando-se o eletrodo de CVR recoberto ou não com um filme fino do polímero condutor polianilina. Foram avaliadas a taxa de reação, a eficiência de corrente e o consumo energético do processo em função de diferentes valores de pH e densidades de corrente elétrica. Verificou-se que o aumento do pH faz com que a capacidade da polianilina em eletrocatalisar a reação de redução de Cr(VI) diminua sensivelmente. Praticamente nenhuma reação foi observada para nenhum valor de pH maior que 3. Para o eletrodo de CVR, o pH de 1,5 otimiza a taxa de reação, enquanto que para o CVR/PANI o pH ótimo situa-se entre 0 e 1. A taxa de redução do Cr(VI) é bastante influenciada pela corrente elétrica, sendo que para ambos os eletrodos, quanto maior a corrente , menor é a eficiência de corrente do processo. No entanto, o eletrodo de CVR/PANI apresentou eficiências de corrente bastante superiores à do CVR, o que se refletiu no menor consumo energético do processo. vii ABSTRACT The use of porous electrodes for the electrolytic removal /reduction of toxic metals meets in effluent industrials has gotten great success for providing high rates of mass transference that make with that the process operates with raised currents efficiencies, thus diminishing the energy consumption of the process. The reticulated vitreous carbon electrode (CVR) has been sufficiently used in these processes for presenting a great specific superficial area allied the porosities of the 98% order. For the process of electroreduction of chromium hexavalent to the trivalent state was verified that the covering of the CVR with one has filmed finishes of polyaniline conducting polymer (eletrocatalic of the reaction) promotes a great increase of the tax reaction rates without damage of the currents efficiency, what makes with that the volume of the reactor diminishes significantly. However, one knows that the electrochemical characteristics of polyaniline (PANI) are affected significantly by the electric potential and pH of the solution. One also knows that the kinetic one of the reaction is influenced by the applied electric current in the system. Ahead of these factors, it was studied and one compared the effect of pH and the electric current applied on the reaction of reduction of the Cr(VI) using itself the electrode of CVR re-covered or not with a film fine of conducting polymer polyaniline. The rate of reaction, the current efficiency and the energy consumption of the process in function of different values of pH and electric current densities had been evaluated. It was verified that the increase of pH makes with that the capacity of the polyaniline in eletrocatalics the reaction of reduction of Cr(VI) diminishes significantly. Practically no reaction was observed for any pH greater than 3. For the electrode of CVR, pH of 1,5 it optimizes the reaction rate, while that for the CVR/PANI pH excellent is placed it between 0 and 1. The rate of reduction of the Cr(VI) is influenced sufficiently by the electric current, being that for both the electrodes, how much bigger the current, minor is the current efficiency of the process. However, the CVR/PANI electrode presented superior chain efficiencies sufficiently to the one of the CVR, what it was reflected in the lesser energy consumption of the process. viii SUMÁRIO Pág. RESUMO......................................................................................................... vi ABSTRACT.................................................................................................... vii ÍNDICE DE FIGURAS................................................................................... ix CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO..................................................................... 1 CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................. 2 2.1. Cromo: considerações gerais.............................................................. 2 2.2. Polímeros condutores e redução do Cr(VI)........................................ 4 2.3. Polianilina: síntese, estrutura, propriedades e estabilidade................. 5 CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS................................................. 8 3.1. Materiais............................................................................................. 8 3.2. Preparação de eletrodo de CVR/PANI............................................... 11 3.3. Redução do Cr(VI).............................................................................. 11 3.4. Cinética de redução e tratamento de dados.......................................... 12 CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................ 15 4.1. Eletrodeposição do polímero............................................................... 15 4.2. Efeito do pH sobre a cinética de redução............................................ 16 4.3. Cinética de redução do Cr(VI) sobre CVR e CVR/PANI................... 22 CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES.................................................................... 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 31 ix ÍNDICE DE FIGURAS Pág. 2.1 - Modelo esquemático da remediação eletroquímica do Cr(VI)........... 3 2.2 - Voltamograma cíclico típico da polianilina (sal de esmeraldina)...... 7 3.3 - Esquema experimental do sistema (a); representação esquemática da célula eletroquímica (b)................................................................. 3.4 8 - Representação esquemática do sistema utilizado para obtenção de dados de redução de Cr(VI).............................................................. 9 3.5 - Reator eletroquímico utilizado para redução de Cr(VI)..................... 11 3.6 - Concentração em função do tempo (a); eficiência de corrente em função do tempo(b)............................................................................. 13 4.7 - Voltamogramas de síntese da polianilina........................................... 15 4.8 - Micrografias MEV.............................................................................. 16 4.9 - Queda de concentração normalizada em função do tempo, tendo como parâmetro o pH da solução....................................................... 17 4.10 - Queda de concentração normalizada de Cr(VI) em função do tempo, tendo como parâmetro o pH da solução. Comparação entre os eletrodos de CVR e CVR/PANI................................................. 18 4.11 - Taxa de redução do Cr(VI) em função do pH, tendo como parâmetro a concentração normalizada de Cr(VI).............................. 