XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 A utilização do custeio variável como ferramenta de gestão em hospitais privados: um estudo empírico Leonardo Nunes Ferreira (UCB) [email protected] Resumo O contexto econômico atual se caracteriza pela alta competitividade, pela sofisticação dos consumidores e pela velocidade com que as mudanças ocorrem. A eficácia operacional, baseada na redução dos custos, no aumento da produtividade e na melhoria dos produtos é, atualmente, um imperativo para que as empresas consigam transitar num mercado cada vez mais competitivo. Por outro lado, as organizações devem ser flexíveis o suficiente para atender as novas demandas dos consumidores, oferecendo produtos de qualidade, adequados às necessidades e com preço justo. O presente estudo se propõe a discutir de que forma o custeio variável poderá auxiliar os hospitais privados na avaliação de resultados dos seus produtos e/ou serviços ofertados. O artigo tem como objetivo geral demonstrar que o custeio variável poderá ser uma ferramenta importante na avaliação dos resultados dos produtos e/ou serviços ofertadas pelos hospitais privados. Com vistas a demonstrar a utilidade do custeio variável, para os hospitais privados, buscouse simular, de forma empírica, a sua utilização em instituições que possuem um mix de serviços, mais especificamente na área de diagnósticos. Palavras chave: Hospitais, Custos, Custeio Variável. 1. Introdução A competição, cada vez mais presente no dia-a-dia das organizações, tem provocado uma alteração no ambiente empresarial, antes regional e próxima, agora profissional e global. O estado competitivo no qual as organizações estão inseridas estabelece que só passarão pelo funil as organizações que se munirem de tecnologia, organização, visão e recursos produtivos e financeiros. A informação exata, atualizada e disponível a todos é fator essencial para uma administração veloz, ágil e com a mínima chance de erro, objetivando, assim, a sobrevivência das organizações perante a constante turbulência. Para que a informação possa cumprir o seu papel estratégico, deverá estar integrada em todos os níveis, interna e externamente, via Internet e Intranet, eliminando as “ilhas de informação”. Todavia, isso impõe um sistema de gestão compatível com os princípios de gestão. O processo de transformação dos negócios vem alterando as características das organizações. As mudanças, algumas vezes, são sutis e imperceptíveis, porém profundas. É comum verificar que as organizações, independentemente de seu porte, finalidade e/ou ramo de negócios, enfrentam dificuldades para identificar a forma pela qual as variações estão ocorrendo, bem como a maneira de se portar diante dos novos paradigmas de gestão. De acordo com Horngren, Foster e Datar (2000) os fatores-chave de sucesso e que influenciam o desempenho da empresa são representados pelos seguintes elementos: custo, qualidade, tempo e inovação. Para efeitos deste trabalho trabalhar-se-á somente o elemento “custo”. Em função das considerações apresentadas, o presente estudo se propõe a discutir de que ENEGEP 2005 ABEPRO 1984 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 forma o custeio variável poderá auxiliar os hospitais privados, que possuem a área de diagnóstico, na avaliação de resultados dos seus produtos e/ou serviços ofertados. O artigo tem como objetivo geral demonstrar que o custeio variável poderá ser uma ferramenta importante na avaliação dos resultados dos serviços ofertadas pela área de diagnóstico dos hospitais privados. Os objetivos específicos são: apresentar os fundamentos da contabilidade de custos a fim de discutir os aspectos conceituais; relatar o custeio variável no que se refere à sua definição, pré-requisitos para implementação, vantagens e desvantagens e método de apuração; simular, de forma empírica, a utilização do custeio variável em hospitais que possuem um mix de serviços na área de diagnóstico. Não serão objeto de estudo desse artigo, com relação à metodologia de custeio variável: discutir se a ferramenta é a