ANO 29 • Nº 238 N OV E M B RO 2 0 0 6 O MELHOR CHOPE DA CIDADE, UM GRANDE NEGÓCIO AS RELAÇÕES NO TRABALHO AUTOMÓVEIS: um sonho em suspensão PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN Recado BRINQUEDOS FASCINANTES A vontade de ir de um lugar a outro é inata ao ser humano. Ele sempre volta para casa, para o conforto e a segurança, mas a aventura, o desconhecido, o que pode existir do outro lado da ponte, exerce sobre ele um fascínio irrefreável. Junto com a liberdade de ir e vir, quando e para onde quiser, ou o quanto suas forças permitirem, vem o desejo pela velocidade. A sensação provocada pela descarga de adrelina é extremamente excitante, um misto de poder e medo, que faz com que desde pequenos - especialmente os homens - freqüentem alucinadas montanhas-russas ou dêem as primeiras voltas rápidas em um kart. Talvez por essa razão, a invenção do automóvel tenha sido um dos maiores sucessos da História. Mais do que meio de transporte, ele é fonte de prazer. Por isso, além de veloz, tem que ser bonito. Nesta edição, falamos um pouco sobre os “carros de sonho”, aqueles com os quais todo mundo delira e poucos podem experimentar. Nem é preciso dizer quantos flashes eles receberam durante o Salão do Automóvel, realizado em outubro, na capital paulista. É impressionante ver a multidão de homens, de todas as idades, amontoados diante dos estandes desses super carros, disputando um ângulo para perpetuar, com sua própria câmera, aquele momento de êxtase. Nada o impede de chegar o mais próximo possível do seu objeto de desejo, nem mesmo o calor, as cotoveladas, os alertas dos seguranças, ou o fato de representantes de todas as revistas automotivas avisarem que aqueles modelos estão lindamente expostos em suas páginas e, de quebra, com todas as informações técnicas sobre eles. Mas, qual, eles não precisam saber mais nada sobre os Ferrari, Maserati, Porsche ou Jaguar. Desde meninos, diante do primeiro modelo de brinquedo, eles colecionam tudo o que vêem relacionado ao seu sonho de consumo. Por quê? Uma das explicações vem do médico psicoterapeuta José Ângelo Gaiarsa, com sua costumeira irreverência: “O carro tem o poder de transformar qualquer João da Silva em um super-herói, seja ele homem, mulher, rico ou pobre. É difícil resistir à tentação”. Realmente, só questões emocionais explicam o fato de um indivíduo entrar numa fila para comprar um esportivo como estes, pagar o preço pedido, e ter poucas oportunidades de rodar com ele nas ruas das grandes cidades. E por falar em emoções, mais dois temas merecem destaque nesta Showroom. O sonho muito bem planejado e rigidamente executado do grupo de jovens executivos que mudou de ramo ao montar o bar Original, a Rede de Pizzarias Braz e outros estabelecimentos, e a polêmica tese de Judith Mair, dona da agência de publicidade Mair and Others, de Colônia, Alemanha, que vai contra os profissionais de Recursos Humanos que defendem que o ambiente de trabalho deve ser prazeroso, bom e divertido. Para ela, no escritório somos apenas colegas de trabalho e não amigos, por isso, e-mails e conversas pessoais não devem tomar mais que cinco minutos e ninguém precisa ser super agradável. O mau humor, inclusive, deve ser tolerado. Confira. Conselho Editorial Cartas Expediente PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN Ano 29 – Edição 238 – Novembro de 2006 RONNIE VON Recebi há pouco o novo exemplar de Showroom (Edição 237 – Outubro – 2006) e fiquei encantada ao ver que Ronnie Von era o entrevistado. Que bonito exemplo de realização profissional e pessoal! recheada de incríveis matérias, destacando-se o tema “Comida pra brasileiro”, um excelente exemplo de como obter sucesso na área de comércio de alimentos. Showroom amplia o nosso acervo e possibilita melhor atendimento às pesquisas. Fernando Augusto Barros de Figueiredo Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça Cuiabá - MT O TEMPO DE CADA UM Parabéns à repórter Francesca Tortoriello que muito bem relacionou os aspectos físico, histórico, psicológico e espiritual que envolvem o tempo (Edição 236 – Setembro – 2006) e sua importância para a humanidade. O texto é gostoso de ler, sem deixar de ter conteúdo e praticidade, o que é fundamental para o dia-a-dia e a organização do “tempo” de cada um, sejamos pontuais, notívagos ou acelerados. Parabéns pela iniciativa de entrevistá-lo e pela importância do que foi abordado. Rosana Alves Lout Aposentada São Paulo – SP O EXEMPLO HABIB´S Imperdível a edição 236 (Setembro - 2006) da Revista Showroom. Ela veio 4 Marcos da Silveria Glória Professor São Paulo - SP TEMPO CONSISTENTE Já que estamos falando em tempo, não tinha como deixar de elogiá-los por esta (Nº 236 – Setembro – 2006) e por outras edições da revista Showroom, pois nos tempos atuais contamos com várias e belas revistas, porém a maioria delas sem conteúdo. Como leitor, quero expressar meu orgulho por ter acesso a um material como este, de altíssima qualidade, muito bem elaborado tanto no visual quanto em seu conteúdo. Parabéns e obrigado pela dedicação dispensada a nós. Jonas Henrique Ferraz de Campos Salles VW Baurucar Bauru – SP LEITURA RECOMENDADA Excelente a análise do livro “O Novo Jogo dos Negócios”, de Shoshana Zuboffe James Maxmin, publicada por vocês na edição de setembro. Já o comprei, li e recomendo. Parabéns pela sugestão. Antonio Silvio Celes Empresário São Paulo - SP NOVO PROJETO GRÁFICO Sou um leitor assíduo da revista Showroom e gostaria de cumprimentá-los pela qualidade da publicação. Agora, com o novo projeto gráfico, a revista está ainda mais interessante, o que me faz lê-la por mais tempo. Desejo a todos muito sucesso e que mantenham a mesma linha de conteúdo e de apresentação. Carlos Jorge Freire Antunes Peças On Line São Paulo - SP Conselho Editorial Antonio Francischinelli Jr. , Carlos Alberto Riquena, Evaldo Ouriques, Juan Carlos Escorza Dominguez, Mauro I.C. Imperatori e Silvia Teresa Bella Ramunno. Editoria e Redação Trade AT Once - Comunicação e Websites Ltda. Rua Itápolis, 815 – CEP 01245-000 – São Paulo – SP Tel (11) 5078-5427 / 3825–1980 [email protected] Editora e Jornalista Responsável Silvia Teresa Bella Ramunno (13.452/MT) Redação - Rosângela Lotfi (23.254/MT) Projeto Gráfico e Direção de Arte Azevedo Publicidade - Marcelo Azevedo [email protected] Publicidade Disal Serviços Maria Marta Mello Guimarães Tel (11) 5078-5480 [email protected] Impressão Gráfica Itú Tiragem 6.000 exemplares Revista filiada à ABERJ Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. As matérias assinadas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a posição da Assobrav. Registro nº 137.785 – 3º Cartório Civil de Pessoas Jurídicas da Capital de São Paulo. Assobrav Av. José Maria Whitaker, 603 CEP 04057-900 São Paulo – SP Tel: (11) 5078-5400 [email protected] Diretoria Executiva Presidente: Elias dos Santos Monteiro Vice-presidentes: Carlos Roberto Franco de Mattos Jr., Evandro Cesar Garms, Heloisa Souza Ribeiro Ferreira, Luiz Sérgio de Oliveira Maia, Mauro Pinto de Moraes Filho, Mauro Saddi, Nilo Augusto Moraes Coelho Filho, Rogério Wink e Walter Keiti Yaginuma. Presidentes dos Conselhos Regionais Região I: Rodrigo Gaspar de Faria Região II: Luiz Alberto Reze Região III: Roberto Petersen Região IV: Carlos Francisco Restier Região V: João França Neto Região VI: Ignacy Goldfeld Região VII: André Luiz Cortez Martins Conselho de Ex-Presidentes Sérgio Antonio Reze, Paulo Pires Simões, João Cláudio Pentagna Guimarães, Orlando S. Álvares de Moura, Amaury Rodrigues de Amorim, Carlos Roberto Franco de Mattos, Roberto Torres Neves Osório, Elmano Moisés Nigri e Rui Flávio Chúfalo Guião. Foto de capa: Marcos Alves OUTLOOK GENTE A PASSEIO Sumário 3 RECADO 22 COMPORTAMENTO 37 PESSOAL A mensagem do Conselho Editorial. A polêmica tese da publicitária alemã Judith Mair que diz: “ninguém precisa ser amigo de ninguém no trabalho. Isso não é natural. No escritório somos apenas colegas e como tal, basta sermos bem-educados. Até mesmo o mau humor deve ser tolerado, porque isto, sim, é inerente ao ser humano e precisa ser compreendido. “Dizer não é tão importante quanto dizer sim”. A recomendação da pedagoga Vera Martins. 28 A PASSEIO 39 RH A redescoberta de Lima. Bonita, bem administrada, com muitas opções de entretenimento, a capital do Peru revela-se uma das melhores opções de turismo na América Latina. Com preços convidativos e um sem-fim de imperdíveis atrações culturais – desde ruínas pré-colombianas a museus e edifícios da época colonial - , exótica gastronomia, praias, golfe e a possibilidade de compras que atraem os olhos das mulheres, como jóias em prata e ouro e peças de Vicunha, Alpaca, Guanaco e Llama, a Rosa da América, como é conhecida, encanta quem a vê pela primeira vez e surpreende quem volta a visitá-la pela segunda ou terceira. Conhecer o temperamento e a personalidade dos colaboradores facilita as relações profissionais. 6 QUEM PASSOU POR AQUI Amigos e personalidades que visitaram a Assobrav e o Grupo Disal. 8 GENTE Como fazer do chope um negócio de sucesso. Esta é a tônica da entrevista com Edgard Costa, um dos cinco sócios da Companhia Tradicional de Comércio, que hoje reúne os bares Original, Pirajá e Astor, a rede de pizzarias Bráz e a Lanchonete da Cidade. Em apenas 10 anos, estes exexecutivos levantaram um império, e o melhor, divertem-se, mesmo estando diariamente de olho no planejamento, nos custos e principalmente na qualidade e atendimento ao cliente. 14 CAPA O que leva os homens a fazer quase tudo para ter um supercarro? Por que Ferrari, Maserati, Porsche, Jaguar e outras marcas de bólidos são tão atraentes ao público masculino, às vezes até mais que o dinheiro, status e as mulheres bonitas? 20 REDENEWS O que acontece na Rede Volkswagen. 35 CONSULTA SEBRAE As dicas dos consultores do SEBRAE. 36 FREIO SOLTO A opinião, a crítica e a ironia do jornalista Joel Leite. 38 SUCESSÃO A importância dos herdeiros terem experiências profissionais próprias e anteriores ao ingresso na empresa da família. 40 NOVIDADES O que há de novo em eletrônica digital, periféricos de informática e outras utilidades. 41 LIVROS&AFINS A resenha da obra “Os efeitos do olhar externo sobre nós” e os comentários sobre o filme “A mítica esquadrilha Lafayette. 42 VINHOS&VIDEIRAS A opinião abalizada de Arthur Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers – SP 42 MESA POSTA Histórias de receitas e de cozinheiros. 5 Quem passou po r aqui Laércio Carneiro Vilhena, diretor-presidente da VW Via Costeira em Natal, para um giro completo pela Assobrav e Grupo Disal... Na linha de frente, Angélica Silva, da FWS, para reforçar a parceria com a Disal Serviços no fornecimento de produtos e serviços Shell para a Rede de Concessionários... 6 Na sede do Consórcio dos Concessionários Volkswagen, o juiz Rodrigo Collaço, presidente da AMB - Associação dos Magistrados do Brasil - para assinar o convênio que estabelece um plano de consórcio exclusivo para a categoria.. Em momento relax, Elizeu Alves, gerente comercial do COR - Centro de Operações de Rede - da Indiana Seguros, para assegurar um perfeito atendimento aos empresários que operam com o Seguro dos Concessionários Volkswagen... O ex-presidente da Assobrav, Orlando Álvares de Moura, titular da VW Savol, em Santo André, que há anos reside nos Estados Unidos, para uma rápida, porém intensa, visita aos amigos. Em momento cálido, Simone Bidetti Ferreira, empresária, titular de três franquias da Fredissimo, para renovar o seguro de sua frota... Rogério Toledo, gerente de Consultoria e Automotive Industry Leader (IBM Brasil), em busca de bons negócios... Impressionado com a imponência da foto na sala de diretoria da Assobrav que retrata a Planta Anchieta da Volkswagen, no tempo em que ainda não era nascido, Marcus Vinicius, executivo de contas da Maringá Turismo, para apresentar boas e novas propostas... Cheia de charme, Taiz Mendes, gerente comercial da Porto Seguros, para implementar melhorias na operação do Seguro Multirisco... 7 Foto: Marcos Alves Gente O ÚLTIMO REDUTO verdadeiramente democrático — Você não conhece o Original? — perguntou-me Edgard Costa, absolutamente surpreso. — Na verdade, não sou apreciadora de chope.., fui me justificando, meio sem-graça. — Tá brincando, jornalista que não gosta de chope? Não conheço! Mas, olha, ainda dá tempo de mudar. Lá no Original, uma mulher do seu tipo toma logo quatro de cara. Duvida? Por Silvia Bella E 8 ste foi o início da conversa com Edgard Bueno da Costa, o divertido e elétrico sócio do grupo de cinco profissionais liberais (Ricardo Barone Garrido, Sergio Bueno de Camargo, Mario Gorski e Fernando Grinberg), responsáveis por um case no ramo de alimentos e bebidas, a Companhia Tradicional de Comércio. Trocando em miúdos, a holding que reúne os bares Original, Pirajá e Astor, as pizzarias Bráz e a Lanchonete da Cidade. Locais que são um exemplo da boa gastronomia “sem frescuras” de São Paulo – com investidas igualmente bemsucedidas no interior e promessas de ir além-Estado - e que continuam na moda há 10 anos, apesar da concorrência, que não para de abrir... e fechar pontos. Esta, aliás, é a diferença dos bares e restaurantes de Edgard e seus sócios. Eles continuam lotados. Por quê? “Simples – responde o entrevistado: nós não abrimos mão de três condições básicas: qualidade de produtos, atendimento ao cliente e DNA”. Por DNA entenda-se a personalidademãe, o mote ou a marca registrada que moveu a criação e determina a perenidade de cada casa do grupo. Por atendimento, entre outras coisas, o fato de divulgar (e cumprir) que pode-se jantar fartamente e com um ótimo vinho às 2 da manhã no Astor. E por qualidade, um rígido controle de produtos que resultam em quitutes fabulosos. Nada de sofisticado, tudo simples, do tipo caseiro, sequinho e muito bem feito, como o Bolinho de Arroz do Astor, o Bolinho de Carne Seca e Abóbora do Pirajá, os 220 gramas do sanduíche Bombom da Lanchonete da Cidade e, claro, o melhor chope da cidade, presente em todas as casas. A primeira delas foi o Original, “um botequim rasgado” – como prefere chamá-lo Edgard – e que até hoje é o queridinho dos sócios. Nada contra, já que os demais locais nasceram em decorrência do seu sucesso. Em apenas seis meses de funcionamento o Original era o ponto mais badalado da cidade, mesmo estando em uma rua escondida de Moema. Como explicar o fato que um lugar antes “micado” – jargão de muitos comerciantes para o insucesso de seus empreendimentos - passasse a ser o point do momento? Esta foi uma das razões para entrevistar a turma do Original, um pessoal que se diverte trabalhando, mas que leva muito a sério tudo o que faz, a ponto de não permitir constar de seus cardápios inovações como pizza de carpaccio, de picanha ou doces. “A única concessão que fizemos foi a de Catupiry, mesmo assim, com reservas”, confessa Edgard. Revista Showroom Montar um bar foi a concretização de uma idéia boêmia, de um estilo de vida? Edgard Costa De certa forma sim, mas foi tudo muito, muito bem planejado. Aliás, o planejamento levou anos. A criação do Original foi um projeto de marketing em regra. Com pesquisa de mercado, desenvolvimento da idéia e projeção de investimentos. Nada, ou melhor, quase nada aconteceu por