19 4.12 - Comparação entre as taxas de reação para o CVR e CVR/PANI. pH = 1,5.................................................................................................... 21 4.13 - Queda de concentração normalizada em função do tempo tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada...................................... 23 4.14 - Eficiência de corrente em função da concentração de Cr(VI), tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada...................................... 24 4.15 - Consumo energético em função da concentração de Cr(VI), tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada...................................... 25 4.16 - Consumo energético em função da concentração de Cr(VI), tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada...................................... 27 4.17 - Consumo energético em função da concentração de Cr(VI), tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada...................................... 27 4.18 - Consumo energético em função da concentração de Cr(VI) para o eletrodo CVR/PANI, tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada. pH 08.................................................................................. 28 1 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO O Cr(VI) está presente em diversos efluentes industriais, tais como indústria de cromeação, metalúrgica, a indústria eletrônica, entre outras. Por serem considerados efluentes altamente tóxicos, o tratamento dos mesmos se faz necessário devido a problemas ambientais e também para o cumprimento da legislação ambiental vigente, que estabelece limites máximos de emissão, que no caso do Cr(VI) é de 0,1 mg L-1 para mananciais e de 1,5 mg L-1 para emissão em rede de esgoto (CETESB, 1997). O cromo está presente na natureza comumente em dois estados de oxidação, Cr(III) e Cr(VI). O Cr(VI) é notoriamente móvel na natureza enquanto que o Cr(III) é prontamente precipitado ou adsorvido por uma variedade de superfícies orgânicas e inorgânicas próximas ao pH neutro. Portanto, a redução do cromo para o estado trivalente serve para imobilizá-lo e também para tornar possível sua remoção utilizando técnicas como a precipitação ou a adsorção. Diante do que foi colocado anteriormente, torna-se claro que a redução química do Cr(VI) para Cr(III) se constitui numa etapa fundamental para o tratamento de resíduos contendo íons cromo, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico e tecnológico. Este trabalho teve como objetivo abordar a primeira etapa do processo de remoção do cromo de efluentes aquosos, a qual consiste na redução do Cr(VI) a Cr(III). Foi estudado um processo eletroquímico empregando como eletrodo o carbono vítreo reticulado (CVR) recoberto ou não com um filme fino do polímero condutor polianilina (PANI). Primeiramente, estudou-se a influência do pH da solução contendo Cr(VI) na taxa de reação. Na segunda etapa deste trabalho, utilizaram-se valores otimizados de pH para estudar o efeito da corrente elétrica sobre a cinética de redução do Cr(VI). 2 CAPITULO 2 REVISÃO DA LITERATURA Neste capítulo são apresentadas as características químicas e toxicológicas do cromo hexavalente e os processos atualmente empregados para sua redução. As características dos polímeros condutores, em especial a polianilina, como os processos de síntese, habilidade de redução do Cr(VI) e de eletrocatálise são abordados com o objetivo de uma maior compreensão dos fatores que podem influenciar no processo estudado. 2.1. Cromo: considerações gerais O cromo pode ser encontrado na atmosfera, biosfera, hidrosfera e na crosta terrestre, presente em diferentes estados de oxidação. O cromo (III) e o cromo (VI) ocorrem comumente por serem mais estáveis na natureza. O cromo (VI) existe na forma de cromato (CrO4 2-), dicromato (Cr2O7 2-) ou trióxido de cromo (CrO3), sendo seus compostos fortemente oxidantes sob condições ácidas e muito menos oxidantes em condições básicas, onde ele existe como cromato (Seiler et al, 1988). Portanto, a espécie de cromo presente na solução e as reações de redução do Cr(VI) dependem fortemente do pH. As principais reações para a redução de íons cromato em meios ácidos e alcalinos são dadas pelas Equações 1 e 2, respectivamente (Guzman-Pantoja et al., 2004). Cr2 O72− + 14H + + 6e − → 2Cr3+ + 7H 2 O (1) CrO24 − + 4H 2O + 3e − → Cr 3+ + 8OH − (2) O cromo é largamente empregado na indústria, das quais pode-se citar a produção de aço, galvanoplastia, de produção de tintas, metalurgia, entre outras. Considerando que a legislação ambiental brasileira estabelece limites máximos de emissão de compostos contendo cromo, os aspectos toxicológicos e a grande utilização 3 deste metal pelas indústrias de diversos setores, fica claro que o desenvolvimento de novas tecnologias para o tratamento de efluentes contendo cromo se faz necessário. O processo convencional para o tratamento de efluentes contendo Cr(VI) utiliza produtos químicos, como por exemplo SO2, FeSO4 ou metabissulfato de sódio. Esse processo tem como principal desvantagem o fato destes produtos químicos serem irreversivelmente consumidos no processo. Uma alternativa que tem sido considerada no tratamento destes efluentes é a redução eletroquímica do Cr(VI). Porém, a eletrólise direta (Figura 2.1a) oferece uma cinética de transferência de elétrons pobre e também problemas de seletividade. O uso de um par redox como medidor, por exemplo, Fe 2+/3+ (Figura 2.1b) pode amenizar essas dificuldades, e com a inovação da tecnologia de separação por membranas, o uso deste processo indireto pode vir a ser uma alternativa viável (Senthurchelvan et al.,1996). a) direta c) indireta b) indireta e- eCr(VI) 2+ Fe Cr(VI) Cr(III) Fe3+ Cr(III) solução solução (a) (b) ePC (red) Cr(VI) PC (oxi) Cr(III) filme solução (c) Figura 2.1. Modelo esquemático da remediação eletroquímica do Cr(VI). (a) eletrólise direta; (b) eletrólise indireta utilizando o mediador redox Fe 2+/3+ na solução; (c) processo utilizando um filme de polímero condutor (PCo) como catalisador imobilizado sobre um substrato (Senthurchelvant et al.,1996). Recentemente, as novas técnicas de tratamento de efluentes contendo Cr(VI) incluem o uso de eletrodos de difusão de gás (Nijau e Janssen, 1999), a adsorção (Han et al., 2000) e o processo que emprega polímeros condutores (Rajeshwar et al., 1994; Senthurchelvan et al.,1996). 