Publicação da associação brasileira de distribuidores volkswagen
Ano 31 • n• 263
DEZEMBRO 2008
ENTREVISTA
COMO CRIAR
GRANDEZA
A
Novas oportunidades
e foco no cliente
Por Elias Monteiro
o fazer o balanço de 2008 vemos que foi um ano muito bom. Nossa marca se fortaleceu
internacionalmente e no Brasil destacou-se por sua performance e atendimento das
expectativas dos consumidores. Os lançamentos do Novo Gol e do Voyage, aplaudidos pela
imprensa especializada e aprovados pelo público, foram dois dos vários eventos bemsucedidos ocorridos no ano. Mas já antes, em maio, a Convenção Nacional da Assobrav,
realizada em Lisboa para celebrar os 35 anos da Associação, anunciava o clima de otimismo da
marca e a vontade da Rede VW em realizar novos projetos. A Cenassobrav reuniu 450 pessoas,
entre titulares, seus familiares e executivos das concessionárias, da Volkswagen e do Banco VW
em um dos maiores eventos já realizados pela entidade. Mas o ânimo dos empresários não
parou por aí. Em setembro foi a vez de festejar os 20 anos do Consórcio dos Concessionários
Volkswagen, um empreendimento que orgulha não só os associados mas toda a Rede VW,
porque o seu valor não está apenas na rentabilidade que proporciona, mas na força de sua
imgem: sinônimo de bom atendimento e respeito ao cliente.
Em outubro, mais uma iniciativa conjunta da Assobrav e da Montadora mostrou que a sinergia
entre os segmentos que compõe o Sistema Volkswagen flui da melhor maneira possível. O
I Encontro Nacional de Pós-Vendas, ocorrido entre 9 e 11 de outubro em Costão do Santinho,
surpreendeu até mesmo os organizadores. Mil e cem participantes, em sua maioria gerentes
das concessionárias, mas também boa parcela de empresários, assistiram a palestras de
especialistas e participaram de workshops em uma intensa jornada de trabalho, elevando
definitivamente o pós-vendas à condição de prioridade em nosso negócio.
Todas estas ações, enfim, demonstraram o quanto estamos confiantes em nossa atividade, ao
mesmo tempo em que diagnosticaram o quanto estamos alertas e preparados para qualquer
contratempo futuro.
Estamos convencidos de que as oportunidades são muitas, porém, nosso mercado é
extremamente dinâmico e exige de todos nós igual agilidade. Nesse sentido, nossa
recomendação continua sendo a famosa equação do bom senso: rigor administrativo, com
controle de estoques e preservação da liquidez. No mais, confiamos na competência da
Rede Volkswagen, que desde sempre vem reafirmando o seu profissionalismo e atenção ao
consumidor.
Renovamos também o nosso agradecimento a você, leitor de Showroom, que por mais um ano
nos prestigiou com sua leitura e crítica elevada.
Feliz Natal e um início de ano virtuoso a todos.
SHOWROOM
Elias Monteiro é presidente da Assobrav/Grupo Disal
3
A opinião de sua entidade.
5 Cartas
O que dizem sobre Showroom.
6 Quem Passou Por
Aqui
Amigos e personalidades que visitaram a
Assobrav e o Grupo Disal.
8 Gente
Mauro Halfeld, o especialista em mercado
financeiro, colunista da Rádio CBN e do
jornal O Globo, pós-doutorado pelo MIT
e professor da Universidade Federal do
Paraná, autor dos livros “Seu imóvel –
Como comprar bem” e “Investimentos
– Como administrar melhor seu dinheiro”
fala sobre investimentos, inclusive
descomplicando a Bolsa de Valores, e
de como é possível poupar mesmo em
momentos de crise.
13 TechMania
O que acontece nos laboratórios e pistas
de testes da indústria automobilística,
segundo o jornalista Fernando Calmon.
16 Consulta SEBRAE
As dicas dos consultores do
SEBRAE.
18 Capa
4
Referência no mundo dos
negócios, Stephen Covey, um
dos mais aclamados oradores
sobre liderança e habilidades
de gerenciamento,
conselheiro de
chefes de governo, políticos e líderes
empresariais e autor do super bestseller “Os sete hábitos das pessoas
altamente eficazes”, esteve em São
Paulo e falou sobre o que realmente
diferencia um líder: princípios morais
e comportamento ético.
“Quem governa ou lidera deveria
ter princípios como generosidade,
respeito com os outros, senso de
justiça, integridade e confiabilidade.
A força de um líder vem da admiração
que ele desperta, e não do medo que
inspira”, diz ele, entre outras coisas.
30 A Passeio
24 Cotidiano
36 RH
O conto curto do escritor Marco
Antonio de Araújo Bueno.
26 Comportamento
“Por serem mais empáticas, as
mulheres denotam uma postura
mais observadora em seus contatos, o
que pode fazer com que se mostrem
receptivas para escutar as pessoas
e entender com facilidade suas
necessidades”. Esta é apenas uma das
qualidades apontadas pelo estudo
com executivas realizado pela Caliper
Brasil, que procurou identificar o
desempenho de empresas cujos
cargos de liderança e comando
estavam em mãos femininas.
Os números são relevantes: as
empresas com mais mulheres na
diretoria apresentaram desempenho
53% melhor no quesito “Retorno
sobre o Patrimônio”, e o mesmo
se verificou nas análises “Retorno
sobre as Vendas” e Retorno sobre o
Investimento”.
CAPA
A PASSEIO
COMPORTAMENTO
3 Recado
Stephen
Covey
Cenário de grandes obras arquitetônicas e
lugares charmosos, personagens célebres,
eventos que mudaram o mundo e referência de
elegância, bom gosto, pioneirismo e vanguarda,
Paris é a cidade que todo mundo quer conhecer.
Mesmo quem nunca foi a Paris, conhece Paris.
Mas como disse o poeta Fernando Pessoa, “Não
se conhece uma cidade até se perder nela”. Pois
bem, se perca em Paris, nas ruas, monumentos,
nos cafés, no perfume, no crepe, no brie, no vinho,
no Champagne, nas vitrines. Paris é ótima para
se perder, sem pressa e com prazer.
Ao tratar sobre o desenvolvimento humano,
é prudente que se considere a quantidade e a
qualidade do saber. O conhecimento é a porta de
acesso ao progresso e a diferentes perspectivas
de vida.
38 Freio Solto
A opinião, a crítica e a ironia do jornalista Joel
Leite.
40 Novidades
O que há de novo em eletrônica digital,
periféricos de informática e outras utilidades.
41 Livros & Afins
Nossas recomendações para a sua biblioteca,
cedeteca e devedeteca.
42 Vinhos & Videiras
A opinião abalizada de Arthur Azevedo, diretor
executivo da ABS – Associação Brasileira de
Sommeliers – SP, editor da Revista Wine Style e
do site Artwine (www.artwine.com.br).
Sinceramente acho meio chato ficar lendo teses e
resumos de livros desses gurus norte-americanos, mas
devo admitir que os que falam à Showroom tem bastante
conhecimento de causa. O mais recente e consistente comentário
sobre “o que esperar do futuro” que li foi precisamente nas páginas da revista
na matéria intitulada “Como participar do crescimento dos emergentes” (Edição
260 – Setembro 2008) onde o indiano Vijay Govinfarajan, doutro por Harvard,
sintetiza o consumidor do amanhã com o seguinte conceito: “Ser inovador hoje
é mudar a definição que temos sobre quem é nosso cliente, mesmo porque,
na era digital, o mundo inteiro passa a ser nosso cliente em potencial”. Esta
definição passa a ser óbvia depois que é lida, mas poucas ainda são as pessoas
que entenderam realmente o que isso quer dizer. Talvez por isso ainda estejamos
entre os países sub-emergentes.
Carlos José Setehij
Pós-vendas
Não sou do meio, nem entendo nada
de mecânica, mas achei bem bacana
saber que vocês da Volkswagen
estão se preocupando mais com a
qualidade dos serviços que prestam.
O suplemento “Aftermarket”
que veio junto com a revista
passada (Edição 262 – Novembro
2008) demonstra que vocês estão
querendo melhorar mais ainda.
Parabéns.
Roberto D Junqueira
Crise X Otimismo
É sempre bom ler o que o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros (Edição
261 – Outubro 2008) pensa, mesmo não concordando 100% com o que diz.
Foi ótimo vocês terem publicado a opinião dele sobre a crise financeira
internacional logo em seguida à sua explosão. Parabéns à equipe.
Denise S Huol
Atualidade
Faço Sociologia e preciso ter muitas fontes de informação. Uma delas tem
sido a revista Showroom, que meu pai recebe. A revista tem me ajudado
bastante em temas sobre comportamento, pois aborda os mais diferentes e
atuais assuntos de maneira simples, resumida e objetiva.
Por ser uma leitora assídua, gostaria de sugerir um tema, embora, em
princípio, ele possa ir contra o interesse de vocês: que tal produzir uma
matéria sobre as pessoas que abriram mão do carro? Ou seja, aqueles que
preferiram investir o dinheiro que empatariam em um automóvel em outros
bens ou outras atividades, como viagens por exemplo. Na minha opinião
poderia render um ótimo texto, a exemplo do que vocês fizeram sobre os
single (Edição 262 – Novembro 2008). O que acham?
Maria Silvia Olpe
Publicação mensal da
Ano 31 – Edição 263 – dezembro de 2008
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Wink e Walter Keiti Yaginuma.
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Região I: Antonio Carlos Nazzar
Região II: Luiz Alberto Reze
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Região VII: Eric Braz Tambasco
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João Cláudio Pentagna Guimarães, Orlando
S. Álvares de Moura, Amaury Rodrigues de
Amorim, Carlos Roberto Franco de Mattos,
Roberto Torres Neves Osório,
Elmano Moisés Nigri e
Rui Flávio Chúfalo Guião.
Foto de capa: divulgação
SHOWROOM
Futurologia
5
Com a marca VW
na palma da mão,
muitos números
na cabeça e mais
energia ainda
nos pés, Osmair
Garcia, diretor
do Planejamento
Financeiro da
Volkswagen do
Brasil, para reunião
de calendário na
Assobrav...
Na Rede VW desde abril, o
simpaticíssimo Marcelo Jallas,
da VW Amazon, autorizada com
instalações no tradicional bairro da
Mooca, na capital paulista, para uma
apresentação muito mais cortês do
que oficial à diretoria da Assobrav...
Willians Jonsson
Zultanski, da
VW Copauto, de
Curitiba, em rápido
momento de
desatenção para o
close especial da
coluna...
Admirado com as
sempre presentes flores
na sede da Assobrav,
Luiz Carlos Paladino,
superintendente de Riscos
Industriais e Comerciais
da SulAmérica, em visita
à Disal Corretora de
Seguros...
Sem reclamar, Paulo Medeiros
Pereira, da VW Futura de
Florianópolis, deixando as praias
da Ilha para atender a mais um
chamado da base...
6
E diretamente
da Volkswagen
Argentina,
Lorenzo Brizzi,
“Export Sales
manager”, em
visita aos colegas
brasileiros,
com passagem
assegurada pela
Assobrav e pose
para a coluna...
O professor
Cesar Romão,
escritor e um dos
palestrantes mais
requisitados do
momento, em
break após batepapo motivacional
com os executivos
da Rede VW...
E o presidente da
Unipar, Clemir
Begnini, da VW
Assicar, de Assis
Chateaubriand
(PR), analisando
com seus pares, o
mercado regional...
Oswaldo de Mello
Bof, da VW Gravel,
de Gravataí (RS),
saboreando
um pedaço de
bolo, ainda que
rapidamente,
durante mais uma
reunião de UNI...
SHOWROOM
Estrategista de
Preços, o executivo
da Volkswagen
do Brasil, Regis
Nagazaki, checando
informações,
números, as
oscilações do
mercado...
