1 Análise do Conhecimento das Ciências Atuariais: Uma Pesquisa Empírica nos Cursos de Ciências Contábeis das Instituições de Ensino Superior nas Capitais do Nordeste Brasileiro Autoria: Márcio Costa, Ducineli Régis Botelho de Aquino RESUMO Desde a antiguidade os seres humanos temem os infortúnios causados por algo imprevisível, então, por meio da ajuda mútua conseguiu-se minorar as perdas e conseqüentemente satisfazer as necessidades de segurança do grupo. A prática do mutualismo revelou a essência da Ciência Atuarial, que estuda os métodos, tais como, seguros, previdência e planos de capitalização, os quais têm tido grande procura por parte da população, fazendo com que as instituições que os operacionalizam obtivessem um significativo crescimento nos últimos anos. O profissional de Contabilidade não dispunha de conhecimentos específicos desta área nos cursos de graduação, o que dificultava seu relacionamento profissional com estas instituições. Porém, o Ministério da Educação incluiu no projeto político pedagógico dos cursos de graduação em Ciências Contábeis, o ensino da Ciência Atuarial. O presente trabalho tem como objetivo principal verificar o nível de aderência desses cursos nas instituições de ensino superior nas capitais do nordeste brasileiro à Resolução CNE/CNES 6/2004, quanto ao conhecimento das Ciências Atuariais. Verificou-se nas grades curriculares das instituições de ensino superior das capitais do Nordeste do País, que apenas 5 (cinco) destas instituições (aproximadamente 6% da amostra) oferecem disciplinas relacionadas ao tema. 1. INTRODUÇÃO A palavra risco, na língua portuguesa, possui muitos significados, de acordo com o Dicionário Aurélio risco é “a possibilidade de perda ou a responsabilidade pelo dano”, quando a perda ou o dano pode ser mensurável monetariamente se determina, então, o risco econômico ou financeiro. Os seres humanos têm aversão ao risco, principalmente, ao expor a si próprio ou o seu patrimônio ao risco econômico, quer seja de perda de renda ou danos materiais, conforme Trowbridge (2004, p. 8). A sociedade moderna desenvolveu caminhos para minimizar estes riscos, como proteção policial, corpo de bombeiros, defesa pessoal, alarmes etc, porém alguns riscos são inevitáveis, como, por exemplo, acidentes, terremotos, roubos, que conseqüentemente ocasionam alguma perda financeira. Tendo em vista que a maioria das pessoas prefere arcar com pequenas perdas certas a grandes perdas, mesmo na incerteza de sua ocorrência, a sociedade utilizou métodos de transferir estas grandes perdas individuais para pequenas perdas coletivas, formando assim “Sistemas de Segurança Financeira”. De acordo com Trowbridge (2004, p. 8) “a Ciência Atuarial tem um relacionamento especial com estes Sistemas” (tradução nossa), mais ainda, estes sistemas formam um dos alicerces desta Ciência. Estes Sistemas englobam uma gama de setores, tais como, Seguros, Previdência, Mercado financeiro, ou seja, tudo que envolva risco econômico a Ciência Atuarial irá focar. Sendo que, os ramos de maior evidência no Brasil são: seguros e previdência. Os seguros são divididos em dois ramos: o ramo vida, que lida com seguro de vida e acidentes pessoais, e o ramo não vida, ligado a danos materiais e roubos. Já a previdência se divide em previdência social, administrada pelo governo e a previdência complementar, administrada por empresas privadas ou entidades sem fins lucrativos. 2 De acordo com Póvoas (2000, p. 261), o sistema previdenciário adotado no Brasil oferece dois sistemas de previdência suplementar: a previdência privada fechada, também conhecida como fundos de pensão, e a previdência privada aberta, seguros e montepios. Aquela, porém, tem tido um forte crescimento devido à característica de co-participação das empresas e de seus funcionários. O Atuário utiliza de métodos como a matemática financeira e estatística para operacionalizá-los. Segundo Souza (2002, p. 143): [O atuário atual está] promovendo pesquisas e estabelecendo planos e políticas de investimentos e amortizações e em seguro privado e social, calculando probabilidades de eventos, avaliando riscos e fixando prêmios, indenizações, benefícios e reservas matemáticas. Cada vez mais as pessoas sentem necessidade de criar garantias financeiras. Portanto, são muitos os produtos oferecidos, seja para garantir a renda quando não puder mais trabalhar, ou garantir a sobrevivência de entes queridos caso haja uma fatalidade, ou até mesmo, se capitalizar para poder realizar algum projeto de vida, como também proteger um patrimônio importante. Por isso a tendência de crescimento destes setores é bastante acentuada, principalmente devido a forte insegurança que se tem nos dias atuais, em relação à falta de renda ou perda material. Observa-se, no gráfico 1, a evolução de prêmiosi diretos pagos a empresas de seguros no Brasil nos anos de 1995 até 2003. 