QUALIFICAÇÕES PARA O OFÍCIO DE DIÁCONO
por
Douglas J. Kuiper
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UM ASSUNTO IMPORTANTE
No momento em que você ler este artigo,1 muitas das nossas Igrejas
Protestantes Reformadas terão novos diáconos instalados. Por dois ou três anos
esses homens, crendo terem sido chamados pelo próprio Deus para o ofício, se
devotarão à obra de administrar as misericórdias de Cristo aos pobres e
necessitados. Que chamado pesado!
A questão é: que tipo de homens têm sido colocados nesse ofício?
Concílios e congregações, que tipo de homens vocês nomeiam e elegem?
Diáconos, que tipo de homens vocês são em toda a sua vida?
Um grande perigo para as igrejas e crentes é que começamos a formar
nossas próprias idéias de qual tipo de homens é mais capaz de servir no ofício da
igreja. Nossa natureza nos levaria a nomear ou votar naqueles de quem mais
gostamos, ou com quem mais nos relacionamos; ou num bom administrador que
pensamos ser mais bem equipado para manusear nosso dinheiro; ou alguém que
busque coisas (coisas terrenas, espirituais mas não essenciais, ou qualquer outra
coisa) da nossa maneira.
Contudo, é errado seguir a direção da nossa natureza ao nomear ou votar
em diáconos. É ignorar o fato que a igreja é a casa de Deus, isto é, a casa que
Deus redimiu por meio de Cristo, e a casa na qual Deus é o Senhor. É ignorar o
fato que no final das contas é Deus quem determina quem servirá como
despenseiro das misericórdias de Cristo em sua casa. É ignorar a vontade de
Deus, apresentada em 1 Timóteo 3:8-12, considerando quem pode servir no ofício.
O resultado de ignorar todas essas coisas é que escolhemos homens para servir
no ofício da igreja da mesma forma que a sociedade secular seleciona homens
para servir em posições do governo.
Concílios, vocês nomeiam homens que são verdadeiramente qualificados,
de acordo com as qualificações encontradas na Palavra de Deus, não é? E
membros das congregações, vocês votam naqueles homens que consideram
melhor satisfazer o padrão que Deus nos dá, correto? Oro para que seja assim.
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Porque o diaconato é um ofício por meio do qual Cristo está presente na
sua igreja, e porque os próprios diáconos devem administrar as misericórdias de
Cristo, é imperativo que os diáconos sejam homens qualificados. Deveríamos
saber, portanto, quais são as qualificações. Ao tratar esse assunto, começaremos
enfatizando a sua importância.
A importância do assunto das qualificações é demonstrada primeiro pelo
fato que Deus apresenta na Escritura quais são essas qualificações. Visto que a
Escritura é a vontade e a Palavra de Deus, e nossa regra de fé e prática, tudo que
é ensinado na Escritura é importante para a igreja e os filhos de Deus. Devemos
agir pela Palavra de Deus!
O primeiro lugar no qual a Escritura apresenta as qualificações dos
diáconos é Atos 6:3, 5, parte do registro da instituição do ofício. Os apóstolos
direcionaram a igreja a selecionar sete homens para a obra do diaconato, de
acordo com o versículo 3: “Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa
reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste
serviço”. Um dos homens a quem a igreja escolheu foi “Estêvão, homem cheio de
fé e do Espírito Santo” (v. 5). Os apóstolos entenderam a necessidade de se ter
homens qualificados para o serviço, e sabiam que a qualificação principal era a
pessoa ser cheia do Espírito Santo. Para a instrução da igreja nos anos seguintes,
a Escritura registra que esses requerimentos foram seguidos. Estevão em
particular foi um homem eminentemente qualificado. A igreja naquelas dias
entendeu a importância de um diácono ser qualificado.
A Escritura apresenta as qualificações em maior detalhe em 1 Timóteo
3:8-12: “Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam
respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de
sórdida ganância, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também
sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis,
exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que
sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono
seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa”.
Ao escrever essas palavras, e ao escrever anteriormente sobre as
qualificações dos presbíteros, o inspirado apóstolo Paulo pretende enfatizar para o
jovem pastor Timóteo a importância dessas qualificações. Homens que não
satisfaçam esses requerimentos não podem ser postos no ofício de diácono na
igreja. Paulo diz nos versículos 14-15, “Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te
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em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa
de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”.
Como proceder na casa de Deus – um assunto deveras importante! Uma
segunda forma na qual a importância dessa questão pode ser mostrada, e
novamente a partir da própria Escritura, é observar que quando a Escritura fala
explicitamente do ofício do diácono, ela diz muito pouco sobre a obra do diaconato,
colocando ao invés disso a ênfase sobre as qualificações dos diáconos.
Sem dúvida, ninguém argumentaria que o tipo de obra que os diáconos
fazem não é importante. Nem é o caso que a Escritura não diz nada sobre tal obra.
Atos 6:1-2 diz que esses sete homens deveriam “servir às mesas”, isto é, cuidar
das viúvas na “distribuição diária”.2 Romanos 12:8, 1 Coríntios 12:28, e outras
passagens falam sobre a questão da obra do diácono. Mas quando a Escritura
indica claramente que está dando instrução com respeito ao ofício do diácono,
como o faz em Atos 6:1-6 e 1 Timóteo 3:8-13, essa instrução toma a forma de nos
ensinar quais são as qualificações para o ofício. Certamente Deus também vê a
obra do diácono como importante, mas ele parece estar imprimindo sobre nós que
está tão preocupado, se não mais, com que tipo de homens eles são! O tipo errado
de homem tentando fazer a obra do diaconato não será uma bênção para a igreja!
À luz da ênfase da Escritura sobre as qualificações, e não sobre a obra do
ofício, notamos com interesse que nossas confissões Reformadas enfatizam
exatamente o oposto. Elas falam sobre a obra do diaconato, e a maneira de
chamar os diáconos, mas diz mui pouco sobre a questão das qualificações.
Nossa Confissão Belga,3 a única das nossas Três Formas de Unidade
que menciona o diaconato, apresenta brevemente a obra dos diáconos e a
importância geral do diaconato. Sua única menção das qualificações é encontrada
na sentença conclusiva do Artigo 30, e aplica-se também aos presbíteros e
pastores: “Desta maneira, tudo procederá, na igreja, em boa ordem, quando forem
eleitas pessoas fiéis, conforme a regra do apóstolo Paulo na carta a Timóteo”.
A Ordem da Igreja não diz nada sobre as qualificações necessárias dos
diáconos, mas explica como os diáconos devem ser escolhidos para o ofício, e
qual é a obra deles.
A Forma de Ordenação de Presbíteros e Diáconos fala primariamente da
obra deles. Em quatro lugares, a Forma implica, mas não declara especificamente,
que os diáconos devem ser homens qualificados. A primeira questão colocada
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para os presbíteros e diáconos é: “vocês sentem ou não em seu coração que
foram fielmente chamados pela igreja de Deus, e conseqüentemente pelo próprio
Deus, para seus respectivos ofícios santos?”. O sentimento no coração de alguém
de que ele é alguém fielmente chamado, e especialmente chamado de Deus,
implica que o diácono-eleito examinou o seu coração, a fim de verificar se está
qualificado para a obra.
A terceira pergunta questiona, em parte, “vocês também prometem andar
em toda a piedade…”. Piedade – isso, em resumo, é o que é requerido do diácono
de acordo com 1 Timóteo 3:8ss. Na seção de exortação, a Forma cita, sem
mencionar, 1 Timóteo 3:9,13. A forma diz, “… e conservar o mistério da fé com
uma consciência pura… Ao assim fazer, vocês alcançarão para si mesmos uma
boa posição e muita intrepidez na fé que há em Cristo Jesus…”. Embora Paulo
tenha escrito essas palavras com respeito aos diáconos, a Forma aplica isso aos
presbíteros também!
Finalmente, com respeito à Forma, a oração inclui petições para que os
dons espirituais de Deus venham sobre eles, a fim de poderem desempenhar o
seu trabalho. A igreja agradece ao Senhor que:
“Tu tens no presente nos concedido neste lugar homens que são de bom
testemunho, e, confiamos, dotados pelo teu Espírito. Te suplicamos, encheos mais e mais com tais dons, na medida em que forem necessários para
eles em sua ministração – com dons de sabedoria, coragem, discrição, e
benevolência, a fim de que todos possam, em seus respectivos ofícios, se
portarem como é conveniente…”.
Ora-se por dons importantes, mas somente por implicação alguém pensa
nas qualificações apresentadas em 1 Timóteo 3.
Em minha visão, esse silêncio relativo das nossas confissões sobre as
qualificações do diaconato enfatiza ainda mais a importância das qualificações
escriturísticas em 1 Timóteo 3. A Confissão Belga chama explicitamente a atenção
para essa importância. O silêncio de outras confissões sobre o assunto indica que
o ensino da Escritura é claro. As confissões falam sobre áreas nas quais
precisamos mais direção específica, pois a Escritura dá apenas princípios amplos
com respeito à obra e ao chamado dos diáconos. Com respeito a suas
qualificações, contudo, os princípios da Escritura não são amplos; são diretos e
específicos. A igreja não precisa de nenhuma direção confessional aqui. Deus terá
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apenas homens que se encaixem nas qualificações de 1 Timóteo 3:8 como sendo
diáconos em sua igreja!
A igreja fiel tem sempre considerado esse assunto de qualificações
apropriadas dos diáconos como sendo importante. Não escrevi que “a igreja”
sempre considerou isso importante, pois não o fez; quando a igreja se tornou infiel
à Palavra de Deus, ela perdeu seu senso da importância dos requerimentos de
Deus quanto a um diácono em 1 Timóteo 3:8ss. Mas a “igreja fiel”, sendo fiel à
Palavra de Deus, via e vê a Palavra de Deus em 1 Timóteo como importante.
Umas poucas notas históricas sobre a visão da igreja sobre esse assunto serão
suficientes para demonstrar isso.
Na era pós-apostólica, quando a igreja ainda era bastante forte, ela
guardou em mente os requerimentos de 1 Timóteo 3. Peter Y. DeJong refere-se a
pelo menos três documentos para substanciar essa afirmação. O Didaquê, escrito
em aproximadamente 98 d.C., diz: “Escolha bispos e diáconos dignos do Senhor.
Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e
provados…”.4
Perto do fim do segundo século, as Constituições Apostólicas foram
escritas, que requeriam que os diáconos fossem provados, exemplares na
conduta, e tivessem uma família com filhos. O Livro de Clemente também indica
que 1 Timóteo 3 era seguido.5
O declínio do diaconato começou no século quatro, e durou até o período
da Reforma. Um aspecto do declínio do diaconato foi que as qualificações para o
ofício foram mudadas ou ignoradas.6
João Calvino enfatizou a necessidade dos diáconos serem qualificados.7
Em Londres, John Lasco fez a mesma coisa.8
Hoje, também, igrejas fiéis conhecem e procuram seguir os requerimentos
de 1 Timóteo 3:8-12, e consideram-nos importantes.
Por que esse assunto é de tão grande importância? Primeiro, como
mencionado, porque é um assunto da Palavra de Deus. Essa é uma razão
suficiente. Mas podemos adicionar mais.
Segundo, porque o diácono é o representante de Deus ao seu povo, o
representante pessoal de Jesus Cristo para a sua igreja! Ele deve, portanto, ser
como Cristo. Desonra seria trazida à igreja e ao ofício se um diácono não fosse um
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homem piedoso. Lembre-se que pelo pecado de Davi, grande ocasião foi dada aos
inimigos do Senhor para blasfemar.
Terceiro, porque Deus concede diáconos. Não meramente os
escolhemos; Deus os dá! Como a igreja pode estar certa que esses escolhidos são
aqueles por quem Deus a abençoará? Escolhendo aqueles que são qualificados!
Nunca devemos esquecer a grande importância desse assunto. As
qualificações apresentadas na Palavra de Deus devem sempre guiar os concílios
ao nomear, e membros votantes ao escolher, homens para o diaconato. O
dirigente da reunião fará bem em ler 1 Timóteo 3 sempre que o concílio nomear, e
em todo encontro congregacional no qual oficiais são eleitos. Aqueles que já são
presbíteros e diáconos farão bem em ler o capítulo em casa, nas devoções
privadas e na preparação para reuniões vindouras nas quais nomeações serão
feitas.
