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"Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e
poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível."
Série DEIXADOS PARA TRÁS
Sé rie de icçã o mais lida no mundo, Deixados Para Trá s vendeu mais de 70 milhõ es de
livros e foi traduzida para mais de 30 idiomas. A histó ria reú ne icçã o cristã , açã o e suspense
comlancesdealtatecnologianumtrillerdetirarofô lego.Otemaprincipalé nadamenosqueo
própriofinaldostempos.
TimLaHaye&JerryB.Jenkins
O GLORIOSO
APARECIMENTO
OFIMDASERAS
UNITEDPRESS
Jerusalém está quase caindo nas mãos do exército da Comunidade Global...
Já sepassaramseteanosdesdeoarrebatamentoequaseseteanosdaassinaturadopacto
do anticristo com Israel. Os crentes olham para o cé u na espera do Glorioso Aparecimento
enquantoomundoestánolimiardofinaldostempos.
Oanticristoreú neosexé rcitosdomundonovaledoMegidoparaoqueacreditaseroseu
triunfodefinitivodetodasaseras.ComumavitóriaassimsubiráaotronodeDeus.
...enquanto milhões de pessoas se aglomeram para a grande batalha.
OComandoTribulaçã omigrouparaoOrienteMé dio,amaioriaabrigadaemPetracomo
remanescente judeu, somando agora mais de um milhã o de pessoas. Mas, somente um dos
quatromembrosoriginaisdoComandopermanecevivo,emborapróximodamorte.
A cidade de Jerusalé m nã o consegue mais resistir diante do Exé rcito da Unidade da
ComunidadeMundialeTsionBen-Judá foimorto.PoucosemPetrasabemdasuaperda,etanto
RayfordSteelequantoBuckWilliamsestãodesaparecidos.
OGloriosoAparecimentoé oú ltimolivrodasé riequecontaodramadaquelesqueforam
deixados para trá s no Arrebatamento. Os lançamentos da sé rie alcançaram imediatamente o
topo na lista dos mais vendidos do New York Times, USA Today e principais jornais e revistas
norte-americanos.
A sé rie Deixados Para Trá s se transformou na primeira icçã o cristã a igurar na lista dos
maisvendidosdarevistaVejaedeoutrosimportantesveı́c ulosdecomunicaçã o.Profanaçã o,o
nonolivro,foiolançamentomaisvendidoem2001nomundointeiro.
SETE ANOS DA TRIBULAÇÃO
TRÊS ANOS E MEIO DA GRANDE TRIBULAÇÃO
OsCrentes
EnoqueDumas—Idade:pertode30anos;hispano-americano;pastordacongregaçã oO
Lugar, em Chicago, composta de 31 membros; reassentado em Palos Hills, Illinois, escondido
numabrigosubterrâneo.
MontgomeryCleburn("Mac")MCCULLUM— Idade: pouco mais de 60 anos; ex-piloto
do potentado supremo da Comunidade Global, Nicolae Carpathia; dado como morto em
acidenteaéreo;piloto-chefedoComandoTribulação,sediadoemPetra.
HannahPalemoon— Idade: pouco mais de 30 anos; ex-enfermeira daCG; dada como
mortaemacidenteaé reo;trabalhandonoComandoTribulaçã oemPetracomopartedaequipe
daCooperativaInternacional,umaredesubterrâneadecrentes.
Razor— Idade: cerca de 20 anos; mexicano, assistente militar de George Sebastian, em
Petra.
Leah Rose — Idade: pouco mais de 40 anos; ex-enfermeira-chefe do Arthur Young
Memorial Hospital de Palatine, Illinois; trabalhando na equipe da Cooperativa do Comando
Tribulação,emPetra.
Dr.ChaimRosenzweig (conhecido como "Miqué ias") — Idade: pouco mais de 70 anos;
botânicoeestadistaisraelenseganhadordoPrêmioNobel;recebeuotítulodeCriadordaNotícia
do Ano peloSemanário Global; assassino de Carpathia; lı́der do remanescente de mais de um
milhãodejudeusemPetra.
George Sebastian — Idade: perto dos 30 anos; ex-piloto de helicó ptero da divisã o de
combate da Força Aé rea Norte-americana; escondido com o Comando Tribulaçã o e com a
CooperativaInternacionaldeMercadorias;defendendoPetra.
Priscilla Sebastian, — Idade: 30 anos; esposa de George Sebastian, mã e de Beth Ann;
Petra.
Abdullah Smith, — Idade: pouco mais de 35 anos; ex-piloto de aviõ es de caça na
Jordâ nia;ex-co-pilotodoFê nix216;dadocomomortoemacidenteaé reo;pilotoimportantedo
ComandoTribulaçãocomissionadoemPetra.
RayfordSteele— Idade: perto de 50 anos; ex-capitã o aviador do 747 das Linhas Aé reas
Pan-Continental;perdeuesposae ilhonoArrebatamento;perdeuasegundaesposaemacidente
aé reo; ex-piloto do potentado da Comunidade Global Nicolae Carpathia; membro fundador do
ComandoTribulação;fugitivointernacionalexiladoemPetra.
EleazarTibério,—Idade:poucomaisde50anos;anciãoemPetra;paideNaomi.
Naomi Tibério — Idade: perto de 20 anos; ilha de Eleazar; gê nio do computador;
apaixonadaporChangWong;Petra.
OttoWeser,—Idade:pertode50anos;chefedopequenogrupodecrentesalemã esque
fugiramdeNovaBabilônia;Petra.
Lionel Whalum- Idade: perto de 50 anos; ex-empresá rio; ex-piloto da Cooperativa
Internacional de Mercadorias; em missã o do Comando Tribulaçã o na cidade de Petra, como
novodiretordaCooperativa.
Cameron ("Buck") Williams — Idade: perto de 35 anos; ex-articulista sê nior do
Semanário Global; ex-editor doSemanário Comunidade Global de propriedade de Carpathia;
membro fundador do Comando Tribulaçã o; editor da revista virtualA Verdade; sua esposa,
Chloe,foimortanaguilhotinadaComunidadeGlobal;vistopelaú ltimavezdefendendoaparte
velhadacidadedeJerusalém.
ChangWong— Idade: perto de 21 anos; ex-espiã o do Comando Tribulaçã o na sede da
ComunidadeGlobal,NovaBabilô nia;emmissã odoComandoTribulaçã ocomochefedosistema
decomputadoresemPetra;apaixonadoporNaomiTibério.
MingToyWoo— Idade: perto de 25 anos; irmã de Chang Wong; ex-viú va, casou-se de
novo com Ree Woo; ex-guarda do Presı́dio de Reabilitaçã o Feminina da Bé lgica (PRFB);
trabalhandonoComandoTribulaçãoemPetra;ajudandonaCooperativa.
ReeWoo—Idade:poucomaisde25anos;maridodeMingToyWoo;pilotodoComando
TribulaçãoemmissãoemPetra.
GustafZuckermandelJr.(conhecidocomo"Zeke" ou"Z")— Idade: perto dos 30 anos;
falsi icador de documentos e especialista em disfarces; seu pai foi morto na guilhotina;
trabalhandoparaoComandoTribulaçãoemPetra.
OsRecém-martirizados
AlB.(conhecidocomo"Albie")—Idade:poucomaisde50anos;nascidoemAlBasrah,ao
norte do Kuwait; piloto; trabalhou no mercado negro internacional; membro do Comando
Tribulação;assassinadoemAlBasrah.
TsionBen-Judá—Idade:poucomaisde50anos;ex-estudiosodasdoutrinasdosrabinos
e estadista israelense; revelou sua fé em Jesus como o Messias em um programa deTV levado
ao ar internacionalmente, o que provocou o assassinato de sua esposa e de seus dois ilhos
adolescentes; fugiu para os Estados Unidos; ex-professor e lı́der espiritual do Comando
Tribulaçã o; doutrinou os judeus remanescentes em Petra; suas pregaçõ es diá rias, via internet,
alcançavam mais de um bilhã o de pessoas. Morto defendendo a parte velha da cidade de
Jerusalém.