mais adequada para a mensuração de custos nos hospitais privados e realizar um estudo comparativo entre as diversas formas de apuração de custos. O presente artigo mostra-se relevante em função do ambiente empresarial apresentar-se instável, dinâmico e imprevisível, o que é uma resultante do aumento da competitividade que tem como conseqüência ganhos mais difíceis e modestos. Anteriormente as empresas, de uma forma geral, entendiam que o lucro ocorria, tão somente, em função das receitas serem superiores ao somatório dos custos e despesas. Atualmente, o lucro passou a ser a resultante de qualidade e produtividade; capacidade empresarial e trabalho; firmeza e equilíbrio. Logo, almejar lucro é conter custos. Segundo Vergara (2000) as pesquisas podem ser classificadas quanto aos fins e quantos aos meios. No que se refere aos fins da pesquisa, este trabalho será exploratório, uma vez que discussão a respeito da análise de custos em hospitais é recente. Para a execução da pesquisa exploratória adotou-se uma pesquisa bibliográfica a respeito do tema. 2. Sistemas de custo De acordo com Bornia (2002) a análise de um sistema de custos deverá levar em consideração dois aspectos. O primeiro refere-se ao tipo de informação gerada pelo sistema. Nesse sentido deve-se questionar se as informações fornecidas são adequadas às necessidades da empresa ou se existe demanda por novos informes. A segunda perspectiva considera a operação do sistema. Ou seja, como os dados são processados para a obtenção das informações necessárias. Kaplan e Norton (1998) revelam que as empresas necessitam de sistemas de custeio para a realização de três tarefas principais: (a) avaliar estoques e medir o custo de produção para o atendimento dos preceitos legais; (b) prever as despesas operacionais; (c) oferecer feedback econômico sobre a eficiência do processo de gestão. A projeção de um sistema de custos, de acordo com Kaplan e Norton (1998), deverá contemplar os aspectos relativos à qualidade de dados; relatórios financeiros externos; gastos com produto/cliente; controle operacional e estratégico. Segundo Gunasekaran, Williams e McGaughey (2003) a mensuração da performance, bem como a definição de um sistema de custos deverão obedecer aos seguintes passos: (a) definição clara dos objetivos do sistema; (b) montagem de uma equipe multidisciplinar; (c) analisar o impacto da nova filosofia na organização; (d) identificar os custos de cada área relacionado-os aos produtos e/ou serviços; (e) estabelecer os critérios de distribuição dos custos; (f) apresentar às áreas envolvidas a arquitetura do sistema de custos; (g) implementar e acompanhar o funcionamento do sistema. É importante destacar a necessidade de harmonia entre os sistemas de gestão e de custos nas organizações. O sistema de gestão compreende um conjunto de procedimentos e diretrizes, ENEGEP 2005 ABEPRO 1985 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 originando-se no planejamento e finalizando-se no controle das operações. O sistema de custos contempla os mecanismos necessários para o reconhecimento, mensuração e demonstração do consumo de recursos por parte dos produtos e processos de negócio desenvolvidos pela empresa. Um dos fatores que contribui para a consonância das ações entre os sistemas é a construção de um modelo de gestão que contemple, de forma clara e objetiva, os seguintes elementos: (a) processo de gestão da empresa: planejamento, execução e controle; (b) padrões para a avaliação de desempenho das áreas e dos gestores; (c) forma do processo decisório: centralizado ou descentralizado; (d) comportamento dos gestores: motivação. 