S. de S. Medeiros et al.
268
Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.9, (Suplemento), p.268-273, 2005
Campina Grande, PB, DEAg/UFCG - http://www.agriambi.com.br
Comportamento dos atributos
químicos do solo em resposta à aplicação
de água residuária de origem doméstica
Salomão de S. Medeiros1; Antônio A. Soares2; Paulo A. Ferreira2; José A. A. de Souza 2;
José A. de Souza3 & Antônio T. de Matos2
DEAg/UFCG. CEP 58.109-085, Campina Grande, PB. E-mail: [email protected]
DEA/UFV. CEP 36571-000, Viçosa, MG. E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
3
Agronomia/UFV. CEP 36571-000, Viçosa, MG.. E-mail: [email protected]
1
2
Protocolo 174
Resumo: A aplicação controlada de água residuária no solo tem constituído uma prática ambiental
viável para disposição final desse resíduo e uma alternativa para ampliar a fronteira agrícola, visto
que, além de suprir as necessidades hídricas das culturas aportam quantidades significativas de
nutrientes às plantas. Neste contexto, o trabalho teve, como objetivo principal, investigar o
comportamento dos atributos químicos no perfil do solo, em resposta à aplicação de água residuária
filtrada de origem doméstica, e comparar os resultados com aqueles obtidos com o manejo
convencional. O experimento foi implantado na Unidade Piloto de Tratamento de Água Residuária
e Agricultura Irrigada, localizada na Universidade Federal de Viçosa – UFV. Os resultados obtidos
permitiram concluir-se que a aplicação de água residuária de forma controlada pode vir como
alternativa para potencializar a produção de alimentos, sem efeitos negativos ao solo nem às
águas subterrâneas.
Pala
vr
as-cha
ve: reúso de água, irrigação, fertilidade
alavr
vras-cha
as-chav
Beha
vior o
esponse
Behavior
off the soil chemical attributes in rresponse
to application o
water o
off w
waste
astew
off domestic origin
aste
Abstract: The controled application of wastewater in soil has become a feasible environmental
practice for final disposal of this residue, as well as an alternative to increase the agricultural
boundary, because the wastewater can supply the water crop needs and provide nutrients to the
crops. In this context, the study aimed to investigate the behavior of the chemical attributes in
the soil profile, in response to application of urban wastewater and to compare the results with
that obtained with the conventional management. The study was carried out in the Experimental
Unit of Wastewater Treatment and Irrigated Agriculture, at Universidade Federal de Viçosa – UFV.
The results obtained permit to conclude that the controled application of wastewater may be an
alternative to raise the potential of food production, without negative effects in the soil and
underground water.
Key w
or
ds: water reuse, irrigation, fertility
wor
ords:
INTRODUÇÃO
Quanto à qualidade e eficiência do sistema de esgotamento
sanitário, o Brasil tem um longo caminho a percorrer para atingir
condição satisfatória: 47,8% dos municípios não possuem
sistema de coleta de água residuária, 32% só coleta e 20,2%
coleta e trata. O Norte é a região com maior proporção de
municípios sem coleta (92,9%), seguido do Centro-Oeste
(82,1%), do Sul (61,1%), do Nordeste (57,1) e do Sudeste (7,1%).
Os municípios que têm apenas serviço de coleta, superam a
proporção daqueles que coletam e tratam a água residuária
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.9, (Suplemento), p.268-273, 2005
(32,0% e 20,2%, respectivamente). Mesmo no Sudeste, região
do País com maior proporção de municípios com água residuária
coletada e tratada, somente um terço dos municípios possuem
condições adequadas de esgotamento sanitário (IBGE, 2000).
Ante toda esta problemática, a maior preocupação se
relaciona ao comprometimento da qualidade do meio ambiente,
em especial à dos corpos hídricos, por servir de depurador desses
resíduos, que são lançados sem tratamento adequado.
O uso planejado de águas residuárias implica em necessidade
menor de captação dos recursos hídricos primários e de uma
geração menor de efluentes constituindo-se, portanto, em uma
Comportamento dos atributos químicos do solo em resposta à aplicação de água residuária
estratégia eficaz para a conservação desse recurso natural, em
seus aspectos qualitativos e quantitativos.
Dentre os setores que mais têm difundido o uso e águas
residuárias, destaca-se o agrícola. Esta prática, quando
implementada de forma controlada, além de permitir a
conservação dos corpos hídricos aporta consideráveis
quantidades de nutrientes ao solo, refletindo-se em melhoria
de sua fertilidade, tendo como conseqüência o incremento da
produtividade das culturas e redução dos custos com adubação
química.