2003 30.717.420.690 2002 23.910.777.068 2001 24.211.621.627 Ano 2000 22.898.810.290 1999 1998 1997 1996 1995 20.358.339.570 19.465.826.389 18.348.197.733 15.308.934.739 12.985.697.344 Prêmios diretos Gráfico 1 – Total de prêmios diretos pagos as seguradoras Fonte: Superintendência de Seguros Privados O gráfico 1 mostra o crescimento acentuado em prêmios pagos a seguradoras após a estabilização da economia nacional, favorecendo o mercado de seguros. No período analisado, sem considerar perdas com a inflação, houve um crescimento de 136%, graças aos freqüentes aumentos dos prêmios durante todos os períodos, tendo havido apenas uma pequena retração em 2002, porém, no ano seguinte o setor obteve um aumento recorde nos prêmios pagos, cerca de 28%. 3 De acordo com Souza (2002, p. 13), pessoas com baixo poder aquisitivo, após a queda da inflação, se viram seduzidas por este mercado e as seguradoras perceberam que seguros de baixo valor apresentavam maiores vantagens que seguros de altos valores, aumentando assim seu público alvo, com a inclusão das classes de menor poder aquisitivo. Assim, criou-se uma nova cultura de consumo e de poupança no País, consequentemente, a maior participação das empresas seguradoras, inclusive empresas multinacionais, no Produto Interno Bruto (PIB), através de aumento de suas reservas técnicas. No entanto, a participação destas empresas no PIB do Brasil ainda é muito baixa comparando com países mais industrializados, de acordo com Souza (2002, p. 15) “Até mesmo a África do Sul tem 10% do seu PIB vindo do setor segurador.”, enquanto que no Brasil, segundo Marques (2003, p. 20), esta área [seguros] representa 3% do PIB, ou seja, ainda tem muito a crescer. Outro setor que se encontra em forte evidência é o da previdência privada, tendo em vista que a previdência social, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP), (apud Botelho, 2003, p. 19), “[...] não consegue suprir as necessidades básicas do trabalhador aposentado e tampouco garantir a proteção da qualidade de vida no decorrer de sua inatividade”, sendo necessário complementar sua aposentadoria. Os fundos de pensão têm forte atuação na economia, sua característica de investimento no mercado de capitais e em títulos do governo, para a formação de suas reservas técnicas, impulsiona o desenvolvimento da economia, capitalizando a poupança interna de longo prazo. De acordo com Brady (2002, p. 24): [...] o volume de ativos dos fundos de pensão brasileiros hoje é avaliado em cerca de R$ 169 bilhões, o que representa cerca de 13% do produto interno bruto do país (PIB), disse existir ainda há muito espaço para que estes ativos cresçam, até pelo menos 30% do PIB. Segundo dados do Ministério da Previdência e Assistência Social (2003, p. 4), no final de 2003 estes ativos já estavam avaliados em R$ 239 bilhões, aproximadamente 15,8% do PIB. Observa-se, no gráfico 2, a seguir, o crescimento dos ativos dos fundos de pensão em relação ao PIB brasileiro, de 9,6% em 1996 para 15,8% em dezembro de 2003. 20,0% 15,8% 2000 14,0% 2002 13,1% 14,2% 2001 12,9% 1999 16,0% 10,4% 10,4% 1997 1998 12,0% 9,6% 8,0% 4,0% 2003 1996 0,0% Gráfico 2 – Crescimento dos ativos nas entidades fechadas de previdência complementar em relação ao PIB – 1996-2003 Fonte: SPC / Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 4 Devido à sua importância, os setores envolvidos com o risco vêm sendo regulamentados constantemente, o que, de certa forma, exige maior especialização e responsabilidade dos profissionais. De acordo com Oliveira (2002, p. 24) o fato mais recente foi: [...] a exigência por parte da SUSEP da realização de uma avaliação atuarial de todas as operações de seguros, previdência privada aberta e de capitalização, com a obrigatoriedade [da] publicação de um parecer atuarial sobre a avaliação, veio dar um maior destaque ao papel do atuário dentro do mercado de seguros, elevando-o quase ao mesmo patamar do parecer da auditoria contábil e financeira. Surge então a necessidade de mais profissionais qualificados para atuar nesta área, entretanto existem poucos cursos de especialização no Brasil. O profissional de contabilidade está inserido neste contexto, pois segundo Oliveira (2002, p. 25): [com a avaliação atuarial] os balanços passarão a exibir de maneira mais fidedigna a situação econômico-financeira das seguradoras, pois aspectos peculiares à operação de seguro, nem sempre captados nas avaliações contábeis e financeiras passarão a ser melhor avaliados e mais adequadamente dimensionados. Para que isto ocorra é necessário que o Contador também tenha conhecimento sobre os dados fornecidos pelo Atuário, para que possa registrá-los devidamente. No entanto, devido ao currículo atual da maioria dos cursos de graduação do Nordeste, o graduado em contabilidade não está apto a trabalhar com a complexa contabilidade deste setor, sendo necessário um conhecimento de Atuária para que não perca seu campo de atuação para outros profissionais que já perceberam a força deste mercado. Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo principal verificar o nível de aderência dos cursos de Ciências Contábeis das instituições de ensino superior nas capitais do nordeste brasileiro à Resolução CNE/CNES 6/2004, quanto ao conhecimento das Ciências Atuariais. Este estudo foi baseado em consultas à bibliografia especializada, quais sejam: artigos científicos, livros e publicações, sites da Internet, revistas especializadas etc, com o intuito de fornecer informações relevantes para elucidar os aspectos teóricos da pesquisa. A pesquisa se desdobrou em três partes distintas, primeiramente procurou-se fundamentar teoricamente, através do pensamento, história, regulamentação e mercado de trabalho, as Ciências Atuariais e seus pontos comuns com as Ciências Contábeis. Na segunda parte foi feito uma análise a respeito da diretriz curricular do MEC, que recomenda o ensino da Atuária no currículo dos cursos de Ciências Contábeis. Para isto, verificou-se, através de um estudo quantitativo, a aplicação da referida diretriz nos cursos de graduação das capitais da Região Nordeste do Brasil, durante o ano de 2004. Finalmente, a última parte apresenta as considerações finais que permeiam o assunto estudado. 5 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Princípios básicos da filosofia e da matemática aplicados às Ciências Atuariais O Utilitarismo como doutrina filosófica considera que, de acordo com a Enciclopédia Britânica (apud Reis, 2004, p. 1), “o útil é tudo aquilo que serve a vida e a sua conservação, mediante acréscimo de felicidade e bem estar”, e visa à maximização da felicidade para todos. Segundo Trowbridge (2004, p. 11), “a maioria dos sistemas econômicos modernos, sejam eles capitalistas ou socialistas, se baseiam no princípio filosófico do Utilitarismo” (tradução nossa). Sendo também a base dos Sistemas de Segurança Financeira. De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999, p. 147): Em sua forma clássica, os utilitaristas dizem que devemos agir de modo a maximizar nossa utilidade. Em termos menos rigorosos, devemos maximizar nossa felicidade. Em sua forma mais geral, a utilidade de uma pessoa pode incluir a preocupação com outras pessoas. A possibilidade de uma perda ameaçar a felicidade individual fez com que a coletividade se organizasse para diminuir esta perda incerta, transferindo-a para pequenas perdas certas aos indivíduos de um grupo. Administrando o risco garante-se a felicidade individual e a coletiva, conforme os princípios do Utilitarismo, tornando-se a base do pensamento das Ciências Atuariais. A Matemática Atuarial converte este risco em valores financeiros, utilizando métodos estatísticos e a Matemática Financeira para esta finalidade. O postulado científico chamado Lei dos Grandes Números é a base desta disciplina. Esta lei, de acordo com Caldart (2004, p. 1), “[...] baseia-se no fato de que, estatisticamente, quanto maior o grupo, maior a probabilidade de que uma média referente a este grupo mantenha-se constante”. Sendo assim, é possível calcular de forma mais precisa os acontecimentos imprevisíveis, chegando a uma aproximação estatística de acordo com a quantidade de indivíduos de um grupo. 2.2 História das Ciências Atuariais e fatos relevantes à regulamentação da profissão Atuarial no Brasil Desde a pré-história a humanidade tenta se proteger do risco ajudando uns aos outros, formando uma cadeia chamada de mutualismo. Segundo Souza (2002, p. 4), o mutualismo é a formação de grupos para constituir uma reserva econômica, dividindo um risco de algo não previsto. De acordo com Silva A. (1999, p. 33): O mutualismo está relacionado à união de esforços de muitos em favor de alguns elementos do grupo, já que estes, isoladamente, não teriam condições de suportar prejuízo de monta. É o sentido mais simples e natural da união de esforços. Evidentemente, em cada grupo deve estar presente o interesse comum. Os homens precisavam se manter seguros de animais, de pragas, das adversidades do tempo, de outros grupos rivais, para isso formavam grupos com o intuito da própria sobrevivência, e somente ajudando uns aos outros é que conseguiram preservar a espécie. 6 De acordo com Póvoas (2000, p. 55): Na parte final da Idade Média, quando já vislumbrava o iluminismo do pensamento, era notável o nível do espírito associativo em termos de socorros mútuos (montepios, confrarias, misericórdias, associações de artes e ofícios), e a solidariedade era uma forma ativa de assistência, quando começava a organizar-se em esquemas de mutualismo, sobretudo na forma de sociedades mútuas, de formas primitivas de seguro, e de montepios. Durante muito tempo, o homem pratica o mutualismo, inclusive durante a Idade Média, período em que a igreja chegou a proibir o mutualismo por acreditar que somente a vontade divina é que poderia ajudar os homens, Souza (2002, p. 5). Manes (1989 apud Póvoas, 2000, p. 58) afirma que: [...] a proibição canônica