Chloe Steele Williams — Idade: perto de 25 anos; ex-aluna da Stanford University;
perdeu a mã e e o irmã o no Arrebatamento; ilha de Rayford; esposa de Buck; mã e de Kenny
Bruce, quatro anos e meio; membro-fundador do Comando Tribulaçã o; ex-executiva da
Cooperativa;mortanaguilhotinapelaCGnoantigoCentroCorrecionaldeStatevilleemJoliet,
Illinois.
OsInimigos
Nicolae Jetty Carpathia — Idade: perto de 40 anos; ex-presidente da Romê nia; exsecretá rio-geral da Organizaçã o das Naçõ es Unidas; autodesignado potentado da Comunidade
Global;assassinadoemJerusalé m;ressuscitounopalá ciodaCG,emNovaBabilô nia;liderandoas
forçasdoExé rcitoUnidadenoValedoMegido;vistopelaú ltimavezdoladodeforadaPortade
HerodesnaestradadeSuleimon,emJerusalém.
LeonFortunato—Idade:pertode55anos;ex-supremocomandanteebraçodireitode
Carpathia;recebeuotítulodeReverendíssimoPaidoCarpathianismo,proclamandoopotentado
comoodeusressurreto;comandantedoExércitoUnidade,emMegido.
VivIvins—Idadepertode70anos;amigadelongadatadeCarpathia;trabalhaparaGG.
Suhail Akbar — Idade: pouco mais de 45 anos; chefe de Segurança e Inteligê ncia de
Carpathia;comandantedoExércitoUnidadeMundial,emMegido.
PRÓLOGO
ExtraídodeArmagedom
Rayfordcomeçouadescerpeloladodetrá sdePetra,achandoadescidaaindapiordoque
asubida.ElepermaneceracomChangeNaomiumpoucomaisdoquehaviaplanejadoesupô s,
portanto,queMacdeveriaestaràsuaprocuraeGeorgepensavaquejátivessechegado.
Do lugar em que se encontrava, ele tinha uma boa visã o do exé rcito, a cerca de um
quilô m etro e meio de distâ ncia. Fez um gesto para pegar o celular e tranqü ilizar Mac quando
notouquealgoestranhohaviaocorrido.Aslinhasdefrenteestavamrecuandooutravez,sinalde
queGeorgedeviateriniciadooutraseqüênciadedisparoscomasarmasdeenergiadirecionada.
Destavez,poré m,apesardocaosqueseseguiu,oExé rcitodaUnidadenã oseacovardou.
Rayford ouviu os estrondos dos disparos em represá lia, como trovõ es anunciando uma forte
tempestadequeatingiriaumcírculodecentenasdequilômetrosdediâmetro.
Ele conhecia o su iciente sobre muniçõ es para saber que as forças de Carpathia estavam
umtantodistanciadasparausarcanhõ esdemorteiroseatiraremâ ngulosaltos.Calculouentã o
queostirosnã oalcançariamoperı́m etrodePetra.Estavaenganado.Epossı́velqueoscanhõ es
delesfossemmaioresdoqueostradicionaisdecanocurtoesemestrias.
As bombas ultrapassaram o perı́m etro e começaram a cair ao redor dele. Quando uma
explodiu bem à sua frente, Rayford quase foi atirado para fora do veı́c ulo. Agarrado ao volante
comamãolivre,eleviuseutelefonesairvoandocercadecemmetrosprecipícioabaixo.
Seu veı́c ulo icara agora fora de controle, fazendo com que Rayford se deslocasse do
assento e icasse suspenso no ar, apenas com as mã os na má quina. Quando voltou a sentar-se
comtodaforça,ageringonçadesgovernou-seeroloudelado.Manter-seequilibradoeraagoraa
únicaopção,maslogoestapossibilidadetambémdeixoudeexistir.
Oveı́c ulodetraçã onasquatrorodasbateudenovonaspedraseelefoiatiradoparafora.
Enquanto rolava no terreno acidentado, viu o carro despencar, despedaçando-se contra as
rochasquedesciamatéovale.
Rayford teve tempo para lembrar-se de que nã o devia tentar interromper sua queda.
Protegeuasmã oseosbraçoseprocurourelaxarocorpo,lutandocomtodasasforçascontrao
seu instinto natural de contrair os mú sculos. O declive era ı́ngreme demais e sua velocidade
muito grande para conseguir controlar-se. O melhor que podia esperar era uma aterrissagem
suave.
Umaexplosãoensurdecedorafez-seouviracercadetrêsmetrosàsuadireita,obrigando-o
a rolar de lado. Ao bater a tê mpora numa pedra pontuda, Rayford ouviu um som de á gua
correnteenquantorolavaemdireçã oaumarbustoespinhoso.Pormaisterrı́veisquefossemos
espinhos,deviamsermaismaciosdoqueapedracontraaqualcolidira.
Conseguiucomesforçoequilibraropesodocorpo,quandocaiudecostasnosespinhos.Foi
entã oquecompreendeuoquesigni icavaosomdeá guacorrendo.Acadabatidaaceleradado
seu coraçã o, o sangue que brotava da ferida na tê mpora esguichava a uma distâ ncia de quase
doismetros.
Apertou a palma da mã o com força contra a cabeça e sentiu o jato de sangue. Apertou
mais uma vez para ver se o estancava. Rayford achava-se agora, poré m, em perigo — perigo
mortal. Ningué m sabia o seu paradeiro. Nã o tinha meios de comunicaçã o nem de transporte.
Nã o queria sequer examinar seus ferimentos, pois eram insigni icantes em comparaçã o com o
buraconacabeça.Precisavaobterajuda—edepressa—oumorreriaemquestãodeminutos.
Os braços de Rayford apresentavam cortes profundos e ele sentiu dores lancinantes nos
joelhoseemumdostornozelos.Estendeuamã oparaarregaçarapernadacalçaedesejounã o
tê -lo feito. Havia um pedaço de pele dependurado em seu tornozelo e, aparentemente, uma
partedoossoforaarrancada.
Teria condiçõ es de andar? Deveria tentar? A distâ ncia era muito grande para rastejar.
Aguardou que sua pulsaçã o se acalmasse para readquirir o controle emocional. Devia estar a
mais de um quilô m etro e meio de Mac e seu pessoal e nã o podia vê -los. Nã o havia meios de
voltar.Virouocorpopara icardecó c oras,segurandooferimentocomumadasmã osparanã o
sangraratémorrer.
Rayfordtentouficarempé.Conseguiuapoiar-sesomenteemumadaspernas,exatamente
aquelacujotornozeloemfrangalhos.Oossodacaneladaoutraestavaprovavelmentefraturado.
Quis saltar, mas o declive era muito acentuado e teve de inclinar o corpo para a frente. Outra
vez descontrolado, Rayford tentava pular com uma perna só para nã o cair, mas ganhando
velocidade a cada salto. O que quer que izesse, nã o ousava tirar a mã o da tê mpora, cuidando
paranãoirdeencontroaoutrapedraoucoisaparecida.
Senhor,esteseriaomomentomaisapropriadoparaatuavolta.
Chang sentiu que algo estava para acontecer. Ele tivera sucesso em interceptar os sinais
dos saté lites geo-sincrô nicos que auxiliavam as comunicaçõ es entre os milhõ es das tropas, que
agora estavam prestes a se movimentar. Os homens que ocupavam postos de comando
precisavamserinformados.
LigouparaGeorge.
—Aguardeumavançodastropasdaquia60segundos.
—Algumasbombasjácaíramaqui—gritouGeorge.—Vocêpensaquehaverámais?
—Sim,haverá.
—Rayfordfoivê-lo?
—Saiuhápoucotempo,estáindofalarcomMac.
—Obrigado.LigueparaMac,porfavor.Vouinformarosoutros.
ChangligouparaMacedeu-lheasmesmasinformações.
—Olhe,—disseMac,—nãoconsigofalarcomSebastianeRayaindanãochegou.
—Eleestáacaminho.
Emseguida,ChangligouparaBuck.
—Aguardeumavan...
Aligação,porém,foiinterrompida.Elediscounovamente.Nada.
—Elesestãovindo!Estãovindo!