acaso. Showroom Como assim? O que ficou por conta do destino, da sorte? Edgard O local. Quando vi o imóvel, fiquei fascinado por ele. Era exatamente o que havíamos pensado, apesar de estar em uma rua totalmente obscura na época. Quando levei os meninos (os primeiros sócios) para verem a casa, a reação deles foi a mesma que a minha. Tinha que ser lá. No início dos anos 90, a rua Graúna era totalmente fora do circuito comercial. Eu só passei na frente porque fui levar um colega da Unilever para casa. Era um velho armazém, funcionando precariamente, mas o estilo, o pé direito, as prateleiras, o assoalho, mesmo em ruínas era perfeito para o que queríamos. Tentamos alugar a propriedade, mas o dono, que era também quem tocava o armazém, nos disse que aquilo era a vida dele, e mais, que a mãe dele, já idosa, vivia nos fundos. Só mesmo quando ela já não existisse é que o imóvel estaria disponível. Por um tempo tentamos manter contato e durante nossa boemia vespertina, passávamos por lá, tomávamos uma cerveja, conversávamos com o dono, mas nada mudava. Até que um dia, depois de uma longa temporada sem freqüentá-lo, ao chegar vimos que o armazém estava fechado. Perguntamos ao porteiro do prédio vizinho se sabia o que tinha acontecido e ele nos informou que o dono do armazém, e não sua mãe, havia morrido. Ele nos indicou, a duas quadras dali, onde morava a viúva. Quando tocamos a campainha, uma senhora nos recebeu e disse: “já sei quem são vocês, podem entrar”. Naquele momento, fizemos um acordo com a família e passamos a restaurar o imóvel. Refizemos a infra-estrutura e fizemos uma cozinha. Isso foi há 10 anos. Showroom Bom, mas antes disso, como nasceu a idéia? Edgard No início dos anos 90, Ricardo, Sérgio e eu trabalhávamos na Divisão de Marketing da Unilever e lá nasceu nossa amizade. Como em todas as grandes organizações, o volume de trabalho era grande e estressante, então, começamos a sair nas tardes de sábado para tomar um chope, preferência de todos. E o que logo constatamos é que todos nós gostávamos do estilão dos bares tradicionais, isto é, onde a qualidade do que é servido é irrepreensível e os freqüentadores são necessariamente bons de copo e de garfo (risos). Showroom Que era o caso de vocês... Edgard E ainda é. Veja o meu perfil (diz, apontando para si mesmo e sugerindo que está alguns quilos acima)...O problema é que não havia bares desse tipo nos chamados “bairros nobres”. Para você poder tomar um chope bem tirado ou comer um salgado de qualidade precisava ir ao centro da cidade ou a regiões mais distantes do pedaço badalado daquele momento, onde ficam, por exemplo, o Bar Leo - uma lenda, uma legenda, uma tradição no mercado de bares de SP - ou o Juriti, o Jabuti. Showroom Não teria sido mais fácil comprar um bar da moda já com clientela fixa e adaptá-lo ao perfil tradicional que vocês queriam? Edgard Não, de forma alguma, porque o que existia nos anos 90 era um tipo de bar nova-iorquino, de características sofisticadas, de decoração minimalista, de música alta, um ponto de paquera, de gente muito jovem preocupada com outros valores. Quer dizer, era um bar que exigia dos freqüentadores uma baita produção. Todo mundo precisava se vestir na moda, passar o perfume da moda, gostar e saber cantar as músicas da moda, e mais, não estar absolutamente ligado na qualidade do que ia beber ou comer. Showroom Bastante antagônico, um bar onde a bebida e a comida não são a base do negócio... Edgard Exatamente, e era isso o que queríamos mudar. Queríamos um bar simples, onde as pessoas ficassem à vontade, pudessem tomar um chope no ponto e comer coisas saudáveis e apetitosas. Um lugar, enfim, onde as pessoas pudessem conversar e vivenciar a real democracia, porque eu acho mesmo que o bar é o último reduto no mundo capaz de reunir na mesma mesa contrários, gente com gostos diferentes, de ideologias diversas. Este foi o nosso insight e como marketeiros nos dedicamos a planejar detalhadamente tudo isso. Showroom Do planejamento à ação, levou um bom tempo. Qual foi o principal problema a vencer, o financeiro? Edgard Também. Vendemos o que tínhamos, carro, guarda-roupa, colocamos o 13º, encontramos mais dois sócios, o Fernando e o Mário, que tinham alguma experiência no ramo, mas tivemos também que superar o contra da família e nossos próprios medos. Imagine chegar em casa e dizer: vou largar a multinacional e abrir um botequim...Então, a coisa foi bem pensada. Mesmo porque as reuniões de planejamento só aconteciam aos sábados à tarde e só durante a primeira hora, porque na segunda cada um de nós já tinha tomado uns quatro chopes e a conversa dava aquela relaxada, sabe como é...(risos) Mas, enfim, todos mantivemos os empregos e trabalhávamos no bar à noite, cuidando das listas de espera, das compras, da 9 Gente 10 administração, da divulgação. Só depois de o Pirajá (segundo bar do Grupo) estar a pleno vapor e a Bráz de Moema (primeira pizzaria) consolidada entre as melhores da cidade é que passamos a nos dedicar de corpo e alma ao negócio. Showroom Vocês tinham receio da efemeridade que acompanha esse tipo de negócio, quer dizer, de que pudessem ter que baixar as portas dali a dois ou três anos? Edgard Esse foi um dos grandes questionamentos que nos fizemos durante a fase de planejamento. Por que a maioria dos bares e dos restaurantes que surgiam a cada dia na cidade não sobreviviam mais do que cinco anos? Por outro lado, tínhamos o exemplo dos bares tradicionais, como o Leo – que tem 70 anos – e toda uma fundamentação teórica e prática vivida no dia-a-dia da grande corporação, que nos sustentava a idéia de que era possível ter sucesso se o empreendimento fosse trabalhado profissionalmente. E foi isso que fizemos e fazemos até hoje. Sem falsa modéstia, podemos dizer que até o nascimento do Original, o mercado de bares novos no Brasil não tinha um tratamento profissional. Nós criamos um divisor de águas nesse mercado. Showroom O que você quer dizer exatamente com “tratamento profissional”? Edgard É um olhar de marketing. Nos pegamos uma idéia lúdica, mas demos a ela um tratamento de produto. O bar é um produto como outro qualquer, existe demanda, existe interesse de consumo e alguém tem que atender. Então, se ele for bom, consistente, não há razão para não durar. Nós criamos um modelo que se apoiou em três vértices: uma idéia suficientemente atraente para trazer o público que queríamos atingir, produtos da melhor qualidade e atendimento. Além disso, estávamos determinados a oferecer, além da soma desses três vértices, algo que superasse a expectativa das pessoas que viessem nos conhecer. Showroom Que na verdade é a excelência nesses quesitos... Edgard Exatamente. Um botequim de verdade, um botequim essencial, tem o quê? Salgados, e a bebida: chope. Então, isso tem que ser da melhor qualidade. E com qualidade não se pode brincar. E aí que o cliente de bar, de botequim, lhe abandona. Falhou na qualidade, já era. Showroom E o chope é o carro-chefe? Edgard Sem dúvida, o chope é o nosso abre-alas, é o nosso produto por excelência, nosso símbolo. São 240 ml de líquido mais creme (colarinho). Por isso ganhamos o título de melhor chope da cidade, durante cinco anos consecutivos. Showroom Qual é o segredo? Edgard Um deles é o fato de o chope ser tratado em uma chopeira a gelo. Quando estávamos para abrir o Original ao público, chamamos o fornecedor de chope e dissemos: queremos ser um bar tradicional desde o primeiro dia de funcionamento. É algo inusitado ser tradicional se você não existia antes, mas essa era nossa determinação, e uma das características dos bares tradicionais é a chopeira a gelo. Quando pedimos isso ao fornecedor, ele disse: esqueçam, hoje tudo é muito mais moderno. Foi uma briga. Nós não abrimos mão da idéia e diante da nossa resistência eles foram atrás de uma antiga chopeira abandonada. Esta peça foi restaurada e posso dizer que ela é seguramente a chopeira mais antiga em operação em São Paulo. Nossa persistência em ter a chopeira a gelo foi determinante até para mudar o mercado. Depois de nos atender, a indústria passou a produzir novamente esse equipamento - hoje conhecido como modelo Original - e a criar uma gerência nacional de produto só para cuidar do fornecimento de chope, antes tratado como um produto menor. Veja como uma idéia consistente pode mudar as coisas. Para nós não era apenas uma estratégia de marketing, um plus no negócio, um diferencial, mas a certeza de que a qualidade do chope seria melhor. Com isso, mudamos os hábitos do comércio e da indústria. Showroom Tanto mudaram o mercado que vocês foram muito copiados... Edgard É. Antes eu ficava aborrecido diante de tantas cópias literais do Original que existem no Brasil afora, mas hoje já superei esse ciúme. Showroom A marca virou patrimônio da humanidade... Edgard: Bem, talvez tenha sido esta a nossa contribuição...(risos) Showroom O interessante é que vocês mesmos não se copiam. Quer dizer, seria mais fácil repetir a fórmula de sucesso a cada bar ou pizzaria que abrem, no entanto, todos têm características diferentes, inovadoras. Edgard Exato e a graça está aí. O diferencial é esse. O Pirajá, por exemplo, que nasceu em 1998 e que é nossa marca mais conhecida junto com a Braz além fronteiras, foi um gesto de ousadia, porque embora ele seja também um botequim rasgado, franco, simples, com qualidade de produto e atendimento, ele foi buscar uma temática carioca. Enquanto o Original é uma homenagem aos bares tradicionais de São Paulo e do Brasil, o Pirajá é um pedido de licença que nós fizemos ao Rio ao importar um pouco do espírito carioca, do estilo de vida carioca; essa coisa que diz “apesar de tudo, a gente vive bem”. O Pirajá tem o jeito de botequim largado, o que no Rio eles chamam de “Pé Sujo”, isto é, você sai da praia e vai direto para o bar. Eu costumo dizer que se fôssemos músicos, teríamos feito um samba, como somos glutões, fizemos um botequim com alma carioca. Showroom Além das especialidades que vocês servem e do charme das casas, vocês são apontados como mestres em atendimento. Todos vocês são simpáticos e agem como se estivessem atrás do balcão? Foto: Marcos Alves Edgard Olha, ninguém sabe cozinhar aqui (risos). Podemos brincar nas cozinhas das nossas casas, mas nunca estivemos atrás dos balcões ou nas cozinhas dos nossos bares, nem mesmo no início. Somos, sim, apreciadores de bom chope e de boa comida, e até por isso sempre tratamos o negócio com o rigor que um negócio precisa ser administrado. Cada um de nós tem a sua característica e talento natural mais voltado para determinada área e acho que formamos um bom conjunto somando essas qualidades. Ricardo e eu cuidamos do marketing. Ele é responsável por essa área nas pizzarias e lanchonete e eu nos bares. Já o Fernando é o financeiro, Mário é o responsável por obras e infra-estrutura e Sérgio cuida do abastecimento, o famoso setor de A e B (alimentos e bebidas). Nós formamos o que chamamos de “núcleo duro” e somos os responsáveis pela administração diária da empresa, mas contamos também com sócios investidores. Showroom É o caso da Pizzaria Bráz em Campinas? Edgard Sim, lá temos um sócio residente e outros investidores. Foi nossa primeira experiência em administrar o negócio a distância, e felizmente vai muito bem. Showroom Escolheram Campinas por ser um mercado-teste? Mesmo assim, existe um histórico de estabelecimentos que abrem e fecham em pouco tempo... Edgard Olha, Campinas foi inaugurada em 2002 e é uma de nossas melhores operações, mesmo porque a cidade é riquíssima, 45% dos lares metropolitanos pertencem à classe A. Com esse expertise, agora estamos seguros para abrir nossa primeira casa no Rio. Já estamos em reforma numa casa do Jardim Botânico e a inauguração está prevista para abril do ano que vem. Showroom Como se deu a abertura das pizzarias? Edgard A primeira, a de Moema, que também fica na rua Graúna, vizinha do Original, aconteceu por acaso. A Bráz de Moema nasceu dois anos depois do Original, em 1998. Foi difícil, porque todos os nossos recursos, na época, estavam sendo destinados ao Pirajá, nosso segundo bar. Só que o dono da locadora de vídeos onde hoje funciona a Bráz, vendo o sucesso do Original quis abrir um bar também. Soubemos que seria um estabelecimento de outro nível e ficamos preocupados em comprometer a freqüência do Original. Bom, decidimos falar com o proprietário e comprar o imóvel dele para impedir que abrisse o seu bar. Lógico que ele se aproveitou da circunstância e super valorizou o imóvel, mas conseguimos vender o segundo guarda-roupa (risos) e abrimos o Pirajá e a Bráz de Moema praticamente ao mesmo tempo. Showroom E vocês tinham conhecimento do ramo? Edgard Nada. Só que pensamos: o que vamos montar, outro bar? Não era o caso de canibalizar o Original, então decidimos por um outro tipo de restaurante. A decisão pela pizzaria também não foi fácil porque chegamos com 80 anos de atraso nesse mercado! Existem 5.500 pizzarias na cidade, fora as delivery. Com elas, chega-se a 7 mil. Imagine nossa preocupação, era preciso criar um produto totalmente diferente, mesmo porque, pizza até quando é ruim é boa (risos), então, em primeiro lugar, precisávamos entrar nesse mercado para ficar entre as melhores, já que não abrimos mão da qualidade, depois, era necessário pensar numa temática diferente, num mote que atraísse o público para a nossa pizzaria. Qual foi o nosso diferencial? Não havia em São Paulo uma pizzaria que também tivesse um chope de primeira linha. E foi nessa combinação que apostamos. Encontramos outros sócios, que já tinham alguma experiência no ramo, e fomos em frente. Depois pensamos: nada de bandeira italiana, toalha verde e vermelha. Escolhemos um nome diferente, uma homenagem ao bairro onde nasceu a pizza em São Paulo: o Bráz. Foi lá, há 100 anos, que os imigrantes napolitanos começaram a produzir discos de pizza em casa e a vendê-los no dia seguinte, frios, aos operários das fábricas na hora do almoço. Dado o sucesso, começaram a abrir pequenos balcões nas frentes das casas e a servi-la quente. De lá para cá é isso que a gente vê, um mercado extremamente competitivo e crescente. Há uma pesquisa que mostra que a pizza será a comida mais consumida do mundo, superando inclusive o arroz. Showroom Hoje a rede de pizzarias Bráz já soma cinco unidades. Sinal de que o negócio vai muito bem... Edgard Sim, são três em São Paulo, uma em Campinas e a Quintal do Bráz, inaugurada em maio, na Vila Mariana. Além disso, temos quatro operações de pizza delivery. Showroom Por que a Quintal do Bráz tem nome e estilo diferente? Edgard Pelo mesmo motivo que o Original tem um jeito, o Pirajá outro e o Astor é um bar classudo, que poderia estar em qualquer rua de Manhatan. Nossa idéia é sempre oferecer ao cliente algo novo, diferente, atraente, “original”, sem perder qualidade e atendimento. No caso da Quintal, pensamos: como inovar em pizza, se a nossa já é de primeira qualidade? Daí, tivemos algumas idéias, uma delas foi fazer um prato que fosse meio calzone (pizza coberta) e meio pizza. Pronto, surgiu a Carola, um prato que você pode ter, 11 na parte fechada, o recheio que quiser, sem confundir o sabor com a parte aberta. Além disso, a Quintal do Bráz tem um estilo diferente. Lá você encontra pratos empilhados e outros detalhes que denotam um almoço em família. E é o que vemos lá, famílias reunidas. Showroom Mesmo inovando, vocês querem ser tradicionais... Edgard Exato, por isso somos a Companhia Tradicional de Comércio. Em todos os nossos estabelecimentos temos um ar retrô. Temos uma preocupação em resgatar as coisas legais do passado, seja no chope bem tirado, seja na ambientação acolhedora. E no caso das pizzarias isso é mais forte ainda porque em São Paulo pizza não é fast food, não é simplesmente uma comida. É um programa. Não há outro lugar no mundo onde as pessoas se arrumem, se produzam, apenas para comer uma pizza. Só em São Paulo. Showroom A tradição se estende também aos uniformes dos garçons. Eles usam a clássica gravata borboleta... Edgard Claro, e isso já começou com o Original. Enquanto todos os bares tinham jovens aspirantes a modelos ou estudantes atendendo às mesas, sem nenhuma tarimba, nós voltamos com os garçons de profissão; uma coisa linda. Em todos os nossos locais, os garçons de vestem adequadamente e são super preparados. Sabem servir corretamente, são educados, discretos, conhecem perfeitamente os produtos da casa e fazem recomendações. Cada um deles tem os seus clientes e estabelecem um relacionamento muito estreito, tudo como acontecia antigamente nos melhores bares da cidade e quando a boemia era uma coisa romântica. Showroom Você fala com certo saudosismo... Edgard É mesmo, e felizmente em nossos bares ainda é assim. Temos clientes fixos que quando não podem vir, mandam nos avisar para que não fiquemos preocupados (risos). Isto quando não pedem para preparar alguma coisa e entregar na casa deles. Esse relacionamento, essa cumplicidade, tudo esse clima é bem legal. 