do empréstimo marítimo com juros, fez com que os especialistas se esforçassem por formular o seguro do modo mais oposto possível, aquele contrato; para consegui-lo, a obrigação do segurador se dissimulava sob a forma de um contrato de compra; o segurador dizia comprar ao segurado os objetos que queria segurar, e se confessava devedor do preço estipulado, acordando-se que o contrato seria nulo, se tais objetos chegassem sãos e salvos ao porto de destino; a indenização pactuada revestia no contrato, a forma de preço. Naquela época já existiam os seguros náuticos, que eram feitos pelos navegadores através de empréstimos a banqueiros, aonde estes empréstimos deveriam ser devolvidos acrescidos de juros caso a embarcação retornasse sem sofrer danos. De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999, p. 43), “O uso de sociedades permitia que os riscos da navegação marítima de longo curso fossem compartilhados e que a riqueza do capitalista fosse combinada à audácia dos jovens mercadores”. A Ciência Atuarial teve sua origem após a falência destes sistemas de seguros do século XV que, por não dominarem as técnicas atuariais, apresentavam dificuldades financeiras. De acordo com Ramos (2002, p. 7), a partir daí, alguns matemáticos se interessaram em estudar estes problemas. Conforme Reis (1998, p. 1), em 1693 foi calculada a primeira tabela de mortalidade por Sir Edmund Halley, confirmando que os cálculos atuariais remontam ao século XVII, e em 1760 se obteve o primeiro prêmio anual calculado baseado em experiência de mortalidade, um marco para a Ciência Atuarial. No decorrer da história humana a profissão de atuário reuniu diversas funções sem nenhuma relação entre elas e com muita diferença em relação à sua função atual. Segundo Souza (2002, p. 142), na Roma antiga o atuário tinha as tarefas de fazer os discursos no Senado, redigir os atos do Governo, ser cronista dos feitos de guerra, além de copista, secretário, tabelião, notário e agrimensor. De acordo com a Enciclopédia Britânica (apud Reis, 1998, p. 1), no Império do Oriente os Atuários eram os oficiais responsáveis por manter a contabilidade e distribuir os cereais para os soldados. Segundo Reis (1998, p.1), o primeiro registro da função moderna do Atuário se dá em meados do século XVIII, no Reino Unido, “quando se sentiu a necessidade de atribuir um título ao responsável de uma nova organização que vendia seguros de vida”. Porém, a ele era dada apenas a função de gestor, enquanto que seu assistente calculava os prêmios, desta forma, este assistente foi o primeiro atuário que exerceu a atividade conforme é hoje conhecida. 7 Segundo Trowbridge (2004, p. 3), no século XIX, mais precisamente em 8 de julho de 1848, foi fundado o Instituto dos Atuários de Londres e em 1856 a Faculdade de Atuários em Edinburgo. Trowbridge (2004, p. 3) afirma que na América do Norte a Sociedade Atuarial foi fundada em 1889, em 1949 se uniu ao Instituto Americano de Atuários, fundado a quarenta anos antes, formando a Sociedade dos Atuários da América do Norte (SOA). Hoje, esta Sociedade conta com mais de 17 mil membros associados. Em 1850 o Código Comercial Brasileiro já disciplinava o ramo de seguros marítimos, segundo Souza (2002, p.8), no início do Século XX o Brasil já contava com mais de 60 companhias de seguros atuando principalmente neste ramo. Póvoas (2000, p.159) afirma que: A promulgação do Código Comercial Brasileiro desempenhou, no campo dos seguros, papel de grande relevo, não apenas dos marítimos, mas de todos os outros ramos, na medida em que suas normas, princípios institucionais e operacionais foram supletivamente utilizados em outras modalidades de seguro; é incontestável que tal regulação deu confiança à comunidade, pelo que muitas seguradoras foram constituídas e muitas agências de seguradoras estrangeiras, quase todas inglesas, se instalaram, [...]. No entanto, de acordo com Ramos (2002, p.9): O marco inicial da atividade atuarial, na área de seguros, foi a criação do Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização, através do Decreto 24.783 de 14.7.34, o qual contava com uma Divisão Técnica e esta com uma Seção Atuarial. A fundação do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) em 1939 foi de fundamental importância para fortalecer as seguradoras nacionais, pois desta forma conseguiu reter no País prêmios de resseguros que eram contratados no exterior. Entretanto, segundo Póvoas (2000, p. 192), as funções atribuídas ao IRB vão além da administração do resseguro. O IRB tinha a função de ser “o catalisador do mercado de seguro, para evitar que, por razões da má atuação das seguradoras, o mercado de seguros se desestabilizasse”. Em 14 de setembro de 1944 foi fundado o Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), cujos objetivos elencados no seu estatuto são: Pesquisa, desenvolvimento e aperfeiçoamento da ciência e da tecnologia dos fatos aleatórios econômicos, financeiros