Assimqueseucelularsoou,Buckouviuumjovemrebeldegritandoeavistouumobjetode
fogo passando por cima do Museu Rockfeller e vindo em sua direçã o. Ao ver as tropas do
Exé rcitodaUnidademovimentando-separatodososlados,elepegouocelular,segurando-ode
encontro ao ouvido, no exato momento em que a bomba atingiu o muro bem à sua frente e
espatifou-senochão,doladodefora.
Buck reconheceu a voz de Chang pouco antes de a bomba abrir um rombo no muro.
Pedras e estilhaços espirraram com forço por todo o seu lado direito, destruı́ram seu celular e
derrubaramumadasUzis.Elesentiuquealgoaconteceraemseuquadrilenopescoçoenquanto
caíadolugaremqueseachava.
Umdosjovenspertodelefoiatiradoparaoareestatelou-senochã o.Omurocomeçoua
desabarnomomentoemqueBuckdecidirasubirnovamente.Passouamã onopescoçoesentiu
umagolfadadesangue.Mesmonã osendomé dico,elesabiaquealgohaviacortadosuaarté ria
carótida.Oproblemaeragrave.
Enquanto o muro desmoronava, ele saltou com a cabeça erguida para manter-se na
posiçã overtical,masprecisavamanterumadasmã osnopescoço.AoutraUziescorregoupelo
seubraçoesquerdoequandoelequis incá -laemalgumlugarparaservirdeapoio,aarmacaiu
para o outro lado. Ele estava sem armas, sem forças para permanecer em pé e mortalmente
ferido.
Eoinimigoseaproximava.
Rayford conseguiu evitar a queda com a mã o livre, sem atrever-se a tirar a outra da
tê mpora. Seu queixo sofrera o mesmo impacto que a parte inferior da palma da mã o quando
escorregouaumâ ngulodecercade45o.Nã ohaviamaiscondiçõ esdeandar.Daliemdiante,só
conseguiriarastejaretentarpermanecervivo.
Os pé s de Buck prenderam-se na fenda de uma rocha que se deslocara e a parte superior
deseucorpotombouparaafrente.Eleficoupenduradodecabeçaparabaixonomuroemruínas
acima da Cidade Velha. Seu quadril fraturado també m sangrava e o sangue escorria até a sua
cabeça.
Mesmo dentro do centro de tecnologia de uma cidade feita de pedra, Chang sentia a
vibraçã odosmilhõ esdesoldadosavançandosobrePetra.Eleclicavaaquieali,apertavabotõ es
e tentava ligar para outras pessoas. Por quanto tempo Deus permitiria que isto continuasse
antesdeenviaroReivencedor?
Lutandoparanã o icarinconsciente,eletentavamover-secuidadosamente,comumadas
mã os à sua frente, a outra ocupada. Cada centı́m etro fazia o â ngulo parecer mais inclinado, o
caminho mais instá vel. A cada batida do coraçã o, a cada golfada de sangue, a cada dor
lancinante,eleseperguntavadequeadiantavatudoaquilo.Qualaimportâ nciadepermanecer
vivo?Paraquê?Paraquem?
Vem,SenhorJesus.
A tontura aumentava, a dor era insuportá vel. Aparentemente, um dos pulmõ es estava
perfurado. A respiraçã o tornou-se ruidosa, agonizante, descompassada. O primeiro sinal do im
foram as batidas descontroladas de seu coraçã o. Rá pidas, falhando, depois trê mulas. Perda
exageradadesangue.Poucairrigaçãonocérebro.Insuficiênciadeoxigênio.
Asonolênciasobrepujouomedo.Ainconsciênciaseriaumgrandealívio.
E assim ele se deixou levar. O pulmã o estava prestes a explodir. O coraçã o bateu
descompassadoeparou.Osanguequepulsavatornou-seumapoça.
Nã o via nada, mesmo estando de olhos arregalados.Senhor,porfavorEleouviuoinimigo
aproximando-se.Sentiuaaproximaçã o.Mas,derepente,nã oouviumaisnada.Semsanguepara
corrernasveias,semarpararespirar,eleperdeuasforçasemorreu.
"Logo em seguida à tribulaçã o daqueles dias, o sol escurecerá , a lua nã o dará a sua
claridade, as estrelas cairã o do irmamento, e os poderes dos cé us serã o abalados. Entã o,
aparecerá nocé uosinaldoFilhodoHomem; todos os povos da terra se lamentarã o e verã o o
FilhodoHomemvindosobreasnuvensdocéu,compoderemuitaglória.”
Mateus24.29-30
CAPÍTULO1
MacMcCullumesquadrinhouoperı́m etrodePetracomseusbinó c ulospotentes.Rayford
jádeviaterchegado.
Oreló giodeMacmostrava13horas—umadatarde,tempodeCarpathia.Atemperatura
devia estar acima de 38° C. O suor escorria dos cabelos vermelho-grisalhos que apareciam
debaixo do boné , descendo para o pescoço e ensopando a camisa. Mac nã o conseguiu divisar
nemumasombradeventoe icouimaginandocomo icariaoseurostosardentoecurtido,em
algunsdias.
Semtirarosolhosdaslentes,MacpegouocelulareligouparaChangWongnoCentrode
Computação.
—OndeestáRay?
— Eu ia perguntar para você — respondeu Chang. — Ele saiu daqui há 45 minutos e
ninguémmaisoviudesdeentão.
—QuaissãoasnotíciasdeBuck?Macnotouahesitação.
—Nadadenovo.
—Desdequando?
—Rayfordfaloucomelenofimdamanhã.
—Eentão?
—Nadadeimportante.
—Oquevocêestádizendo,Chang?
—Nada.
—Percebiisso.Oqueaconteceu?
—Nadaquenãosejaresolvidoempouco...
— Nã o preciso de rodeios, camarada. — Mac continuou examinando as vertentes
rochosas,sentindoopulsoacelerar-seapesardeseusanosdeexperiê ncia.—Senã omedisser,
vouligarparaele.
—Buck?
—Quemmais?
—Játentei.Meusensormostraqueseutelefoneestáinoperante.
—Desligado?
—Istoéimprovável,Sr.McCullum.
—Possoimaginar.Defeituoso?Danificado?
—Esperoquesejaaprimeiraopção,senhor.
—OSistemadePosicionamentoGlobalestáativo,pelomenos?
—Não,senhor.
ChaimRosenzweignãodormiraedepoisdeapenasduasrefeiçõeslevesdemaná,esperava
sentir-sefatigado.Mas,issonã oacontecera.Deacordocomseusmelhorescá lculos,aqueleera
o dia. Sentiu a expectativa aumentar em sua cabeça e seu peito. Era como se sua mente
disparasse,enquantoseucoraçãoansiavapelomaioreventonahistóriadocosmos.
Os conselheiros sê nior dele, meia-dú z ia de anciã os, achavam-se ao seu lado num lugar
escondido do complexo de Petra. Eleazar Tibé rio, um homem corpulento, comentou que os
maisdeummilhã odeperegrinossobasuaresponsabilidadeestavamclaramentetã oinquietos
quantonós.
—Nãohánadaquepossamosdizeraeles?
—Penseinumaatividade—disseChaim.—Mas,oquequerqueeudiga?
—SoumaisnovodoqueoSr.,Rabino,mas...
—Porfavor—replicouChaim,levantandoamã o.—Reserveessetı́t uloparaoDr.BenJudá.Eunãopassodeumestudanteatiradonisto...
— Nã o obstante — continuou Eleazar — sinto que a populaçã o está tã o desejosa quanto
eudesaberomomentoexatodavoltadoMessias.Querodizer,seforcomooSr. e o Dr. BenJudá ensinaramdurantetantotempo,seteanosdesdeaassinaturadoacordoentreoanticristoe
Israel, será entã o no minuto preciso? Lembro-me da assinatura ter sido cerca das quatro da
tarde,horadeIsrael,fazseteanoshoje.
Chaimsorriu.
—Nã otenhoidé ia,masseidisto:Deuscontaotempoaseumodo.CreioqueoMessiasvai
voltar hoje? Sim. Ficarei aborrecido se nã o aparecer até amanhã ? Nã o. Minha fé nã o icará
abalada.Euoespero,porém,embreve.
—Eaatividadequemencionou?