7
Fotos: Lafstudio
“Empreender
ainda é o melhor
investimento”
Por Silvia Bella
M
8
auro Halfeld, o autor, é conhecido do grande
público por seus comentários na Rádio CBN e a coluna
que assina no jornal O Globo, mas antes disso já tinha
credenciais de sobra para assinar este e seu outro bestseller “Seu imóvel – Como comprar bem”, que têm
ajudado muita gente a investir suas economias com mais
vantagens. Com pós-doutorado no MIT, o ex-Professor
Doutor da Escola Politécnica e da Faculdade de Economia
Mau
Halfel
uro
alfeld
e Administração da USP e atual Professor
Titular na Universidade Federal do Paraná,
somou seus 20 anos de experiência no
mercado financeiro para transmitir muito
simplesmente quais são os mecanismos
das aplicações e como é possível poupar
nos momentos de crise. Aliás, foi esta a
razão que o levou ao I Encontro Nacional
de Pós-Vendas, realizado pela Assobrav
e a Volkswagen entre os dias 9 e 11 de
outubro no Costão do Santinho. Num
bate-papo informal com o jornalista
Chico Pinheiro, Halfeld respondeu às
perguntas dos mais de mil participantes
sobre como aplicar dinheiro durante a
crise financeira atual. Sem subestimá-la,
procurou tranqüilizar a platéia dizendo
que “uma crise sempre deve ser vista como
oportunidade” e que a melhor maneira de
enfrentá-la é trabalhando, poupando diaa-dia, controlando o caixa e, se possível,
investindo de maneira diversificada.
A pergunta é inevitável: o brasileiro
ganha mal, como ele pode poupar?
Mauro Halfeld: Como
inferior. Isto é, apesar de terem enfrentado
grandes dificuldades na infância, os
adultos criados em orfanatos conseguiram
reunir importantes qualidades, como
senso de responsabilidade, disciplina,
dedicação ao trabalho e habilidade para
relacionamentos.
O Sr. quer dizer que a poupança não é
um hábito exatamente ligado à riqueza,
mas à educação?
Sem dúvida, a educação é a grande
ferramenta para a redução das
desigualdades sociais. Quando o filho
do pobre tiver chances de se educar da
mesma forma que o filho do rico, teremos
um País com igualdade de oportunidades.
Infelizmente – e digo isso em meu livro
- são muito divulgados os exemplos de
pessoas que, com pouco estudo, ficaram
ricas da noite para o dia. Isso faz com
que alguns jovens acreditem que essas
exceções sejam a regra.
Qual é a dificuldade, então, que tanta
gente tem em poupar?
Eu diria que a maior dificuldade que
as pessoas têm para poupar dinheiro é
a confusão que fazem entre os verbos
precisar e desejar (risos). Tem muita gente
que ganhar super bem e não consegue
guardar dinheiro. Por que? Porque ela diz
que “precisa” fazer uma viagem ao exterior
nas férias, quando na verdade deveria
dizer para si mesma: “eu desejo fazer uma
viagem ao invés de guardar o dinheiro”. O
fato é que é preciso resistir à tentação de
cair no consumismo. Isso pode significar
a aquisição da casa própria e até da
aposentadoria mais cedo.
Em termos práticos, eu diria que o correto
para poupar com disciplina é, tendo um
salário mensal, separar um valor fixo
no dia do pagamento para a poupança.
É provado que as pessoas que poupam
Poupar é mesmo sinônimo de sacrifício... apenas o que sobra no fim do mês correm
Eu diria que é sinônimo de perseverança. o risco de gastar demais. Pela ordem de
Para demonstrar isso gosto de citar uma
importância, o melhor é separar primeiro
pesquisa realizada com 1.600 adultos
o dinheiro mensal para a “velhice”. Depois,
criados em nove orfanatos no sul dos
se der, uns 10% do seu ganho para
Estados Unidos. Esse estudo revelou que
investimentos a longo prazo.
o nível de escolaridade daquele pessoal
era 40% superior à média nacional, assim
como a renda familiar era entre 10 e 60%
superior à média, enquanto a taxa de
desemprego no grupo era sensivelmente
disse Benjamin Franklin, “Um centavo
poupado é igual a um centavo ganho”.
Mas o mais recomendado, não só para os
brasileiros que, de fato, ainda têm salários
pequenos se comparados aos dos países
desenvolvidos, é empregar bem o tempo
livre. E isto quer dizer “trabalhar” nesse
tempo livre. É ocupar os fins de semana,
por exemplo, prestando serviços. Garçons,
cozinheiras, babás, faxineiros, porteiros
e seguranças são bastante requisitados
aos sábados e domingos. O mesmo vale
para profissionais liberais que podem dar
aulas particulares, revisar textos, digitar
e formatar projetos. A idéia é arregaçar
as mangas, com motivação e um objetivo
futuro.
SHOWROOM
“Halfeld
conseguiu
descomplicar
o universo dos
investimentos
financeiros e
traduzi-los de
maneira clara e
didática”. Esta é a
opinião da crítica
literária do
jornal O Estado
de São Paulo
sobre o livro
“Investimentos
– Como
administrar
melhor seu
dinheiro”, que já
está na terceira
edição,
e atualizado.
9
Hoje em dia já tem gente pensando
diferente, especialmente os jovens,
mas a sociedade brasileira ainda está
muito ligada em ter a casa própria,
certamente uma característica de
nossa colonização...Nos seus livros
o Sr. alerta sobre o risco de investir
em imóveis. Afinal, é ainda um bom
negócio?
10
Claro!. Todas as famílias devem procurar
adquirir a casa própria, especialmente
porque o sonho de ter a casa própria
impõe disciplina ao investidor, além de
dar um enorme prazer, recompensando o
sacrifício de poupar. Mas o que deve cair
por terra é a idéia de que “é impossível
perder dinheiro com imóveis”. Costumo
contar o que me disse um corretor
conhecido: “Todos os dias saem de
casa um esperto e um trouxa, e eles
vão fechar um negócio” (risos), por
isso, todo cuidado é pouco ao investir
em imóveis. Em primeiro lugar, não
deixe de ter um advogado ao seu lado
no momento da compra. É preferível
perder o negócio por causa da papelada
que precisa ser analisada a concluir uma
péssima compra, especialmente se o
objetivo é o de investimento. Lembre-se
da Lei do Inquilinato, da depreciação,
das invasões em terrenos, do risco que é
comprar imóveis na planta, de comprar
imóveis velhos e ter que reformá-los, o
preço dos condomínios, a baixa liquidez
dos imóveis de lazer e até o trabalhoso
que é construir a própria casa. Por isso,
nem sempre vale o ditado “Pagar aluguel
é jogar dinheiro fora”. Se você pretende
morar por pouco tempo nele ou se
ainda não constituiu família, o aluguel
é uma boa opção, desde que o imóvel seja
compacto e sem luxos.
Ainda vale a pena investir em dólares?
O investimento em dólares – como
aconteceu no passado brasileiro – pode até
dar certo em alguns momentos de grande
instabilidade econômica, mas a longo prazo
é corroído pela inflação. Afinal, os Estados
Unidos também tem inflação. E apenas
para ilustrar: se você tivesse guardado
uma nota de U$ 1,00 em janeiro de 1968,
hoje ela estaria valendo – num cálculo
aproximado pelo IGP -DI, não mais do que
U$ 0, 20.
E em ouro?
O ouro é interessante como reserva de
valor em momentos de crise, como uma
alternativa aos investimentos em renda
fixa. Mas observe que ele teve péssimo
desempenho nos anos 90 e só agora, de
2000 para cá, tem se recuperado. Então, o
ouro representa bastante segurança na crise
mas o seu preço é bem instável.
E as ações? É mesmo um bom negócio
investir em ações?
Sim, é. Se você analisar o rendimento
proporcionado pela Bolsa de Valores em
comparação à Poupança, imóveis,
moeda estrangeira, ouro ou dinheiro
vivo no colchão, você verá que as ações
são muito mais interessantes, com a
grande ressalva: são um investimento
a longo prazo, ou melhor dizendo,
você não deve imaginar dispor
delas de hoje para amanhã, e mais:
deve-se evitar fazer carteiras muito
diferentes do Ibovespa, pois não é
fácil navegar contra a correnteza,
considerando principalmente que a
maioria das pessoas não é experts em
mercado financeiro e não têm tempo
para acompanhar minuciosamente a
oscilação do preço das ações.
O que se vê é que investir em uma
carteira semelhante ao Índice Ibovespa
a longo prazo tem sido um ótimo
negócio. E para isso você não precisa
saber selecionar as ações. A própria
Bolsa cuida de rebalancear a carteira do
Ibovespa a cada quatro meses.
Então, por que tantas pessoas
perdem na Bolsa?
Porque a maioria das pessoas quer
ganhar muito e muito rápido. Então o
que fazem? Apostam em duas ou três
ações apenas. Colocam todo o dinheiro
nessas ações e se elas caírem
a maioria das pessoas quer
ganhar muito e muito rápido.
Então o que fazem? Apostam
em duas ou três ações apenas.
Colocam todo o dinheiro
nessas ações e se elas caírem
acabam com a sua liquidez
num piscar de olhos.
Qual é a sua recomendação para quem
quer começar a investir na Bolsa?
Se você já tem um seguro de vida,
um seguro saúde, uma reserva para
emergências, não “precisa” ganhar dinheiro
nos próximos cinco anos e pode enfrentar
eventuais quedas de mais 30% em um
ano, aí sim você pode começar a investir
em ações. Caso contrário, faça tudo o que
dissemos antes de se lançar à Bolsa.
Como ficar o mais prevenido possível
quanto à possibilidade de a Bolsa baixar?
Ou seja, como prever se a Bolsa vai descer
ou subir?
É muito difícil prever isso. A chance de
a Bolsa subir ou descer é exatamente a
mesma, isto é, 50%.
Mas fiz um estudo sobre as variações diárias
do Ibovespa de 1968 até 2003 e concluí
que o Ibovespa subiu, acima do dólar,
em 51% dos dias úteis e caiu em 49%
deles. Fiz o mesmo trabalho considerando
variações semanais desde 1968 e caiu
em 47% delas. Para períodos mensais, o
Ibovespa subiu em 54% dos meses. Para
intervalos trimestrais, ganhou também em
cerca de 55% dos trimestres. Para anuais,
em 56% dos anos. Para períodos de dois
anos, em 59% deles. Para intervalos de
três anos, em 61% dos períodos. Para
períodos de cinco anos, em 71% deles e
para intervalos de oito anos, em 89% dos
períodos. Finalmente, para 10 anos, o
Ibovespa ganhou em 97% dos períodos.
Esta análise mostra que o risco de investir
em Bolsa diminui quanto maior for o tempo
de aplicação.
Então não devemos confiar nos
analistas...
Como todos os profissionais, os analistas
acertam e erram, principalmente quando
suas análises olham o curto prazo. Mesmo
assim, acho que os analistas têm uma
importante papel no instante em que
pressionam os dirigentes das companhias
a serem mais transparentes, pois exigem
resultados mais precisos das empresas que
têm ações na Bolsa.
A conclusão é a de que a Bolsa é um
bom investimento a longo prazo, para
gente sem problemas financeiros e
com sangue frio; praticamente para
milionários (risos)...
Não, não! A Bolsa não é um jogo de
milionários, mas as pessoas – digamos
- que estão dentro do padrão normal de
dinheiro não devem sair vendendo seus
imóveis ou transferindo todo o saldo de
suas aplicações em renda fixa para investir
em ações. O certo é ir investindo aos
poucos, ao longo de três a cinco anos.
Dessa forma se estará reduzindo o risco de
efetuar uma mudança às vésperas de uma
forte queda nas Bolsas. Agora, realmente
a Bolsa é um bom investimento a longo
prazo. Um período de 10, 20, 30 ou 40
anos, dependendo de sua idade atual,
deve ser o horizonte do tempo. E isto
deve ser decidido independentemente dos
escândalos políticos, financeiros, guerras
ou pesquisas eleitorais que acontecem no
mundo. A Bolsa vai bem num mundo que
inquestionavelmente prospera, apesar de
tudo.
Bem, tendo esta certeza, o melhor é
empreender. O Sr. é um defensor do
negócio próprio, não?
Certamente. Os maiores ganhos
sempre são obtidos pelas mãos dos
empreendedores. Praticamente todos os
bilionários do mundo ficaram ricos com
negócios próprios. E no Brasil, particularmente,
há inúmeras oportunidades para novos e
pequenos empresários. São motoristas de
caminhão que se tornam proprietários de
grandes empresas de transporte, jornalistas
que viram donos de editoras, garçons que
constroem redes de restaurantes, mecânicos
que se tornam concessionários de veículos,
médicos que passam a ter clínicas ou hospitais.