12 Foto: Marcos Alves Gente ESTRATÉGIAS PRECIOSAS Por Edgard Costa IDÉIA ORIGINAL Desenvolva uma proposta pioneira e relevante para o público a que ela se dirige. PROJETE, PLANEJE Invista na maturação cuidadosa da idéia; apure os mínimos detalhes antes de partir para a ação. EXECUÇÃO FIEL O Projeto é o Chefe; não desvie dele nenhum milímetro com o intuito de facilitar o trabalho. A VONTADE DO REI Clichê-verdade: seu cliente é o seu Rei. Entenda o que ele quer e surpreenda-o oferecendo-lhe sempre a mais. A fidelidade dele será a sua recompensa. OBSESSÃO POR QUALIDADE Jamais abra mão da mais alta qualidade em favor do seu cliente. Ele é sábio e aceita pagar o preço justo pelo melhor produto. PERSEVERANÇA Não mude de rota frente às primeiras dificuldades. Cumpra integralmente sua promessa ao consumidor, com firmeza e consistência. Seu cliente voltará muitas vezes enquanto tiver a certeza de que vai encontrar o mesmo (e melhor) produto de sempre. PARA SEMPRE, HOJE Pense sua empresa para durar eternamente. Aja diariamente. GENTE COMPROMETIDA Qualquer negócio é feito por gente; monte sua equipe com os melhores e mais envolvidos /comprometidos com a empresa. Marcos Alves Capa O 14 “HÁ MULHERES, E HOMENS TAMBÉM, QUE PULARIAM PARA DENTRO DE CERTOS CARROS SEM PISCAR”. Por Rosângela Lotfi dicionário Houaiss de língua portuguesa ensina que, por extensão de sentido, a palavra mística significa: “atmosfera ou aura de perfeição, verdade, excelência incontestável, despertando nas pessoas respeito, adesão apaixonada, devotamento etc.” Tomamos emprestada a definição para tentar explicar o fascínio que certos carros e marcas exercem em muitas pessoas mundo afora. Bobagem! A decisão de compra de Ferrari, Maserati, Porsche e, em menor escala, de veículos premium como BMW, Audi, Mercedes-Benz, Jaguar e outros poucos não tem nada de racional. É emoção e paixão. O leitor há de compreender que estamos no Brasil, um país emergente, não vamos citar outros ícones que não chegam às nossas ruas como os esportivos Lamborghini e Bugatti e luxuosos premium como o Bentley e Rolls Royce ou os esportivos norte-americanos, que igualmente têm uma legião de fãs apaixonados. Alguém já disse que a diferença entre homens e meninos é somente o tamanho de seus brinquedos. Eles passam do carrinho de plástico ao de metal, ao de rolimã, ao skate, ao kart, à moto, ao automóvel... Do antigo ao último lançamento, do lento ao veloz, do simples ao sofisticado. Para o médico psicoterapeuta José Ângelo Gaiarsa, essa paixão tem uma raiz pré-histórica, já que durante milhões de anos, o homem foi um caçador errante. Mover-se está no sangue do homem. O sonho é sair andando, mudar de lugar sempre que possível. “Exatamente por isso o carro tem o poder de transformar qualquer João da Silva em um super-herói, seja ele homem, mulher, rico ou pobre. É difícil resistir à sua tentação”, diz. Para Marcus Piaskowy, consultor especializado no setor automotivo, com passagens pela BMW, Jaguar, Land Rover, Peugeot e professor de MBA da ESPM-SP, nenhum acessório é tão visível e fala tanto da personalidade de alguém quanto um carro. Automóveis expressam o estilo de vida, os valores e conceitos de quem está atrás do volante. “De fato, é um brinquedo de menino e de homens. Está no nosso software, isso não muda.” Observações que explicam um pouco a tara por carros. Mas não só. Automóveis também têm um lado sexual. Apelo que também tem raízes ancestrais, explica Gaiarsa. “Cabia ao homem a tarefa de caçar e o mais poderoso passou a ser o centro das atenções femininas, que viam nele, socialmente, segurança e ostentação e, biologicamente, um pai de filhos fortes. Essa comparação é antiga e foi transportada para os O MAIS COBIÇADO Para poucos e privilegiados, o topo desse sonho tem nome: Ferrari. O veículo que carrega no bico o escudo amarelo com o cavallino rampante é o carro mais cobiçado do mundo. Esse sonho se materializou no Brasil em 1997, quando a Via Europa, o importador exclusivo que comercializa as lendárias máquinas construídas artesanalmente em Maranello, na Itália, abriu as portas por aqui. Nesse segmento de alto luxo e alta performance não é volume de vendas que chama a atenção, mas o preço, quase inacessível, que transforma esses carros em exclusividades para uma pequena parcela de pilotos abastados. A Ferrari mais barata, se é que se pode empregar tal adjetivo, é o modelo 360 Stradalle ao preço de R$ 1milhão e 250 mil reais e, a mais cara é o lançamento mundial mais recente, exibida no último Salão do Automóvel, a 599 GTB Fiorano, com preço estimado em R$ 2 milhões. Mesmo assim, a marca informa que são vendidas, em média, de três a quatro Ferrari por mês e que há fila de espera de até seis meses para adquirir alguns modelos. Os compradores fazem parte de um público AAA, 80% são homens, empresários e profissionais liberais, acima de 40 anos. É o mesmo perfil identificado em uma pesquisa realizada pela Mercedes-Benz, que aponta o número de consumidores regulares de luxo no País: entre 300 mil e 500 mil pessoas ou entre 0,17% e 0,28% da população, mas cujo poder de compra tem efeito multiplicador, movimentando15% do PIB brasileiro. Pessoas que gostam de ter exclusividade tanto de produto, quanto de marca e realizam sua compra por status, desejo e realização pessoal. “As pessoas têm a necessidade de fazer parte de um grupo, no caso, um seleto grupo. Comprar um carro destes significa ser reconhecido por seus pares. Um Mercedes, um BMW, um Jaguar, são símbolos que dizem “a pessoa chegou lá” e assim essas pessoas são reconhecidas pelo resto da comunidade”, diz Piaskowy. VOLUME NÃO INTERESSA As montadoras sabem e exploram isso muito bem. O feliz proprietário de uma Ferrari, Maserati ou Porsche tem a oportunidade de participar do challenge ou desafio da marca, um campeonato entre proprietários. Provas competitivas que acontecem em vários lugares do mundo, com veículos basicamente originais. Uma oportunidade de explorar a qualidade e esportividade desses veículos com segurança. O principal ativo de uma empresa que vende luxo é a imagem da marca. Ativo, diga-se, na maioria das vezes intangível. Especialistas afirmam que o nome do fabricante aumenta em no mínimo 40% o valor de um produto, e em alguns casos, esse percentual se eleva até 60%. As melhores marcas compreendem as motivações humanas. “Elas fazem o consumidor sentir-se melhor, diferente, maior, mais contente, mais confortável, mais confiante”, escreveram os ingleses Des Dearlove e Stuart Crainer em “O Livro Definitivo das Marcas.” Só atributos emocionais explicam o fato de um indivíduo entrar numa fila para comprar um esportivo como estes, pagar o preço pedido, e ter poucas oportunidades de rodar com ele nas ruas das grandes cidades. “As pessoas não estão comprando um produto, mas um comportamento”, ressalta Piaskowy. Mérito à parte, o sucesso alcançado por marcas de luxo está na auto-satisfação. As pessoas trabalham cada vez mais, atendem a mais e mais exigências pessoais, intelectuais e sociais, estão submetidas a constante stress e dizem “Eu mereço” como uma Marcos Alves carros ao longo dos tempos. Há mulheres, e homens também, que pulariam para dentro de certos carros sem piscar”, diz implacável. 15 Capa recompensa por todo o sofrimento dessa era. A exclusividade faz parte da mística. Ferrari são feitas artesanalmente, eles não têm volume disponível para atender a demanda mundial e não têm interesse de fazer esse volume. Fazem questão de limitar os veículos para manter a seletividade dos clientes. Em épocas de lançamento – que não são freqüentes –, os que já possuem um carro da marca, ou seja, os clientes tradicionais, têm prioridade na compra. SONHO MAIS PRÓXIMO Essa exclusividade já não existe com as marcas conhecidas como “marcas de luxo de massa” como Audi, MercedesBenz, BMW, Land Rover, Volvo. Com a estabilidade do real, a inflação sob controle, o dólar favorecendo as importações, o sonho de adquirir um carro dessas marcas está mais próximo. O que é um risco para essa aura de luxo e sofisticação. A BMW, por exemplo, nos anos 90, logo após a abertura, trouxe um grande volume de veículos, e a enxurrada fez com que a imagem da marca sofresse um desgaste. Outras, como a Audi, têm atributos e um valor agregado que não encontram paralelo em nenhum lugar do mundo. Todas, porém, ganharam uma aura de seletividade, graças aos altos impostos que recaem sobre os importados. Com preços bastante altos para a média da população, esses produtos também se tornam quase inacessíveis. Pouco ou nada preocupadas em administrar a escassez, essas montadoras comemoram o aumento de vendas e a liderança no segmento premium de luxo. A BMW, por 16 exemplo, aumentou suas vendas em 16, 2% no acumulado de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado e, entregou 1.467 unidades. Para Richard Dubini, gerente de marketing e vendas da BMW do Brasil, é importante estar no País, primeiro como parte da estratégia mundial de estar presente em todos mercados. “O Brasil tem importância neste contexto e representa um mercado com potencial para contribuir para o crescimento de vendas mundiais da BMW”, ressalta. Essa importância deve-se ao fato de existir uma classe privilegiada economicamente e, portanto, possíveis clientes para a marca. Este público é de classe A e AA, de 35 a 65 anos, homens e mulheres, com maior predominância de homens. Altos executivos, profissionais liberais como médicos e advogados e empresários. O luxo de massa também busca criar comunidades e formar grupos seletos. A principal ferramenta de marketing, divulgação e venda da marca alemã, é um Road Show. Um evento anual que percorre as principais capitais do país (em torno de 11 eventos por ano) e reúne cultuadores da marca, clientes e prospects, que testam a gama de carros, explorando os atributos e o puro prazer de dirigir. LÍDERES DE VENDA A disputa pela liderança de mercado no segmento premium também é acirrada. Ora Audi, ora Mercedes-Benz atribuem a si o título de campeã anual de vendas. Ao fim de 2005, a Audi comemorava o pentacampeonato, de 2001 a 2005, de liderança nas vendas de carros de luxo deixando para trás marcas tradicionais como Mercedes-Benz, BMW, Jaguar, Porsche etc. Segundo a montadora, no ano passado, o market share representou 42,60% do mercado premium. A MercedesBenz, a marca da estrela de três pontas, ficou em segundo lugar com 42,17% de participação, e a BMW, em terceiro, com 15,23% do segmento. Se depender dos lançamentos exibidos no Salão, a disputa continuará acirrada entre as montadoras alemãs neste e no próximo ano. A Audi apostou na esportividade e exibiu seis novidades, entre elas, o cupê TT, o jipão de luxo Q7 e o esportivo S8. Este último, um sedã com propulsor esportivo de Lamborghini. O motor de 5.2 litros V10 rende 456 cavalos de potência. A mesma motorização do modelo Gallardo que leva o carro da imobilidade a 100 km/h em apenas 5,1 segundos. A velocidade máxima é limitada eletronicamente, em 250 km/h. As vendas desse sonho de luxo no Brasil devem começar ainda este ano. No mesmo Salão, a Mercedes-Benz exibiu o superesportivo SLR McLaren, sonho de consumo em todo o mundo, com preço de US$ 1,2 milhão – valor mais alto da gama MercedesBenz – considerado um Fórmula 1 de rua. Aliás, ele é produzido pelo McLaren Technology Center, em Woking, na Inglaterra, na mesma linha de montagem dos carros de Fórmula1 da escuderia. Ali são fabricadas 500 unidades do modelo ao ano. Com um ciclo de vida de sete anos, o modelo tem produção limitada a 3.500 unidades. Um sonho exclusivo que no Brasil virou realidade para apenas um felizardo: um fazendeiro da região sul do país. EQUIPADOS COM SOL Se o assunto é fascínio não podemos deixar de citar os conversíveis. A fascinação por automóveis encontra mais espaço num cabriolet. Para os construtores, os conversíveis são verdadeiros representantes da imagem do fabricante. Para os usuários, o mais puro ideal de liberdade ao volante. Nas marcas preocupadas com sua imagem e principalmente com seu mix de produtos há pelo menos um modelo conversível. Eles estouraram no mundo na década de 70 e com a evolução da tecnologia ganharam em design e em recursos que possibilitam maior prazer a motoristas e passageiros, além de performance, acabamento esmerado com o uso de materiais que permitem eliminar problemas comuns como infiltração de água e segurança. Os bancos traseiros são menores, assim como o volume do porta-malas, redesenhados em função dos mecanismos para acionamento das capotas. Os conversíveis pertencem a categorias sofisticadas, não tanto por causa preço, mas por serem donos da mais bonita liberdade de dirigir. Em resumo, trazem todos os recursos e conforto dos carros de linha e, além de tudo, vêm equipados com sol. Os brasileiros ficam seduzidos por eles, mas não compram grandes volumes. A realidade se impõe: a insegurança das ruas, a maior exposição - pois chamam a atenção de todos por onde passam -, faz com que fiquem apenas no imaginário de muitos. As montadoras que se arriscam a trazê-los ou a fabricá-los localmente, caso da Ford com o Escort XR-3, nos anos 90, fazem história. Um dos poucos conversíveis atualmente no mercado é Peugeot 307 CC, que vendeu 117 unidades em 2005, ou 0,02% de todos os carros vendidos. Sucesso mais expressivo (e compreensível) é o do Mercedes SLK, com 231 unidades emplacadas em 2005, um cupê que em 22 segundos se transforma em um roadster, graças à sua capota rígida dobrável. 