— Apenas algo para ocupar a mente do povo enquanto esperamos. Encontrei um
videodiscodeumsermã odramá ticodeantesdaentradadosé culo,feitoporumpregadorafroamericano,queseachahámuitotemponocéu.Proponhoreuniropovoemostrá-lo.
—OSenhorpodechegarenquantoosermãoestiversondoouvido—disseumancião.
—Tantomelhor.
—Háincrédulosentrenós—afirmouEleazar.
Chaimmeneouacabeça.
— Confesso que isso me intriga e perturba, mas cumpre també m a profecia. Alguns que
tê m a segurança de Petra e até muitos que crê em que Jesus foi a pessoa mais in luente que já
viveu, ainda nã o colocaram nele a sua fé . Eles nã o o reconhecem como o Messias há muito
esperado e nã o o aceitaram como seu Salvador. Este sermã o é també m evangelı́stico. E
possívelquemuitosdosindecisostomemposiçãoantesdachegadadoMessias.
—Melhordoqueesperarpeloeventoemsi—alguémcomentou.
—Reú naopovoparaumasessã oà sduashoras—disseChaim,levantando-se.—Vamos
encerrarcomoração.
—Peçodesculpas,masosenhorsentetantoaausê nciadoDr.Ben-Judá comoeu?—disse
Eleazar.
—Maisdoquevocê pensa,Eleazar.Vamosorarporeleagoraevoutelefonarparaeleem
poucos minutos. Gostaria de compartilhar com o povo suas saudaçõ es e ouvir o que está
acontecendoemJerusalém.
AvisãoampliadadeMaccaiusobrepeçascoloridas,metálicas,brilhandoaosol,talvezuns
doisquilômetrosdeondeseachava.Oh,não!
Umtanquedecombustı́velvermelhoeumpneutinhamtodaaparê nciadefazerpartedo
veı́c ulodeRayford.Mactentou irmarasmã osenquantoampliavaoraiodevisã odobinó c ulo,
procurandosinaisdoamigo.Aoquetudoindicava,oATVpoderiatersidoatingidoporummı́ssil
oudespedaçadoaocairdealgumlugar.Epossı́velqueofatodenã ohaversinaisdeRayfordpor
pertosejamboasnotícias,pensouele.
MacligououtravezparaChang.
—Sintoincomodá-lo,masoqueoseusensordizsobreocelulardeRayford?
— Estava com medo que perguntasse isso. Está també m com defeito, mas o seu GPS
continuavibrando.Minhatelamostraqueseencontranofundodeumafenda,poucomaisde24
metrosabaixodosenhor.
—Vouatélá.
—Espere,Sr.McCullum.
—Oquê?
— Tenho uma lente apontada naquela direçã o e nã o há espaço na abertura para uma
pessoa.
—Podeverocelular?
— Nã o, mas sei que está ali. Pode ser a ú nica coisa naquele espaço. A fenda é estreita
demaisparaqualqueroutracoisa.
—Vocêtambémviuoveículodele?
—Estouprocurando.
—Euvi.Seessecelularestáaosuldaminhaposição,procureavintegrausparaoleste.
—Espere...estouvendo.
—MasnenhumsinaldeRay,Chang.Vouprocurar.
—Nãopoderiaenviaroutrapessoa?
—Porquê?Estouperdendotempoaqui.AstropasestãosobcontroledeBigDogOne.
—Parafalarfrancamente,preferiaquefosseatéJerusalém.
—Vaiounãocontaroqueestáacontecendo?
— Venha ver-me, Sr. McCullum. Eu estava honrando o segredo do capitã o Steele, mas
pensoqueoSr.eoDr.Rosenzweigdeveriamsaber.
Macchegouaocentrotecnoló gico,nasentranhasdePetra,poucosminutosdepoisdas13
horas.Chaimlevantou-separarecebê -lo,enquantoChangcumprimentou-ocomumolhar,mas
continuouimersoemsuasnumerosastelas.
Chang inalmenteafastou-seeostrê ssentaram-sebemafastadosdosouvidosdosdemais,
Mac notou, poré m, que muitos té cnicos lançavam com freqü ência olhares furtivos na direçã o
deles.
—Nãohámaneiradelicadadedizeristo—começouChang.
—OcapitãoSteelecontouaNaomieamimestamanhãqueoSr.Williamsoinformarada
mortedoDr.Ben-JudáduranteumcombateemJerusalém.
Macsentiuocorpoenrijecer.Chaimenterrouorostonasmãos.
—Esperoqueelenãotenhasofridomuito—disseohomemmaisvelho.
—ComaperdadocapitãoSteeleagorae...
— O quê ? Ele també m? — perguntou Chaim. — E nã o consigo falar com Cameron no
telefone...
—Acheiquevocê sdoisdeviamsaber.Seiquetudoistopodeestarsendodiscutidoaesta
horaamanhã.
—Talvezatépelasquatrodestatarde—disseChaim.
—Aquestãoagoraéoquedizer,oquefazer.
—Nãohánadaquepossamosfazer—interferiuMac.
—PediaAbdullahSmithqueprocurasseRay.ChangachaquedevoiraJerusalém.
Chaimlevantouosolhos,aparentementesurpreso.
— Acho mesmo — disse Chang. — Pelo que sobrou do carro dele e do celular, é bem
possívelquetudoqueoSr.SmithvaiacharsãoosrestosdocapitãoSteele.Sintosertãodireto.
—UmvôoparaJerusalémagora?—perguntouChaim.
—SóparaverseCameron...
—Eraoquegostariasefosseeu—disseMac.—SeiqueelepodeestarmortoeJesusestá
vindo,mascomamortedeTsion,queromuitotirarBuckdeláetrazê-loparajuntodenós.
—Mesmoquesejaporumahora—disseChaim,maiscomoumaa irmativadoqueuma
pergunta.
—Comojádisse,éoquedesejo.
—Eoquediremosaopovo?—indagouChaim.
Minutosdepois,MacestavanosaposentosdeGustafZuckermandel.Elecontouseusplanos
aojovem.
—Estaéapartedifícil,Z,queropartiremdezminutos.
—Podedar-mevinteminutos?
—Quinze.
—Feito.
—Oquevocê tememmã os,Z?—disseMac,enquantoofalsi icadorabriaumagavetade
arquivo,manuseavaváriaspastaseabriaumasobreamesa.
—Suanovaidentidade—disseele,indoatéumarmárioqueabriucomumfloreio.
Havia ali duas dú z ias de uniformes negros do Exé rcito da Unidade Um da Comunidade
Global, desde capacetes coloridos que protegiam os olhos até botas que cobriam a barriga da
perna.
—Escolhaumquesirvaenquantoestoutrabalhandonosseusdocumentos.Nã oesqueçaas
luvas.Ninguémestámaisverificandomarcasdelealdade,masparanãocorrerriscos...
— Como consegue fazer isso, Z? — perguntou Mac, aproximando-se das roupas que
pareciamserdoseutamanho.
— Com muita ajuda. O pessoal de Sebastian matou alguns deles e tenho uma pequena
equipequerecolheascoisasqueficam—documentos,roupasetudomais.
—Armas?
—Claro.
Quando Mac saiu com um uniforme perfeitamente ajustado, encontrou Zeke misturando
umaespéciedecaldo.
—Estáótimo,Mac—disseele—Oproblemaéquevocêtemdesernegro.
—Epodeconseguirissoempoucosminutos?
—Seconcordar.
—Claroquesim.
Mac tirou o capacete, jaqueta, camisa e luvas. Zeke usou a mistura para fazer com que
ficassepardo-escurodesdeosombrosatéalinhadoscabelos.
—Nãotireocapacete,porquenãotenhotempodetornarocabeloautêntico.
—Certo.
—Vamosajeitarsuasmãos,paraumanecessidade.
ZeketingiuapeledeMacdesdeametadedoantebraçoatéapontadosdedos.
— Isto deve secar em dois minutos e meio. Depois uma foto instantâ nea e você está a
caminho.DêlembrançasminhasaBuckeTsion.
Machesitou.
—Nãovouesquecer,Zeke,vocêéumgênio.
Ojovemresmungou.
—Estouaquiparaservir.
MacestavadecolandoquandoconseguiufalarcomAbdullahSmithpelotelefone.
