ANO 29 • Nº 238
N OV E M B RO 2 0 0 6
O MELHOR
CHOPE DA
CIDADE,
UM GRANDE NEGÓCIO
AS RELAÇÕES
NO TRABALHO
AUTOMÓVEIS:
um sonho em suspensão
PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN
Recado
BRINQUEDOS FASCINANTES
A
vontade de ir de um lugar a outro é inata ao ser humano. Ele sempre
volta para casa, para o conforto e a segurança, mas a aventura, o desconhecido, o que
pode existir do outro lado da ponte, exerce sobre ele um fascínio irrefreável. Junto com a
liberdade de ir e vir, quando e para onde quiser, ou o quanto suas forças permitirem, vem o
desejo pela velocidade. A sensação provocada pela descarga de adrelina é extremamente
excitante, um misto de poder e medo, que faz com que desde pequenos - especialmente os
homens - freqüentem alucinadas montanhas-russas ou dêem as primeiras voltas rápidas em
um kart. Talvez por essa razão, a invenção do automóvel tenha sido um dos maiores
sucessos da História. Mais do que meio de transporte, ele é fonte de prazer. Por isso, além
de veloz, tem que ser bonito.
Nesta edição, falamos um pouco sobre os “carros de sonho”, aqueles com os quais todo
mundo delira e poucos podem experimentar. Nem é preciso dizer quantos flashes eles
receberam durante o Salão do Automóvel, realizado em outubro, na capital paulista. É
impressionante ver a multidão de homens, de todas as idades, amontoados diante dos
estandes desses super carros, disputando um ângulo para perpetuar, com sua própria
câmera, aquele momento de êxtase. Nada o impede de chegar o mais próximo possível do
seu objeto de desejo, nem mesmo o calor, as cotoveladas, os alertas dos seguranças, ou o
fato de representantes de todas as revistas automotivas avisarem que aqueles modelos
estão lindamente expostos em suas páginas e, de quebra, com todas as informações
técnicas sobre eles. Mas, qual, eles não precisam saber mais nada sobre os Ferrari,
Maserati, Porsche ou Jaguar. Desde meninos, diante do primeiro modelo de brinquedo,
eles colecionam tudo o que vêem relacionado ao seu sonho de consumo. Por quê? Uma
das explicações vem do médico psicoterapeuta José Ângelo Gaiarsa, com sua
costumeira irreverência: “O carro tem o poder de transformar qualquer João da Silva
em um super-herói, seja ele homem, mulher, rico ou pobre. É difícil resistir à
tentação”. Realmente, só questões emocionais explicam o fato de um indivíduo
entrar numa fila para comprar um esportivo como estes, pagar o preço pedido, e ter
poucas oportunidades de rodar com ele nas ruas das grandes cidades.
E por falar em emoções, mais dois temas merecem destaque nesta Showroom. O
sonho muito bem planejado e rigidamente executado do grupo de jovens
executivos que mudou de ramo ao montar o bar Original, a Rede de Pizzarias
Braz e outros estabelecimentos, e a polêmica tese de Judith Mair, dona da
agência de publicidade Mair and Others, de Colônia, Alemanha, que vai contra
os profissionais de Recursos Humanos que defendem que o ambiente de trabalho
deve ser prazeroso, bom e divertido. Para ela, no escritório somos apenas colegas
de trabalho e não amigos, por isso, e-mails e conversas pessoais não devem tomar
mais que cinco minutos e ninguém precisa ser super agradável. O mau humor,
inclusive, deve ser tolerado.
Confira.
Conselho Editorial
Cartas
Expediente
PUBLICAÇÃO MENSAL DA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN
Ano 29 – Edição 238 – Novembro de 2006
RONNIE VON
Recebi há pouco o novo
exemplar de Showroom
(Edição 237 – Outubro –
2006) e fiquei encantada ao
ver que Ronnie Von era o
entrevistado. Que bonito
exemplo de realização
profissional e pessoal!
recheada de incríveis
matérias, destacando-se o
tema “Comida pra brasileiro”,
um excelente exemplo de
como obter sucesso na área
de comércio de alimentos.
Showroom amplia o nosso
acervo e possibilita melhor
atendimento às pesquisas.
Fernando Augusto Barros de
Figueiredo
Biblioteca Pública Estadual
Estevão de Mendonça
Cuiabá - MT
O TEMPO DE CADA
UM
Parabéns à repórter Francesca
Tortoriello que muito bem
relacionou os aspectos físico,
histórico, psicológico e
espiritual que envolvem o
tempo (Edição 236 –
Setembro – 2006) e sua
importância para a
humanidade. O texto é
gostoso de ler, sem deixar de
ter conteúdo e praticidade, o
que é fundamental para o
dia-a-dia e a organização do
“tempo” de cada um, sejamos
pontuais, notívagos ou
acelerados.
Parabéns pela iniciativa de
entrevistá-lo e pela
importância do que foi
abordado.
Rosana Alves Lout
Aposentada
São Paulo – SP
O EXEMPLO
HABIB´S
Imperdível a edição 236
(Setembro - 2006) da
Revista Showroom. Ela veio
4
Marcos da Silveria Glória
Professor
São Paulo - SP
TEMPO
CONSISTENTE
Já que estamos falando em
tempo, não tinha como
deixar de elogiá-los por esta
(Nº 236 – Setembro – 2006)
e por outras edições da
revista Showroom, pois nos
tempos atuais contamos com
várias e belas revistas, porém
a maioria delas sem
conteúdo.
Como leitor, quero expressar
meu orgulho por ter acesso a
um material como este, de
altíssima qualidade, muito
bem elaborado tanto no
visual quanto em seu
conteúdo.
Parabéns e obrigado pela
dedicação dispensada a nós.
Jonas Henrique Ferraz de
Campos Salles
VW Baurucar
Bauru – SP
LEITURA
RECOMENDADA
Excelente a análise do livro
“O Novo Jogo dos Negócios”,
de Shoshana Zuboffe James
Maxmin, publicada por vocês
na edição de setembro. Já o
comprei, li e recomendo.
Parabéns pela sugestão.
Antonio Silvio Celes
Empresário
São Paulo - SP
NOVO PROJETO
GRÁFICO
Sou um leitor assíduo da
revista Showroom e gostaria
de cumprimentá-los pela
qualidade da publicação.
Agora, com o novo projeto
gráfico, a revista está ainda
mais interessante, o que me
faz lê-la por mais tempo.
Desejo a todos muito
sucesso e que mantenham a
mesma linha de conteúdo e
de apresentação.
Carlos Jorge Freire Antunes
Peças On Line
São Paulo - SP
Conselho Editorial
Antonio Francischinelli Jr. , Carlos Alberto Riquena,
Evaldo Ouriques, Juan Carlos Escorza Dominguez,
Mauro I.C. Imperatori e Silvia Teresa Bella Ramunno.
Editoria e Redação
Trade AT Once - Comunicação e Websites Ltda.
Rua Itápolis, 815 – CEP 01245-000 – São Paulo – SP
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Editora e Jornalista Responsável
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Redação - Rosângela Lotfi (23.254/MT)
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Azevedo Publicidade - Marcelo Azevedo
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Disal Serviços
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Impressão Gráfica Itú
Tiragem 6.000 exemplares
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Diretoria Executiva
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Vice-presidentes: Carlos Roberto Franco de Mattos
Jr., Evandro Cesar Garms, Heloisa Souza Ribeiro
Ferreira, Luiz Sérgio de Oliveira Maia,
Mauro Pinto de Moraes Filho, Mauro Saddi, Nilo
Augusto Moraes Coelho Filho, Rogério Wink e Walter
Keiti Yaginuma.
Presidentes dos Conselhos Regionais
Região I: Rodrigo Gaspar de Faria
Região II: Luiz Alberto Reze
Região III: Roberto Petersen
Região IV: Carlos Francisco Restier
Região V: João França Neto
Região VI: Ignacy Goldfeld
Região VII: André Luiz Cortez Martins
Conselho de Ex-Presidentes
Sérgio Antonio Reze, Paulo Pires Simões, João
Cláudio Pentagna Guimarães, Orlando S. Álvares de
Moura, Amaury Rodrigues de Amorim,
Carlos Roberto Franco de Mattos,
Roberto Torres Neves Osório, Elmano Moisés Nigri e
Rui Flávio Chúfalo Guião.
Foto de capa:
Marcos Alves
OUTLOOK
GENTE
A PASSEIO
Sumário
3 RECADO
22 COMPORTAMENTO
37 PESSOAL
A mensagem do Conselho Editorial.
A polêmica tese da publicitária alemã
Judith Mair que diz: “ninguém precisa
ser amigo de ninguém no trabalho. Isso
não é natural. No escritório somos
apenas colegas e como tal, basta sermos
bem-educados. Até mesmo o mau
humor deve ser tolerado, porque isto,
sim, é inerente ao ser humano e precisa
ser compreendido.
“Dizer não é tão importante quanto
dizer sim”. A recomendação da
pedagoga Vera Martins.
28 A PASSEIO
39 RH
A redescoberta de Lima. Bonita, bem
administrada, com muitas opções de
entretenimento, a capital do Peru
revela-se uma das melhores opções de
turismo na América Latina. Com preços
convidativos e um sem-fim de
imperdíveis atrações culturais – desde
ruínas pré-colombianas a museus e
edifícios da época colonial - , exótica
gastronomia, praias, golfe e a
possibilidade de compras que atraem os
olhos das mulheres, como jóias em
prata e ouro e peças de Vicunha,
Alpaca, Guanaco e Llama, a Rosa da
América, como é conhecida, encanta
quem a vê pela primeira vez e
surpreende quem volta a visitá-la pela
segunda ou terceira.
Conhecer o temperamento e a
personalidade dos colaboradores facilita
as relações profissionais.
6 QUEM PASSOU
POR AQUI
Amigos e personalidades que visitaram
a Assobrav e o Grupo Disal.
8 GENTE
Como fazer do chope um negócio de
sucesso. Esta é a tônica da entrevista
com Edgard Costa, um dos cinco sócios
da Companhia Tradicional de
Comércio, que hoje reúne os bares
Original, Pirajá e Astor, a rede de
pizzarias Bráz e a Lanchonete da
Cidade. Em apenas 10 anos, estes exexecutivos levantaram um império, e o
melhor, divertem-se, mesmo estando
diariamente de olho no planejamento,
nos custos e principalmente na
qualidade e atendimento ao cliente.
14 CAPA
O que leva os homens a fazer quase
tudo para ter um supercarro? Por que
Ferrari, Maserati, Porsche, Jaguar e
outras marcas de bólidos são tão
atraentes ao público masculino, às
vezes até mais que o dinheiro, status e
as mulheres bonitas?
20 REDENEWS
O que acontece na Rede Volkswagen.
35 CONSULTA SEBRAE
As dicas dos consultores do SEBRAE.
36 FREIO SOLTO
A opinião, a crítica e a ironia do
jornalista Joel Leite.
38 SUCESSÃO
A importância dos herdeiros terem
experiências profissionais próprias e
anteriores ao ingresso na empresa da
família.
40 NOVIDADES
O que há de novo em eletrônica digital,
periféricos de informática e outras
utilidades.
41 LIVROS&AFINS
A resenha da obra “Os efeitos do olhar
externo sobre nós” e os comentários
sobre o filme “A mítica esquadrilha
Lafayette.
42 VINHOS&VIDEIRAS
A opinião abalizada de Arthur Azevedo,
presidente da Associação Brasileira
de Sommeliers – SP
42 MESA POSTA
Histórias de receitas e de cozinheiros.
5
Quem passou po r aqui
Laércio Carneiro Vilhena,
diretor-presidente
da VW Via Costeira em
Natal, para um giro
completo pela
Assobrav e
Grupo Disal...
Na linha de frente,
Angélica Silva, da
FWS, para reforçar a
parceria com a Disal
Serviços no
fornecimento de
produtos e serviços
Shell para a Rede de
Concessionários...
6
Na sede do
Consórcio dos
Concessionários
Volkswagen, o
juiz Rodrigo
Collaço,
presidente da
AMB - Associação
dos Magistrados
do Brasil - para
assinar o
convênio que
estabelece um
plano de
consórcio
exclusivo para a
categoria..
Em momento relax, Elizeu Alves, gerente comercial
do COR - Centro de Operações de Rede - da Indiana
Seguros, para assegurar um perfeito atendimento
aos empresários que operam com o Seguro dos
Concessionários Volkswagen...
O ex-presidente da
Assobrav, Orlando
Álvares de Moura,
titular da VW Savol,
em Santo André, que
há anos reside nos
Estados Unidos, para
uma rápida, porém
intensa, visita aos
amigos.
Em momento cálido, Simone Bidetti
Ferreira, empresária, titular de três
franquias da Fredissimo, para renovar o
seguro de sua frota...
Rogério
Toledo, gerente
de Consultoria
e Automotive
Industry
Leader (IBM
Brasil), em
busca de bons
negócios...
Impressionado com a imponência da
foto na sala de diretoria da
Assobrav que retrata a Planta
Anchieta da Volkswagen, no tempo
em que ainda não era nascido,
Marcus Vinicius, executivo de contas
da Maringá Turismo, para apresentar
boas e novas propostas...
Cheia de charme,
Taiz Mendes,
gerente comercial
da Porto Seguros,
para implementar
melhorias na
operação do
Seguro
Multirisco...
7
Foto: Marcos Alves
Gente
O ÚLTIMO REDUTO
verdadeiramente
democrático
— Você não conhece o Original? — perguntou-me
Edgard Costa, absolutamente surpreso.
— Na verdade, não sou apreciadora de chope.., fui
me justificando, meio sem-graça.
— Tá brincando, jornalista que não gosta de chope?
Não conheço! Mas, olha, ainda dá tempo de mudar.
Lá no Original, uma mulher do seu tipo toma logo
quatro de cara. Duvida?
Por Silvia Bella
E
8
ste foi o início da conversa com Edgard Bueno da Costa, o
divertido e elétrico sócio do grupo de cinco profissionais
liberais (Ricardo Barone Garrido, Sergio Bueno de Camargo,
Mario Gorski e Fernando Grinberg), responsáveis por um case
no ramo de alimentos e bebidas, a Companhia Tradicional de
Comércio. Trocando em miúdos, a holding que reúne os bares
Original, Pirajá e Astor, as pizzarias Bráz e a Lanchonete da
Cidade. Locais que são um exemplo da boa gastronomia “sem
frescuras” de São Paulo – com investidas igualmente bemsucedidas no interior e promessas de ir além-Estado - e que
continuam na moda há 10 anos, apesar da concorrência,
que não para de abrir... e fechar pontos. Esta, aliás, é a
diferença dos bares e restaurantes de Edgard e seus
sócios. Eles continuam lotados. Por quê? “Simples –
responde o entrevistado: nós não abrimos mão de três
condições básicas: qualidade de produtos, atendimento
ao cliente e DNA”. Por DNA entenda-se a personalidademãe, o mote ou a marca registrada que moveu a criação e
determina a perenidade de cada casa do grupo. Por
atendimento, entre outras coisas, o fato de divulgar (e
cumprir) que pode-se jantar fartamente e com um ótimo
vinho às 2 da manhã no Astor. E por qualidade, um
rígido controle de produtos que resultam em quitutes
fabulosos. Nada de sofisticado, tudo simples, do tipo
caseiro, sequinho e muito bem feito, como o Bolinho de
Arroz do Astor, o Bolinho de Carne Seca e Abóbora do
Pirajá, os 220 gramas do sanduíche Bombom da
Lanchonete da Cidade e, claro, o melhor chope da
cidade, presente em todas as casas.
A primeira delas foi o Original, “um botequim rasgado” –
como prefere chamá-lo Edgard – e que até hoje é o
queridinho dos sócios. Nada contra, já que os demais
locais nasceram em decorrência do seu sucesso. Em
apenas seis meses de funcionamento o Original era o
ponto mais badalado da cidade, mesmo estando em uma
rua escondida de Moema.
Como explicar o fato que um lugar antes “micado” – jargão de
muitos comerciantes para o insucesso de seus
empreendimentos - passasse a ser o point do momento? Esta
foi uma das razões para entrevistar a turma do Original, um
pessoal que se diverte trabalhando, mas que leva muito a sério
tudo o que faz, a ponto de não permitir constar de seus
cardápios inovações como pizza de carpaccio, de picanha ou
doces. “A única concessão que fizemos foi a de Catupiry,
mesmo assim, com reservas”, confessa Edgard.