Os efeitos da aplicação de água residuária nas propriedades
químicas do solo, só são pronunciados após longo período de
aplicação, pelos parâmetros que definem sua composição física
e química, pelas condições de clima e pelo tipo de solo. Ayers
& Westcot (1985) relatam que a limitação principal do uso de
águas residuárias na agricultura é a sua composição química
(totais de sais dissolvidos, presença de íons tóxicos e
concentração relativa de sódio) e a tolerância das culturas a
este tipo de efluente.
Muitos países têm incluído a utilização da água no
planejamento de recursos hídricos, visto que os efluentes devem
constituir parte integrante do plano nacional dos recursos
hídricos (Tanji, 1997; Bouwer, 2000). Em alguns casos, como
Jordânia e Arábia Saudita, tem havido uma política nacional
para utilização de todos os efluentes gerados (Pescod, 1992).
Neste sentido objetivou-se, com este trabalho, investigar
os efeitos da aplicação de água residuária filtrada de origem
doméstica sobre o comportamento dos atributos químicos do
solo, e comparar os resultados com aqueles obtidos com o
manejo convencional.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Unidade Piloto de Tratamento
de Água Residuária e Agricultura Irrigada, localizada na
Universidade Federal de Viçosa – UFV, pertencente ao
Departamento de Engenharia Agrícola – DEA. A Unidade Piloto
é constituída de uma estação elevatória e uma unidade de
tratamento de água residuária de origem doméstica (abastecida
pelo esgoto proveniente do condomínio Bosque Acamari)
conjugada a um sistema de irrigação localizada por gotejamento,
que possibilita a aplicação do efluente em uma área de 0,14 ha
de cafeeiro (variedade Catuaí) com três anos de idade, cujo
espaçamento é de 2,5 m entre linhas de plantio e 0,75 m entre
plantas. A classificação do solo da área experimental, segundo
Vieira (2003), é um Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico,
dividido em cinco horizontes denominados: horizonte A de 0 a
0,13 m de profundidade; horizonte AB de 0,13 a 0,26 m de
profundidade; horizonte BA de 0,26 a 0,48 m; horizonte B1 de
0,48 a 0,75 m e o horizonte B2 de 0,75 a 1,00 m.
Na realização do experimento usou-se apenas parte da
Unidade Piloto, na qual se montou uma infra-estrutura para
aplicação da água residuária bruta, oriunda do esgoto
doméstico. A infra-estrutura é composta de uma linha de
derivação que capta a água residuária bruta da adutora e a
conduz a um filtro de areia, para ser filtrada; após a filtragem, a
água residuária é armazenada em tanque com capacidade de
2.500 L, contando com um sistema de motobomba acoplado,
269
possibilitando a sua aplicação através de um sistema de
irrigação por gotejamento, após nova filtragem por um filtro de
disco.
O filtro de areia tem formato cilíndrico com fluxo ascendente,
tendo, como material filtrante, camadas sobrepostas de
cascalho, areia grossa lavada, areia fina lavada, areia grossa
lavada e cascalho; já o filtro de disco é de 1" de 120 mesh, com
capacidade de filtragem de até 5,0 m3 h-1. Por outro lado, o filtro
de areia trabalhava com capacidade de filtragem de
aproximadamente 0,2 m3 h-1.
O experimento foi montado segundo o esquema de blocos
(linhas de plantio) com três repetições tendo, em cada bloco,
os tipos de manejos adotados: com água residuária – MR (com
cinco diferentes lâminas de águas residuárias) e convencional
– MC (adubação química e irrigação suplementar com água
boa), distribuídos ao acaso.
O delineamento experimental adotado totalizou 18 unidades
experimentais, com oito plantas cada uma, ocupando uma área
de 15 m2. O experimento foi analisado segundo o esquema de
parcelas subdivididas tendo, nas parcelas, os tipos de manejo
adotados e, nas subparcelas as faixas de profundidade (0 –
0,10; 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40; 0,40 – 0,50 e 0,50 – 0,60 m) no
delineamento em blocos casualizados.
Os atributos químicos do solo monitorados foram: pH, N
(total), P, K e Na durante o período de 270 dias. O experimento
foi iniciado em novembro de 2003 e concluído em agosto de
2004. As amostragens de solo foram realizadas, paralelamente,
à linha de plantio, em ambos os lados das quatro plantas centrais
de cada unidade experimental; estas foram coletadas a uma
distância de aproximadamente 0,10 m do caule, totalizando oito
amostras por parcela para formar uma amostra composta. As
análises foram realizadas no Laboratório de Fertilidade do Solo,
do Departamento de Solos – DPS, segundo metodologias
descritas pela EMBRAPA (1997).