Que possamos proceder corretamente na casa de Deus! E dessa forma,
manifestar também nossa fidelidade a ele!
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UM ALTO PADRÃO
No último capítulo, enfatizamos a importância das qualificações para os
diáconos como apresentado em Atos 6:3,5 e 1 Timóteo 3:8-12. Qualquer um
instalado no ofício, mesmo os indicados para o ofício, deve satisfazer os
requerimentos encontrados nessas porções da Palavra de Deus. Essa é uma
questão de obediência ao mandamento de Deus com respeito a como proceder em
sua Casa.
À medida que continuamos nosso tratamento desse assunto das
qualificações dos diáconos, deixe-nos lembrar exatamente o que Deus requer que
o diácono seja. Lemos em 1 Timóteo 3:8-12:
“Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis,
de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida
ganância, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também
sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem
irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto a mulheres, é
necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis
em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos
e a própria casa”.
Você está impressionado com o alto padrão que Deus coloca para alguém
que possui o ofício de diácono? Examinando as qualificações uma vez mais, penso
de quantas pessoas você conhece que as satisfaça. O diácono deve ser um
homem sério, digno e honroso. Diáconos, você são assim?
Outras pessoas diriam que isso é verdadeiro quanto a vocês? O diácono
deve guardar a sua língua – aquele pequeno membro que acende grande fogo, e
que todos nós usamos pecaminosamente às vezes. Ele não deve ser cobiçoso –
mas sabemos que nossos corações são gananciosos por natureza. Agora vem o
obstáculo real: irrepreensível! Diáconos, vocês são assim? E então, embora talvez
isso não pareça tão alto quanto “irrepreensível”, “conservando o mistério da fé com
a consciência limpa”. Ele deve ser um crente – alguém que conheça sua fé, e a
viva com consciência pura! Depois sua vida em casa deve ser considerada. Ele
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governa bem sua casa e filhos? E se isso não for suficiente, vamos observar sua
esposa. Ela é séria? Guarda a sua língua? É uma crente verdadeira e instruída?
Se um diácono entende realmente a importância dessas qualificações, e
guarda-as no coração, examinando a si mesmo à luz delas, ele poderia se
perguntar: não é impossível para um homem ser verdadeiramente qualificado?
Deus colocou diante de nós algo que é sequer alcançável? Como pode um homem
ser essas coisas? E o que fazer se não for?
Claramente, Deus estabelece um padrão alto para os diáconos. Muito
alto! Nem é menor esse padrão, com respeito à piedade e espiritualidade dos
diáconos, que aquele exigido por Deus dos presbíteros. Alguém poderia ser
tentado a dizer, tendo lido as qualificações para os diáconos em 1 Timóteo 3:8-12
e aquelas para os presbíteros em 1 Timóteo 3:2-7, que o padrão para os diáconos
é realmente inferior. Afinal, a lista é menor, e vários requerimentos para os
presbíteros não são, aparentemente, requerimentos para os diáconos. O fato é,
contudo, que o padrão para diáconos é tão alto quanto aquele para os presbíteros.
Note que muitos dos requerimentos para os presbíteros e diáconos são os
mesmos. Presbíteros e pastores também devem ser irrepreensíveis (v.2). Essa é
comprovadamente a qualificação fundamental e sumária para presbíteros e
diáconos; abrange todas as outras. É o primeiro requerimento listado para os
bispos, e o último requerimento pessoal para os diáconos (excluindo suas
qualificações familiares). Se “irrepreensível” cobre tudo, e se é requerido de
presbíteros e diáconos, então o padrão é tão alto para os diáconos como o é para
os presbíteros. Mas outros requerimentos são iguais também; o presbítero nem o
diácono podem ser dados ao vinho ou cobiçosos (vv. 3,8), e ambos devem estar
firmemente no controle de seus lares (vv. 4,12).
Que o padrão para os diáconos não é menor que aquele para os
presbíteros é também mostrado pelo fato que a lista para os diáconos inclui
requerimentos não encontrados na lista de qualificações para os presbíteros: os
diáconos não devem ter “língua dobre” (v. 8, ARC), e suas esposas devem
satisfazer certos requerimentos também! 1 Timóteo 3 não faz nenhuma menção
das qualidades que a esposa do presbítero deve possuir. Não que o tipo de
esposa de um presbítero não tenha importância; suas esposas também devem ser
piedosas, satisfazendo as características apresentadas no versículo11. Mas a
adição de certas qualificações na lista do diácono mostra que o padrão para eles é
tão alto quanto o dos presbíteros.
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A razão pela qual o padrão para os diáconos não é menor que aquele
para os presbíteros, e a prova conclusiva desse fato, é que todos os ofícios na
igreja são posições de serviço a Cristo, e que todo oficial deve ser como Cristo.
Esse é um alto padrão.
O padrão é muito alto? Se a igreja de Jesus Cristo segue esse padrão,
terá ela alguma vez diáconos?
Alguns têm argumentado que nenhum homem nessa vida pode alcançar
esse padrão; nenhum homem está realmente qualificado para ser um diácono.
Somos todos pecadores, e ninguém pode atingir completamente esse padrão.
É bom que alguém esteja bastante ciente do pecado, e da corrupção que
permanece na natureza do filho regenerado de Deus que ainda não foi glorificado.
Mas é verdade que nenhum homem nesta vida está realmente qualificado para o
diaconato, pois o padrão é muito alto para um pecador alcançar? Um perigo prático
de tal visão é que a igreja ignorará os requerimentos de Deus ao escolher
diáconos, e colocará homens no ofício que são indignos. Isso não trará a bênção
de Deus sobre a obra desse diaconato. O perigo teológico é que podemos
esquecer que Deus determinou dar à sua igreja diáconos do tipo prescrito em 1
Timóteo 3 – diáconos qualificados! Ele lhe dará os tais, pois ela necessita deles, e
ele prometeu fazê-lo. Sua obra de misericórdia será desempenhada por homens
semelhantes a Cristo.
Cremos, portanto, que um homem chamado por Deus para o ofício de
diácono pode alcançar esse alto padrão e pode ser qualificado para o ofício. Deus
velará por isso!
Como podemos estar certos que Deus velará por isso? Porque desde
toda a eternidade Deus, ao chamar homens para esse ofício, determinou que
certos homens deveriam servir em sua igreja como diáconos, num tempo particular
ou outro na história, e numa congregação particular de sua igreja ou outra. Deus,
desde toda a eternidade, determinou que no ano 2001, certos homens deveriam
ser diáconos nas congregações que constituem as Igrejas Protestantes
Reformadas. E no tempo, Deus, ao chamar homens para esse ofício, prepara-os
para essa obra, dando-lhes vários dons, tanto espirituais como intelectuais. Agora
esses homens, assim dotados por Deus, são aqueles que devem ser colocados no
ofício pela igreja. Deus, ao dar essa lista de qualificações, dirige a igreja aos
próprios homens que ele providenciou para a nossa necessidade, que realizarão a
obra de misericórdia.
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Cremos absolutamente que um homem pode ser qualificado para o ofício
somente pela graça soberana de Deus. Ninguém, em e de si mesmo, sendo um
pecador totalmente depravado e espiritualmente morto por natureza, pode jamais
atingir esse alto padrão. Ele não poderia nem mesmo começar. Ele está morto!
Essa profundidade de sua depravação ressalta o fato que qualquer homem que
esteja qualificado para esse ofício, assim está pela graça.
Mas Deus, ao dar as qualificações, entende que ele falou com respeito a
homens que por natureza são pecadores. Assim, ele não requer que o diácono
seja impecável. “Irrepreensível” é um alto padrão; mas não significa “sem pecado”
ou “perfeito”. Fosse a perfeição requerida, esse padrão seria alto demais para
qualquer homem alcançar nesta vida.
Um homem alcança esse alto padrão quando se conduz duma forma
exemplar, vive uma vida santificada e piedosa em cada aspecto e em cada esfera
de sua vida, ama a Deus e ao seu próximo como a si mesmo, guarda seu corpo e
alma em sujeição pelo poder do Espírito, e descansa em Deus e Cristo para
receber a força para fazer tudo isso.
Diáconos, vocês alcançaram isso, pela graça de Deus? De modo ideal,
esse alto padrão é um que todo cristão, quer esteja ou não no ofício especial da
igreja, satisfaria. Pois o diácono que atingiu esse padrão indica que ele obedeceu
fielmente à lei de Deus em toda a sua vida. É requerido que todos façam isso.
Idosos e idosas, garotos e garotas, devem todos ser sóbrios e “sérios”
(Tito 2:2-6). Não ter “língua dobre” é viver em obediência ao nono mandamento,
requerido de todos nós. Todo santo na igreja de Jesus Cristo não deve “ser
inclinado a muito vinho” (Ef. 5:18). Não devemos ser gananciosos, ou “cobiçosos
de sórdida ganância”; o oitavo e décimo mandamento requer isso de nós, bem
como Hebreus 13:5. Todo filho de Deus deve conhecer a fé, e ter uma consciência
pura (Romanos 10:9ss; 2 Tessalonicenses 2:15; Hebreus 10:22; 1 Pedro 3:16).
Todos devem ser irrepreensíveis (1 Coríntios 1:8; 2 Pedro 3:14). Todas as
mulheres na igreja são chamadas a toda piedade em Tito 2, a qual já nos
referimos, e estão sob obediência à lei de Deus. Todos os maridos devem “ser
marido de uma só mulher” (sétimo mandamento), e governar bem seus filhos e
casa (Efésios 5:25ss; 6:4).
Certamente, por razões que não daremos nesse artigo, alguns na igreja
que satisfazem essas qualificações espirituais, não devem todavia ser
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considerados para o ofício de diácono, tais como mulheres, neófitos e aqueles que
não foram “provados”.
Mas de maneira ideal, a igreja deveria ter uma abundância de homens
qualificados para o ofício! Cristãos crentes, vocês estão aptos? Jovens em
particular, vocês vivem como deveriam? Ou é o caso que, por causa de como
estão vivendo agora, não serão considerados para o ofício? Se isso é verdade
quanto a vocês, é para a vossa vergonha!
O padrão para os diáconos é muito alto; mas o padrão para alguém que
se chama um cristão é igualmente alto, e pode ser atingido somente pela graça de
Deus.
O que fazer se houverem muitos homens qualificados numa
congregação? Esse é geralmente o caso em nossas igrejas, como tenho
percebido; e essa é uma razão de gratidão a Deus. Então os homens que se
excedem, os melhores qualificados, devem ser postos no ofício. O julgamento
quanto a quem é o melhor qualificado cabe, sem dúvida, ao concílio que nomeia, e
a congregação que por seu silêncio aprova a nomeação e então vota a favor dela.
E aqueles homens que não foram eleitos nessa reunião, mas desejam o ofício,
deveriam continuar sendo homens piedosos, entendendo que Deus, se for da sua
vontade, os colocará no ofício num tempo futuro.
E o que fazer se existem somente uns poucos homens qualificados?
Então os diáconos devem ser escolhidos dentre esse grupo. Uma igreja que
determina ter seis diáconos, mas encontra somente quatro que verdadeiramente
satisfazem o padrão, deveria ter somente quatro diáconos, ao invés de colocar no
ofício homens que não são qualificados, apenas para suprir sua cota.
E se não houver nenhum homem na congregação qualificado para o
ofício? Essa seria deveras uma triste situação. Se o grupo não é uma congregação
oficialmente organizada, mas deseja se organizar, esta pergunta deve ser feita:
existem homens qualificados? Se não, o grupo não deve receber a permissão de
se organizar. Isso está de acordo com o Artigo 38 da Ordem da Igreja, e as
decisões tomadas pela PRC9 que foram anexadas a ela (uma carta de requisição
de um grupo desejando se organizar tendo chegado ao concílio, “O concílio deverá
assim deliberar se tal organização é possível ou desejável, observando se existe,
entre os signatários, pessoas aptas para membros consistórios…”). Se uma
congregação organizada se encontra numa situação na qual não tem nenhum
homem qualificado para o diaconato, provavelmente ela não tenha nenhum para o
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presbitério. Se acontecer de todos os seus homens qualificados serem presbíteros,
ela deveria considerar chamar um ou dois deles para serem diáconos. Mas
provavelmente, ela não terá nenhum homem qualificado para tais ofícios; e então
deve ser colocada sob os cuidados de um consistório vizinho (Ordem da Igreja,
Artigos 38 e 39).