4 O uso de polímeros eletronicamente condutores, tal como a polianilina (PANI), no tratamento de efluentes contendo cromo hexavalente vem se destacando entre as mais recentes tecnologias. Características como resistência mecânica, estabilidade química e processabilidade de polímeros convencionais com o comportamento elétrico de metais e semicondutores tem atraído inúmeras pesquisas para os polímeros condutores. 2.2. Polímeros condutores e redução do Cr(VI) O primeiro polímero condutor foi obtido em 1977 pela exposição do poliacetileno na forma isolante (σ = 10-5 S cm-1) a agentes dopantes, oxidantes ou redutores, tornando-o condutor elétrico intrínseco (σ = 102 S cm-1). Porém, devido à instabilidade térmica e ambiental e a impossibilidade de processamento do poliacetileno, outros polímeros ganharam destaques em pesquisas, como o polipirrol e a polianilina. Um critério importante na seleção de polímeros potencialmente condutores é a facilidade com que o sistema pode ser oxidado ou reduzido. Isto leva à escolha de polímeros com insaturações conjugadas cujos elétrons de caráter π podem ser facilmente removidos ou adicionados para formar um íon polimérico, sem a destruição das ligações necessárias para a estabilidade da macromolécula. Algumas aplicações tecnológicas destes materiais merecem destaque, como baterias recarregáveis, dispositivos eletrônicos, sensores químicos, proteção contra corrosão, entre outras. (Wei et al., 1993). Dentre as mais recentes aplicações dos polímeros condutores destaca-se a sua utilização em processos de tratamento de efluentes, em especial o Cr(VI). Os polímeros condutores têm a capacidade de transferir elétrons espontaneamente para o Cr(VI) a partir de sua forma reduzida na condição de filmes finos. O polímero pode ser posteriormente restaurado à sua forma reduzida para a utilização em um processo cíclico ou então pode atuar como eletrocatalisador, não participando diretamente do processo, mas fazendo com que a barreira de energia para a transferência de elétrons diminua e o processo de redução do Cr(VI) ocorra em potenciais menos catódicos (Figura 2.1c) e com cinética mais rápida. Wei et al. (1993) foram os primeiros a estudar a utilização de polímeros condutores para a redução de Cr(VI). Em seus estudos, estes autores utilizaram o polímero condutor polipirrol (PPY). Em um primeiro estágio, foi utilizado um eletrodo de platina 5 como substrato. Deste primeiro estudo foram obtidos os comportamentos termodinâmicos, cinéticos e mecanísticos do processo (Senthurchelvan et al.,1996; Wei et al., 1993). Este processo está esquematizado na Figura 2.1c. Para o caso específico da polianilina as reações químicas envolvidas no processo são as seguintes: Cr2O72− ( aq ) + PANI ( red ) + 14 H + ( aq ) → 2Cr 3+ ( aq ) + PANI ( oxi ) + 7 H 2O(l ) (3) PANI ( oxi ) + 6e − → PANI ( red ) (4) O sistema mediador redox PANI(red)/PANI(oxi) está imobilizado sobre a superfície de um eletrodo (Figura 2.1c) e é através deste que a PANI é reciclada (reduzida) através da aplicação de uma corrente catódica, sendo, portanto, regenerada para o uso em um novo ciclo e, ao contrário do processo baseado no par redox Fe 2+/3+ (Figura 2.1b), são evitados problemas associados com a separação destes íons do efluente tratado. Dentre os polímeros condutores, a polianilina (PANI) destaca-se pela estabilidade química em condições ambientais, processabilidade, facilidade de polimerização e baixo custo. Adicionalmente, Ruotolo (2003) estudou e comparou o processo de redução do Cr(VI) utilizando os polímeros condutores polipirrol e polianilina e concluiu que esta última era a mais adequada sob os pontos de vista de estabilidade e cinética de redução. Portanto, neste trabalho foi escolhida a polianilina como material eletródico a ser utilizado para a redução do cromo hexavalente. Contribuiu também para a escolha da polianilina a sua facilidade de síntese em meios aquosos e o baixo custo do monômero. 2.3. Polianilina: síntese, estrutura, propriedades e estabilidade As polianilinas representam uma classe de polímeros cuja composição química é dada por uma fórmula geral do tipo: H H N N N y N 1-y x 6 São compostas por y e (1-y) unidades repetitivas das espécies reduzidas e oxidadas respectivamente. O valor de y pode variar continuamente entre 1 para o polímero completamente reduzido (contendo somente nitrogênios amina) e zero no caso do polímero completamente oxidado (contendo somente nitrogênios imina). Os termos leucoesmeraldina, protoesmeraldina, esmeraldina, nigranilina e pernigranilina denotam os diferentes graus de oxidação da polianilina, quando y for igual a 1, 0,75, 0,5, 0,25, e 0, respectivamente (Mattoso, 1996). Os três estados mais estáveis são: leucoesmeraldina, esmeraldina e pernigranilina. A polianilina na forma de sal de esmeraldina pode ser sintetizada química ou eletroquimicamente por polimerização oxidativa da anilina em soluções aquosas ácidas. A síntese química fornece a polianilina na forma de pó, enquanto que a síntese eletroquímica fornece filmes coesivos que possuem uma topografia satisfatoriamente lisa (Huang et. al.,1986). A síntese química convencional que utiliza um oxidante químico adequado tem a grande vantagem de produzir um polímero de alto peso molecular e de elevada pureza que pode ser obtido em grandes quantidades, na forma de pó verde (Mattoso, 1996). Por outro lado a síntese eletroquímica da PANI, realizada sobre eletrodos de diferentes materiais, possuem algumas vantagens sobre a síntese química: não necessita de agente oxidante e catalisador; é de fácil caracterização in situ por técnicas espectroscópicas e o polímero é obtido diretamente na forma de filmes finos. A polimerização eletroquímica ocorre pela oxidação anódica da anilina sobre um eletrodo de metal inerte, como platina, vidro condutor ou outros materiais como o carbono vítreo. Os métodos de eletrodeposição mais utilizados são os de corrente e potencial controlados, sendo que nessa ultima técnica o potencial pode permanecer fixo, ou ciclado (voltametria cíclica), entre potenciais de –0,2 V (vs. ECS) e 1,2 V (vs. ECS) com uma velocidade de varredura de potencial de 10 mV s-1 a 100 mV m-1. O eletrólito é uma solução ácida que influi decisivamente nas propriedades dos polímeros, tais como peso molecular, morfologia, condutividade, solubilidade, etc. A concentração do eletrólito influencia, por exemplo, a taxa de eletrodeposição e peso molecular, enquanto que o tipo de ânion influencia a morfologia e a solubilidade a polianilina (Mattoso, 1996). 