Claro que sabemos dos casos que deram
errado: funcionários de estatais que pediram
demissão para montar seu próprio negócio
e perderam tudo em menos de um ano ou
engenheiros bem empregados que desistiram
de seus cargos para montar suas próprias
construtoras e se viram endividados em pouco
tempo. Há também os herdeiros que quando
assumiram os negócios comprometeram todo
o patrimônio da família. Ou seja, os negócios
próprios oferecem enormes oportunidades,
mas também vêm atrelados a grandes riscos.
Quais são os riscos mais comuns ou quais
são os erros mais comuns cometidos pelos
que tentam empreender?
Normalmente o novo empreendedor
concentra todos os seus recursos e sua força
motivacional, criativa e pessoal em um só
negócio, em uma única atividade. O certo seria
ele se beneficiar da diversificação. É claro que
se o único negócio der certo ele vai ganhar
muito mais dinheiro, mas a chance de perder
tudo é igualmente proporcional. Outro fator
definitivo para a quebra de uma empresa
iniciante é a dedicação que ela demanda.
Nem todos os que pretendem empreender
consideram que pelo menos por um bom
tempo terão que trabalhar umas 15
horas por dia, inclusive aos fins de
semana, sem férias. Para ser bemsucedido é preciso trabalhar
duro; mais e melhor que os seus
concorrentes.
SHOWROOM
acabam com a sua liquidez
num piscar de olhos. Outro erro é entrar
na Bolsa e sair dela com muita rapidez, ao
menor sinal de que a Bolsa está caindo.
Isto é deixar de ser investidor para tentar
ser especulador, mas o fato é que para
especular é preciso ter muito, muito
dinheiro, e mesmo assim é um erro.
11
Halfeld em bate papo
com o jornalista
Chico Pinheiro
O Sr. também orienta as pessoas a fazer
investimentos de acordo com a idade que
têm. Pode dar alguns exemplos?
Gosto de adotar a Regra 100, que consiste
no seguinte: tome o número 100 e subtraia
sua idade. Esse é o percentual a ser aplicado
em renda variável, ou seja, ações, imóveis,
negócios próprios etc. Por exemplo, se você
tem 35 anos, deve alocar em renda variável
e em ativos pouco líquidos 100 – 35 = 65%
do seu patrimônio. Os restantes 35% devem
ser distribuídos entre fundos de renda fixa
e outros ativos bastante líquidos, como o
ouro, para citar um deles. Já uma pessoa de
65 anos, segundo a Regra 100, deve investir
100 – 65 = 35% em ativos de renda variável
pouco líquidos, mas que gerem um bom
aluguel ou um bom dividendo. Os restantes
65% devem ser aplicados em fundos de
renda fixa, ouro e outros ativos muito
líquidos, pois é importante uma pessoa
já a caminho da terceira idade dispor de
liquidez. Ela precisa de recursos disponíveis
para custear sua aposentadoria e eventuais
problemas com saúde.
Nesse aspecto ter uma Previdência
Privada é importante...
12
Certamente. Sou bastante favorável
a esse tipo de investimento, mesmo
porque ele cria uma disciplina
que deve ser recompensada. Mas
é importante que o consumidor
escolha bem os administradores de
sua previdência. Ele deve procurar
instituições sólidas, evitando pagar taxas
de administração elevadas e procurar
diversificar, quer dizer, não concentrar
seus investimentos em apenas um
administrador.
Voltando a falar sobre a origem da
crise financeira que o mundo todo está
vivendo...Parece que o brasileiro ainda
não percebeu que terá que pagar
com juros muito altos o que tomou
emprestado. Em resumo, o brasileiro
não sabe poupar, mas sabe pedir
financiamento sem medo. Por quê?
É verdade, o brasileiro médio olha para
a carteira e vê se pode pagar a prestação
daquele bem, mas não se considera se
tem a perspectiva real e concreta de
juntar o valor total daquele bem. Um
tanto desse hábito de tomar crédito
remonta à nossa história. No final da
década de 50, a inflação começava a
surgir e não havia correção monetária.
Isso foi muito bom para aqueles que
fizeram dívidas de longo prazo com
juros fixos, mas esse tempo passou.
Então o raciocínio que se deve fazer
é que o crédito é um dos melhores
instrumentos para o desenvolvimento social
de um país, mas as atuais taxas de juros
oferecidas aos consumidores brasileiros têm
um efeito contrário.
Em que situação se deve recorrer ao
crédito?
Naturalmente, em uma emergência. E por
isso mesmo é fundamental que você tenha
cadastro atualizado no seu Banco, quer
dizer, que o Banco saiba que você é um
bom cliente, um bom pagador, alguém que
não fica devendo.
O crédito se justifica também quando se vai
comprar alguma coisa cujo preço irá sofrer
um grande aumento nos próximos dias ou
quando se pretende investir em um negócio
cuja rentabilidade será bem maior que os
juros a serem pagos.
Tomar empréstimo para pagar uma dívida
antiga que tinha juros superiores aos
cobrados pelo empréstimo atual pode
ser válida momentaneamente, mas não
deve passar a ser uma regra, como fazem
muitos brasileiros. O “rolar a dívida”,
especialmente do cheque especial ou do
cartão de crédito, pode se transformar
em um vício e colocar a pessoa em uma
bicicleta que não pode parar de rodar. Isso
é estressante e não leva à concretização de
patrimônio nenhum.
Por Fernando Calmon
grande avanço da segurança passiva
dos automóveis – diminui conseqüências
do acidente aos ocupantes – deu-se por
intermédio de testes de colisão contra
barreira fixa e deformável em laboratórios.
Em particular, no interior dos carros
avaliados, os dummies (bonecos com
sensores que registram ferimentos)
evoluíram ao longo do tempo, formando
novas famílias capazes de reproduzir o nosso
corpo.
Aqueles bonecos feitos de borracha e aço
em breve terão a ajuda da próxima geração
de HBM (Modelo do Corpo Humano, em
inglês) projetada com pormenores de
grande precisão obtidos em computação
gráfica e realidade virtual. Poderão se prever
melhor os efeitos dos traumas graças à
representação detalhada de ossos e tecidos
internos e externos.
Esses HBMs avançados suportam simulações
por computador de acidentes virtuais.
Inicialmente cinco regiões do corpo
estão sendo estudadas: cabeça, pescoço,
tórax/membros superiores, abdômen e
pélvis/membros inferiores. Engenheiros
automobilísticos, pesquisadores, médicos
e cirurgiões vão colaborar em busca de
técnicas para construir reproduções mais
próximas possíveis da realidade.
Os modelos se valerão de informações
já obtidas em testes de colisão e de
novas ferramentas computacionais,
Com dummies mais sofisticados em breve
poderão se prever melhor os efeitos dos
traumas graças à representação detalhada
de ossos e tecidos internos e externos.
além de ressonância magnética, tomografia
computadorizada e “escaneamento” de
superfície a laser para captação de imagens.
A engenharia de computação é uma grande
aliada por meio de CAD (Projeto com Apoio
de Computador, em inglês) e o método de
análise de elementos finitos. Esse último é o
mesmo utilizado em simulações de acidentes
que demonstraram incrível semelhança com
as deformações de carroceria nos testes reais.
Objetivo é ajudar a avaliar as conseqüências
a que estão sujeitos os órgãos humanos
em colisões automobilísticas reais. Quatro
diferentes modelos – dois masculinos e dois
femininos – serão criados, de início, cobrindo
uma larga faixa de similaridade com o biotipo
humano. Há planos para estender a família de
HBMs, desde crianças a pessoas idosas, cujos
órgãos reagem de forma diferenciada às forças
aplicadas.
O programa está sendo coordenado, em
nível mundial, por um consórcio de nove
produtores de veículos: Chrysler, Ford, General
Motors, Honda, Hyundai, Nissan, Renault,
Peugeot-Citroën e Toyota. Dois produtores
de componentes participam: Takata e TRW,
fabricantes de airbags. No total, incluindo
universidades, cerca de 40 dos mais renomados
laboratórios e instituições ao redor do globo.
Fernando Calmon é engenheiro e jornalista especializado, tendo
começado em 1967. Colunista desde 1999 de uma rede de 41 jornais,
revistas e sites brasileiros. Correspondente para América do Sul
do site Just-Auto (Inglaterra). Conferencista e consultor técnico de
automóveis, de mercado automobilístico e de comunicação.
SHOWROOM
O
Modelos
virtuais,
resultados
reais
13
Os tipos
de compras
Para incentivar a compra
por impulso, muito
importante no varejo
de auto-serviço, as
empresas devem investir
em técnicas de exposição
e promoção de produtos
na loja
A
Por Gustavo Carrer I. Azevedo
16
imensa diversidade de clientes
atendida diariamente pelas farmácias
e drogarias pode nos levar a crer que é
simplesmente impossível compreender
o seu comportamento de compra,
buscando caminhos de incentivo às
vendas. Apesar das motivações que
predominam durante a aquisição
de um produto, serem individuais e
muitas vezes de natureza subjetiva,
ainda assim, podemos preparar nossa
empresa segundo os tipos ou enfoques
mais comuns de compra. Cada enfoque
trata de um conjunto de características
e atributos considerados relevantes pelo
consumidor no ato da compra. Acreditase que todos os elementos citados estão
presentes
em todas as
compras, porém
um deles, ou um
conjunto deles,
suplantará os demais
em cada compra. A seguir,
detalharei os principais tipos
de compras:
Compra Planejada: a compra
planejada é aquela onde o consumidor
prepara, antecipadamente, uma lista
dos produtos a serem adquiridos na loja.
No caso de supermercados, pesquisas
mostram que mais de 75% das compras
não são planejadas. Já no caso das
farmácias e drogarias, as receitas médicas
exercem o papel da lista, porém, grande
parte dos produtos disponíveis para a
venda nestes estabelecimentos é isento
desta formalidade. Este tipo de compra
é bastante racional e, desta forma, leva
muito em consideração a disponibilidade
dos produtos, seus preços e condições
de pagamento. Para não perdê-la,
a empresa deve cuidar para que a
variedade de produtos no estoque esteja
ajustada à demanda, e que os preços
estejam próximos dos praticados pela
concorrência, pois, na maior parte das
vezes, ele será pesquisado.
por impulso ocorre quando um
consumidor, por alguma razão, decide,
dentro da loja, comprar algo que não
estava previsto seja na lista escrita
no papel, ou na intenção da visita.
Para incentivar a compra por impulso,
muito importante no varejo de autoserviço, as empresas devem investir
em técnicas de exposição e promoção
de produtos na loja, bem como cuidar
de todo visual interno e externo
do estabelecimento. O conjunto de
técnicas, que visa tornar a venda
mais fácil e agradável, é chamado de
merchandising. Este busca os caminhos
práticos para incentivar a compra por
impulso, que pode ser a correta escolha
do produto que deve ser colocado
numa ponta de gôndola, ou até mesmo
a iluminação da vitrine da farmácia.
Compra por Sugestão ou
Influência do Vendedor:
neste tipo de compra, ocorre a
interatividade do cliente com um ou
mais funcionários da loja. O vendedor
da empresa convence o cliente a levar
um determinado produto, contido
ou não numa lista prévia, através de
argumentos consistentes e técnicas
de vendas. Para que uma empresa
obtenha bons resultados neste tipo de
compra, é necessário uma equipe de
atendimento com perfil adequado para
vendas, bem como de treinamentos e
incentivos. Como o processo de compra
pode ser controlado pelo vendedor,
muitas vezes é possível a substituição
de produtos da lista ou intencionados
pelo cliente por similares mais
interessantes para o consumidor e/
ou rentáveis para a empresa. Devese tomar cuidado para não dar a
impressão de que a empresa está
empurrando os produtos ou forçando
a mudança de uma vontade declarada
ou não do cliente.
Compra Comparada: diz respeito
a produtos, geralmente com ciclo de
consumo mais longo. Dá-se dentro de
uma mesma loja, comparando marcas
ou especificações técnicas diferentes,
porém que visam atender a uma
mesma necessidade do consumidor.
Um exemplo de compra comparada é
a de produtos de puericultura, como
mamadeiras, chupetas e acessórios,
mas também podemos citar escovas
para cabelos, alicates de unha,
prendedores etc. Este tipo de compra
exige mais tempo para do comprador,
e desta forma a colocação dos produtos
deve ser planejada para evitar
problema de fluxo dentro da loja.
A compra comparada pode e deve ser
apoiada pela equipe de atendimento,
principalmente quando o consumidor
é inexperiente.
Compra de Maior ou Menor
Envolvimento: o envolvimento
da compra se mede a partir da
percepção do cliente quanto ao
investimento naquele produto, a
importância emocional e o grau
de exclusividade da proposta.