Revista Showroom Montar um bar foi a concretização de uma
idéia boêmia, de um estilo de vida?
Edgard Costa De certa forma sim, mas foi tudo muito, muito
bem planejado. Aliás, o planejamento levou anos. A criação
do Original foi um projeto de marketing em regra. Com
pesquisa de mercado, desenvolvimento da idéia e projeção de
investimentos. Nada, ou melhor, quase nada aconteceu por
acaso.
Showroom Como assim? O que ficou por conta do destino, da
sorte?
Edgard O local. Quando vi o imóvel, fiquei fascinado por ele.
Era exatamente o que havíamos pensado, apesar de estar em
uma rua totalmente obscura na época. Quando levei os
meninos (os primeiros sócios) para verem a casa, a reação
deles foi a mesma que a minha. Tinha que ser lá.
No início dos anos 90, a rua Graúna era totalmente fora do
circuito comercial. Eu só passei na frente porque fui levar um
colega da Unilever para casa. Era um velho armazém,
funcionando precariamente, mas o estilo, o pé direito, as
prateleiras, o assoalho, mesmo em ruínas era perfeito para o
que queríamos. Tentamos alugar a propriedade, mas o dono,
que era também quem tocava o armazém, nos disse que
aquilo era a vida dele, e mais, que a mãe dele, já idosa, vivia
nos fundos. Só mesmo quando ela já não existisse é que o
imóvel estaria disponível. Por um tempo tentamos manter
contato e durante nossa boemia vespertina, passávamos por
lá, tomávamos uma cerveja, conversávamos com o dono, mas
nada mudava. Até que um dia, depois de uma longa
temporada sem freqüentá-lo, ao chegar vimos que o armazém
estava fechado. Perguntamos ao porteiro do prédio vizinho se
sabia o que tinha acontecido e ele nos informou que o dono
do armazém, e não sua mãe, havia morrido. Ele nos indicou,
a duas quadras dali, onde morava a viúva. Quando tocamos a
campainha, uma senhora nos recebeu e disse: “já sei quem são
vocês, podem entrar”. Naquele momento, fizemos um acordo
com a família e passamos a restaurar o imóvel. Refizemos a
infra-estrutura e fizemos uma cozinha. Isso foi há 10 anos.
Showroom Bom, mas antes disso, como nasceu a idéia?
Edgard No início dos anos 90, Ricardo, Sérgio e eu
trabalhávamos na Divisão de Marketing da Unilever e lá
nasceu nossa amizade. Como em todas as grandes
organizações, o volume de trabalho era grande e estressante,
então, começamos a sair nas tardes de sábado para tomar um
chope, preferência de todos. E o que logo constatamos é que
todos nós gostávamos do estilão dos bares tradicionais, isto é,
onde a qualidade do que é servido é irrepreensível e os
freqüentadores são necessariamente bons de copo e de
garfo (risos).
Showroom Que era o caso de vocês...
Edgard E ainda é. Veja o meu perfil (diz, apontando para
si mesmo e sugerindo que está alguns quilos acima)...O
problema é que não havia bares desse tipo nos chamados
“bairros nobres”. Para você poder tomar um chope bem
tirado ou comer um salgado de qualidade precisava ir ao
centro da cidade ou a regiões mais distantes do pedaço
badalado daquele momento, onde ficam, por exemplo, o
Bar Leo - uma lenda, uma legenda, uma tradição no
mercado de bares de SP - ou o Juriti, o Jabuti.
Showroom Não teria sido mais fácil comprar um bar da moda
já com clientela fixa e adaptá-lo ao perfil tradicional que vocês
queriam?
Edgard Não, de forma alguma, porque o que existia nos
anos 90 era um tipo de bar nova-iorquino, de
características sofisticadas, de decoração minimalista, de
música alta, um ponto de paquera, de gente muito jovem
preocupada com outros valores. Quer dizer, era um bar
que exigia dos freqüentadores uma baita produção. Todo
mundo precisava se vestir na moda, passar o perfume da
moda, gostar e saber cantar as músicas da moda, e mais,
não estar absolutamente ligado na qualidade do que ia
beber ou comer.
Showroom Bastante antagônico, um bar onde a bebida e a
comida não são a base do negócio...
Edgard Exatamente, e era isso o que queríamos mudar.
Queríamos um bar simples, onde as pessoas ficassem à
vontade, pudessem tomar um chope no ponto e comer
coisas saudáveis e apetitosas. Um lugar, enfim, onde as
pessoas pudessem conversar e vivenciar a real democracia,
porque eu acho mesmo que o bar é o último reduto no
mundo capaz de reunir na mesma mesa contrários, gente
com gostos diferentes, de ideologias diversas.
Este foi o nosso insight e como marketeiros nos dedicamos
a planejar detalhadamente tudo isso.
Showroom Do planejamento à ação, levou um bom tempo.
Qual foi o principal problema a vencer, o financeiro?
Edgard Também. Vendemos o que tínhamos, carro,
guarda-roupa, colocamos o 13º, encontramos mais dois
sócios, o Fernando e o Mário, que tinham alguma
experiência no ramo, mas tivemos também que superar o
contra da família e nossos próprios medos. Imagine chegar
em casa e dizer: vou largar a multinacional e abrir um
botequim...Então, a coisa foi bem pensada. Mesmo porque
as reuniões de planejamento só aconteciam aos sábados à
tarde e só durante a primeira hora, porque na segunda
cada um de nós já tinha tomado uns quatro chopes e a
conversa dava aquela relaxada, sabe como é...(risos) Mas,
enfim, todos mantivemos os empregos e trabalhávamos no
bar à noite, cuidando das listas de espera, das compras, da
9
Gente
10
administração, da divulgação. Só depois de o Pirajá (segundo
bar do Grupo) estar a pleno vapor e a Bráz de Moema
(primeira pizzaria) consolidada entre as melhores da cidade
é que passamos a nos dedicar de corpo e alma ao negócio.
Showroom Vocês tinham receio da efemeridade que acompanha
esse tipo de negócio, quer dizer, de que pudessem ter que baixar
as portas dali a dois ou três anos?
Edgard Esse foi um dos grandes questionamentos que nos
fizemos durante a fase de planejamento. Por que a maioria
dos bares e dos restaurantes que surgiam a cada dia na
cidade não sobreviviam mais do que cinco anos? Por outro
lado, tínhamos o exemplo dos bares tradicionais, como o
Leo – que tem 70 anos – e toda uma fundamentação teórica
e prática vivida no dia-a-dia da grande corporação, que nos
sustentava a idéia de que era possível ter sucesso se o
empreendimento fosse trabalhado profissionalmente. E foi
isso que fizemos e fazemos até hoje. Sem falsa modéstia,
podemos dizer que até o nascimento do Original, o mercado
de bares novos no Brasil não tinha um tratamento
profissional. Nós criamos um divisor de águas nesse
mercado.
Showroom O que você quer dizer exatamente com “tratamento
profissional”?
Edgard É um olhar de marketing. Nos pegamos uma idéia
lúdica, mas demos a ela um tratamento de produto. O bar é
um produto como outro qualquer, existe demanda, existe
interesse de consumo e alguém tem que atender. Então, se
ele for bom, consistente, não há razão para não durar. Nós
criamos um modelo que se apoiou em três vértices: uma
idéia suficientemente atraente para trazer o público que
queríamos atingir, produtos da melhor qualidade e
atendimento. Além disso, estávamos determinados a
oferecer, além da soma desses três vértices, algo que
superasse a expectativa das pessoas que viessem nos
conhecer.
Showroom Que na verdade é a excelência nesses quesitos...
Edgard Exatamente. Um botequim de verdade, um
botequim essencial, tem o quê? Salgados, e a bebida: chope.
Então, isso tem que ser da melhor qualidade. E com
qualidade não se pode brincar. E aí que o cliente de bar, de
botequim, lhe abandona. Falhou na qualidade, já era.
Showroom E o chope é o carro-chefe?
Edgard Sem dúvida, o chope é o nosso abre-alas, é o nosso
produto por excelência, nosso símbolo. São 240 ml de
líquido mais creme (colarinho). Por isso ganhamos o título
de melhor chope da cidade, durante cinco anos
consecutivos.
Showroom Qual é o segredo?
Edgard Um deles é o fato de o chope ser tratado em uma
chopeira a gelo. Quando estávamos para abrir o Original ao
público, chamamos o fornecedor de chope e dissemos:
queremos ser um bar tradicional desde o primeiro dia de
funcionamento. É algo inusitado ser tradicional se você não
existia antes, mas essa era nossa determinação, e uma das
características dos bares tradicionais é a chopeira a gelo.
Quando pedimos isso ao fornecedor, ele disse: esqueçam, hoje
tudo é muito mais moderno. Foi uma briga. Nós não abrimos
mão da idéia e diante da nossa resistência eles foram atrás de
uma antiga chopeira abandonada. Esta peça foi restaurada e
posso dizer que ela é seguramente a chopeira mais antiga em
operação em São Paulo. Nossa persistência em ter a chopeira a
gelo foi determinante até para mudar o mercado. Depois de nos
atender, a indústria passou a produzir novamente esse
equipamento - hoje conhecido como modelo Original - e a criar
uma gerência nacional de produto só para cuidar do
fornecimento de chope, antes tratado como um produto menor.
Veja como uma idéia consistente pode mudar as coisas. Para
nós não era apenas uma estratégia de marketing, um plus no
negócio, um diferencial, mas a certeza de que a qualidade do
chope seria melhor. Com isso, mudamos os hábitos do
comércio e da indústria.
Showroom Tanto mudaram o mercado que vocês foram muito
copiados...
Edgard É. Antes eu ficava aborrecido diante de tantas cópias
literais do Original que existem no Brasil afora, mas hoje já
superei esse ciúme.
Showroom A marca virou patrimônio da humanidade...
Edgard: Bem, talvez tenha sido esta a nossa
contribuição...(risos)
Showroom O interessante é que vocês mesmos não se copiam. Quer
dizer, seria mais fácil repetir a fórmula de sucesso a cada bar ou
pizzaria que abrem, no entanto, todos têm características diferentes,
inovadoras.
Edgard Exato e a graça está aí. O diferencial é esse. O Pirajá,
por exemplo, que nasceu em 1998 e que é nossa marca mais
conhecida junto com a Braz além fronteiras, foi um gesto de
ousadia, porque embora ele seja também um botequim rasgado,
franco, simples, com qualidade de produto e atendimento, ele
foi buscar uma temática carioca. Enquanto o Original é uma
homenagem aos bares tradicionais de São Paulo e do Brasil, o
Pirajá é um pedido de licença que nós fizemos ao Rio ao
importar um pouco do espírito carioca, do estilo de vida
carioca; essa coisa que diz “apesar de tudo, a gente vive bem”.
O Pirajá tem o jeito de botequim largado, o que no Rio eles
chamam de “Pé Sujo”, isto é, você sai da praia e vai direto para
o bar.
Eu costumo dizer que se fôssemos músicos, teríamos feito um
samba, como somos glutões, fizemos um botequim com alma
carioca.
Showroom Além das especialidades que vocês servem e do charme
das casas, vocês são apontados como mestres em atendimento. Todos
vocês são simpáticos e agem como se estivessem atrás do balcão?
Foto: Marcos Alves
Edgard Olha, ninguém sabe cozinhar aqui (risos). Podemos
brincar nas cozinhas das nossas casas, mas nunca estivemos
atrás dos balcões ou nas cozinhas dos nossos bares, nem
mesmo no início. Somos, sim, apreciadores de bom chope e
de boa comida, e até por isso sempre tratamos o negócio
com o rigor que um negócio precisa ser administrado. Cada
um de nós tem a sua característica e talento natural mais
voltado para determinada área e acho que formamos um
bom conjunto somando essas qualidades. Ricardo e eu
cuidamos do marketing. Ele é responsável por essa área nas
pizzarias e lanchonete e eu nos bares. Já o Fernando é o
financeiro, Mário é o responsável por obras e infra-estrutura
e Sérgio cuida do abastecimento, o famoso setor de A e B
(alimentos e bebidas). Nós formamos o que chamamos de
“núcleo duro” e somos os responsáveis pela administração
diária da empresa, mas contamos também com sócios
investidores.
Showroom É o caso da Pizzaria Bráz em Campinas?
Edgard Sim, lá temos um sócio residente e outros
investidores. Foi nossa primeira experiência em administrar
o negócio a distância, e felizmente vai muito bem.
Showroom Escolheram Campinas por ser um mercado-teste?
Mesmo assim, existe um histórico de estabelecimentos que abrem
e fecham em pouco tempo...
Edgard Olha, Campinas foi inaugurada em 2002 e é uma de
nossas melhores operações, mesmo porque a cidade é
riquíssima, 45% dos lares metropolitanos pertencem à classe
A. Com esse expertise, agora estamos seguros para abrir
nossa primeira casa no Rio. Já estamos em reforma numa
casa do Jardim Botânico e a inauguração está prevista para
abril do ano que vem.
Showroom Como se deu a abertura das pizzarias?
Edgard A primeira, a de Moema, que também fica na rua
Graúna, vizinha do Original, aconteceu por acaso. A Bráz de
Moema nasceu dois anos depois do Original, em 1998. Foi
difícil, porque todos os nossos recursos, na época, estavam
sendo destinados ao Pirajá, nosso segundo bar. Só que o
dono da locadora de vídeos onde hoje funciona a Bráz,
vendo o sucesso do Original quis abrir um bar também.
Soubemos que seria um estabelecimento de outro nível e
ficamos preocupados em comprometer a freqüência do
Original. Bom, decidimos falar com
o proprietário e comprar o imóvel
dele para impedir que abrisse o seu
bar. Lógico que ele se aproveitou da
circunstância e super valorizou o
imóvel, mas conseguimos vender o
segundo guarda-roupa (risos) e
abrimos o Pirajá e a Bráz de Moema
praticamente ao mesmo tempo.
Showroom E vocês tinham
conhecimento do ramo?
Edgard Nada. Só que pensamos: o
que vamos montar, outro bar? Não
era o caso de canibalizar o Original, então decidimos por um
outro tipo de restaurante. A decisão pela pizzaria também não
foi fácil porque chegamos com 80 anos de atraso nesse
mercado! Existem 5.500 pizzarias na cidade, fora as delivery.
Com elas, chega-se a 7 mil. Imagine nossa preocupação, era
preciso criar um produto totalmente diferente, mesmo
porque, pizza até quando é ruim é boa (risos), então, em
primeiro lugar, precisávamos entrar nesse mercado para ficar
entre as melhores, já que não abrimos mão da qualidade,
depois, era necessário pensar numa temática diferente, num
mote que atraísse o público para a nossa pizzaria. Qual foi o
nosso diferencial? Não havia em São Paulo uma pizzaria que
também tivesse um chope de primeira linha. E foi nessa
combinação que apostamos. Encontramos outros sócios, que
já tinham alguma experiência no ramo, e fomos em frente.
Depois pensamos: nada de bandeira italiana, toalha verde e
vermelha. Escolhemos um nome diferente, uma homenagem
ao bairro onde nasceu a pizza em São Paulo: o Bráz. Foi lá, há
100 anos, que os imigrantes napolitanos começaram a
produzir discos de pizza em casa e a vendê-los no dia
seguinte, frios, aos operários das fábricas na hora do almoço.
Dado o sucesso, começaram a abrir pequenos balcões nas
frentes das casas e a servi-la quente. De lá para cá é isso que a
gente vê, um mercado extremamente competitivo e crescente.
Há uma pesquisa que mostra que a pizza será a comida mais
consumida do mundo, superando inclusive o arroz.
Showroom Hoje a rede de pizzarias Bráz já soma cinco unidades.
Sinal de que o negócio vai muito bem...
Edgard Sim, são três em São Paulo, uma em Campinas e a
Quintal do Bráz, inaugurada em maio, na Vila Mariana. Além
disso, temos quatro operações de pizza delivery.
Showroom Por que a Quintal do Bráz tem nome e estilo diferente?