17 Capa EOS A Volks, que também na década de 1990 importou o Golf Cabrio, volta ao segmento com o Eos. O modelo, que ao toque de um botão recolhe a capota rígida se transforma de sedã em um cabriolet, fez muito sucesso no último verão europeu e esteve entre os mais vendidos de sua categoria. O público-alvo do Eos é comparativamente alto, uma vez que o Cabriolet-Coupé está posicionado entre as categorias A e B européias. Para tanto, ele preenche com alta competitividade os requisitos do segmento A: contam a ampla faixa de opções de potência de suas motorizações e da tecnologia Highend, além da transmissão automática dupla DSG, seu sistema de som Dynaudio-Soundsystem e, naturalmente, seu inovador teto solar CSC. Fechado, o teto CSC se estende num arco em forma de cauda entre a parte traseira e o pára-brisas. Assim, surge um teto de Coupé por excelência, elegante e esportivo. A linha do teto é estendida, a parte traseira, musculosa, e a aparência, imponente. Aberto, também se vê no Eos que ele foi concebido como um Cabriolet-Coupé, e seu conceito de carroceria não foi derivado de nenhum outro modelo já existente. CINCO MOTORES: POTÊNCIA ENTRE 115 CV A 250 CV O Eos está equipado com quatro motores à gasolina, que rendem as potências de 85 kW / 115 cv, 110 kW / 150 cv, 147 kW / 200 cv e 184 kW / 250 cv, além de um turbodiesel TDI com 103 kW / 140 cv com filtro de partículas de série. Até 147 kW são usados quatro cilindros com injeção direta, a variante de 184-kW gera sua força em seis cilindros. EXEMPLO DA CATEGORIA B Mesmo que o Eos seja um tanto mais curto que seus concorrentes, ele confere ao veículo um bom espaço interno, tendo tanto conforto quanto outros modelos desta categoria. Nenhum top-cabrio da categoria B possui um teto de vidro corrediço ou capota dobrável de aço. A capota se dobra de modo compacto e confere um design vigoroso. O teto CSC, que se abre ou fecha completamente em 25 segundos, é especial, tanto técnica como visualmente. Em primeiro lugar, porque o segmento dianteiro é transparente como vidro, podendo ser aberto separadamente ou elevado em 35 milímetros. Mesmo estando fechado, o teto também confere ao veículo um ambiente interior claro e alegre. Em segundo lugar, graças à amplitude do teto CSC, a armação do párabrisas do Eos pôde ser encurtada. Isto dá ao carro um feeling de um puro conversível. Além disso, as proporções também são equilibradas. 18 O conceito do interior também é totalmente novo. Enquanto os detalhes de função e operação (luz, climatização e sistema de som, por exemplo) já são conhecidos de outros modelos, muitos outros elementos do Eos têm concepção nova. Entre eles, o painel de instrumentos, o revestimento das portas e laterais, bem como a instalação dos bancos traseiros e a climatização automática apropriada a um conversível. Primeiramente, a Volkswagen está oferecendo opcionalmente o sistema de bancos Easy-Entry, ativados eletricamente. Eles “guardam“ a posição dos assentos do motorista e do acompanhante, voltando à posição – depois que os passageiros de trás entraram ou saíram – com um simples apertar de botão. No caso do teto aberto, o volume de carga do portamalas é de 205 litros. Se está fechado, o volume sobe para 380 litros. De série, a tampa do porta-malas pode ser fechada com acionamento elétrico. Além disto, existe a possibilidade de acessar o porta-malas por dentro, por meio de uma tampa integrada no banco traseiro. Divulgação INTERIOR ESPORTIVO E ELEGANTE RedeNews AUTO LAFAIETE Elias Monteiro, presidente da Assobrav REDE VW 450 inscritos no Congresso Fenabrave “Não sejamos orgulhosos. Vamos analisar e aperfeiçoar as melhores práticas no mercado.” A declaração é de Franciso Garcia Sanz, membro do Conselho Administrativo do Grupo Volkswagen e responsável pela operação na América Latina, que falou aos concessionários de veículos da Rede Volkswagen durante o XVI Congresso Fenabrave, dias 23 e 24 de outubro, evento que aconteceu paralelamente ao Salão do Automóvel, em São Paulo. Sanz enfatizou que 2007 será o “ano do cliente” e que todos os esforços devem objetivar sua completa satisfação. “Apesar de já termos ótimos programas, precisamos nos aproximar ainda mais do cliente”, disse, ao elogiar a performance da Rede VW que investiu no negócio, R$ 52 milhões em 2004, R$ 78 milhões em 2005 e R$ 50,3 milhões em 2006. “Os senhores investiram em um negócio correto, já que a matriz anunciou também o investimento de R$ 2,5 bilhões nas fábricas brasileiras nos próximos anos e aposta num crescimento de mercado no mínimo de 5% já em 2007”, disse. O presidente da Volkswagen do Brasil, Hans-Christian Maergner, que se aposentará em dezembro, também falou aos concessionários. Ele enfatizou mais uma vez a importância do Plano de Reestruturação para o futuro da Hans-Christian Maergner, Volkswagen do Brasil e assegurou que a presidente da Volkswagen marca tem uma vocação para ser líder, do Brasil graças ao constante fortalecimento de sua rede de distribuição, “a melhor Rede de Concessionários do País”. O vice-presidente de V&M, Berthold Krueger e o diretor de V&M, Paulo S. Kakinoff apresentaram um panorama geral do mercado e a posição da marca, bem como os lançamentos e as novidades programados para 2007. O anfitrião da reunião, Elias Monteiro, presidente da Assobrav, destacou a presença maciça de concessionários que “lotaram o auditório Elis Regina e representaram praticamente a metade dos empresários presentes ao Congresso, demonstrando o poderio e solidez da Rede Volkswagen”. 20 Cultura, adrelina e diversão para os clientes de CrossFox Para prestigiar seus clientes de CrossFox, a Auto Lafaiete teve uma idéia genial: uniu história, cultura, diversão e principalmente muita adrenalina ao promover o 1º CrossFox - Estrada Real. A estrada, como revela o nome, era o caminho percorrido por nossos nobres colonizadores no tempo do Império, percurso que a Auto Lafaiete reviveu com 15 clientes vip, curtindo a paisagem e, claro, superando os acidentes geográficos deixados pelo tempo. A rota foi a seguinte: Conselheiro Lafaiete a Ouro Preto passando por Ouro Branco, subindo a Serra de Ouro Branco onde se encontram vários trechos abandonados do “Ciclo do ouro”, cujo trecho mais antigo data de 1720. O chamado “trecho abandonado” era, por volta de 1840, denominado Estrada da Corte, que não foi concluída por falta de verbas (Arco próximo ao Bico de Pedra). Já o trecho atual asfaltado é paralelo à Estrada da Corte, que data de 1850. Houve também visitação à mineração do Bico de Pedra e o fim do passeio aconteceu em Itatiaia, uma Vila do século XVIII, que se localiza entre Ouro Branco e Ouro Preto e onde se encontra a 3ª Igreja de Minas Gerais tombada pelo Patrimônio Histórico. Lá aconteceu também o almoço. O restaurante Villa Itatiaia, feito com material de demolição, tem um ambiente rústico e oferece uma linda vista para a Cachoeira e para a Serra de Itatiaia. Tudo preparado no fogão à lenha, o torresmo, a carne de lata, o feijão tropeiro e o pernil à mineira foram algumas das delícias servidas. Em determinado momento, o grupo deixou os CrossFox e caminhou durante 40 minutos para atingir o cume da serra, mas ninguém reclamou. Para participar do passeio, os clientes precisaram levar apenas uma doação de 5 kg de alimento não perecível, depois entregue a uma instituição filantrópica da cidade, e contaram com todo apoio, inclusive com a presença de um médico socorrista (Anjos do Asfalto) que acompanhou o grupo durante todo o trajeto. “Para nossa surpresa, mesmo com o tempo ruim a empolgação dos participantes foi imensa”, disse Luiz Cláudio, diretor da concessionária. SABRICO Pioneira em centro de preparação de veículos novos do País Um dos investimentos recentes realizados pela Sabrico é a inauguração de um centro de preparação de veículos novos, para colocação dos acessórios e personalização dos carros zero quilômetro, conforme o pedido do cliente. A inauguração do centro insere-se em um contexto de crescimento de vendas e investimentos da concessionária em novas unidades, serviços e marketing. “Este é o único centro do País criado com o objetivo específico de personalizar os carros zero quilômetro”, destaca Marcos Dadalti. Ele explica que o centro de preparação permitiu à Sabrico realizar com mais agilidade e rapidez a preparação dos carros zero quilômetros. Ainda dentro do seu programa de expansão, a Sabrico inaugurou, no segundo semestre de 2005, uma loja na Avenida Anhaia Mello, Zona Leste da cidade, em uma área de 4.500 m2. Apenas dois anos após a Sabrico ter aberto sua maior loja em São Paulo, na Marginal do Tietê. E no dia 4 de outubro foi inaugurada a Sabrico One, à Avenida Sumaré, nº 810, voltada à comercialização dos importados e carros de luxo da Volkswagen. ALTA VEÍCULOS “Harmonizando vinhos com o Passat Variant Turbo” Cinqüenta clientes foram convidados pela Alta Veículos para participar da degustação de vinhos comandada pelo sommelier Didu Russo, fundador da Confraria dos Sommeliers e colunista das revistas Gula e RSVP, no fim de setembro, na loja de vinhos Grand Cru. E o melhor: durante a noite, foi apresentado o Passat Variant Turbo, cujas qualidades foram sendo comparadas aos cinco rótulos oferecidos. “Procuramos identificar os atributos do Passat Variant Turbo aos vinhos que degustamos, isto é, ressaltamos os aspectos tecnologia, potência, elegância, espaço e custo-benefício, que se harmonizaram perfeitamente”, disse, satisfeito, Paulo Altenfelder Santos, titular da concessionária. SUDESTE A concessionária da moda Muito charme e estilo marcaram o stand da Sudeste Automóveis durante o oitavo Fashion Days em Juiz de Fora. O espaço teve como tema o estilo Art Déco, e por lá passaram cerca de quatro mil pessoas por dia. Os visitantes ainda puderam relaxar, entre um desfile e outro, no lounge criado especialmente para receber o público. O resultado foi a plena satisfação dos clientes e uma maior interatividade com a marca. Outra novidade que marcou a presença da Sudeste no evento foi a promoção Flash Celebrity, em que dois recepcionistas convidavam o público para serem clicados na frente do Space Fox, e no dia seguinte, a foto era disponibilizada em um hot site criado especialmente para o evento. No site, o internauta podia votar na melhor foto, e a celebridade mais votada ganhou um CD player com mp3 para carro. O Fashion Days é considerado o maior evento de moda da região da Zona da Mata, e traz tendências dos maiores eventos de moda do setor no Brasil, como Fashion Rio e São Paulo Fashion Week. Este ano, o evento aumentou seu espaço e abrigou um público de até quatro mil pessoas com estacionamento para mil veículos. 21 Marcos Alves Co mpo rtamento “VAI SER FELIZ EM CASA” O título acima é um plagio consciente e deliberado de um artigo escrito por uma publicitária alemã chamada Judith Mair, publicado pela imprensa de lá mas que correu o mundo. Causou tanta polêmica que virou livro, editado no Brasil pela Editora Martins Fontes com o sugestivo nome de “Chega de Oba-Oba”. A razão do diz-que-me-disse é que a autora vai contra a corrente e enfurece os profissionais de Recursos Humanos que defendem que o ambiente de trabalho deve ser prazeroso, bom e divertido. Por Sophia Zahle 22 D ona da agência de publicidade Mair and Others , de Colônia, Alemanha, Judith Mair professa, no melhor estilo germânico, seus mandamentos aos quatro cantos do mundo. Entre os mais polêmicos estão: “Só se trabalha de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h30; é proibido levar trabalho para casa; somos colegas de trabalho e não amigos, por isso, e-mails e conversas pessoais não devem tomar mais que cinco minutos; ninguém aqui precisa ser agradável, o mau humor é tolerado, desde que não interfira no desempenho; a vida particular de cada um não nos interessa, da mesma forma, desaconselham-se conversas sobre o trabalho fora do escritório; deve-se evitar o uso da palavra ‘nós’ fora do expediente, só estamos no mesmo barco diante de nossos clientes.” A autora ataca o jeito norte-americano de trabalhar, o “american way of job” que tomou conta das companhias do mundo inteiro, inclusive na Alemanha e no Brasil, e que é non-stop. É o estar conectado, plugado 24 horas, graças à revolução das tecnologias de informação que deveriam ter aumentado a produtividade para garantir mais horas de lazer, mas (o tiro saiu pela culatra) que acabou causando uma grande invasão na vida pessoal de todo mundo. Essas “algemas eletrônicas”- como diz uma renomada consultora de etiqueta empresarial -, quase todos concordam, é a principal causa da onda de stress mundo afora. Ari Marques, da MR Consultores, professor de pósgraduação com especialização em finanças, cursando mestrado em psicologia da educação, defende que o trabalho é para ser realizado durante um período. “Se esse tempo excedeu e a pessoa faz disso uma regra, algo está errado com ela, na equipe, no processo ou na empresa.” Para ele, nada justifica essa invasão na vida privada. Do ponto de vista pessoal, no entanto, concorda também que é difícil colocar limites, principalmente, depois da barreira ultrapassada. “O mercado é muito competitivo e em várias áreas, excessivamente, ofertado. Com isso falta às empresas bom senso para não invadir as horas de lazer dos colaboradores impondo tarefas, insistindo no celular ou empurrando notebooks.” “Motivação é deixar as pessoas com tempo livre para se divertirem” “Somos colegas de trabalho e não amigos”. “O controle através do crachá – que surgiu há 150 anos – é mais óbvio, mas a invasão da vida pessoal e profissional também é uma forma de deter o controle, criar uma espécie de servidão”, diz a psicóloga organizacional e diretora da AP Fraiman Consultoria, Ana Fraiman. Em uma situação de emergência, essa disponibilidade faz parte do jogo mas viver em função da empresa é inadequado e gera uma sensação de falso poder. “Faz com que as pessoas pensem que são insubstituíveis, o que não é verdade. Em um processo de reestruturação, essas pessoas sofrerão e ficarão mais frustradas”, explica ela. O primeiro mandamento não é dos mais polêmicos, embora os profissionais não admitam que concordam na frente do chefe. O que frau Mair diz é: “A verdadeira motivação é o próprio trabalho. Quando uma pessoa faz o que gosta, trabalha o suficiente e tem um salário condizente com sua função; ela vive em constante motivação. Motivação é deixar as pessoas com tempo livre para que se divirtam da forma que preferirem e não obrigá-las a trabalhar até tarde todos os dias e muito menos nos finais de semana. Isso desanima qualquer um.” Mas o que dizer do segundo mandamento (Somos colegas de trabalho, e não amigos) em uma época que se intitula “do conhecimento”, onde o que vale é o que o trabalhador sabe. Era, em que as empresas reconhecem que a valorização do fator humano é um diferencial competitivo. Para Ana Fraiman, o tema amizade no trabalho é pertinente pois há (hoje) a ausência de fronteiras entre o público e o privado. “É um traço da sociedade fluída, onde tudo pode. Isso abre portas de aprendizagem e aprimoramento cultural, possibilita a formação de uma nova sociedade, mas também gera angústia, pois as pessoas ficam sem parâmetros de comportamento.” “Em geral, as amizades no trabalho são apenas utilitárias” É antinatural