Trocando em miúdos, quanto maior
for o investimento, mais exclusivo
e importante emocionalmente for
o produto para o cliente, maior o
envolvimento da compra. A compra
de produtos de maior envolvimento
fortalece o relacionamento do cliente
com a empresa, fazendo com que ele
continue retornando à loja, mesmo
que por outros motivos. Geralmente os
produtos encontrados em farmácias e
drogarias de maior envolvimento são:
dietéticos, complementos alimentares,
energéticos, alimentos para bebê e
as novidades de um modo geral. No
caso das farmácias que trabalham
com manipulação de medicamentos
e cosméticos, a gama de produtos
aumenta bastante, pois abre a
possibilidade de produtos exclusivos e
sob medida.
Como vimos, para aproveitar todas
as possibilidades de compra, a
empresa deve investir na melhoria
contínua da gestão de compras e
estoques, no merchandising de loja
e principalmente no treinamento e
motivação da equipe de atendimento.
As empresas que buscarem aproveitar
ao máximo os diferentes tipos de
comportamento de compra, atenderão
melhor os anseios dos seus clientes,
tornando-se mais competitivas.
Gustavo Carrer I. Azevedo é consultor do
Sebrae-SP
SHOWROOM
Compra por Impulso: a compra
17
Corporações
virtuosas
Pela defesa de
princípios e
comportamento ético
18
Imagine um
estrangeiro chegando
pela primeira vez a São
Paulo, tendo que honrar
uma agenda de compromissos
e precisando se locomover entre
vários pontos. Para cumprir a
tarefa, aluga um carro no aeroporto
e, como única orientação, recebe um
mapa, mas do Rio de Janeiro. Não é preciso
ser sábio para saber que não chegaria a lugar
algum. Seria inútil percorrer os caminhos
com maior velocidade [se conseguisse driblar o
trânsito de São Paulo] e manter uma atitude positiva
e enérgica. Mesmo assim não iria longe. A analogia
foi utilizada por Stephen Covey para explicar por que os
mercados mundo afora estão colapsando. “As empresas
continuam a trabalhar com os mapas da Era Industrial,
que é um mapa ruim para a Era do Conhecimento. O velho
mapa bem-sucedido começa a fracassar.”
Por rosÂNGELA LOTFI
tephen Covey é um dos mais aclamados
oradores sobre liderança e habilidades de
management. Viaja o mundo aconselhando
chefes de governo, políticos e líderes
empresariais. Bill Clinton já foi aconselhado
individualmente por ele e, segundo contou
em sua apresentação na ExpoManagement
2008, promovida pela HSM, Barack Obama
já entrou em contato pedindo conselhos.
O grande público conhece Covey pelo livro
“Os sete hábitos das pessoas altamente
eficazes”, que ocupou as listas de best-sellers
durante anos consecutivos, vendeu mais de
20 milhões de exemplares em 75 países e foi
traduzido para 38 idiomas. Sua mais recente
obra, “O 8º hábito” também já se tornou um
best-seller. Os livros concederam a Covey o
status de referência no mundo dos negócios,
mas o que o destaca é a defesa de princípios
e comportamento ético sobre os quais
discorre com conhecimento sistematizado e
pragmático.
Segundo Covey, quem governa ou lidera
deveria ter princípios como generosidade,
respeito com os outros, senso de justiça,
integridade e confiabilidade. As empresas
deveriam alinhar seus sistemas e processos
ao mesmo conjunto de valores. “Em meu
trabalho com 400 das 500 maiores empresas
do mundo [Fortune 500] um de cada quatro
CEOs está no lugar errado porque não reúne
as qualidades básicas de um bom chefe. Isto é,
são incompetentes ou prescindem de caráter.
Os incompetentes não têm a capacidade de
fazer julgamentos e tomar decisões acertadas.
Já os que não têm caráter estão tão voltados
para o próprio ego e seu projeto pessoal de
carreira que deixam de lado um princípio
básico da liderança: o de que é necessário
inspirar os liderados valendo-se de uma
conduta moral exemplar. A força de um chefe
vem da admiração que ele desperta – e não
do medo que inspira. Uma gestão baseada
no medo leva a conseqüências fatais para a
produtividade”, disse.
“Todo grande progresso
está relacionado a
uma ruptura com o
passado, mesmo que
ele tenha sido glorioso.
Nada fracassa como o
sucesso”
A globalização dos mercados, a
tecnologia e a conectividade universal
democratizaram a informação e
fomentaram o aumento exponencial
da concorrência. Ao mesmo tempo,
impulsionaram as necessidades
pessoais, segundo ele: aprender, deixar
um legado, amar (relacionamentos),
viver (sobrevivência), crescer e se
desenvolver, ter um significado
(espiritual) e dar contribuição
(bondade social). “Os mapas não
nascem em função do nosso conceito.
É uma função natural como a terra
girando em torno do sol ou a lei
da gravidade. São paradigmas,
estruturas, teorias mentais, o modo
como entendemos o mundo, mas
o mundo está diferente e é preciso
novas maneiras de fazer e resolver os
problemas antigos.”
Para Covey, todo grande progresso
está relacionado a uma ruptura com
o passado, mesmo que ele tenha
sido glorioso. “Nada fracassa como o
sucesso”, disse.
As planilhas contábeis classificam as
pessoas como despesas e os objetos
coisas como ativos. “Pessoas que
pensam são despesa! Que mapa é
esse?”, questiona o presidente da
FranklinCovey, empresa voltada para
a eficácia corporativa. “Na Era do
Trabalhador do Conhecimento, com
mudanças rápidas o tempo todo, a
nova riqueza está nas pessoas e não
nas coisas.” O mapa da Era Industrial
impõe paradigmas como: comando
de cima para baixo, burocracia,
hierarquia, mais velocidade, mais
afinco. “A realidade atual exige maior
nível de eficiência, o que não significa
trabalhar com mais velocidade, nem
com mais afinco, nem manter uma
atitude positiva. É preciso um novo
mapa.” A cultura corporativa impõe às
atividades uma sensação de urgência
e emergência constante. Os princípios,
os valores, segundo Covey, não mudam.
Ele usa outra analogia, uma bússola,
para explicar que as virtudes são
nosso norte magnético. Não importa
o que se faça, o norte nunca muda.
A bússola vira e vira, mas o ponteiro
sempre aponta para o norte. Não há
como mudar a direção do ponteiro;
SHOWROOM
S
Ruptura
19
muda-se a bússola de posição até alinhar
o ponteiro com a posição “N”. O ato de
mexer a bússola (organização) de forma a
alinhar o ponteiro (princípios) com a letra
“N” (estratégia), chama-se management.
Podem surgir imprevistos no meio do
caminho, um imã, por exemplo, desvia
a direção do ponteiro e deixa a todos
desorientados. “A maioria de nós perde
o sentido do norte, fica confuso e acaba
tomando decisões erradas.”
Desperdício de tempo
20
Graças à tirania da urgência, as pessoas
desperdiçam muito tempo de sua força
de trabalho fazendo coisas que não são
importantes e não conseguem se alinhar
com as metas da empresa. Assemelhamse a crianças que vão jogar uma partida
de futebol, mas não sabem o que fazer,
concentram-se no meio do campo, saem
sozinhos com a bola, brigam umas com
as outras, enquanto o goleiro, entediado,
dorme sob as traves e outros jogadores
estão fazendo outras coisas, que nada têm
a ver com o jogo (veja vídeo no YouTube
-http://www.youtube.com/watch?v=owzw
nn1I8a4&feature=related).
Quais os propósitos de sua empresa? Quais
são as metas? No seu trabalho com 400 das
500 da Fortune, Covey diz que a maioria
não consegue responder a essas questões.
“Não há entendimento do propósito da
visão e do posicionamento estratégico
da empresa. Conseqüência do mapa da
Era industrial - muitas metas -, mas a
equipe não sabe o que fazer para alcançálas. Resultado: controle, necessidade de
motivação externa, passividade, sensação
de urgência. Cultura co-dependente e
comportamentos que justificam resultados
ruins são uma auto-profecia.”
Organizações eficientes à la Deming
(William Edwards Deming, norteamericano disseminador do movimento
da qualidade, precussor do que viria a
se tornar o Sistema Toyota de Produção)
usam seu tempo com coisas tidas como
“Organizações eficientes
usam seu tempo com
coisa tidas como não
urgentes, como planejar,
prevenir, identificar novas
oportunidades, renovar
e recrear, enquanto as
ineficientes gastam o tempo
com o que é urgente, mas não
importante, como projetos,
reuniões, relatórios, jogos
políticos, adivinhação do
futuro etc”
não-urgentes como: planejar, prevenir,
atividades de capacidade produtiva,
identificar novas oportunidades, estabelecer
relações, renovar, recrear. Enquanto as outras
gastam seu tempo no que é urgente, mas
não importante como: crises, problemas
prementes, projetos, reuniões e preparativos
com prazos rigorosos; interrupções e
relatórios desnecessários; reuniões; atividades
disfuncionais como comunicações para se
proteger e acobertar; conflitos interpessoais
e rivalidades interdepartamentais; jogos
políticos; “adivinhar o futuro”; elaborar e pôr
em prática agendas ocultas; telefonemas e
correspondência desnecessários; questões
menores de outras pessoas; ocupações
triviais; atividades que desperdiçam tempo e
de “escape”; excesso de TV etc.
Confiança
Na Era da Informação, empresas e pessoas
precisam ser dignas de confiança. As pessoas
precisam ser liberadas para se desenvolver e
mostrar seu talento. Em um ambiente em que
não se tem voz ou se tem medo de expressarse, não há inovação.
Era Industrial
Filosofia = controle
Liderança = posição, autoridade formal
Cultura = centralização
do chefe
Pessoas = despesas
Motivação = externa
Gerenciamento = o chefe
é responsável por tudo
“Liderança é referir-se com
tanta clareza ao valor e ao
potencial das pessoas que elas
são inspiradas a ver essas
qualidades em si mesmas.”
Stephen Covey
Era do Conhecimento
Filosofia = talentos desencadeados
Liderança = escolha, legitimada
Cultura = equipes, complementaridade
Pessoas = vozes ativas
Motivação = interna, inspiração
Gerenciamento = a cultura, os grupos,
as equipes são responsáveis por tudo
Os 7 hábitos das
pessoas
altamente eficazes
1) Seja proativo, responsável pela sua
vida
2) Comece com o objetivo em mente,
defina sua missão e metas
3) Primeiro o mais importante; priorize!
4) Pense ganha-ganha; tenha a atitude de
que todos podem ganhar
5) Procure primeiro compreender para depois ser
compreendido; ouça as pessoas atentamente
6) Crie sinergia; trabalhe junto para conseguir mais
7) Afine o instrumento; renove-se regularmente
SHOWROOM
Na Era Industrial, liderança era
uma posição, uma autoridade
formal, na Era do Conhecimento é
autoridade moral. A gestão deve
ser de baixo para cima e agir de
acordo com princípios que regem
a vida. “As pessoas se identificam
mais com autoridade moral e é
essa liderança que vale.” À medida
que a cultura organizacional deixa
de ser centrada no chefe e passa
a ser centrada na equipe, onde
as pessoas não são mais vistas
como custo, mas com voz ativa e o
principal ativo, não há necessidade
de motivação externa. A motivação
é interna, é uma inspiração.
Essa cultura é responsável pelos
resultados, portanto, se autogerencia. “Liderança é referir-se
com tanta clareza ao valor e ao
potencial das pessoas que elas são
inspiradas a ver essas qualidades
em si mesmas.”
Para Covey, líderes confiáveis
focam no que é crucialmente
importante, traduzem metas em
ações específicas e mantém todos
na empresa comprometidos com
atitudes como ouvir, cumprir
compromissos primeiro, falar
francamente, estender confiança a
outros, mostrar respeito, promover
transparência, demonstrar
lealdade e competência, apresentar
resultados, corrigir erros, melhorar,
enfrentar a realidade, esclarecer
expectativas e, por fim, assumir
responsabilidade. “Esse é o
processo de criar grandeza.”
21
Esse tempo
insondável
D
24
Por Marco Antônio
de Araújo Bueno
espedaçada, invadida
pelas entranhas; vísceras
expostas como caqui despencado
ribanceira abaixo. Quase que
jazia sobre superfície lajeada,
viscosa, eivada de fibras viscosas
vermelhas e globulências
esbranquiçadas. Ao redor
daquele mosaico destroçado,
instrumentos pontiagudos de
incisão e sondagem perfurantes
e ferramentas percussivas em
estado de repouso gritante,
transpiravam ainda ofegantes.