Edgard Pelo mesmo motivo que o Original tem um jeito, o
Pirajá outro e o Astor é um bar classudo, que poderia estar
em qualquer rua de Manhatan. Nossa idéia é sempre oferecer
ao cliente algo novo, diferente, atraente, “original”, sem
perder qualidade e atendimento. No caso da Quintal,
pensamos: como inovar em pizza, se a nossa já é de primeira
qualidade? Daí, tivemos algumas idéias, uma delas foi fazer
um prato que fosse meio calzone (pizza coberta) e meio
pizza. Pronto, surgiu a Carola, um prato que você pode ter,
11
na parte fechada, o recheio que quiser, sem
confundir o sabor com a parte aberta. Além
disso, a Quintal do Bráz tem um estilo
diferente. Lá você encontra pratos empilhados
e outros detalhes que denotam um almoço em
família. E é o que vemos lá, famílias reunidas.
Showroom Mesmo inovando, vocês querem ser
tradicionais...
Edgard Exato, por isso somos a Companhia
Tradicional de Comércio. Em todos os nossos
estabelecimentos temos um ar retrô. Temos
uma preocupação em resgatar as coisas legais
do passado, seja no chope bem tirado, seja na
ambientação acolhedora. E no caso das
pizzarias isso é mais forte ainda porque em
São Paulo pizza não é fast food, não é
simplesmente uma comida. É um programa.
Não há outro lugar no mundo onde as pessoas
se arrumem, se produzam, apenas para comer
uma pizza. Só em São Paulo.
Showroom A tradição se estende também aos
uniformes dos garçons. Eles usam a clássica
gravata borboleta...
Edgard Claro, e isso já começou com o
Original. Enquanto todos os bares tinham
jovens aspirantes a modelos ou estudantes
atendendo às mesas, sem nenhuma tarimba,
nós voltamos com os garçons de profissão;
uma coisa linda. Em todos os nossos locais, os
garçons de vestem adequadamente e são super
preparados. Sabem servir corretamente, são
educados, discretos, conhecem perfeitamente
os produtos da casa e fazem recomendações.
Cada um deles tem os seus clientes e
estabelecem um relacionamento muito
estreito, tudo como acontecia antigamente nos
melhores bares da cidade e quando a boemia
era uma coisa romântica.
Showroom Você fala com certo saudosismo...
Edgard É mesmo, e felizmente em nossos
bares ainda é assim. Temos clientes fixos que
quando não podem vir, mandam nos avisar
para que não fiquemos preocupados (risos).
Isto quando não pedem para preparar alguma
coisa e entregar na casa deles. Esse
relacionamento, essa cumplicidade, tudo esse
clima é bem legal.
12
Foto: Marcos Alves
Gente
ESTRATÉGIAS PRECIOSAS
Por Edgard Costa
IDÉIA ORIGINAL
Desenvolva uma proposta
pioneira e relevante para o
público a que ela se dirige.
PROJETE, PLANEJE
Invista na maturação cuidadosa
da idéia; apure os mínimos
detalhes antes de partir para a
ação.
EXECUÇÃO FIEL
O Projeto é o Chefe; não desvie
dele nenhum milímetro com o
intuito de facilitar o trabalho.
A VONTADE DO REI
Clichê-verdade: seu cliente é o
seu Rei.
Entenda o que ele quer e
surpreenda-o oferecendo-lhe
sempre a mais.
A fidelidade dele será a sua
recompensa.
OBSESSÃO POR QUALIDADE
Jamais abra mão da mais alta
qualidade em favor do seu
cliente.
Ele é sábio e aceita pagar o
preço justo pelo melhor
produto.
PERSEVERANÇA
Não mude de rota frente às
primeiras dificuldades.
Cumpra integralmente sua
promessa ao consumidor, com
firmeza e consistência. Seu
cliente voltará muitas vezes
enquanto tiver a certeza de
que vai encontrar o mesmo (e
melhor) produto de sempre.
PARA SEMPRE, HOJE
Pense sua empresa para durar
eternamente. Aja diariamente.
GENTE COMPROMETIDA
Qualquer negócio é feito por
gente; monte sua equipe com os
melhores e mais envolvidos
/comprometidos com a
empresa.
Marcos Alves
Capa
O
14
“HÁ MULHERES, E HOMENS TAMBÉM,
QUE PULARIAM PARA DENTRO DE
CERTOS CARROS SEM PISCAR”. Por Rosângela Lotfi
dicionário Houaiss de língua portuguesa ensina que,
por extensão de sentido, a palavra mística significa:
“atmosfera ou aura de perfeição, verdade, excelência
incontestável, despertando nas pessoas respeito, adesão
apaixonada, devotamento etc.”
Tomamos emprestada a definição para tentar explicar o
fascínio que certos carros e marcas exercem em muitas
pessoas mundo afora. Bobagem! A decisão de compra de
Ferrari, Maserati, Porsche e, em menor escala, de veículos
premium como BMW, Audi, Mercedes-Benz, Jaguar e
outros poucos não tem nada de racional. É emoção e
paixão.
O leitor há de compreender que estamos no Brasil, um
país emergente, não vamos citar outros ícones que não
chegam às nossas ruas como os esportivos Lamborghini e
Bugatti e luxuosos premium como o Bentley e Rolls
Royce ou os esportivos norte-americanos, que igualmente
têm uma legião de fãs apaixonados.
Alguém já disse que a diferença entre homens e meninos
é somente o tamanho de seus brinquedos. Eles passam
do carrinho de plástico ao de metal, ao de rolimã, ao
skate, ao kart, à moto, ao automóvel... Do antigo ao
último lançamento, do lento ao veloz, do simples ao
sofisticado. Para o médico psicoterapeuta José Ângelo
Gaiarsa, essa paixão tem uma raiz pré-histórica, já que
durante milhões de anos, o homem foi um caçador errante.
Mover-se está no sangue do homem. O sonho é sair andando,
mudar de lugar sempre que possível. “Exatamente por isso o
carro tem o poder de transformar qualquer João da Silva em
um super-herói, seja ele homem, mulher, rico ou pobre. É
difícil resistir à sua tentação”, diz.
Para Marcus Piaskowy, consultor especializado no setor
automotivo, com passagens pela BMW, Jaguar, Land Rover,
Peugeot e professor de MBA da ESPM-SP, nenhum acessório é
tão visível e fala tanto da personalidade de alguém quanto
um carro. Automóveis expressam o estilo de vida, os valores
e conceitos de quem está atrás do volante. “De fato, é um
brinquedo de menino e de homens. Está no nosso software,
isso não muda.”
Observações que explicam um pouco a tara por carros. Mas
não só. Automóveis também têm um lado sexual. Apelo que
também tem raízes ancestrais, explica Gaiarsa. “Cabia ao
homem a tarefa de caçar e o mais poderoso passou a ser o
centro das atenções femininas, que viam nele, socialmente,
segurança e ostentação e, biologicamente, um pai de filhos
fortes. Essa comparação é antiga e foi transportada para os
O MAIS COBIÇADO
Para poucos e privilegiados, o topo desse sonho tem nome:
Ferrari. O veículo que carrega no bico o escudo amarelo com o
cavallino rampante é o carro mais cobiçado do mundo. Esse sonho
se materializou no Brasil em 1997, quando a Via Europa, o
importador exclusivo que comercializa as lendárias máquinas
construídas artesanalmente em Maranello, na Itália, abriu as
portas por aqui. Nesse segmento de alto luxo e alta performance
não é volume de vendas que chama a atenção, mas o preço, quase
inacessível, que transforma esses carros em exclusividades para
uma pequena parcela de pilotos abastados. A Ferrari mais barata,
se é que se pode empregar tal adjetivo, é o modelo 360 Stradalle
ao preço de R$ 1milhão e 250 mil reais e, a mais cara é o
lançamento mundial mais recente, exibida no último Salão do
Automóvel, a 599 GTB Fiorano, com preço estimado em
R$ 2 milhões. Mesmo assim, a marca informa que são vendidas,
em média, de três a quatro Ferrari por mês e que há fila de espera
de até seis meses para adquirir alguns modelos.
Os compradores fazem parte de um público AAA, 80% são
homens, empresários e profissionais liberais, acima de 40 anos. É
o mesmo perfil identificado em uma pesquisa realizada pela
Mercedes-Benz, que aponta o número de consumidores regulares
de luxo no País: entre 300 mil e 500 mil pessoas ou entre 0,17%
e 0,28% da população, mas cujo poder de compra tem efeito
multiplicador, movimentando15% do PIB brasileiro. Pessoas que
gostam de ter exclusividade tanto de produto, quanto de marca e
realizam sua compra por status, desejo e realização pessoal.
“As pessoas têm a necessidade de fazer parte de um grupo, no
caso, um seleto grupo. Comprar um carro destes significa ser
reconhecido por seus pares. Um Mercedes, um BMW, um
Jaguar, são símbolos que dizem “a pessoa chegou lá” e assim
essas pessoas são reconhecidas pelo resto da comunidade”, diz
Piaskowy.
VOLUME NÃO INTERESSA
As montadoras sabem e exploram isso muito bem. O feliz
proprietário de uma Ferrari, Maserati ou Porsche tem a
oportunidade de participar do challenge ou desafio da marca,
um campeonato entre proprietários. Provas competitivas que
acontecem em vários lugares do mundo, com veículos
basicamente originais. Uma oportunidade de explorar a
qualidade e esportividade desses veículos com segurança.
O principal ativo de uma empresa que vende luxo é a imagem
da marca. Ativo, diga-se, na maioria das vezes intangível.
Especialistas afirmam que o nome do fabricante aumenta em
no mínimo 40% o valor de um produto, e em alguns casos,
esse percentual se eleva até 60%. As melhores marcas
compreendem as motivações humanas. “Elas fazem o
consumidor sentir-se melhor, diferente, maior, mais contente,
mais confortável, mais confiante”, escreveram os ingleses Des
Dearlove e Stuart Crainer em “O Livro Definitivo das Marcas.”
Só atributos emocionais explicam o fato de um indivíduo
entrar numa fila para comprar um esportivo como estes, pagar
o preço pedido, e ter poucas oportunidades de rodar com ele
nas ruas das grandes cidades. “As pessoas não estão
comprando um produto, mas um comportamento”, ressalta
Piaskowy.
Mérito à parte, o sucesso alcançado por marcas de luxo está na
auto-satisfação. As pessoas trabalham cada vez mais, atendem
a mais e mais exigências pessoais, intelectuais e sociais, estão
submetidas a constante stress e dizem “Eu mereço” como uma
Marcos Alves
carros ao longo dos tempos. Há mulheres, e homens também, que
pulariam para dentro de certos carros sem piscar”, diz implacável.
15
Capa
recompensa por todo o sofrimento dessa era.
A exclusividade faz parte da mística. Ferrari são feitas
artesanalmente, eles não têm volume disponível para
atender a demanda mundial e não têm interesse de fazer
esse volume. Fazem questão de limitar os veículos para
manter a seletividade dos clientes. Em épocas de
lançamento – que não são freqüentes –, os que já possuem
um carro da marca, ou seja, os clientes tradicionais, têm
prioridade na compra.
SONHO MAIS PRÓXIMO
Essa exclusividade já não existe com as marcas conhecidas
como “marcas de luxo de massa” como Audi, MercedesBenz, BMW, Land Rover, Volvo. Com a estabilidade do
real, a inflação sob controle, o dólar favorecendo as
importações, o sonho de adquirir um carro dessas marcas
está mais próximo. O que é um risco para essa aura de
luxo e sofisticação. A BMW, por exemplo, nos anos 90,
logo após a abertura, trouxe um grande volume de
veículos, e a enxurrada fez com que a imagem da marca
sofresse um desgaste. Outras, como a Audi, têm atributos
e um valor agregado que não encontram paralelo em
nenhum lugar do mundo. Todas, porém, ganharam uma
aura de seletividade, graças aos altos impostos que recaem
sobre os importados. Com preços bastante altos para a
média da população, esses produtos também se tornam
quase inacessíveis.
Pouco ou nada preocupadas em administrar a escassez,
essas montadoras comemoram o aumento de vendas e a
liderança no segmento premium de luxo. A BMW, por
16
exemplo, aumentou suas vendas em 16, 2% no acumulado
de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo
período do ano passado e, entregou 1.467 unidades.
Para Richard Dubini, gerente de marketing e vendas da
BMW do Brasil, é importante estar no País, primeiro como
parte da estratégia mundial de estar presente em todos
mercados. “O Brasil tem importância neste contexto e
representa um mercado com potencial para contribuir para o
crescimento de vendas mundiais da BMW”, ressalta. Essa
importância deve-se ao fato de existir uma classe privilegiada
economicamente e, portanto, possíveis clientes para a marca.
Este público é de classe A e AA, de 35 a 65 anos, homens e
mulheres, com maior predominância de homens. Altos
executivos, profissionais liberais como médicos e advogados
e empresários.
O luxo de massa também busca criar comunidades e formar
grupos seletos. A principal ferramenta de marketing,
divulgação e venda da marca alemã, é um Road Show. Um
evento anual que percorre as principais capitais do país (em
torno de 11 eventos por ano) e reúne cultuadores da marca,
clientes e prospects, que testam a gama de carros,
explorando os atributos e o puro prazer de dirigir.
LÍDERES DE VENDA
A disputa pela liderança de mercado no segmento premium
também é acirrada. Ora Audi, ora Mercedes-Benz atribuem a
si o título de campeã anual de vendas. Ao fim de 2005, a
Audi comemorava o pentacampeonato, de 2001 a 2005, de
liderança nas vendas de carros de luxo deixando para trás
marcas tradicionais como Mercedes-Benz, BMW, Jaguar,
Porsche etc.
Segundo a montadora, no ano passado, o market share
representou 42,60% do mercado premium. A MercedesBenz, a marca da estrela de três pontas, ficou em segundo
lugar com 42,17% de participação, e a BMW, em terceiro,
com 15,23% do segmento.
Se depender dos lançamentos exibidos no Salão, a disputa
continuará acirrada entre as montadoras alemãs neste e no
próximo ano. A Audi apostou na esportividade e exibiu seis
novidades, entre elas, o cupê TT, o jipão de luxo Q7 e o
esportivo S8. Este último, um sedã com propulsor esportivo
de Lamborghini. O motor de 5.2 litros V10 rende 456 cavalos
de potência. A mesma motorização do modelo Gallardo que
leva o carro da imobilidade a 100 km/h em apenas 5,1
segundos. A velocidade máxima é limitada eletronicamente,
em 250 km/h. As vendas desse sonho de luxo no Brasil
devem começar ainda este ano.
No mesmo Salão, a Mercedes-Benz exibiu o superesportivo
SLR McLaren, sonho de consumo em todo o mundo, com
preço de US$ 1,2 milhão – valor mais alto da gama MercedesBenz – considerado um Fórmula 1 de rua. Aliás, ele é
produzido pelo McLaren Technology Center, em Woking, na
Inglaterra, na mesma linha de montagem dos carros de
Fórmula1 da escuderia. Ali são fabricadas 500 unidades do
modelo ao ano. Com um ciclo de vida de sete anos, o modelo
tem produção limitada a 3.500 unidades. Um sonho
exclusivo que no Brasil virou realidade para apenas um
felizardo: um fazendeiro da região sul do país.
EQUIPADOS COM SOL
Se o assunto é fascínio não podemos deixar de citar os
conversíveis. A fascinação por automóveis encontra mais
espaço num cabriolet. Para os construtores, os conversíveis
são verdadeiros representantes da imagem do fabricante. Para
os usuários, o mais puro ideal de liberdade ao volante. Nas
marcas preocupadas com sua imagem e principalmente
com seu mix de produtos há pelo menos um modelo
conversível. Eles estouraram no mundo na década de 70 e
com a evolução da tecnologia ganharam em design e em
recursos que possibilitam maior prazer a motoristas e
passageiros, além de performance, acabamento esmerado
com o uso de materiais que permitem eliminar problemas
comuns como infiltração de água e segurança.
Os bancos traseiros são menores, assim como o volume
do porta-malas, redesenhados em função dos mecanismos
para acionamento das capotas. Os conversíveis pertencem
a categorias sofisticadas, não tanto por causa preço, mas
por serem donos da mais bonita liberdade de dirigir. Em
resumo, trazem todos os recursos e conforto dos carros de
linha e, além de tudo, vêm equipados com sol.
Os brasileiros ficam seduzidos por eles, mas não
compram grandes volumes. A realidade se impõe: a
insegurança das ruas, a maior exposição - pois chamam a
atenção de todos por onde passam -, faz com que fiquem
apenas no imaginário de muitos. As montadoras que se
arriscam a trazê-los ou a fabricá-los localmente, caso da
Ford com o Escort XR-3, nos anos 90, fazem história.