—Nadaainda,Mac.Ligoparavocênomomentoemquedescubraalgumacoisa.
Quandooaviã oseelevou,Macviumultidõ esdetodososcantosdePetracaminhandoem
direçãoaolugarcentraldeencontro.
Chaimalarmou-secomadisposiçã odospresentes.Eraamaiormultidã oqueelejá havia
atraídoemPetraetodossemostravamruidosos,claramentepreocupados,impacientes.
Ele ouviu risos nervosos, viu uma porçã o de gente se abraçando. Quando uma ou duas
pessoasolhavamparaocéu,centenasealgumasvezesmilharesfaziamomesmo.
—Meusamadosirmã oseirmã snoMessias—começou—assimcomoosquebuscame
os indecisos entre nó s, por favor, procurem acalmar-se por um momento. Sei que todos
esperamosavoltaiminentedenossoSenhoreSalvadorenã opossopensarnumprivilé giomaior
doquevê-loaparecerenquantofalamos.Mas...
Aplausosclamorososevivasointerromperam.
Chaimfezumgestoparaquesesentassem.
—Compartilhooseuentusiasmo!Emborasaibaquenã ohaverá nadamaisemsuamente
até queElevenha,penseiqueseriabomnos ixarmosespeci icamentenasuapessoaestatarde.
Sei que existem entre nó s muitos que estã o retardando a sua decisã o sobre Cristo até que Ele
apareça.Consideremesteomeuú ltimoesforçoparapersuadi-losanã oesperar.Nã osabemoso
que nos acontecerá naquele momento, se Deus permitirá que zombadores e escarnece-dores,
assimcomoosqueorejeitaramaté agora,mudemdeidé ia.Oremparaqueelenã oendureçao
seu coraçã o devido à sua rebeldia e incredulidade. E certo que houve evidê ncia mais do que
suficientepararevelaraverdadedoplanodeDeus.
— Enquanto vigiamos e esperamos, considerem os pensamentos de um grande pregador
de dé cadas passadas. Seu nome era Dr. Sadraque Mesaque Lockridge e sua mensagem tem
comotítulo,"MeuReiÉ...
Chaim fez um sinal para que o disco começasse a tocar e ele foi projetado em duas
paredesbrancasdepedralisa,bemaltas,ondetodospodiamenxergar.Osistemadesomlevouoatéapartedetrásdasmassasqueseachavamsentadas.
Lockridge provou ser animado e trovejante, interrompendo sua cadê ncia de gritos e
rosnados com sussurros e largos sorrisos. O disco o apanhou quase no im do seu sermã o e ele
estavaganhandoforças.
—ABı́bliadizqueomeureié umreidesetefacetas.Eoreidosjudeus;portanto,umrei
racial.EoreideIsrael;ouseja,umreinacional.Eoreidajustiça.Oreidaseras.Oreidocé u.O
rei da gló ria. O rei dos reis. Alé m de ser um rei de sete aspectos, ele é o Senhor dos senhores.
Esseéomeurei.Queroagoraperguntar,vocêoconhece?
Centenas de milhares aplaudiram e muitos icaram em pé , mas sentaram outra vez
enquantoLockridgecontinuava.
—Davidisse:"Oscé usproclamamagló riadeDeus,eo irmamentoanunciaasobrasdas
suas mã os" (Sl 19.1). O meu rei é um rei soberano. Medida alguma pode de inir seu amor
ilimitado. Nem o mais poderoso telescó pio construı́do pelo homem pode tornar visı́veis as
fronteirasinfinitasdeseupoder.Nenhumabarreirapodeimpedi-lodederramarsuasbênçãos.
— Ele é sempre forte. Inteiramente sincero. Eternamente iel. Imortalmente gracioso.
Infinitamentepoderoso.Imparcialmentemisericordioso.Vocêoconhece?
Muitosgritaramquesim.
— Ele é o maior fenô m eno que já cruzou o horizonte deste mundo. E o Filho de Deus. O
Salvador dos pecadores. O eixo da civilizaçã o. Ele permanece na solitude de Si mesmo. E
autênticoeéúnico.Nãotemparalelosnemprecedentes.
—Eaidé iamaiselevadanaliteratura.Eamaiorpersonalidadena iloso ia.Eoproblema
supremonaalta-crı́t ica.Eadoutrinafundamentaldaverdadeirateologia.Eomilagredaseras.
Sim,Eleé .Eosuperlativodetudoqueé bomquevocê escolhachamá -lo.Eoú nicoquali icado
para
sernossatodo-suficiência.Perguntoamimmesmosevocêoconhecehoje.
Enquanto o pregador continuava, mais e mais ouvintes icaram em pé , levantando as
mãos,outrosgritavamsuaconcordânciaeoutrosaindaacenavamcomacabeça.
— Ele dá força aos fracos. Está à disposiçã o dos que sã o tentados e provados. Tem
compaixã o e salva. Fortalece e sustenta. Guarda e guia. Cura os doentes. Puri ica o leproso.
Perdoa o pecador. Quita os devedores. Livra os cativos. Defende os fracos. Abençoa os jovens.
Serve aos desventurados. Cuida dos idosos. Recompensa os diligentes. E confere beleza aos
mansos.SeráquevocêOconhece?
— Este é o meu rei. Ele é a chave do conhecimento. A fonte da sabedoria. A porta do
livramento. O caminho da paz. A estrada da justiça. A vereda da santidade. A porta da gló ria.
VocêOconhece?
—Seucargoé multiforme.Suapromessaé certa.Suavidaé incompará vel.Suabondade
ilimitada. Sua misericó rdia eterna. Seu amor nunca muda. Sua palavra é su iciente. Sua graça
basta.Seureinoé dejustiça."Seujugoé suaveeseufardoé leve"(Mt11.30).Gostariadepoder
descrevê-loparavocê.
Isto provocou um mar de riso e mais aplausos. O mesmo havia acontecido com sua
audiê nciaoriginal,eLockridge izeraumapausa,permitindoquetodosseacalmassemantesde
continuar.
— Ele é indescritı́vel. E incompreensı́vel. E invencı́vel. E irresistı́vel. Você nã o consegue
tirá -lodamente.Nã opodetirá -lodamã o.Nã opodesobreviveraEleenã opodeviversemEle.
Osfariseusnã oOsuportavam,masdescobriramquenã opodiamdetê -lo.Pilatosnã oconseguiu
encontrar qualquer falta nele. Herodes nã o pô de matá -lo. A morte nã o O deteve e o sepulcro
nãoconseguiusegurá-lo.Esseéomeurei!
Todos estavam em pé agora, com as mã os levantadas, muitos aplaudindo, gritando, e
algunsdançando.
— E teu é o reino e o poder e a gló ria para sempre, sempre e sempre! Quanto tempo é
isso? Sempre e sempre! Quando você terminar todos os sempre, entã o amé m! Deus TodoPoderoso!Amém!
Quando Mac pô de ver os montes rochosos da Judé ia, onde a fumaça que se elevava da
cidadedeJerusalé msubiaaosoldamanhã ,elejá começaraadesesperardeencontrarBuck.Se
o amigo estivesse bem, nã o teria pedido emprestado um celular para dar notı́c ias? A ú ltima
informaçã o de Chang era que Buck havia contado a Rayford sobre a morte de Tsion na Cidade
Velha.
Embora os exé rcitos colossais do mundo — agora reunidos no Exé rcito Unidade Mundial
da Comunidade de Carpathia — se estendessem em multimilhõ es desde o norte de Jerusalé m
até Edom, icavaporé mclaro,olhandodoar,queamaiorofensivadomomentoseconcentrava
naCidadeVelha.
Macprocurouumlugardepouso.Eletinhadeparecerumo icialdaCGaserviçoeirapé
até aCidadeVelhacomosesoubesseoqueestavafazendo.Naverdade,nã otinhasequeridé ia.
ACidadeVelhasótinha2,5km 2.
Se encontrasse Buck vivo, o que devia fazer? Prendê -lo e levá -lo à força ao helicó ptero?
DescobrirBuckmortoouvivo,decidiuMac,seriacomodescobrirumpedaçodeterrasecanos
pântanosdaLouisiana.