e biométricos, em todos os aspectos e aplicações; colaboração com as instituições de seguro e capitalização, Previdência Social e Privada, organizações bancárias e congêneres e cooperação com o Estado, no campo de atuação do profissional de atuária e na implementação da técnica atuarial. Segundo dados deste Instituto, em dezembro de 2003 existiam 1.309 registros de associados, no entanto, 770 de profissionais atuantes. A partir de 2005, para se registrar no IBA, será exigido a realização de um exame de suficiência. Esta é uma das exigências da Associação Atuarial Internacional (IAA) para melhorar a qualidade dos profissionais. De acordo com Ramos (2002, p. 10), o reconhecimento e a regulamentação da profissão de atuário percorreram um longo caminho, sendo que a primeira iniciativa foi em 8 1958, quando o então Deputado Federal do Rio Grande do Norte, Aluízio Alves, apresenta o projeto-de-lei n° 1.250 na Câmara Federal, o qual não logrou êxito. Somente em 4 de setembro de 1969, através do Decreto lei nº 806/69, se dá o reconhecimento legal da profissão de atuário, cujas capacidades para exercer a profissão são dos atuários diplomados através do Decreto 20.158/31; dos bacharéis em Ciências Contábeis e Atuariais, através do Decreto-lei 7.988/45; dos bacharéis em Ciências Atuariais diplomados através da Lei 1.401/51; dos diplomados em Ciências Atuariais em Universidades ou Instituições estrangeiras de ensino superior e aos profissionais em situação regular no país. A figura 1 mostra os fatos históricos relacionados com a atuária, desde a antiguidade até a regulamentação da profissão de Atuário no Brasil. Idade Moderna Idade Média 1929 Idade Contemporânea 1453 476 Antiguidade 1934 – Criação do DNSP. Mutualismo 1143 - Primeiras Associações de socorros para os infortúnios do mar, em Portugal. 1230 – Papa Gregório IX condena o empréstimo marítimo. 1347 – Em Gênova primeiro contrato de seguro devidamente documentado. 1856 – Fundado a Faculdade de Atuários de Edinburgo 1850 – Código comercial Brasileiro regulamenta seguro marítimo. 1848 – Fundado o Instituto Atuarial de Londres. 1760 – Primeiro prêmio de seguro calculado baseado em tabela de mortalidade. 1693 – Construção da primeira tabela de mortalidade. 1969 – Regulamentação da profissão de Atuário no Brasil. 1958 – Primeira tentativa, no Brasil, de regulamentar a profissão de Atuário. 1944 – Fundação do IBA. 1939 – Fundação do IRB. Figura 1 – Principais fatos históricos relacionados com a atuária até a regulamentação da profissão de atuário no Brasil. Fonte: Elaboração própria. A responsabilidade dos profissionais ligados a atuária vem a cada ano se tornando maiores, sendo inúmeras as regulamentações que exigem avaliações mais rigorosas das entidades que lidem com os mercados de seguros, capitalização, previdência complementar, planos de saúde e previdência social, principalmente devido a grande soma de recursos empregados neste setor e no sentido de oferecer maiores garantias e transparência aos clientes. 9 2.3 Inter-relacionamento acadêmico e profissional das Ciências Atuariais com as Ciências Contábeis Em 1931, através do Decreto 20.158, foi regulamentado o curso técnico de atuário. Vários cursos do ensino comercial proferido por entidades reconhecidas pelo Governo Federal foram regulamentados através deste decreto, dentre eles o curso de Guarda-Livros e o curso superior de Perito-Contador, que em 23 de agosto de 1939, através do Decreto-Lei 1.535, passou a ser denominado como curso de Contador. O curso de Atuário e o de Perito-Contador, ambos de duração de 3 anos, apresentavam currículos semelhantes nos dois primeiros anos letivos, apenas no último ano havia a especialização em cada área do conhecimento. Mesmo assim, das cinco disciplinas ministradas neste período, ainda duas eram semelhantes, Estatística e Seminário econômico. As disciplinas específicas do curso de Atuário eram: Contabilidade dos seguros, Cálculo atuarial e Legislação de seguros, enquanto que, no curso de Perito-Contador eram: Contabilidade industrial e agrícola, Contabilidade bancária e História do comércio. Vê-se que o Atuário era formado com conhecimentos suficientes para exercer a contabilidade na área de seguros, visto que, possuía os conhecimentos básicos de contabilidade e específicos da área de seguros, sugerindo uma forte relação com as Ciências Contábeis. Desta forma, em 1945, através do Decreto-Lei 7.988 foi criado o ensino superior da Atuária em conjunto com o de Ciências Contábeis, através de um curso denominado Ciências Contábeis e Atuariais. Além de unificar os cursos de Atuário e Contador, este decreto assegurou os mesmos direitos dados aos Bacharéis de Ciências Contábeis e Atuariais, aos Contadores e Atuários formados durante a vigência do Decreto anterior. Portanto, os atuais cursos de Bacharelado em Ciências Contábeis e Bacharelado em Ciências Atuariais tiveram, no Brasil, um período de unificação de suas disciplinas, sendo