ISSN 0103-4235 Alim. Nutr., Araraquara v.20, n.3, p. 385-390, jul./set. 2009 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE QUATRO CULTIVARES DE SOJA CRUA E SUBMETIDAS A DIFERENTES TRATAMENTOS TÉRMICOS Neila Camargo MOURA* Solange Guidolin CANNIATTI-BRAZACA* Miriam Coelho SOUZA** RESUMO: O trabalho teve por objetivo avaliar as características físicas de quatro cultivares de soja crua e submetidas a diferentes tratamentos térmicos: panela aberta, panela de pressão, autoclave e forno de microondas. As características físicas avaliadas foram densidade, quantidade de água absorvida, tempo de cocção, textura e cor. A densidade foi medida através do deslocamento de água. A medida do tempo de hidratação foi feita de hora em hora, até atingir a quantidade máxima de absorção. A dureza foi avaliada pela medida da força necessária para o cisalhamento. Para avaliar a cor das amostras utilizou-se o colorímetro Minolta, modelo Chroma Meter CR-200 b. A densidade variou de 1,11 a 1,25 g/mL. A avaliação do tempo de hidratação variou de 4 a 6 horas, essa diferença provavelmente ocorreu devido às diferenças na estrutura da casca dos grãos. Todas as cultivares submetidas ao tratamento em panela de pressão e em autoclave apresentaram maior maciez. Todas as cultivares revelaram tendência à cor amarela, cor desejável para grãos de soja. Portanto, todas as cultivares pesquisadas apresentaram características físicas adequadas para a alimentação humana. PALAVRAS-CHAVE: Cor; textura; panela aberta; panela de pressão; autoclave; forno de microondas. INTRODUÇÃO Análise química de alimentos é indispensável, porém sua demora e seu custo elevados sugerem outras tentativas. Em conjunto com as análises químicas podem ser realizadas análises físicas. As análises físicas são de fundamental importância pois servem como parâmetros para avaliar a qualidade do produto. O controle de qualidade vem crescendo devido à facilidade, precisão e pelo seu baixo custo. 14 Os parâmetros de densidade, tempo de hidratação, tempo de cocção, textura e cor da casca são considerados essenciais no desenvolvimento e seleção de cultivares de soja tanto para o consumo in natura quanto para sua industrialização. 20 A aceitabilidade de um grão na dieta humana depende não apenas de sua qualidade nutricional, mas, também, de suas características de cozimento e de hidratação. 4 As características físicas do grão, como a textura e a cor, são muito importantes, pois influenciam sensorialmente e determinam se o alimento será consumido ou não. 2 A densidade aparente (peso da unidade de volume ocupado pelo alimento, ou massa de um volume unitário) guarda uma relação positiva com concentração energética no caso de grãos e de cereais. Quanto maior a densidade do grão maior é a quantidade de óleo que está relacionado com a maior densidade energética do produto. 14 O objetivo do estudo foi avaliar a densidade, o tempo de hidratação, a textura, a cor de quatro diferentes cultivares de soja submetidos a diferentes tratamentos térmicos destinados à alimentação humana. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Bromatologia do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” / USP. As cultivares pesquisadas foram Embrapa 48, BRS 212, BRS 214 e BRS 231, cedidas pela EmbrapaSoja, de Londrina-PR, produzidas na safra de 2003/2004, sendo a colheita realizada nos meses de março e abril de 2004. Todas as cultivares pesquisadas eram provenientes do mesmo local e safra e com as mesmas condições de cultivo. Essas cultivares foram melhoradas através de cruzamento genealógico entre cultivares diferentes. Para a avaliação da densidade aparente e tempo de hidratação, foram utilizados grãos crus. Os testes foram realizados com 3 repetições, com variação não superior a 5% entre as medidas. A densidade aparente foi determinada segundo metodologia descrita por Freitas et al.8 O deslocamento de água provocado por uma massa de grão em uma proveta foi medido imediatamente. O volume do grão foi obtido dividindo o deslocamento pelo número de grãos de soja. Foi utilizado uma proveta com capacidade de 100 mL contendo 50 mL de água destilada e 10 g de soja. Os resultados expressos em g/mL (Equação 1). Densidade = Massa/ Volume Equação 1 * Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Universidade de São Paulo – USP – 13418-900 – Piracicaba – SP – Brasil. E-mail: [email protected]. ** Faculdade de Ciências da Saúde – Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP – 13400-911 – Piracicaba – SP – Brasil. 