VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém - PA – Brasil ______________________________________________________ Diagnóstico da Olericultura na Comunidade de Iracema, Castanhal/PA Vanessa Monteiro da Rocha (EMATER-PARÁ) Médica Veterinária, Extensionista Rural I [email protected] Edilberto Sanches Marcuartú (EMATER-PARÁ) Eng. Agrônomo, Extensionista Rural I [email protected] Carlos Eduardo de Lima Costa (EMATER-PARÁ) Téc. agropecuário, Extensionista Rural II [email protected] Daniel Diniz Silva (EMATER-PARÁ) Zootecnista, Extensionista Rural I [email protected] Elvis R. da Silva Carvalho (EMATER-PARÁ) Téc. Agrícola, Extensionista Rural II [email protected] Maximiniano J. Costa de Brito (EMATER-PARÁ) Téc. Agrícola, Extensionista Rural II [email protected] Resumo Com a finalidade de diagnosticar as principais propriedades olerícolas que fornecem produtos para os grandes supermercados e feiras livres da cidade de Belém/PA e região metropolitana, desenvolveu-se está pesquisa na comunidade de Iracema, Castanhal/PA, que é uma das maiores produtoras de hortaliças do estado. A pesquisa ocorreu no período de novembro de 2011 a janeiro de 2012, através de observação direta, aplicação de questionário semi-estruturado aos produtores e georreferenciamento da área produtiva. Este levantamento possibilitou caracterizar 21 agricultores e suas propriedades. A análise dos resultados demonstrou que em relação aos tipos de hortaliças produzidas, 85,71% produzem hortaliças folhosas, 80,95% hortaliças frutos e 19,04% hortaliça raízes. Dentre as pragas que mais acometem estas culturas destacou-se: paquinha (80,95%), embuá (57,14%), lesma (47,62%) e lagarta (30,09%). Dentre os agrotóxicos mais usados destacou-se: o Decis 25 CE (28,57% dos entrevistados) e o Roundup (23,80%). A maioria dos agricultores, não usa a dosagem adequada (66,66%), não respeita a carência do produto (71,42%), o intervalo entre as aplicações (80,95%) e nem utiliza o produto apropriado a cultura e praga (90,47%). A maior parte dos agricultores (85,71%) descartam os vasilhames na própria propriedade. Outro fato preocupante, é que nenhuma das pessoas que manipulam estas substâncias químicas utiliza EPIs (Equipamento de Proteção Individual) adequados. Desta forma, acreditamos que em função da natureza multifacetada do problema do uso abusivo de agrotóxicos na comunidade de Iracema, deve ser realizada urgentemente uma ação multissetorial e interdisciplinar de médio a longo prazo para reduzir os impactos negativos destas substâncias. Palavras-chave Agrotóxicos, hortaliças, saúde pública, contaminação ambiental. 1. Introdução Olericultura é a denominação dada ao cultivo de algumas plantas de consistência herbácea, de ciclo curto e de tratos culturais intensivos, cujas partes são comestíveis. Como exemplo cita-se tomate, batata, alface, couve, pepino, etc. (SCHENKEL, 1995). Conforme Filgueira (1981), as características mais marcantes da olericultura são o caráter intensivo quanto à utilização do solo, aos tratos culturais, à utilização da mão de obra e à modernização dos insumos agrícolas. As hortaliças possuem alto valor nutritivo, são ricas em vitaminas e sais minerais, podendo ser consumidas cruas ou cozidas, como complemento alimentar. O consumo diário de hortaliças é de fundamental importância para o homem, pois seus nutrientes garantem o bom funcionamento do organismo, sendo responsáveis por: promover o crescimento, fornecer energia para o trabalho, regulara e manter o bom funcionamento dos órgãos, além de aumentar a resistência a doenças (CFR, 2008). A grande diversidade de espécies e a existência de diferentes condições edafoclimáticas no Brasil permitem que no país se produzam hortaliças durante o ano todo, desde que se atendam as exigências climáticas de cada espécie e cultivar (MAKISHIMA, 2001). No entanto, como qualquer atividade agrícola, as olerícolas estão sujeitas ao ataque de pragas e doenças, e um dos meios mais utilizados pelos agricultores para combatê-las