Um dos poucos conversíveis atualmente no mercado é
Peugeot 307 CC, que vendeu 117 unidades em 2005, ou
0,02% de todos os carros vendidos. Sucesso mais
expressivo (e compreensível) é o do Mercedes SLK, com
231 unidades emplacadas em 2005, um cupê que em 22
segundos se transforma em um roadster, graças à sua
capota rígida dobrável.
17
Capa
EOS
A Volks, que também na década de 1990 importou o Golf
Cabrio, volta ao segmento com o Eos. O modelo, que ao
toque de um botão recolhe a capota rígida se transforma de
sedã em um cabriolet, fez muito sucesso no último verão
europeu e esteve entre os mais vendidos de sua categoria.
O público-alvo do Eos é comparativamente alto, uma vez que
o Cabriolet-Coupé está posicionado entre as categorias A e B
européias. Para tanto, ele preenche com alta competitividade
os requisitos do segmento A: contam a ampla faixa de opções
de potência de suas motorizações e da tecnologia Highend,
além da transmissão automática dupla DSG, seu sistema de
som Dynaudio-Soundsystem e, naturalmente, seu inovador
teto solar CSC.
Fechado, o teto CSC se estende num arco em forma de
cauda entre a parte traseira e o pára-brisas. Assim, surge
um teto de Coupé por excelência, elegante e esportivo. A
linha do teto é estendida, a parte traseira, musculosa, e a
aparência, imponente. Aberto, também se vê no Eos que
ele foi concebido como um Cabriolet-Coupé, e seu
conceito de carroceria não foi derivado de nenhum outro
modelo já existente.
CINCO MOTORES: POTÊNCIA ENTRE
115 CV A 250 CV
O Eos está equipado com quatro motores à gasolina, que
rendem as potências de 85 kW / 115 cv, 110 kW / 150 cv,
147 kW / 200 cv e 184 kW / 250 cv, além de um turbodiesel TDI com 103 kW / 140 cv com filtro de partículas
de série. Até 147 kW são usados quatro cilindros com
injeção direta, a variante de 184-kW gera sua força em
seis cilindros.
EXEMPLO DA CATEGORIA B
Mesmo que o Eos seja um tanto mais curto que seus
concorrentes, ele confere ao veículo um bom espaço interno,
tendo tanto conforto quanto outros modelos desta categoria.
Nenhum top-cabrio da categoria B possui um teto de vidro
corrediço ou capota dobrável de aço. A capota se dobra de
modo compacto e confere um design vigoroso. O teto CSC,
que se abre ou fecha completamente em 25 segundos, é
especial, tanto técnica como visualmente. Em primeiro lugar,
porque o segmento dianteiro é transparente como vidro,
podendo ser aberto separadamente ou elevado em 35
milímetros. Mesmo estando fechado, o teto também confere
ao veículo um ambiente interior claro e alegre. Em segundo
lugar, graças à amplitude do teto CSC, a armação do párabrisas do Eos pôde ser encurtada. Isto dá ao carro um feeling
de um puro conversível. Além disso, as proporções também
são equilibradas.
18
O conceito do interior também é totalmente novo.
Enquanto os detalhes de função e operação (luz,
climatização e sistema de som, por exemplo) já são
conhecidos de outros modelos, muitos outros elementos
do Eos têm concepção nova. Entre eles, o painel de
instrumentos, o revestimento das portas e laterais, bem
como a instalação dos bancos traseiros e a climatização
automática apropriada a um conversível. Primeiramente, a
Volkswagen está oferecendo opcionalmente o sistema de
bancos Easy-Entry, ativados eletricamente. Eles “guardam“
a posição dos assentos do motorista e do acompanhante,
voltando à posição – depois que os passageiros de trás
entraram ou saíram – com um simples apertar de botão.
No caso do teto aberto, o volume de carga do portamalas é de 205 litros. Se está fechado, o volume sobe
para 380 litros. De série, a tampa do porta-malas pode
ser fechada com acionamento elétrico. Além disto, existe
a possibilidade de acessar o porta-malas por dentro, por
meio de uma tampa integrada no banco traseiro.
Divulgação
INTERIOR ESPORTIVO E ELEGANTE
RedeNews
AUTO LAFAIETE
Elias Monteiro,
presidente da
Assobrav
REDE VW
450 inscritos no Congresso Fenabrave
“Não sejamos orgulhosos. Vamos analisar e aperfeiçoar
as melhores práticas no mercado.” A declaração é de
Franciso Garcia Sanz, membro do Conselho
Administrativo do Grupo Volkswagen e responsável pela
operação na América Latina, que falou aos
concessionários de veículos da Rede Volkswagen durante
o XVI Congresso Fenabrave, dias 23 e 24 de outubro,
evento que aconteceu paralelamente ao Salão do
Automóvel, em São Paulo. Sanz enfatizou que 2007 será
o “ano do cliente” e que todos os esforços devem
objetivar sua completa satisfação. “Apesar de já termos
ótimos programas, precisamos nos aproximar ainda mais
do cliente”, disse, ao elogiar a performance da Rede VW
que investiu no negócio, R$ 52 milhões
em 2004, R$ 78 milhões em 2005 e R$
50,3 milhões em 2006. “Os senhores
investiram em um negócio correto, já
que a matriz anunciou também o
investimento de R$ 2,5 bilhões nas
fábricas brasileiras nos próximos anos e
aposta num crescimento de mercado no
mínimo de 5% já em 2007”, disse.
O presidente da Volkswagen do Brasil,
Hans-Christian Maergner, que se
aposentará em dezembro, também falou
aos concessionários. Ele enfatizou mais
uma vez a importância do Plano de
Reestruturação para o futuro da
Hans-Christian Maergner, Volkswagen do Brasil e assegurou que a
presidente da Volkswagen marca tem uma vocação para ser líder,
do Brasil
graças ao constante fortalecimento de
sua rede de distribuição, “a melhor Rede de
Concessionários do País”.
O vice-presidente de V&M, Berthold Krueger e o diretor
de V&M, Paulo S. Kakinoff apresentaram um panorama
geral do mercado e a posição da marca, bem como os
lançamentos e as novidades programados para 2007.
O anfitrião da reunião, Elias Monteiro, presidente da
Assobrav, destacou a presença maciça de concessionários
que “lotaram o auditório Elis Regina e representaram
praticamente a metade dos empresários presentes ao
Congresso, demonstrando o poderio e solidez da Rede
Volkswagen”.
20
Cultura, adrelina e diversão para os clientes de
CrossFox
Para prestigiar seus
clientes de CrossFox, a
Auto Lafaiete teve uma
idéia genial: uniu história,
cultura, diversão e
principalmente muita
adrenalina ao promover o
1º CrossFox - Estrada Real.
A estrada, como revela o
nome, era o caminho
percorrido por nossos
nobres colonizadores no
tempo do Império, percurso que a Auto Lafaiete reviveu com
15 clientes vip, curtindo a paisagem e, claro, superando os
acidentes geográficos deixados pelo tempo. A rota foi a
seguinte: Conselheiro Lafaiete a Ouro Preto passando por
Ouro Branco, subindo a Serra
de Ouro Branco onde se
encontram vários trechos
abandonados do “Ciclo do
ouro”, cujo trecho mais
antigo data de 1720. O
chamado “trecho
abandonado” era, por volta
de 1840, denominado
Estrada da Corte, que não foi
concluída por falta de verbas
(Arco próximo ao Bico de Pedra). Já o trecho atual asfaltado
é paralelo à Estrada da Corte, que data de 1850. Houve
também visitação à mineração do Bico de Pedra e o fim do
passeio aconteceu em Itatiaia, uma Vila do século XVIII, que
se localiza entre Ouro Branco e Ouro Preto e onde se
encontra a 3ª Igreja de Minas Gerais tombada pelo
Patrimônio Histórico. Lá aconteceu também o almoço. O
restaurante Villa Itatiaia, feito com material de demolição,
tem um ambiente rústico e oferece uma linda vista para a
Cachoeira e para a Serra de Itatiaia. Tudo preparado no
fogão à lenha, o torresmo, a carne de lata, o feijão tropeiro
e o pernil à mineira foram algumas das delícias servidas.
Em determinado momento, o grupo deixou os CrossFox e
caminhou durante 40 minutos para atingir o cume da serra,
mas ninguém reclamou. Para participar do passeio, os
clientes precisaram levar apenas uma doação de 5 kg de
alimento não perecível, depois entregue a uma instituição
filantrópica da cidade, e contaram com todo apoio, inclusive
com a presença de um médico socorrista (Anjos do Asfalto)
que acompanhou o grupo
durante todo o trajeto.
“Para nossa surpresa, mesmo
com o tempo ruim a
empolgação dos
participantes
foi imensa”, disse Luiz
Cláudio, diretor da
concessionária.
SABRICO
Pioneira em centro de preparação de veículos
novos do País
Um dos investimentos recentes realizados pela
Sabrico é a inauguração de um centro de
preparação de veículos novos, para colocação
dos acessórios e personalização dos carros zero
quilômetro, conforme o pedido do cliente. A
inauguração do centro insere-se em um
contexto de crescimento de vendas e
investimentos da concessionária em novas
unidades, serviços e marketing.
“Este é o único centro do País criado com o
objetivo específico de personalizar os carros
zero quilômetro”, destaca Marcos Dadalti. Ele
explica que o centro de preparação permitiu à Sabrico realizar com mais agilidade e rapidez a preparação
dos carros zero quilômetros.
Ainda dentro do seu programa de expansão, a Sabrico inaugurou, no segundo semestre de 2005, uma loja na Avenida
Anhaia Mello, Zona Leste da cidade, em uma área de 4.500 m2. Apenas dois anos após a Sabrico ter aberto sua maior
loja em São Paulo, na Marginal do Tietê. E no dia 4 de outubro foi inaugurada a Sabrico One, à Avenida Sumaré, nº
810, voltada à comercialização dos importados e carros de luxo da Volkswagen.
ALTA VEÍCULOS
“Harmonizando vinhos com o Passat Variant Turbo”
Cinqüenta clientes foram convidados pela Alta Veículos para
participar da degustação de vinhos comandada pelo sommelier Didu
Russo, fundador da Confraria dos
Sommeliers e colunista das
revistas Gula e RSVP, no fim de
setembro, na loja de vinhos
Grand Cru. E o melhor: durante a
noite, foi apresentado o Passat
Variant Turbo, cujas qualidades
foram sendo comparadas aos
cinco rótulos oferecidos.
“Procuramos identificar os
atributos do Passat Variant Turbo
aos vinhos que degustamos, isto
é, ressaltamos os aspectos
tecnologia, potência, elegância,
espaço e custo-benefício, que se
harmonizaram perfeitamente”,
disse, satisfeito,
Paulo Altenfelder Santos, titular da concessionária.
SUDESTE
A concessionária da moda
Muito charme e estilo marcaram o stand da
Sudeste Automóveis durante o oitavo Fashion
Days em Juiz de Fora. O espaço teve como
tema o estilo Art Déco, e por lá passaram cerca
de quatro mil pessoas por dia. Os visitantes
ainda puderam relaxar, entre um desfile e
outro, no lounge criado especialmente para
receber o público. O resultado foi a plena
satisfação dos clientes
e uma maior
interatividade com a
marca.
Outra novidade que
marcou a presença da
Sudeste no evento foi
a promoção Flash
Celebrity, em que dois
recepcionistas
convidavam o público
para serem clicados na frente do Space Fox, e
no dia seguinte, a foto era disponibilizada em
um hot site criado especialmente para o
evento. No site, o internauta podia votar na
melhor foto, e a celebridade mais votada
ganhou um CD player com mp3 para carro.
O Fashion Days é considerado o maior evento
de moda da região da Zona da Mata, e traz
tendências dos maiores eventos de moda do
setor no Brasil, como Fashion Rio e São Paulo
Fashion Week. Este ano, o evento aumentou
seu espaço e abrigou um público de até quatro
mil pessoas com estacionamento para mil
veículos.
21
Marcos Alves
Co mpo rtamento
“VAI SER FELIZ EM CASA”
O título acima é um plagio consciente e deliberado de um artigo
escrito por uma publicitária alemã chamada Judith Mair, publicado
pela imprensa de lá mas que correu o mundo. Causou tanta
polêmica que virou livro, editado no Brasil pela Editora Martins
Fontes com o sugestivo nome de “Chega de Oba-Oba”. A razão do
diz-que-me-disse é que a autora vai contra a corrente e enfurece
os profissionais de Recursos Humanos que defendem que o
ambiente de trabalho deve ser prazeroso, bom e divertido.
Por Sophia Zahle
22
D
ona da agência de publicidade Mair and Others ,
de Colônia, Alemanha, Judith Mair professa, no melhor
estilo germânico, seus mandamentos aos quatro cantos
do mundo. Entre os mais polêmicos estão: “Só se
trabalha de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h30; é
proibido levar trabalho para casa; somos colegas de
trabalho e não amigos, por isso, e-mails e conversas
pessoais não devem tomar mais que cinco minutos;
ninguém aqui precisa ser agradável, o mau humor é
tolerado, desde que não interfira no desempenho; a
vida particular de cada um não nos interessa, da mesma
forma, desaconselham-se conversas sobre o trabalho
fora do escritório; deve-se evitar o uso da palavra ‘nós’
fora do expediente, só estamos no mesmo barco diante
de nossos clientes.”
A autora ataca o jeito norte-americano de trabalhar, o
“american way of job” que tomou conta das
companhias do mundo inteiro, inclusive na Alemanha e
no Brasil, e que é non-stop. É o estar conectado,
plugado 24 horas, graças à revolução das tecnologias de
informação que deveriam ter aumentado a
produtividade para garantir mais horas de lazer, mas (o
tiro saiu pela culatra) que acabou causando uma grande
invasão na vida pessoal de todo mundo. Essas “algemas
eletrônicas”- como diz uma renomada consultora de
etiqueta empresarial -, quase todos concordam, é a
principal causa da onda de stress mundo afora. Ari
Marques, da MR Consultores, professor de pósgraduação com especialização em finanças, cursando
mestrado em psicologia da educação, defende que o
trabalho é para ser realizado durante um período. “Se
esse tempo excedeu e a pessoa faz disso uma regra, algo
está errado com ela, na equipe, no processo ou na
empresa.” Para ele, nada justifica essa invasão na vida
privada. Do ponto de vista pessoal, no entanto,
concorda também que é difícil colocar limites,
principalmente, depois da barreira ultrapassada. “O
mercado é muito competitivo e em várias áreas,
excessivamente, ofertado. Com isso falta às empresas
bom senso para não invadir as horas de lazer dos
colaboradores impondo tarefas, insistindo no celular ou
empurrando notebooks.”
“Motivação é deixar as pessoas com
tempo livre para se divertirem”
“Somos colegas de trabalho e não amigos”.
“O controle através do crachá – que surgiu há 150 anos
– é mais óbvio, mas a invasão da vida pessoal e
profissional também é uma forma de deter o controle,
criar uma espécie de servidão”, diz a psicóloga
organizacional e diretora da AP Fraiman Consultoria, Ana
Fraiman. Em uma situação de emergência, essa
disponibilidade faz parte do jogo mas viver em função da
empresa é inadequado e gera uma sensação de falso poder.
“Faz com que as pessoas pensem que são insubstituíveis, o
que não é verdade. Em um processo de reestruturação,
essas pessoas sofrerão e ficarão mais frustradas”, explica ela.
O primeiro mandamento não é dos mais polêmicos, embora
os profissionais não admitam que concordam na frente do
chefe. O que frau Mair diz é: “A verdadeira motivação é o
próprio trabalho. Quando uma pessoa faz o que gosta,
trabalha o suficiente e tem um salário condizente com sua
função; ela vive em constante motivação. Motivação é
deixar as pessoas com tempo livre para que se divirtam da
forma que preferirem e não obrigá-las a trabalhar até tarde
todos os dias e muito menos nos finais de semana. Isso
desanima qualquer um.” Mas o que dizer do segundo
mandamento (Somos colegas de trabalho, e não amigos) em
uma época que se intitula “do conhecimento”, onde o que
vale é o que o trabalhador sabe. Era, em que as empresas
reconhecem que a valorização do fator humano é um
diferencial competitivo. Para Ana Fraiman, o tema amizade
no trabalho é pertinente pois há (hoje) a ausência de
fronteiras entre o público e o privado. “É um traço da
sociedade fluída, onde tudo pode. Isso abre portas de
aprendizagem e aprimoramento cultural, possibilita a
formação de uma nova sociedade, mas também gera
angústia, pois as pessoas ficam sem parâmetros de
comportamento.”
