MODELO INTEGRADO DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA EMPRESA: CONCEITOS ECONÔMICOS E ADMINISTRATIVOS QUE FUNDAMENTAM OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO CORPORATIVOS - Apresentação geral e análise das bases concretas sobre as quais se assentam os processos de produção, processamento e difusão controlada das informações no interior das organizações Prof. Luiz Antonio T. Vasconcelos (Vasco) – Instituto de Economia – Unicamp Economia das Empresas Economia Industrial e Tecnologia Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 1 Síntese do processo de Gestão (1) Fundamento essencial: sustentabilidade dinâmica do processo de geração e apropriação do lucro a partir da posição ocupada no espaço competitivo Assim, a arquitetura do modelo deve estar assentada nas variáveis e indicadores que afetam, em última instância, as dimensões sustentáveis da taxa de lucro (rentabilidade) efetiva do Capital, tais como a margem de lucro (lucratividade) das Vendas, a rotação (produtividade) dos Recursos Produtivos Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 2 Ilustração da Taxa de Lucro e sua decomposição inicial MARGEM LAJI / RT TAXA DE LUCRO LAJI / KT ROTAÇÃO RT / KT LAJI = Lucro Total KT = Capital Total RT = Receita Total Capital Total = Conjunto dos Recursos Produtivos Utilizados Receita Total = Conjunto de Produtos e Clientes Lucro Total = Próprio, de Terceiros e Social Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 3 Síntese do processo de Gestão (2) - A taxa de lucro é resultado de ações concretas executadas a partir de planejamento prévio e submetidas, posteriormente, a processo crítico de avaliação. - Dessa forma, o modelo deve contemplar a produção das informações essenciais para todas as etapas do processo de gestão empresarial estratégica (planejamento, execução e avaliação dos resultados) em todos os compartimentos relevantes da organização, de forma a garantir sua unicidade (base de dados unificada), integridade e confiabilidade (base de dados responsabilizada setorialmente). Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 4 Ilustração dos tempos e ferramentas de Gestão Tempo Prévio Investigação,Concepção, Projeto Planejamento Estratégico Plano de Negócios Pesq & Desenv Plan & Contr Resultado Tempo Real Operações - Ações Efetivas (Prod, Vendas,Distrib) Produção Geração e Apropriação Excedente (ciclos operacionais) Tempo Futuro Avaliações Análises Avaliação de Resultados e Parâmetros de Ajuste [ Tempo "Futuro" ] [ Tempo "Real" ] [ Tempo "Prévio" ] Ajustes e Correções Efetivação de Alterações Projeto Alterações Estratégicos Operações - Ações Operacionais Ciclo de vida da Fração do Capital (da "Empresa" ou do "Investimento") Ciclo de Vida da Tecnologia 1 Ciclos de Vida dos produtos 1, 2, ..., pt1 Ciclo de Vida da Tecnologia 2 Ciclos de Vida dos produtos 1, 2, ..., pt2 C. V. Tecnologia 3 C. V. produtos 1, 2, ... pt3 ----- > Linha de Tempo ---> Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 5 Ilustração dos tempos e ferramentas de Gestão (2) Sistema de Planejamento Estratégico (PN, PCR, P&D Produto) Tempo "Prévio": Investigação, Concepção (Negócio, Projeto, Operações) Plano de Negócios (PN) Oportunidade Necessidade Pesq. Desenv. Produto Mercado Segmento Mercado Concorrência Estratégia "Análise do Investimento" Pesq & Desenv (Prod. e Tecno.) Nec.& Oport. Ajuste Estratégico ao Processo Inovador - Incremental / Radical - Proprietário / Não Ritmo de Geração de Novos Produtos: Intenso em mercados inovadores Operações efetivas de Desenvolvimento Planejamento e Contr. do Resultado (PCR) Planejamento e Controle das Vendas Planejamento e Controle da Produção Planejamento e Controle Compras e Utilização de Insumos em Geral Planejamento e Controle de Custos: Estrutura, Nivelamento, etc. Planejamento e Controle dos Investimentos Capital Fixo e Circulante Implantação Planejamento e Controle do Fluxo de Caixa Avaliação dos Resultados Montante, Margem e Taxa de Lucro (Total, Próprio e Terceiros), Margem de Contribuição, etc. Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 6 Ilustração dos tempos e ferramentas de Gestão (3) – Sistema de Produção – Tempo “Real” Planejamento e Controle de Produção Determinação das metas quantitativas para o “mix” de produção, ou seja, elaboração dos programas de produção consolidados, a partir das vendas efetivas e, dependendo do regime de produção adotado, das vendas previstas, incluindo a previsão dos estoques de Produtos Acabados Planejamento e Controle das Compras e da Utilização de Matérias Primas e Insumos em geral Determinação das metas quantitativas de aquisição de suprimentos de insumos materiais, a partir dos programas de produção estabelecidos e conforme o regime de produção vigente. As quantidades a serem adquiridas (para utilização plena ou estocagem parcial e temporária no período) são obtidas através da "explosão" da quantidade produzida feita a partir dos respectivos requerimentos unitários de insumos materiais dos produtos da empresa. Ou seja, a quantidade total a ser produzida de cada produto no período "explode" a quantidade de insumos materiais de cada tipo e em seguida, consolida-se o volume de insumos materiais a ser adquirido por tipo Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 7 Ilustração dos tempos e ferramentas de Gestão (4) – Sistema de Produção – Tempo “Real” Planejamento e Controle de Custos Custos Variáveis Totais Determinação dos valores monetários unitários dos gastos com insumos materiais, mão de obra direta, insumos energéticos e com outros recursos variáveis utilizados no processo produtivo e "explosão" dos respectivos custos variáveis totais referentes ao "mix" de produtos produzidos e vendidos no período. Determinação das taxas de custos diretos de vendas (p.ex., comissões e fretes) e de tributação (p.ex. ICMS, IPI, PIS e COFINS) e cálculo do seu valor monetário a partir do valor da receita do período. Custos Fixos Totais Determinação dos valores monetários com gastos em depreciação e em despesas administrativas (geral, de produção, de vendas e de distribuição) e financeiras e consolidação do total de despesas fixas do período de planejamento (ou seja, determinação da "carga estrutural de custos"). Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 8 Ilustração dos tempos e ferramentas de Gestão (5) – Sistema de Produção – Tempo “Real” Planejamento e controle dos Investimentos em Capital de Giro. (Fluxo de despesas nos ciclos produtivos e comercial, estoques, etc.) Determinação dos requerimentos de capital de giro para o período, a partir dos fluxos de custos e despesas e dos prazos relacionados ao ciclo produtivo (prazo médio de produção), ao ciclo de comercialização (prazo médio de recebimento das vendas), ao pagamento de agentes (fornecedores, governo, empregados, etc.) e aos estoques programados conforme os requisitos do regime de produção utilizado. Planejamento e Controle do Fluxo de Caixa Determinação do fluxo de caixa do período a partir da projeção das entradas e saídas relacionadas ao recebimento das vendas e ao pagamento das compras e demais despesas e custos efetuadas no período. Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 9 Ilustração dos tempos e ferramentas de Gestão (6) – Sistema de Avaliação de Resultados e Proposição de Ajustes Estratégicos – Tempo “Futuro” Lucratividade Margem de Lucro Lucro / Vendas Sistema de Avaliação de Resultados Rentabilidade Taxa de Lucro Lucro / Capital Lucro do Produto Produtividade Rotação do Capital Vendas / Capital Rotação do K Fixo Vendas / K Fixo Margem de Contribuição = Receitas - Custos Variáveis Recursos Líquidos Liberados (EBITDA) (Lucro Total antes de subtrair os juros o Imposto de Renda, a Depreciação e a amortização dos Ativos Diferidos) Lucro Total Taxa Total LAJI / KT Rotação do K Giro Vendas / K Giro Juros os Lucros de Terceiros Taxa de Lucro Terceiros (tx de juros) Rotação do Capital de Terceiros (Juros Pagos pela utilização Juros / Kg terceiros Vendas / KGiro Terc. Taxa Própria Lp / Kp Rotação do Capital Próprio Vendas / K próprio (Lucro antes de Subtrair os juros e o I. Renda) Lucro Tributável (Lucro Total subtraídos os Custos Financeiros ou Custos do Capital de Giro de Terceiros) de K Giro de Terceiros) Lucro Líquido ou Próprio ou Lucro Líquido Renda e a Contribuição Social) Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 10 O tempo no processo de Gestão Estratégica: ciclos relevantes - Antecedentes: o tempo prévio e o processo de planejamento - Ciclo da tecnologia: planejamento, desenvolvimento, teste, aplicação, descarte/substituição/derivação (LP) - Ciclo do produto: planejamento, desenvolvimento, produção, descarte (MP e LP) - Ciclo operacional: planejamento, processo de produção, vendas, distribuição e fluxo de caixa (CP) Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 11 Síntese do processo de Gestão (3) Em suma: as condições de sustentação dinâmica da taxa de lucro dependem da articulação de um conjunto amplo de fatores: a) No plano da inserção da empresa no mercado: visão de sua rede relações com uma grande variedade de agentes econômicos b) No plano intracorporativo: visão das relações entre os vários compartimentos decisórios e/ou operacionais que condicionam as possibilidades concretas de produção de informações de qualidade, compartilhadas ou não. Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 12 Ilustração dos compartimentos relevantes de Gestão – Relações em rede e intracorporativas (1) CUSTOS FIXOS CF 1. Padrão Tecnológico: grau de exigências do padrão de concorrência e inserção da empresa 2. Estrutura organizacional: grau de complexidade funcional e decisória CUSTOS TOTAIS CT = CF + CV EXCEDENTE PRODUTIVO LAJI = RT - CT MARGEM LAJI / RT vi 3. Especificação de: produtos, processos, etc. 4. Insumos materiais: volumes e qualidade 5. Insumos energéticos: volumes e qualidade 6. Relações c/ trabalhadores: qualificação e pol. Salarial 7. Comissões, fretes, impostos QPi 8. Regime de produção: programado ("empurrado") ou sob pedido ("puxado" pelas vendas) 9. Política de estocagem: garantia de suprimento CUSTOS VARIÁVEIS CV = Somatória (vi * QPi) PREÇO DE VENDA DO PRODUTO i PVi RECEITA TOTAL RT = Somatória (Qvi * Pvi) QUANTIDADE VENDIDA QVi 10. Política de custeio unitário: Políticas e Sistemas de Custeio, ciclos de vida dos produtos, etc. 11. Grau autonomia p/ fixar preço: inserção da empresa 12. Estrutura de mercado: grau de competitividade 13. Forma de inserção: líder, seguidora, etc. 14. Padrão de concorrência: concentração, barreiras, etc. 15. Estratégia de "marketing": Clientes e Midia 16. Sistema de vendas: organização do esforço interno Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 13 Ilustração dos compartimentos relevantes de Gestão – Relações em rede e intracorporativas (2) PREÇO DE VENDA DO PRODUTO i PVi RECEITA TOTAL RT = Somatória (Qvi * Pvi) QUANTIDADE VENDIDA QVi ROTAÇÃO RT / KT 10. Política de custeio unitário: Políticas e Sistemas de Custeio, ciclos de vida dos produtos, etc. 11. Grau autonomia p/ fixar preço: inserção da empresa 12. Estrutura de mercado: grau de competitividade 13. Forma de inserção: líder, seguidora, etc. 14. Padrão de concorrência: concentração, barreiras, etc. 15. Estratégia de "marketing": Clientes e Midia 16. Sistema de vendas: organização do esforço interno 17. Capacidade de investir em inovações 18. Exigências do padrão