385 O tempo de hidratação foi determinado de acordo com metodologia sugerida por Morris et al.,12 colocandose 10 g de soja em 50 mL de água destilada à temperatura ambiente, e fazendo a medida de absorção de 1 em 1 hora, até o intumescimento do grão, medido pela estabilização do volume de água. Para a determinação da textura e da cor, os grãos foram deixados sob maceração em água destilada (1:5 p/v) durante 14 horas em temperatura ambiente. Em seguida, os grãos foram cozidos em panela aberta, panela de pressão, autoclave e forno de microondas. Os tempos de cozimento foram determinados quando sua textura atingiu o ponto ideal (al dente), de forma subjetiva, variando de acordo com o método de cocção empregado. O tempo de cocção de cada método entre as variedades estudadas apresentaram diferenças segundo o método empregado. No processo de cocção em panela aberta, os grãos foram cozidos durante 45 minutos conforme metodologia descrita por Carvalho3 na proporção de 1:5 p/v com modificações. A cocção em panela de pressão foi realizada durante 20 minutos, na proporção de 1:4 p/v. Em autoclave, os grãos foram cozidos durante 10 minutos a 121ºC, na proporção de 1:3 p/v. No processo de cocção em microondas, os grãos foram submetidos à radiação no forno de microondas da marca Brastemp modelo BMS 61 F10 durante 25 minutos na potência máxima, na mesma proporção de 1:5 p/v. A firmeza dos grãos foi avaliada objetivamente no “Texture Testing System” (Kramer Shear Press) modelo TP-2 acoplado a um registrador automático de variação de força, operando em célula padrão de compressão de cisalhamento CS-1, com 10 lâminas de 1/8 polegadas de espessura e ângulo 90º. As amostras foram previamente pesadas (aproximadamente 50g) e colocadas na célula teste de tal forma que as laminas das células tivessem ação paralela às amostras. Foi utilizado o sensor em 1000 Lbf (libras-força) e a velocidade de descida do pistão foi de 20 cm/min. O cálculo da firmeza foi realizado através da Equação 2 e os resultados expressos em Lbf/g2. Leitura × fator de posição do sensor eletrôni- Equação 2 co / peso da amostra Para a análise da cor, foi utilizado o colorímetro Minolta CR-200 b, previamente calibrado em superfície branca. Foram avaliados 3 valores do croma: a*, b* e L. O valor de a* caracteriza coloração na região do vermelho (+a*) ao verde (-a*), o valor b* indica coloração no intervalo do amarelo (+b*) ao azul (-b*). O valor L fornece a luminosidade, variando do branco (L=100) ao preto (L=0). Para o cálculo do croma (C), que expressa a medida de cor (Equação 3).7 C= (a2+b2)0,5 O delineamento estatístico foi ao acaso. Foi utilizado o software Statistical Analysis System.18 Foi realizada análise de variância pelo teste F e se significativo teste de Tukey (p≤0,05).15 Foi realizada também a correlação (p≤0,05) entre o peso de 100 grãos e quantidade de água absorvida durante a maceração; entre a densidade e quantidade de água absorvida durante a maceração; entre o peso de 100 grãos e o volume em cm3; entre a textura e o tempo de cocção empregado em cada tratamento e correlação entre a p/v e quantidade de água absorvida durante a hidratação. Para a análise de correlação dos dados utilizou-se o software Microsoft Excel.12 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 estão indicados os valores médios do volume de um grão e a densidade aparente nas quatro cultivares de soja. A cultivar Embrapa 48 apresentou maior resultado para a densidade, diferindo estatisticamente das demais e a BRS 212 o maior volume de um grão. Grãos maiores precisam de maior tempo de cocção, pois necessitam de maior tempo para a temperatura atingir o centro do mesmo, porém outros fatores influenciam no tempo de cocção. A densidade é importante para qualidade do grão já que determina a densidade energética do mesmo. 