E o diácono que está atualmente no ofício, mas não satisfaz esse padrão?
Se era anteriormente qualificado, mas enquanto no ofício comete um pecado
grosseiro que lhe torna inapto, ele deve ser suspenso ou deposto, de acordo com
os Artigos 79 e 80 da nossa Ordem da Igreja. Se ele nunca foi apto como deveria,
mas foi colocado no ofício, ele tem esse chamado: ser qualificado! Isto é, enquanto
puder e confiar na graça de Deus, ele deve se esforçar sinceramente para
fortalecer as áreas nas quais é fraco. Falhando em fazer isso, não deve ser
considerado novamente para o ofício após seu mandato acabar.
Mas devemos terminar com uma nota encorajadora. Invariavelmente, o
filho de Deus vê que, devido à sua natureza pecaminosa, ele não tem obedecido à
lei de Deus perfeitamente, como deveria. E invariavelmente, o diácono que
examina seu coração à luz desses requerimentos verá áreas nas quais fracassa,
mesmo se essas estiverem somente em seu coração. O filho de Deus, vendo o seu
pecado, deve encontrar o perdão para os seus pecados e natureza pecadora na
cruz de Jesus Cristo, e deve desejar graça e força para crescer em santificação.
Assim também para o diácono. Ele deve colocar um exemplo para toda a igreja
sendo rápido em confessar seus pecados, encontrar o perdão em Cristo, e buscar
o perdão de alguém contra quem pecou. E ele deve professar e demonstrar que
diariamente busca a graça de Deus para crescer em santificação, esperando
plenamente que receberá essa graça, por causa de Cristo. Enquanto faz isso,
descansa assegurado que Deus continuará a usá-lo, fraco como ele é, para o bemestar da igreja.
Deus equipa a quem ele chama! O padrão é alto. Deus o sabe! E ele
proverá homens para esse ofício em sua igreja.
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RECIPIENTES MASCULINOS DA GRAÇA DE DEUS
Que Deus estabelece um alto padrão para os diáconos em 1 Timóteo
3:8ss., e que Deus supre sua igreja com homens que, por sua graça, alcançam
esse padrão, já observamos. Agora devemos examinar o padrão mais
atentamente. Quais são as qualificações para o ofício de diácono?
Fazemos a pergunta por três razões. Primeiro, visto Deus requerer que a
sua igreja nomeie ou vote para o diaconato somente aqueles que são
apropriadamente qualificados, devemos conhecer em detalhe quais são as
qualificações. Segundo, aqueles que são atualmente diáconos devem saber que
tipo de pessoas Deus espera que eles sejam e devem se esforçar para adquirir
essas qualificações. Terceiro, toda a igreja deve encorajar seus oficiais a obterem
essas qualificações, e orar para que Deus possa continuar a qualificá-los. Assim,
devemos saber quais são as qualificações.
Neste capítulo, começamos a responder a questão enfatizando duas
coisas: primeiro, os diáconos devem ser os recipientes da graça de Deus; e
segundo, eles devem ser do sexo masculino. Essas são as duas qualificações
mais amplas para o ofício. Elas levam em conta categorias básicas nas quais Deus
dividiu a raça humana – a de gênero e a de relacionamento espiritual com Deus.
Encontramos outras divisões básicas entre a humanidade: ricos e pobres,
livres e escravos (manifesto hoje como empregadores e empregados), velhos e
jovens. Enfatizamos veementemente que essas divisões não desempenham
nenhum papel na determinação de quem pode ser um diácono.
Seria nossa natureza colocar no diaconato homens da alta sociedade – os
empregadores ricos, ao invés de trabalhadores simples e humildes; ou homens
que possuem trabalhos prestigiosos, tais como políticos, advogados ou doutores.
Poderíamos pensar que aqueles cujos trabalhos diários são o comércio ou o setor
bancário seriam apropriados para o ofício, mais que aqueles cujo trabalho seja em
outras áreas.
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Contudo, nenhuma das qualificações dadas na Escritura nos apresenta
qualquer razão para justificar tal pensamento. Deus não está preocupado com o
exterior ou a posição social de alguém, mas com o seu coração e vida. Ele requer
que os diáconos não sejam incrédulos ímpios, mas crentes piedosos, recipientes
das graças espirituais. E ele requer que eles não sejam mulheres, mas homens.
Em dois lugares na Escritura Deus requer que os diáconos sejam homens
que são recipientes das graças espirituais. Em Atos 6:3 lemos que os apóstolos
dirigiram a igreja para procurar homens “cheios do Espírito Santo e de sabedoria”,
em resposta ao que ela escolheu, entre outros, Estevão, “homem cheio de fé e do
Espírito Santo” (Atos 6:5). E Paulo, em 1 Timóteo 3:8, diz que os diáconos devem
ser “honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de
torpe ganância” – impossível de ser verdadeiramente cumprido por qualquer
homem, exceto que Deus lhe conceda graça espiritual. Mas a passagem em 1
Timóteo 3 que é especialmente pertinente para o nosso propósito é o versículo 9,
“guardando o mistério da fé numa consciência pura”.
De Atos 6:3,5 e 1 Timóteo 3:9 encontramos três coisas que devem
caracterizar um diácono.
Primeiro, ele deve ser o recipiente da graça divina – isto é, deve ser um
filho de Deus salvo, possuindo o Espírito Santo, sabedoria, fé e uma consciência
pura (limpa). Que ele deve ser um filho de Deus salvo significa que deve estar
unido a Cristo por uma fé viva e verdadeira, e receber pela fé todos os dons e
bênçãos que estão inclusos na salvação: perdão dos pecados e justiça imputada
de Cristo, pela qual sua consciência é limpa; poder santificador para ser restaurado
à imagem de Cristo; graça para perseverar em fé e piedade; e a esperança da
ressurreição do seu corpo e da vida eterna.
Significa que o Espírito deve operar nele, e o fruto do Espírito ser visto
nele. Isto é, ao invés de se entregar à carne, ele deve possuir “amor, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gálatas 5:2223). Ele deve ser alguém a quem Cristo uniu ao seu corpo, que recebeu o
sacramento do batismo como um sinal e selo de sua entrada no pacto, e que é,
portanto, um membro da igreja de Jesus Cristo como manifesta sobre a terra. E ele
deve ter sabedoria para conhecer a vontade de Deus e dirigir sua vida em
obediência à lei de Deus, e para a glória de Deus.
Ninguém negaria que todas essas características devem ser verdadeiras
de um diácono. Para servir à igreja de Cristo no ofício especial, a pessoa deve ser
15
um membro da igreja. Mesmo o mundo verá a sabedoria disso; uma pessoa não
pode representar um Estado na legislatura estadual ou federal, se não vive
naquele Estado. Ainda mais, considerando que Cristo concede graça espiritual
através dos diáconos, o diácono deve ser alguém que recebe tais graças
pessoalmente.
Segundo, ele deve ser o recipiente de uma medida especial da graça
divina, não apenas tendo o Espírito Santo e sabedoria, mas sendo cheio de,
totalmente permeado com o Espírito Santo e sabedoria. Em cada aspecto de sua
vida – seus pensamentos, desejos, palavras e ações – deve ser evidente que o
Espírito vive e opera nele. Os diáconos não devem ser meramente cristãos, mas
cristãos fortes, “acima da média no desenvolvimento de sua vida espiritual”.10 A
seguinte afirmação de Peter Y. DeJong também é pertinente:
“Devemos pensar especialmente nessa conexão numa medida especial
daquelas virtudes que são necessárias para o desempenho fiel e frutífero do
seu ofício. Assim, em simpatia, bondade, interesse amoroso, hospitalidade e
auxílio eles deveriam estar acima de reprovação, visto que devem
representar a solicitude (consideração ou cuidado) do Salvador a todos que
estão em necessidade”.11
Portanto, não é qualquer homem que recebeu a graça de Deus que pode
servir no ofício. Por pelo menos duas razões, os líderes da igreja não devem
escolher o elemento mais fraco, mas o mais forte. Primeiro, a força dos líderes da
igreja determinará grandemente a força da própria igreja. Segundo, aqueles que
devem lidar com o povo de Deus em suas fraquezas e enfermidades devem ser
fortes, capazes de trazer uma palavra de conforto e assegurar o povo do cuidado
amoroso de Deus por eles.
Em terceiro lugar, essas passagens mostram que o diácono deve ser
consciente que recebeu tal graça, e mostrar essa consciência guardando
(literalmente, “tendo”, mas no sentido do possuir e conservar consciente) o mistério
da fé com uma consciência pura. Ele deve então conhecer a Escritura, as
Confissões e a Doutrina Reformada, e não divergir da fé Reformada de forma
alguma. Deve ser capaz, sem reservas, de assinar a “Fórmula de Subscrição”, na
qual declara “sinceramente e em boa consciência diante de Deus” que crê de todo
o coração e está “persuadido que todos os artigos e pontos da doutrina contidos na
Confissão Belga e no Catecismo de Heidelberg e nos Cânones de Dort estão
em pleno acordo com a Palavra de Deus”. Ele promete, além disso, “ensinar
diligentemente e defender fielmente” essas doutrinas, e não contradizê-las de
16
forma alguma; e declara que rejeita todos os erros que a confissão rejeita,
particularmente o Arminianismo, e que está “disposto a refutar e contradizer” esses
erros, pronto a ensinar a verdade, e a fazer sua parte para manter “a Igreja livre de
tais erros”.12 Para prometer tudo isso, ele deve conhecer essas verdades!
Não somente deve ele conhecer tudo isso, mas deve também amar a
verdade, confessando sua fé com a boca e coração, e mostrando mediante seu
viver que está verdadeiramente convicto da verdade das Escrituras e da fé
Reformada. Ele deve guardar o mistério da fé “em uma consciência pura” –
objetivamente pura, sendo limpa da culpa pelo sangue de Cristo, e subjetivamente
pura, experimentando o perdão dos pecados na forma de tristeza genuína por eles,
e lutando para não fazer nada que polua sua consciência.
Todas essas idéias estão implicadas no diácono ser um recipiente da
graça de Deus. Ele não meramente alega ter recebido a graça de Deus, mas sua
vida demonstra a veracidade de sua afirmação de uma forma que todos possam
ver.
Tal graça Deus opera nos homens e mulheres igualmente. Isso é o que
Paulo quer dizer quando disse em Gálatas 3:28: “não há homem nem mulher;
porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.
Mas o ofício de diácono está vetado às mulheres. Um diácono deve ser
um homem. Igrejas têm gasto muito tempo e energia debatendo se os ofícios estão
ou não abertos às mulheres, e muitas têm violado a Palavra de Deus ao tentar usar
a Escritura para justificar colocar mulheres nos ofícios especiais. Uma passagem
violada por eles dessa forma é 1 Timóteo 3:11, que lemos assim na ACF: “Da
mesma sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em
tudo”. O argumento é que a palavra “esposas” deveria ser traduzida na verdade
como “mulheres”,13 e referir-se-ia às mulheres diaconisas. Concordamos que a
palavra traduzida como “esposas” pode e freqüentemente significa “mulheres”; a
KJV (no Novo Testamento) traduz essa palavra grega como “esposas” 92 vezes 14
e “mulheres” 129 vezes.
Todavia, o texto não ensina que as mulheres podem ser diaconisas. Que
isso não pode ser usado para apoiar as mulheres serem postas no ofício de
diácono é claro a partir da própria passagem. Um diácono deve ser marido de uma
mulher, de acordo com o versículo 12. Embora explicaremos esse requerimento
em maiores detalhes num artigo posterior, por ora devemos observar duas coisas.