O MC (tratamento T1), consistiu de calagem, adubação
convencional e irrigação suplementar com água da represa.
Realizaram-se a calagem e a adubação do cafeeiro com base na
análise química do solo, seguindo a Recomendação para Uso
de Corretivos e Fertilizantes do Estado de Minas Gerais – 5ª
aproximação (1999). A calagem foi realizada com base no método
da neutralização do Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ e
Mg2+ aplicando-se, de uma só vez, 1.000 kg ha-1 ano-1 de calcário
em linha contínua, abaixo da saia do cafeeiro. Na adubação
convencional aplicaram-se 50 kg ha-1 ano-1 de P2O5, tomandose por base as concentrações de P disponível no solo e a de P
remanescente, considerando-se uma produtividade 31 a 40 sc
ha-1. A fonte de P2O5 utilizada foi o superfosfato simples,
aplicado de uma só vez; por outro lado, a adubação com N e K+
foi realizada através de aplicações de 300 kg ha-1 ano-1 de N e
de K2O, com base na concentração de N nas folhas e na
concentração de K+ no solo. A aplicação desses nutrientes foi
realizada abaixo da saia do cafeeiro e parcelada três vezes, com
intervalo de 30 dias. A fonte de N utilizada foi o sulfato de
amônia e a de K, o cloreto de potássio. A irrigação foi realizada
no MC, com base na evapotranspiração do cafeeiro sendo
que, no final do experimento (após 270 dias da adoção dos
manejos) a lâmina acumulada foi de 101 mm.
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.9, (Suplemento), p.268-273, 2005
S. de S. Medeiros et al.
270
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para estimativa da evapotranspiração do cafeeiro instalouse uma estação climatológica na área experimental, para
monitoramento das condições climáticas.
No MR, o critério adotado na definição das lâminas de água
residuária de origem doméstica, baseou-se no aporte de N –
total ao solo; as lâminas aplicadas teriam de aportar o
equivalente a 200, 300, 400, 500 e 600 kg ha-1 ano-1 de N – total
ao solo, aos tratamentos T2, T3, T4, T5 e T6, respectivamente;
contudo, as lâminas a serem aplicadas totalizariam 401, 600,
802, 1001 e 1201 mm ano-1, considerando-se uma concentração
média de N – total na água residuária de 50 mg L-1; todavia, em
razão das precipitações ocorridas no período, as lâminas de
água residuária totalizaram: 202, 262, 399, 468 e 532 mm,
correspondendo a aplicação de 81, 107, 157, 189 e 217 kg ha-1de
N – total.
A freqüência da aplicação da água residuária foi diária,
exceto aos sábados e domingos.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância,
ajustando-se equações de regressão, no sentido de se estudar
o comportamento de cada atributo monitorado no perfil do
solo, em resposta ao tipo de manejo adotado (MC e MR com
cinco diferentes lâminas).
A escolha dos modelos de regressão baseou-se na
significância dos coeficientes, utilizando-se o teste “F” e se
considerando o nível máximo de significância de 10 % de
probabilidade. Nas análises estatísticas, utilizou-se o software
SAEG 5.0 (FUNARBE, 1993).
Verificou-se que, de maneira geral, os modelos de regressão
ajustados aos atributos químicos do solo em função da
profundidade, apresentaram alta capacidade preditiva (R2 >
0,70) para descrever o seu comportamento no perfil do solo,
após 270 dias da adoção dos manejos convencional e com
água residuária filtrada (Figuras 1 a 5).
Os valores do pH do solo observados no MR, foram
superiores àqueles encontrados no MC (Figura 1) e, também,
que o pH do solo aumentava significativamente com a
profundidade, em resposta à adoção do MR, indicando
comportamento quadrático nos tratamentos T3, T4 e T6, e linear
nos T2 e T5. Estes comportamento pode ser atribuído à adição
de bases (Ca2+, Mg2+, K+ e Na+) pela água residuária filtrada e
por sua característica de alcalinidade (pH médio 7,23).