14 Vieira et al.20 encontraram para o volume de um grão, valores na faixa de 0,12 a 0,17 cm3 em seis cultivares de soja plantados no Brasil. Já para a densidade, esses mesmos autores encontraram valores entre 1,15 a 1,19 g/mL, estando de acordo com os resultados encontrados por Della Modesta & Cabral,6 cujos valores variaram entre 1,14 e 1,18 g/mL. Os resultados encontrados (Tabela 1) para volume de um grão e densidade foram semelhantes. A absorção de água das quatro cultivares de soja em função do tempo de maceração é indicada na Tabela 2. Tabela 1 – Volume de um grão (cm3) e densidade aparente (g/mL) das cultivares de soja. Cultivares Embrapa 48 BRS 212 BRS 214 BRS 231 Volume de um grão(cm3) 0,12b 0,16a 0,13b 0,14b Densidade (g/mL) 1,25 0,01a 1,11 0,01b 1,11 0,01b 1,11 0,01b Letras minúsculas (coluna) diferentes indicam diferenças significativas entre as médias (p≤0,05). 386 Equação 3 Tabela 2 – Volume de água absorvida (mL) pelas cultivares de soja por 10 g de soja. Cultivar 1 2 3 Embrapa 48 BRS 212 BRS 214 BRS 231 7a 7a 6b 4c 9a 9a 8b 6c 11a 11a 9b 7c 4 (horas) 12a 13a 11b 9c 5 6 7 8 13a 14a 12b 10c 14a 14a 13b 13b 14b 16a 13c 13c 14b 16a 13c 13c Média ± desvio padrão. Volume de água absorvida (mL) Letras minúsculas (coluna) diferentes indicam diferenças significativas entre as médias (p≤0,05). 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 tempo Embrapa 48 BRS 212 BRS 214 BRS 231 FIGURA 1 – Volume de água absorvida (mL) X tempo de maceração (horas) por 10 g de soja. A quantidade de água absorvida pelo grão é importante pois está relacionada a qualidade de cocção do grão. De acordo com os dados, observou-se que a menor absorção de água ocorreu nas cultivares BRS 214 e BRS 231 (13 mL após 8 horas de maceração) e a maior absorção de água ocorreu na cultivar BRS 212 (16 mL), seguida pela cultivar Embrapa 48 (14 mL). A diferença encontrada na quantidade de água absorvida pelas cultivares provavelmente ocorreu devido às características da casca e/ou cotilédones das mesmas, já que a estrutura e interações entre os componentes da mesma pode afetar a quantidade de água absorvida. 13 Já Stanley et al.17 relacionaram a quantidade de água absorvida com a cor da cultivar, volume da semente e área do hilo e não com a dureza da casca das sementes. Grãos mais escuros absorveram menos água em relação aos claros, além disso, grãos que apresentam maior volume e maior área do hilo também absorvem mais água, esses fatores colaboram para que o grão seja mais macio e o tempo de cocção seja menor. Já a dureza da casca pode estar relacionada com diferenças na composição química e estrutural do grão que pode influenciar na quantidade de água absorvida. Os dados da Figura 1 indicam que os grãos de soja absorveram água rapidamente durante as primeiras quatro horas, diminuindo sua velocidade até atingir a saturação. A cultivar BRS 231 dobrou de peso, ou seja, atingiu 100% de hidratação após aproximadamente 4 horas e, a cultivar BRS 212 após 5 horas, enquanto que a cultivar Embrapa 48 e BRS 214 atingiram o máximo de hidratação somente após 6 horas de maceração. Estes resultados são semelhantes aos encontrados por Wang et al.,21 que observaram que os grãos de soja absorveram 100% de água após 4,5 horas de maceração a 25°C. O peso médio encontrado para 100 grãos foi de acordo com as cultivares: 15 g para a Embrapa 48; 17,8 g para a BRS 212; 15,3 g para a BRS 214; 15,6 g para a BRS 231.5 Observou-se correlação (r = 0,87) entre o peso e quantidade total de água absorvida pelo grão, também foi observada correlação significativa entre o peso e o volume do grão em cm3 (r = 0,95). Vieira et al.20 observaram correlação significativa ao nível de 5% (r = 0,72) entre o peso de 100 sementes e o volume do grão para seis cultivares de soja estudados, sendo a mesma correlação também verificada por Turatti et al.19 que estudou diversas cultivares de soja provenientes de quatro Estados brasileiros. Além disso, houve correlação significativa (r = 0,83) entre a p/v e o tempo necessário para cozinhar os grãos nos diferentes tratamentos, indicando que a densidade maior implica em maior tempo para cocção. A cultivar BRS 212 apresentou o maior valor para peso de 100 sementes (17,8 g), o maior volume por grão (0,16 cm3) e a maior quantidade de água absorvida durante a maceração (16 mL), concordando com Vieira et al.20 387 que afirmaram que fatores como o tamanho e a cultivar dos grãos de soja podem também afetar a velocidade de absorção de água. A Tabela 3 mostra os resultados para dureza ou firmeza dos grãos em função dos tratamentos térmicos empregados. Os grãos cozidos em panela aberta apresentaram os maiores valores de dureza para quatro