são os agrotóxicos (CASTRO & CONFALONIERI, 2004). Os agrotóxicos são substâncias químicas naturais ou sintéticas, utilizadas para matar, controlar ou combater de algum modo as pragas, doenças e ervas invasoras das lavouras. Os agrotóxicos são um dos meios mais utilizados pelo ser humano para exercer o controle sobre os agroecossistemas (MARTINS JR, 2002). Em virtude disso, os agrotóxicos estão entre os mais importantes fatores de risco para a saúde dos trabalhadores e para o meio ambiente. Utilizados em grande escala por vários setores produtivos e mais intensamente pelo setor agropecuário, excedendo em muito aquilo que comumente se reconhece (SILVA et al, 2006). Devendo-se destacar que não só os trabalhadores rurais estão expostos aos agrotóxicos, mas também os da saúde pública, de empresas desinsetizadoras, de transporte, comércio e indústria de síntese. Ressalte-se ainda, que a população em geral também está exposta, seja através de resíduos em alimentos, de contaminação ambiental ou acidental (SILVA et al., 2006). A Mundial da Saúde (1994), estima que ocorram no mundo cerca de três milhões de intoxicações agudas por agrotóxicos com 220 mil mortes por ano. Dessas, cerca de 70% ocorrem em países do chamado Terceiro Mundo. Além da intoxicação de trabalhadores que tem contato direto ou indireto com esses produtos, a contaminação de alimentos tem levado a um grande número de intoxicações e mortes (TRAPÉ, 1993). De acordo com dados de 2007, do Sistema Nacional de Informações TóxicoFarmacológicas (Sinitox), 28% dos mais de 8 mil casos de contaminação estão relacionados a circunstâncias profissionais. A Sinitox também registrou 19 mil casos de intoxicação por agrotóxico no país (CARRANO, 2011). Aliado a estes problemas de saúde pública, está a deficiência de informação e a notificação de intoxicações agudas produzidas por agrotóxicos, devido à precária assistência médica na área rural e à semelhança dos sintomas de intoxicação por agrotóxicos com os de outras doenças, segundo o Ministério da Saúde (1997). Mas, além das intoxicações agudas, a exposição ocupacional e/ou ambiental também pode causar uma serie de problemas de saúde, conhecida como intoxicação crônica. Estas podem se manifestar de varias formas, tais como: problemas ligados à fertilidade, indução de defeitos teratogênicos e genéticos, câncer, conforme foi revisto por Alavanja et al. (2004). Também são relatados efeitos deletérios sobre os sistemas nervoso, respiratório, cardiovascular, genitourinário, gastro-intestinal, pele, olhos, além de alterações hematológicas e reações alérgicas a estas substâncias (SILVA et al., 2006). De acordo com informações do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindage), mais de um bilhão de litros de agrotóxicos foram jogados nas lavouras brasileiras na última safra, e estima-se um crescimento de até 8% na próxima. Em função disso, o Brasil está em primeiro lugar no ranking dos países que mais usam agrotóxicos no mundo. Para se ter uma ideia da dimensão, é como se cada brasileiro consumisse, ao longo do ano, cinco litros de veneno. A sociedade não tem conhecimento dos estudos que mostram as consequências do uso intensivo dos agrotóxicos no solo, na água, no ar e nos alimentos que consumimos e até mesmo das graves consequências na saúde da população (AUGUSTO, 2011). Na pesquisa de Tinoco-Ojanguren & Halperin (1998), eles observaram que no México os produtores rurais de subsistência apresentavam níveis menores de colinesterase sangüínea, indicando maior exposição aos inseticidas organofosforados do que os que adotavam outros sistemas de produção agrícola. Assim como, Guillette et al. (1998) constataram uma redução na capacidade mental, bem como um incremento do comportamento agressivo de crianças mexicanas de 4 a 5 anos de idade expostas aos agrotóxicos, em áreas de uso intensivo desses produtos (mais que 45 aplicações anuais). Já Araújo et al. (2000), estudaram as práticas de uso de agrotóxicos em plantadores de tomate de