Imersos naquela pulsação
sinistra dos atos irreversíveis. A
marcha wagneriana de fundo
enroscou e emitia guinchos
agudos de estourar os ouvidos.
Um celular reclamando em sons
de urgência.
Bêbado, com seu avental
branco entreaberto, a genitália
exposta à fresta da persiana
que prometia mais calor pelo
nublado metálico, ele estava
confuso e exausto apoiandose de costas numa geladeira
escancarada ainda, o pulso
esquerdo latejando de tanto
cortar e mexer e perfurar,
distendia-se ao longo do
corpo exangue enquanto o
direito alcançava o aparelho
numa torpeza que se
dissolvia – dever cumprido
– pelos ladrilhos ensebados,
escorregadios. Hora de prestar
contas e planejar as ações
seguintes, meticulosamente,
contra o tempo e as
expectativas tão desfavoráveis
ao feito, atendeu: Alô!
“Tânia, demorou! Operação
melindrosa, deu trabalho sim,
ufa! Ta feito!”
Cambaleou, tomou mais
uma talagada e começou a
jogar água naquele cenário
que o manteve em tensão
ótima até então. Ao passar
o rodo lembrou-se que a
área externa estava imunda
e escorregadia também,
mas o sol já ofuscava a vista
pela porta de vidro toda
embaçada. Pegou o celular,
tonto, meio em êxtase. Nem
precisava ir pro México,
regozijou-se. Tamanha perícia,
planejamento e muita fé no
seu taco. Riu-se e lembrou-se
do perito...Mas concentrou-se
em limpar os vestígios todos
daquela lambança. Depois
arranjaria o resto, telefonaria...
Teria esquecido algum detalhe?
Franziu a testa, e aquela...:
“Tânia, minha tesuda, quase
ia esquecendo, aquela sua
bermudinha verde-musgo, bota
ela que o almoço vai ser na
mesa da piscina. Vou ligar pro
meu amigo, aquele perito do
churrasco do hospital. Virá com a
namorada, ela faz a salada. Não
disse que dava um ranguinho
tropical hoje? Quer saber, antes
de tudo vou me dar um choque
térmico! É, um mergulhão de
avental e tudo, pra cortar esta
narcolepcia, essa aura de lagosta
e caldeirada que me descalderou
todo”, e gargalhou em disparada
em direção à porta da área, sem
ouvir o mas o caseiro não vinha
pra limpar de manhãzinha?
Vinha. Veio, esvaziou a piscina
e limpou toda a sujeira de
folhagem do temporal da noite.
Foi-se em silêncio. Ficou a
foice: uma mancha vermelhoesbranquiçada de um metro
e noventa, a três metros da
porta de vidro esfumaçada; dois
metros e meio da superfície
escorregadia. Quase um
simulacro do prato exposto
sobre a bancada da cozinha,
naquele instante em que Tânia
entrou, sentou-se em posição
de lótus e ficou meditando se
fratura de crânio com morte
cerebral não podia virar,
com o tempo, alguma forma
alentadora de...narcolepcia,
depois de tudo. Qualquer virada;
com tempo. Não irreversível!
Marco Antonio de Araújo Bueno é
psicanalista lacaniano com especialização
em psiocoterapia de família. Mestre pela
Faculdade de Educação – Núcleo de Semiótica
da Unicamp, especialista – doutor em
Psicologia Educacional e doutorando em
Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte,
também pela Unicamp.
Escreve para diversas publicações e é cronista
premiado.
wwwaraujobueno.blogspot.com
www.literaujobueno.blogspot.com
À frente de
pessoas,
números e
resultados
As mulheres
executivas ou em
postos de comando
surpreendem os
acionistas e a si
mesmas, tamanha
é a dedicação
que dispensam
à companhia e a
habilidade que
desenvolveram para
lidar com a vida
privada.
Por Mariana Bonnet
26
N
inguém mais questiona: elas são árduas
trabalhadoras, competentes, perseverantes,
detalhistas, organizadas, persuasivas, capazes de
linkar vários pontos dentro do mesmo raciocínio ou
projeto e, fundamentalmente, são mais humanas ao
lidar com a equipe. As mulheres executivas ou em
postos de comando surpreendem os acionistas e a
si mesmas, tamanha é a dedicação que dispensam à
companhia e a habilidade que desenvolveram para
lidar com a vida privada.
Um estudo de outubro do ano passado da ONG
Catalyst, que levou o sugestivo título “The bottom
Line: Corporate Performance anda Women´s
Representation on Boards” demonstrou que, entre as
500 maiores empresas dos EUA listadas na famosa
revista Fortune, as que tinham maior representação
de mulheres na direção conseguiram performance
significativamente maior, na média, que aquelas
com menos mulheres no comando. Os números
são relevantes: as empresas com mais mulheres na
diretoria apresentaram desempenho 53% melhor
no quesito “Retorno sobre o Patrimônio”, e o mesmo
se verificou nas análises “Retorno sobre as Vendas”
“Por serem mais empáticas,
as mulheres denotam uma
postura mais observadora
em seus contatos, o que
pode fazer com que se
mostrem receptivas para
escutar as pessoas e
entender com facilidade
suas necessidades”
Abaixo do Equador
No Brasil, não é muito diferente.
Há quatro meses, um estudo
feito pela Caliper Brasil – filial
da empresa norte-americana de
mesmo nome especializada em
gestão estratégica de talentos –
em parceria com a HSM com 66
mulheres que ocupam cargos
de presidência, vice-presidência
e diretoria de organizações de
diversos setores da economia no
Brasil, mostrou que guardadas
as proporções e algumas
diferenças de estratégia e estilo
administrativo, as executivas se
parecem. As principais diferenças
que elas têm com relação aos
seus colegas homens são, em
primeiro lugar, um estilo de
administração mais humano,
onde se busca o bem-estar das
pessoas, enquanto os executivos
homens são mais orientados para
si mesmos. Essa característica
maternal, aliás, também fica
mais evidente nas executivas que
são mães, porque “sabem que as
pessoas amadurecem ao longo do
tempo, por isso são mais pacientes
e flexíveis”. De conseqüência,
destaca-se a segunda qualidade
apontada pelas executivas como
seu diferencial de gestão: a
habilidade de realizar múltiplas
tarefas, graças ao aprendizado de
séculos e transmitido nos genes
de cuidar da casa e dos filhos,
administrando tempo, recursos,
crises e interesses. Também
intimamente relacionada à
maternidade, vem como um plus
para as CEOs a famosa intuição,
enquanto os homens na mesma
posição a valorizam e utilizam
muito menos, se tanto.
O estudo evidenciou o estilo de
Brasileiras x européias
e norte-americanas
Quando comparado ao perfil das
executivas anglo-saxãs, as brasileiras
ainda têm o que aprender. Segundo o
presidente da Caliper no Brasil e um dos
mentores do estudo, José Geraldo Recchia,
“os perfis apresentam semelhanças, mas
as norte-americanas e britânicas tendem
a levar vantagem em alguns aspectos:
elas se mostram mais assertivas, mais
abertas à inovação e flexíveis na
mudança de pontos de vista que as
colegas brasileiras. Por outro lado,
saímos ganhando no que diz
respeito à atenção à equipe. As
executivas brasileiras ouvem
SHOWROOM
e Retorno sobre o Investimento”.
As companhias com mais
mulheres na direção obtiveram
índices de 42% e 66% superior,
respectivamente, a das suas
concorrentes mais “machistas”.
liderança feminino, que se caracteriza
pela comunicação assertiva ao expor
estratégias e metas para a equipe de
trabalho, o gosto por envolver as pessoas
em torno do que elas acreditam, e o
poder de convencimento e persuasão
que facilita a negociação com parceiros
estratégicos e a liderança das equipes,
como as qualidades mais marcantes
e evidentes das executivas frente a
seus colegas homens. “Por serem mais
empáticas, as mulheres denotam uma
postura mais observadora em seus
contatos, o que pode fazer com que se
mostrem receptivas para escutar as
pessoas e entender com facilidade suas
necessidades”, destaca o relatório da
Caliper, acrescentando: ”Por isso tendem
a esclarecer as dúvidas dos outros e
oferecer informações adicionais, o que
lhes permite, dessa forma, conduzir suas
argumentações e apresentações visando
atender também às necessidades de
sua equipe. Por fim, as executivas são
rápidas e voltadas para resultados,
o que as leva a imprimir um ritmo
mais acelerado na execução de suas
atividades – a realização é um grande
motivador e as ajuda a se envolver com
responsabilidades que exijam resultados
a curto prazo.”
27
“As executivas brasileiras ouvem mais
os funcionários e apresentam um
perfil mais maternal”.
mais os funcionários e apresentam um perfil mais
maternal”.
Ainda segundo Recchia, as diferenças são
conseqüência da formação cultural das
profissionais. “Nos Estados Unidos, todos os alunos
são estimulados desde cedo a trabalhar muito
com a lógica e o raciocínio rápido. Isso também
tem ocorrido no Brasil, mas é um fenômeno mais
recente, que provavelmente vai traçar novos perfis
de liderança num futuro próximo.”
Pela comparação das pesquisas, as anglo-saxãs
mostram maior gratificação para se envolver com
questões mais complexas e que fujam da rotina.
Elas também nos superam na ousadia. Enquanto
têm índice de exposição a riscos de 77%, nós ficamos
em 54%. Finalmente, as estrangeiras se mostram
mais desenvoltas que as brasileiras para estabelecer
novos contatos e vínculos, daí a conclusão do estudo
da Caliper Brasil em recomendar às executivas
brasileiras o exercício do network, ou seja, por
mostrarem-se mais seletivas nos relacionamentos,
é importante que as brasileiras desenvolvam
maneiras de ampliar o círculo de conhecidos no
mercado, especialmente em novos ambientes
sociais, a fim de alargar a rede de contatos.
Outra recomendação da Caliper é melhorar a
administração do tempo e a organização pessoal,
definindo as prioridades na agenda e contornando
as interrupções em seu dia-a-dia.
Novo perfil
28
A pesquisa também indica que o perfil da executiva
brasileira nos últimos quatro anos mudou. Hoje elas
assumem posições de alto comando ainda muito
jovens, antes dos 44 anos, e já são maioria nos MBAs,
porque investem fortemente na sua formação, não
só para se sentirem preparadas para o mercado
altamente competitivo, mas para comprovar maior
competência. Isto é, o clássico chavão “para ocupar
a mesma posição a mulher precisa ser bem mais
preparada que o homem”, continua valendo; ao
menos na cabeça das executivas.
Entre os fatores que levam em consideração na hora
de aceitar trabalhar em uma empresa, assumem
grande proporção os valores corporativos, ética e
responsabilidade social, acima de aspectos antes
tidos como prioritários como treinamento ou plano
de carreira.
Outra revelação interessante, surpreendente e
acalentadora é o fato de que 65% das entrevistadas
são casadas e somente 28% moram sozinhas ou
com os pais. Muitas delas citaram a família como
uma das maiores conquistas pessoais e contam
com ela para poder seguir sua carreira executiva.
Na verdade, a pesquisa identificou também uma
mudança no perfil de maridos e pais, que apóiam
e dão retaguarda às executivas quando surgem
reuniões e viagens de negócios. Ainda assim, as
entrevistadas destacaram a necessidade de as
organizações adotarem políticas mais flexíveis
quanto à jornada de trabalho para que possam
cumprir seu papel de mães em situações como
doenças dos filhos e outras emergências.
Como responderam as
entrevistadas à pergunta: “O que
é ter sucesso para você?”