Primeiro, no versículo 12 a palavra “esposa”, a mesma palavra no grego que
17
aparece no versículo 11, significa claramente “esposa” e não “mulher”. Um
princípio sadio de interpretar a Escritura é que quando a mesma palavra é usada
no mesmo contexto, ela deve ter o mesmo significado, a menos que seja
absolutamente claro que o significado deve ser diferente. Usando esse princípio,
devemos concluir que se no versículo 12 (o versículo mais claro) a palavra é
“esposas”, então no versículo 11 (o versículo mais questionável, governado
portanto pelo mais claro) a palavra é “esposas”, e não mulheres. Segundo, o
versículo 12 não diz meramente que um diácono deve ter um cônjuge, deixando
aberta a possibilidade que o diácono seja uma mulher, mas diz que os diáconos
devem ser “maridos” de uma esposa. A palavra traduzida como “maridos” refere-se
claramente a um homem. Uma mulher não pode ser um marido. Assim, Paulo,
inspirado pelo Espírito Santo, ensina explicitamente que um diácono deve ser um
homem. Se o versículo 11 permite as mulheres serem diaconisas, então Paulo se
contradiz, e o próprio Espírito também. Além disso, se as mulheres têm a
permissão de serem diaconisas, não existe nenhuma boa razão pela qual uma lista
especial de qualificações extras tenha sido dada para elas. Há boa razão, contudo,
no fato das esposas dos diáconos deverem satisfazer certos critérios. Qual é essa
razão veremos quando tratarmos esse requerimento em mais detalhe.
Três razões adicionais podem ser colocadas em suporte do argumento
que Deus não permite que as mulheres sejam diaconisas. Primeiro, lembrando que
o diácono é a contraparte no Novo Testamento do ofício de sacerdote no Antigo
Testamento, observamos que somente homens tinham a permissão de ser
sacerdotes no Israel do Antigo Testamento. Argüir que Débora e Hulda eram
profetisas não ajuda ninguém aqui; nenhuma mulher jamais foi ou poderia ser uma
sacerdotisa em Israel. A lei de Deus requeria que Arão e seus filhos ministrassem
naquele ofício.
Segundo, quando o ofício de diácono foi instituído no Novo Testamento,
os apóstolos mandaram a igreja encontrar sete “homens” (Atos 6:3). A palavra
traduzida como “homens” não é a palavra geral que significa “seres humanos”, mas
a palavra específica que significa “seres humanos do sexo masculino”. A igreja
primitiva entendeu mui claramente que uma qualificação para o ofício era que
esses fossem homens, e escolheu de acordo com isso. O fato que nenhum dos
primeiros sete diáconos era uma mulher não foi devido a qualquer visão cultural de
homens e mulheres, ou a alguma razão prática, mas ao claro entendimento da
parte da igreja que as mulheres não eram para ser nem mesmo consideradas para
esse serviço.
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Terceiro, a razão pela qual nenhuma mulher pode servir no ofício na igreja
é claramente ensinada na Escritura. 1 Timóteo 2:12-14, o contexto imediatamente
precedente à passagem na qual as qualificações de presbíteros e diáconos são
dadas, diz: “Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade
sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão,
depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em
transgressão”. Os fatos históricos são apresentados – a saber, que Adão e não
Eva foi primeiramente formado, e que Eva e não Adão foi enganada pela serpente
no Éden – são fatos imutáveis. A conseqüência é imutável também: a mulher não
pode servir no ofício na igreja. Elas não podem ensinar! Então, não somente elas
não podem ter o ofício de pastor, mas nem podem ter o ofício de presbítero ou
diácono, pois esses dois ofícios envolvem ensino em certo grau. Além do mais,
elas não podem usurpar de autoridade sobre o homem! Isso as exclui de ter algum
ofício especial na igreja, pois toda a autoridade na igreja foi dada aos homens!
Deus não permitirá que uma mulher possua o ofício de diácono, jamais. É
necessário que os diáconos na igreja de Cristo sejam homens. Não teremos tempo
para antecipar as objeções a essa posição, que o sexo de alguém é um fator para
saber se alguém está qualificado ou não para o ofício. Afirmamos que a obediência
à Palavra de Deus nessa questão não menospreza o lugar das mulheres na igreja,
e não as priva de usar os seus dons recebidos de Deus para o bem da igreja. Tais
argumentos do campo oposto não possuem peso algum. A questão é se Deus
permite ou não que as mulheres sirvam nesse ofício. Argumentar que a Escritura
permite que elas sirvam nele requer que a pessoa distorça a Escritura.
Recipientes masculinos da graça de Deus! Esse, geralmente falando, é o
requerimento de Deus para os diáconos. Começaremos a analisar os específicos
no próximo capítulo, se Deus quiser.
19
4
CHEIO DO ESPÍRITO SANTO, SABEDORIA E FÉ
Porque os diáconos servem como representantes oficiais de Jesus Cristo
à sua igreja, Deus requer que sua igreja escolha homens qualificados para esse
ofício. Já observamos que eles devem ser homens, e que devem ser homens
crentes que receberam da parte de Deus graças espirituais da salvação em Cristo.
Alguém que recebe tal graça deve e manifestará a mesma em sua vida.
Com respeito a todo filho de Deus, esse é o caso. Devemos manifestar a
graça, mostrar nossa gratidão a Deus pela salvação. E faremos isso, “pois é
impossível que aqueles que estão implantados em Cristo, por verdadeira fé,
deixem de produzir frutos de gratidão” (Catecismo de Heidelberg, Domingo 24, P &
R 64).
É impossível porque a manifestação dessa graça não é obra nossa, mas a
obra de Deus em nós. Deus não dá a graça do perdão, da nova vida e da
santificação, sem conceder também a graça para manifestar essa nova vida.
Somos salvos pela graça, mediante a fé, não de nós mesmos, ensina Paulo em
Efésios 2:8-9. Ele então continua no versículo 10 para dizer: “Porque somos feitura
sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão
preparou para que andássemos nelas”. E lembra aos crentes de Filipo em
Filipenses 2:13: “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o
efetuar, segundo a sua boa vontade”.
Se todo filho de Deus deve e manifestará a graça de Deus em sua vida,
ainda mais deve o diácono assim fazer. Ele representa o Deus santo e impecável
diante do seu povo – que o diácono seja santo, como Deus é santo! Sua vida deve
ser um exemplo, ao povo de Deus, de obediência voluntária a todos os
mandamentos de Deus.
Tendo tudo isso em mente, não ficamos surpresos que algumas das
qualificações para o ofício de diácono têm a ver com como ele vive sua vida, isto é,
como manifesta a graça de Deus nele. E para esse aspecto das qualificações para
o diaconato voltamos a nossa atenção agora.
20
Que é requerido que os diáconos manifestem a graça de Deus é claro a
partir do que a Escritura nos diz sobre os primeiros diáconos. Eles deveriam ser
homens “de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (Atos 6:3).
Dois versículos adiante, lemos que Estevão era “cheio de fé e do Espírito Santo”.
Em nosso último artigo enfatizamos que esses versículos indicam que os
primeiros diáconos tinham recebido a graça de Deus. É igualmente verdade,
contudo, que eles indicam que esses sete homens manifestavam a graça de Deus
na forma como viviam. Que eles eram “cheios” de fé, sabedoria e do Espírito Santo
é obviamente algo que a igreja primitiva poderia ver como sendo verdadeiro a
respeito deles. Se não, como poderia a igreja primitiva escolher esses homens
para o ofício? O que os distinguiria de outros homens como sendo eminentemente
qualificados para a obra?
O que era verdadeiro dos primeiros diáconos deve ser verdadeiro dos
diáconos hoje. Diáconos, vocês vivem como se fossem cheios da graça de Deus?
Algo que está cheio não pode receber mais. Vocês poderiam responder: “Somos
vasos fracos e pecaminosos; sempre precisamos mais da graça de Deus”.
Verdade! Todo dia precisamos. E nunca poderemos ter graça suficiente.
Todavia, Deus pode nos encher com sua graça, capacitando-nos – não no
sentido de não precisarmos de mais nada, mas no sentido que nós, por natureza
vasos fracos e pecaminosos, somos cheios para transbordar com essa graça. Ela
jorra para fora! Esse é o ponto da palavra “cheio” em Atos 6! Diáconos, vocês são
tão cheios da graça de Deus, do Espírito Santo, de fé e de sabedoria, que
transbordam? Concílios e congregações, é o fato dos homens atualmente servindo
no diaconato de suas igrejas serem “cheios” dessa graça a razão pela qual foram
nomeados e escolhidos para o ofício?
Sem dúvida, não queremos dizer e a Escritura não ensina que todo
homem cheio desses dons deve estar no ofício. Que bênção ter uma igreja na qual
todo homem é cheio desses dons! Mas o ponto é: ninguém que não seja cheio
desses dons pode ser colocado no ofício de diácono.
A questão posta diante dos diáconos, se são cheios desses dons ou não,
é muito séria. Que homem pode ser cheio de tais coisas por si mesmo? Nenhum! A
própria plenitude dessas graças é dom de Deus. A ele seja toda a glória e louvor!
Além do mais, o diácono conhece sua própria fraqueza e inaptidão. Certamente ele
não pensa que em dado momento é evidente que ele seja cheio do Espírito Santo
e de sabedoria.
21
Coragem, homens! Somos ensinados na Escritura que Deus dará esses
dons continuamente, e em maior medida, mediante nossas orações contínuas e
fervorosas para tal. Tendo lembrado aos seus discípulos que um homem se
levantaria à meia-noite para dar comida a um amigo necessitado, ao invés de
mandá-lo embora, Jesus diz que Deus fará o mesmo conosco. Lemos em Lucas11:
9-13: “E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrirse-vos-á; porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate,
abrir-se-lhe-á. E qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma
pedra? Ou também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? Ou
também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois, se vós, sendo maus,
sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o
Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”.
Citei essa passagem na íntegra, para que possamos ficar mais
impressionados com o ponto de Jesus: Deus certamente responderá nossas
orações! Mas note também pelo que devemos orar, e o que Deus sem dúvida nos
concederá: o Espírito Santo! Essa passagem mostra que todos os filhos de Deus,
incluindo os diáconos, devem orar pelo Espírito Santo em confiança que Deus
certamente lhes outorgará. Ore por muito, e muito será dado!
Visto que a fé e a sabedoria são dons particulares dados por Deus pelo
Espírito, Jesus por implicação nos instrui a orar por eles também, confiantes que
nos serão dados. Mas passagens particulares da Escritura nos lembram a orar
especificamente por fé e sabedoria. Os discípulos oraram, assim como devemos,
por uma medida maior e mais forte de fé: “Aumenta-nos a fé” (Lucas 17:5, ARA). E
Tiago escreveu: “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a
todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada” (Tiago 1:5). Que
bela promessa! Deus não lançará em rosto; ele não nos repreenderá por pedir,
nem deixará nosso pedido sem resposta. Bem que ele poderia, pois o fato que
permanecemos em necessidade de sabedoria é nossa falta. Mas não o fará. Pelo
contrário, a dará liberalmente! Mas devemos pedir com fé, não duvidando.
O diácono – e todo filho de Deus – que ora para ser cheio dessas graças,
e que faz sua oração sinceramente, receberá o que deseja. Quanto mais ciente
estiver de sua necessidade, mais fervorosamente alguém orará. Quais são esses
dons, e por que precisamos deles?
O Espírito Santo é, sem dúvida, a terceira pessoa da Trindade, co-eterno
e co-igual com o Pai e o Filho. Ele foi dado por Deus ao Cristo ascendido, e
22
derramado por Cristo sobre a igreja no dia de Pentecoste, para ser o agente de
Cristo na salvação de sua igreja.
A obra do Espírito Santo, falando de forma geral, é dupla. Primeiro, Deus
pelo Espírito Santo opera em todos nós as bênçãos da salvação. Regeneração,
chamado, fé, justificação, santificação – todos esses dons que estão inclusos na
obra salvadora de Deus em nós, são operados em nós pelo Espírito Santo. Assim,
todo filho de Deus necessariamente tem o Espírito Santo. Segundo, Cristo pelo
Espírito Santo chama homens ao ofício em sua igreja, e equipa-os para o ofício.