7 A voltametria cíclica do filme de polianilina em solução eletrolítica sem o monômero possibilita um estudo sobre o comportamento eletroquímico do polímero em função de seus estados de oxidação. A Figura 2.2 representa um voltamograma cíclico característico da polianilina em forma de sal esmeraldina em HCl 1,0 M (pH = -0,2), assim como a variação aproximada de cor em função de potencial. Como pode ser observado nesta figura, as características eletroquímicas da PANI são influenciadas pelo pH da solução. diminuindo acidez diminuindo acidez P2 P1 amarelo verde azul verde claro violeta P2' P1' -0,2 0,0 0,5 mA do pH ~ -0,2 a 4 posição do pico inalterada entre pH ~1 e 4 catódica anódica do pH ~ -2 a -1; 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 E / V (ECS) Figura 2.2. Voltamograma cíclico típico da polianilina (sal de esmeraldina), com a indicação das cores observadas nas diferentes regiões de potencial (versus ECS, v = 50 mV s-1). As mudanças nos potenciais de pico em função do pH do eletrólito também estão indicadas (Huang et al., 1986). Diante da forte dependência das características eletroquímicas da polianilina e do processo de redução do Cr(VI) com relação ao pH decidiu-se neste trabalho estudar sua influência, juntamente com a corrente elétrica, sobre a cinética de redução do Cr(VI). 8 CAPITULO 3 MATERIAIS E MÉTODOS Nesse capítulo são apresentados os equipamentos e demais materiais utilizados para a realização deste trabalho. São também apresentados os procedimentos utilizados para a obtenção dos dados experimentais e a metodologia do tratamento destes dados. 3.1. Materiais A Figura 3.3 mostra uma vista detalhada do reator e da unidade experimental utilizada para a redução de Cr(VI) nos experimentos em que se variou o pH da solução. Esse reator foi construído em acrílico com seção transversal de 0,6 cm2 por onde escoava o eletrólito. O alimentador de corrente era uma placa de carbono vítreo com área de 2,5 cm2 (1,0 cm x 2,5 cm). O eletrodo de carbono vítreo reticulado tinha dimensões de 3,0 cm x 1,0 cm x 0,6 cm e porosidade de 60 ppi (poros por polegada). potenciostato pH-metro espectrofotômetro UV-Vis + célula eletroquímica (a) bomba peristáltica (b) Figura 3.3. (a) esquema experimental do sistema; (b) representação esquemática da célula eletroquímica. 1. ânodo; 2. alimentador de corrente; 3. contatos elétricos; 4. carbono vítreo reticulado (CVR); 5. capilar de Luggin; 6. separadores. 9 Os componentes da Figura 3.3 (a) são: bomba peristáltica para a movimentação do eletrólito, potenciostato (EcoChemie, modelo PGAT30) para imposição de uma corrente e potencial; reator eletroquímico; reservatório contendo o eletrólito e o espectrofotômetro UV-Vis da Amersham Pharmacia, modelo ULTROSPEC 2100pro com cubeta de fluxo para análise “on line” da concentração de Cr(VI) (λ = 350 nm). O pH foi ajustado e controlado utilizando-se soluções de H2SO4 e NaOH e as medidas eram feitas através de um pHmetro da Quimis. O reator mostrado na Figura 3.3 (b) era composto por placas de acrílico que eram justapostas e presas para então formar o reator. Na placa a esquerda ficavam embutidos o capilar de Luggin (5) para a medida ou imposição de um potencial, o contra-eletrodo (1) (DSA® Ti/RuO2 – DeNora do Brasil) e a tela de separação (6) (tecido de poliamida) para evitar o curto circuito do sistema. A área do eletrodo plano de carbono vítreo que serviu como alimentador de corrente era de 25 cm2 (10 mm x 25 mm). Para os experimentos em que se analisou o efeito da corrente elétrica sobre a cinética de redução do cromo, foram utilizados o sistema e reator mostrados nas Figuras 3.4 e 3.5, respectivamente. 9 8 12 7 10 6 4 1 5 11 13 3 2 Figura 3.4. Representação esquemática do sistema utilizado para obtenção de dados de redução de Cr(VI). 10 A unidade experimental representada na Figura 3.4 é composta pelos seguintes componentes principais: 1) reservatório de eletrólito; 2) bomba centrífuga para circulação do eletrólito (“Little Giant Co., modelo 2- MD, 131 W); 3) medidor digital de vazão (GF Signet 8550-1, sensor modelo 3-2536 PO); 4) válvula do tipo diafragma para controle e regulagem da vazão ao reator (George Fischer, ½ ``); 5) multímetro para medida de queda de tensão elétrica no reator (Minipa ET 2030, precisão ~0,5 %, impedância de 10 MΩ); 6) reator eletroquímico 7) fonte de corrente elétrica constante (Minipa, modelo 3003 D); 8) computador para gerenciamento do espectrofotômetro; 9) espectrofotômetro UV-Vis da Amersham Pharmacia, modelo ULTROSPEC 2100pro com cubeta de fluxo 10) bomba peristáltica para circulação do eletrólito pelo espectrofotômetro (Ismatec MS/CA 4-2 ISM 737); 11) Banho termostático para manutenção da temperatura constante 12) válvula do tipo esfera (Tigre, ¾ ``), em PVC, para regulagem da vazão do “by-pass”; 13) válvula do tipo esfera (Tigre, 1/2 ``), em PVC, para esgotamento do sistema. O reator eletroquímico da Figura 3.5 foi construído em acrílico e era composto por placas justapostas e presas. 11 4 5 6 2 3 7 1 Figura 3.5. Reator eletroquímico utilizado para redução de Cr(VI). 1) alimentador de corrente, 2) CVR, 3) distribuidor de fluxo, 4) tecido de poliamida; 5) tela de polietileno, 5); contra-eletrodo e 7) entrada e saída do eletrólito. 3.2. Preparação de Eletrodo de CVR/PANI O filme de polianilina foi eletrodepositado sobre a matriz porosa de CVR utilizando-se a técnica de voltametria cíclica com intervalo de potenciais compreendidos entre -0,1 e 0,8 V e velocidade de varredura de 50 mV s-1. A síntese foi interrompida quando se atingiu uma corrente de pico anódico de 15 mA, como descrito em trabalhos anteriores (Ruotolo e Gubulin, 2004). O eletrólito utilizado na síntese consistia de uma solução contendo 0,1 mol L-1 de anilina e 1,0 mol L-1 de H2SO4. 3.3. Redução de Cr(VI) Para os estudos da influência do pH, foi preparado um volume de eletrólito de 50 mL com concentração inicial de Cr(VI) de 50 mg L-1. Para os experimentos utilizando o reator da Figura 3.5 foram preparados 2 L de eletrólito com 100 mg L-1 de Cr(VI). Em ambos os casos a fonte de cromo (VI) foi dicromato de potássio (K2Cr2O7 - Merck). O pH das soluções foi ajustado utilizando-se soluções de H2SO4 e NaOH; a medida e controle do mesmo era feita com um pHmetro da Quimis. Durante o processo, quando necessário, era adicionado ácido ou base para manter o pH constante. Todas as soluções utilizadas neste estudo foram preparadas utilizando-se reagentes de grau analítico e água deionizada. 