3. Custeio variável Segundo Martins (2003) a consideração dos custos fixos na composição do valor de um produto e/ou serviço não é de grande utilidade para fins de análise gerencial, uma vez que se identificam três problemas fundamentais. Primeiramente os custos fixos existem independentemente da produção ou prestação de serviço ocorrerem. Em segundo lugar, são distribuídos aos produtos e serviços por meio de critérios de rateio, que incluem, na sua forma de cálculo, em maior ou menor grau, arbitrariedade. O terceiro problema diz respeito à relação entre o custo fixo por unidade e o volume de produção. Aumentando-se o volume produzido tem-se uma menor custo fixo por unidade e vice-versa. Assim, a análise deverá contemplar o custo global do produto, bem como a ligação do mesmo com os demais itens produzidos e suas respectivas formações. Em função das observações apresentadas surgiu o custeio variável. Nesse sistema de custeio, apenas os custos variáveis são atribuídos aos produtos elaborados, que juntamente com as despesas variáveis serão subtraídas da receita com o objetivo de conhecer a margem de contribuição de cada produto. Os custos fixos, bem como as despesas fixas serão diminuídas da margem de contribuição total do período. O custeio variável prevê uma apropriação de caráter gerencial. Ou seja, ao invés de preocupar-se com a funcionalidade dos custos, interessa-se pelo comportamento dos mesmos. A adoção do custeio variável requer a realização das seguintes tarefas: (a) separação dos custos e despesas incorridas pela empresa em fixos e variáveis; (b) alocação dos custos e despesas variáveis aos respectivos produtos e/ou serviços; (c) cálculo da margem de contribuição das margens; (d) subtração, da margem da contribuição total da empresa, os custos fixos a fim de obter o lucro da empresa. Os custos e despesas fixos são aqueles que num certo período de tempo e numa certa capacidade instalada não variam, quaisquer que seja o volume de atividades da empresa. Os custos variáveis, ao contrário, modificam-se em proporção direta à quantidade produzida. A alocação dos custos e despesas variáveis ocorre de forma direta. Ou seja, à medida que ocorrem são distribuídos aos respectivos produtos e/ou serviços. Assim, não há a ocorrência de rateios. Pode-se conceituar margem de contribuição como sendo o valor que cada unidade de um produto fabricado e comercializado contribui para cobrir os custos fixos da empresa. De acordo com Maher (2001) a gestão da empresa, baseada nas informações geradas, por meio do custeio variável apresenta algumas vantagens: (a) separação dos custos e despesas em fixas e variáveis, o que facilita as atividades de planejamento e controle; (b) o cálculo da margem de contribuição auxilia o acompanhamento da análise do desempenho dos produtos; (c) cria as condições necessárias para a implementação de instrumentos como o custo-padrão e análise do ponto de equilíbrio; (d) o impacto dos custos e despesas fixas pode ser estudado com maior precisão; (e) dá suporte às decisões gerenciais. ENEGEP 2005 ABEPRO 1986 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 Leone (1995) apresenta as seguintes desvantagens do custeio variável: (a) dificuldade em classificar corretamente os custos fixos e variáveis, bem como os custos semivariáveis; (b) a utilização do custeio variável poderá levar os gestores a desprezar os custos e despesas fixas no processo de estabelecimento dos preços de venda; (c) não é recomendável em organizações onde os custos e despesas variáveis representam uma pequena parcela do custo produtivo. 4. Simulação Segundo Falk (2001) a entidade hospitalar que não desenvolve a capacidade de apurar os seus custos, determinar o nível de rentabilidade e controlar a utilização de recursos dos procedimentos médicos, perde vantagem competitiva com relação às demais entidades que dominam esse conjunto de informações. A análise dos custos hospitalares apresenta-se como uma ferramenta gerencial que visa proporcionar a melhoria do desempenho organizacional, por meio do fornecimento da informação necessária para o processo decisório. Para Martins (2000) a gestão dos custos hospitalares representa um importante mecanismo de gestão, que tem os seguintes objetivos: (a) demonstrar os resultados que exijam correção, auxiliar na determinação do preço de venda; (b) subsidiar as decisões de investimentos em infra-estrutura; (c) definir os volumes de estoques de materiais e equipamentos necessários. Objetivamente, a implementação