Os dons que ele dá nessa conexão são todas as qualificações necessárias para
desempenhar as tarefas que Deus nos dá no corpo de Cristo. E novamente, todo
filho de Deus tem o Espírito Santo nesse sentido, pois todos possuem o ofício de
crentes, e todos têm um lugar particular no corpo. Nesse sentido, contudo, os
pastores, presbíteros e diáconos da igreja devem ter o dom do Espírito Santo em
medida especial.
O diácono deve ser cheio com o Espírito Santo nos dois sentidos – como
um filho de Deus salvo, e como alguém chamado para o ofício. Ele deve ter a
certeza que seus pecados foram perdoados, e ter a força para viver uma vida
piedosa; e deve também estar certo que Deus o chamou para o diaconato e lhe
concedeu os dons necessários para servir nesse ofício. Se alguém perguntar a
qual sentido Atos 6:3, 5 se refere, quando diz dos diáconos e de Estevão como
sendo cheios do Espírito Santo, minha resposta é dupla. Primeiro, os dois sentidos
não podem ser completamente separados; um lugar no corpo de Cristo é dado
somente àqueles que foram redimidos por Cristo. Pela regeneração, a pessoa é
trazida para o corpo. Todavia, em segundo lugar, a ênfase em Atos 6 parece cair
sobre o segundo aspecto, que esses homens eram particularmente dotados para a
obra do diaconato.
Diáconos, sem dúvida vocês conhecem a sua necessidade do Espírito
Santo! Vocês devem crescer em graça espiritual – mesmo a fé e a santificação são
dadas continuamente. Orem continuamente por isso! E vocês têm ciência que
precisam de graça para serem qualificados para o ofício que sustentam. Orem
fervorosamente a favor disso!
Sabedoria é a capacidade espiritual de dirigir as ações de uma forma que
o objetivo de alguém seja melhor alcançado. O objetivo deveria ser a glória de
Deus em tudo o que fazemos. Todo filho de Deus precisa de sabedoria para
buscar a glória de Deus em como ele vive. Essa sabedoria é encontrada na lei de
Deus, em toda a Escritura, e em Cristo. Os diáconos também precisam de
23
sabedoria para viver suas vidas – precisam da capacidade de saber como melhor
viver para a glória de Deus como um diácono deveria, manifestando que estão
qualificados para o ofício que possuem. E eles precisam de muita sabedoria para
desempenhar a tarefa do seu ofício. Seu objetivo nessa obra é a glória de Deus,
através da edificação e cuidado dos necessitados na igreja. Quando confrontado
com várias circunstâncias e situações dos pobres e necessitados, e ao discutir com
outros diáconos a melhor forma de ajudá-los, o diácono se torna muito consciente
que precisa de sabedoria. Se não se torna consciente disso enquanto lida com o
seu trabalho, ele é de fato um diácono muito pobre!
Diáconos, vocês oram por sabedoria? Santos, vocês oram por seus
diáconos, para que Deus lhes conceda sabedoria?
Por último, o diácono deve ter fé. Confio que sabemos muito bem o que é
esse dom. É o conhecimento espiritual e a confiança na verdade da Escritura, e
que todas as bênçãos espirituais se tornam nossas por causa de Cristo. No último
artigo explicamos porque é necessário o diácono ter fé, em conexão com a
necessidade dele guardar “o mistério da fé em uma pura consciência” (1Tm. 3:9).
Nessa fé o diácono deve ser continuamente preservado e crescer
continuadamente. É imperativo, então, que o diácono ore por isso, e que a
congregação também implore a Deus para que ele conceda uma rica medida de fé
sobre os diáconos na igreja.
Mas até esse ponto observamos somente o que Atos 6 diz sobre as
qualificações do diaconato no qual a graça de Deus é manifesta. Devemos
examinar também as declarações pertinentes em 1 Timóteo 3. Faremos isso em
nosso próximo capítulo, se Deus quiser.
24
5
PIEDOSOS EM SUA CONDUTA
Alguém poderia dividir as qualificações para os diáconos, apresentadas
em 1 Timóteo 3:8-12, em várias categorias. Algumas das qualificações dizem
respeito claramente à situação familiar e vida deles. Eles devem ser “maridos de
uma mulher e governar bem seus filhos e suas próprias casas” (v. 12). Além disso,
suas esposas devem ser “honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo” (v.
11). Uma qualificação considera a situação pessoal do diácono com respeito à
igreja – ele deve ser “primeiro provado” (v. 10). Algumas dessas qualificações
dizem respeito à obra básica da graça de Deus em seus corações – eles devem
ser crentes, “guardando o mistério da fé em uma pura consciência” (v. 9). E outras
têm a ver com a manifestação dessa graça de Deus na forma como eles vivem –
os mesmos devem ser “honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho,
não cobiçosos de torpe ganância” (v. 8), e devem ser “irrepreensíveis” (v. 10).
Outra qualificação que seria colocada nessa categoria é encontrada em Atos 6:3:
“varões de boa reputação”.
É para esse grupo de qualificações que devemos voltar nossa atenção
agora. Os diáconos devem ser piedosos em sua conduta! Em como vivem, eles
devem manifestar que Deus operou sua graça neles. Devem viver vidas de grata
obediência à lei de Deus, e apresentar um exemplo para o povo de tal obediência.
Tal vida produzirá respeito do povo da igreja pelos diáconos, e fará com que as
pessoas prontamente reconheçam que os diáconos são vasos preparados pela
graça para administrar a graça e as misericórdias de Jesus Cristo.
Começamos nosso tratamento da conduta piedosa requerida dos
diáconos no último artigo, no qual enfatizamos que eles devem ser homens cheios
do Espírito Santo, de sabedoria e fé, como foi requerido dos primeiros diáconos na
igreja. Que um diácono é cheio do Espírito Santo, de sabedoria e fé será evidente
por sua conduta piedosa.
No topo da lista dada em 1 Timóteo 3:8 está o requerimento que os
diáconos devem ser honestos. Isso significa que devem ser homens sérios e
dignos. A qualificação não diz o que deve ser verdadeiro da disposição natural do
homem, mas o que deve ser verdadeiro dele pela graça. Isto é, a Escritura não diz
25
que o homem nunca deve sorrir ou desfrutar de prazeres terrenos; antes, todo
esse divertimento apropriado deve ser temperado pela consciência do diácono de
três verdades básicas: sua salvação em Cristo é uma maravilha imerecida; o servo
de Deus deve ser diligente em tudo de sua vida; e o diácono em particular tem uma
grande responsabilidade, que ele deve cumprir fielmente. O que não deve ser
verdade do diácono é que ele nunca seja sério, tratando tudo levianamente e com
humor.
Tal honestidade e seriedade inspirarão respeito no povo da igreja. Eles
entenderão que podem chegar a esses diáconos quando em necessidade, e não
serão desconsiderados, ou motivo de outra piada, mas eles e o seu pedido serão
tomados seriamente. Vocês são honestos, diáconos?
Uma pessoa cujas necessidades são legítimas, mas que sente que os
diáconos não a tomam seriamente, passará por tempos difíceis sem confiar nos
diáconos – seja qual for – novamente.
Seguindo, eles não devem ser de língua dobre. A palavra grega assim
traduzida significa, na verdade, “de duas palavras”. Algumas vezes chamamos isso
de “duas caras”. Sua palavra a uma pessoa não corresponde com o que diz a
outra. Ou, ele faz uma promessa àqueles em necessidade, tentando mostrar
compaixão, mas sabendo que não é capaz de cumprir tal promessa.
É aqui que podemos notar o positivo, apresentado em Atos 6:3: “varões
de boa reputação”. Que seja ele um homem que obedeça ao nono mandamento
sempre.
A segurança e confiança do povo será abalada, não somente nesse
diácono particular que não é honesto, mas em todos os diáconos! E como pode um
diácono trazer a Palavra de Deus para confortar o povo de Deus em suas
necessidades espirituais, quando não pode nem mesmo falar uma palavra de
verdade da sua própria boca?
Os comentários de DeJong nesse respeito vão direto ao ponto, e citá-losei na íntegra:
“Ainda mais que na obra do presbitério, os diáconos estão em sério perigo de
cair nesse pecado. Continuamente eles devem entrar em contato com os
pobres e necessitados em seus lares, discutir questões pessoais com eles,
ouvir a narração de suas circunstâncias e buscar aliviar sua agonia em toda
forma possível. Tal obra ardorosa requer não somente um coração simpático
26
e amoroso, mas também um caráter firme e inabalável. Um diácono deve ser
capaz de ganhar a confiança daqueles a quem busca ajudar.
Esses devem sentir que sua palavra é confiável; que ele não faz promessas
que não seja capaz de cumprir. Da mesma forma, ele deve ser capaz de
julgar corretamente as situações que obtém, guardar-se de preconceito, e
defender quanto possível seu julgamento diante dos outros diáconos e
presbíteros a quem é responsável. Qualquer um que faça belas promessas
sem autoridade legítima ou antes de ter conhecimento adequado das
circunstâncias, se encontrará na posição inevitável de ser acusado de ser
indigno de confiança, instável e mesmo enganador”.15
A “autoridade legítima” sobre a qual DeJong fala é o corpo de diáconos
como um todo; que nenhum diácono, ou comitê de diáconos, faça promessas
àqueles em necessidade, exceto promessas que o diaconato como um todo tenha
feito. A fim de evitar ser de língua dobre, é também bom que os diáconos saiam
em grupos, que discutam de antemão a situação que encontrarão, e que abordem
uns aos outros (em privado) se alguém pensa que o outro não tem sido sincero.
Os diáconos também devem ser “não dados a muito vinho”. O “vinho” é
mencionado porque era uma bebida comum naquela época e por causa do seu
caráter intoxicador. O diácono deve apresentar um exemplo de temperança e
autocontrole para todos. Certamente, ele não pode fazer sua obra como oficial na
igreja se Cristo se estiver sob a influência do álcool; para desempenhar tal tarefa,
deve ser “cheio do Espírito” (Ef. 5:18).
Historicamente, DeJong aponta, que essa admoestação era necessária
porque como os diáconos iam de casa em casa recolhendo doações dos ricos, e
distribuindo-as aos pobres, freqüentemente era lhes oferecido bebida forte.16
Um gole talvez seja excelente. Especialmente em sua casa, um diácono
tem a permissão de beber um pouco de vinho. Não queremos estabelecer leis
onde a Escritura não o faz; o vinho como tal não é proibido. Mas uma bebida forte
em cada casa, quando o diácono visitará vários lares numa noite, é demais!
Hoje, os diáconos devem aplicar o requerimento positivo do autocontrole a
mais coisas do que meramente ao vinho. Que os diáconos não sejam dados
demasiadamente à comida, ou aos prazeres terrenos, que com moderação são
legítimos. Alguém que usa os prazeres terrenos imoderadamente não pode dizer
verdadeiramente que coloca as responsabilidades de seu ofício dado por Deus em
primeiro lugar na sua vida.
27
É ainda requerido dos diáconos que eles “não [sejam] cobiçosos de torpe
ganância”. O princípio positivo desse requerimento é realmente o mesmo do
requerimento anterior: as coisas terrenas não podem se tornar fins em si mesmos.
Isso é verdadeiro também do dinheiro. Esse requerimento se aplica à visão do
diácono quanto ao dinheiro: ele deve entender que o mesmo é um meio legítimo
pelo qual Deus provê nossas necessidades terrenas, mas ele não pode ser
ganancioso ou cobiçoso. Ser bem-sucedido nessa vida, ou rico, não deve ser sua
preocupação; ele não deve ser alguém com uma mente governada pelas coisas
terrenas. Antes, deve estar contente com sua porção na vida, e ser um exemplo de
alguém que confia em Deus para suprir suas necessidades materiais. O
requerimento também se aplica à forma na qual o diácono obtém seu dinheiro e
possessões – que ele trabalhe honesta e legalmente, e pague um preço justo por
aquilo que possui. E o requerimento também se aplica à forma na qual o diácono
usa seu dinheiro e possessões – que ele seja um bom despenseiro dele (do
dinheiro), buscando primeiro as causas do reino. Que esteja certo que traz suas
ofertas à Igreja no domingo, e pague sua instituição cristã de ensino, e então cuide
das necessidades terrenas de sua família.