12 O procedimento experimental consistia na seguinte seqüência de etapas: 1) preparação do eletrólito nas condições desejadas; 2) acionamento da bomba (peristáltica ou centrífuga); 3) ajuste do pH desejado e 4) fornecimento da corrente elétrica. Cabe observar que para o eletrodo de CVR/PANI o fornecimento de corrente elétrica foi iniciado antes que o eletrólito entrasse em contato com a solução, evitando assim o contato entre a solução de Cr(VI) e a polianilina sob condições de circuito aberto, o que provocaria a degradação do filme polimérico (Ruotolo e Gubulin, 2004). Foram feitos experimentos utilizando-se valores de pH compreendidos entre 0 e 13. Os experimentos realizados na unidade mostrada na Figura 3.3 (a) foram feitos utilizando uma corrente elétrica constante e igual a 30 mA. No mesmo instante em que o potenciostato ou a fonte de corrente eram acionados, iniciava-se também a medida da concentração de Cr(VI) através do espectrofotômetro UV-Vis. As medidas de absorbância eram feitas “on line” (em intervalos de 5 s) utilizando-se um comprimento de onda de 350 nm. A temperatura do eletrólito foi mantida constante entre 26 e 27 oC. A velocidade de escoamento do eletrólito era constante e igual a 0,013 m s-1 e 0,27 m s-1 para os experimentos realizados nos sistemas das Figuras 3.4a e 3.5, respectivamente. 3.4. Cinética de redução e tratamento de dados A Figura 3.6a mostra um comportamento típico de uma curva de concentração em função do tempo, na qual podem ser observadas três regiões de controle distintas. Basicamente um processo de eletroredução de íons metálicos pode iniciar-se, dependendo das condições operacionais impostas, em um controle cinético em que a queda de concentração em função do tempo é linear; a esta região corresponde uma eficiência de corrente constante ECcin como pode ser observado na Figura 3.6b. À medida que a concentração diminui o processo passa a ser controlado não só pela transferência de elétrons mas também pela transferência de massa num processo denominado de controle misto. A região sob controle misto, geralmente pequena, é uma região de transição até o processo tornar-se totalmente controlado pelo transporte de massa. As curvas de concentração em função do tempo são representadas por uma função parcial dividida pelas três regiões de controle: 13 EC cin ⋅ I ⋅ M ⋅t C0 − 100 ⋅ V ⋅ z ⋅ F C = f (C ,η ) k ⋅A C ** ⋅ exp − m ⋅ t V t ≤ t* t * < t ≤ t ** (5) t > t ** onde, t* é o tempo correspondente à transição de controle cinético para misto e t** e C** são, respectivamente o tempo e a concentração correspondentes à transição de controle misto para controle por transporte de massa. f (C,η) é uma função desconhecida da concentração e do sobrepotencial para a região de controle misto. concentração C0 controle cinético controle misto controle por transferência de massa C* C** (a) t* t** eficiência de corrente tempo controle cinético controle misto controle por transferência de massa ECcin (b) t* t** tempo Figura 3.6. a) concentração em função do tempo; b) eficiência de corrente em função do tempo. O ponto em que a queda de concentração deixa de ser uma função linear com relação ao tempo, isto é, no qual o processo deixa de ser controlado pela transferência de elétrons e passa então a ser controlado também pelo transporte de massa, corresponde, nas Figuras 3.6 a e b, à concentração de transição (C*) (t*). Após t* e C*, a eficiência de 14 corrente do processo decresce rapidamente em função da concentração, considerando-se um processo galvanostático. Uma vez obtidos os gráficos de concentração (ou concentração normalizada) em função do tempo, a eficiência de corrente e o consumo energético foram calculados utilizando-se os valores de dC dt determinados diretamente a partir destes gráficos e utilizando as Equações 6 e 7. EC = 100 ⋅ z ⋅ F ⋅ V dC ⋅ M ⋅I dt onde EC é a eficiência de corrente no instante t (%); (6) dC a variação de massa do dt íon reduzido com o tempo no instante t (g s-1); z o número de elétrons envolvidos na reação eletroquímica (z = 3 para a redução de Cr(VI) a Cr(III); F a constante de Faraday (96487 A.s.mol-1); I a corrente aplicada (A) e M a massa molar do íon (51,996 g mol-1, para o cromo). O consumo energético (CE), Equação 7, expressa a quantidade de energia consumida no processo para obter-se uma unidade de massa do produto. CE = 2,78.10 −4.I.∆U dm dt (7) A Equação 7 pode ainda ser escrita em função da eficiência de corrente da seguinte forma: CE = 2,78 x 10 -2 ⋅ z ⋅ F ⋅ ∆U EC ⋅ M (8) onde CE é o consumo energético no instante t (kWh kg-1); ∆U a queda de tensão elétrica na célula no instante t (V). As constantes 2,78 x 10-4 e 2,78 x 10-2, das Equações 7 e 8 respectivamente, têm unidade de h s-1. 15 CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste capitulo serão apresentados e discutidos os resultados obtidos quanto à cinética de redução de Cr(VI) utilizando eletrodos de CVR recobertos ou não com polímero condutor. Numa primeira etapa foi analisado o efeito do pH da solução sobre a taxa de redução do Cr(VI) a fim de se determinar a melhor condição de pH para o processo. Numa segunda etapa são mostrados e discutidos os resultados do estudo cinético da redução do Cr(VI) utilizando CVR e CVR/PANI em função da corrente elétrica aplicada e mantendo-se o pH constante. 4.1. Eletrodeposição do polímero A Figura 4.7 mostra o voltamograma da síntese da polianilina realizada utilizando-se um eletrodo de CVR de 60 ppi nas dimensões de 0,7 cm x 1,0 cm x 3,0 cm. Após 28 ciclos, era atingida a corrente de pico de aproximadamente 15 mA cm-2 e a síntese era interrompida. 0,020 o 1 ciclo 0,015 o 5 ciclo o 10 ciclo 0,010 o 15 ciclo o 20 ciclo 0,005 o I/A 28 ciclo 0,000 -0,005 -0,010 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 E / V vs. Ag/AgCl Figura 4.7. Voltamogramas de síntese da polianilina. Anilina 0,1 M; H2SO4 1,0 M; 50mV s-1 16 Como pode ser constatado na Figura 4.8a, o substrato CVR apresenta uma estrutura de poros bastante abertos, com diâmetros grandes aliados a uma grande área superficial. Observa-se nas micrografia da Figura 4.8b que o filme de polímero condutor depositado é bastante compacto, com uma espessura de filme bastante fina, da ordem de 0,6 µm. Figura 4.8. Micrografias MEV. a) substrato de CVR, aumento de 50 X; b) detalhe da superfície do CVR recoberta com PANI, aumento de 3000 X. 4.2. Efeito do pH sobre a cinética de reação A Figura 4.9 mostra as curvas de concentração normalizada em função do tempo de reação para diferentes condições de pH. Para o eletrodo de CVR, mostrado na Figura 4.9a, verifica-se que a cinética de reação é claramente influenciada pelo pH. A queda de concentração em função do tempo aumenta consideravelmente para valores de pH entre 0,0 e 1,5. Para valores de pH maiores que 1,5 a cinética de redução do Cr(VI) começa a diminuir, sendo que, para valores de pH igual ou maior que 3,0 observa-se que praticamente não ocorre mais reação. Para o eletrodo CVR/PANI, mostrado na Figura 4.9b, a queda de concentração de Cr(VI) em função do tempo é praticamente a mesma na faixa de valores de pH entre 0,0 e 1,0. Para o pH 1,5 a cinética é um pouco mais lenta, porém ao final do processo a curva de C/C0 em função do tempo para este pH tende a coincidir com as curvas para valores de pH de 0,0 e 1,0, indicando que o tempo total de redução de Cr(VI) a Cr(III) poderia ser o mesmo. Assim como para o eletrodo de CVR, valores de pH maiores que 1,5 fazem com 17 que a cinética de reação diminua, sendo que para valores maiores que 3,0, a reação praticamente não ocorre. 