desmembrados posteriormente, através da Lei 1.401 de 1951, devido à necessidade de especialização em cada área própria do conhecimento. Dentre as funções dos atuários citadas na Lei n° 806/69 está: [...] d) a assinatura, como responsável técnico dos balanços das empresas de seguros e de capitalização, das carteiras dessas especialidades mantidas por instituições de previdência social e outros órgãos oficiais de seguros e resseguros e dos balanços técnicos das mutuárias de pecúlios ou sorteios, quando publicados; (grifo nosso). Ao atuário, embora tendo conhecimentos básicos sobre contabilidade, não cabe a elaboração e a análise dos relatórios contábeis, funções exclusivas do Contador, porém ele é o responsável técnico dos relatórios das empresas que operam com a atividade atuarial no Brasil. Portanto, os relatórios contábeis destas entidades devem evidenciar com clareza as particularidades do ramo. Para isso, o contador deverá ter o conhecimento destas particularidades, da perfeita contabilização dos complexos cálculos realizados pelo setor atuarial, bem como, das exigências dos órgãos fiscalizadores. O Contador deverá estar apto a fornecer informações sobre a situação financeira da empresa, para que seja possível ao atuário realizar a análise atuarial exigida pelos órgãos regulamentadores, como por exemplo, a análise da margem de solvênciaii e a análise das provisões técnicasiii3. De acordo com Ferreira (2004, p.15), as avaliações atuariais no Brasil ainda são de baixa qualidade, pois “poucos atuários estão capacitados para realizar uma avaliação atuarial 10 verdadeiramente compreensiva...”. Entidades de auditoria atuarial independentes, utilizando o mesmo modelo adotado na auditoria contábil, poderão melhorar a qualidade destas avaliações. De certa forma, os profissionais de contabilidade e da atuária devem unir esforços para divulgar as informações necessárias quanto à situação financeira e atuarial destas empresas, pois segundo Ferreira (2004, p. 6) “A maior transparência e segurança para a sociedade deve ser o catalisador para um crescimento mais acelerado desses mercados”. 3 ESTUDO DA INCLUSÃO DO ENSINO DA ATUÁRIA NOS CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DAS CAPITAIS NORDESTINAS E DA OFERTA DE VAGAS DE GRADUAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE CIÊNCIAS ATUARIAIS NO BRASIL Este item trata de um estudo nas estruturas das grades curriculares das faculdades de Ciências Contábeis das capitais Nordestinas, o qual se divide em três partes. A primeira parte apresenta a resolução do Conselho Nacional de Educação Superior n° 6 de 10 de Março de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares do curso superior de Bacharelado em Ciências Contábeis, no que se refere ao ensino da Ciência Atuarial no curso de graduação de Ciências Contábeis. A citada resolução trata do projeto pedagógico que deverá ser adotado em todas as Instituições de Ensino Superior do País, conforme o Art. 2° da citada Resolução: Art. 2° A organização do curso de que trata esta Resolução se expressa através do seu Projeto Pedagógico, abrangendo o perfil do formando, as competências e habilidades, os componentes curriculares, os componentes curriculares, o estágio curricular supervisionado, as atividades complementares, o sistema de avaliação, a monografia, o projeto de iniciação científica ou o projeto da atividade como Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, como componente opcional da instituição, além do regime acadêmico de oferta e de outros aspectos que tornem consistente o referido projeto pedagógico. A segunda parte da pesquisa identifica, nas faculdades das capitais da região nordeste do Brasil, quais já aplicam as orientações da referida Resolução, inserindo em sua grade curricular uma disciplina que introduza o conhecimento de Ciência Atuarial nos cursos de graduação em Ciências Contábeis. 3.1 A inclusão do ensino de Ciência Atuarial no curso de Graduação em Ciências Contábeis. O Conselho Nacional de Educação (CNE), de acordo com suas atribuições legais, aprovou em 10 de março de 2004 a resolução n° 6 da Câmara de Educação Superior (CES), que em BRASIL (2004, p. 17), “Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Ciências Contábeis, bacharelado, e dá outras providências”. De acordo com esta resolução, no Projeto Pedagógico do Curso de Graduação de Ciências Contábeis, é referenciado, por diversas descrições, o domínio atuarial, e de seus termos. Inclusive nos cursos de pós-graduação, ou subseqüente à graduação, deverá constar em seus elementos estruturais, entre outros, segundo BRASIL (2004, p. 17), “... a inserção dos indispensáveis domínios da atividade atuarial, ...” (grifo nosso). 