Classicismo - A poesia lírica de Camões A obra lírica de Camões é constituída por poemas feitos em medida velha e em medida nova A medida velha obedece a poesia de tradição popular, as redondilhas, de 5 ou 7 sílabas (menor ou maior, respectivamente). São composições com um tema. Os poemas em medida nova são formas poéticas ligadas à tradição clássica. São eles: - Sonetos (composições poéticas de 14 versos, distribuídas em dois quartetos e dois tercetos); - Éclogas (poesia em forma de diálogo, com tema pastoril); - Elegias (composições que expressam tristeza); - Canções (composições curtas); - Oitavas (poemas com as estrofes de 8 versos); - Sextinas (poemas com as estrofes de 6 versos). Vilancete (Mote:) Enforquei minha Esperança; Mas Amor foi tão madraço, Que lhe cortou o baraço. (Volta:) Foi a Esperança julgada Por sentença da Ventura Que, pois me teve à pendura, Que fosse dependurada: Vem Cupido com a espada, Corta-lhe cerce o baraço. Cupido, foste madraço O poeta buscou analisar o sentimento amoroso racionalmente ; Mas como o amor é um sentimento vago, imensurável, Camões acabou por concluir pela ineficácia de sua análise; O sentir e o pensar são movimentos antagônicos: o sentir deseja e o pensar limita, e, como o poeta não podia separar aquilo que sentia daquilo que pensava, o resultado, na prática textual, só podia ser o acúmulo de contradições e paradoxos. 1 Amor é um fogo que arde sem se ver, 2. É ferida que dói e não se sente; 3. É um contentamento descontente; 4. É dor que desatina sem doer. 5. É um não querer mais que bem querer; 6. É um andar solitário entre a gente; 7. É nunca contentar-se de contente; 8. É um cuidar que ganha em se perder. 9. É querer estar preso por vontade; 10. É servir a quem vence, o vencedor; 11. É ter com quem nos mata lealdade. 12. Mas como causar pode seu favor 13. Nos corações humanos amizade, 14. Se tão contrário a si é o mesmo Amor? A mutabilidade e o desconcerto do mundo Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperança; do mal ficam as mágoas na lembrança, e do bem (se algum houve), as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto foi de neve fria, e, em mim, converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, outra mudança faz, de mor espanto, que não se muda já como soía. http://www2.eps-oliveirafrades.rcts.pt/iepcp/portugues/lourdes/Alu nos/powerpoint/influenciasliricacamoniana .pps#260,6,Slide 6