Mesa Redonda 2: Insetos no sistema de produção PERDAS POR PRAGAS E IMPACTO SOBRE O CUSTO DE PRODUÇÃO DO ALGODÃO BRASILEIRO NAS SAFRAS 2011/2012 E 2012/2013 Jose Ednilson Miranda1 1 Embrapa Algodão, Núcleo do Cerrado ([email protected]) Cultura historicamente impactada pela presença de complexo de pragas que exigem diversas medidas de controle ao longo de todo o ciclo, o algodoeiro enfrenta um novo desafio: a chegada da Helicoverpa armigera. O controle químico, medida mais utilizada na contenção de surtos populacionais de pragas no Brasil é posto em cheque. Os custos de controle de pragas, já considerados altos antes do aparecimento da nova praga, passam a por em risco a sustentabilidade da atividade. A utilização de estimativas de custos controle de pragas e de custos totais de produção de algodão tem assumido importância crescente, quer na análise da eficiência da produção de algodão, quer na análise do impacto dos custos de controle sobre os custos totais, os quais indicam que o sucesso da empresa agrícola que tem o algodão como atividade vai depender da redução do custo de controle de pragas por um lado e no aumento da eficiência deste controle, por outro lado. Atualmente a alta competitividade existente no mercado do algodão exige a prática de uma cotonicultura com custos cada vez mais controlados e criteriosamente utilizados. Se por um lado, os custos de produção vêm aumentando a cada safra, a eficiência no controle fitossanitário passa a ser comprometida pela presença de pragas de difícil controle, como o bicudo e a Helicoverpa. Este trabalho é resultado de levantamento efetuado nas regiões produtoras de algodão do Brasil, abrangendo nove estados. Informações foram coletadas com cerca de 32 grupos empresariais e 54 consultores, e pretende servir de diagnóstico do impacto de pragas e seu controle no cenário agrícola de produção do algodão no Brasil. Os dados coletados permitiram a elaboração de comparativos em cada região do custo de controle de pragas, da ordem de importância destas pragas e do número de pulverizações requeridas para seu controle. Perda média de 11% da produção foi ocasionada pelo ataque de pragas na cultura. O custo de controle destas pragas se situou em cerca de R$ 1.570,00 por hectare na safra 2012/2013, contra R$ 1.260,00 na safra 2011/2012, significando aumento de 25%. Deste custo, 46% se deve às ações de controle contra H. armigera. Considerando-se a área total de abrangência das lavouras de algodão no Brasil, o ranqueamento das pragas em ordem de importância destaca a lagarta Helicoverpa armigera e o bicudo nas primeiras posições, seguidas por outras pragas polífagas do sistema: falsa-medideira, pulgão, ácaros, percevejo marrom e mosca-branca. De modo geral, a predominância de culturas Bt reduziu a importância das demais lagartas e, em regiões onde cultivares resistentes à doença azul são predominantes também o pulgão deixa de ser problema principal. As lagartas Heliothis virescens e Helicoverpa armigera foram agrupadas pela subfamília (Heliothinae) uma vez que há dúvidas quanto às infestações em 2011/12 citadas como sendo de H. virescens, mas que poderiam se tratar, ao menos em parte, de H. armigera. Na safra seguinte (2012/13), praticamente não se mencionou H. virescens, mas somente H. armigera. Brasilia, 3-6 Setembro 2013 Da mesma forma, as espécies do gênero Spodoptera foram agrupadas pela incerteza na avaliação quanto à espécie em questão, S. frugiperda, S. cosmioides ou S. eridania, apesar dos diferentes substratos de alimentação. O número de pulverizações na cultura do algodoeiro aumentou significativamente, cerca de 10 a 15% nas duas últimas safras, e isto está ligado diretamente aos ataques da lagarta Helicoverpa e à dificuldade de seu controle. Este aumento concorreu também diretamente para o aumento do custo de controle na atividade, entretanto os danos ocasionados pela praga não foram contidos na mesma proporção das ações de controle químico. Estes dados devem ser considerados na reflexão sobre a necessidade de se repensar o controle químico como estratégia de manejo integrado de pragas e nas alternativas de MIP que possam contribuir para maior eficiência, menor impacto ambiental e menores custos de produção do algodão. Brasilia, 3-6 Setembro 2013