11 Mais especificamente nos cursos de Graduação em Ciências Contábeis, a resolução determina que, no Projeto Pedagógico, para atender as diversas áreas da Contabilidade e de acordo com as demandas institucionais e sociais, admite-se constar linhas de formações específicas. Portanto, ao contador, além das atividades básicas da contabilidade, poderá ser fornecida especialização de acordo com as exigências da sociedade em que se está inserida. Porém, de acordo com BRASIL (2004, p. 17), no seu Art. 3°, o curso deve capacitar o contador a, dentre outras atividades, ter o domínio atuarial. [...] Art. 3° O curso de graduação em Ciências Contábeis deve ensejar condições para que o contabilista esteja capacitado a compreender as questões científicas, técnicas, sociais, econômicas e financeiras em âmbito nacional e internacional nos diferentes modelos de organização, assegurando o pleno domínio das responsabilidades funcionais envolvendo apurações, auditorias, perícias, arbitragens, domínio atuarial e de quantificações de informações financeiras, patrimoniais e governamentais, com a plena utilização de inovações tecnológicas, revelando capacidade crítico-analítica para avaliar as implicações organizacionais com o advento da tecnologia da informação. (grifo nosso) O artigo 4° da mesma resolução exige que os cursos de graduação em Ciências Contábeis, entre as competências e habilidades mínimas, devem possibilitar a execução da atividade profissional, expressando o domínio das funções contábeis, incluindo as atividades atuariais, para que seja viabilizado aos usuários das informações contábeis o amplo cumprimento de suas atividades no que se refere ao exercício inerente ao gerenciamento, controle e prestação de contas de sua gestão à sociedade. Finalmente, o artigo 5° da citada resolução reforça a aplicação do ensino da Ciência Atuarial, determinando que, entre os conteúdos de Formação Profissional, o projeto pedagógico deverá contemplar: [...] estudos específicos atinentes às Teorias da Contabilidade, incluindo domínio das atividades atuariais e de quantificações de informações financeiras, patrimoniais, governamentais e não governamentais, de auditorias, perícias, arbitragens e controladoria, com suas aplicações peculiares ao setor público e privado; 3.2 A aplicação da resolução CNE/CES n°6, quanto a inserção do ensino das Ciências Atuariais no Currículo dos cursos de graduação em Ciências Contábeis, nas faculdades das capitais da região Nordeste do Brasil. Conforme se verifica na tabela 1, a quantidade de cursos de graduação em Ciências Contábeis, em todas as instituições dos estados da região Nordeste do Brasil, é de 145 e os cursos nas suas Capitais totalizam 79. Portanto o percentual dos cursos pesquisados é de 54,48% de todos os cursos oferecidos naquela Região. Vale ressaltar que o estado da Bahia apresentou um alto índice de interiorização de seus cursos, por ser o maior estado em termos territoriais da região Nordeste, o que, de certa forma, afetou o índice da amostra, apresentando um percentual de 37,84% de cursos de graduação em Ciências Contábeis pesquisados em sua Capital em relação aos cursos de todo o estado. Outro fato que deve ser ressaltado é o caso do Rio Grande do Norte, que, apesar de ser um dos menores estados da Região, oferece cursos de graduação em Ciências Contábeis, 12 através de, na maioria dos casos, extensões de diversas faculdades, públicas ou privadas, pelo interior do estado. Sendo assim, seu índice de cursos na capital se aproxima do caso da Bahia, totalizando 40% de cursos oferecidos em relação ao interior do estado. População Amostra Faculdades de Ciências Contábeis nas Capitais Total de cursos de graduação em % Ciências Contábeis em todo o estado AL 7 6 85,71% BA 37 14 37,84% CE 18 13 72,22% MA 11 7 63,64% PB 11 7 63,64% PE 21 11 52,38% PI 20 11 55,00% RN 15 6 40,00% SE 5 4 80,00% Total 145 79 54,48% Tabela 1 – Espaço amostral em relação a todos os cursos de graduação em ciências contábeis da região nordeste do Brasil. Fonte: Elaboração própria. UF Dessa maneira, através de pesquisa nos sites da internet destas instituições, verificouse, dentre as faculdades pesquisadas, quais instituições publicavam sua grade curricular na rede mundial de computadores. Assim sendo, verificou-se que, de acordo com a tabela 2, a quantidade de instituições que detalharam suas grades curriculares na internet somam 41 (representando 51,90% da amostra total). Vale ressaltar que das instituições das capitais nordestinas do Brasil, as que se encontram na cidade de Maceió, capital do estado de Alagoas, apenas 1 (representando 16,57% da amostra total) publicou detalhadamente a grade curricular do seu curso de graduação em Ciências Contábeis. Município Maceió Salvador Fortaleza São Luís João Pessoa Recife Teresina Natal Aracajú Total UF AL BA CE MA PB PE PI RN SE Grade Cursos de graduação curricular em Ciências publicada na Contábeis nas Capitais Nordestinas INTERNET 6 14 13 7 7 11 11 6 4 79 1 9 6 4 4 6 4 4 3 41 % 16,67% 64,29% 46,15% 57,14% 57,14% 54,55% 36,36% 66,67% 75,00% 51,90% 13 Tabela 2 – Publicação na internet das grades curriculares dos cursos de graduação em ciências contábeis