“Em geral, as amizades no trabalho são
apenas utilitárias”
É antinatural ser amigo de todos.
Quando em processos de seleção exige-se capacidade de
relacionar-se bem com todos, isso significa relacionamento
amistoso e não amizade íntima. “A convivência facilita a
amizade. É freqüente que as pessoas conversem sobre
assuntos da vida privada. Nada impede que isso aconteça,
mas isso não quer dizer que a amizade vai sobreviver ao
tempo, aos muros da empresa. Geralmente formam-se
amizades utilitárias e é bom distinguir uma da outra, sob
pena de gerar muita decepção.”
É uma necessidade humana ter amigos, já afirmava
Aristóteles. A natureza humana busca seu semelhante e o
fundamento da amizade está na própria natureza. Como
definiu lindamente o poeta Cícero, em 44 a.C. : “Pois a
amizade faz a felicidade mais esplêndida e, pela partilha e
comunicação, ameniza a adversidade.” Amizade pressupõe
23
Co mpo rtamento
profissional. O ideal é uma relação cortês e amistosa,
não necessariamente amigável”, escreve.
A psicóloga organizacional, Ana Fraiman, que trabalha
com planejamento de pós-carreira e aposentadoria, diz
que o ideal é respeitar e não gostar de todos. “Achar
que se deve ser amigo de todo mundo é uma coisa
pueril.” Mas mesmo o “ser amigo” não significa não
fazer críticas. É o que se chama assertividade, isto é, se
posicionar sem ferir o outro, criticar o trabalho quando
for preciso com delicadeza e cuidado. “As relações
amistosas não inibem isso, ao contrário, fica mais fácil.
É tão ruim e prejudica tanto o trabalho quanto - se as
pessoas forem muito fechadas -, serem somente cordiais
e corretas. Da mesma forma é prejudicial o extremo
oposto, aquele que fala demais e por isso fica
vulnerável.”
“A liderança se estabelece a partir de
exemplos”
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lealdade, confiança, laços que se conquistam com o tempo,
afirma Ana. “A amizade no trabalho é adequada e como tal
surge e é cultivada, mas uma pessoa de bom senso não
deve fazer amigos fácil demais. É preciso estudar melhor
quem será ou não amigo. Com todos se deve ter uma
convivência amistosa e respeitosa, não necessariamente
amizade.”
Bom relacionamento interpessoal não quer dizer que todo
mundo tenha que ser amigo de todo mundo e estar junto
nas horas de lazer, reforça Marques. “É se manter sem
conflito pessoal, se dar bem com todos, com respeito e
responsabilidade e, se além disso conseguir harmonia e
gerar um relacionamento de amizade, ótimo. O que não se
pode é ter medo do conflito profissional, que deve existir
sempre, pois melhora a produtividade. Não há relação
humana que não melhore com conflito. O inverso disso é
falso. É uma falsa harmonia.”
É justamente a tentativa de criar um ambiente falsamente
harmonioso que Judith Mair combate. “É tão antinatural
ser amigo de todos (e não apenas colegas de trabalho),
quanto trabalhar bem-humorado todos os dias. À medida
em que as pessoas ficam íntimas demais, é difícil fazerem
críticas negativas com medo de magoar o outro. Isso não é
Mais prática, menos discurso.
“Há uma dose de incerteza em todo o recrutamento que
é o lado do relacionamento. O profissional é uma
engrenagem que tem que se adequar à máquina”, diz
Ari Marques. Essa é a razão da “construção de
personagens corporativas” que se estabelecem desde as
entrevistas de emprego. O que também é criticado por
Mair e que, segundo ela, também é decorrência do
esquema de trabalho americano: “Os processos de
seleção exigem que todos sejamos iguais: candidatos
com dinamismo, competência social, inteligência
emocional, grande talento para lidar com gente, uma
aparência impecável, comunicativo, motivado. Ou seja,
temos que ser todos iguais para entrar no mercado de
trabalho. Um verdadeiro exército de pessoas super
fáceis de se relacionar e alegres diariamente.”
Trabalhar a relação de pessoas a partir de “modelos”
não é viável, segundo Marques: “Se não for acima não é
abaixo. A liderança é fundamental para instituir um
ambiente harmônico de fato nas empresas. A ausência
de conflitos na direção permeia toda a organização”, diz
ele, defendendo mais prática do que discurso. “A
liderança se estabelece a partir de exemplos. Um líder
que se diz democrático mas não aceita sugestões, não
ouve ninguém, é uma falácia que já complica a relação.”
Em qualquer equipe há pessoas com características
diferentes; alguns são carregados de afetividade e
expansão, outros são introspectivos e reservados. “O
que não se pode é aviltar a condição humana, mas
trabalhar com cada um na realidade que o caracteriza.”
Conhecer a equipe, ter percepção dos valores,
comportamento e das necessidades de cada um é uma
atribuição do líder. É o saber a quem deve abraçar
e em quem dar tapinha nas costas. “Essa é a
relação que vai naturalmente se estabelecendo na
empresa”, completa Marques.
“Ninguém aqui precisa ser
agradável. O mau-humor é
tolerado.”
Diz outro mantra de Judith Mair. O bom humor é
uma virtude, mas não dá para ser feliz e
bem-humorado todo o tempo e em qualquer
circunstância, mas a boa educação é necessária
dentro ou fora da organização e modifica para
melhor o clima organizacional. “Podemos viver com os
radicais. São pessoas que instigam a discussão, fazem
pensar e repensar”, analisa Ana, que faz uma distinção:
“Pessoas bem educadas são polidas, atenciosas, têm bons
modos à mesa e no trato social. São discretas, não falam
alto nem palavrões. Tratam as pessoas com dignidade e
com afabilidade, têm uma fala aprimorada que denota
cultura. Já a pessoa que é só formal é menos afetuosa.
Aquele que é formal, mal educado e antipático, que só faz
o básico, coloca uma barreira entre si e os demais. São
pessoas que não sorriem, não descontraem. Pois mesmo o
mais bem educado tem seus momentos de descontração.”
É preciso levar em conta também que a descontração é
uma característica do povo brasileiro. É o “jeitinho”(não
confundir com falta de ética), é a forma de ser mais
amistoso, de quem gosta de se relacionar, de tocar, de
contar coisas, de conversar. Esse comportamento não está
fora das normas de boa educação, mas algumas
instituições tendem a conduzir o seu pessoal a um certo
formalismo e essa condição é mais difícil de ser entendida
pelos povos latinos”, afirma Ari Marques.
Livros como o do ex-executivo da Disney, John Hoover,
cujo título é “Como Trabalhar para um Idiota” (editora
Futura), na lista dos mais vendidos na área de
administração (mais de 30 mil exemplares), é um forte
indício que os “idiotas” ainda têm mito espaço nas
organizações. Hoover define o tipo como “aquelas pessoas
que não têm uma pista de como suas ações afetam as
outras pessoas. Isto não significa que sejam ruins de
espírito. Simplesmente têm falta de consciência.”
“Quem ´se acha` não está se vendo na realidade. Se
enxerga maior do que realmente é.”
Os intratáveis
E por causa disso, acredita Ana Fraiman, é difícil que
desapareçam. “São tratados com deferência por serem
tecnicamente competentes, mesmo tendo baixa
tolerância com os outros. As companhias não desejam
perder bons funcionários, que trazem resultados e que
só não se dão bem no trato com as pessoas. Como
líderes, eles funcionam.” Para ela, essas características de
personalidade são sinais de que falta autoconhecimento
para identificar o jeito de cada um. Quem conhece a si
mesmo aprende a se expor e a refletir. Quem “se acha”
não está se vendo na realidade. Se enxerga maior do que
realmente é. “Ter autoridade, pulso firme, mas ser
flexível e cordial, mostra inteligência tanto interpessoal
quanto intrapessoal. É uma qualidade de quem sabe
quais são seus valores.”
Para Ari Marques, o excelente técnico que tem uma base
teórica muito boa mas que não sabe se relacionar com
os outros, está cada vez mais sem mercado. “As
empresas, preocupadas com o clima organizacional hoje
em dia, investem em coaching para transformar esse
perfil em um ser humano, e assim, mantê-lo na
empresa. Mas o “insociável” ainda é uma figura bastante
comum”, lamenta.
“A tolerância social se coloca no ambiente de trabalho”,
afirma Ana Fraiman. E há uma falácia na sociedade, em
particular na brasileira, ao negar que o preconceito, seja
ele qual for, faz parte das pessoas. “A questão não é ter
sentimentos e pensamentos de preconceito, mas exercer
isso. O que não se pode é agir com preconceito. Não
conseguiremos eliminar os preconceitos, mas fortalecer
as ações que devem ser calcadas no respeito” Afinal, ser
objetivos e eficazes no trabalho, alcançar um bom
desempenho com disciplina, regras claras e cortesia
interessam tanto a empresários quanto a funcionários.
Pode-se chamá-los de arrogantes, vaidosos ao extremo,
grossos, insuportáveis, tanto faz, o fato é que estão
presentes nas empresas. Podem ser tecnicamente
excelentes, deter grande conhecimento e trazer resultados.
Ambientação: Benedixt Móveis – Gabriel Monteiro da Silva, 663
www.benedixt.com.br Modelos: Flávio Domingues,
Mavie Ramunno, Daniella Schmidt
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A Passeio
Del Puente a la Alameda menudo pie la lleva
por la vereda que se estremece,
al ritmo de su cadera,
recogía la risa de la brisa del río
y al viento la lanzaba, del
Puente a la Alameda...
“La Flor de la Canela” - Chabuca Granda/ Manuel Alejandro
Por Silvia Bella
Fotos: Silvia Bella e Lílian Garcia
A ROSA DA AMÉRICA
O
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s versos, para nós, brasileiros, imortalizados na magnífica
interpretação de Caetano Veloso (álbum “Qualquer Coisa”)
retratam perfeitamente a atmosfera – a paisagem, o clima, a
graça, o charme e a hospitalidade dos limenhos. A poetisa
peruana Chabuca Granda conseguiu, como ninguém talvez
o fizesse, dado seu amor por Lima, colocar palavras tão
perfeitas, tão exatas, na melodia de Manuel Alejandro.
Lima, conhecida como a Rosa da América, faz jus ao
apelido. A capital peruana é um jardim, e é uma pena que
pouca gente saiba disso. Assim como muitos não fazem
idéia, por exemplo, que Lima abrigou a primeira
universidade em todo o continente americano, a
Universidade San Marcos, fundada em 12 de maio de
1551, um século antes de Harward.
Ficar em Lima é uma delícia. O clima é muito agradável,
mesmo no verão. Mérito de sua condição geográfica, que
apesar de estar ao nível do mar e ter a mesma latitude de
Salvador, recebe as correntes dos Andes e do Oceano
Pacífico, criando um moto-contínuo de evaporação e
precipitação que torna tudo mais ameno. Porém, lá não
chove nunca. Somente uma garoa, muito fina, faz com que
a temperatura seja assim, prazerosamente estimulante para
caminhar. E o que não falta são coisas fantásticas para ver.
Não sem razão, Chabuca Granda exaltou a “brisa que vem
do rio”. É o rio Rimac, produto do degelo dos Andes, que
embora pequeno, especialmente se comparado aos
brasileiros, é suficiente para irrigar partes da cidade, que se
alterna em jardins e desertos em curtas distâncias. Um
fenômeno interessantíssimo de se apreciar. Mas, claro, isso
não é tudo, é só o começo.
Favas e galanteios
Ao caminhar por suas largas avenidas e desembocar em
suas grandes praças – obras que o colonizador espanhol
deixou com maestria, revelando a clássica planta romana o forasteiro é obsequiado com muitos agrados. As favas
29
A Passeio
e a pureza do indígena, expressa em um sotaque suave e doce,
é mais um dos mil motivos para conhecer Lima.
Ruínas, diversão e compras
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fritas, petisco que é oferecido como o nosso amendoim
torrado, é uma delas. Simples, saboroso e impossível de
comer uma só. Com o cone de papel na mão e a câmera
digital pendurada, vai-se caminhando sem pressa, sem
stress, porque a cada 10 metros há um balcão fechado de
madeira entalhada (construção tipicamente limenha que
impede a visão de quem passa pela rua, mas permite a
quem está dentro da casa ver perfeitamente o que se passa
lá fora) mais bonito para fotografar ou um canteiro mais
florido para apreciar. De desagradável, só mesmo o
trânsito, inexplicavelmente barulhento. Não há um volume
de carros tão grande a ponto de causar tamanho alvoroço,
mas parece ser uma característica dos limenhos dirigir
com a energia de um Ayrton Senna, mas sem sua destreza.
As buzinas incomodam, como de resto toda a frota,
formada por carros velhos e um sem-fim de peruas e
micro-ônibus que fazem lotações. Nada tão incomum a
nossos olhos. O que, sim, é inusitado para nós, brasileiros,
é a educação e a gentileza do povo. Convenhamos, é
muito agradável ouvir de um simples guarda de trânsito
“bienvenida a Lima”, quando se atravessa uma rua, ou a
saudação de um comerciante de quem não se comprou
nada mas se admirou a vitrine: “que desfrute su estadia,
señorita”. Essa gentileza, um misto da galanteria espanhola
Acredite, não é preciso ir a Cuzco ou Machu Picchu para ver
ruínas das civilizações pré-colombianas. Lima está repleta delas.
São fascinantes, emocionantes à primeira vista e muito bem
cuidadas. Aliás, o mesmo acontece com os vários museus,
todos riquíssimos e fáceis de entender, mesmo sem o auxílio de
um guia. No entanto, a ajuda de um especialista – todos são
muito bem preparados, muitos deles, professores – é oportuna.
Porque mesmo sendo bom de História, a de Lima remonta a
milênios e é fácil perder o fio da evolução, especialmente diante
de uma cultura tão assombrosamente instigante.
A prefeitura de Lima tem investido bastante na promoção do
turismo. Eles querem mostrar tudo o que a capital tem e pode
oferecer a preços bastante razoáveis, deixando de ser mero
ponto de partida para Cuzco e Machu Picchu. De fato, a cidade
está repleta de arqueólogos. Estudiosos estrangeiros se juntam a
cada dia aos especialistas peruanos nas escavações que
acontecem em vários pontos da cidade. Percebe-se claramente o
investimento não só nas descobertas arqueológicas como no
cuidado com a infra-estrutura da cidade. As ruas são
limpíssimas, o comércio ambulante que anos atrás ficava
espalhado pela cidade foi concentrado em simpáticas feirinhas,
muito bem organizadas e com preços justos, ainda que a
pechincha seja prática comum e esperada pelos comerciantes.
Um bom número de hotéis e restaurantes de primeira linha
estão aptos a receber os mais exigentes visitantes, brindandoos, inclusive, com shows que apresentam o variadíssimo
folclore peruano. Lima também permite visitar as famosas
Casas Haciendas – casarões de propriedades rurais em estilo
espanhol ainda presentes na zona urbana -, algumas delas com
demonstrações do Caballo Peruano de Paso (Cavalo de Passo
Peruano), uma tradicional criação das ricas famílias peruanas e
um espetáculo emocionante de se ver.
Pisco Sauer, peixe e coca
A gastronomia é um capítulo à parte. Quem gosta de peixe e
frutos do mar não pode ser mais feliz do que em Lima. Na arte
da boa mesa eles também conseguiram mesclar o melhor da
cozinha ibérica com a alimentação saudável do indígena.