ser amigo de todos. Quando em processos de seleção exige-se capacidade de relacionar-se bem com todos, isso significa relacionamento amistoso e não amizade íntima. “A convivência facilita a amizade. É freqüente que as pessoas conversem sobre assuntos da vida privada. Nada impede que isso aconteça, mas isso não quer dizer que a amizade vai sobreviver ao tempo, aos muros da empresa. Geralmente formam-se amizades utilitárias e é bom distinguir uma da outra, sob pena de gerar muita decepção.” É uma necessidade humana ter amigos, já afirmava Aristóteles. A natureza humana busca seu semelhante e o fundamento da amizade está na própria natureza. Como definiu lindamente o poeta Cícero, em 44 a.C. : “Pois a amizade faz a felicidade mais esplêndida e, pela partilha e comunicação, ameniza a adversidade.” Amizade pressupõe 23 Co mpo rtamento profissional. O ideal é uma relação cortês e amistosa, não necessariamente amigável”, escreve. A psicóloga organizacional, Ana Fraiman, que trabalha com planejamento de pós-carreira e aposentadoria, diz que o ideal é respeitar e não gostar de todos. “Achar que se deve ser amigo de todo mundo é uma coisa pueril.” Mas mesmo o “ser amigo” não significa não fazer críticas. É o que se chama assertividade, isto é, se posicionar sem ferir o outro, criticar o trabalho quando for preciso com delicadeza e cuidado. “As relações amistosas não inibem isso, ao contrário, fica mais fácil. É tão ruim e prejudica tanto o trabalho quanto - se as pessoas forem muito fechadas -, serem somente cordiais e corretas. Da mesma forma é prejudicial o extremo oposto, aquele que fala demais e por isso fica vulnerável.” “A liderança se estabelece a partir de exemplos” 24 lealdade, confiança, laços que se conquistam com o tempo, afirma Ana. “A amizade no trabalho é adequada e como tal surge e é cultivada, mas uma pessoa de bom senso não deve fazer amigos fácil demais. É preciso estudar melhor quem será ou não amigo. Com todos se deve ter uma convivência amistosa e respeitosa, não necessariamente amizade.” Bom relacionamento interpessoal não quer dizer que todo mundo tenha que ser amigo de todo mundo e estar junto nas horas de lazer, reforça Marques. “É se manter sem conflito pessoal, se dar bem com todos, com respeito e responsabilidade e, se além disso conseguir harmonia e gerar um relacionamento de amizade, ótimo. O que não se pode é ter medo do conflito profissional, que deve existir sempre, pois melhora a produtividade. Não há relação humana que não melhore com conflito. O inverso disso é falso. É uma falsa harmonia.” É justamente a tentativa de criar um ambiente falsamente harmonioso que Judith Mair combate. “É tão antinatural ser amigo de todos (e não apenas colegas de trabalho), quanto trabalhar bem-humorado todos os dias. À medida em que as pessoas ficam íntimas demais, é difícil fazerem críticas negativas com medo de magoar o outro. Isso não é Mais prática, menos discurso. “Há uma dose de incerteza em todo o recrutamento que é o lado do relacionamento. O profissional é uma engrenagem que tem que se adequar à máquina”, diz Ari Marques. Essa é a razão da “construção de personagens corporativas” que se estabelecem desde as entrevistas de emprego. O que também é criticado por Mair e que, segundo ela, também é decorrência do esquema de trabalho americano: “Os processos de seleção exigem que todos sejamos iguais: candidatos com dinamismo, competência social, inteligência emocional, grande talento para lidar com gente, uma aparência impecável, comunicativo, motivado. Ou seja, temos que ser todos iguais para entrar no mercado de trabalho. Um verdadeiro exército de pessoas super fáceis de se relacionar e alegres diariamente.” Trabalhar a relação de pessoas a partir de “modelos” não é viável, segundo Marques: “Se não for acima não é abaixo. A liderança é fundamental para instituir um ambiente harmônico de fato nas empresas. A ausência de conflitos na direção permeia toda a organização”, diz ele, defendendo mais prática do que discurso. “A liderança se estabelece a partir de exemplos. Um líder que se diz democrático mas não aceita sugestões, não ouve ninguém, é uma falácia que já complica a relação.” Em qualquer equipe há pessoas com características diferentes; alguns são carregados de afetividade e expansão, outros são introspectivos e reservados. “O que não se pode é aviltar a condição humana, mas trabalhar com cada um na realidade que o caracteriza.” Conhecer a equipe, ter percepção dos valores, comportamento e das necessidades de cada um é uma atribuição do líder. É o saber a quem deve abraçar e em quem dar tapinha nas costas. “Essa é a relação que vai naturalmente se estabelecendo na empresa”, completa Marques. “Ninguém aqui precisa ser agradável. O mau-humor é tolerado.” Diz outro mantra de Judith Mair. O bom humor é uma virtude, mas não dá para ser feliz e bem-humorado todo o tempo e em qualquer circunstância, mas a boa educação é necessária dentro ou fora da organização e modifica para melhor o clima organizacional. “Podemos viver com os radicais. São pessoas que instigam a discussão, fazem pensar e repensar”, analisa Ana, que faz uma distinção: “Pessoas bem educadas são polidas, atenciosas, têm bons modos à mesa e no trato social. São discretas, não falam alto nem palavrões. Tratam as pessoas com dignidade e com afabilidade, têm uma fala aprimorada que denota cultura. Já a pessoa que é só formal é menos afetuosa. Aquele que é formal, mal educado e antipático, que só faz o básico, coloca uma barreira entre si e os demais. São pessoas que não sorriem, não descontraem. Pois mesmo o mais bem educado tem seus momentos de descontração.” É preciso levar em conta também que a descontração é uma característica do povo brasileiro. É o “jeitinho”(não confundir com falta de ética), é a forma de ser mais amistoso, de quem gosta de se relacionar, de tocar, de contar coisas, de conversar. Esse comportamento não está fora das normas de boa educação, mas algumas instituições tendem a conduzir o seu pessoal a um certo formalismo e essa condição é mais difícil de ser entendida pelos povos latinos”, afirma Ari Marques. Livros como o do ex-executivo da Disney, John Hoover, cujo título é “Como Trabalhar para um Idiota” (editora Futura), na lista dos mais vendidos na área de administração (mais de 30 mil exemplares), é um forte indício que os “idiotas” ainda têm mito espaço nas organizações. Hoover define o tipo como “aquelas pessoas que não têm uma pista de como suas ações afetam as outras pessoas. Isto não significa que sejam ruins de espírito. Simplesmente têm falta de consciência.” “Quem ´se acha` não está se vendo na realidade. Se enxerga maior do que realmente é.” Os intratáveis E por causa disso, acredita Ana Fraiman, é difícil que desapareçam. “São tratados com deferência por serem tecnicamente competentes, mesmo tendo baixa tolerância com os outros. As companhias não desejam perder bons funcionários, que trazem resultados e que só não se dão bem no trato com as pessoas. Como líderes, eles funcionam.” Para ela, essas características de personalidade são sinais de que falta autoconhecimento para identificar o jeito de cada um. Quem conhece a si mesmo aprende a se expor e a refletir. Quem “se acha” não está se vendo na realidade. Se enxerga maior do que realmente é. “Ter autoridade, pulso firme, mas ser flexível e cordial, mostra inteligência tanto interpessoal quanto intrapessoal. É uma qualidade de quem sabe quais são seus valores.” Para Ari Marques, o excelente técnico que tem uma base teórica muito boa mas que não sabe se relacionar com os outros, está cada vez mais sem mercado. “As empresas, preocupadas com o clima organizacional hoje em dia, investem em coaching para transformar esse perfil em um ser humano, e assim, mantê-lo na empresa. Mas o “insociável” ainda é uma figura bastante comum”, lamenta. “A tolerância social se coloca no ambiente de trabalho”, afirma Ana Fraiman. E há uma falácia na sociedade, em particular na brasileira, ao negar que o preconceito, seja ele qual for, faz parte das pessoas. “A questão não é ter sentimentos e pensamentos de preconceito, mas exercer isso. O que não se pode é agir com preconceito. Não conseguiremos eliminar os preconceitos, mas fortalecer as ações que devem ser calcadas no respeito” Afinal, ser objetivos e eficazes no trabalho, alcançar um bom desempenho com disciplina, regras claras e cortesia interessam tanto a empresários quanto a funcionários. Pode-se chamá-los de arrogantes, vaidosos ao extremo, grossos, insuportáveis, tanto faz, o fato é que estão presentes nas empresas. Podem ser tecnicamente excelentes, deter grande conhecimento e trazer resultados. Ambientação: Benedixt Móveis – Gabriel Monteiro da Silva, 663 www.benedixt.com.br Modelos: Flávio Domingues, Mavie Ramunno, Daniella Schmidt 25 A Passeio Del Puente a la Alameda menudo pie la lleva por la vereda que se estremece, al ritmo de su cadera, recogía la risa de la brisa del río y al viento la lanzaba, del Puente a la Alameda... “La Flor de la Canela” - Chabuca Granda/ Manuel Alejandro Por Silvia Bella Fotos: Silvia Bella e Lílian Garcia A ROSA DA AMÉRICA O 28 s versos, para nós, brasileiros, imortalizados na magnífica interpretação de Caetano Veloso (álbum “Qualquer Coisa”) retratam perfeitamente a atmosfera – a paisagem, o clima, a graça, o charme e a hospitalidade dos limenhos. A poetisa peruana Chabuca Granda conseguiu, como ninguém talvez o fizesse, dado seu amor por Lima, colocar palavras tão perfeitas, tão exatas, na melodia de Manuel Alejandro. Lima, conhecida como a Rosa da América, faz jus ao apelido. A capital peruana é um jardim, e é uma pena que pouca gente saiba disso. Assim como muitos não fazem idéia, por exemplo, que Lima abrigou a primeira universidade em todo o continente americano, a Universidade San Marcos, fundada em 12 de maio de 1551, um século antes de Harward. Ficar em Lima é uma delícia. O clima é muito agradável, mesmo no verão. Mérito de sua condição geográfica, que apesar de estar ao nível do mar e ter a mesma latitude de Salvador, recebe as correntes dos Andes e do Oceano Pacífico, criando um moto-contínuo de evaporação e precipitação que torna tudo mais ameno. Porém, lá não chove nunca. Somente uma garoa, muito fina, faz com que a temperatura seja assim, prazerosamente estimulante para caminhar. E o que não falta são coisas fantásticas para ver. Não sem razão, Chabuca Granda exaltou a “brisa que vem do rio”. É o rio Rimac, produto do degelo dos Andes, que embora pequeno, especialmente se comparado aos brasileiros, é suficiente para irrigar partes da cidade, que se alterna em jardins e desertos em curtas distâncias. Um fenômeno interessantíssimo de se apreciar. Mas, claro, isso não é tudo, é só o começo. Favas e galanteios Ao caminhar por suas largas avenidas e desembocar em suas grandes praças – obras que o colonizador espanhol deixou com maestria, revelando a clássica planta romana o forasteiro é obsequiado com muitos agrados. As favas 29 A Passeio e a pureza do indígena, expressa em um sotaque suave e doce, é mais um dos mil motivos para conhecer Lima. Ruínas, diversão e compras 30 fritas, petisco que é oferecido como o nosso amendoim torrado, é uma delas. Simples, saboroso e impossível de comer uma só. Com o cone de papel na mão e a câmera digital pendurada, vai-se caminhando sem pressa, sem stress, porque a cada 10 metros há um balcão fechado de madeira entalhada (construção tipicamente limenha que impede a visão de quem passa pela rua, mas permite a quem está dentro da casa ver perfeitamente o que se passa lá fora) mais bonito para fotografar ou um canteiro mais florido para apreciar. De desagradável, só mesmo o trânsito, inexplicavelmente barulhento. Não há um volume de carros tão grande a ponto de causar tamanho alvoroço, mas parece ser uma característica dos limenhos dirigir com a energia de um Ayrton Senna, mas sem sua destreza. As buzinas incomodam, como de resto toda a frota, formada por carros velhos e um sem-fim de peruas e micro-ônibus que fazem lotações. Nada tão incomum a nossos olhos. O que, sim, é inusitado para nós, brasileiros, é a educação e a gentileza do povo. Convenhamos, é muito agradável ouvir de um simples guarda de trânsito “bienvenida a Lima”, quando se atravessa uma rua, ou a saudação de um comerciante de quem não se comprou nada mas se admirou a vitrine: “que desfrute su estadia, señorita”. Essa gentileza, um misto da galanteria espanhola Acredite, não é preciso ir a Cuzco ou Machu Picchu para ver ruínas das civilizações pré-colombianas. Lima está repleta delas. São fascinantes, emocionantes à primeira vista e muito bem cuidadas. Aliás, o mesmo acontece com os vários museus, todos riquíssimos e fáceis de entender, mesmo sem o auxílio de um guia. No entanto, a ajuda de um especialista – todos são muito bem preparados, muitos deles, professores – é oportuna. Porque mesmo sendo bom de História, a de Lima remonta a milênios e é fácil perder o fio da evolução, especialmente diante de uma cultura tão assombrosamente instigante. A prefeitura de Lima tem investido bastante na promoção do turismo. Eles querem mostrar tudo o que a capital tem e pode oferecer a preços bastante razoáveis, deixando de ser mero ponto de partida para Cuzco e Machu Picchu. De fato, a cidade está repleta de arqueólogos. Estudiosos estrangeiros se juntam a cada dia aos especialistas peruanos nas escavações que acontecem em vários pontos da cidade. Percebe-se claramente o investimento não só nas descobertas arqueológicas como no cuidado com a infra-estrutura da cidade. As ruas são limpíssimas, o comércio ambulante que anos atrás ficava espalhado pela cidade foi concentrado em simpáticas feirinhas, muito bem organizadas e com preços justos, ainda que a pechincha seja prática comum e esperada pelos comerciantes. Um bom número de hotéis e restaurantes de primeira linha estão aptos a receber os mais exigentes visitantes, brindandoos, inclusive, com shows que apresentam o variadíssimo folclore peruano. Lima também permite visitar as famosas Casas Haciendas – casarões de propriedades rurais em estilo espanhol ainda presentes na zona urbana -, algumas delas com demonstrações do Caballo Peruano de Paso (Cavalo de Passo Peruano), uma tradicional criação das ricas famílias peruanas e um espetáculo emocionante de se ver. Pisco Sauer, peixe e coca A gastronomia é um capítulo à parte. Quem gosta de peixe e frutos do mar não pode ser mais feliz do que em Lima. Na arte da boa mesa eles também conseguiram mesclar o melhor da cozinha ibérica com a alimentação saudável do indígena. Assim, peixes são acompanhados de milho de várias espécies, cor e tamanhos, ou por um dos 500 tipos de batatas, todas de sabor incrível, e que já haviam encantado os colonizadores cinco séculos atrás, quando levaram esse maná americano para a Europa e o cultivaram para dizimar a fome no Velho Continente. Assim, o ceviche – prato a base de peixe curtido – e as conchitas gratinadas - vieiras ao forno com queijo ralado – são iguarias irresistíveis e saudáveis. Como sobremesa, não se pode deixar de experimentar as exóticas frutas lúcuma e chirinoya, mesmo porque, antes desta refeição você já deverá ter tomado uns três pisco sauer, o drink feito a partir da