Novamente, a importância disso para o diácono é prontamente vista.
Primeiro, se os recursos financeiros da igreja lhes serão confiados, ele deve ser
um homem que não tenha seu coração posto sobre o dinheiro. Muitas tentações
surgirão. Segundo, se ele deve pregar contentamento ao povo que visita, ele
mesmo deve praticar o contentamento. E se algumas vezes deve pregar a
administração piedosa àqueles cujas necessidades são oriundas da administração
pobre deles, o diácono deve estar certo que é também um bom despenseiro.
Por último, com respeito à conduta piedosa do diácono, a Escritura diz
que ele deve ser irrepreensível. Essa é a última qualificação mencionada para o
diácono, excetuando aquelas que lidam particularmente com sua situação familiar.
Com respeito à conduta pessoal do diácono, esse é o ponto conclusivo na
Escritura.
A palavra grega traduzida como “irrepreensível” aqui é diferente daquela
assim traduzida no versículo dois, com respeito aos presbíteros. Ali a palavra
significa literalmente, “não apreendido”, isto é, sua conduta deve ser tal que
ninguém possa lançar uma razão para privá-los do ofício, ninguém pode encontrar
uma base para uma acusação contra eles. Aqui a palavra tem a idéia de alguém
que não pode ser julgado. Vemos que, embora as palavras sejam diferentes, a
idéia é substancialmente a mesma.
28
Diáconos, vocês devem viver assim, em cada aspecto de sua vida –
familiar, pessoal, no trabalho, na igreja e no serviço diaconal – para que ninguém
tenha alguma razão para acusá-los! Vocês devem obedecer às duas tábuas da lei
de Deus, e a todo mandamento, com diligência! E para esse fim, guarde não
somente suas ações, mas sua língua também, e seus pensamentos e coração!
Vocês devem estar acima de suspeita, e devem se abster não somente do mal
como tal, mas de toda aparência do mal.
Isso significa, positivamente, que vocês devem estar próximos de Deus
em sua vida, e que isso deve ser evidente em toda a sua vida. Uma pessoa não
pode ter tal conduta piedosa sem depender da graça de Deus. Ninguém pode ser
verdadeiramente irrepreensível e piedoso enquanto fazendo a obra do diaconato,
se não for irrepreensível e piedoso em sua vida pessoal. Seja alguém que gaste
tempo com Deus em oração e meditação na sua Palavra todos os dias!
Então vocês podem chegar com ousadia e confiança àqueles em
necessidade, como os representantes do Deus vivo e misericordioso, e de Cristo,
nosso Sumo-Sacerdote.
Parece que algumas qualificações estão faltando? Onde está a menção
do amor e compaixão que um diácono deve ter? Não deveria ser ele um homem
que mantém a justiça e é justo? Poderíamos pensar que essas são as qualidades
essenciais de um diácono; todavia, a Escritura não faz nenhuma menção explícita
delas. Contudo, essas qualidades estão implicadas nos requerimentos da Palavra
de Deus.
Como ele governa seu lar mostrará se tem amor, compaixão e justiça, ou
se não possui nada disso. Em seu lar, ele mostra terno amor pelos seus filhos; sua
justiça é apropriadamente administrada?
Se ele possui ou não essas qualificações mencionadas mostrará se tem
ou não as outras. Ele ama a Deus acima de tudo? Sua obediência à lei de Deus é
inabalável? Um homem que ama a Deus amará ao povo de Deus também.
Que ele é honesto e irrepreensível ficará demonstrado em seu amor
piedoso e compaixão verdadeira por aqueles em necessidade.
O ponto é esse: que ninguém que não seja honesto, tenha língua dobre,
seja dado a muito vinho, e cobiçoso de torpe ganância, alegue ter um amor e
compaixão pelo povo de Deus! Tudo o que esses homens mostram é que eles
29
amam as vaidades, as mentiras, o vinho e o dinheiro. E então não podem amar
verdadeiramente a Deus e ao seu povo.
Diáconos, vocês são assim [exemplares]? Esposas, vocês encorajam
seus maridos a serem assim? Presbíteros, diáconos e pastores, vocês se
admoestam mutuamente e encorajam uns aos outros para serem assim? Pessoas
da congregação, vocês oram para que seus oficiais sejam homens assim? E vocês
os respeitam por serem assim, pela graça de Deus?
Lembre-se que essas qualificações são mencionadas por causa de cada
membro da igreja, e não somente por causa do diácono pessoalmente. Devemos
todos ficar impressionados com a grande responsabilidade do ofício, e sermos
fervorosos em oração, para que Deus possa suprir as necessidades dos nossos
diáconos, concedendo-lhes continuamente a graça para serem qualificados, e
abençoando-os em seu trabalho.
30
6
SUA SITUAÇÃO FAMILIAR
Não é suficiente que o diácono seja um crente cheio do Espírito que
manifesta a graça de Deus na forma como vive (sendo honesto, não de língua
dobre, não dado a muito vinho, não cobiçoso de torpe ganância, 1 Timóteo 3:8).
Esses requerimentos são importantes, sem dúvida. Se um homem não satisfaz
esse padrão, não pode ser um diácono na igreja de Deus. Mas o padrão requer
ainda mais. Sua esposa também deve ser piedosa!
Esse requerimento é apresentado em 1 Timóteo 3:11-12 (ARA): “Da
mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não
maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher
e governe bem seus filhos e a própria casa”.
Três perguntas se levantam à medida que estudamos esses versículos
que falam sobre a situação familiar do diácono. Primeiro, os diáconos devem ser
casados e terem filhos? Segundo, que tipo de esposas eles devem ter? Terceiro, o
que é requerido deles com respeito a como governam em seus lares?
Qual é o ponto real do requerimento que o diácono deve ser “marido de
uma só mulher”? Homens solteiros podem servir nesse ofício? Caso sua esposa
morra, pode um diácono se casar novamente?
A ênfase desse requerimento cai sobre a palavra “só”. Esse é o ponto que
o Espírito está enfatizando para a igreja: “O diácono seja marido de uma só
mulher”. Que essa palavra recebe a ênfase é claro a partir da ordem das palavras
da sentença no original grego: “O diácono seja de uma só mulher marido”. “Só”
vem primeiro. A ênfase não é primariamente sobre o diácono ser casado ou não,
mas sobre o número de esposas que tem. Se a ênfase fosse sobre ele ser casado
ou não, a palavra “só” não seria necessária. “O diácono seja marido de uma
mulher”, ou de maneira mais simplificada, “o diácono seja casado”, seria suficiente.
Mas o Espírito Santo adicionou a palavra “uma”, e a colocou num lugar enfático na
sentença.
31
Por que esse requerimento é necessário? Historicamente, é bem possível
que esse requerimento era necessário por causa da poligamia na igreja primitiva. E
devemos lembrar que poligamia não é uma coisa do passado, inofensiva à igreja
de Jesus Cristo! O novo casamento de pessoas divorciadas, enquanto seu excônjuge – e único cônjuge legítimo aos olhos de Deus – está vivo é uma forma
moderna de poligamia. Nenhum homem divorciado e casado novamente, cuja
esposa ainda vive, pode servir no ofício de diácono. De fato, não deveria nem
mesmo ser membro da igreja.
Além do mais, essa qualificação é necessária porque ressalta um princípio
positivo sobre os casamentos cristãos em geral, e o casamento de um diácono em
particular: nossos casamentos devem ser caracterizados por estabilidade e
fidelidade. Ao requerer que os diáconos sejam maridos de uma mulher, Deus não
requer meramente o óbvio, que haja um relacionamento legal de casamento entre
um diácono e sua esposa. Antes, Deus enfatiza que o diácono, o marido, deve ser
o homem de uma mulher, fiel à sua esposa em tudo. Ele deve ser um marido
piedoso, amando sua esposa com o amor altruísta e imutável que Cristo tem por
sua igreja.
Outros que têm estudado essa passagem chegaram à mesma conclusão,
que a ênfase cai sobre o amor e a devoção de um diácono à sua esposa. James
Barnett escreve: “… o melhor entendimento dessa passagem é que o requerimento
é um de fidelidade à sua esposa… O bispo ou diácono deve ter um casamento
estável e harmonioso, que dará certeza que ele realizará o serviço pastoral desse
ofício com dignidade e eficiência”.17 E o Rev. George Lubbers, explicando a
mesma frase como aplicada aos presbíteros (1Tm. 3:2), escreve: “A ênfase cai
sobre a qualidade do homem e não muito sobre o número de esposas que ele tem.
Ele deve ser um homem estritamente leal à sua única esposa; não deve ser um
galanteador. Nesse respeito, deve ser de integridade inquestionável. Não é
suficiente que tenha apenas uma esposa; nenhuma menção perversa deve ser
feita dele, e os homens não devem sussurrar sobre ele”.18
Entendendo a ênfase apropriada do texto, podemos fazer várias
observações. Primeiro, o Espírito Santo não pretende proibir um homem solteiro de
ter o ofício. O ponto do texto não é requerer que ele seja casado, mas que seja
certo tipo de homem quando for casado. Talvez seja preferível que os diáconos
sejam casados; certamente é preferível que a maioria dos diáconos numa
congregação seja casada. O casamento dá a um homem oportunidades
específicas para crescer em paciência, compaixão e entendimento da natureza
32
humana (especialmente da sua; aprendi algumas coisas nos últimos anos!). É
muito possível que o diácono casado que deve visitar uma família que pediu
benevolência teria um melhor entendimento do que uma família precisa para viver,
e seria mais capaz de ver quais sacrifícios financeiros essa família particular em
necessidade já está fazendo, do que um diácono solteiro. Contudo, o Espírito não
requer que todo diácono seja casado. Compaixão, paciência e discernimento são
dons que Deus dá também a alguns homens solteiros em sua igreja.
Segundo, o que já foi dito se aplica também àqueles diáconos que são
casados, mas a quem Deus não deu filhos. O texto refere-se aos filhos dos
diáconos: “governe bem seus filhos e a própria casa”. Mas uma vez mais, isso não
significa que um homem que não tenha filhos não esteja qualificado para o ofício.
Antes, significa que se um homem tem filhos, e não os governa bem, ele não está
qualificado para o ofício. Assim como a ênfase da frase “marido de uma só mulher”
cai sobre a qualidade do seu casamento, assim a ênfase aqui recai sobre a
qualidade de seu relacionamento com seus filhos, não sobre se tem ou não filhos.
A isso retornaremos em breve.
Terceiro, o texto não proíbe que um diácono cuja esposa tenha morrido se
case novamente. Alguém poderia chorar ao ouvir que não somente existem igrejas
que colocam essa restrição sobre os diáconos, mas que até mesmo versões da
Bíblia traduzem assim o texto. A The New Revised Standard Version, por exemplo,
traduz o texto dessa forma errônea: “casado apenas uma vez”.
Em nenhum lugar a Escritura proíbe o novo casamento de uma pessoa na
igreja cujo cônjuge tenha morrido. De fato, ela dá explicitamente liberdade para
assim o fazer: “A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo em que o seu
marido vive; mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser,
contanto que seja no Senhor” (1Co. 7:39).
E finalmente, embora tenhamos notado que o texto não requer que um
diácono seja casado, é triste também que algumas igrejas proíbam pessoas
casadas (mesmo uma única vez) de ser diáconos, ou que se casem uma vez que
estejam no ofício. Roma, sabemos, faz tais restrições. E essas restrições têm sua
origem nas decisões de concílios da igreja primitiva. O Concílio de Elvira
(aproximadamente 305 d.C., perto de Granada, Espanha) ordenou:
“Determinou-se unanimemente estabelecer a proibição de que os bispos, os
sacerdotes e os diáconos, isto é, todos os clérigos constituídos no ministério,
33
se abstenham de esposas, e não gerem filhos: e, aquele, quem for que seja,
que o tenha feito seja declarado decaído da honra da clericatura”.19
Mesmo que 1 Timóteo 3:11-12, propriamente entendido, não requeira que
os diáconos sejam casados, certamente a passagem permite isso, e até mesmo
assume que eles casarão. Proibir que os oficiais sejam casados é colocar sobre
eles um fardo que Cristo não colocaria. Tais regras de proibição são regras de
homens,20 não de Deus, e indica que tais igrejas não fazem da Palavra de Deus
sua autoridade para o governo da igreja.