Assim, peixes são acompanhados de milho de várias espécies,
cor e tamanhos, ou por um dos 500 tipos de batatas, todas de
sabor incrível, e que já haviam encantado os colonizadores
cinco séculos atrás, quando levaram esse maná americano para
a Europa e o cultivaram para dizimar a fome no Velho
Continente. Assim, o ceviche – prato a base de peixe curtido –
e as conchitas gratinadas - vieiras ao forno com queijo ralado –
são iguarias irresistíveis e saudáveis. Como sobremesa, não se
pode deixar de experimentar as exóticas frutas lúcuma e
chirinoya, mesmo porque, antes desta refeição você já deverá
ter tomado uns três pisco sauer, o drink feito a partir da
fermentação da uva, com clara de ovo e licor de Angastura, que
os peruanos reivindicam como deles, embora os chilenos digam
o mesmo. Bem, o pisco sauer é como uma capirinha, você vai
tomando, achando que é levinho, docinho... Portanto, atenção
à quantidade, mesmo porque ele é oferecido em todos os
lugares, algo assim como o cafezinho brasileiro, um gesto de
boas-vindas, só que o efeito é bem mais estimulante. Para
rebater esse, digamos, estado de graça, nada como um mate
de coca, um ótimo chá digestivo que nada tem de
alucinógeno, pelo menos que eu me lembre. De fato, o mate
de coca é bem comum e até as crianças quando comem
guloseimas demais fazem uso dele. É uma boa lembrança para
trazer aos amigos, diferente, e bem mais em conta do que as
fantásticas peças em Vicunha, Alpaca, Guanaco ou Lhama.
Balança, mas não cai
Lima abriga cerca de 9 milhões dos 28 milhões de peruanos.
Apesar do cinturão de pobreza que isola 4,5 milhões de
pessoas na periferia, a cidade tem cassinos, três campos de
golfe (o Clube de San Isidro, de 1920, é o mais importante
deles e detém uma grande área verde na parte nobre),
comércio elegante e bairros residenciais sofisticados. As praias
são bonitas e perfeitas para aprender a surfar, por isso o Peru
é um dos países líderes nesse esporte. A avenida que costeia o
Pacífico, conhecida como Costa Verde, permite apreciar uma
paisagem belíssima e é repleta de parques (como o Parque do
Amor, inspirado no Parque Guell de
Gaudi, em Barcelona) e restaurantes de
luxo.
A cidade também tem uma forte presença
oriental, responsável pelo surgimento de
várias chichas, pequenos restaurantes que
servem um misto de comida oriental e
peruana com estações de Internet. Este é
um dado que demonstra o progresso da
cidade, que em
alguns bairros
registra aluguéis
de U$ 2 mil ao
mês, e que tem um plano diretor para a completa restauração do
centro histórico. O que já foi feito é bem bonito de ver. Entre a
preservação de olivais e buganvilles de todas as cores, há igrejas,
mosteiros e casas típicas, construídas com adobito, tijolo feito à
base de água, cana, palha e barro, anterior ao adobe, usado pelos
limenhos para construir suas moradias sem risco de sucumbirem
aos terremotos, já que Lima está sobre uma placa tectônica,
portanto, em zona sísmica. “É o famoso balança mas não cai”,
explica a guia Elizabeth Arroyo, que viveu no Rio de Janeiro por
cinco anos e não perde a oportunidade de uma comparação ou
piada, bem ao estilo carioca. De fato, a construção chamou a
atenção dos espanhóis que viram muitas de suas edificações
coloniais ruírem no forte terremoto de 1746, enquanto as casas dos
limenhos sofreram pequenas rachaduras.
Os monumentos, quase todos construídos por arquitetos e
escultores espanhóis, são belíssimos, à exceção de um detalhe em
um deles, que mesmo bizarro, tornou-se parte do acervo e motivo
de visitação. Conta-se que um famoso artista catalão foi incumbido
de esculpir a figura feminina que representa a Liberdade e que faz
parte do monumento ao General Libertador José San Martin
31
A Passeio
devidamente protegidos por grades (contra a ação de ladrões)
nas clarabóias que serviam de entrada da luz natural.
As catacumbas são uma atração à parte. Descanso perpétuo de
religiosos e pessoas notáveis, os restos mortais eram lá
depositados desde que se comprasse o espaço. Há esqueletos e
ossadas curiosamente ordenadas (fêmures, antebraços, crânios
etc) dos séculos XVI, XVII, XVIII e metade do século XX.
(proclamador da Independência do Peru, em 28 de julho de
1821). Como a obra, ainda não finalizada, estava preste a ser
inaugurada, o artista pediu a um de seus assistentes: “No te
olvides de poner la llama” (a chama votiva que identifica a
Liberdade). Qual não foi a surpresa durante a cerimônia ao se
descobrir que a “llama” (chama, em espanhol) estava em cima
da cabeça da estátua e era, na verdade, o animal característico
do Peru!
Museu São Francisco e Catacumbas
32
É obrigatório visitar o Museu São Francisco (e as
Catacumbas), fundado em 1210 com sete claustros.
Inicialmente a casa dos jesuítas que chegaram com os
conquistadores, foi também morada de freis franciscanos e
dominicanos quando os espanhóis foram expulsos e com eles
a Companhia de Jesus. O edifício tem belezas incontáveis.
Murais, azulejos sevilhanos, madeiras nobres folheadas a
ouro, telas a óleo e uma série de quadros do século XVII – a
série Apóstolos - atribuídos ao estúdio do famoso José de
Rivera. No refeitório há um painel pintado por um padre
jesuíta que representa a Última Ceia. Os motivos locais
demonstram a intenção da Companhia de Jesus em se
aproximar dos nativos, já que a mesa, por exemplo, é
redonda, há crianças servindo como garçons, um cão deitado,
e o prato principal tem uma caça guarnecida com batatas.
Mas o mais surpreendente é a figura feminina ao lado de
Jesus Cristo. Para alguns estudiosos, seria Maria Madalena.
Coincidência ou não com a obra “O Código Da Vinci”, vale a
pena ver a beleza do trabalho.
Outro cômodo que não pode deixar de ser admirado, sim,
porque a reação normal é ficar boquiaberto, é a biblioteca. A
sensação é de estar compartilhando o espaço com um
religioso de “O nome da Rosa”, tal a austeridade e o mistério
que envolvem a sala. Lá estão guardadas cerca de 28 mil
obras. São pergaminhos, manuscritos e livros valiosíssimos,
Huachos eróticos
Outro museu que é obrigatório visitar é o Rafael Larco Herrera.
Em suas peças de cerâmica, tecidos e jóias está toda a evolução
das culturas pré-colombianas, dos primeiros homens que
habitaram o Peru ao fabuloso Império Inca, que no seu apogeu
chegou a dominar o que hoje são o Chile, Argentina, Bolívia,
Colômbia e Equador, interligando esse território com 40 mil
quilômetros de estradas, superando todos os acidentes
geográficos.
Entre as incontáveis prateleiras do Museo, algumas chamam a
atenção. São peças de cerâmica com formas fálicas e que
retratam posições sexuais entre heteros e homossexuais.
Algumas, inclusive, aludem ao sexo após a morte, isto é, em
outra vida. Toda essa “ousadia” demonstra, segundo os
estudiosos, que para os antepassados dos Incas e para eles
próprios, não havia tabus sexuais. O sexo era livre, adotavam
práticas naturais de não fecundação e procuravam através dele
atingir a sublimação, um estado de graça religioso. Isto, desde
os primórdios.
Como provam os tesouros reunidos no Museu Larco Herrera, a
chegada do homem ao Peru remonta a 13 mil anos antes de
Cristo. Vieram da Ásia – daí a semelhança entre a raça amarela
e os nativos americanos - cruzando o Estreito de Behringer. Em
8 mil antes de Cristo esses habitantes começam a trabalhar a
agricultura. Registros mostram a cultura da pimenta e do feijão.
Nessa época, seis focos de desenvolvimento humano
acontecem no mundo, mas no Peru, dizem os arqueólogos, o
homem supera muitos obstáculos naturais e por isso torna-se
mais evoluído. Em 6 mil a.C, encontram-se indícios da cultura
do milho, da batata e da abóbora e a constatação de que se
tornaram sedentários. Passam a existir aldeias de 5 a 10 casas
com 25 a 50 pessoas, mas é em 3 mil a.C que acontece em
todo o mundo um salto evolutivo de grande relevância. No
Peru não é diferente. Explode o crescimento demográfico e
começam a existir construções maiores. São os primeiros
PHOTODISC
edifícios públicos, monumentais, onde a sociedade se
reune para se organizar. Essas construções ainda não têm
o caráter de santuários, são apenas para uso civil. As ruas
servem para estocar alimentos, o que indica que já tinham
excesso de produção e constata-se a presença de
monolitos para a observação do espaço. Esta é a questão
que leva muitos estudiosos a pensar seriamente na
possibilidade destas civilizações terem recebido
ensinamentos de extraterrestres. E se o avanço em
medicina (sabe-se que as antigas civilizações já abriam
crânios), na arte, na organização social, e no manuseio dos
metais (existem inúmeras jóias de ouro e prata que têm
pontos de fusão diferentes, fundidos juntos) que
detiveram forem analisados sob essa perspectiva, a teoria
deixa de ser ficção. Verifica-se também uma preocupação
muito grande com a vida após a morte. Eles passam a
mumificar, a preservar os corpos, a sepultá-los de várias
formas, inclusive na posição fetal, como se os preparassem
para o renascimento em outro estágio. Junto com os
corpos são colocados utensílios e adornos, e erguem
templos a Inti (o Sol) e a Quilla (a Lua).
Brilhantes e crentes, mas fracos guerreiros
Com a decadência da cultura Chavin, no início da era
Cristã, diversos povos andinos iniciam pequenos reinos.
Alguns se expandiram e formaram verdadeiros impérios. A
civilização Nazca, por exemplo, é digna de nota. Apesar
de radicados em um ambiente hostil, realizaram
construções fantásticas. Outros dois povos importantes
nesse período pré-Inca foram os Tiahuanaco e os Wari,
localizados nas margens do Lago Titicaca e no vale do
Mantaro. O resultado palpável dessas civilizações são as
grandes construções em pedra como Machu Picchu.
No século XII, esses impérios entram em decadência e
surgem outros pequenos reinos, dos quais três são
grandiosos e dois tornam-se impérios. São eles os Chanka,
os Chimu e finalmente os Incas. Os Chimu criaram
sistemas de irrigação muito avançados e iniciaram sua
expansão no século XIV inclusive para terras desérticas.
Habilidosos, chegaram a dominar quase todo o litoral
daquele que posteriormente foi o Império Inca.
A etnia Inca, cuja origem é a cidade de Cuzco, realizou
sua expansão, dominando outras cidade e povos, sendo
estes subjugados e obrigados a jurar lealdade ao
Imperador (que no Império recebia o nome de Inka),
entretanto, os antigos governantes dos povos dominados
não eram destituídos de seus cargos. Uma forma dos
“Inkas” mostrarem sua bondade e agradarem os aliados, já
que davam liberdade aos súditos das outras tribos de
manterem suas crenças e costumes, com exceção da
veneração a Intip (o Sol). Mesmo assim, os governantes
das tribos acabaram se unindo aos espanhóis quando eles
chegaram, pois ansiavam em ter o poder sobre seus reinos
de novo.
A História faz mais referência aos Imperadores que
começaram a “reinar” em 1300. O último deles, antes da
conquista espanhola, foi Wayna Kapaq, que esteve no
poder entre 1495 e 1528.
Como se sabe, o conquistador espanhol, Francisco Pizarro,
começou a realizar missões de reconhecimento nas costas
do Império Inca em 1524 e elas duraram oito anos. Essas
expedições consistiam apenas em chegar às praias e
estabelecer contato com algum nativo. Embora nunca
tenham ultrapassado o litoral e não tenham sido
essencialmente agressivas, essas incursões começaram a
alarmar a população. Porém, o pior foi o surgimento de
doenças entre os nativos, trazidas pelos marinheiros
brancos. Qualquer simples gripe podia dizimar milhares de
pessoas já que não tinham anticorpos para os males do
Velho Continente. As epidemias ajudaram a enfraquecer o
Império antes mesmo da conquista propriamente dita, que
só aconteceria em 1532. Antes disso, já haviam morrido
cerca de 200 mil nativos, entre eles o Imperador Wayna
Kapaq e seu filho mais velho, que estava sendo preparado
para sucedê-lo. Sem sucessão direta, o Império se vê às
voltas com dois competidores: Atawallpa e Wascarr, que
começaram a travar lutas pelo poder. Como os sacerdotes
de Cuzco, apoiadores de Wascarr, haviam pedido ajuda aos
deuses para vencer a batalha, os espanhóis foram vistos
como tais e assim foi formada uma aliança para derrotar
Atawallpa.
Em 1535, as tropas de Atawallpa estavam exterminadas e
Pizarro havia consolidado o domínio espanhol sobre o Peru
por meio da fundação da cidade de Lima, destinada a ser a
capital do Vice-Reino.
Língua escrita
Por mais interessante que seja a História da conquista do
Peru, o que vale evidenciar é o legado cultural deixado
pelas várias civilizações pré-colombianas, como o domínio
das cores e da fiação que resultam em belíssimos mantos e
vestes ou na arte em produzir ferramentas. Isso sem
considerar o conhecimento de técnicas quase industriais
para desidratar alimentos e assim conservá-los ou a
33
A Passeio
Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. As
autoridades brasileiras emitirão o documento de
vacinação que deve ficar sempre junto ao seu
Passaporte ou Carteira de Identidade original, com
emissão inferior a 10 anos. Esse documento pode ser
solicitado pelas autoridades de ambos países a
qualquer momento.
A Companhia Aérea Lan faz um vôo direto de 5 horas
e meia (desconsiderando o fuso horário de 2 horas a
menos em relação a Brasília), saindo do Aeroporto
Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e
chegando ao aeroporto Jorge Chávez, em Lima.
genialidade de criar o Quipus – um conjunto de cordas de
diferentes tamanhos e cores com nós em pontos diferentes e de
formato circular utilizado para contar. Pelo menos é o que se
pensava até recentemente. Hoje, uma arqueóloga peruana
defende a tese de que os Quipus contém também palavras, o que
leva a crer que os antecessores dos Incas tinham uma língua
escrita. A tese se baseia no fato de vários desses Quipus terem
sido encontrados em escombros, muitos bem guardados, como
que para preservar informações importantes, assim como
também foram achados junto a restos mortais de Chaskis, os
famosos corredores, encarregados de levar mensagens por todo o
território.
Em que pese a dominação espanhola sobre a cultura nativa
peruana (e de quase toda a América Latina), tentando apagar sua
cultura e convicções religiosas, hoje já não cabe mais a discussão
de quem foi bandido ou mocinho nessa História. A evolução da
humanidade sempre teve vencedores e vencidos, mas isso não
quer dizer que os subjugados fossem inocentes. Os Incas e seus
predecessores não eram exatamente bonzinhos. Foram elitistas,
impingiram a escravidão e fizeram sacrifícios humanos, entre
outras atrocidades até alguns anos atrás jamais mencionadas em
nome de um ufanismo latino-americano sem fundamento.
Porém, o que deve ficar registrado sobre sua passagem pela Terra
– e do que devemos nos orgulhar como sul-americanos – é o
fantástico legado cultural que deixaram e aquele que as atuais
escavações ainda vão revelar.
Como se vai a Lima
Antes de mais nada, é preciso providenciar a vacina contra Febre
Amarela,10 dias antes do dia da partida. Ela pode ser tomada no
34
Lima tem as quatro estações definidas, mas o clima é
ameno. Não chove nunca.
No outono e inverno a temperatura varia entre 13º e
18º C e no verão entre 24º a 28º C
A moeda local é o Novo Sol (1,00 U$ = 3,20 a 3,25
soles), mas praticamente todo o comércio aceita
dólares americanos.
O turismo local é atendido por operadoras
competentes que mantém acordos com várias agências
brasileiras, mas procure informar-se sobre aquelas
especializadas em Lima.
*A jornalista viajou a convite da Central de Eventos – Maringá
Turismo, Rede Accor e Lan.
stock.xchng
Co nsulta SEBRAE
NEGOCIAR É PRECISO
Todos nós somos eternos negociadores.
Aprendemos a negociar antes mesmo de
aprendermos a falar. Não se espante. É
verdade. Um recém-nascido, que não sabe
falar, já começa a sua vida negociando.
Negocia com a mãe. Negocia chorando. Chora
quando tem fome. Chora quando tem frio.
Chora quando faz “pipi”. E a negociação nos
acompanhará pelo resto da nossa existência.
E
Por Sergio Diniz
nquanto viver, você estará negociando. Estará
negociando com seus pais, com seu cônjuge, com seus
filhos. A vida familiar nos condiciona a uma
permanente negociação. Na vida empresarial, não é
diferente. Em tempos passados, muitos se referiam ao
empreendedor, ao empresário, como negociante. Tal
nomenclatura perdurou por muito tempo. Afinal, no
âmbito empresarial, acontecem os negócios. A
negociação está presente em todos os instantes.