fermentação da uva, com clara de ovo e licor de Angastura, que os peruanos reivindicam como deles, embora os chilenos digam o mesmo. Bem, o pisco sauer é como uma capirinha, você vai tomando, achando que é levinho, docinho... Portanto, atenção à quantidade, mesmo porque ele é oferecido em todos os lugares, algo assim como o cafezinho brasileiro, um gesto de boas-vindas, só que o efeito é bem mais estimulante. Para rebater esse, digamos, estado de graça, nada como um mate de coca, um ótimo chá digestivo que nada tem de alucinógeno, pelo menos que eu me lembre. De fato, o mate de coca é bem comum e até as crianças quando comem guloseimas demais fazem uso dele. É uma boa lembrança para trazer aos amigos, diferente, e bem mais em conta do que as fantásticas peças em Vicunha, Alpaca, Guanaco ou Lhama. Balança, mas não cai Lima abriga cerca de 9 milhões dos 28 milhões de peruanos. Apesar do cinturão de pobreza que isola 4,5 milhões de pessoas na periferia, a cidade tem cassinos, três campos de golfe (o Clube de San Isidro, de 1920, é o mais importante deles e detém uma grande área verde na parte nobre), comércio elegante e bairros residenciais sofisticados. As praias são bonitas e perfeitas para aprender a surfar, por isso o Peru é um dos países líderes nesse esporte. A avenida que costeia o Pacífico, conhecida como Costa Verde, permite apreciar uma paisagem belíssima e é repleta de parques (como o Parque do Amor, inspirado no Parque Guell de Gaudi, em Barcelona) e restaurantes de luxo. A cidade também tem uma forte presença oriental, responsável pelo surgimento de várias chichas, pequenos restaurantes que servem um misto de comida oriental e peruana com estações de Internet. Este é um dado que demonstra o progresso da cidade, que em alguns bairros registra aluguéis de U$ 2 mil ao mês, e que tem um plano diretor para a completa restauração do centro histórico. O que já foi feito é bem bonito de ver. Entre a preservação de olivais e buganvilles de todas as cores, há igrejas, mosteiros e casas típicas, construídas com adobito, tijolo feito à base de água, cana, palha e barro, anterior ao adobe, usado pelos limenhos para construir suas moradias sem risco de sucumbirem aos terremotos, já que Lima está sobre uma placa tectônica, portanto, em zona sísmica. “É o famoso balança mas não cai”, explica a guia Elizabeth Arroyo, que viveu no Rio de Janeiro por cinco anos e não perde a oportunidade de uma comparação ou piada, bem ao estilo carioca. De fato, a construção chamou a atenção dos espanhóis que viram muitas de suas edificações coloniais ruírem no forte terremoto de 1746, enquanto as casas dos limenhos sofreram pequenas rachaduras. Os monumentos, quase todos construídos por arquitetos e escultores espanhóis, são belíssimos, à exceção de um detalhe em um deles, que mesmo bizarro, tornou-se parte do acervo e motivo de visitação. Conta-se que um famoso artista catalão foi incumbido de esculpir a figura feminina que representa a Liberdade e que faz parte do monumento ao General Libertador José San Martin 31 A Passeio devidamente protegidos por grades (contra a ação de ladrões) nas clarabóias que serviam de entrada da luz natural. As catacumbas são uma atração à parte. Descanso perpétuo de religiosos e pessoas notáveis, os restos mortais eram lá depositados desde que se comprasse o espaço. Há esqueletos e ossadas curiosamente ordenadas (fêmures, antebraços, crânios etc) dos séculos XVI, XVII, XVIII e metade do século XX. (proclamador da Independência do Peru, em 28 de julho de 1821). Como a obra, ainda não finalizada, estava preste a ser inaugurada, o artista pediu a um de seus assistentes: “No te olvides de poner la llama” (a chama votiva que identifica a Liberdade). Qual não foi a surpresa durante a cerimônia ao se descobrir que a “llama” (chama, em espanhol) estava em cima da cabeça da estátua e era, na verdade, o animal característico do Peru! Museu São Francisco e Catacumbas 32 É obrigatório visitar o Museu São Francisco (e as Catacumbas), fundado em 1210 com sete claustros. Inicialmente a casa dos jesuítas que chegaram com os conquistadores, foi também morada de freis franciscanos e dominicanos quando os espanhóis foram expulsos e com eles a Companhia de Jesus. O edifício tem belezas incontáveis. Murais, azulejos sevilhanos, madeiras nobres folheadas a ouro, telas a óleo e uma série de quadros do século XVII – a série Apóstolos - atribuídos ao estúdio do famoso José de Rivera. No refeitório há um painel pintado por um padre jesuíta que representa a Última Ceia. Os motivos locais demonstram a intenção da Companhia de Jesus em se aproximar dos nativos, já que a mesa, por exemplo, é redonda, há crianças servindo como garçons, um cão deitado, e o prato principal tem uma caça guarnecida com batatas. Mas o mais surpreendente é a figura feminina ao lado de Jesus Cristo. Para alguns estudiosos, seria Maria Madalena. Coincidência ou não com a obra “O Código Da Vinci”, vale a pena ver a beleza do trabalho. Outro cômodo que não pode deixar de ser admirado, sim, porque a reação normal é ficar boquiaberto, é a biblioteca. A sensação é de estar compartilhando o espaço com um religioso de “O nome da Rosa”, tal a austeridade e o mistério que envolvem a sala. Lá estão guardadas cerca de 28 mil obras. São pergaminhos, manuscritos e livros valiosíssimos, Huachos eróticos Outro museu que é obrigatório visitar é o Rafael Larco Herrera. Em suas peças de cerâmica, tecidos e jóias está toda a evolução das culturas pré-colombianas, dos primeiros homens que habitaram o Peru ao fabuloso Império Inca, que no seu apogeu chegou a dominar o que hoje são o Chile, Argentina, Bolívia, Colômbia e Equador, interligando esse território com 40 mil quilômetros de estradas, superando todos os acidentes geográficos. Entre as incontáveis prateleiras do Museo, algumas chamam a atenção. São peças de cerâmica com formas fálicas e que retratam posições sexuais entre heteros e homossexuais. Algumas, inclusive, aludem ao sexo após a morte, isto é, em outra vida. Toda essa “ousadia” demonstra, segundo os estudiosos, que para os antepassados dos Incas e para eles próprios, não havia tabus sexuais. O sexo era livre, adotavam práticas naturais de não fecundação e procuravam através dele atingir a sublimação, um estado de graça religioso. Isto, desde os primórdios. Como provam os tesouros reunidos no Museu Larco Herrera, a chegada do homem ao Peru remonta a 13 mil anos antes de Cristo. Vieram da Ásia – daí a semelhança entre a raça amarela e os nativos americanos - cruzando o Estreito de Behringer. Em 8 mil antes de Cristo esses habitantes começam a trabalhar a agricultura. Registros mostram a cultura da pimenta e do feijão. Nessa época, seis focos de desenvolvimento humano acontecem no mundo, mas no Peru, dizem os arqueólogos, o homem supera muitos obstáculos naturais e por isso torna-se mais evoluído. Em 6 mil a.C, encontram-se indícios da cultura do milho, da batata e da abóbora e a constatação de que se tornaram sedentários. Passam a existir aldeias de 5 a 10 casas com 25 a 50 pessoas, mas é em 3 mil a.C que acontece em todo o mundo um salto evolutivo de grande relevância. No Peru não é diferente. Explode o crescimento demográfico e começam a existir construções maiores. São os primeiros PHOTODISC edifícios públicos, monumentais, onde a sociedade se reune para se organizar. Essas construções ainda não têm o caráter de santuários, são apenas para uso civil. As ruas servem para estocar alimentos, o que indica que já tinham excesso de produção e constata-se a presença de monolitos para a observação do espaço. Esta é a questão que leva muitos estudiosos a pensar seriamente na possibilidade destas civilizações terem recebido ensinamentos de extraterrestres. E se o avanço em medicina (sabe-se que as antigas civilizações já abriam crânios), na arte, na organização social, e no manuseio dos metais (existem inúmeras jóias de ouro e prata que têm pontos de fusão diferentes, fundidos juntos) que detiveram forem analisados sob essa perspectiva, a teoria deixa de ser ficção. Verifica-se também uma preocupação muito grande com a vida após a morte. Eles passam a mumificar, a preservar os corpos, a sepultá-los de várias formas, inclusive na posição fetal, como se os preparassem para o renascimento em outro estágio. Junto com os corpos são colocados utensílios e adornos, e erguem templos a Inti (o Sol) e a Quilla (a Lua). Brilhantes e crentes, mas fracos guerreiros Com a decadência da cultura Chavin, no início da era Cristã, diversos povos andinos iniciam pequenos reinos. Alguns se expandiram e formaram verdadeiros impérios. A civilização Nazca, por exemplo, é digna de nota. Apesar de radicados em um ambiente hostil, realizaram construções fantásticas. Outros dois povos importantes nesse período pré-Inca foram os Tiahuanaco e os Wari, localizados nas margens do Lago Titicaca e no vale do Mantaro. O resultado palpável dessas civilizações são as grandes construções em pedra como Machu Picchu. No século XII, esses impérios entram em decadência e surgem outros pequenos reinos, dos quais três são grandiosos e dois tornam-se impérios. São eles os Chanka, os Chimu e finalmente os Incas. Os Chimu criaram sistemas de irrigação muito avançados e iniciaram sua expansão no século XIV inclusive para terras desérticas. Habilidosos, chegaram a dominar quase todo o litoral daquele que posteriormente foi o Império Inca. A etnia Inca, cuja origem é a cidade de Cuzco, realizou sua expansão, dominando outras cidade e povos, sendo estes subjugados e obrigados a jurar lealdade ao Imperador (que no Império recebia o nome de Inka), entretanto, os antigos governantes dos povos dominados não eram destituídos de seus cargos. Uma forma dos “Inkas” mostrarem sua bondade e agradarem os aliados, já que davam liberdade aos súditos das outras tribos de manterem suas crenças e costumes, com exceção da veneração a Intip (o Sol). Mesmo assim, os governantes das tribos acabaram se unindo aos espanhóis quando eles chegaram, pois ansiavam em ter o poder sobre seus reinos de novo. A História faz mais referência aos Imperadores que começaram a “reinar” em 1300. O último deles, antes da conquista espanhola, foi Wayna Kapaq, que esteve no poder entre 1495 e 1528. Como se sabe, o conquistador espanhol, Francisco Pizarro, começou a realizar missões de reconhecimento nas costas do Império Inca em 1524 e elas duraram oito anos. Essas expedições consistiam apenas em chegar às praias e estabelecer contato com algum nativo. Embora nunca tenham ultrapassado o litoral e não tenham sido essencialmente agressivas, essas incursões começaram a alarmar a população. Porém, o pior foi o surgimento de doenças entre os nativos, trazidas pelos marinheiros brancos. Qualquer simples gripe podia dizimar milhares de pessoas já que não tinham anticorpos para os males do Velho Continente. As epidemias ajudaram a enfraquecer o Império antes mesmo da conquista propriamente dita, que só aconteceria em 1532. Antes disso, já haviam morrido cerca de 200 mil nativos, entre eles o Imperador Wayna Kapaq e seu filho mais velho, que estava sendo preparado para sucedê-lo. Sem sucessão direta, o Império se vê às voltas com dois competidores: Atawallpa e Wascarr, que começaram a travar lutas pelo poder. Como os sacerdotes de Cuzco, apoiadores de Wascarr, haviam pedido ajuda aos deuses para vencer a batalha, os espanhóis foram vistos como tais e assim foi formada uma aliança para derrotar Atawallpa. Em 1535, as tropas de Atawallpa estavam exterminadas e Pizarro havia consolidado o domínio espanhol sobre o Peru por meio da fundação da cidade de Lima, destinada a ser a capital do Vice-Reino. Língua escrita Por mais interessante que seja a História da conquista do Peru, o que vale evidenciar é o legado cultural deixado pelas várias civilizações pré-colombianas, como o domínio das cores e da fiação que resultam em belíssimos mantos e vestes ou na arte em produzir ferramentas. Isso sem considerar o conhecimento de técnicas quase industriais para desidratar alimentos e assim conservá-los ou a 33 A Passeio Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. As autoridades brasileiras emitirão o documento de vacinação que deve ficar sempre junto ao seu Passaporte ou Carteira de Identidade original, com emissão inferior a 10 anos. Esse documento pode ser solicitado pelas autoridades de ambos países a qualquer momento. A Companhia Aérea Lan faz um vôo direto de 5 horas e meia (desconsiderando o fuso horário de 2 horas a menos em relação a Brasília), saindo do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e chegando ao aeroporto Jorge Chávez, em Lima. genialidade de criar o Quipus – um conjunto de cordas de diferentes tamanhos e cores com nós em pontos diferentes e de formato circular utilizado para contar. Pelo menos é o que se pensava até recentemente. Hoje, uma arqueóloga peruana defende a tese de que os Quipus contém também palavras, o que leva a crer que os antecessores dos Incas tinham uma língua escrita. A tese se baseia no fato de vários desses Quipus terem sido encontrados em escombros, muitos bem guardados, como que para preservar informações importantes, assim como também foram achados junto a restos mortais de Chaskis, os famosos corredores, encarregados de levar mensagens por todo o território. Em que pese a dominação espanhola sobre a cultura nativa peruana (e de quase toda a América Latina), tentando apagar sua cultura e convicções religiosas, hoje já não cabe mais a discussão de quem foi bandido ou mocinho nessa História. A evolução da humanidade sempre teve vencedores e vencidos, mas isso não quer dizer que os subjugados fossem inocentes. Os Incas e seus predecessores não eram exatamente bonzinhos. Foram elitistas, impingiram a escravidão e fizeram sacrifícios humanos, entre outras atrocidades até alguns anos atrás jamais mencionadas em nome de um ufanismo latino-americano sem fundamento. Porém, o que deve ficar registrado sobre sua passagem pela Terra – e do que devemos nos orgulhar como sul-americanos – é o fantástico legado cultural que deixaram e aquele que as atuais escavações ainda vão revelar. Como se vai a Lima Antes de mais nada, é preciso providenciar a vacina contra Febre Amarela,10 dias antes do dia da partida. Ela pode ser tomada no 34 Lima tem as quatro estações definidas, mas o clima é ameno. Não chove nunca. No outono e inverno a temperatura varia entre 13º e 18º C e no verão entre 24º a 28º C A moeda local é o Novo Sol (1,00 U$ = 3,20 a 3,25 soles), mas praticamente todo o comércio aceita dólares americanos. O turismo local é atendido por operadoras competentes que mantém acordos com várias agências brasileiras, mas procure informar-se sobre aquelas especializadas em Lima. *A jornalista viajou a convite da Central de Eventos – Maringá Turismo, Rede Accor e Lan. stock.xchng Co nsulta SEBRAE NEGOCIAR É PRECISO Todos nós somos eternos negociadores. Aprendemos a negociar antes mesmo de aprendermos a falar. Não se espante. É verdade. Um recém-nascido, que não sabe falar, já começa a sua vida negociando. Negocia com a mãe. Negocia chorando. Chora quando tem fome. Chora quando tem frio. Chora quando faz “pipi”. E a negociação nos acompanhará pelo resto da nossa existência. E