OcelulardeMactocoueeleviuqueeraChang.
—Dê-meboasnotícias.
—Quais,porexemplo?
—TalcomootelefonemortodeBuckcomeçandoatocarrepentinamenteparamostrara
suaposição.
— Nã o consigo fazer isso. Mas tenho algo. Carpathia icou furioso com a destruiçã o de
NovaBabilôniaeestásendopressionadoportodoomundo.
—Pressionado?
— Todos que dependiam de Nova Babilô nia estã o lamentando a perda. Venho recebendo
relatos pela TV de toda parte onde os lı́deres, diplomatas, empresá rios (todos em que possa
pensar), estã o literalmente chorando, lançando acusaçõ es sobre o que aconteceu em Nova
Babilôniaeseusprópriosinteresses.Algunsestãocometendosuicídionafrentedacâmera.
—NãoacreditoqueaCGestejacolocandoessamatérianoar.
—Não,elesnão,masoseucriadoaquiaindatemseusmétodos.
—Parabéns,Chang,mascomoissomeajudaaencontrarBuck?
—Osenhornãovaiencontrá-lo,McCullum.
—Oquê?Temcertezadisso?
—Estouapenasafirmandooóbvio.
—Você,homemdepequenafé.
—Sintomuito.Calculeiquedesdequeestá aı́ emsegredo,poderiaquerersaberondeestá
Carpathia.
—Nãomeimportaondeeleesteja,vimaquiparaacharBuck.
—Tudobem,então.
— Mas, apenas para rir, onde ele está ? A ú ltima notı́c ia que tive foi que se achava num
alto-falante do lado de fora da Porta de Herodes. Foi para lá do seubunker perto do Mar da
Galiléia.Anãoserqueestivessemapenastransmitindoasuavoz.
—Não,eraelemesmo.MudoutodooseucomandoparaaCidadeVelha.
—Impossível,estouolhandoparaelanestemomentoeolugarestáformigandode...
—Penseiissotambématéquesoubeondeera.Subterrâneo.
—Estáquerendodizer...
—OsEstábulosdeSalomão.
—Comopossochegarlá?
—Sigaalguém.Carpathiatemumregimentointeiroaliecoloqueioseunomenalista.
—Issotalvezfosseimprudente,Chang.
—Porquê?
— E se eu resolvesse nã o ir, descobrissem minha ausê ncia e algué m me visse em outro
lugar?
—Essapossibilidadeexistemesmo.Digaaelesqueestáacaminho.
—Esenã oestiver?Querodizer,eugostariadeserseusolhoseouvidosaqui,Chang,masa
minha prioridade é Buck. O que quer que saibamos sobre Carpathia agora nã o vai adiantar
praticamentenada.Oquetiverdeacontecer,acontecerá.Vocêpodemetirardessalista?
—Nãosemparecersuspeito.Sintomuito,Sr.McCullum.Penseiqueestavaagindocerto.
—Nãosepreocupe.Nadadissoteráimportânciaamanhã,nãoé?
MacviuaCGematividadeeoutroshelicópterosdescendonasTumbasdosProfetas,aosul
do monte das Oliveiras, a leste da Cidade Velha. Caravanas de jipes recebiam rapidamente o
pessoalquesaíaeoslevavadiretoparaoconflito.
No momento em que Mac deixou seu aparelho, à s 14h45m, um militar que dirigia o
trâ nsito indicou-lhe um veı́c ulo blindado de transporte de pessoal. Mac fez continê ncia e
encaminhou-se para ele, juntando-se a uma dú z ia de outros soldados de uniforme igual ao seu.
Os homens simplesmente acenaram uns para os outros, taciturnos, e seguiram viagem em
completosilêncio.
Ogruposeguiunadireçã onortepelaestradadeJericó evirouemsentidooestenafrente
doMuseuRockfeller,indoparaaestradaSuleimon.
—VamosparaaPortadeHerodes?—alguémperguntou.
—Estáaberta?—outrodisse.
—PortadeDamasco,—anunciouomotorista.
AopassarempelaPortadeHerodes,Macjuntou-seaosdemaisqueolhavampelajanelado
ladosuldoveículo.Dealgumaforma,aresistênciacontinuavaadefenderaporta.
—Quemestiveraserviçodopotentado—disseomotorista—siga-meaté aentradados
estábulos.OsoutrosvãoparaaáreadaIgrejadaFlagelação.Quandotivermospessoalsuficiente,
atacaremososrebeldesportráseosexpulsaremosdaPortadeHerodes.
Mac sentia-se cheio de orgulho pelo que Tsion e Buck haviam aparentemente realizado
antesqueorabinofossemorto.SetivessemestadonaPortadeHerodes,eramresponsá veispor
ajudarem a defender essa posiçã o apesar das incrı́veis desvantagens.E nenhum dos dois tinha
treinamentodecombate.
Mac supô s que Buck concordaria com a idé ia de Tsion nã o desejar que seu corpo fosse
removidodaCidadeVelha.Só esperavaqueBucktivesseencontradoumlugarconvenientepara
o rabino. Os corpos que caı́am numa batalha ativa costumavam ser pisoteados, icando
completamenteirreconhecı́veis.Issotambé mnã oimportariaamanhã ,masMacsabiaqueelee
Buckestariamnamesmapágina.
Mac sentiu-se lutando contra a angú stia. Buck nã o os deixaria preocupados por tanto
tempo.Elecertamenteteriaencontradoummeiodeentraremcontatoseestivessevivo.
Quandooveı́c uloparoueomotoristadeuaordem,Maceossoldadossaı́rameseguiram
as instruçõ es recebidas. Mac diminuiu os passos, distanciando-se do grupo e telefonou para
Chang,dizendobaixinho:—Algumanotícia?
—Nada.
—Nãovoutersucesso,nãoé?
—Oquegostariadeouvir,senhor?
—Vocêsabe.
—Jánãoconsigofingir,Sr.McCullum.
—Aprecioisso.Eutalvezdevaapenasseguirparaaminhadesignação.
—Paraocomplexo?
— E. Sei que deveria ter minha cabeça examinada, mas gostaria de estar com o velho
NickquandoJesuschegar.
ChangsentiuosdedosfortesdeNaomiemcadaladodoseupescoço.
—Vocêestátenso—disseela.
—Vocênãoestá?
—Relaxe,amor.OMessiasestávindo.Changnãoconseguiaafastar-sedastelas.
—Nãogostariadeperdermaisninguémantesdisso.Pormaisquequeirameconvencerde
que icarã o mortos só por pouco tempo, tudo parece tã o sem sentido agora. Nã o quero que
ningué m ique ferido, menos ainda que sofra e depois morra. A ida do Sr. McCullum foi idé ia
minha.
—Maselecomcertezaaprovouimediatamente,nãofoi?
—Eusabiaquesuareaçãoseriaessa.Gostariadeterido.
—Vocêsabequeestelugarnãofuncionasemsua...
—Nãocomece,Naomi.
—Vocêsabequeéverdade.
—Averdadeé queoenvieiparaminhapró priagrati icaçã o,comoumsubstitutomeu.Ele
nã ovaiencontrarBuckeseencontrar,Buckestará morto.OqueMacfará entã o,depois?Sefor
descoberto,seráhistória.Eparaquê?Poderiaestaraquiesperandoavoltacomtodososdemais.
NaomipuxouumacadeiraparapertodeChangesentou-se.
—OquevocêsoubedoSr.Smith?Changsuspirou.
— Isso també m acabou sendo uma perda de tempo e de energia humana. Ou o capitã o
Steelefoieliminadoporummíssilouacabouenterradonaareia.
—Poderiater-searrastadoparaumlugarseguro?
—Nãohásegurançanessesol,Naomi.
— E isso que quero dizer. Quem sabe ele encontrou abrigo ou construiu algum refú gio
contraocalor.
Changencolheuosombros.
— Pensar o melhor é a idé ia, imagino. Mas, ele nã o pensaria em deixar algum sinal para
nós?
—Épossívelqueestivessemuitomachucado,ousimplesmentenãotinharecursos.
—Poderiaarranjargravetosoupedras,atéumpedaçodetecido.
—Setivessecondições—disseNaomi.