de uma metodologia de apuração de custos busca determinar os custos do hospital para um determinado período, mensurar o valor e os custos dos estoques de materiais médicos e auxiliar na confecção do orçamento. É mister observar que a análise de custos hospitalares torna-se complexa devido às diversas modalidades de atendimento, bem como ao tipo de paciente acolhido. Assim, é prudente considerar algumas imperfeições de um sistema de apuração de custos hospitalares. Uma das principais dificuldades diz respeito à padronização dos custos variáveis por atendimento. Isso ocorre em função de que os pacientes são diferentes por conta do gênero, idade e reações aos procedimentos médicos, apresentando custo variáveis distintos com base na demanda de serviços necessários para a recuperação completa da saúde do paciente. Logo, o resultado positivo apurado em certos pacientes poderá ser consumido por prejuízos observados em outros pacientes. Isso, leva às organizações a trabalharem com custos subsidiados. Dessa forma a gestão de custos se volta para as decisões futuras, impondo a todos os envolvidos no processo a urgência de conhecimento, profundo, de todas as facetas da empresa, bem como das questões que permeiam os mais diversos níveis organizacionais. Não obstante, verificar-se-á a necessidade de um relacionamento estreito entre as informações de custos e a estratégia organizacional, a fim de que as informações disponíveis a respeito dos custos, dos produtos e/ou serviços, sirvam de base para a determinação de ações estratégicas, gerenciais e operacionais. Por meio da simulação a ser apresentada pretende-se trabalhar o processo decisório de uma organização hospitalar particular, uma vez que a metodologia de custeio variável cria a necessidade, premente, de se ter uma visão sistêmica para solucionar os problemas ligados ao dia-a-dia das áreas voltadas para os serviços médicos, de enfermagem, de diagnóstico e de apoio. Com o objetivo de demonstrar o funcionamento do custeio variável imaginou-se um hospital particular que oferta serviços médicos, de enfermagem e de diagnósticos. Para efeitos de exibição trabalhar-se-á, de forma macro, a área de diagnóstico que realiza exames nos segmentos de radiologia, laboratório e endoscopia. Os dados apresentados na Tabela 1 são fictícios, servindo apenas de base para a exposição do método. ENEGEP 2005 ABEPRO 1987 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 Itens Radiologia Quantidade atendimentos no período Laboratório Endoscopia 70 60 50 Preço médio de venda unitário R$ 250,00 R$ 285,00 R$ 220,00 Custos variáveis médios por unidade R$ 65,00 R$ 83,00 R$ 59,00 Mão-de-obra direta R$ 45,00 R$ 55,00 R$ 35,00 Materiais diretos R$ 15,00 R$ 25,00 R$ 20,00 Custo indireto variável R$ 5,00 R$ 3,00 R$ 4,00 Despesas variáveis médias por unidade R$ 15,00 R$ 20,00 R$ 25,00 Custos fixos por ano R$ 3.900,00 Despesas de vendas e adm. fixas R$ 2.500,00 Fonte: o autor Tabela 1: Dados dos serviços prestados Após a identificação dos custos por comportamento, passa-se a calcular, de acordo com a Tabela 2, a margem de contribuição, por unidade, de cada serviço. Itens Radiologia Laboratório Endoscopia Vendas R$ 250,00 R$ 285,00 R$ 220,00 (-) Custos variáveis R$ 65,00 R$ 83,00 R$ 59,00 Mão-de-obra direta R$ 45,00 R$ 55,00 R$ 35,00 Materiais diretos R$ 15,00 R$ 25,00 R$ 20,00 Custo indireto variável de fabricação R$ 5,00 R$ 3,00 R$ 4,00 (-) Despesas variáveis R$ 15,00 R$ 20,00 R$ 25,00 Margem de contribuição R$ 170,00 R$ 182,00 R$ 136,00 Fonte: o autor Tabela 2: Custo variável médio por unidade A etapa seguinte, conforme demonstrado na Tabela 3, refere-se ao cálculo da margem de contribuição total que esta sendo gerada pelos produtos comercializados pela empresa. Itens Radiologia Laboratório Endoscopia Total Vendas R$ 17.500,00 R$ 17.100,00 R$ 11.000,00 R$ 45.600,00 (-) Custos variáveis R$ 4.550,00 R$ 4.980,00 R$ 2.950,00 R$ 12.480,00 Mão-de-obra direta R$ 3.150,00 R$ 3.300,00 R$ 1.750,00 R$ 8.200,00 Materiais diretos R$ 1.050,00 R$ 1.500,00 R$ 1.000,00 R$ 3.550,00 Custo indireto