• Equilibrar vida pessoal e profissional (27%)
• Fazer o que gosta, no lugar que gosta, onde se
possa construir algo e ter esse reconhecimento,
equilibrando tudo isso com a família e amigos (17%)
• É fruto da inteligência, coragem e perseverança. É
acreditar aonde se quer chegar(17%)
• Não é subir na vertical; tornar-se presidente de uma
empresa, mas estabelecer suas metas, seus objetivos,
sejam eles quais forem, e conseguir atingi-los e ser
feliz (13%)
• É ser ouvida, ser solicitada a dar nossa opinião, por
reconhecerem que agregamos valor profissional e
pessoalmente (10%)
• É a realização pessoal e profissional 10%
• É conseguir contribuir para o crescimento de
outras pessoas (7%)
Fonte: www.caliper.com.br
Paris é difícil de definir sem ser redundante. É a cidade
luz. Berço do luxo. Uma das capitais do planeta, uma das
mais atraentes da Europa, mas não é uma metrópole
como qualquer outra, é a mais linda e a mais charmosa de
todas. É um caldeirão de culturas, que já foi homenageada
com centenas de livros, filmes e guias em diversas
línguas. Todas as suas atrações já foram mapeadas e
publicadas. Mesmo quem nunca foi a Paris, conhece Paris.
Mas como disse o poeta Fernando Pessoa, “Não se conhece
uma cidade até se perder nela”. Pois bem, se perca em
Paris, nas ruas, monumentos, nos cafés, no perfume, no
crepe, no brie, no vinho, no Champagne, nas vitrines. Paris
é ótima para se perder, sem pressa e com prazer.
Por Sophia Zahle
30
Sempre Paris...,
Ainda mais agora,
no fim do ano
P
lazer, a comida, a arte, a vida. São
eternos bon-vivants e até têm um
verbo para isso: flâner (flanar) que
significa perder-se pelas ruas com
prazer. Flanar é bem conjugado
quando as ruas são parisienses. O
filósofo Walter Benjamin consagrou
o verbo em seus ensaios sobre o
poeta Baudelaire. Este, por sua
vez, definiu Paris como “paisagem
composta de vida pura”.
Paris é linda o ano inteiro, mas em
dezembro à noite, especialmente
durante o Natal e o Ano Novo, é que
dá para entender a expressão “cidade
luz”. Os monumentos arquitetônicos
ficam ainda mais bonitos ressaltados
pela iluminação abundante.
Paris é uma metrópole moderna,
intelectual e artística com jeito
de vilarejo antigo. É ótima para se
conhecer a pé, ou no máximo de
metrô, mas fuja do taxi que
é caro. Prefira guardar o
dinheiro para pagar banhos
extras no hotel. Pois é, essa é
outra fama verdadeira dos
franceses.
SHOWROOM
aris é marcada por grandes
obras arquitetônicas e lugares
anônimos, personagens célebres,
eventos que mudaram o mundo.
Uma tribo celta conhecida como
Parisii, por volta de 250 a.C.
colocou esse lugar no mapa e
deu o nome à cidade. Os parisii
eram navegadores comerciantes,
ricos o suficiente para fabricar
moedas de ouro. Paris nasceu na
Île de la Cité, uma ilha no meio do
rio Sena, onde fica a Catedral de
Notre-Dame, à época, uma cidade
primitiva e fortificada. Depois dos
gauleses [as populações celtas
que habitaram a Gália, território
que corresponde hoje à França,
Bélgica e Itália], veio a dominação
romana, a ascensão de Luís
XVI, a Revolução Francesa que
desbancou o clero e a nobreza e
deu início à Idade Contemporânea
com seus ideais de “Liberdade,
Igualdade e Fraternidade”,
(Liberté, Egalité, Fraternité).
Várias repúblicas, uma ditadura,
uma monarquia constitucional,
dois impérios, diversos
movimentos artísticos, duas
guerras mundiais, um título de
Copa do Mundo de futebol. É
notável o gosto dos franceses pela
arte de contemplar e desfrutar
a vida, e o inesperado. Não à toa,
reinventam constantemente o
31
A pé, às margens do
Rio Sena
Na cidade onde tudo é caro,
da hospedagem aos passeios,
passando pelos restaurantes e
pelas compras, uma das mais
belas e imprescindíveis atrações
é grátis: caminhar às margens do
Rio Sena. Em duas horas é possível
conhecer vários prédios históricos
e turísticos que estão em suas
margens. Comece na Catedral de
Notre-Dame, na margem esquerda
do rio, na Île de la Cité. Notre-Dame
é uma catedral gótica construída
entre 1.163 a 1.334. A nave central
é um dos seus encantos com 127
metros de comprimento, outros
são os vitrais coloridos e janelas
que filtram a luz criando um
espetáculo único, além dos portais
e pinturas que transportam o
turista à Idade Média. Ali Napoleão
foi coroado em 1804 e é possível
ver as estátuas de Carlos Magno
e Joana d’Arc. Entrar na catedral
é gratuito, mas quem quiser ter
acesso as torres e subir a pé os
387 degraus, paga entrada. A ilha
vizinha a la Cité, a Île de St. Louis,
igualmente merece uma visita. Na
32
rua batizada com o nome da ilha
há um monte de lojinhas e bazares
chiques, e o sorvete imperdível do
Berthillon.
De volta a Île de la Cité passe pela
Conciergerie, prédio construído
no século XIV como palácio real,
que virou uma prisão durante
o Reinado do Terror (1.793/94),
quando milhares de prisioneiros
aguardavam a decapitação na
guilhotina, entre eles a rainha
Maria Antonieta, Danton e
Robespierre. Como presídio
continuou até 1914 e hoje é possível
visitar os quartos reconstituídos,
as celas especiais e a câmara de
tortura. Entre a Conciergerie e
a Notre-Dame, a Saint-Chapelle
é outro ponto que merece uma
parada. Construída em 1.248 por
ordem de Luís IX, é uma capela
belíssima, iluminada por seus
quinze vitrais ilustrando passagens
da Bíblia. Cruze a famosa Pont
Neuf, e é hora de passear pela
margem direita do rio, onde está o
Museu do Louvre, o Museu d’Orsay,
o majestoso Les Invalides com sua
cúpula dourada e um pouco mais
adiante a colossal Torre Eiffel.
Louvre
O Museu do Louvre é um daqueles
pontos que precisa ser visitado, se não,
você não esteve em Paris. Construído
no final do século XII como um forte,
convertido em palácio no século XVI,
transformou-se em museu em 1793. É
imenso e impossível de visitar em um
único dia. Dividido em três diferentes
pavilhões: Sully, Denon e Richelieu,
abriga obras de diferentes períodos da
arte européia, asiática, antigüidades
egípcias, romanas, gregas e etruscas,
esculturas, gravuras etc. A asa norte
do complexo abriga o museu de artes
decorativas e o museu da moda e do
tecido. Na linha precisa-ser-visto-senão-não-esteve-lá, as três damas: a
Vênus de Milo, a Gioconda (Mona Lisa)
e a Victoire de Samothrace (escultura
tem uma bela fonte, esculturas de
bronze e dois prédios simétricos de
colunas que abrigam quatro museus.
Depois, o Arco do Truinfo, verdadeiro
símbolo da nacionalidade francesa. Na
sua base, La Tombe du Soldat Inconnu
(túmulo ao soldado desconhecido),
idealizado por Napoleão para celebrar
as suas vitórias. O túmulo representa
todos os soldados que morreram em
batalhas, em especial na Primeira
Guerra Mundial. Finalizado em 1.836,
o Arco testemunhou momentos
históricos como a invasão do exército
alemão e as comemorações de
libertação de Paris com o general
Charles de Gaulle à frente. Suba para
ter uma bela vista da avenida ChampsElysées, e depois, no chão, passeie pela
imponência dessa avenida que é uma
das mais famosas no mundo com mais
de 300 anos de história. Vá à Place de
La Concorde, local que testemunhou
fatos marcantes e banhados de
sangue na história francesa. Ali ficava
a guilhotina que decapitou mais de
1.300 pessoas, entre elas o rei Luís
XVI, Maria Antonieta e os líderes
revolucionários Danton e Robespierre.
Além do Louvre
Há muitos museus em Paris que
merecem uma visita. Além do Louvre,
dois não se pode perder: o Museu
Picasso e o Rodin. Em ambos é possível
chegar de metrô.
Paris abriga o museu mais significativo
de Picasso fora da Espanha. Está em
um prédio que abrigava um hotel,
restaurado e transformado em museu
no estilo modernista, isto é, tudo
branco e simples, com boa parte das
obras de Picasso, pinturas e esculturas
de todas as fases. E a coleção particular
do artista espanhol, que inclui entre
essas obras, quadros de Cézanne e
Matisse. A curiosidade é que tudo
foi doado ao governo francês por
seus herdeiros como pagamento de
impostos.
No Musée Rodin estão expostas as
obras do mais famoso dos escultores
franceses, entre elas, a clássica “O
Pensador” (há dois exemplares da obra,
a outra está sobre o túmulo do artista).
SHOWROOM
grega, artista anônimo). Na mesma
ala da Mona Lisa, pode-se também
admirar a magnífica tela de Delacroix,
a “Liberdade Guiando o Povo”. Antes
de ir embora, tome um café ou um
vinho num dos dois cafés em terraços
do Louvre, o Richelieu ou o Mollien,
com vista para a pirâmide de vidro. E
depois, flane no jardim de Tuilleries.
No começo da noite, quando Paris
começa a se iluminar, suba à Torre
Eiffel. Uma experiência única. A Torre
Eiffel leva o nome de seu construtor, o
engenheiro e empreendedor Gustave
Eiffel, foi inaugurada em 1.889 e exibe
números fantásticos: 324 metros
de altura, mais de 10 mil toneladas
de peso e 1 710 degraus. No século
XIX, escritores, pintores, artistas,
escultores e arquitetos divulgaram
um abaixo-assinado indignado
contra “a inútil e monstruosa Torre
de Babel”. Agora, isenta de polêmicas,
é imperdível. Há até um restaurante
panorâmico no vigésimo andar, o
Jules Verne. Caro, mas vale a vista.
Usufrua do Jardin du Trocadér, ponto
de chegada ou saída da Torre Eiffel,
Como marco histórico, onde as cabeças
rolaram, hoje existe o Obelisco de Luxor
– com duas versões sobre sua origem:
presente dos egípcios ou confisco dos
franceses. O monumento está alinhado
com o Arco do Triunfo e com o Arco de
La Défense
33
34
Vale conhecer, sabendo
que o museu foi idealizado
pelo próprio Rodin, que
doou todas as suas obras ao
governo francês. Não deixe
de visitar o jardim.
Há muito mais coisas em
Paris...Passeios famosos,
imperdíveis, como o Centro
Cultural Georges Pompidou,
conhecido como Beaubourg
ou a atração mais visitada
da cidade que resguarda
um acervo de arte moderna
e contemporânea, o Musée
National d’Art Moderne,
com obras de Duchamp,
Brancusi e Chagall. Ou ainda
o majestoso Les Invalides
e Montmartre, bairro que
tem a imponente Basílica
de Sacré-Coeur, dedicada
ao Sagrado Coração de
Jesus e um mirante para
contemplar toda a cidade.
O Palácio de Versailles,
o mais impressionante
palácio da França e de todo
o planeta. Construído em
meados do século XVII por
Luís XIV, o Rei Sol, dividido
em quatro partes: o prédio
principal do palácio, com
seus salões, quartos e
corredores imensos (atenção
para o Salão dos Espelhos);
os suntuosos jardins com
seus desenhos geométricos
e luxuosas fontes, e os dois
palácios menores, Grand
Trianon e Petit Trianon.
Cemitérios famosos
O Panthéon, idealizado durante a
Revolução Francesa, foi convertido
num Panteão (edifício em que
se depositam os restos mortais
daqueles que ilustraram a sua
pátria ou prestaram grandes
serviços à humanidade). Lá estão
os túmulos de Voltaire, Rousseau,
Victor Hugo e Louis Braille, entre
outros. E até um cemitério de
verdade: - Cemetière du Père
Lachaise, - situado num morro
com uma bela vista de Paris, é o
cemitério “cultural” mais famoso
do mundo. Entre seus
ocupantes, a cantora Edith
Piaf, o compositor Chopin, a
atriz Simone Signoret, Allan
Kardec, o polêmico escritor
Oscar Wilde e o túmulo que
atrai multidões, incluindo
levas de americanos, o de Jim
Morrison, líder da banda The
Doors.
Mas evidentemente há
inúmeros outros locais e
monumetos imperdíveis na
cidade luz: a Opéra de Paris,
o Museu d’Orsay, o bairro
Quartier Latin, na esquerda
do Sena, um dos lugares
O alternativo
Marais
Saia do circuito dos endinheirados
e vá ao bairro de Marais, que tem
um encanto alternativo. É um
bairro jovem com ruas pitorescas
como Franc-Bourgeois e du Temple.