cultivares. O segundo tratamento térmico com maior dureza do grão foi o forno de microondas. Os grãos cozidos em panela de pressão e em autoclave apresentaram os menores valores de dureza. O tratamento térmico que empregou a panela de pressão apresentou bons resultados, considerando a diferença estatística apresentada, indicando que pode ser recomendado como um eficiente método de cocção doméstico para esse tipo de grão. De todas as cultivares estudadas, notou-se que a cultivar BRS 231 foi a menos susceptível a todos os tratamentos térmicos empregados, pois apresentou maiores valores de dureza. Os grãos que apresentaram maiores valores de dureza foram aqueles que sofreram o processo de cocção em panela aberta e o forno de microondas. No entanto, a dureza dos grãos pode ser influenciada por outros fatores, além do processo de cozimento, como a cultivar, a época de colheita, a temperatura e tempo de armazenamento. 1 A correlação entre a textura de cada cultivar e o tempo de cocção empregado em cada tratamento foi de 0,82 para a cultivar Embrapa 48; 0,86 para a cultivar BRS 212; 0,79 para a BRS 214 e 0,80 para a BRS 231. O tempo de cocção para cada método foi mantido o mesmo para que fosse realizada comparação entre os cultivares. Cada método de cocção necessita de tempos diferentes para atingir textura ideal, o emprego de pressão diminui o tempo de coc- ção quanto maior a pressão empregada menor o tempo de cocção, como pode ser observado no uso da autoclave em comparação com panela de pressão. Para os métodos que utilizam pressão atmosférica o microondas necessitou de menor tempo para a cocção dos grãos. Os valores de croma, que expressam a medida de cor dos grãos, estão indicados na Tabela 4. Não houve diferença significativa, nos valores do croma, independente do tratamento térmico empregado nas cultivares Embrapa 48, BRS 212 e BRS 231. Entretanto a cultivar BRS 214 cozida em panela aberta apresentou maior valor para croma. As demais cultivares apresentaram a mesma tendência de diminuição do croma quando são comparados os resultados do croma para panela aberta e panela de pressão, porém não apresentaram diferença significativa como a cultivar BRS 214. A diminuição do croma em panela de pressão já foi observada em vegetais também. Isso ocorre devido a não liberação de ácidos voláteis e não voláteis o que influencia na acidez do meio em conjunto com a temperatura e tempo de cocção resultam em alteração na cor dos pigmentos. 9 A cultivar EMBRAPA 48 diferiu o croma em relação as demais cultivares para os tratamentos em autoclave e panela de pressão. Em panela aberta, a cultivar EMBRAPA 48 diferiu somente da cultivar BRS 214. A Tabela 5 indica os valores de L de acordo com o tratamento empregado. O valor de L* fornece a luminosidade, variando do branco (L=100) ao preto (L=0). A cultivar Embrapa 48 tratada em forno de microondas apresentou o maior valor de luminosidade. Nas cultivares BRS 212 e BRS 214 não foram detectadas diferenças significativas quanto à lumino- Tabela 3 – Valores de dureza (LbF/g) das cultivares de soja. Cultivar Embrapa 48 BRS 212 BRS 214 BRS 231 Média Panela Aberta 3,20 0,11a 2,83 0,0 a 3,00 0,0 a 3,50 0,1 a 3,13 0,1A Panela de Pressão 0,60 0,1c 0,55 0,1c 0,60 0,0d 0,80 0,0d 0,63 0,0C Autoclave Microondas Média 0,73 0,1c 0,65 0,1c 0,70 0,0c 1,10 0,0c 0,79 0,0C 2,83 0,0b 2,30 0,1b 2,90 0,0b 3,15 0,1b 2,79 0,1B 1,84 0,0B3 1,58 0,1C 1,8 0,0B 2,13 0,1A 1 Média Desvio padrão. Letras minúsculas (linha) e maiúsculas (coluna e última linha) diferentes indicam diferenças significativas entre as médias (p≤0,05). Tabela 4 – Valores de croma das cultivares de soja submetidas a diferentes tratamentos térmicos. Cultivar Panela Aberta Panela de pressão Autoclave Microondas Embrapa 48 28,96 0,98aB 22,97 5,40aB 23,90 2,00aB 28,50 3,10aA BRS 212 BRS 214 BRS 231 31,43 2,55aAB 33,45 3,10aA 27,13 4,80aB 28,53 2,34aA 28,821,00abA 28,21 3,2aA 27,82 1,80aA 26,46 3,70bA 28,28 2,60aA 28,47 3,00aA 30,12 2,30abA 30,04 3,00aA Médias Desvio padrão. Letras minúsculas (linha) e maiúsculas (coluna) diferentes indicam diferenças significativas entre as médias (p≤0,05). 