das capitais nordestinas. Fonte: Elaboração própria. Sendo assim, foram analisadas as grades curriculares das 41 instituições (representando 51,90% da amostra) no sentido de verificar a aplicação da resolução CNE/CES n° 6/2004 em relação ao ensino da Ciência Atuarial, nos cursos de graduação em Ciências Contábeis das capitais Nordestinas. Verificou-se que, somente duas instituições, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), de Recife-PE, e a Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte (FARN), em Natal-RN, possuem, entre suas disciplinas, uma específica sobre a Atuária. No entanto, outras disciplinas relacionadas à Ciência Atuarial foram encontradas em três instituições de ensino, 2 (duas) em Salvador-BA e 1 (uma) em Recife-PE. As disciplinas, embora específicas da Contabilidade de instituições de Seguros e Previdência, fornecem princípios e termos básicos da Ciência Atuarial ao estudante de Ciências Contábeis. Vale ressaltar que a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) já publicou em seu site da Internet a proposta de sua nova grade curricular, que prevê a inserção do ensino da Ciência Atuarial em seu curso de graduação em Ciências Contábeis. Sendo assim, de acordo com o gráfico 3, apenas 6% da amostra apresentaram, em suas grades curriculares, disciplinas voltadas ao estudo da Ciência Atuarial. Apesar da pequena representação, os números demonstram que algumas instituições já se interessaram em aplicar as diretrizes do CNE e atualizaram seus cursos. Desta forma, tornam-se pioneiras no ensino da Ciência Atuarial em cursos de graduação em Ciências Contábeis, sendo este um importante diferencial para os profissionais de contabilidade formados por estas instituições. 46% 6% Cursos das Capitais sem grade curricular publicada na Internet Cursos das capitais com grade curricular publicada na Internet e que não oferecem disciplina relacionada a Atuária Cursos que oferecem disciplinas relacionadas com a Ciência Atuárial 48% Gráfico 3 – Ensino da atuária nos cursos de graduação em ciências contábeis nas instituições de ensino superior das capitais do nordeste brasileiro. Fonte: Elaboração própria. Portanto, as futuras implementações de disciplinas relacionadas com a Ciência Atuarial deverão abrir mais espaço no mercado de trabalho para os profissionais que desejem ministrar sobre o tema. Para isso é importante o conhecimento aprimorado nas Ciências Atuariais e da Contabilidade de Instituições de Seguro e Previdência. 14 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS As instituições que administram os riscos têm crescido de forma espantosa nos últimos anos, auferindo lucros altíssimos e influenciando sobremaneira na economia do país, no caso dos fundos de pensão o valor de seus ativos representam 15,8% do PIB, com a tendência de crescimento para os próximos anos. Daí a existência de uma forte regulamentação sobre o setor, e de uma fiscalização rígida nos últimos tempos, exigindo que os profissionais ligados à área estejam sempre atualizados. Foi de fundamental importância a criação de um curso específico para estudar a ciência que trata destas instituições, porém, a suspensão completa do ensino das Ciências Atuariais nos cursos de graduação em Ciências Contábeis no Brasil, após a desagregação dos cursos, em 1951, prejudicou o ensino e a relação intrínseca destas duas áreas de conhecimento. Portanto, após estudos que iniciaram em 1997, relacionados aos projetos político pedagógicos dos cursos de graduação no Brasil, o Ministério da Educação e Cultura, através da resolução CNE/CES 6/2004, entre outras orientações, salientou, em diversos artigos, a importância do domínio atuarial nos cursos de graduação de Ciências Contábeis em todo o país. No entanto, apenas 5 (cinco) faculdades das capitais nordestinas se adaptaram a esta recomendação, visto que o prazo ainda é curto para as devidas adequações curriculares. Porém, estas instituições de ensino superior já se anteciparam às demais, e estão oferecendo aos seus estudantes um diferencial importantíssimo para a colocação do profissional de Contabilidade no mercado de trabalho. É, portanto, de fundamental importância o conhecimento da Ciência Atuarial para os Contadores, pois, o mercado de trabalho desta área do conhecimento encontra-se em forte expansão e necessita de profissionais bem qualificados para poderem atender as necessidades, financeiras e fiscais do setor. Desta forma, para os profissionais que se especializam na Contabilidade das instituições de seguros, previdência e capitalização, existe uma grande possibilidade de ingressar em uma carreira bastante promissora. REFERÊNCIAS BOTELHO, Ducineli Régis. Critérios de mensuração, reconhecimento e evidenciação do passivo atuarial de planos de benefícios de aposentadoria e pensão: um estudo nas demonstrações contábeis das entidades patrocinadoras brasileiras. 201 p. 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