Já foi o lugar favorito dos nobres
e aristocratas no século XVII. Hoje,
galerias de arte se misturam a
bares e butiques descoladas. Na
rue de Pavée existe uma sinagoga
projetada em 1913 por Hector
Guimard, e, na rue de Rosiers,
inúmeras delicatessens com
iguarias judaicas. No Marais fica
uma das praças mais harmônicas
do mundo, com uma arquitetura
simétrica de arcadas e fachadas
de pedra e tijolos, a Place des
Vosges, construída de 1.605 a
1.612. É uma jóia rara, cercada de
antiquários e butiques e ideal
para sentar-se nos bancos e ver
a vida passar, olhando para os
prédios e o chafariz ou escutando
os músicos de rua. Perto da
Place des Vosges está a rua de
comércio des Francs Bourgeois
e Saint-Germain-des-Prés com
suas boutiques de roupas, livros,
sapatos, coisinhas para a casa, as
Galeries Lafayette e Bon Marché,
um espaço democrático dividido
por grifes consolidadas e estilistas
começando. Não deixe de visitar
o Belleville, bairro de imigrantes,
com produtos árabes, turcos e
tunisianos. E se for domingo, vá
à feirinha Marché aux Puces, o
mercado ao ar livre que tem de
tudo, de peças de antiquário a
coleções usadas de CDs. Mas,
acima de tudo, para o consumidor
de vinhos, existem caves
escondidas, pequenos paraísos à
meia luz, cuja descoberta é uma
saborosa surpresa.
Só depois de fazer tudo isso é
possível dizer com propriedade,
como Humphrey Bogart diz à
belíssima Ingrid Bergman em
Casablanca: “Nós sempre teremos
Paris”.
SHOWROOM
mais contemplativos de
Paris, junto ao Jardim
de Luxemburgo e a
renomada Universidade
de Sorbonne no bairro de
tradição boêmia, filosófica e
intelectual, repleto de cafés
e livrarias, restaurantes e
bares. Ali nasceram e se
fortaleceram as históricas
revoltas estudantis de 1968.
Esqueça-se de que é um
turista, dê uma de francês,
desfrute os cafés, as ruas,
as mesas dos bares, os
parques. Pratique um dos
esportes nacionais dos
franceses: lèche-vitrine, ou
traduzindo literalmente,
seja um “lambe-vitrine”.
Observe a sedução que
exercem. A rua de comércio
chique é a Faubourg SaintHonoré, onde andar pelas
calçadas equivale a assistir
a um desfile com as últimas
tendências da moda. Todas
as grifes de alta-costura
estão nessa área. Vá até
a meca das guloseimas,
o Fauchon (Place de la
Madeleine), que desde 1886
atrai estrangeiros com
seus queijos, pâtisseries,
patês, foie gras, escargots,
marrons glacês, frutos do
mar. Estique em direção
à rue Saint-Honoré
(continuação da Faubourg),
e visite a Colette, uma
multiloja que é uma farra.
35
A revolução causada
pelo conhecimento
Boa parte
da cegueira
reside na falta
de saber a
importância do
saber
A
36
Por Armando Correa
de Siqueira Neto
o tratar sobre o desenvolvimento humano, é
prudente que se considere a quantidade e a qualidade
do saber, ontem, hoje e amanhã. A análise histórica
da convivência social permite que se reflita sobre
o passado e o presente comparativamente, e, em
conseqüência, se julgue cada mudança ocorrida.
Assim, avizinha-se rica oportunidade de se preparar
para o futuro. O conhecimento é, pois, a porta de
acesso ao progresso e a diferentes perspectivas de
vida.
O governo que pouco preza o aperfeiçoamento
de significativa parcela da sua população sofre
diretamente com o nível de miséria, além de
estimular a manutenção da passividade tanto do
progresso pessoal quanto da cidadania. (Não se
oculte o fato de que a ignorância produz a escravidão
de si mesmo, haja vista ela turvar as expectativas
dos alcances futuros, fazendo da esperança o claro
refém do presente.) Cumpre lembrar, todavia,
que não há fogueira sem fogo, porquanto existe
também gente que se opõe ao próprio crescimento,
evitando passar pelos sacrifícios típicos de qualquer
processo evolutivo. Portanto, tais comportamentos
comprometem o avanço e a liberdade de escolha
de novos e melhores rumos. As justificativas, fruto
do auto-engano, assumem tristemente o lugar da
responsabilidade, evitando-se tocar diretamente o
dedo na enorme ferida chamada atraso.
Por outro lado, nem só de escolas, ainda que
numerosas, conseguirá se desenvolver o
homem. É claro que a falta de vagas e as
distâncias podem desestimular pais e alunos
a prosseguirem no projeto educacional.
Quantidade é importante, não se discute. A
qualidade, contudo, deve ser observada igualmente.
Bom nível de formação e aprimoramento
dos educadores, cobrança e monitoramento
dos resultados, estímulo à interação e maior
participação dos parentes na vida educativa
dos seus, investimento em recurso tecnológico
e material convenientemente selecionado para
a prática pedagógica, avaliação constante,
planejamento e alterações a novas demandas
ajudam a alicerçar e sustentar bons programas na
área que pode transformar a vida de muita gente: a
educação.
Boa parte da cegueira, porém, reside na falta de
saber sobre a importância do saber, resultando
ora em objeto ignorado, ora em desprezo, aquilo
que merecia, sem qualquer átomo de dúvida, a
devida atenção. O conhecimento não está em mira.
Não como deveria. Seu grau de importância está
erroneamente rebaixado, no aguardo de ajuste;
reparo este que não chega devidamente. Ainda não
se fez mais luz do que sombra, a fim de clarear a
escuridão que faz muitos tropeçarem no próprio
desnível do chão irregular a que estão submetidos.
Somente quando o saber fizer sentido no interior,
no âmago das decisões pessoais, é que ocorrerá o
despertar para o tempo de maior domínio sobre
si mesmo, ampliando a chance de escolha ante os
caminhos que, embora inexistentes porque cada
qual deve trilhar o seu, carecem de direcionamento
consciente. A revolução educacional só ocorre se
houver amor à bandeira da evolução, sem a qual
inexiste o ardor por superar-se.
Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo, diretor da Self
Consultoria em Gestão de Pessoas, professor e mestre em Liderança
pela Unisa Business School. Co-autor dos livros Gigantes da
Motivação, Gigantes da Liderança e
Educação 2006. E-mail: [email protected]
Visões
encomendadas
do além
O homem é criativo e está sempre aberto para
receber nossas interpretações e fantasias. Vê na Lua
a imagem de São Jorge montado a cavalo atacando
valentemente o dragão com sua poderosa lança.
M
38
Por Joel Leite
inha filha de 12 anos
acordou assustada, acomodou-se
na minha cama e contou um sonho
perturbador: estava num lugar
estranho com dona Eulália, a tia
Yolanda, o vovô e o seu Henrique.
Os três primeiros queriam “voltar”,
apenas Henrique não manifestou o
desejo de viver. Os personagens são
reais, todos faleceram nos últimos
três ou quatro anos, tendo sido os
contatos de Claudia com a morte.
Henrique se suicidou.
Quando relatei o sonho para a
família, provoquei um tremor geral.
Pálida, uma sobrinha lembrou que
era dia de Finados; uma tia teve
um calafrio e um terceiro creditou
a “visão” do sonho a poderes
mediúnicos da menina.
Ninguém lembrou que na noite
anterior falávamos sobre a
importância de lembrar dos que
já nos deixaram e que o dia de
Finados tinha esse propósito. Todos
preferiram nutrir fantasias sobre
poderes pessoais, extraterrenos.
Lembrei da Nossa Senhora que
“apareceu” na janela da casa do
senhor Antonio Rosa, em Ferraz de
Vasconcelos, Grande São Paulo,
em julho de 2002. A “aparição”
levou ao local mais de 160 mil
pessoas, inclusive de famosos
como Elba Ramalho e Gugu, graças
à irresponsabilidade da mídia
sensacionalista, especialmente os
programas de TV de final de tarde
(a propósito, basta assistir a um
desses jornais que você terá plena
convicção de que sua vizinha vai
jogar o filho pela janela, sua mãe
vai ser assassinada a pauladas pelo
entregador de cartas e você vai ser
seqüestrado amanhã cedo).
Os casos de aparições são
incentivados pelas religiões.
Exploram as necessidades
emocionais que a dura realidade
não nos oferece. Nutrem fantasias,
incentivam um sedutor poder
espiritual.
O caso de Ferraz de Vasconcelos
foi enigmático, prato cheio para
quem gosta de explorar a crença
popular. Após a divulgação do caso
pela mídia, outras imagens de
Nossa Senhora foram “vistas”, no
mesmo dia, em São Miguel Paulista
(bairro paulistano vizinho a Ferraz
de Vasconcelos), Sergipe, Alagoas e
Rio Grande do Sul, todas elas com a
imagem estampada na janela, tal
como em Ferraz de Vasconcelos!
O homem é criativo e está sempre
aberto para receber nossas
interpretações e fantasias. Vê na Lua
a imagem de São Jorge montado
a cavalo atacando valentemente
o dragão com sua poderosa lança.
Tal como a Nossa Senhora de Ferraz
de Vasconcelos, São Jorge é fruto
de uma imaginação criativa e
da exploração da fé do povo,
dos desejos transcendentais da
religião, crença e misticismo.
Quem é que já não “viu” nas
nuvens do céu imagens de santos,
animais, objetos e monstros?
O uso lúdico das imagens
formadas pelas nuvens e estrelas
é uma deliciosa brincadeira.
Faça a experiência. Deite com
as crianças de barriga pra cima
num gramado numa noite de lua
cheia, melhor no inverno, solte
a imaginação e delicie-se com o
espetáculo. À noite você vai ver
as estrelas se movimentarem,
inspirando a piração que você
desejar. De dia as nuvens vão
desenhar os monstros dos quais
você ainda não conseguiu se
livrar.
Em “O mundo assombrado
pelos demônios”, Carl Sagan
(companhia das Letras, 2006)
faz uma viagem fantástica sobre
o tema. Num determinado
momento, cita uma famosa
berinjela que se parecia
muitíssimo com Richard Nixon. E
ironiza: “O que devemos deduzir
desse fato: intervenção divina ou
extraterrestre? Reconhecemos
que há muitas berinjelas no
mundo e que, mais cedo ou mais
tarde, encontraremos uma que se
assemelha com uma face humana
e até um rosto em particular”.
Dom Mascarenhas Roxo, bispo
emérito da Diocese de Mogi das
Cruzes, criou uma comissão para
analisar a suposta imagem da
santa de Ferraz de Vasconcelos.
Quando o resultado foi
anunciado, todos se fingiram
de mortos: não era a Nossa
Senhora na janela, mas um
fenômeno chamado irisação,
que é a decomposição da luz
reproduzindo várias cores do
espectro visível, resultado do uso
de um produto de limpeza na
vidraça.
Recomendo o livro de Carl Sagan.
Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação
Cásper Líbero, com pós-graduação em
Semiótica, Comunicação Visual e Meio
Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme,
assina colunas em jornais, revistas, rádio,
TV e internet. Não tem nenhum livro
editado e nunca ganhou nenhum prêmio de
jornalismo. Nem se inscreveu.
DVD portátil
Câmera
que
agüenta tudo
Solução para entreter as crianças nas férias, o DVD portátil
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de oito polegadas, com destaque para a tela giratória de até 180° de
rotação, que permite uma visualização flexível, imagens mais nítidas
e luminosas e com ótima definição. O aparelho possui duas entradas
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incorporado, controle remoto e adaptador para automóvel incluído.
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meio de chaveador, permite a utilização como tela portátil para vídeo
game, como reprodutor de DVD para TV ou mesmo ser conectado a um
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Para quem não abre mão de ficar conectado,
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modos do menu podem ser ativados por um
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outros danos, sendo que as informações gravadas no produto continuam
que permite tirar até três fotos da mesma
preservadas mesmo após tantas intempéries. Plug & Play (dispensa drivers
paisagem e emendá-las, para criar uma
de instalação) e com capacidade de 8GB e 16GB.
imagem panorâmica, no próprio visor da
Case: preço sob consulta, disponível em www.extralife.com.br/ondecomprar
Pen Drive ATV: 16 GB R$239,00 e 8GB R$120,00, disponível em www.superkitb2b.com.br
câmera e a função de estabilização digital,
para capturar imagens mais nítidas, sem
tremores, mesmo com a câmera em
movimento completam os diferenciais
da Stylus 1050 SW.