388 Tabela 5 – Valores de luminosidade das cultivares de soja submetidas a diferentes tratamentos térmicos. Cultivar Panela Aberta Panela de Pressão Autoclave Microondas Embrapa 48 71,72 1,88abA 66,76 5,67bA 67,46 2,29bA 73,88 1,61aA BRS 212 71,24 1,95aA 71,14 1,32aA 70,94 2,48aA 70,96 4,65 aAB BRS 214 68,40 3,46 aA 69,12 2,26 aA 67,50 2,20aA 65,46 2,13aB BRS 231 70,44 3,00 abA 69,50 2,75bA 71,00 1,87abA 74,56 2,86 aA Média desvio padrão Letras minúsculas (linha) e maiúsculas (coluna) diferentes indicam diferenças significativas entre as médias (p≤0,05). sidade dos grãos nos quatro tratamentos térmicos. A cultivar BRS 231, tratada em forno de microondas apresentou maior luminosidade e quando comparados com as demais cultivares. No entanto a mesma cultivar apresentou o menor valor de luminosidade quando submetida ao tratamento térmico em panela de pressão. Todas as cultivares apresentaram coloração amarela para a casca. De acordo com Lam-Sanchez et al.,10 a maioria das cultivares plantadas é de coloração amarela, em função da propriedade tecnológica, de maior teor de óleo, requerida pela indústria de óleo. Segundo Liu et al.,11 deve-se optar por uma cultivar de casca e hilo claros para a utilização na alimentação humana, tanto na forma de grão, como em produtos derivados. A cor dos grãos são de importância pois estão relacionados com a aceitabilidade dos mesmos. De acordo com Smith & Circle,16 sementes com coloração do hilo escura deixam pontos escuros na farinha, que é indesejável quando utilizada na produção de alimentos. As cultivares estudadas apresentaram coloração clara, isso é um indicativo que essas cultivares podem ser utilizadas pela indústria para obtenção de farinha de boa qualidade com boa aceitação. Somente na cocção por microondas provocou diferença entre cultivares, sendo a cultivar BRS 214 com menor luminosidade que as demais. CONCLUSÃO Há diferença de densidade, tempo e quantidade de hidratação entre cultivares; A dureza foi influenciada pelo tratamento térmico e cultivar; Os grãos não apresentaram diferença significativa para a cor em função dos tratamentos térmicos empregados; As cultivares Embrapa 48 e BRS 231, tratadas em forno de microondas apresentaram maiores valores de luminosidade, quando comparada com as demais. Todas as cultivares estudadas apresentaram características físicas e tecnológicas desejáveis para a alimentação humana, pois apresentaram cor clara, densidade, absorção de água e dureza adequadas para consumo. Os tratamentos térmicos em panela aberta e microondas foram considerados os melhores devido à praticidade para o preparo doméstico. AGRADECIMENTOS À EMBRAPA-SOJA pela doação dos grãos. À técnica de laboratório Clarice Matraia e ao Dr. Valter Arthur do laboratório de irradiação de alimentos e radioentomologia/CENA/USP. À técnica do laboratório de Processamento de Alimentos, Juliana Antunes Galvão Monfrin. MOURA, N. C.; CANNIATTI-BRAZACA, S. G.; SOUZA, M. C. Physical characteristics of four soybean cultivar raw and submitted to different thermal treatments. Alim. Nutr., Araraquara, v. 20, n.3, p. 385-390, jul./set. 2009. ABSTRACT: The research aimed at evaluating physic characteristics of four raw and cooked soybean cultivars by different cooking types: atmospheric pressure cooker, domestic pressure cooker, autoclave and microwave oven. Density, hydration time, cooking time, texture and color were evaluated. The density was measured by water displacement, and the water absorption was measured each hour until the stability. Texture was evaluated by press force to shear bond strength. The color analysis was done with a colorimeter Minolta Cr-200 b. The density varied from 1.11 to 1.25 g/ml with statistical difference between cultivars. The grain hydration time varied from 4 to 6 hours probably because of the composition of the grain coat. The grains submitted to pressure cooker and autoclave treatment were the tenderest. All cultivars showed a tendency to develop yellow color. Then all cultivars presented adequate physical characteristics to human consumption. KEYWORDS: Color; texture; atmospheric pressure cooker; domestic pressure cooker; autoclave; microwave oven. REFERÊNCIAS 1. AGUILERA, J. M.; RIVERA, R. Hard-to-cook defect in black beans hardening rates, water inhibition and multiple mechanism hypothesis. Food Res. Intern., v. 25, n. 2, p. 101-108, 1992. 389 2. BERTOL, T. Efeito da combinação do ácido acético e lático na qualidade da cenoura processada pelo calor. 2000. 63 f. 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