As esposas de diáconos casados devem ser de certo tipo.21 O versículo
11 nos diz qual tipo é esse. Primeiro, deve ser honesta. Essa palavra é usada
também com referência ao diácono no versículo 8, como explicamos em nosso
último artigo. Ela deve ser séria e digna; sua conduta e atitudes devem trazer sobre
ela o respeito dos outros.
Segundo, ela não deve ser maldizente. A palavra é literalmente “diabólica”
– uma palavra freqüentemente usada para se referir a Satanás e seus métodos
enganadores. Ela diz respeito a todos os pecados da língua, todos os pecados
contra o nono mandamento. Que as esposas dos diáconos não falem mal dos
outros, nem acusem falsamente, imprudentemente, ou sem conhecimento; que não
vivam de fofocas, mentiras e nem espalhem rumores. Positivamente, que elas
falem a verdade sempre em amor, e visando a edificação. Se não puderem falar
em amor, que fiquem quietas!
Terceiro, ela deve ser sóbria, isto é, temperante. Não somente com
respeito ao vinho, mas a todos os bens e prazeres terrenos, ela deve ser
autocontrolada, não dada ao excesso. Os prazeres e desejos espirituais devem
encher sua alma, e as atividades espirituais devem tomar o seu tempo.
Finalmente, ela deve ser fiel em tudo. Deve ser uma pessoa confiável,
responsável, devotada à causa do reino de Deus e ao seu serviço.
Por que Deus faz esses requerimentos de uma esposa de diácono? Por
que, à luz do fato que ela não possui ofício na igreja? E por que o capítulo não dá
nenhum dos tais requerimentos para a esposa de um presbítero?
As esposas dos presbíteros também devem ser mulheres piedosas. Para
um presbítero, diácono, ou pastor ter tal esposa seria uma evidência de sua própria
piedade. Ele procurou pelo tipo correto de esposa! Sua preocupação foi casar no
34
Senhor! A piedade de sua esposa é também evidência que seu marido trabalha
para edificar crentes na fé e piedade, começando em sua própria casa com sua
esposa.
Mas há uma razão mais fundamental pela qual as esposas dos diáconos
devem ser tais mulheres, e porque o requerimento não é feito explicitamente
quanto às esposas dos presbíteros. A obra e autoridade do diácono se estendem
além do reunir e distribuir caridades; inclui também a manifestação prática de
misericórdia para com os enfermos, idosos, e outros em necessidade especial.
Alguns dos neófitos podem ser mulheres idosas ou inválidas que precisam de
ajuda com seu cuidado especial. A obra de cuidar de tais mulheres é propriamente
a obra dos diáconos, pois é uma obra de misericórdia. Mas seria muito
inapropriado um homem ajudar a uma mulher inválida. Em tal caso, as esposas
dos diáconos podem ajudar oportunamente os seus maridos. Assim, as esposas
deles devem satisfazer certos requerimentos.
O caso é diferente com os presbíteros, cuja obra é ensinar e governar. A
esposa de nenhum presbítero pode ajudá-lo a fazer essa obra. Deus proíbe que a
mulher ensine ou governe na igreja. E nenhum presbítero pode pedir para que sua
esposa faça uma chamada disciplinar no seu lugar – mesmo a uma mulher! Assim,
os requerimentos não são dados para as esposas dos presbíteros.
Talvez os diáconos inscreverão a ajuda de outras na congregação para
atender às necessidades físicas dos doentes e inválidos – seja arrumando
transporte até o escritório do médico, conseguindo mantimentos, etc. Então o
princípio do versículo 11 se aplica a essas ajudantes também – que sejam
exemplares em sua piedade!
Um dia, se Deus quiser, após termos lidado com outros aspectos do ofício
e obra dos diáconos, retornaremos a examinar em maiores detalhes essa idéia das
ajudantes dos diáconos, ou “diaconisas” num sentido apropriado22.
Por último, os diáconos devem governar bem seus filhos e casa. A razão
para essa qualificação já foi dada no versículo 5, com referência aos presbíteros:
“Pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de
Deus?”. Mediante como ele governa sua própria casa, a congregação terá
evidência que o homem é capaz de trabalhar na igreja. Embora o diácono não
tenha um ofício de governo, o fato é que ele sustém uma posição de autoridade.
Como ele usa e manuseia a autoridade? Sua vida familiar dará uma resposta à
pergunta.
35
O que constitui um bom governo? A resposta fundamentalmente é que ele
instrui, disciplina e governa sua casa como o seu cabeça. Além disso, ele assim o
faz com respeito (v. 4, ARA), isto é, com dignidade, de uma maneira autocontrolada, e de forma a merecer respeito de seus filhos e outros.
Note que o requerimento no versículo 12 é feito dos diáconos: “Os
diáconos sejam…”. No versículo 11, os requerimentos são feitos das esposas dos
diáconos. Agora, embora o versículo 12 refira-se aos filhos dos diáconos, ele não
faz requerimentos dessas crianças, mas do próprio diácono. Sobre ele cai toda a
ênfase do texto!
Esse ponto é digno de atenção, especialmente quando um homem sendo
considerado para o ofício tem um filho ingovernável e teimoso. Tal criança torna o
pai inepto para o ofício? Talvez, mas não necessariamente. A linha da eleição e
reprovação percorre toda a linha do pacto, e também as famílias dos oficiais na
igreja. O fato que um homem tem um filho que vive uma vida ímpia não o torna
inepto para o ofício. Mas uma pergunta deve ser feita: o pai carrega certa culpa
pelo modo como seu filho age? Pode isso demonstrar que esse pai não instruiu e
disciplinou seu filho? Se sim, o homem é inadequado para o ofício. Mas se o filho
se rebela a despeito da instrução e castigo do pai, o homem pode ainda ser apto
para o ofício.
Sob essa qualificação de governar bem cai não somente a questão de
ensino e disciplina do filho de alguém, mas também a questão de uma relação
completa entre os dois. Ele é verdadeiramente um pai? Seus filhos conhecem o
seu amor? Eles sabem que seu pai existe, ou ele sai de casa tão freqüentemente
que pensam nele somente como o homem que os sustenta? O seu governo sobre
eles, que já observamos que deve ser justo, é também amoroso – ou ele é
dominador na administração da justiça? E ele faz isso somente quando frustrado
porque as crianças estão gritando por sua atenção, ou é muito ocupado fazendo
suas coisas para prestar-lhes a atenção não somente que querem, mas precisam,
e têm direito como seus filhos? Como alguém trata os seus filhos é um bom
indicador de como ele tratará o povo da igreja de Deus.
Agora veremos os benefícios de se ter diáconos casados. Mediante como
ele governa sua casa, podemos ver como usará a autoridade na igreja. E se um
diácono não for casado, ou não tiver filhos? Já argumentamos que isso não o
desqualifica para o ofício. Mas como saberemos que ele pode usar bem a
autoridade, e governar bem na igreja? Em tal circunstância, devemos olhar para o
governo do homem sobre seu próprio corpo e espírito. Ele tem a si mesmo sob
36
controle? Ele lida bem com as responsabilidades e autoridade que possui em
outras áreas da vida? O homem que tem todas as outras qualificações para o
ofício, e cuja piedade o traz à atenção do concílio quando o nomeia,
provavelmente será capaz de trabalhar bem na igreja, mesmo que não tenha
esposa e/ou filhos. Tal homem terá que trabalhar bem próximo de outros diáconos,
e estar pronto a ouvir os seus conselhos.
Diáconos, vocês são qualificados? Oram por essas graças?
Congregações, coloquem sempre os seus diáconos diante de Deus em oração,
para que sejam homens assim!
37
7
SUA PROVAÇÃO
Ao dizer à sua igreja que tipo de homens seus diáconos devem ser, Deus
estabelece um alto padrão.
Examinamos esse padrão nos vários artigos passados. O diácono deve
ser cheio do Espírito Santo, de sabedoria, e de fé; deve guardar o mistério da fé
com a consciência pura; deve manifestar a graça de Deus vivendo uma vida
irrepreensível, sendo honesto, não de língua dobre, não dado muito ao vinho, e
não cobiçoso de torpe ganância; deve ser fiel a uma esposa, governando bem
seus filhos e casa; e sua esposa não deve ser maldizente, mas sim honesta, sóbria
e fiel em todas as coisas.
Um requerimento ainda deve ser observado – um que também ressaltará
quão alto é o padrão para os diáconos. Lemos em 1 Timóteo 3:10: “E também
estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis”.23
Já examinamos a idéia do diácono ser irrepreensível. Mas como sabemos
se um homem é irrepreensível ou não? A resposta é: prove-o! Somente após ser
provado, e encontrado irrepreensível, ele poderá ser instalado no ofício como um
diácono.
Devemos ser claros sobre o que se pretende por essa provação, e como a
mesma deva ser feita. Provar algo é testar, examinar e ver se é genuíno.
Freqüentemente usamos a palavra “provar” com referência aos minérios
metais. O ouro, por exemplo, contém muitas impurezas. Para removê-las, de forma
que possamos ter o ouro puro, devemos colocar o ouro no fogo. O fogo remove as
impurezas queimando algumas e derretendo o ouro, de forma que as outras
impurezas possam ser removidas dele. O que é deixado é ouro genuíno – foi
“provado” como sendo tal.
A Escritura também usa a palavra “provar” com referência a Deus
testando a nossa fé (Tiago 1:3, por exemplo). Perseguição, por exemplo, é um
meio pelo qual Deus prova os membros de sua igreja sobre a terra, para fazer
38
conhecido se a fé deles é ou não genuína. O fato é que ter membresia numa igreja
cristã não significa ser um filho de Deus; na igreja também existem incrédulos não
convertidos. De tempos em tempos Deus envia perseguição ou outras aflições
sobre a sua igreja. A perseguição faz com que aqueles que não são
verdadeiramente filhos de Deus deixem a igreja, e fortalece a fé daqueles que são.
Vemos que provar algo, no sentido no qual a palavra é usada em nosso
texto, resulta numa separação do que é genuíno e do que não é.
Ora, o Espírito Santo em nosso texto requer que a igreja prove homens
para o ofício de diácono. Há muitos homens na igreja; mas não pense que todos
eles estão qualificados para serem diáconos! Um processo de provação deve
acontecer, a fim de sabermos quem está preparado para ser um diácono.
Alguns homens, quando provados, não se mostrarão como
irrepreensíveis. Eles não podem ser colocados no ofício. Outros se mostrarão
irrepreensíveis; eles estão qualificados.
Como essa provação deve ser realizada? O ponto da passagem não
requer um exame formal e oral dos possíveis diáconos, da forma como os
candidatos ao ministério são examinados. De acordo com Peter Y. DeJong um
certo Jacobus Koelman argumentou que o texto requer tal exame:
“Assim, antes de alguém ser publicamente instalado, ele teria que se
submeter a um exame de doutrina, conduta e conhecimento geral da
natureza e funções desse ofício. Isso deve acontecer diante dos presbíteros e
diáconos que já exerçam o ofício na congregação”.24
Contudo, as igrejas Reformadas não adotaram essa idéia. João Calvino
disse corretamente: “Esse processo de comprovação não é algo que dure apenas
uma hora, mas consiste em um longo período de prova”.25
Alguns têm argumentado que essa provação é realizada permitindo-se
que o possível diácono faça a obra do ofício numa base experimental durante um
período de provação, após a qual uma determinação final será feita com respeito a
sua habilidade de desempenhar a obra.26 O problema com essa idéia é dupla:
primeiro, um homem não deve ser colocado no ofício até que tenha sido
examinado, de acordo com o nosso texto (“depois sirvam, se forem
irrepreensíveis”, ênfase minha); e segundo, em tal exame a ênfase muda das
qualificações do homem para se ele executa a obra bem. Mas o texto requer que a
39
igreja examine se ele está ou não qualificado para o ofício. Se está qualificado, e
se Deus o chama para o ofício, ele fará a obra bem, pela graça de Deus.