Nota-se, com a adoção do MC, que os valores de pH do
solo foram inferiores ao MR, principalmente nas três primeiras
faixas de profundidades. Este decréscimo do pH do solo no
MC pode ter sido influenciado pela aplicação de sulfato de
amônio como fonte de nitrogênio que, após o processo de
nitrificação, provocou maior acidez do solo, e pela absorção
dos cátions básicos da solução do solo (Ca2+, Mg2+ e K+) pelo
cafeeiro.
De maneira geral, não se detectou superioridade das
concentrações de N – total do solo em resposta ao tipo de
manejo. As concentrações de N (Figura 2) decresceram
significativamente, com o aumento da profundidade, em
^
^
y = 4,51054 + 0,00602x * *
y = 4,95688 - 0,01271x + 0,00029x 2 * *
R2 = 0,98
R2 = 0,82
R2 = 0,89
pH
pH
Profundidade (cm)
3,50
3,80
4,10
4,40
4,70
5,00
5,30
3,50
3,80
4,10
4,40
pH
4,70
5,00
5,30
3,50
0
0
0
10
10
10
20
20
20
30
30
30
40
40
40
50
50
50
60
60
^
4,40
4,70
5,00
5,30
T3
y = 5,16053 − 0,02147x + 0,00040x 2 * *
R2 = 0,95
R2 = 0,90
0
0
10
10
10
20
20
20
30
30
30
40
40
40
50
50
50
60
60
T4
4,10
^
^
y = 4,80495 + 0,00472x * *
R2 = 0,95
3,80
60
T2
T1
y = 4,75662 - 0,00408x + 0,00020x 2 °
Profundidade (cm)
^
y = 4,48487 - 0,04756x + 0,00176x 2 - 0,00002x 3 *
0
60
T5
Observado
T6
Estim ado
Figura 1. Comportamento do pH no perfil do solo ao final do experimento, em resposta à adoção do manejo convencional – MC
(T1) e do manejo com água residuária filtrada de origem doméstica – MR, com uma lâmina aplicada de 202 mm (T2), 262 mm (T3),
399 mm (T4), 468 mm (T5) e 532 mm (T6). Os valores observados são provenientes da média de três repetições. **, * e o modelos
significativos a 1, 5 e 10%, respectivamente
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.9, (Suplemento), p.268-273, 2005
Comportamento dos atributos químicos do solo em resposta à aplicação de água residuária
^
^
y = 0,10736 − 0,00104x * *
y = 0,13300 − 0,00310x + 0,00003x 2 * *
R2 = 0,99
R2 = 1,00
N - total (dag k g-1 )
Profundidade (cm)
0,02
0,04
0,06
0,08
N - total (dag kg-1 )
0,10
0,12
0,14
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
N - total (dag kg -1)
0,10
0,12
0,14
0,00
0
0
0
10
10
10
20
20
20
30
30
30
40
40
40
50
50
50
60
60
T1
^
0,02
0,04
0,06
60
T2
^
0
0
10
10
10
20
20
20
30
30
30
40
40
40
50
50
50
60
60
60
T5
Observado
0,12
0,14
R2 = 0,99
0
T4
0,10
y = 0,13653 − 0,00251x + 0,00002x 2 *
R2 = 0,95
R2 = 0,91**
0,08
T3
^
y = 0,10486 − 0,00105x * *
y = 0,11071 − 0,00118x * *
Profundidade (cm)
^
y = 0,11641 − 0,00105x * *
R2 = 0,94
0,00
271
T6
Estim ado
Figura 2. Comportamento do N – total no perfil do solo ao final do experimento, em resposta à adoção do manejo convencional –
MC (T1) e do manejo com água residuária filtrada de origem doméstica – MR, com uma lâmina aplicada de 202 mm (T2), 262 mm
(T3), 399 mm (T4), 468 mm (T5) e 532 mm (T6). Os valores observados se originaram da média de três repetições. **, * e o modelos
significativos a 1, 5 e 10%, respectivamente
^
^
y = 5,40603 - 0,10057x * *
y = 3,74143 − 0,07971x * *
R2 = 0,91
R2 = 0,96
R2 = 0,79
P (m g L -1)
Profundidade (cm)
0,00
2,00
4,00
6,00
P (m g L -1)
8,00
10,00
0,00
0
0
10
10
20
20
30
30
40
40
2,00
4,00
6,00
P (mg L-1)
8,00
T1
60
0,00
T2
^
y = 6,10270 − 0,11991x * *
R2 = 0,95
10
10
10
20
20
20
30
30
30
40
40
40
50
50
T5
60
Observado
T3
60
0
T4
10,00
50
0
60
8,00
40
0
50
6,00
30
y = 8,78540 − 0,16248x * *
R2 = 0,76
4,00
20
^
y = 3,87683 − 0,07219x *
2,00
10
60
^
10,00
0
50
50
Profundidade (cm)
^
y = 3,29222 − 0,06067x *
60
R 2 0,86
T6
Estim ado
Figura 3. Comportamento do P no perfil do solo ao final do experimento, em resposta à adoção do manejo convencional – MC (T1)
e do manejo com água residuária filtrada de origem doméstica – MR, com uma lâmina aplicada de 202 mm (T2), 262 mm (T3), 399
mm (T4), 468 mm (T5) e 532 mm (T6). Os valores observados são provem da média de três repetições. **, * e o modelos significativos
a 1, 5 e 10%, respectivamente
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.9, (Suplemento), p.268-273, 2005