Tem design moderno, está disponível
Design, cores, mobilidade, conectividade e
nas cores preta, prata e azul, com
armazenagem foram as palavras de ordem no
visor de LCD de 2,7 polegadas e 10.1
cenário de eletro-eletrônicos em 2008. Além de
megapixels de resolução.
computadores, câmeras digitais, filmadoras e
Proteção contra acidentes
Vasta biblioteca
musical
R$ 1.080,00
Onde encontrar: Submarino,
Americanas.
40
outros, agora até micro systems têm HD interno. E de
grande capacidade, 80 GB no caso do NAS-E35HD, mais
recente lançamento da Sony, que permite armazenar
até 15.000 músicas no formato MP3, criando uma ampla biblioteca
musical. Músicas de CDs, rádios AM/FM, e de entradas auxiliares (MP3 player, pen drive
ou celular Walkman Sony) podem ser gravadas diretamente no HD por intermédio da função USB
rec&play, além de “portas” para conexão com outros aparelhos portáteis. Recurso útil, dada à vastidão
da biblioteca, é o Gracenote que permite incluir automaticamente informações, como o título da
música, em um banco de dados também armazenado no HD.
Durante a reprodução das músicas, funções do aparelho melhoram o desempenho dos sons graves,
garantido a qualidade sonora. O design é refinado e o display sofisticado de três linhas permite a
navegação amigável entre os menus.
Preço sugerido: R$ 1.999,00. Onde encontrar: www.sonystyle.com.br
Para quem é fã de
Woody, um livro
memorável
Woody Allen está em cartaz nos
cinemas com “Vicky Cristina Barcelona”
e nas livrarias com “Conversas com
Woody Allen”, escrito pelo jornalista
norte-americano Eric Lax, que reuniu 36
anos de conversas neste livro, lançado
no Brasil pela Cosac Naify. Allen fala
sobre todo processo cinematográfico,
da elaboração do roteiro à montagem.
Sacia a curiosidade dos fãs, reflete
sobre seu trabalho, faz comentários por
vezes hilariantes, ora autodepreciativos,
mas sempre honesto. Embora seja
seu biógrafo oficial, Lax não fala
sobre a vida pessoal de Allen, apenas
sobre o diretor e sua obra. O livro
foi organizado acompanhando ano
a ano a produção do cineasta; cada
conversa foi registrada na época, sem
modificações e sem cortes, segundo
Dirigido pelo ótimo Ridley Scott, “Rede de mentiras” é a grande aposta da
o autor. Mostra Allen como ele é: com
uma visão melancólica da vida. “Allen,
Warner neste verão. Assim como o diretor, o elenco é estelar: Leonardo DiCaprio,
é um homem de sentimentos fortes,
mostrando mais uma vez ser bom ator e não somente um rostinho bonito; um
embora controlado. Ele não se permite
Russell Crowe, obeso (engordou 23 quilos para interpretar esse papel), excelente
sentimentos extremos de euforia
como de hábito. Com roteiro de William Monahan de “Os infiltrados”, todos
ou infelicidade. Nunca encontrei em
premiados com o Oscar. É uma história baseada no romance homônimo de
minha vida alguém tão disciplinado”,
David Ignatius, jornalista do Washington Post, que durante dez anos cobriu a
declarou o autor. Nas entrevistas,
CIA e as ações no Oriente Médio.
Woody Allen não explica seu lado anti“Rede de mentiras” é um filme de suspense sobre espionagem, inteligente, bem
social, nem porque se recusa a receber
escrito, narrado em alta velocidade e em permanente tensão, bem ao estilo de
prêmios, o que já revela sua filosofia de
Ridley Scott. DiCaprio é Roger Ferris, um agente de campo inteligente, capaz,
vida. Para Allen, a platéia-alvo de seus
que se imiscuiu na cultura do Oriente Médio, conhece o idioma a cultura
filmes é ele mesmo, pouco se importa com
e respeita as atitudes e os costumes locais. Suas ações dependem de um
o público ou com a crítica. Como explica
veterano estrategista, Ed Hoffman (Crowne) um cínico que, de sua casa em
o jornalista Otavio Frias Filho na quarta
um bairro classe média nos EUA, enquanto toma café ou leva os filhos à
capa: “Allen tem uma admirável imaginação
escola, manipula informações, traça estratégias e acompanha a ação com o
dramática disciplinada pela técnica e pela
moderno (e real) Sistema Predador uma espécie de ‘Big Brother’ que está
severidade para com o próprio trabalho”, talvez
sempre por perto capturando, via satélite, imagens do solo com riqueza
por isso o resultado acabe agradando crítica
de detalhes (para simular o Predador, Scott usou dois helicópteros
e público. Entre os filmes preferidos, o próprio
durante as filmagens nos Marrocos). Ferris sabe que não pode
Allen destaca “A rosa púrpura do Cairo”, “Match
confiar em ninguém. Se descuidar-se será usado e descartado do
point” e “Maridos e esposas”. O primeiro trata da
tabuleiro de xadrez virtual de Hoffman. Ao mesmo tempo em
diferença entre a fantasia e realidade e “Match point”,
que confiar é perigoso, é a única maneira de ficar vivo.
o mais emblemático, traduz a desconfiança do cineasta
de que não há nenhum Deus olhando por nós para nos
recompensar ou punir.
“Rede de Mentiras” (Body of Lies)
Obrigatório para quem gosta de cinema ou não.
Direção: Ridley Scott, com Leonardo DiCaprio,
“Rede de Mentiras”, com Russel e DiCaprio
Russel Crowe, Mark Strong, entre outros.
SHOWROOM
“Conversas com Woody Allen, entrevistas a Eric Lax”, Editora Cosac Naify,
quarta capa: Otavio Frias Filho
Preço sugerido: R$ 65,00
41
Rillettes de salmão
defumado
Por ISABEL CALDEIRA
Vertical
Limit,
privilégio
para
poucos
Por Arthur Azevedo
Em 1810, Madame Clicquot, uma pioneira em
champanhe e criadora de muitas das inovações
da região, decidiu separar uvas de uma mesma
safra para produzir um champanhe com data
de nascimento, um vinho com a memória de
um único ano, projetado para ser guardado por
muitos anos. Nascia ali o conceito do Champagne
Vintage. Com uma trajetória de sucesso ao longo
de muitos anos, os champanhes safrados sempre
foram produzidos pela Veuve Clicquot com as
melhores uvas de seus vinhedos Grand Cru e
Premier Cru, plantados em 515 hectares próprios.
Sinônimo de luxo e sofisticação, eles refletem não
só a qualidade excepcional das uvas do ano, como
também a habilidade e o talento dos enólogos da
casa. Associando-se à Porsche Design, empresa que
costuma criar verdadeiras obras de arte, a Veuve
Clicquot acaba de lançar um dos mais sofisticados
objetos de desejo para os enófilos, a Vertical Limit by
Porsche Design Studio. Trata-se de um móvel único,
projetado para acomodar 12 safras míticas de Veuve
Clicquot Vintage, elaboradas por quatro gerações
de chefs de cave: Roger Zéches assina as safras
1955, 1959, 1961 e 1962; Jean Boureaux as de 1969 e
1975; Charles Delhaye,1979 e 1982; e Jacques Péters,
1985,1988, 1989, 1990. Medindo 2 metros de altura
e com 60 cm de largura, o móvel é um monolito
de aço inoxidável, com 12 gavetas individuais
iluminadas, projetadas para acomodar cada uma
das garrafas magnum (1,5 litros) de Veuve Clicquot.
A temperatura é rigorosamente controlada a exatos
12ºC, exatamente a mesma das caves da Veuve
Clicquot em Reims. A criação futurista é também à
prova de som e vibração, constituindo-se na mais
incrível adega jamais sonhada. Das quinze peças
produzidas, somente uma será vendida no Brasil.
Preço? Uma verdadeira pechincha, considerando-se
a exclusividade dos vinhos e o requinte do móvel:
R$ 240.000,00.
Ainda dá tempo de incluir o mimo na listinha
do Papai Noel...
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Arthur Azevedo é diretor executivo da ABS- Associação
Brasileira de Sommeliers - SP (www.abs-sp.com.br),
editor da revista Wine Style (www.winestyle.com.br) e do
website Artwine (www.artwine.com.br)
Por volta de 1326 surgiu em cena Guillaume Tirel da Normandia. Era
praticamente um garoto quando foi introduzido na cozinha pela mão
de Jeanne d’Èvreux, esposa do Rei Cherles IV, tornando-se o primeiro
grande cozinheiro francês e deixando a sua marca na história da
gastronomia. Seu aprendizado foi longo e cruel e tudo quanto aprendeu
lhe foi transmitido verbalmente. Apelidado “Taillevent” por sua rapidez
e destreza, em 1346 tornou-se cozinheiro chefe do Rei Philippe VI e na
seqüência, sob Charles VI, alcançou o pináculo, tornando-se “écuyer de
cuisine” (gerente) e “maître des garnisons du roi” (chef das tropas do
rei). Sua ilustre carreira durou quase 60 anos, tendo servido a cinco reis.
Taillevent compilou um livro – “Le Viandier de Taillevent”, contendo dois
manuscritos anônimos – o “Petit Traité de 1306” e o Manuscrito de Sion,
datado de 1326 – além das suas próprias experiências. O livro foi sucesso
de vendas até o século XVII, tendo sido regularmente reeditado até o
início do século XVIII. Todavia, a mais pujante coleção de receitas da
Idade Média não foi obra de um cozinheiro, mas de um idoso burguês
parisiense, que em 1390 decidiu escrever um manual sobre moral e
economia doméstica, para sua jovem esposa. Tomou emprestadas
receitas do “Le Viandier de Taillevent” e acrescentou seus comentários e
receitas simples, que utilizavam vegetais e ingredientes típicos. Preparou
cardápios para ocasiões especiais e registrou conselhos para o adequado
gerenciamento das cozinhas e técnicas que ainda estão presentes nas
cozinhas de hoje.
A França Medieval aperfeiçoou a arte do banquete, refeição teatral, rica
em ritual, que dava ao anfitrião oportunidade para exibir e afirmar
sua posição social, sua prosperidade e seu prestígio. Essa tradição foi
rigidamente conservada na cultura francesa em cada festa, fosse ela de
cunho oficial, social ou familiar. Para conhecer bem o significado, a pompa
e a dimensão desses eventos, é importante a leitura do livro “Carême
cozinheiro dos reis”, Jorge Zahar Editor, sobre a vida de um dos pilares da
Moderna Gastronomia Francesa, Antonin Carême.
Ao longo de cinco capítulos resumimos a Tradição da Culinária Francesa
na Era Medieval e nos preparamos para ingressar na fase Renascentista.
Dessa longa, rica e espetacular caminhada, trazemos uma receita
que demonstra como a criatividade é importante para a evolução da
gastronomia:
“Rillettes de salmão defumado”. Originalmente, “rillettes” eram
preparadas na época em que se abatia o porco para a salga e preservação.
Peças de sua carne (de ganso também) eram longa e lentamente cozidas
em banha, formando uma pasta salgada que podia ser comida durante
meses, com pão. Esta receita, partindo de uma fórmula tradicional, substitui
os ingredientes e cria uma verdadeira “delicatesse”. Dissolva, em fogo baixo,
5 gramas de gelatina em pó, sem sabor, numa colher de sopa de creme de
leite; retire a panela do fogo, misture 90 ml de creme de leite fresco e deixe
esfriar. Pique 250 gramas de salmão defumado e leve ao processador com
o creme de leite já frio, mais a casca ralada de um limão siciliano, uma
colher de chá de pimenta-do-reino branca moída, três pitadas de pimenta
de caiena em pó e uma colher de sopa de dill fresco, picado, processando
por 10 segundos. Num “bowl” prepare o tempero com uma colher de sopa
de azeite extra-virgem e uma colher de sopa de suco do limão, misturando
bem. Pique mais 250 gramas de salmão, tempere com esse molho e adicione
lentamente e misturando bem, o creme batido. Transfira para uma forma
retangular, cubra com filme plástico (encoste o filme na superfície do creme)
e refrigere por 24 horas. Desenforme e sirva as “rillettes” acompanhadas
com torradas, cebolinha jovem picada e bastões de pepino japonês sem as
sementes.
Isabel Caldeira é cozinheira, estudiosa e especialista em receitas e cardápios especiais.
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