A melhor forma de cumprir o requerimento que um diácono deve ser
primeiro provado é simples: os concílios devem avaliar cada homem cujo nome
aparece para o ofício, se ele está verdadeiramente preparado ou não. Os homens
do concílio devem discutir sobre a pessoa entre si, em confidencialidade, mas
também em verdadeiro amor por essa pessoa e a igreja. A questão deve ser
aberta e honestamente encarada: “Existem razões que possam ser apresentadas
para o motivo pelo qual tal homem não está qualificado para o ofício?”. Assim
escreve DeJong:
“Indubitavelmente essa passagem refere-se a uma das responsabilidades
que caem sobre o consistório no tempo de fazer nomeações. A igreja deve
estar certa que aqueles que são apontados para essa obra possuem os dons
de sabedoria e honestidade, altamente essenciais no ministério diaconal”.27
Qual padrão deve ser usado na provação deles? Sem dúvida, o padrão da
Palavra de Deus, em 1 Timóteo 3:8ss. O concílio deve se perguntar se o possível
diácono satisfaz essas qualificações. DeJong diz:
“Uma advertência deve ser soada contra a prevalecente atitude que qualquer
jovem do sexo masculino, que seja um membro com boa e regular posição e
possua certa perspicácia negocial, tenha as qualificações necessárias para o
ministério de misericórdia. Freqüentemente a esperança é expressa em tais
casos que, porque a obra do diácono não é muito difícil, tal candidato se
eleito será em breve capaz de realizar a obra apropriadamente. Isso, sem
dúvida, é contrário ao espírito do texto da Escritura”.28
Nada além das qualificações da Escritura é o padrão! Relacionado a isso,
observe uma qualificação que ainda não examinamos: o diácono não deve ser um
neófito.
Pode parecer a princípio que a Escritura em nenhum lugar faça esse
requerimento dos diáconos. Dos presbíteros, não dos diáconos, lemos: “não
neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo” (1Tm.
3:6). Contudo, o Espírito se refere a esse versículo (há pouco citado) quando no
versículo 10 ele diz dos diáconos: “e também estes sejam primeiro provados”.
Observe: “também!”. Isto é, assim como homens que são relativamente novos na
fé não devem ser postos no ofício de presbítero, assim também homens que são
relativamente novos na fé não deveriam ser postos no ofício de diácono – prove-os
40
primeiro! Uma pessoa que se uniu a uma congregação recentemente pode parecer
ter os dons naturais e espirituais necessários para sustentar o ofício de diácono,
mas na verdade não os tem.
Após certo tempo, à medida que o concílio e a congregação observam o
indivíduo e o conhecem melhor, eles serão capazes de melhor determinar se ele
tem ou não as qualificações necessárias.
O requerimento que um diácono deve ser primeiro provado, e não deve
ser um neófito, significa que imporemos uma idade mínima sobre os diáconos?
Alguns têm imposto tais restrições sobre os diáconos. O Concílio de
Cartago em 397 decidiu que os diáconos deveriam ter pelo menos 25 anos. 29
James Barnett defende isso:
“Essa idade concede tempo para que os indivíduos adquiram maturidade
suficiente e formação cristã para tomar decisões responsáveis num assunto
tão sério, e ainda ao mesmo tempo jovens o suficiente para que seus padrões
de vida sejam mudados mais prontamente nesse ministério”.30
Em 1967, o Papa Paulo VI fixou a idade mínima de 25 anos para homens
solteiros, e 35 para aqueles que já eram casados. Os Bispos católicos nos Estados
Unidos foram mais adiante ao exigir que todos os diáconos, casados ou não,
tivessem pelo menos 35 anos. A Igreja Episcopal Americana em 1952 estabeleceu
a idade mínima de 21.
Quando uma pessoa Reformada ouve que isso é a regra da Igreja
Católica Romana, pode ser tentada a ver isso como mais uma forma na qual
preceito tem sido adicionado sobre preceito, e na qual as igrejas vão além do que
é requerido por Deus. Talvez seja outro exemplo disso, no caso particular da igreja
Romana. Contudo, a igreja de Jesus Cristo é livre para estabelecer diretrizes nesse
respeito, se seu propósito em assim fazer é orientá-la em ser fiel ao requerimento
da Escritura. Algumas de nossas igrejas têm feito essencialmente a mesma coisa,
ao exigir que um homem seja membro da congregação por certo período de tempo
antes de ser considerado para o ofício na igreja. A base para esse requerimento é
encontrada na Palavra de Deus: “estes sejam primeiro provados”.
Mesmo que não estabeleçamos uma idade mínima (e penso que não
deveríamos fazê-lo), o fato é que os concílios fariam bem em considerar a idade de
um homem quando determinando se ele é ou não apto.
41
Um perigo que deve ser evitado ao considerar a idade de um possível
diácono, é dizer: “ele é muito velho, considerêmo-lo para presbítero (ancião), e
encontremos homens mais jovens para cumprir o ofício de diácono”. Nenhum
suporte pode ser encontrado na Escritura para uma noção que os diáconos
deveriam ser os homens mais jovens da igreja. Que fique provado que os diáconos
também são homens maduros!
Maturidade é a questão real, então. Devemos perguntar sobre a idade de
um homem, pois é um indicador de sua maturidade. Admitidamente, não é o único
indicador – esse é o motivo de não ser útil ou sábio estabelecer uma idade limite.
Uma pessoa pode ser madura o suficiente para desempenhar o ofício de diácono
aos 24 anos de idade; outra pode não ser, mesmo que tenha 42.
E não apenas maturidade física ou intelectual, mas espiritual, é o padrão
real. Ele deve ser achado irrepreensível. Ele é assim achado em toda a sua vida?
O seu andar é piedoso em todos os aspectos? A sua teologia é sã? O ponto real
da qualificação “estes sejam primeiro provados” é que, não qualquer homem, mas
somente os melhores, devem ser selecionados para o ofício de diácono. Assim,
Calvino declara sucintamente o ponto da passagem quando diz:
“Numa palavra, a designação de diáconos não deve consistir de uma escolha
precipitada e fortuita de alguém que se encontra à mão, senão que a escolha
deve ter por base homens que se recomendem por sua anterior maneira de
viver, de tal forma que, depois de serem submetidos a um interrogatório,
sejam investigados profundamente antes que sejam declarados aptos”.31
Concílios, é esse o seu desejo, que quando nomeiam homens para o
ofício de diácono vocês não arrumam apenas homens medíocres, com o melhor
sendo selecionado para presbítero; e não apenas jovens, com o mais velho sendo
selecionado para presbítero; mas selecionam os melhores homens para os dois
ofícios? Isso é como Deus faria!
À luz desse requerimento de que o diácono seja provado, algumas
palavras de conselho são apropriadas para qualquer um que deseje a boa obra do
ofício de diácono em sua congregação particular. Primeiro, conheça as pessoas da
congregação, e mostre que você as ama. Freqüente os estudos bíblicos
regularmente, prepare-se bem para eles, e contribua sabiamente. Fale com o povo
de Deus após a igreja; misture-se em grupos diferentes; e que o seu falar seja
sobre assuntos espirituais. Já mostre preocupação por aqueles que estão doentes
ou em necessidade.
42
Segundo, seja um homem piedoso em toda a sua vida, mesmo no
trabalho, nas férias, e em outros tempos quando os líderes e membros da igreja
não estão te vendo. Que o mundo veja que se sua congregação te seleciona para
o ofício, você é um homem apto para servir!
Terceiro, que o seu negócio seja ler e estudar por conta própria. Um
diácono deve ser um homem teologicamente sadio!
Finalmente, não faça nada acima, se não fizer com um coração sincero.
Esse conselho não visa àquele que olha somente para a honra e poder terreno que
poderia ter na igreja, se tivesse o ofício de diácono, e que está, portanto, buscando
a melhor forma de fazer campanha para esse ofício. Tal homem está
singularmente desqualificado para o ofício! O conselho é para o homem que
deseja servir a Deus e sua igreja nesse ofício. Então, faça as coisas mencionadas
acima, e você se mostrará apto para servir.
_____________
Rev. Kuiper é pastor da Protestant Reformed Church de Byron Center, Michigan.
Notas
Artigo publicado em 1 de Março de 2001, na revista The Standard Bearer, volume 77,
edição 11. (Nota do tradutor)
1
2
“Ministração diária”, na versão do autor. (Nota do tradutor)
A Confissão Belga, o Catecismo de Heidelberg, e os Cânones de Dort são
conhecidos como as Três Formas de Unidade das Igrejas Reformadas. (Nota do
tradutor)
3
43
Peter Y. DeJong, The Ministry of Mercy for Today, (Grand Rapids: Baker Book House,
1963), página 45.
4
5
Ibid., páginas 46, 47.
O leitor pode consultar o volume 75, páginas 327-329 da revista Standard Bearer
para refrescar sua memória sobre isso.
6
7
Cf. suas Institutas da Religião Cristã, Livro 4, Seção 3, Parágrafo 12.
8
Cf. DeJong, op. cit., page 65.
9
Protestant Reformed Church (Igreja Protestante Reformada).
Peter Y. DeJong, The Ministry of Mercy for Today (Grand Rapids: Baker Book
House, 1963), page 93.
10
11
Ibid., page 93.
Todas as palavras nas citações foram tiradas diretamente dessa fórmula, que pode
ser encontrada nas costas de qualquer edição do Saltério, publicado pela Eerdmans of
Grand Rapids, 1927 copyright.
12
13
Como na ARC e ARA. (Nota do tradutor)
14
Incluindo a passagem em questão. (Nota do tradutor)
P. Y. DeJong, The Ministry of Mercy for Today, (Grand Rapids: Baker Book House,
1952), p. 99.
15
16
Ibid., pp. 99-100.
Barnett, James Monroe. The Diaconate: A Full and Equal Order. Valley Forge,
Pennsylvania: Trinity Press International, 1995. Página 39.
17
18
The Standard Bearer, vol. 38, page 132.
Citado por Jeannine E. Olson, One Ministry, Many Roles: Deacons and
Deaconesses Through the Centuries (St. Louis, MO: Concordia Publishing House,
1992), página 67.
19
Pior que isso, são “doutrinas de demônios”, como diz Paulo em 1 Timóteo 4:1-3.
(Nota do tradutor)
20
44
Num artigo anterior, já defendemos o fato que a palavra “mulheres” em 1 Timóteo
3:11 significa exatamente isso – mulheres. Essa não é uma qualificação para diáconos
do sexo feminino, mas para esposas de diáconos.
21
No sentido extensivo da palavra “diácono” a todos os cristãos: “servo”/“serva”; e não
propriamente no sentido oficial da palavra que é: “o que serve às mesas”. É devido a
este último sentido da palavra que as mulheres não podem exercer o ofício de diácono
e não devem ser chamadas “diaconisas”.
22
Na RA, lemos: “Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se
mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato”. (Nota do tradutor)
23
1.Peter Y. DeJong, The Ministry of Mercy for Today (Grand Rapids, MI: Baker Book
House, 1963), página 101. Cf. comentário de Calvino sobre 1 Timóteo 3:10.
24
Charles W. DeWeese, The Emerging Role of Deacons (Nashville, TN: Broadman
Press, 1979), página 74. DeWeese não diz que ele toma pessoalmente essa visão,
mas sim que algumas igrejas Batistas assim o fazem.
25
26
DeJong, op. cit., página 101.
27
DeJong, op. cit., página 102.
Cf. James Monroe Barnett, The Diaconate: A Full and Equal Order (Valley Forge,
PA: Trinity Press International, 1995), page 182.
28
29
Ibid., page 182.
Cf. Jeaninne E. Olson, One Ministry, Many Roles: Deacons and Deaconesses
Through the Centuries (St. Louis, MO: Concordia Publishing House), páginas 358-359,
e página 367, bem como Barnett, página 182, para essa informação.
30
31
Cf. seu comentário sobre essa passagem.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto, em agosto/2007.
Fonte: www.monergismo.com
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qualificações para o ofício de diácono