de fabricação R$ 350,00 R$ 180,00 R$ 200,00 R$ 730,00 (-) Despesas variáveis R$ 1.050,00 R$ 1.200,00 R$ 1.250,00 R$ 3.500,00 Margem de contribuição R$ 11.900,00 R$ 10.920,00 R$ 6.800,00 R$ 29.620,00 (-) Custos fixos R$ 3.900,00 (-) Despesas fixas R$ 2.500,00 Lucro líquido R$ 23.220,00 Fonte: o autor Tabela 3: Demonstração de resultado do custo variável médio por unidade ENEGEP 2005 ABEPRO 1988 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 Uma das principais preocupações gestores consiste na dificuldade de avaliar adequadamente a força de vendas, pois geralmente ocorre uma ênfase nos volumes e nos custos incorridos para realização das vendas. Assim, a maioria das empresas utiliza planos de remuneração baseados na aplicação de percentuais sobre o valor da venda/faturamento. Desse modo, embora muitas utilizem outros parâmetros (ex: fixação de cotas e níveis de concessão) para adequar, incentivar ou reduzir o valor da comissão a ser paga para o vendedor, a realidade é que prevalece a pouca ênfase dada pela maioria das empresas sobre a efetiva contribuição que cada serviço vendido traz para a organização. De acordo com Bornia (2002) a utilização dos custos para auxiliar o processo decisório é importantíssimo. Um conjunto de instrumentos denominado análise de custo-volume-lucro, fornece as informações necessárias a respeito da influência dos custos no lucro. Para efeitos deste trabalho serão estudados dois instrumentos básicos: a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio. A margem de contribuição é a resultante das vendas subtraída dos custos e despesas variáveis, conforme fórmula demonstrada a seguir. Ela representa a parcela do preço de venda que esta sobrando para cobrir os custos e despesas fixas, bem como para a geração do lucro por produto vendido. Margem de contribuição unitária = Preço de Venda - Custos e Despesas Variáveis Outro conceito importante, relacionado à margem de contribuição, diz respeito ao cálculo da razão de contribuição, que representa igualmente à parte de vendas que cobrirá os custos e despesa fixas e originará o lucro, porém em termos percentuais. Razão de contribuição = Margem de contribuição unitária / preço de venda A Tabela 4 apresenta os resultados da margem de contribuição e da razão de contribuição, bem como os dados necessários para o cálculo do ponto de equilíbrio monetário e físico. Serviços Radiologia Receita R$ Participação Laboratório 17.500,00 R$ 38,38% Endoscopia 17.100,00 R$ 37,50% TOTAL 11.000,00 R$ 24,12% 45.600,00 100,00% Custos variáveis R$ 4.550,00 R$ 4.980,00 R$ 2.950,00 R$ 12.480,00 Despesas variáveis R$ 1.050,00 R$ 1.200,00 R$ 1.250,00 R$ 3.500,00 Margem de contribuição R$ 11.900,00 R$ 10.920,00 R$ 6.800,00 R$ 29.620,00 Margem de contribuição (%) 68,00% 63,86% 61,82% 64,96% Custos fixos R$ 3.900,00 R$ 3.900,00 Despesas fixas R$ 2.500,00 R$ 2.500,00 Preço de venda R$ 250,00 R$ 285,00 R$ 220,00 Fonte: o autor Tabela 4: Dados para cálculo do ponto de equilíbrio Analisando os números obtidos pode-se perceber que os serviços de “Radiologia” e de “Laboratório” apresentam margens de contribuição bem próximas. O serviço de “Endoscopia” revela a menor margem de contribuição. Ao utilizar a razão de contribuição pode-se perceber que há, praticamente, um equilíbrio entre os produtos. Isso demonstra uma certa estabilidade, entre os serviços, no que se refere ao custeamento dos custos e despesas fixas. ENEGEP 2005 ABEPRO 1989 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 O ponto de equilíbrio revela o nível de vendas em que o lucro é igual a zero. É calculado por meio das seguintes fórmulas: Onde: Qo = CDF/MCU Qo = ponto de equilíbrio em unidades físicas Ro = ponto de equilíbrio em unidades monetárias CDF = custos e despesas fixas Ro = CDF/RC MC = margem de contribuição unitária RC = razão de contribuição Ro = Qo x P P = preço de venda Inicialmente calcula-se o ponto de equilíbrio monetário global (Tabelas 5): R$ Ponto de equilíbrio em a) Custo fixo unidades monetárias b) Despesa fixa R$ ((a+b)/c) c) Razão de contribuição 3.900,00 2.500,00 