S. de S. Medeiros et al.
272
y = 0,07882 - 0,00261x + 0,00002x 2 °
y = 0,06085 − 0,00089x * *
R2 = 0,79
R2 = 0,99
R2 = 0,85
K (cm olc dm -3)
Profundidade (cm)
0,00
0,04
0,08
K (cm olc dm -3)
0,12
0,16
0,20
0,00
0,04
0,08
K (cm ol c dm -3)
0,12
0,16
0,20
0,00
0
0
0
10
10
10
20
20
20
30
30
30
40
40
50
50
40
50
60
T1
60
^
R2 = 0,98
10
10
20
20
20
30
30
40
40
50
T4
R2 = 0,92
0
50
0,20
^
10
40
0,16
y = 0,08465 − 0,00109x * *
0
30
0,12
T3
y = 0,14933 - 0,00559x + 0,00006x 2 * *
R2 = 0,94
0,08
60
T2
0
60
0,04
^
y = 0,07879 − 0,00127x * *
Profundidade (cm)
^
^
^
y = 0,14579 - 0,00297x + 0,00005x 2 * *
50
T5
60
T6
60
Observado
Estim ado
Figura 4 . Comportamento do K+ no perfil do solo ao final do experimento, em resposta à adoção do manejo convencional – MC
(T1) e do manejo com água residuária filtrada de origem doméstica – MR, com uma lâmina aplicada de 202 mm (T2), 262 mm (T3),
399 mm (T4), 468 mm (T5) e 532 mm (T6). Os valores observados são provenientes da média de três repetições. **, * e o modelos
significativos a 1, 5 e 10%, respectivamente
^
^
Na (cm olc dm -3 )
Profundidade (cm)
0,00
0,04
0,08
0,12
0,16
0,20
0,24
0,00
0,04
0,08
y = 0,12240 − 0,00118x * *
R2 = 0,71
R2 = 0,75
Na (cm olc dm -3 )
Na (cm olc dm -3 )
0,12
0,16
0,20
0,24
0,00
0
0
0
10
10
10
20
20
20
30
30
30
40
40
50
50
60
60
^
y = 0,11688 − 0,00131x * *
0,08
0,12
0,16
0,20
0,24
40
50
60
^
^
y = 0,11280 − 0,00086x°
R2 = 0,94
R2 0,77
0
0
0
10
10
10
20
20
20
30
30
30
40
40
40
50
50
60
0,04
y = 0,20737 - 0,01487x + 0,00043x 2 - 0,000004x3 °
R2 = 0,83
Profundidade (cm)
^
y = 0,06518 − 0,00074x°
y = 0,01890
50
60
60
T5
T4
Observado
T6
Estim ado
Figura 5 . Comportamento do Na+ no perfil do solo ao final do experimento, em resposta à adoção do manejo convencional – MC
(T1) e do manejo com água residuária filtrada de origem doméstica – MR, com uma lâmina aplicada de 202 mm (T2), 262 mm (T3),
399 mm (T4), 468 mm (T5) e 532 mm (T6). Os valores observados são provenientes da média de três repetições. **, * e o modelos
significativos a 1, 5 e 10%, respectivamente
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.9, (Suplemento), p.268-273, 2005
Comportamento dos atributos químicos do solo em resposta à aplicação de água residuária
resposta à adoção dos dois manejos implantados; todavia, o
decréscimo da concentração de N – total no solo, nos T1, T2, T4
e T5, predominaram o modelo linear e, nos demais, o quadrático.