Assustado! Não se atormente. Estamos sempre em
negociação com os nossos clientes, com os nossos
fornecedores, com os nossos funcionários.
Embora mesmo que, instintivamente, já se pratique no
cotidiano, devemos relembrar os detalhes cruciais
numa negociação. Vamos pensar em alguns.
Uma negociação envolve pessoas, que podem pensar
diferente, podem lutar por interesses antagônicos,
podem valorizar “coisas estranhas” ao nosso
entendimento. É preciso se preparar antecipadamente
para negociar, pois se reunirmos informações sobre as
características do nosso opositor, já é um bom começo.
Procure conhecê-lo. Ouça com atenção redobrada. Se
tiver alguma dúvida, pergunte, esclareça. Comunique-se
através de uma linguagem clara. Seja direto, objetivo.
Evite ser prolixo. Transmita segurança e credibilidade.
São poderosas armas no “combate”. Procure fazer tudo
com muita nitidez e transparência.
Tenha uma argumentação sólida, bem fundamentada.
Dê exemplos, demonstre resultados, use estatísticas,
recorra a dados históricos. Enfim, esteja bem
municiado. Prepare o seu arsenal. Às vezes, precisamos
nos expor ao outro. Só não devemos “baixar a guarda” e
deixar a ponta do queixo desprotegida, pois assim,
podemos ser nocauteados. Às vezes, recuar faz parte da
estratégia de guerra. É comum numa negociação
ocorrer discordância ou divergências, mas mesmo assim
nem tudo está perdido. Não deixe que isso venha a
“atravancar” a negociação. É o momento de rediscutir. É
a hora de redefinir os parâmetros que são essenciais e
que devem nortear o processo de negociação. Clareie as
idéias. Procure as frestas que o outro lado deixou.
Reorganize os seus argumentos. Enfatize os benefícios,
se for o caso. Reavalie quais são os pontos mais
importantes para o seu oponente. Em determinadas
situações, alguém tem que ceder.
E lembre-se: negociar é uma arte. E arte, pode ser
definida como sendo “a capacidade natural ou
adquirida de pôr em prática os meios necessários para
obter um resultado”.
Portanto, mãos à obra!
Negocie.
Sergio Diniz - Consultor - Sebrae-SP
35
stock.xchng
Freio solto
QUANDO A MÍDIA
DESINFORMA
Com a bandeira da liberdade de imprensa
dissemina-se uma geração de comunicadores
prepotentes e temidos pelas fontes.
´
E
Por Joel Leite
uma contradição incompreensível o que o eleitor faz
consigo mesmo. Vivemos uma aparente democracia, com
liberdade individual garantida, liberdade de expressão,
instituições democráticas fortes. O problema é que esse
mesmo eleitor que escolhe livremente os seus representantes,
acha que todo político é ladrão, que todo político é corrupto.
Acredita que todos se candidatam para tirar vantagens
individuais. Ora, há uma distorção entre pensamento e ação.
Onde está a coerência, se eu considero mau-caráter o
representante que eu escolhi, entre tantos outros, para me
representar?
A imprensa é responsável pela disseminação dessa deturpação
do pensamento. Revolta-me o abuso e o devaneio, a
irresponsabilidade de colegas que denunciam sem
comprovação, destroem pessoas, entidades, governos e
chamam isso de liberdade. Forjada nas redações da grande
imprensa, que dissemina o pensamento hegemônico da
sociedade de consumo, essa geração de profissionais não
admite punição, não admite se submeter a um órgão
36
profissional que controle a sua conduta. Consideram-se
acima das leis; são pessoas pretensiosas, prepotentes, quase
médicos.
Li no jornal dia desses uma “denúncia”: Governo destina
verba para redutos eleitorais de deputado”. É um episódio
exemplar para mostrar a ação nociva de parte (grande parte)
dos comunicadores. A “notícia” tinha a clara intenção de
colocar o leitor contra o governo, como se fosse imoral
destinar verba ao reduto eleitoral do deputado. Ora, é
obrigação do governo destinar verbas para deputados
fazerem obras. A região onde o deputado atua é chamada
“reduto eleitoral”, pois é ali onde ele colhe os votos que o
elegem. Que mal há nisso? É também obrigação do deputado
exigir do governo verbas para melhoria da sua região. Assim,
a manchete do jornal poderia ser:
“Deputado consegue verba para melhorias na região” ou
“Presidente destina verba para nossa região”
A imprensa desvirtua a ação política séria, tenta passar a
idéia de que todos os políticos são iguais, que são todos
corruptos. Analistas vomitam opiniões, “achismos”, criando
uma animosidade do eleitor com seu representante, o que,
em última instância, leva as pessoas a pensar que não vale a
pena votar, que não vale a pena exercer a democracia. Daí
para achar que “o tempo da ditadura era melhor” é só um
passo; se eu não sei escolher meus representantes é melhor
que alguém escolha por mim!
Peraí: não sou nenhum inocente. Muitos parlamentares (a
maioria, talvez) usam os seus poderes em interesse próprio.
O erro - e a má intenção - da imprensa é tratar a coisa de
forma leviana, deturpando a ação política.
É preciso investigar e criticar, este é o papel da imprensa.
Mas, assim como os médicos, os jornalistas são cada vez
mais semideuses. Quase perfeitos; não podem ser
contestados. São a fonte da verdade, temidos, reverenciados.
Essas manchetes ilustram bem o papel da imprensa de
desinformar o leitor:
“A suposta tentativa de atentado em Londres foi frustrada
pela polícia inglesa”. Desde quando suposição é notícia? A
manchete leva o leitor a pensar que houve um atentado e
que a polícia londrina frustrou esse atentado. Mas o atentado
não existiu.
Veja essa outra forma de não informar:
“O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, não acredita
que o PT tenha ligação com o PCC”.
Ora, a imprensa noticia a não notícia. A notícia não existe.
Não diz que o PT tem ligação com o PCC. A única
informação na frase é que o governador não acredita, quer
dizer: a notícia não fala nem mesmo sobre o que o
governador pensa, mas sobre o que ele não pensa. É uma
clara intenção de ligar o partido aos bandidos.
A imprensa deturpa. Desinforma. É tendenciosa, perniciosa.
E não é punida! Experimente criticar um profissional da
mídia, jornalista, publicitário... com certeza levará a pecha
de censor, contra a liberdade democrática.
Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação Cásper Líbero, com pósgraduação em Semiótica, Comunicação Visual e Meio Ambiente. Diretor da
Agência AutoInforme, assina colunas em jornais, revistas, rádio, TV e
internet. Não tem nenhum livro editado e nunca ganhou nenhum prêmio
de jornalismo. Nem se inscreveu.
Pessoal
DIZER NÃO É TÃO IMPORTANTE
QUANTO DIZER SIM
Por Vera Martins
Ter dificuldade para dizer não, ficar quieto ou
concordar com o outro numa situação
polêmica para não arrumar confusão, ter a
sensação de que se está “engolindo sapo” com
freqüência são comportamentos que indicam a
necessidade de assertividade.
A
ssertividade: habilidade necessária em todos
os níveis de relacionamentos. Tanto no ambiente de
trabalho quanto na vida pessoal, aprender a dizer não
é tão importante quanto saber dizer sim e essa
habilidade evita que ocorram desencontros, conflitos
e dissabores nos mais variados níveis de
relacionamentos.
Muito provavelmente o significado da palavra
“assertivo” é desconhecido da maioria das pessoas.
Porém, no dia-a-dia, o excesso ou falta dessa
qualidade tem influenciado diretamente os mais
variados tipos de relacionamentos, sejam pessoais ou
profissionais. De forma simplificada, uma pessoa é
assertiva quando diz “não” quando quer dizer “não” e
diz “sim” quando quer dizer “sim”, porém, por
termos dificuldade em manter um comportamento
assertivo, um grande número de pessoas se envolve
em desencontros, conflitos e dissabores em seus
relacionamentos.
A assertividade está intimamente ligada ao
autoconhecimento e é uma habilidade que pode ser
desenvolvida. Aprender a dizer não é tão importante
quanto saber dizer sim. Existem indícios que
apontam a necessidade de uma pessoa em ser
assertiva, e não é necessário ser nenhum especialista
para identificá-los. Ter dificuldade para dizer não, ficar
quieto ou concordar com o outro numa situação
polêmica para não arrumar confusão, ter a sensação
de que se está “engolindo sapo” com freqüência ou
sempre bater de frente com as pessoas para fazer
prevalecer sua opinião ou vontade são
comportamentos que indicam a necessidade de
assertividade.
O desequilíbrio da assertividade pode refletir tanto na
passividade quanto na agressividade, aspectos nocivos
nas relações pessoais e profissionais. No trabalho, por
exemplo, a importância dessa habilidade é bastante
relevante. Para atender às demandas de um mercado
competitivo e ágil, um profissional deve ter as
características do comportamento assertivo, o qual
constrói uma comunicação interna saudável dentro de
uma empresa. Isso acontece porque as pessoas passam
a encarar os problemas do cotidiano com naturalidade
e não têm dificuldades para resolvê-los. As
informações fluem com transparência, na quantidade e
na qualidade necessárias.
Na vida pessoal, a assertividade traz bem-estar porque
a pessoa sente que tem as rédeas da própria vida em
suas mãos. Ela está no controle e não sente a
necessidade de ter a aprovação obrigatória de outras
pessoas sobre seus atos. Com isso, a pessoa se torna
mais autoconfiante e com sua auto-estima equilibrada.
Em geral, a falta da assertividade é decorrente do
medo da perda (do emprego, da segurança, do
conforto, da estabilidade etc).
Vera Martins é pedagoga, mestre em Comunicação e Mercado e
consultora especialista em treinamento e desenvolvimento de
pessoas no ambiente organizacional. É autora do livro “Seja
Assertivo!” e co-autora do livro “Comunicação e Mercado –
Mestrado na Cásper Líbero: Orientação e Resultado”
37
Sucessão
HERDEIROS ENFRENTAM “LABORATÓRIO”
ANTES DE ASSUMIR A EMPRESA FAMILIAR
A preparação de herdeiros para dar
continuidade à empresa familiar
remete a uma mudança fundamental
de conceito. Trata-se da troca de um
modelo individual para um modelo
coletivo. Nesta passagem, algumas
empresas incentivam os seus
herdeiros a buscarem a experiência
de abrir novos negócios para
exercitarem a integração e
qualificação, antes de se tornarem
sócios da empresa familiar.
N
Por Ana Rita Schlatter
o modelo do fundador, na chamada 1ª geração,
geralmente é possível contar com a figura do
empreendedor nato, que toma as decisões de forma
centralizada. A partir da 2ª geração em diante é comum
que se encontre um grupo de sócios que não se
escolheram e que devem negociar para decidir. A
habilidade demandada passa a ser a de agir coletivamente.
A base deste novo modelo coletivo é a relação de confiança
e o respeito mútuo. Mas, como construí-la? Como usar as
diferenças a favor dos negócios? Como lidar com os
conflitos que certamente surgirão? Segundo Victor Pinedo,
em seu livro “Tsunami”, esta base é produto de três
componentes: ter uma tarefa clara a ser realizada;
estabelecer um sentimento de equipe, no qual todos são
co-responsáveis e contribuem com suas habilidades
individuais para o resultado coletivo e proporcionar
aprendizado coletivo.
De acordo com a experiência desenvolvida pela Bernhoeft
em seu trabalho com as Famílias Empresárias, é possível
verificar que o empreendedorismo é extremamente eficaz
para atingir tais objetivos. Ele cumpre a função de uma
espécie de “campo de provas”, com riscos calculados pela
38
limitação do capital investido, no qual se podem
experimentar estes três ingredientes.
Um exemplo da eficácia deste método é a experiência de
uma empresa-cliente de grande porte e do setor de
serviços, na qual o controle está com a 2ª geração e em
fase de preparação da 3ª geração, composta por 14
primos, na faixa etária de 18 a 38 anos.
Este grupo de 14 herdeiros abriu um negócio, em
proporções bem menores que os negócios principais do
grupo, cuja regra principal foi conservar os mesmos
padrões operacionais e administrativos da holding: manter
os mesmos níveis de exigência ética e financeira; as
reuniões sistemáticas de prestação de contas para a
sociedade; o sistema de informações transparente e
“amigável”.
As atividades não poderiam estar relacionadas aos
negócios do Grupo e alguns herdeiros deveriam ocupar os
lugares de gestores, outros de conselheiros e outros apenas
sócios do capital. Segundo um dos atuais sócios, membro
da 2ª geração, os principais obstáculos encontrados foram
“os mesmos de qualquer empresa familiar: colocar esta
turma junta para tomar decisões, praticar o diálogo
societário e aprender a lidar com os conflitos e diferenças”.
A exemplo deste grupo de herdeiros, o estímulo ao
empreendedorismo pode funcionar como um verdadeiro
“laboratório”. Entre os ganhos: a oportunidade dos
elementos do grupo para conhecer suas habilidades e
dificuldades; o aumento da segurança, não só nas
capacidades individuais, mas do conjunto; o exercício do
diálogo societário e empresarial, decisão coletiva e
resolução de conflitos; e, principalmente, o
amadurecimento da relação de confiança dentro do grupo.
Ana Rita Bittencourt Schlatter é consultora da Bernhoeft. É
Mestre em ADM pela USP/FEA com MBA pela Fundação Dom
Cabral. É também professora da FAAP na disciplina Empresa
Familiar e Sucessão.
RH
TEMPERAMENTO E
PERSONALIDADE NAS
ORGANIZAÇÕES
Conhecer acerca do temperamento e da personalidade pode contribuir em
diversas situações, especialmente na vida organizacional. Por Armando Correa de Siqueira Neto
O
s variados comportamentos existentes no ser humano
dizem respeito a alguns fatores. Dentre eles, destacam-se o
temperamento e a personalidade. Por temperamento podese entender que são os traços da personalidade, “a reação
emocional ou o estilo comportamental do indivíduo na
interação com o ambiente.” Compreender o próprio
TEMPERAMENTOS SANGUÍNEO
temperamento ajuda na identificação de pontos positivos e
negativos, permitindo, assim, direcionar a maneira de ser
para determinadas tarefas na vida pessoal e profissional.
Podemos tentar uma auto-avaliação, conhecendo alguns
pontos dos vários tipos de temperamento que estão nesta
tabela:
COLÉRICO
MELANCÓLICO
FLEUMÁTICO
PONTOS
POSITIVOS
FALANTE
EXPRESSIVO
CORDIAL
AMIGÁVEL
COMUNICATIVO
ENTUSIASTA
COMPREENSÍVEL
VONTADE FORTE
INDEPENDENTE
VISIONÁRIO
PRÁTICO
PRODUTIVO
DECIDIDO
LÍDER
TALENTOSO
ANALÍTICO
ESTETA
HABILIDOSO
AUTODISCIPLINADO
DISPOSTO A SACRIFICAR-SE
SENSÍVEL
CALMO
DIGNO DE CONFIANÇA
OBJETIVO
DIPLOMATA
EFICIENTE
ORGANIZADO
PRÁTICO
HUMORADO
CONDESCENDENTE
PONTOS
NEGATIVOS
INDISCIPLINADO
INSTÁVEL EMOCIONALMENTE
IMPRODUTIVO
EGOCÊNTRICO
EXAGERADO
CRUEL
IRADO
SARCÁSTICO
AUTO-SUFICIENTE
IMPETUOSO
DOMINADOR
VINGATIVO
FRIO E INSENSÍVEL
AUTOCENTRADO
DESCONFIADO
SUSCETÍVEL
VINGATIVO
MAL-HUMORADO
CRÍTICO
TEÓRICO
NÃO-SOCIAL
PESSIMISTA
PROCRASTINADOR
PREOCUPADO
EGOÍSTA
AVARENTO
AUTOPROTETOR
INDECISO
TEMEROSO
DESMOTIVADO
Fonte: revista Crescimento Pessoal & Motivação de março/2006.
Personalidade é “a organização dinâmica, no indivíduo,
daqueles sistemas psicofísicos que determinam o seu
pensamento e comportamento característicos, a sua
adaptação típica ao meio social.” Conhecer acerca do
temperamento e da personalidade pode contribuir em
diversas situações, especialmente na vida organizacional, na
qual a gestão de pessoas demanda, cada vez mais, um
melhor nível de relacionamento entre os colaboradores.