tecnológico 19. Ritmo de obsolescência do "mix" tecnológico CAPITAL FIXO KF CAPITAL TOTAL ENTRADAS E KT = KF + KC DESEMBOLSOS 20. Fluxos de Receitas/Despesas (em moeda $) PRAZOS 21.Ciclos (prazos): produção, recebimento das vendas, pagamentos das despesas e custos, etc. ESTOQUES 22. Insumos, Produtos, componentes, partes, peças, etc. (garantia de suprimento e minimização de custos) CAPITAL CIRCULANTE KC Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 14 Exemplos de questões críticas de Gestão: Ilustração de demandas de informação por parte de um Sistema Integrado de Informações para Gestão Estratégica das Empresas – SIIGEE (ERP) (1) 1. Grau de consecução de metas de mercado e de resultados, associadas a produtos e períodos: participação no mercado do produto A; Volume de Vendas Regionais do Produto A; Lucratividade efetiva do Produto A, no segmento S ou no cliente C da região R, etc. 2. Grau de obtenção das metas de utilização dos recursos produtivos, associadas a atividades, processos e períodos: volume de produção, nível de ocupação da capacidade instalada por máquina, por sistema de produção, etc. Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 15 Exemplos de questões críticas de Gestão: Ilustração de demandas de informação por parte de um Sistema Integrado de Informações para Gestão Estratégica das Empresas – SIIGEE (ERP) (2) 3. Grau de obtenção dos objetivos relacionados ao uso de recursos financeiros de terceiros para financiar o capital de giro: determinação dos custos financeiros, determinação dos recursos financeiros líquidos liberados, planejamento do período de substituição dos recursos de terceiros, etc. 4. Em suma: Estruturar os recursos da empresa e fundamentar roteiros decisórios completos nos diversos momentos relevantes: planejamento, implementação-avaliação tática, obtenção dos resultados, avaliação estratégica. Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 16 Principais componentes do SIIGEE (ERP) Estrutura típica de fucionamento de um sistema ERP (DAVENPORT, 1998) in Sistemas ERP (NUMA - Núcleo de Manufatura Avançada [email protected], 11/02/99) Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 17 Principais impactos da implementação de SIIGEE na gestão das empresas (1) 1. Estabelecimento de uma base efetiva de geração de 2. 3. informações, unificada e integrada, que permite otimizar a qualidade e o ritmo das decisões em todos os níveis, compartimentos e tempos de gestão Esta unificação e integração, em geral, não é construída de forma original, ou seja, as empresas não “nasceram” dotadas dessa ferramenta. Dessa forma, pode-se falar que antes de uma integração o que se assiste nas empresas que adotam os SIIGEE é um processo de “desfragmentação”, que implica na substituição de “vários sistemas de informação”, por um único e integrado. Integrar estruturas pré existentes que exigem mudanças radicais para se adaptar aos novos formatos de relações impostos pelos novos sistemas, portanto, é radicalmente diferente de criar novas estruturas integradas Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 18 Principais impactos da implementação de SIIGEE nas empresas (2) 4. Os efeitos, contudo, podem sugerir que ambos processos sejam semelhantes, pois impactam as relações de trabalho e emprego no mesmo e complexo sentido: num caso – a empresa que “nasce integrada” – há exclusão “antecipada” de potenciais ocupantes de postos de trabalho que sequer são criados; noutro caso – empresas “reestruturadas” – eliminam-se postos de trabalho e há o deslocamento/afastamento de um grande número de pessoas de seus empregos produtivos ou altera-se fortemente qualidade e a intensidade de ocupação dos que permanecem na nova estrutura Modelo Integrado de Gestão: base conceitual dos SIIGEE's Cenpra junho 2003 - Prof. Vasco 19