1,1 1,0 0,9 0,8 C / C0 0,7 pH = 0 pH = 1 pH = 1,5 pH = 2 pH = 2,5 pH = 3 pH = 5 pH = 7 pH = 9 pH = 13 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 100 200 300 400 500 (a) 600 700 800 900 1000 1100 t/s 1,0 0,8 pH = 0 pH = 1 pH = 1,5 pH = 2 pH = 2,5 pH = 3 pH = 5 pH = 7 pH = 9 pH = 13 C/C0 0,6 0,4 0,2 0,0 0 (b) 200 400 600 800 t/s Figura 4.9. Queda de concentração normalizada em função do tempo, tendo como parâmetro o pH da solução. a) CVR; b)CVR/PANI. Na Figura 4.10 é feita uma comparação entre as curvas de concentração normalizada em função do tempo para os eletrodos de CVR e CVR/PANI. Verifica-se que a cinética de redução de Cr(VI) para o eletrodo CVR/PANI foi maior que para o eletrodo de CVR em todos os valores de pH estudados, evidenciando o efeito eletrocatalisador do polímero condutor sobre a reação, detalhado em trabalhos anteriores (Ruotolo e Gubulin, 2003). 18 1,1 CVR: pH = 0 pH = 1 pH = 1,5 pH = 2 pH = 2,5 CVR/PANI pH = 0 pH = 1 pH = 1,5 pH = 2 pH = 2,5 1,0 0,9 0,8 CCr(VI)/C0,Cr(VI) 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 t/s Figura 4.10. Queda de concentração normalizada de Cr(VI) em função do tempo, tendo como parâmetro o pH da solução. Comparação entre os eletrodos de CVR e CVR/PANI. A partir das curvas de queda de concentração em função do tempo mostradas nas Figuras 4.10a e 10b, foram calculadas as taxas de reação em função do pH para diferentes valores de queda de concentração normalizada, conforme mostrado na Figura 4.11. Ainda nesta Figura são mostradas as curvas da razão entre a concentração de hidrogênio presente na solução (dada pelo pH da mesma) e a concentração de hidrogênio necessária para redução de todo o Cr(VI) presente na solução, calculada segundo a estequiometria mostrada na Equação 3. Desta forma, a razão [H+]sol./[H+]nec = 1 representa que a concentração de H+ é exatamente a mesma necessária para a redução de todo o Cr(VI) presente na solução. Valores de [H+]sol./[H+]nec maiores e menores que 1,0 representam, respectivamente, um excesso e uma falta de íons H+ na solução quando comparados à quantidade necessária pela reação mostrada na Equação 3. Analisando-se as Figuras 4.11a e 4.11b para os melhores valores de taxa de reação, os quais correspondem ao pH 1,5 e a faixa de pH entre 0,0 e 1,0 para os eletrodos de CVR e CVR/PANI, respectivamente, pode-se observar que para a relação C/C0 igual a 1 e 0,8, a taxa de reação para o CVR/PANI é aproximadamente o dobro da observada para o CVR. 19 6 16 14 12 [H ]sol./[H ]nec. 10 + 4 8 + + [H ]sol./[H ]nec. 2 6 + 5 -1 dCCr(VI)/dt x 10 / g L s -1 C/C0 = 1 C/C0 = 0,8 C/C0 = 0,6 C/C0 = 0,4 C/C0 = 0,2 4 2 0 0 -2 0 2 4 6 8 10 pH (a) 16 C/C0 = 1 C/C0 = 0,8 C/C0 = 0,6 C/C0 = 0,4 C/C0 = 0,2 12 10 5 8 + + [H ]sol./[H ]nec. 6 + 4 + 6 14 [H ]sol./[H ]nec. 8 -1 dCCr(VI)/dt x 10 / g L s -1 10 4 2 2 0 0 -2 0 (b) 2 4 6 8 10 pH Figura 4.11. Taxa de redução do Cr(VI) em função do pH, tendo como parâmetro a concentração normalizada de Cr(VI). a) CVR; b) CVR/PANI. É interessante notar que há uma queda brusca da taxa de reação ainda em valores de pH ácido, ou seja, a partir do pH 2. Observando-se ainda nestes gráficos as curvas da razão [H+]sol./[H+]nec., acredita-se que este comportamento esteja relacionado com a limitação da reação devido à baixa concentração do íon H+ (Equação 1). Outro fato interessante é a existência de uma taxa de reação máxima para pH 1,5 (Figura 4.11a). Considerando a Equação 1, acredita-se que a concentração de íons H+ exerce um papel importante na cinética de redução de Cr(VI) em meio ácido. Para baixos valores de pH para o eletrodo CVR, há um grande excesso de íons H+ e, conseqüentemente, a reação de desprendimento de hidrogênio é bastante favorecida, fazendo com que a taxa de reação de Cr(VI) seja baixa, uma vez que ambas as reações são competitivas. Aumentando-se os valores de pH, a reação começa a ser mais seletiva para a redução de Cr(VI) até o valor de 20 pH 1,5. Para valores de pH maiores que este, a taxa de reação começa a decrescer uma vez que a concentração de hidrogênio começaria a limitar a reação. Quando aumenta-se o pH para valores maiores que 3,0, a concentração do íon H+ é menor que a necessária pela estequiometria da reação e a taxa de reação passaria a ser limitada pela baixa concentração de hidrogênio. No caso do CVR/PANI, a não ocorrência da reação em meio básico era esperada, pois a polianilina sofre um processo de desprotonação que a torna eletroquimicamente inativa (Ray et al. 1989). Comparando-se as curvas de taxa de reação em função da concentração para os eletrodos CVR e CVR/PANI para valor de pH igual a 1,5 (Figura 4.12), observa-se que, apesar da cinética do CVR ser menor, ela permanece constante por mais tempo (até 30 mg L-1), enquanto que para o CVR/PANI, a taxa de reação permanece constante até 40 mg L-1 e decresce rapidamente após este valor. Para o CVR, após 30 mg L-1 a taxa de reação decresce mais lentamente do que a observada para o CVR/PANI. Para valores de -1 concentração normaliza igual a 0,2 (10 mg L ), as taxas de reação para ambos eletrodos já são bastante próximas. Este comportamento sugere que o eletrodo CVR poderia ser uma alternativa bastante viável na redução de Cr(VI) quando se utiliza valor de pH igual a 1,5. Apesar da cinética do CVR ser menor, o acréscimo não é tão grande em termos de tempo de processo, uma vez que a diminuição da taxa de reação observada para o CVR não é tão intensa quanto à do eletrodo de CVR/PANI. Além disso, a utilização do CVR traz uma série de vantagens, pois elimina a necessidade da síntese do filme de polímero condutor, a qual deve ser feita periodicamente, uma vez que o polímero perde sua atividade eletroquímica em períodos relativamente curtos de uso. Outras vantagens são a redução da mão de obra, a diminuição da necessidade de manutenção e a eliminação da necessidade de manipulação de produtos tóxicos como a anilina. Diante das vantagens citadas, um pequeno aumento no tempo do processo ou então um aumento das dimensões do eletrodo (de maneira a diminuir o tempo de processo) pode tornar o uso do eletrodo de CVR bastante interessante. 