R$ 9.852,81 0,6496 Fonte: o autor Tabela 5: Ponto de equilíbrio em unidades monetárias global Em seguida verifica-se o ponto de equilíbrio monetário por serviços (Tabela 6): Serviços PE em unidades monetárias total Participação Radiologia 0,3838 Laboratório 0,3750 Endoscopia 0,2412 Total R$ 1,0000 9.852,81 PE em unidades monetárias R$ 3.781,23 R$ 3.694,80 R$ 2.376,77 R$ 9.852,81 Fonte: o autor Tabela 6: Ponto de equilíbrio em unidades monetárias por serviço Em seguida calcularam-se os pontos de equilíbrio físico global e por produtos (Tabela 7): Serviços PE em unidades monetárias Preço de venda unitário PE em unidades físicas PE em unidades físicas (ajustado) Radiologia R$ 3.781,23 R$ 250,00 15,12 15 Laboratório R$ 3.694,80 R$ 285,00 12,96 13 Endoscopia R$ 2.376,77 R$ 220,00 10,80 11 Total R$ 9.852,81 38,89 39 Fonte: o autor Tabela 7: Ponto de equilíbrio em unidades físicas Analisando os números obtidos pode-se perceber que o serviço “Endoscopia” apresentou-se bastante atrativo, uma vez que possui uma margem de contribuição próxima aos serviços “Radiologia” e “Laboratóro”. Todavia, analisando os pontos de equilíbrio monetário e físico verifica-se que a quantidade a ser vendida do serviço “Endoscopia” é a menor. ENEGEP 2005 ABEPRO 1990 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 É possível argumentar que o serviço “Endoscopia” possui uma representatividade de venda menor do que os demais produtos. Entretanto, a sua performance é fruto de uma participação dos custos e despesas variáveis próxima dos demais produtos. O serviço “Radiologia” apresenta uma participação de 32% (trinta e dois por cento), o serviço “Laboratório” revela um comprometimento de 36% (trinta e seis por cento), enquanto que o serviço “Endoscopia” demonstra um valor de 38% (trinta e oito por cento). 5. Considerações finais Por meio deste trabalho explanou-se que o custeio variável pode vir a ser um instrumento de gestão que auxilie os hospitais privados na avaliação dos resultados dos serviços ofertados na área de diagnóstico. Buscou-se durante o artigo demonstrar que a análise dos custos hospitalares apresenta-se como uma ferramenta gerencial que visa proporcionar a melhoria do desempenho organizacional, por meio do fornecimento da informação necessária para o processo decisório. É fundamental que os sistemas de custos se direcionem não só para o auxílio, mas para a participação ativa, compondo o leque de ferramentas utilizadas pelas empresas que pretendem ser competitivas. Para tanto, o pessoal envolvido com o projeto, a implantação, a execução e o controle de sistemas de custos deve conhecer, com detalhes, de que forma surgem os custos e para que serão utilizadas as informações geradas. Isto só é possível se os envolvidos entenderem profundamente os processos de negócio. Como se pode verificar as análises dos números podem levar os gestores a inúmeras conclusões e percepções dos negócios da empresa. A simulação exposta teve dois objetivos. O primeiro foi à apresentação da ferramenta. O segundo foi à demonstração do potencial analítico que o método possui. É importante ressaltar que o custeio variável reveste-se em um método simples que necessita apenas que o setor contábil, com o apoio das demais aéreas, seja organizado para fornecer as informações necessárias aos gestores. Referências ANTHONY, R.N. & GOVINDARAJAN, V. (2001) - Sistemas de controle gerencial. São Paulo. Atlas.BORNIA, AC. (2002) - Análise gerencial de custos. Porto Alegre. Bookman.FALK, J.A. (2001) - Gestão de custos para hospitais. São Paulo. Atlas. GARRISON, R.H. & NOREEN, E.W. (2001) - Contabilidade gerencial. 9ª ed. Rio de Janeiro. LTC.GOMES, J.S. & SALAS, J.M.A. (1997) - Controle de gestão: uma abordagem contextual e organizacional. São Paulo. Atlas. GUNASEKARAN, A.; WILLIAMS, J. & MCGAUGHEY, R. (2003) - Performance measurement and costing system in new enterprise. Journal Technovation, USA, Vol 25, p. 523-533.HORNGREN, C.T.; FOSTER, G. & DATAR, S.M. (2000) - Contabilidade de custos. 9ª ed. 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