Ressalta-se ainda o tipo de relação necessária no eixo líderseguidor, questão particularmente estudada por
universidades e empreendedores que objetivam manter
qualidade na gestão de talentos, do conhecimento, da
motivação, da produção e produtividade etc.
Portanto, o ser humano é único, e como tal deve ser
respeitado em suas particularidades. Existem diferenças de
personalidade entre as pessoas e elas respondem e se
comportam em tempos variados, com motivações e posturas
que muitas vezes desapontam àqueles que tentam nivelá-las
em um mesmo padrão. A frustração pode ocorrer ao líder
que almeja resultados semelhantes em seus seguidores, mas
desconhece os temperamentos e personalidades, levando em
conta apenas o imediatismo das ações. Contudo, há pessoas
que demoram mais para realizar determinadas tarefas, mas
podem fazê-lo com mais qualidade do que outras que as
realizam em velocidade superior.
A psicologia é uma aliada do gestor que entende a
importância de conhecer com maior profundidade seus
colaboradores. Sem ela, os obstáculos roubam a energia, a
expectativa da boa gestão e do crescimento, frustrando
planos e pessoas.
Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo e diretor da Self Consultoria
em Gestão de Pessoal. É professor, e mestre em Liderança pela Unisa
Business School. E-mail: [email protected]
39
No v idades
GRANDE CAPACIDADE
Gravadores de DVD não são mais novidade, mas a
Philips ampliou a capacidade de armazenamento ao
lançar o DVDR3455H. O equipamento traz um hard disc
(HD) igual ao dos computadores, isto é, armazena
informações que
não são perdidas
quando o
equipamento é
desligado. O R34
da Philips tem capacidade de
memória de 160 gigabytes ou 250 horas de
programação da TV. Com ele é possível assistir o que
quiser, na hora que preferir com total flexibilidade. Para
rever uma cena, um gol ou qualquer instante marcante,
basta apertar a tecla Instant Replay, recurso que
também permite assistir a programação com até seis
horas de antecedência do que está sendo gravado. E
melhor, dispensa o disco de DVD, mas se quiser usá-lo
para gravar e editar não é preciso se preocupar com a
configuração e o tipo de disco, já que além de gravador,
o aparelho é multiformato reproduzindo discos de vídeo,
áudio e imagem.
AGORA EM NOVEMBRO,
A LINHA VAIO
B
“ oom” é a palavra certa para descrever o que
está acontecendo no mercado brasileiro de
notebooks. Para ter uma idéia, no terceiro
trimestre deste ano as vendas cresceram 113% em
relação ao mesmo período de 2005.
Impulsionadas, sobretudo, pelo varejo que
responde por 21% das vendas totais de
computadores portáteis no País. A Sony quer
surfar esta boa onda e traz oficialmente, a partir
de novembro, a linha VAIO de notebooks. São
dois modelos, ambos top de linha: o TXN que é
ultra portátil e o SZ que combina performance e
portabilidade. Com eles a Sony quer construir a
imagem de um produto premium, a começar pelo
preço, que é alto, e apostando nos diferenciais
tecnológicos de interatividade e convergência
com áudio e vídeo. O TXN é do tamanho de um
livro, pesa apenas 1,25 quilos e tem a menor tela
de LCD da categoria com 11 polegadas.Traz
integrado um leitor biométrico de impressões
digitais que dispensa o cadastramento de senhas.
O gabinete é de fibra de carbono, o mesmo
material utilizado no chassis dos bólidos de
Fórmula 1– conferindo rigidez e leveza ao
equipamento. Já o SZ tem gabinete na cor prata,
feito em alumínio e magnésio, peso de 1,8 quilos
e tem tela LCD de 13 polegadas. Ambos contam
com tecnologia móvel Centrino da Intel, sendo
que o SZ dispõe do processador Intel Core Duo, e
vários aplicativos para compactar músicas e para
edição de vídeo e imagens.
40
Preço sugerido: VAIO TXN R$ 10.990,00
VAIO SZ R$ 7.990,00.
Onde encontrar: Fnac, Fast Shop
www.sonystyle.com.br
Preço sugerido: R$ 1.499,00
Onde encontrar: Philips (11) 2121-0203 (grande São Paulo) e
0800-701-0203 (demais regiões).
ÚLTIMA
GERAÇÃO:
LINHA BRAVIA
T
elevisores LCD
tornaram-se o sonho de
consumo de muitos. Se
a TV for Sony então,
nem se fala. A marca
japonesa já tem 16% de
market share no
segmento de eletroeletrônicos e quer crescer ainda mais. Para
isso aproveita mercados poucos explorados e em ascensão,
como o de televisores planos. Até 2008, acredita a empresa,
25% do mercado total será de TVs de plasma. Por isso, em
outubro a empresa colocou no mercado quatro novos modelos
da linha Bravia, de 26 a 46 polegadas. Todas com recurso
“Bravia Engine” que reproduz cores de forma natural, melhora a
nitidez da imagem e reduz o nível de ruído pixel por pixel em
toda a tela. O design é fino e elegante. Para aproveitar todo o
potencial do aparelho, a navegação do menu é amigável e
assemelha-se aos do computador. Acionado, ocupa uma
pequena porção da tela, sem interferir na imagem principal.
Todos os modelos estão aptos a exibir imagens em HDTV.
Preço sugerido: entre R$ 4.499,00 a de 26 polegadas e R$ 9.999,00 a de
46”. Onde encontrar: Fast Shop, www.sonystyle.com.br
Liv ro s&Afins
OS EFEITOS DO OLHAR
EXTERNO SOBRE NÓS
Todos já viveram a situação de pensar em algo, quando
alguém muito próximo diz exatamente aquilo que
pensávamos. Não é coincidência, explica Daniel Goleman, em
seu novo livro, Inteligência social – o poder das relações
humanas, editado no Brasil pela Campus/Elsevier e lançado
em outubro, simultaneamente em 23 países. Isso acontece,
pois nossos cérebros são programados para se conectar.
Segundo o autor, que é psicólogo e PhD em Harvard, entre
os avanços da neurociência está a
descoberta que o design do
cérebro o torna sociável e que
nossos neurônios funcionam como
“espelhos” capazes de refletir o
estado emocional dos outros,
gerando uma espécie de contágio
através do qual uma pessoa tende
a capturar os sentimentos a sua
volta, particularmente os
expressados com forte emoção. Em
uma espécie de rede sem fio,
tendemos a “trocar” impressões e
nos influenciar mutuamente.
“Nossos relacionamentos moldam
não apenas a nossa experiência, mas também nossa
biologia.”Os relacionamentos positivos têm um impacto
benéfico sobre a nossa saúde, enquanto os tóxicos podem
funcionar como um lento envenenamento do organismo”,
escreve Goleman.
O livro tem todos os ingredientes para repetir o sucesso do
best-seller Inteligência Emocional, lançado em 1995, em que
Goleman defendia que as habilidades são aprendidas – e não
genéticas. Este é aquele aplicado à vida social e cotidiana.
Ele classifica idéias e conceitos, em linguagem clara e de
fácil leitura, para explicar através da biologia, o mal-estar
da civilização já descrito por Freud ou Nietzsche. Um livro
para diversos públicos: psicólogos, educadores,
antropólogos, comunicadores, empresários e curiosos, que
querem aprender a lidar melhor consigo, com os outros e
compreender a importância que o olhar externo surte sobre
nós. Que marca, de acordo com Goleman, a diferença entre o
líder chefe e o líder ruim. Os primeiros trabalham com
valores (altruísmo, compaixão) que conectam as mentes dos
que estão ao redor.
Inteligência social – o poder das relações humanas
(Campus/Elsevier) • Preço sugerido: R$ 59,00
Onde encontrar: Livrarias, www.campus.com.br
A MÍTICA
ESQUADRILHA
LAFAYETTE
No ano em que se comemora 100 anos do
vôo pioneiro de Santos Dumont, chega às
telas a produção franco-americana, Flyboys.
Há 75 anos (os últimos foram Wings, de
1929, e Patrulha da Madrugada em 1930), o
cinema não retratava as primeiras batalhas
aéreas da I Guerra Mundial e a história da
mítica esquadrilha Lafayette. Na vida real, foi
o primeiro esquadrão de pilotos norteamericanos que lutaram como voluntários
antes que o governo daquele país aderisse às
forças aliadas que combatiam os alemães. É
um filme épico que se inspira em um
acontecimento real para contar uma história
de heroísmo, honradez, amor, perda e
aventura, e faz isso através da trajetória de
seis jovens que por caminhos e motivos
diferentes lutaram pela liberdade em um país
e em uma guerra que não eram deles.
O filme tem o mérito de reconstruir os aviões
tal qual eram na época: biplanos de cockpit
abertos, feitos de lona, madeira, arame e
linho. Modernos efeitos especiais, câmeras
digitais de solo, vôos acrobáticos reproduzem
as batalhas como duelos cara a cara, homem
a homem. A fita exagera na metáfora quando
o mocinho James Franco, no papel de Blaine
Rawlings, um típico cowboy texano, abate um
piloto alemão com um tiro de revólver. Mas
este é um deslize que não chega a
comprometer o filme.
Título original: Flyboys, (França/EUA, 2006)
Diretor: Tony Bill • Elenco: James Franco, Martin
Henderson, Jean Reno, Jennifer Decker •
Distribuidora: Imagem Filmes
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Vinhos & Videiras
DEVOÇÃO
AO
A
TERROIR
convite da importadora Mistral, comandada por Ciro e
Otávio Lilla, esteve em São Paulo o conceituado produtor italiano
Jacopo Biondi-Santi, que conduziu uma degustação muito
especial, com seus melhores vinhos, para uma atenta platéia de
jornalistas especializados. Jacopo também mostrou seus vinhos na
Associação Brasileira de Sommeliers, com grande afluência de
interessados.
Em uma das mais belas e privilegiadas localizações do sul da
Toscana, o talentoso produtor, herdeiro da lendária propriedade
‘Biondi Santi - Il Greppo’, em Montalcino, é responsável por
alguns dos melhores e mais apreciados vinhos da Itália. São
‘supertoscanos’ de grande prestígio, como os famosos Sassoaloro,
Schidione e Montepaone, todos apresentados na oportunidade.
Jacopo possui uma completa devoção ao terroir, tendo
desenvolvido um projeto revolucionário, único no mundo, de
mapear minuciosamente cada pequeno trecho de solo de seu
terreno, monitorando a inclinação, insolação, componentes
químicos e qualidades minerais do solo etc. Em uma escala
minimalista, ele descobriu as melhores porções de sua
propriedade, como cada parcela deve ser tratada, que uvas e
clones devem ser plantados, sempre em busca de expressar ao
máximo seu terroir. Seu famoso Sassoaloro é um vinho de enorme
sucesso, conjugando classe, equilíbrio e elegância com o sabor
toscano da uva Sangiovese. A grande estrela da casa é o profundo
Schidione, um tinto extraordinário, um corte de Sangiovese
Mesa Posta
A
Arthur Azevedo é presidente da Associação Brasileira de Sommeliers SP (www.abs-sp.com.br), jornalista, editor da revista Wine Style e
consultor da Artwine (www.artwine.com.br)
“MAR Y MUNTANNYA”
gastronomia espanhola é vasta e
colorida: Cataluña, Islas Baleares, Aragón,
Navarra, La Rioja, Pais Vasco, Cantabria,
Astúrias, Galicia, Castilla y Leon, Madrid,
Castilla-La Mancha, Estremadura, Valencia,
Murcia, Andalucía e Islas Canárias,
emprestam à culinária do país cores fortes,
sabores vigorosos, generosidade, calor e
contrastes surpreendentes. A Cataluña é uma
pequena província – para os seus cidadãos
uma pequena nação – com geografia
diversificada. O norte é montanhoso, com
elevações que chegam a 3 mil metros de
altitude e rios caudalosos. Já o sul é quase
árido. O Mar Mediterrâneo, em frente,
oferece tesouros à sua gastronomia e
conexão com o resto do mundo.
“Mar y Muntannya” significa, em catalão, as
singulares combinações de carne e peixe
com que nos brinda esse povo especial.
Assim, faz todo o sentido
cozinhar galinha com camarão!
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(40%), Cabernet Sauvignon 40% e Merlot 20%, maturado em
barricas de carvalho francês por 24 meses, um dos mais
reputados ‘supertoscanos’. Merecem uma citação, por sua
excelente relação preço x qualidade os ótimos Morellino di
Scansano, outra especialidade da casa. Outra preciosidade é o
Montepaone, um puro Cabernet Sauvignon, com 18 meses de
passagem por barricas de carvalho francês. Elegante e
sofisticado, tem aromas de frutas escuras, chocolate, couro e
caramelo tostado. Sua concentração é impressionante, assim
como a fineza dos taninos e a longa persistência. Importante
ressaltar que os Biondi Santi são vinhos de muito estilo, entre
os melhores e mais premiados da Itália, combinando muito
bem com a gastronomia do país.
Além de herdeiro da vinícola ‘Biondi Santi - Il Greppo’, Jacopo
comanda o Castello di Montepò, uma das mais impressionantes
propriedades da Toscana. Localizada no alto de uma colina,
domina toda a acidentada geografia local e em contraste com as
terras normalmente mais planas de Maremma, é repleta de
colinas plantadas com Sangiovese Grosso (o conhecido clone
BB11, de Biondi Santi), ideal para a produção de vinhos de alta
qualidade.
GALINHA COM LAGOSTA
(PARA 4 PESSOAS)
Compre 1,2 kg de galinha (ou frango) já cortada em
pedaços prontos para servir, lave-os e enxugue-os
muito bem. Esfregue-os com sal e pimenta do reino
preta, moída da hora, e refogue-os em seguida em 4
colheres de azeite extravirgem, numa caçarola que
possa ir à mesa. Quando estiverem dourados adicione
1 cebola grande bem picada e deixe refogar. Quando a
cebola estiver translúcida, junte 2 tomates maduros,
bem carnudos, sem a pele e as sementes, cortado em
cubos e continue a refogar. Regue em seguida com 8
colheres de vinho branco doce e 250 ml de caldo de
galinha e introduza 1 folha de louro. Deixe ferver em
fogo médio por cerca de 15 minutos (até a galinha
ficar macia). Nesse intervalo, amasse num pilão 2
dentes de alho picados, 1 colher de sopa de
amêndoas moídas, alguns fios (ou uma pitada) de
açafrão, 40 g de chocolate amargo ralado (ou em pó),
1 colher de sopa de pão ralado, 1 colher de sopa de
salsa picada, 2 colheres de sopa de azeite extravirgem e 4 colheres de aguardente de uva (grappa),
até formar uma pasta espessa. Junte essa pasta no
refogado e corrija o sal e a pimenta do reino. À parte,
cozinhe duas lagostas já limpas e com as cascas, em
água salgada. Corte as lagostas ao meio no sentido
Por Isabel Caldeira
longitudinal e junte as metades no refogado, com a
carne voltada para baixo. Cozinhe por mais 10
minutos e leve à mesa na mesma panela.
Acompanhamento: apenas “pan candeal”, pão
redondo de Castela (em boas padarias tem como
substituto o “pão caseiro italiano”, redondo).
Entretanto, faça-o você mesmo: sobre a pia ou a
mesa de trabalho peneire 500 g de farinha de trigo e
faça uma cova no centro. Coloque nessa cova 10 g de
sal, 15 g de fermento biológico esmigalhado e 200 ml
de água morna. Com as pontas dos dedos incorpore
esses ingredientes e com as duas mãos trabalhe bem
até obter uma massa lisa e bem homogênea. Coloque
numa travessa, cubra com um pano seco e deixe em
lugar aquecido para a massa crescer, até dobrar o
volume. Faça um pão redondo com 30 cm de diâmetro
e com a ponta de uma faca desenhe losangos na
parte de cima. Pincele com azeite extravirgem e
coloque sobre uma assadeira untada com o mesmo
azeite. Leve ao forno, que já deverá estar aquecido a
200 graus centígrados, durante cerca de 25 minutos,
até a casca ficar dourada. Esse pão pode ser
preparado na véspera.
Isabel Caldeira é cozinheira, estudiosa e especialista
em receitas e cardápios especiais. Contato:
[email protected]
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