21 10 CVR CVR/PANI 6 5 dC/dt x 10 / g L s -1 -1 8 4 2 0 0 10 20 30 40 50 -1 C / mg L Figura 4.12. Comparação entre as taxas de reação para o CVR e CVR/PANI. pH = 1,5. Quanto às eficiências de corrente obtidas em pH 1,5, observa-se um valor de 80% para o eletrodo CVR/PANI , enquanto que para o eletrodo CVR, a eficiência de corrente foi 51%. Tal eficiência menor para o CVR deve-se justamente ao favorecimento da reação paralela de desprendimento de hidrogênio em relação à reação de redução de Cr(VI). O eletrodo de CVR/PANI, por apresentar um mecanismo de reação distinto, que se baseia numa reação de oxidação do polímero com a conseqüente transferência de elétrons do substrato para o polímero está menos suscetível a este efeito competitivo das duas reações, apresentando, portanto, eficiências superiores. Apesar das diferenças de valores observadas para a eficiência de corrente, o consumo energético verificado no processo para ambos os eletrodos foram praticamente iguais. O eletrodo CVR apresentou um consumo energético de 2,71 kWh kg –1 , enquanto que para o eletrodo CVR/PANI, o valor obtido foi de 2,73 kWh kg –1. Isto se deve ao fato de que a queda de tensão elétrica no eletrodo de CVR/PANI (1,4 V) ter sido maior que a observada para o eletrodo de CVR (0,9 V). Finalmente, quanto à estabilidade do filme de polímero condutor em relação ao pH da solução, verificou-se que ele é totalmente estável. 22 A seguir, são mostrados os resultados do estudo cinético da redução do Cr(VI) utilizando CVR e CVR/PANI em função da corrente elétrica aplicada e mantendo-se o pH em 1,5. Os resultados foram também comparados com a cinética obtida por Ruotolo (2003) para os mesmos eletrodos, porém para um pH de 0,8, o qual se situa dentro da faixa de pH que otimiza a taxa de reação para o eletrodo de CVR/PANI, conforme dito anteriormente. 4.3. Cinética de redução do Cr(VI) sobre CVR e CVR/PANI Os experimentos que são mostrados nessa sessão foram realizados utilizando a montagem experimental e o reator esquematizados nas Figuras 3.4 e 3.5, respectivamente. Foram obtidas curvas de queda de concentração em função do tempo para diferentes valores de corrente elétrica aplicada. O pH nestes experimentos foi mantido constante e seus valores escolhidos em função dos resultados apresentados no item anterior. A Figura 4.13 mostra as curvas de concentração normalizada em função do tempo de reação para diferentes condições de corrente elétrica aplicada. É possível observar nestes gráficos que existem duas regiões distintas, uma linear e outra exponencial, as quais correspondem, respectivamente, ao controle cinético e por transferência de massa. Para o eletrodo de CVR, mostrado na Figura 4.13a, verifica-se que a cinética de reação é bastante influenciada pela corrente. A queda de concentração é mais rápida à medida que se aumenta o valor da corrente elétrica fornecida, o que é esperado, uma vez que quando se aumenta a corrente, maior será a quantidade de elétrons disponíveis para a reação. Para o eletrodo CVR/PANI, mostrado na Figura 4.13b, a queda de concentração de Cr(VI) em função do tempo apresenta o mesmo comportamento do eletrodo CVR, porém, a cinética de redução de Cr(VI) para este eletrodo é bastante superior à observada para o eletrodo de CVR, em todos os valores de corrente elétrica estudados, mais um vez evidenciando assim o efeito eletrocatalisador do polímero condutor. 23 1,0 1,60 2,35 3,10 3,85 4,60 0,8 C/C0 0,6 0,4 0,2 0,0 0 500 1000 1500 2000 2500 t/s (a) 1,0 1,60 A 2,35 A 3,10 A 3,85 A 4,60 A 0,8 C/C0 0,6 0,4 0,2 0,0 0 200 400 600 800 1000 1200 t/s (b) Figura 4.13. Queda de concentração normalizada em função do tempo tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada. a) CVR; b)CVR/PANI. pH 1,5. A Figura 4.14 mostra as curvas de eficiência de corrente em função da concentração de Cr(VI) para as diferentes correntes estudadas. Observa-se que para ambos os eletrodos os maiores valores de eficiência de corrente ocorrem para as menores correntes. À medida que se aumenta a corrente, a reação de desprendimento de hidrogênio vai tornando-se mais intensa devido ao surgimento de potenciais cada vez mais negativos, principalmente na região próxima ao contra-eletrodo (Ruotolo e Gubulin, 2005), o que faz com que a eficiência de corrente diminua. Considerando-se, por exemplo, o eletrodo de 24 CVR e a menor corrente aplicada, isto é 1,60 A, observa-se uma eficiência de corrente constante e igual a 36% até a concentração de Cr(VI) igual a 25 ppm, a partir da qual a curva decresce bruscamente como resultado da transição do controle cinético para o controle por transferência de massa. O mesmo comportamento é observado para as demais correntes e também para o eletrodo de CVR/PANI, porém, a concentração na qual ocorre a transição do controle cinético para o controle por transferência de massa aumenta quando a corrente é maior. 40 35 30 EC / % 25 20 1,60 2,35 3,10 3,85 4,60 15 10 5 0 0 20 40 60 80 100 -1 C / mg L (a) 90 80 70 EC / % 60 50 1,60 A 2,35 A 3,10 A 3,85 A 4,60 A 40 30 20 10 0 20 40 60 80 100 -1 C / mg L (b) Figura 4.14. Eficiência de corrente em função da concentração de Cr(VI), tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada. a) CVR; b) CVR/PANI. pH 1,5. 25 Para o eletrodo CVR/PANI, as eficiências de corrente para todos os valores de corrente estudados foram bastante superiores aos apresentados pelo eletrodo de CVR, o que implica num menor consumo energético, conforme pode ser constatado nos gráficos da Figura 4.15. 