As concentrações de P disponíveis no solo diminuíram,
significativamente, com a profundidade, em resposta à adoção
dos dois manejos; no entanto, verificou-se, no MR, um aumento
maior na concentração de P em relação ao MC, sobretudo nas
duas primeiras faixas de profundidade; o acúmulo constatado
nas duas primeiras faixas de profundidade se deve, basicamente,
à baixa mobilidade do P e à sua retenção pelos minerais de
argila.
Nota-se, na Figura 3 que, de modo geral, as concentrações
de P disponíveis no solo decresceram, linearmente, com a
profundidade, independente do tipo de manejo adotado.
As concentrações de K+ disponíveis no solo, em resposta
à adoção do MR, permaneceram abaixo dos encontrados no
MC e sua concentração decresceu de forma significativa com
a profundidade (Figura 4) sendo linear a tendência dos
decréscimos em T3, T4 e T6 e quadrático em T2 e T5; verificouse, no MC, que a concentração de K+ disponível no solo
decresceu até a faixa de profundidade de 0,35 m e
posteriormente, aumentou com a profundidade, cujo
comportamento sugere que este nutriente foi lixiviado para as
camadas inferiores em decorrência das altas e freqüentes
precipitações ocorridas durante o período de monitoramento.
As baixas concentrações de K + disponível no solo
detectadas no MR em relação ao MC, são devidas ao fato das
quantidades aplicadas serem inferiores às aportadas pelo MC.
Observa-se, através da Figura 5 que, em resposta à adoção
do MR, a concentração de Na+ trocável no solo, principalmente
nas duas primeiras faixas de profundidade, ficou acima das
encontradas no MC; todavia, sua concentração decresceu
significativamente com a profundidade. Nos T2, T3, T4 e T6 os
decréscimos foram lineares e, no T5 apresentou comportamento
cúbico.
O acréscimo observado na concentração de Na+ trocável
no solo no MR, foi provocado pela concentração na água
residuária filtrada, de origem doméstica.
CONCLUSÕES
1. A implantação do manejo com água residuária filtrada foi
mais eficaz no aumento do pH do solo que o manejo
convencional que recebeu calagem.
273
2. Não foram detectados aumentos nas concentrações de
N – total em resposta ao tipo de manejo adotado.
3. As maiores concentrações de P no solo foram observadas
nas primeiras faixas de profundidades, sendo que o manejo
com água residuária filtrada favoreceu um maior incremento do
que o manejo convencional que recebeu adubação fosfatada.
4. No manejo convencional, as concentrações de K+ foram
maiores que o água residuária filtrada e devido esta
concentração, houve lixiviação para as camadas inferiores,
ocasionadas pela precipitação.
5. As concentrações de Na+ no solo em resposta à adoção
do água residuária filtrada, foram superiores ao manejo
convencional, em função da concentração deste elemento na
água residuária.
6. Não se verificaram lixiviações de N –total, P, K+ e Na+ nos
tratamentos que receberam água residuária, indicando que a
aplicação controlada pode vir como alternativa para
potencializar a produção de alimentos, sem comprometimento
da qualidade das águas subterrâneas.
LITERATURA CITADA
Ayers, R.S.; Westcot, D.W. A qualidade da água na agricultura.
Campina Grande: UFPB, 1999. 153p.
Bouwer, H. Integrated water management: emerging issues and
challenges. Agricultural Water Management, Amsterdan,
v.45, p.217-228, 2000.
Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais.
Recomendações para o uso de corretivo e fertilizantes em
Minas Gerais.- 5ª aproximação. A.C. Ribeiro, P.T.G. Guimarães,
V.H. Alvares V., editores. Viçosa. 359 p, 1999.
EMBRAPA. Manual de métodos de análise do solo. 2ed. Rio
de Janeiro: EMBRAPA - Centro Nacional de Pesquisa de
Solos, 1997. 247p.
FUNARBE. SAEG – Sistema para análises estatísticas – versão
5.0. Viçosa: Fundação Arthur Bernardes. 1993. 80p.
IBGE – Intituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. Atlas de
Saneamento. http://www.ibge.gov.br. Rio de Janeiro. 2000.
Pescod, M.B. Wastewater treatment and use in agriculture.
Irrigation and Drainage Paper, 47. Rome: FAO, 125p, 1992.
Tanji, K.K. Irrigation with marginal quality waters: issues.
Journal of Irrigation and Drainage Engineering, New York,
v.123, p.165-169, 1997.
Vieira, E.O. Índices de lixiviação e modelagem do transporte de
pesticidas no solo. Viçosa: UFV. 2003. 184p. Tese Doutorado
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.9, (Suplemento), p.268-273, 2005
Download

268