Por Sergio Diniz nquanto viver, você estará negociando. Estará negociando com seus pais, com seu cônjuge, com seus filhos. A vida familiar nos condiciona a uma permanente negociação. Na vida empresarial, não é diferente. Em tempos passados, muitos se referiam ao empreendedor, ao empresário, como negociante. Tal nomenclatura perdurou por muito tempo. Afinal, no âmbito empresarial, acontecem os negócios. A negociação está presente em todos os instantes. Assustado! Não se atormente. Estamos sempre em negociação com os nossos clientes, com os nossos fornecedores, com os nossos funcionários. Embora mesmo que, instintivamente, já se pratique no cotidiano, devemos relembrar os detalhes cruciais numa negociação. Vamos pensar em alguns. Uma negociação envolve pessoas, que podem pensar diferente, podem lutar por interesses antagônicos, podem valorizar “coisas estranhas” ao nosso entendimento. É preciso se preparar antecipadamente para negociar, pois se reunirmos informações sobre as características do nosso opositor, já é um bom começo. Procure conhecê-lo. Ouça com atenção redobrada. Se tiver alguma dúvida, pergunte, esclareça. Comunique-se através de uma linguagem clara. Seja direto, objetivo. Evite ser prolixo. Transmita segurança e credibilidade. São poderosas armas no “combate”. Procure fazer tudo com muita nitidez e transparência. Tenha uma argumentação sólida, bem fundamentada. Dê exemplos, demonstre resultados, use estatísticas, recorra a dados históricos. Enfim, esteja bem municiado. Prepare o seu arsenal. Às vezes, precisamos nos expor ao outro. Só não devemos “baixar a guarda” e deixar a ponta do queixo desprotegida, pois assim, podemos ser nocauteados. Às vezes, recuar faz parte da estratégia de guerra. É comum numa negociação ocorrer discordância ou divergências, mas mesmo assim nem tudo está perdido. Não deixe que isso venha a “atravancar” a negociação. É o momento de rediscutir. É a hora de redefinir os parâmetros que são essenciais e que devem nortear o processo de negociação. Clareie as idéias. Procure as frestas que o outro lado deixou. Reorganize os seus argumentos. Enfatize os benefícios, se for o caso. Reavalie quais são os pontos mais importantes para o seu oponente. Em determinadas situações, alguém tem que ceder. E lembre-se: negociar é uma arte. E arte, pode ser definida como sendo “a capacidade natural ou adquirida de pôr em prática os meios necessários para obter um resultado”. Portanto, mãos à obra! Negocie. Sergio Diniz - Consultor - Sebrae-SP 35 stock.xchng Freio solto QUANDO A MÍDIA DESINFORMA Com a bandeira da liberdade de imprensa dissemina-se uma geração de comunicadores prepotentes e temidos pelas fontes. ´ E Por Joel Leite uma contradição incompreensível o que o eleitor faz consigo mesmo. Vivemos uma aparente democracia, com liberdade individual garantida, liberdade de expressão, instituições democráticas fortes. O problema é que esse mesmo eleitor que escolhe livremente os seus representantes, acha que todo político é ladrão, que todo político é corrupto. Acredita que todos se candidatam para tirar vantagens individuais. Ora, há uma distorção entre pensamento e ação. Onde está a coerência, se eu considero mau-caráter o representante que eu escolhi, entre tantos outros, para me representar? A imprensa é responsável pela disseminação dessa deturpação do pensamento. Revolta-me o abuso e o devaneio, a irresponsabilidade de colegas que denunciam sem comprovação, destroem pessoas, entidades, governos e chamam isso de liberdade. Forjada nas redações da grande imprensa, que dissemina o pensamento hegemônico da sociedade de consumo, essa geração de profissionais não admite punição, não admite se submeter a um órgão 36 profissional que controle a sua conduta. Consideram-se acima das leis; são pessoas pretensiosas, prepotentes, quase médicos. Li no jornal dia desses uma “denúncia”: Governo destina verba para redutos eleitorais de deputado”. É um episódio exemplar para mostrar a ação nociva de parte (grande parte) dos comunicadores. A “notícia” tinha a clara intenção de colocar o leitor contra o governo, como se fosse imoral destinar verba ao reduto eleitoral do deputado. Ora, é obrigação do governo destinar verbas para deputados fazerem obras. A região onde o deputado atua é chamada “reduto eleitoral”, pois é ali onde ele colhe os votos que o elegem. Que mal há nisso? É também obrigação do deputado exigir do governo verbas para melhoria da sua região. Assim, a manchete do jornal poderia ser: “Deputado consegue verba para melhorias na região” ou “Presidente destina verba para nossa região” A imprensa desvirtua a ação política séria, tenta passar a idéia de que todos os políticos são iguais, que são todos corruptos. Analistas vomitam opiniões, “achismos”, criando uma animosidade do eleitor com seu representante, o que, em última instância, leva as pessoas a pensar que não vale a pena votar, que não vale a pena exercer a democracia. Daí para achar que “o tempo da ditadura era melhor” é só um passo; se eu não sei escolher meus representantes é melhor que alguém escolha por mim! Peraí: não sou nenhum inocente. Muitos parlamentares (a maioria, talvez) usam os seus poderes em interesse próprio. O erro - e a má intenção - da imprensa é tratar a coisa de forma leviana, deturpando a ação política. É preciso investigar e criticar, este é o papel da imprensa. Mas, assim como os médicos, os jornalistas são cada vez mais semideuses. Quase perfeitos; não podem ser contestados. São a fonte da verdade, temidos, reverenciados. Essas manchetes ilustram bem o papel da imprensa de desinformar o leitor: “A suposta tentativa de atentado em Londres foi frustrada pela polícia inglesa”. Desde quando suposição é notícia? A manchete leva o leitor a pensar que houve um atentado e que a polícia londrina frustrou esse atentado. Mas o atentado não existiu. Veja essa outra forma de não informar: “O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, não acredita que o PT tenha ligação com o PCC”. Ora, a imprensa noticia a não notícia. A notícia não existe. Não diz que o PT tem ligação com o PCC. A única informação na frase é que o governador não acredita, quer dizer: a notícia não fala nem mesmo sobre o que o governador pensa, mas sobre o que ele não pensa. É uma clara intenção de ligar o partido aos bandidos. A imprensa deturpa. Desinforma. É tendenciosa, perniciosa. E não é punida! Experimente criticar um profissional da mídia, jornalista, publicitário... com certeza levará a pecha de censor, contra a liberdade democrática. Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação Cásper Líbero, com pósgraduação em Semiótica, Comunicação Visual e Meio Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme, assina colunas em jornais, revistas, rádio, TV e internet. Não tem nenhum livro editado e nunca ganhou nenhum prêmio de jornalismo. Nem se inscreveu. Pessoal DIZER NÃO É TÃO IMPORTANTE QUANTO DIZER SIM Por Vera Martins Ter dificuldade para dizer não, ficar quieto ou concordar com o outro numa situação polêmica para não arrumar confusão, ter a sensação de que se está “engolindo sapo” com freqüência são comportamentos que indicam a necessidade de assertividade. A ssertividade: habilidade necessária em todos os níveis de relacionamentos. Tanto no ambiente de trabalho quanto na vida pessoal, aprender a dizer não é tão importante quanto saber dizer sim e essa habilidade evita que ocorram desencontros, conflitos e dissabores nos mais variados níveis de relacionamentos. Muito provavelmente o significado da palavra “assertivo” é desconhecido da maioria das pessoas. Porém, no dia-a-dia, o excesso ou falta dessa qualidade tem influenciado diretamente os mais variados tipos de relacionamentos, sejam pessoais ou profissionais. De forma simplificada, uma pessoa é assertiva quando diz “não” quando quer dizer “não” e diz “sim” quando quer dizer “sim”, porém, por termos dificuldade em manter um comportamento assertivo, um grande número de pessoas se envolve em desencontros, conflitos e dissabores em seus relacionamentos. A assertividade está intimamente ligada ao autoconhecimento e é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Aprender a dizer não é tão importante quanto saber dizer sim. Existem indícios que apontam a necessidade de uma pessoa em ser assertiva, e não é necessário ser nenhum especialista para identificá-los. Ter dificuldade para dizer não, ficar quieto ou concordar com o outro numa situação polêmica para não arrumar confusão, ter a sensação de que se está “engolindo sapo” com freqüência ou sempre bater de frente com as pessoas para fazer prevalecer sua opinião ou vontade são comportamentos que indicam a necessidade de assertividade. O desequilíbrio da assertividade pode refletir tanto na passividade quanto na agressividade, aspectos nocivos nas relações pessoais e profissionais. No trabalho, por exemplo, a importância dessa habilidade é bastante relevante. Para atender às demandas de um mercado competitivo e ágil, um profissional deve ter as características do comportamento assertivo, o qual constrói uma comunicação interna saudável dentro de uma empresa. Isso acontece porque as pessoas passam a encarar os problemas do cotidiano com naturalidade e não têm dificuldades para resolvê-los. As informações fluem com transparência, na quantidade e na qualidade necessárias. Na vida pessoal, a assertividade traz bem-estar porque a pessoa sente que tem as rédeas da própria vida em suas mãos. Ela está no controle e não sente a necessidade de ter a aprovação obrigatória de outras pessoas sobre seus atos. Com isso, a pessoa se torna mais autoconfiante e com sua auto-estima equilibrada. Em geral, a falta da assertividade é decorrente do medo da perda (do emprego, da segurança, do conforto, da estabilidade etc). Vera Martins é pedagoga, mestre em Comunicação e Mercado e consultora especialista em treinamento e desenvolvimento de pessoas no ambiente organizacional. É autora do livro “Seja Assertivo!” e co-autora do livro “Comunicação e Mercado – Mestrado na Cásper Líbero: Orientação e Resultado” 37 Sucessão HERDEIROS ENFRENTAM “LABORATÓRIO” ANTES DE ASSUMIR A EMPRESA FAMILIAR A preparação de herdeiros para dar continuidade à empresa familiar remete a uma mudança fundamental de conceito. Trata-se da troca de um modelo individual para um modelo coletivo. Nesta passagem, algumas empresas incentivam os seus herdeiros a buscarem a experiência de abrir novos negócios para exercitarem a integração e qualificação, antes de se tornarem sócios da empresa familiar. N Por Ana Rita Schlatter o modelo do fundador, na chamada 1ª geração, geralmente é possível contar com a figura do empreendedor nato, que toma as decisões de forma centralizada. A partir da 2ª geração em diante é comum que se encontre um grupo de sócios que não se escolheram e que devem negociar para decidir. A habilidade demandada passa a ser a de agir coletivamente. A base deste novo modelo coletivo é a relação de confiança e o respeito mútuo. Mas, como construí-la? Como usar as diferenças a favor dos negócios? Como lidar com os conflitos que certamente surgirão? Segundo Victor Pinedo, em seu livro “Tsunami”, esta base é produto de três componentes: ter uma tarefa clara a ser realizada; estabelecer um sentimento de equipe, no qual todos são co-responsáveis e contribuem com suas habilidades individuais para o resultado coletivo e proporcionar aprendizado coletivo. De acordo com a experiência desenvolvida pela Bernhoeft em seu trabalho com as Famílias Empresárias, é possível verificar que o empreendedorismo é extremamente eficaz para atingir tais objetivos. Ele cumpre a função de uma espécie de “campo de provas”, com riscos calculados pela 38 limitação do capital investido, no qual se podem experimentar estes três ingredientes. Um exemplo da eficácia deste método é a experiência de uma empresa-cliente de grande porte e do setor de serviços, na qual o controle está com a 2ª geração e em fase de preparação da 3ª geração, composta por 14 primos, na faixa etária de 18 a 38 anos. Este grupo de 14 herdeiros abriu um negócio, em proporções bem menores que os negócios principais do grupo, cuja regra principal foi conservar os mesmos padrões operacionais e administrativos da holding: manter os mesmos níveis de exigência ética e financeira; as reuniões sistemáticas de prestação de contas para a sociedade; o sistema de informações transparente e “amigável”. As atividades não poderiam estar relacionadas aos negócios do Grupo e alguns herdeiros deveriam ocupar os lugares de gestores, outros de conselheiros e outros apenas sócios do capital. Segundo um dos atuais sócios, membro da 2ª geração, os principais obstáculos encontrados foram “os mesmos de qualquer empresa familiar: colocar esta turma junta para tomar decisões, praticar o diálogo societário e aprender a lidar com os conflitos e diferenças”. A exemplo deste grupo de herdeiros, o estímulo ao empreendedorismo pode funcionar como um verdadeiro “laboratório”. Entre os ganhos: a oportunidade dos elementos do grupo para conhecer suas habilidades e dificuldades; o aumento da segurança, não só nas capacidades individuais, mas do conjunto; o exercício do diálogo societário e empresarial, decisão coletiva e resolução de conflitos; e, principalmente, o amadurecimento da relação de confiança dentro do grupo. Ana Rita Bittencourt Schlatter é consultora da Bernhoeft. É Mestre em ADM pela USP/FEA com MBA pela Fundação Dom Cabral. É também professora da FAAP na disciplina Empresa Familiar e Sucessão. RH TEMPERAMENTO E PERSONALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES Conhecer acerca do temperamento e da personalidade pode contribuir em diversas situações, especialmente na vida organizacional. Por Armando Correa de Siqueira Neto O s variados comportamentos existentes no ser humano dizem respeito a alguns fatores. Dentre eles, destacam-se o temperamento e a personalidade. Por temperamento podese entender que são os traços da personalidade, “a reação emocional ou o estilo comportamental do indivíduo na interação com o ambiente.” Compreender o próprio TEMPERAMENTOS SANGUÍNEO temperamento ajuda na identificação de pontos positivos e negativos, permitindo, assim, direcionar a maneira de ser para determinadas tarefas na vida pessoal e profissional. Podemos tentar uma auto-avaliação, conhecendo alguns pontos dos vários tipos de temperamento que estão nesta tabela: COLÉRICO MELANCÓLICO FLEUMÁTICO PONTOS POSITIVOS FALANTE EXPRESSIVO CORDIAL AMIGÁVEL COMUNICATIVO ENTUSIASTA COMPREENSÍVEL VONTADE FORTE INDEPENDENTE VISIONÁRIO PRÁTICO PRODUTIVO DECIDIDO LÍDER TALENTOSO ANALÍTICO ESTETA HABILIDOSO AUTODISCIPLINADO DISPOSTO A SACRIFICAR-SE SENSÍVEL CALMO DIGNO DE CONFIANÇA OBJETIVO DIPLOMATA EFICIENTE ORGANIZADO PRÁTICO HUMORADO CONDESCENDENTE PONTOS NEGATIVOS INDISCIPLINADO INSTÁVEL EMOCIONALMENTE IMPRODUTIVO EGOCÊNTRICO EXAGERADO CRUEL IRADO SARCÁSTICO AUTO-SUFICIENTE IMPETUOSO DOMINADOR VINGATIVO FRIO E INSENSÍVEL AUTOCENTRADO DESCONFIADO SUSCETÍVEL VINGATIVO MAL-HUMORADO CRÍTICO TEÓRICO NÃO-SOCIAL PESSIMISTA PROCRASTINADOR PREOCUPADO EGOÍSTA AVARENTO AUTOPROTETOR INDECISO TEMEROSO DESMOTIVADO Fonte: revista Crescimento Pessoal & Motivação de março/2006. Personalidade é “a organização dinâmica, no indivíduo, daqueles sistemas psicofísicos que determinam o seu pensamento e comportamento característicos, a sua adaptação típica ao meio social.” Conhecer acerca do temperamento e da personalidade pode contribuir em diversas situações, especialmente na vida organizacional, na qual a gestão de pessoas demanda, cada vez mais, um melhor nível de relacionamento entre os colaboradores. Ressalta-se ainda o tipo de relação necessária no eixo líderseguidor, questão particularmente estudada por universidades e empreendedores que objetivam manter qualidade na gestão de talentos, do conhecimento, da motivação, da produção e produtividade etc. Portanto, o ser humano é único, e como tal deve ser respeitado em suas particularidades. Existem diferenças de personalidade entre as pessoas e elas respondem e se comportam em tempos variados, com motivações e posturas que muitas vezes desapontam àqueles que tentam nivelá-las em um mesmo padrão. A frustração pode ocorrer ao líder que almeja resultados semelhantes em seus seguidores, mas desconhece os temperamentos e personalidades, levando em conta apenas o imediatismo das ações. Contudo, há pessoas que demoram mais para realizar determinadas tarefas, mas podem fazê-lo com mais qualidade do que outras que as realizam em velocidade superior. A psicologia é uma aliada do gestor que entende a importância de conhecer com maior profundidade seus colaboradores. Sem ela, os obstáculos roubam a energia, a expectativa da boa gestão e do crescimento, frustrando planos e pessoas. Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo e diretor da Self Consultoria em Gestão de Pessoal. É professor, e mestre em Liderança pela Unisa Business School. E-mail: [email protected] 39 No v idades GRANDE CAPACIDADE Gravadores de DVD não são mais novidade, mas a Philips ampliou a capacidade de armazenamento ao lançar o DVDR3455H. O equipamento traz um hard disc (HD) igual ao dos computadores, isto é, armazena informações que não são perdidas quando o equipamento é desligado. O R34 da Philips tem capacidade de memória de 160 gigabytes ou 250 horas de programação da TV. Com ele é possível assistir o que quiser, na hora que preferir com total flexibilidade. Para rever uma cena, um gol ou qualquer instante marcante, basta apertar a tecla Instant Replay, recurso que também permite assistir a programação com até seis horas de antecedência do que está sendo gravado. E melhor, dispensa o disco de DVD, mas se quiser usá-lo para gravar e editar não é preciso se preocupar com a configuração e o tipo de disco, já que além de gravador, o aparelho é multiformato reproduzindo discos de vídeo, áudio e imagem. AGORA EM NOVEMBRO, A LINHA VAIO B “ oom” é a palavra certa para descrever o que está acontecendo no mercado brasileiro de notebooks. Para ter uma idéia, no terceiro trimestre deste ano as vendas cresceram 113% em relação ao mesmo período de 2005. Impulsionadas, sobretudo, pelo varejo que responde por 21% das vendas totais de computadores portáteis no País. A Sony quer surfar esta boa onda e traz oficialmente, a partir de novembro, a linha VAIO de notebooks. São dois modelos, ambos top de linha: o TXN que é ultra portátil e o SZ que combina performance e portabilidade. Com eles a Sony quer construir a imagem de um produto premium, a começar pelo preço, que é alto, e apostando nos diferenciais tecnológicos de interatividade e convergência com áudio e vídeo. O TXN é do tamanho de um livro, pesa apenas 1,25 quilos e tem a menor tela de LCD da categoria com 11 polegadas.Traz integrado um leitor biométrico de impressões digitais que dispensa o cadastramento de senhas. O gabinete é de fibra de carbono, o mesmo material utilizado no chassis dos bólidos de Fórmula 1– conferindo rigidez e leveza ao equipamento. Já o SZ tem gabinete na cor prata, feito em alumínio e magnésio, peso de 1,8 quilos e tem tela LCD de 13 polegadas. Ambos contam com tecnologia móvel Centrino da Intel, sendo que o SZ dispõe do processador Intel Core Duo, e vários aplicativos para compactar músicas e para edição de vídeo e imagens. 40 Preço sugerido: VAIO TXN R$ 10.990,00 VAIO SZ R$ 7.990,00. Onde encontrar: Fnac, Fast Shop www.sonystyle.com.br Preço sugerido: R$ 1.499,00 Onde encontrar: Philips (11) 2121-0203 (grande São Paulo) e 0800-701-0203 (demais regiões). ÚLTIMA GERAÇÃO: LINHA BRAVIA T elevisores LCD tornaram-se o sonho de consumo de muitos. Se a TV for Sony então, nem se fala. A marca japonesa já tem 16% de market share no segmento de eletroeletrônicos e quer crescer ainda mais. Para isso aproveita mercados poucos explorados e em ascensão, como o de televisores planos. Até 2008, acredita a empresa, 25% do mercado total será de TVs de plasma. Por isso, em outubro a empresa colocou no mercado quatro novos modelos da linha Bravia, de 26 a 46 polegadas. Todas com recurso “Bravia Engine” que reproduz cores de forma natural, melhora a nitidez da imagem e reduz o nível de ruído pixel por pixel em toda a tela. O design é fino e elegante. Para aproveitar todo o potencial do aparelho, a navegação do menu é amigável e assemelha-se aos do computador. Acionado, ocupa uma pequena porção da tela, sem interferir na imagem principal. Todos os modelos estão aptos a exibir imagens em HDTV. Preço sugerido: entre R$ 4.499,00 a de 26 polegadas e R$ 9.999,00 a de 46”. Onde encontrar: Fast Shop, www.sonystyle.com.br Liv ro s&Afins OS EFEITOS DO OLHAR EXTERNO SOBRE NÓS Todos já viveram a situação de pensar em algo, quando alguém muito próximo diz exatamente aquilo que pensávamos. Não é coincidência, explica Daniel Goleman, em seu novo livro, Inteligência social – o poder das relações humanas, editado no Brasil pela Campus/Elsevier e lançado em outubro, simultaneamente em 23 países. Isso acontece, pois nossos cérebros são programados para se conectar. Segundo o autor, que é psicólogo e PhD em Harvard, entre os avanços da neurociência está a descoberta que o design do cérebro o torna sociável e que nossos neurônios funcionam como “espelhos” capazes de refletir o estado emocional dos outros, gerando uma espécie de contágio através do qual uma pessoa tende a capturar os sentimentos a sua volta, particularmente os expressados com forte emoção. Em uma espécie de rede sem fio, tendemos a “trocar” impressões e nos influenciar mutuamente. “Nossos relacionamentos moldam não apenas a nossa experiência, mas também nossa biologia.”Os relacionamentos positivos têm um impacto benéfico sobre a nossa saúde, enquanto os tóxicos podem funcionar como um lento envenenamento do organismo”, escreve Goleman. O livro tem todos os ingredientes para repetir o sucesso do best-seller Inteligência Emocional, lançado em 1995, em que Goleman defendia que as habilidades são aprendidas – e não genéticas. Este é aquele aplicado à vida social e cotidiana. Ele classifica idéias e conceitos, em linguagem clara e de fácil leitura, para explicar através da biologia, o mal-estar da civilização já descrito por Freud ou Nietzsche. Um livro para diversos públicos: psicólogos, educadores, antropólogos, comunicadores, empresários e curiosos, que querem aprender a lidar melhor consigo, com os outros e compreender a importância que o olhar externo surte sobre nós. Que marca, de acordo com Goleman, a diferença entre o líder chefe e o líder ruim. Os primeiros trabalham com valores (altruísmo, compaixão) que conectam as mentes dos que estão ao redor. Inteligência social – o poder das relações humanas (Campus/Elsevier) • Preço sugerido: R$ 59,00 Onde encontrar: Livrarias, www.campus.com.br A MÍTICA ESQUADRILHA LAFAYETTE No ano em que se comemora 100 anos do vôo pioneiro de Santos Dumont, chega às telas a produção franco-americana, Flyboys. Há 75 anos (os últimos foram Wings, de 1929, e Patrulha da Madrugada em 1930), o cinema não retratava as primeiras batalhas aéreas da I Guerra Mundial e a história da mítica esquadrilha Lafayette. Na vida real, foi o primeiro esquadrão de pilotos norteamericanos que lutaram como voluntários antes que o governo daquele país aderisse às forças aliadas que combatiam os alemães. É um filme épico que se inspira em um acontecimento real para contar uma história de heroísmo, honradez, amor, perda e aventura, e faz isso através da trajetória de seis jovens que por caminhos e motivos diferentes lutaram pela liberdade em um país e em uma guerra que não eram deles. O filme tem o mérito de reconstruir os aviões tal qual eram na época: biplanos de cockpit abertos, feitos de lona, madeira, arame e linho. Modernos efeitos especiais, câmeras digitais de solo, vôos acrobáticos reproduzem as batalhas como duelos cara a cara, homem a homem. A fita exagera na metáfora quando o mocinho James Franco, no papel de Blaine Rawlings, um típico cowboy texano, abate um piloto alemão com um tiro de revólver. Mas este é um deslize que não chega a comprometer o filme. Título original: Flyboys, (França/EUA, 2006) Diretor: Tony Bill • Elenco: James Franco, Martin Henderson, Jean Reno, Jennifer Decker • Distribuidora: Imagem Filmes 41 Vinhos & Videiras DEVOÇÃO AO A TERROIR convite da importadora Mistral, comandada por Ciro e Otávio Lilla, esteve em São Paulo o conceituado produtor italiano Jacopo Biondi-Santi, que conduziu uma degustação muito especial, com seus melhores vinhos, para uma atenta platéia de jornalistas especializados. Jacopo também mostrou seus vinhos na Associação Brasileira de Sommeliers, com grande afluência de interessados. Em uma das mais belas e privilegiadas localizações do sul da Toscana, o talentoso produtor, herdeiro da lendária propriedade ‘Biondi Santi - Il Greppo’, em Montalcino, é responsável por alguns dos melhores e mais apreciados vinhos da Itália. São ‘supertoscanos’ de grande prestígio, como os famosos Sassoaloro, Schidione e Montepaone, todos apresentados na oportunidade. Jacopo possui uma completa devoção ao terroir, tendo desenvolvido um projeto revolucionário, único no mundo, de mapear minuciosamente cada pequeno trecho de solo de seu terreno, monitorando a inclinação, insolação, componentes químicos e qualidades minerais do solo etc. Em uma escala minimalista, ele descobriu as melhores porções de sua propriedade, como cada parcela deve ser tratada, que uvas e clones devem ser plantados, sempre em busca de expressar ao máximo seu terroir. Seu famoso Sassoaloro é um vinho de enorme sucesso, conjugando classe, equilíbrio e elegância com o sabor toscano da uva Sangiovese. A grande estrela da casa é o profundo Schidione, um tinto extraordinário, um corte de Sangiovese Mesa Posta A Arthur Azevedo é presidente da Associação Brasileira de Sommeliers SP (www.abs-sp.com.br), jornalista, editor da revista Wine Style e consultor da Artwine (www.artwine.com.br) “MAR Y MUNTANNYA” gastronomia espanhola é vasta e colorida: Cataluña, Islas Baleares, Aragón, Navarra, La Rioja, Pais Vasco, Cantabria, Astúrias, Galicia, Castilla y Leon, Madrid, Castilla-La Mancha, Estremadura, Valencia, Murcia, Andalucía e Islas Canárias, emprestam à culinária do país cores fortes, sabores vigorosos, generosidade, calor e contrastes surpreendentes. A Cataluña é uma pequena província – para os seus cidadãos uma pequena nação – com geografia diversificada. O norte é montanhoso, com elevações que chegam a 3 mil metros de altitude e rios caudalosos. Já o sul é quase árido. O Mar Mediterrâneo, em frente, oferece tesouros à sua gastronomia e conexão com o resto do mundo. “Mar y Muntannya” significa, em catalão, as singulares combinações de carne e peixe com que nos brinda esse povo especial. Assim, faz todo o sentido cozinhar galinha com camarão! 42 (40%), Cabernet Sauvignon 40% e Merlot 20%, maturado em barricas de carvalho francês por 24 meses, um dos mais reputados ‘supertoscanos’. Merecem uma citação, por sua excelente relação preço x qualidade os ótimos Morellino di Scansano, outra especialidade da casa. Outra preciosidade é o Montepaone, um puro Cabernet Sauvignon, com 18 meses de passagem por barricas de carvalho francês. Elegante e sofisticado, tem aromas de frutas escuras, chocolate, couro e caramelo tostado. Sua concentração é impressionante, assim como a fineza dos taninos e a longa persistência. Importante ressaltar que os Biondi Santi são vinhos de muito estilo, entre os melhores e mais premiados da Itália, combinando muito bem com a gastronomia do país. Além de herdeiro da vinícola ‘Biondi Santi - Il Greppo’, Jacopo comanda o Castello di Montepò, uma das mais impressionantes propriedades da Toscana. Localizada no alto de uma colina, domina toda a acidentada geografia local e em contraste com as terras normalmente mais planas de Maremma, é repleta de colinas plantadas com Sangiovese Grosso (o conhecido clone BB11, de Biondi Santi), ideal para a produção de vinhos de alta qualidade. GALINHA COM LAGOSTA (PARA 4 PESSOAS) Compre 1,2 kg de galinha (ou frango) já cortada em pedaços prontos para servir, lave-os e enxugue-os muito bem. Esfregue-os com sal e pimenta do reino preta, moída da hora, e refogue-os em seguida em 4 colheres de azeite extravirgem, numa caçarola que possa ir à mesa. Quando estiverem dourados adicione 1 cebola grande bem picada e deixe refogar. Quando a cebola estiver translúcida, junte 2 tomates maduros, bem carnudos, sem a pele e as sementes, cortado em cubos e continue a refogar. Regue em seguida com 8 colheres de vinho branco doce e 250 ml de caldo de galinha e introduza 1 folha de louro. Deixe ferver em fogo médio por cerca de 15 minutos (até a galinha ficar macia). Nesse intervalo, amasse num pilão 2 dentes de alho picados, 1 colher de sopa de amêndoas moídas, alguns fios (ou uma pitada) de açafrão, 40 g de chocolate amargo ralado (ou em pó), 1 colher de sopa de pão ralado, 1 colher de sopa de salsa picada, 2 colheres de sopa de azeite extravirgem e 4 colheres de aguardente de uva (grappa), até formar uma pasta espessa. Junte essa pasta no refogado e corrija o sal e a pimenta do reino. À parte, cozinhe duas lagostas já limpas e com as cascas, em água salgada. Corte as lagostas ao meio no sentido Por Isabel Caldeira longitudinal e junte as metades no refogado, com a carne voltada para baixo. Cozinhe por mais 10 minutos e leve à mesa na mesma panela. Acompanhamento: apenas “pan candeal”, pão redondo de Castela (em boas padarias tem como substituto o “pão caseiro italiano”, redondo). Entretanto, faça-o você mesmo: sobre a pia ou a mesa de trabalho peneire 500 g de farinha de trigo e faça uma cova no centro. Coloque nessa cova 10 g de sal, 15 g de fermento biológico esmigalhado e 200 ml de água morna. Com as pontas dos dedos incorpore esses ingredientes e com as duas mãos trabalhe bem até obter uma massa lisa e bem homogênea. Coloque numa travessa, cubra com um pano seco e deixe em lugar aquecido para a massa crescer, até dobrar o volume. Faça um pão redondo com 30 cm de diâmetro e com a ponta de uma faca desenhe losangos na parte de cima. Pincele com azeite extravirgem e coloque sobre uma assadeira untada com o mesmo azeite. Leve ao forno, que já deverá estar aquecido a 200 graus centígrados, durante cerca de 25 minutos, até a casca ficar dourada. Esse pão pode ser preparado na véspera. Isabel Caldeira é cozinheira, estudiosa e especialista em receitas e cardápios especiais. Contato: [email protected]