200 180 I = 1,60 A I = 2,35 A I = 3,10 A I = 3,85 A I = 4,60 A 160 C.E / kWh kg -1 140 120 100 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 C / ppm (a) 45 I = 1,60 A I = 2,35 A I = 3,10 A I = 3,85 A I = 4,60 A 40 35 -1 CE / kW kg h -1 30 25 20 15 10 5 0 0 20 40 60 80 100 -1 C / mg L (b) Figura 4.15. Consumo energético em função da concentração de Cr(VI), tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada. a) CVR; b) CVR/PANI. pH 1,5. Observa-se que para ambos os eletrodos, os menores valores de consumo energético corresponderam às menores correntes. Tal comportamento era esperado uma 26 vez que, maiores valores de corrente elétrica implicaram numa menor eficiência de corrente (Figura 4.14), fazendo com que o consumo energético do processo aumentasse. Considerando a Figura 4.15a, a menor corrente aplicada (1,60 A) resultou num valor de consumo energético constante e igual a 17 kWh kg –1 até uma concentração de Cr(VI) igual a 25 ppm. A partir desse valor, o consumo energético aumenta bruscamente, o que, mais uma vez, resulta da transição do controle cinético para o controle por transferência de massa. No caso do eletrodo CVR/PANI, para a mesma corrente aplicada, o consume energético permaneceu constante e igual 3,0 kWh kg–1 até uma concentração de Cr(VI) igual a 70 ppm. Para as demais correntes, os valores de concentração de Cr(VI) na qual ocorre a transição do controle cinético para o controle por transferência de massa foram maiores do que as observadas para o eletrodo CVR Os resultados mostrados até o momento foram comparados com os dados obtidos por Ruotolo (2003) em sua tese de doutorado. O autor estudou a influência da corrente elétrica sobre cinética de redução de Cr(VI) utilizando o eletrodo de CVR/PANI mesmo sistema e reator utilizado neste trabalho, porém utilizando um pH de 0,8, o qual corresponde a um pH situado dentro da faixa que otimiza a taxa de reação, conforme pode ser constatado na Figura 4.11b. Observa-se que a queda de concentração é mais rápida à medida que se aumenta o valor da corrente elétrica, como já discutido anteriormente. Comparando-a com a Figura 4.13b, que mostra o mesmo gráfico, porem para o um pH igual a 1,5, verifica-se que os tempos correspondentes a redução total do Cr(VI) são praticamente os mesmos. 27 1,0 1,60 A 2,35 A 3,10 A 3,85 A 4,60 A 0,8 C/C0 0,6 0,4 0,2 0,0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 t/s Figura 4.16. Queda de concentração normalizada em função do tempo tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada. (Ruotolo, 2003) A fim de se comparar a eficiência de corrente do processo utilizando eletrodo de CVR/PANI, foram analisados os gráficos obtidos por Ruotolo (2003) (Figura 4.17) com a Figura 4.14b, os quais correspondem a valores de pH 0,8 e 1,5 respectivamente. 100 80 1,60 A 2,35 A 3,10 A 3,85 A 4,60 A EC / % 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 C / ppm Figura 4.17. Eficiência de corrente em função da concentração de Cr(VI), tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada 28 Para a corrente elétrica igual 1,60 A, a qual correspondem aos maiores valores de EC, pode ser verificado que, no caso do pH 0,8, observa-se uma eficiência de corrente constante e igual a 100% até a concentração de Cr(VI) igual a 10 ppm. Para pH 1,5, a eficiência de corrente permanece constante e igual a 85% até a concentração de Cr(VI) igual a 25 ppm. Um valor de EC igual a 100% implica que toda a corrente elétrica aplicada no processo está sendo utilizada para a reação de redução de Cr(VI), não havendo, portanto, reações paralelas de desprendimento de hidrogênio. Com relação ao consumo energético obtido por Ruotolo (2003), é verificado, na Figura 4.18, é possível observar que o mesmo permanece constante e igual a 5,0 kWh kg –1 até uma concentração de Cr(VI) igual a 15 ppm, sendo que, para pH 1,5 (Figura 4.14b), o consumo energético permanece constante e igual a 3,0 kWh kg -1. 50 CE / kWh kg -1 40 1,60 A 2,35 A 3,10 A 3,85 A 4,60 A 30 20 10 0 0 20 40 60 80 100 -1 C / mg L Figura 4.18. Consumo energético em função da concentração de Cr(VI) para o eletrodo CVR/PANI, tendo como parâmetro a corrente elétrica aplicada. pH 0,8. Apesar do CE ser menor para o pH igual a 1,5, é interessante observar que, neste valor de pH, a concentração de Cr(VI) na qual o CE aumenta bruscamente corresponde a 70 ppm e, no caso do pH 0,8, essa concentração corresponde a 15 ppm. O aumento da corrente elétrica proporciona um aumento da taxa de reação conforme constatado na análise dos gráficos das Figuras 4.13a e b, porém este aumento é acompanhado pela diminuição da eficiência de corrente em função da reação de desprendimento de hidrogênio. Portanto, existe um compromisso entre o tempo 29 operacional, a dimensão do reator e o custo do processo em função da densidade de corrente elétrica a ser aplicada para o tratamento do efluente contendo Cr(VI). Após a comparação dos resultados deste trabalho com os dados obtidos por Ruotolo, é possível encontrar as melhores condições do processo eletroquímico utilizado para o tratamento de efluentes contendo Cr(VI). Analisando-se os gráficos apresentados e levando-se em consideração os parâmetros cinética de reação, valore de pH, corrente elétrica, eficiência de corrente e consumo energético, a melhor condição de processo é aquela em que se utiliza CVR/PANI, em um solução com pH igual a 1,0, aplicando-se uma corrente de 4,60A. 30 CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES O pH exerce influência sobre a cinética de redução do Cr(VI), sendo que para valores de pH maiores que 3, praticamente não ocorre mais redução tanto para o eletrodo de CVR quanto para o de CVR/PANI. Para o eletrodo de CVR existe um máximo da taxa de reação no pH de 1,5. Para o eletrodo de CVR/PANI o pH praticamente não exerce influência sobre a taxa de reação para valores de pH entre 0 e 1,0, sendo esta a faixa de valores de pH que otimiza a taxa de reação. Aumentando-se a corrente elétrica, há um aumento na taxa de reação, porém, acompanhado por uma diminuição da eficiência de corrente e pelo aumento do consumo energético. Este efeito é menos pronunciado para o eletrodo de CVR/PANI. A melhor condição para processo de redução de Cr(VI) ocorre para o CVR/PANI, em pH igual a 1,0, e utilizando-se uma corrente elétrica igual a 4,60 A. 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GUZMAN-PANTOJA, J.; IBANEZ, J. G. V.; MEDRANO, R. C. G. OROPEZA - Direct electrochemical reduction of hexavalent chromium in a filter-press reactor. Bulletin of Electrochemistry, vol. 20, p. 107-114, 2004 HAN, I.; SCHLAUTMAN, M. A.; BATCHELOR, B. - Removal of hexavalent chromium from groundwater by granular activated carbon. Water Environment Research, Vol. 72, No. 1, p. 29-39, 2000. HUANG, W. S.; HUMPHREY, B. D.; MACDIARMID, A. - Polyaniline, a novel conducting polymer. Journal of the Chemical Society, Faraday Transactions 1, 82, 2385-2400, 1986. MATTOSO, L. H. C.- Polianilinas: síntese, estrutura e propriedades. Química Nova, 19, 4, 388-399, 1996. NJAU, K. N.; JANSSEN, L. J. 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