duas localidades do Estado de Pernambuco. Em uma das localidades, observaram que as embalagens vazias dos produtos não tinham um destino estabelecido previamente (44,5%): ou eram enterradas no próprio local (37%) ou eram armazenadas para queima posterior (18,5%). Na Km da capital do estado do Pará. Está agrovila tem como principal atividade agrícola a produção de olerícolas, o que a torna uma das maiores produtoras da região. A pesquisa ocorreu no período de novembro de 2011 a janeiro de 2012, através de observação direta, aplicação de questionário semi-estruturado aos produtores e georreferenciamento da área produtiva. A combinação dessas metodologias permite a investigação das práticas de uso dos agrotóxicos, dos impactos causados na saúde e no ambiente, associando-os com dados subjetivos da percepção que a comunidade pesquisada tem sobre essas práticas. As visitas foram realizadas diariamente por uma equipe multidisciplinar do escritório local da EMATER-PARÁ de Castanhal. Os questionários foram divididos em oito segmentos para melhor compreensão do objeto de estudo: identificação do olericultor, situação fundiária, atividade econômica, identificação da propriedade, insumos utilizados, mão de obra, comercialização e informações socioeconômicas. Foram preenchidos 21 questionários semi-estruturados no próprio estabelecimento rural, assim como, realizou-se o georreferenciamento da área produtiva com olerícolas de cada propriedade, perfazendo um total de 24 áreas. 3. Resultados Analisando o perfil dos entrevistados, verificamos quanto à escolaridade, que 4,76% são alfabetizados, 53,38% estudaram o ensino fundamental incompleto, 14,28% ensino fundamental completo, 9,52% o ensino médio incompleto e 18,06 % estudaram o ensino médio completo. No que se refere a questão fundiária, 100% dos produtores eram os proprietários da terra. No entanto, apenas 60% apresentam o título definitivo, o restante tem somente a posse mansa e pacífica da terra. A maioria das áreas pesquisadas (76,20%) apresentavam características próprias da agricultura familiar, já o restante 23,80% são grandes latifundiários, que inclusive compram a maioria da produção dos pequenos produtores. Quanto a infra-estrutura das propriedades pesquisadas, observou-se que 100% tem fonte de energia elétrica advinda da concessionária de Rede Celpa. Assim como, 80,95% das propriedades têm o sistema de abastecimento de água provindo de poço semi-artesiano, 19,04% de rios ou igarapés e 0,01% água encanada. Em relação aos tipos de hortaliças produzidas, 85,71% produzem hortaliças folhosas, 80,95% hortaliças frutos e 19,04% hortaliça raízes. As principais formas de comercialização dos produtos são em maços ou em basquetas de 20 Kg. No quadro 1, encontram-se as especificações de cada tipo de hortaliça cultivada nas propriedades, assim como sua produtividade. Quadro 1 – Produtividade das olerícolas cultivadas nas propriedades de Iracema, Castanhal/PA. Espécie Produtividade Média Percentual de Produtores Feijão verde 2.251,3 maços/mês 47,62% Agrião 1.183,33 maços/mês 14,28% Mostarda 1.350 maços/mês 9,52% Salsa 9.600 maços/mês 19,04% Rúcula 23.100 maços/mês 9,52% Vinagreira 1.200 maços/mês 4,76% Cebolinha 4.172 maços/mês 61,9% Alface 69.492 maços/mês 57,14% Coentro 15.696 maços/mês 61,9% Couve 9.326 maços/mês 47,62% Caruru 2.187 maços/mês 33,33% Jambu 16.225 maços/mês 19,04% Hortelã 1.500 maços/mês 4,76% Espinafre 7.531,25 maços/mês 19,04% Manjericão 1.000 maços/mês 9,52% Mastruz 1.150 maços/mês 9,52% Chicória 6.666,66 maços/mês 14,28% Maxixe 2.774,16 Kg/mês 28,57% Pimenta 859,80 Kg/mês 23,81% Pimenta verde 1.450,6 Kg/mês 47,62% Abóbora 1.753,33 Kg/mês 23,81% Quiabo 1.421,46 Kg/mês 42,85% Vagem 1.923 Kg/mês 19,04% Pepino 2856 Kg/mês 42,85% * Percentual de produtores que produzem cada espécie olerícola. * Todos os produtores utilizam algum tipo de irrigação na plantação, sendo que a maioria, 71,42%, utiliza o tipo santeno, como pode ser observado na figura 1. Figura 1 – Propriedade