AcampainhadotelefonedeChangfezosdoispularem.
—Sim,Sr.Smith?
—Estounapistadele.Pelomenossemovimentouporalgumtempo.
—Oqueencontrou?
—Sangue,infelizmente.
CAPÍTULO2
Mac nunca vira os muros antigos de Jerusalé m em tal estado. Enquanto a Porta de
Herodes(quealgunsaindachamavamdePortadasFlores)continuavadealgumaformasendo
defendida pela resistê ncia, pedaços dos dois lados dos muros haviam sido destruı́dos pelas
explosõ es, sendo reduzidos de sua altura normal de 18 metros para metade disso. Seria uma
questãodetempoantesqueoExércitodaUnidadeMundialentrasse.
Agora,entretanto,asforçasinvasoraspareciamestarconcentradasemoutraparte.Mac
queria ser o ú ltimo da ila quando a unidade em que estava passasse pela Porta de Damasco.
Dessemodo,elepoderiaafastar-seaqualquermomento.Encontrariadealgummodoaentrada
paraosestábulossubterrâneos,masnãoantesdeterpelomenostentadolocalizarBuck.
Mac, já com mais de 60 anos, se mantinha em forma com uma corrida diá ria. Embora o
uniformetomadodeempréstimoparecessefeitosobmedidaparaele,asbotascomcertezaiam
provocarbolhas.Enquantoseapressava,invisı́velnummardesaqueadores,pensounaironiade
levarumtirodosfranco-atiradoresquenãosabiamqueeleestavadoseuladonoconflito.
Macvirasu icientecarni icinaemseteanosparadurarumaeternidade,masnadapoderia
tê -loendurecidocontraasimagensquesurgiamenquantosuapequenaunidadeseencaminhava
a passos curtos para a Cidade Velha. As estreitas ruas de pedras redondas que serpenteavam
atravésdosmercadosecasasabarrotadasestavamtãocheiasdecorposmortosemutiladosque
ele tinha de tomar cuidado para nã o pisar neles. Seus olhos se moviam rapidamente por todo
lado,procurandoBuck,orandoparaqueeleaindanãofosseumadasbaixas.
AsnarinasdeMacforamassaltadaspelocheirodefumaça,suor,pó lvora,carnequeimada,
esté reo e o odor doce e enjoativo dos carros de frutas e vegetais tombados nas ruas. Ele
estremeceuaoouvirdoistirosrá pidosaté queviuquepartiramdeumcomandantedoExé rcito
daUnidade,aliviandoumcavaloeumamuladesuatristecondição.
Um alto-falante anunciou que as forças da Unidade haviam ocupado o bairro armê nio ao
sul,obairrocristã oaoeste,egrandepartedobairrojudeudoladodeforadomontedoTemplo.
Os insurgentes ainda resistiam no monte do Templo a sudeste, e no bairro muçulmano a
nordeste, desde a Porta de Herodes até o leste da Igreja da Flagelaçã o. Mac icou imaginando
como Carpathia e seu pessoal tinham acesso aos está bulos de Salomã o por baixo do monte do
Templo.
Ele orou para que Buck estivesse em algum lugar no bairro muçulmano ou no monte do
Templo,sabendoqueseoencontrasseemoutraparte,estariaprovavelmentemorto.
Se apenas ele pudesse "prender" Buck e convencê -lo a deixar-se arrastar para fora da
CidadeVelha.
Soldados de infantaria do Exé rcito da Unidade enchiam a á rea leste da Igreja da
Flagelaçã o,evitandoooutrolado,queestavasendoalvejadopelosrebeldes.Umcomandanteda
CGgritouqueosqueestavamreunidosdeviamficarprontosparainvadirosTanquesdeBetesda,
depoisdapróximadescargadaartilharia.
— Os rebeldes aparentemente construı́ram ali um santuá rio provisó rio para um rabino
morto. Vai ser fá cil de encontrar. O corpo está escondido, mas eles o cercaram com pessoas e
tabuletasdepapelã opedindoqueningué mprofaneoseulugarderepouso.Estamosamenosde
cincominutosdolançamentodeummorteiroqueirá destruirtodoolocal.Vamosbombardear
o enclave de modo a nã o haver possibilidade de escaparem pela Porta do Leã o a leste. Os
sobreviventesserãoempurradosparaonorte,nadireçãodaPortadeHerodes,eestaremosbem
atrá s deles. A porta que defenderam tã o ferozmente desde ontem vai agora se abrir por si
mesma.
Ocomandantedeuordensavá riastropasepelotõ es,algunsparaseguiremobombardeio
dos tanques e outros para atacarem os rebeldes em fuga enquanto corriam para a Porta de
Herodes.
Mac icou quebrando a cabeça. Nã o havia mais escapató ria. Estava completamente
envolvido. Embora nã o fosse atirar contra os inimigos do Exé rcito da Unidade, nã o poderia
també msearriscaraservistoatirandocontraasforçasdaCG.Eramcomcertezaosrestosde
Tsion que os rebeldes procuravam insensatamente proteger e ele podia imaginar Buck
participandodisso.Buckteriatentadosepultarocorpo,mascompreenderiaafutilidadeefalta
debomsensoempermanecerparaguardá-lo.
Haveriapossibilidadedeoraremmeioà quelecaosparaqueMacpudesselevantarovisor
e ser identi icado como crente até por um dos rebeldes? Nem todos eram crentes, é claro. Ele
podia ser visto por um e alvejado por outro. O que estava fazendo ali? Suas chances eram
infinitamentemenoresdoquesonharaepioravamacadasegundo.
—Vem,SenhorJesus.
Chang havia transmitido a apresentaçã o de S.M. Lockridge para o mundo inteiro, tendo
entradonocentrodetransmissõ esdaComunidadeGlobal.ACGestavamelhorandosuastá ticas
paraimpediressasinvasõ es,masosermã oforasu icientementecurtoapontodeterterminado
quandoelesreagiram.Changacompanhoutambémareaçãoàmensagempelopovoreunidoem
Petra.
Naomidisse:
—Estánahoradesairàluzdosolparaverporsimesmo.
—Estoupraticamenteencerradoaqui—respondeuele.
—Vocênãopodefazermaisnadaagora,—replicouela.
—NãopretendeestaraquidentroquandoJesuschegar,nãoé?Eleolhouparaorelógio.
— Se os anciã os estiverem certos, temos mais algum tempo. Pode acreditar, estarei lá
foraantesdasquatro.Voudizer-lheoqueé maisestranhoemtudoisto:osrelató riosdetodoo
globoqueCarpathianãopermitequesejamtransmitidos.
—TodomundoselamentandocomadestruiçãodeBabilônia?
—Issomesmo.Elesnã osabemoquevaiacontecerenã opodempensaremnadapiora
estaaltura.
—Mas,olhe—disseela,apontandoparaatelaquemonitoravaamultidã oemPetra.—
Centenas,talvezmilhares,estãoseajoelhando.Vamosverseprecisamdeconselheirosou...
—Numminuto.Queromostrar-lhealgunsdestes...olhe.
Pelo re lexo da tela, Chang a viu sair. As prioridades dela estavam certas, ele sabia, e
levantou-separasegui-la.Embrevepercebeuquandotempoficarasentadonumsólugar.Sentia
doresdospésàcabeçaeesticou-seenquantocontinuavaaobservarastelas.
—PrecisofalarcomoSr.Smith—gritou.
—Elesabeoseutelefone—Naomirespondeu.
—Saionumminuto.
—Nãovouesperar.
—Encontrovocê.
—Esperoquesim.
OslamentosdospoderosossefaziamouviremNovaYork,Bruxelas,Londres,BuenosAires,
GolfoPérsico,Tóquio,Beijing,Toronto,Moscou,Johanesburgo,NovaDélhi,Sidney,Pariseoutras
metrópoles.
Aodareminı́c ioaoscomentá riosquehaviampreparadoarespeitodadi iculdadedeserem
subitamente arrancados de Nova Babilô nia, de perder contato pela internet com as fontes do
comé rcio e liderança, cada um, fosse homem ou mulher, começou a chorar. Os ombros
sacudiam, os lá bios tremiam, as vozes icavam embargadas. De todos os lados, chegavam
imagensvividasdosgigantesdocomérciosedissolvendoemsoluços.