olerícola com utilização de irrigação do tipo santeno. Na figura 2 pode-se observar uma das áreas produtivas que foram georreferenciadas nesta pesquisa. Figura 2 – Área cultivada com olerícolas na comunidade de Iracema. Quando questionados a respeito do uso de material orgânico na olericultura, 100% responderam que utilizam cama de frango. Destes 42,85% usa também uréia, 4,76% esterco bovino, 4,76% esterco de frango e 4,76% biofertilizantes. Além de material orgânico, também fazem uso de adubo químico, como o NPK, a uréia e vários tipos de adubo foliar. Dentre as pragas que mais acometem as olerícolas, os produtores relataram as seguintes: paquinha (80,95%), embuá (57,14%), lesma (47,62%) e lagarta (30,09%). Para combater estas pragas 100% dos produtores usam agrotóxicos. Dentre as variedades usadas destacou-se: o Decis 25 CE, com uma percentagem de 28,57% dos entrevistados, que é um inseticida pertencente ao grupo dos piretróides, de classe toxicológica II e de classificação do potencial de periculosidade ambiental I. O segundo produto mais utilizado foi o Roundup (23,80%), herbicida, derivado de glicina, classe toxicológica e ambiental III, devendo-se destacar que este produto não é indicado para olerículas. Além destes, foram encontrados durante as pesquisas de campo, 14 nomes de produtos comerciais empregados no controle de pragas, como pode ser observado na tabela 1. Tabela 1 – Agrotóxicos utilizados pelos produtores de olerícolas. Nome comercial Percentual Composição química Tipo de classe de agrotóxico Classe Periculosida toxicológica de ambiental Indicado para cultura Score 4,76% Triazol Fungicida I II Sim Decis 14,28% Piretróide Inseticida II I Sim Roundup 23,81% Glicina Herbicida III III Não Semevin 4,76% Thiodicarb Inseticida II III Não Sevin 4,76% Carbaril Inseticida III II Não Gramoxone 4,76% Bipiridilios Herbicida I I Não Granutox 4,76% Organofosforado Inseticida II II Não Tamaron 9,52% Organofosforado Inseticida/ I II Não 350 BR acaricida Herbadox 14,28% Dinitroanilinas Herbicida II II Não Nutrifix 4,76% Não definido Espalhante IV III Sim adesivo Karate 9,52% Lambdacyhalothrin Inseticida II I Sim Dithane 4,76% Ditiocarbonato Fungicida/ I II Sim IV III Sim acaricida Amistar 4,76% Azoxystrobin Fungicida Ciperprag 9,52% Piretróide Inseticida II I Não Gramocil 4,76% Paraquat + diuron Herbicida II II Não Klorpan 480 9,52% Organofosforado Inseticida I II Não 250 CE EC É importante ressaltar, que todos os produtores foram unânimes em dizer que compram os agrotóxicos sem nenhum receituário agronômico, ou seja, sem nenhuma orientação técnica. Em função deste fato, a maioria dos agricultores, não usa a dosagem adequada (66,66%), não respeita a carência do produto (71,42%), o intervalo entre as aplicações (80,95%) e nem utiliza o produto apropriado a cultura e praga (90,47%). Isso se reflete também no destino das embalagens dos agrotóxicos, pois apenas 42,85% realizam a tríplice lavagem das embalagens. Assim como, a maior parte dos agricultores (85,71%) descartam os vasilhames na própria propriedade. Outro fato preocupante, é que nenhuma das pessoas que manipulam estas substâncias químicas utiliza EPIs (Equipamento de Proteção Individual) adequados. Conforme seus relatos o único equipamento que usam, às vezes, são as máscaras e as botas. O motivo alegado pelos produtores para não usar os EPIs é que a região é muito quente, o material dos macacões é desconfortável ou então por não possuírem dinheiro para compra destes equipamentos. Nas propriedades pesquisadas, todos os produtores utilizam como equipamento mecânico para aplicação dos agrotóxicos, o pulverizador costal manual. Assim como a lavagem deste material, quando feita, é na própria lavoura ou próximo a suas casas, mas nunca em local adequado. Segundo os entrevistados, 75% conhecem alguma pessoa que passou mal utilizando algum tipo de agrotóxico. Dentre os principais sintomas observados, destacou-se tonteira (100%), dor de cabeça (100%), dor na coluna (75%), dor no estômago (45%), tremores (9%) e problemas nos rins (35%). Na produção e colheita, alguns agricultores utilizam apenas a mão de obra familiar (33,33%), outros (14,28%) pagam diaristas e há aqueles (52,38%) que utilizam tanto a mão de obra familiar quanto contratam diaristas. Na tabela 2, estão as respostas referentes às principais dificuldades encontradas pelos produtores para desenvolver está atividade agrícola. Tabela 2 – Principais dificuldades encontradas pelos produtores de olerícolas. Problemática Percentual Área pequena 14,28% Irrigação 9,52% Crédito rural 28,57% Assistência técnica 14,28% Água 19,04% Pragas e doenças 4,76% Insumos 14,28% Transporte 47,62% Baixa remuneração dos produtos 23,81% Estrada 23,81% Mão de obra 14,28% Estes produtos são comercializados nos grandes supermercados de Belém (42,85%), no local para atravessadores que vendem para os supermercados (42,85%), nas principais feiras de Belém e região metropolitana (33,33%), na CEASA (14,28%), na sede do município de Castanhal (14,28%) e em restaurantes populares (4,76%). Assim como, as olerícolas produzidas também fazem parte do cardápio alimentar da família. Deve-se ressaltar ainda, que dos produtores entrevistados, 85,71% já haviam participado de algum evento de capacitação sobre a utilização de agrotóxicos e 76,19% tiveram acesso ao Crédito Rural. 4. Conclusões Os dados obtidos por este trabalho mostram como é grade a facilidade para obtenção de agrotóxicos, o que possibilita seu mau uso nas olerícolas, e consequentemente contaminação humana e ambiental. A falta de acompanhamento técnico sistemático para o melhor assessoramento dos produtores se faz necessário, pois existem muitas práticas culturais e defensivos alternativos pouco agressivos ao meio ambiente e de baixa ou nenhuma toxicidade ao homem, a exemplo do que se pratica na agricultura orgânica, que pode estar sendo repassada aos produtores, visando diminuir o uso abusivo de agrotóxicos. A conscientização dos produtores quanto ao uso de EPIs, dosagem adequada do produto, intervalo de aplicações, tempo de carência, é de suma importância para se avançar nesta questão, pois muitos deles recebem orientação, mas não fazem uso da mesma. Uma maior presença dos órgãos fiscalizadores nas casas agropecuárias e nas propriedades, também ajudaria no controle da venda e do uso destes produtos, pois conforme nossa legislação, os agrotóxicos só poderiam ser vendidos mediante a apresentação do receituário agronômico. Uma melhor capacitação dos profissionais de saúde, para que os mesmo identifiquem melhor os casos de intoxicação, pois muitos dos sintomas apresentados pelos produtores contaminados são semelhantes aos de outras doenças, o que acaba muitas vezes confundindo o profissional e o levando a diagnosticar erroneamente o produtor. Isso ajudaria também a abastecer os sistemas de informações toxicológicas do Brasil, visto que em função disto, muitos destes dados deixam de ser registrados todos os dias. Um estudo nos consumidores destas olerícolas também poderia ser feito, pois os mesmos acabam se contaminando indiretamente, e ao alimentar-se continuamente com hortaliças contaminadas poderão apresentar problemas de saúde futuros. Desta forma, acreditamos que em função da natureza multifacetada do problema do uso abusivo de agrotóxicos na comunidade de Iracema, deve ser realizada urgentemente uma ação multissetorial e interdisciplinar de médio a longo prazo para reduzir os impactos negativos destas substâncias no meio ambiente e no homem. 5. Referências ALAVANJA, M. C. R.; HOPPIN JÁ; KAMEL, F. Health effects of chronic pesticide exposure: cancer and neurotoxity. Annu. Rev. Public Health 25:157-197, 2004. ANWAY, M. D.; CUPP, A. S.; UZUMCU, M.; SKINNER, M. K. Endocrine disrupters trigger fertility problems in multiple generations. Science, vol. 308, n. 5727, pp 1391-1392, 2005. ARAÚJO, A. C. P. et al. Impacto dos praguicidas na saúde: estudo da cultura de tomate. 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