— Tudo está perdido! — a mulher encarregada da Bolsa de Tó quio gemeu. — Se
tivéssemospodidoretomarnossasconexõesem14horas,poderiaaindahaverumarecuperação,
mas toda a nossa economia está ligada à Nova Babilô nia e ver as imagens da cidade
completamentedestruída,comafumaçasubindopeloar,foiapenas,apenas...indescritível!
E ela desmoronou. Momentos depois, veio a notı́c ia de que a mulher se suicidara, assim
comomuitosdogabinetedosubpotentadodaquelepaís.
Um capitã o da indú stria europé ia anunciou que tinha milhares de navios no mar que
estariamvirtualmentemortosnaáguaantesdopróximonascerdosol.
O iciais do Exé rcito da Unidade dos Estados Unidos Norte-Americanos pediram demissã o
emmassa—sabendoqueenfrentariamacortemarcialeexecuçã o—porteremperdidotodos
osseusrecursosenãoconseguiremenviarreforçosparaArmagedom.
— Esperem també m até que os milhõ es de tropas já reunidas lá saibam que nã o serã o
maisenviadosalimentos,menosaindaqualquersalário...
Enquanto incontá veis relató rios inundavam a sede de radiodifusã o da CG, algum o icial
oportunista continuava mandando as notı́c ias para Carpathia e perguntando o que podia ser
feito.
Changinterceptoutodasessasinteraçõesedivertiu-secomaraivaevidentedeCarpathia.
— Nã o me faça dizer isto outra vez — berrou ele. — Relató rios desse tipo nã o devem
tornar-se pú blicos. Nã o devo ser mencionado exceto para dizer que esta perda aparentemente
devastadoraserá corrigidapelanossavitó rianovaledeJezreel,emEdom,eespecialmenteem
Jerusalé m, onde estabelecerei o meu reino eterno como o ú nico deus verdadeiro. As perdas
inanceiras e comerciais temporá rias serã o esquecidas uma vez que eu tenha introduzido a
supremaNovaOrdemMundial.Nã ohaverá depoisdissoqualqueroposiçã oporpartedehomem
ouespíritoeesteplanetasetornaráumparaísodefarturaparatodos.
Changapressou-seesejuntouaNaomi.
—Algumasvezespensoqueestouesperandoofimdetudo,sóparaconseguirumpoucode
descanso.
Naomiriueimitou-o.
—Quebomvê-lo,senhor.Possovoltardepoisdeumasoneca?
— Vã o agora, agora, agora! — o comandante do Exé rcito da Unidade esbravejou,
expulsando Mac e as outras tropas e seus pelotõ es da Igreja da Flagelaçã o. — Você s vã o icar
expostospoucotempo.Osmorteirosserã olançadosatrá sdevocê sequandoosrebeldes izerem
pontaria,serãoatingidos.Vão!Vão!Vão!
As tropas, a maioria com a metade da idade de Mac ou ainda mais jovem, estavam de
olhosarregaladosecomumaexpressã odepâ nico,maspareciamobterforçaecoragemunsdos
outros.
Macmanobrououtravezpara icarno imdogrupoenquantocorriamparaosTanquesde
Betesda.
—Dezsegundos!—veioavozdoalto-falanteatrásdeles,masfoitardedemais.
Os que corriam na frente, claramente aterrorizados por estarem ao alcance do fogo da
resistência,diminuíramopassoemuitospararam,agachando-seefazendopontaria.
Isso levou os que estavam atrá s a atropelá -los e muitos foram pisoteados. Mac ouviu
blasfê mias e gritos pouco antes dos rebeldes abrirem fogo. As forças da unidade revidaram
rapidamente,mascadasegundosemoapoiodostirosdemorteiroostornavamaisvulnerá veis.
Mac tinha a impressã o de que os homens estavam prestes a voltar-se furiosos e atirarem em
seusprópriossuperiores.
Osmorteirosforamentã olançados.Emvistadetantosà frentedeMacteremcaı́do,ele
tinha uma visã o clara dos surrados rebeldes, suas faces re letindo o terror de ver os morteiros
encaminhando-sediretamenteparaassuasposiçõ es.Elesseencontravamombroaombro,sem
uniforme, pá lidos e des igurados por terem sobrevivido mais do que a maioria dos seus
companheirostinhasuportado.
Haviamorgulhosamentedefendidooseuterritó rioedesa iadoaCGavencê -loseapossarsedoseusantuário,masnuminstantetudoteriaterminado.
Todospodiamverissochegando,acontecendo,eMacliatalcoisaemseusolhos.Ningué m
semexeu.Nã ohaveriafuga.Muitosaparentementedecidirammorrerlutando.Agarraramcom
força suas Uzis, disparando sem parar mesmo quando o primeiro morteiro os atingiu e fez
dezenasdelesvoaremempedaços.
Oseguinteveioumsegundomaistardeeolugarsetornouumacratera,comcentenasde
mortosoumoribundosetrê svezesonú m erodelescorrendoparaaportamaispró xima.Como
planejado,osqueoptarampelaPortadoLeã oalesteforamrapidamentemortosouenviadosde
voltaagalopeporoutrarodadademorteiros.
Agora,comoprevisto,asforçasdaresistê nciaquerestaramestavamfugindoparapoupar
a vida na direçã o da Porta de Herodes. Os remanescentes dos que guardavam a porta tinham
ouvido as explosõ es e visto o banho de sangue, compreendendo claramente que seus
compatriotas nã o tinham para onde ir, alé m de voltar à s suas posiçõ es. Com os invasores nos
calcanhares,oportãotinhadeserabertooutodosseriamencostadosaomuroeaniquilados.
Desuaposiçã ovantajosa,Macpodiaverclaramenteoqueesperavaosrebeldesfugitivos
do lado de fora da porta. Enquanto ele e os outros haviam entrado pela Porta de Damasco, o
pessoal da Unidade se in iltrara à s escondidas no lugar com o que pareciam ser metralhadoras
Gatlingcolossaissobrecarretasdemuniçõ es.Segundoaaparê nciadoscanos,Macimaginouque
asarmaspodiamacomodarbalas.50.
OsqueestavamnadianteiradoExé rcitodaUnidadequeavançavaatiravamagoracontra
os rebeldes pelas costas e quantos maior o nú m ero dos que caı́am, mais eles atiravam nos
outros.
Macrelanceouosolhosparatrás.Eraumdosúltimos.
—Senhor,perdoe-me,—sussurrou,girandoaUziefazendocairpelomenosumadú z iade
CG pelas costas. Nã o sentiu remorso.Tudo é justo... Era apropriado, pensou, que o grupo do
diaboestivessetodovestidodepreto.Vivapelaespada,morrapelaespada.
O pessoal da Unidade na frente dele se dividiu como o Mar Vermelho quando seus
companheiros fora dos muros abriram fogo com as grandes metralhadoras. Mac procurou
tambémabrigo,observandohorrorizadoenquantodúziasderebeldeseramabatidos.
Tudo pareceu acabar tã o depressa como havia começado. Elementos da CG passeavam
entre os corpos, atirando nos que pareciam estar ainda se movendo. Outros se espalharam e
puseram a apossar-se de armas e quaisquer lembranças que encontrassem entre os corpos
despedaçados.EstaeraachancedeMac.
Ele começou a ingir que estava fazendo o mesmo que os homens da CG, mas teve mais
cuidado. Usou sua arma ou sua bota para virar apenas os mortos ou agonizantes que tinham a
estatura aproximada de Buck. Mac pegou ocasionalmente uma arma e saqueou um bolso ou
dois,só paraocasodealgué mestarolhando.Elenaverdadenã oqueriamaisencontrarBuck,a
nã o ser que permanecesse ainda vivo no monte do Templo. Pelo que podia ver, nã o havia
rebeldessobreviventesnobairromuçulmano.
AquelaeraabatalhamaisestranhaemqueGeorgeSebastiantomaraparte.Quasenã ose
podia chamá -la de batalha. Eram só ele e seu grupo desorganizado de crentes sinceros,
fervorosos, vigiando o perı́m etro de Petra com um punhado de armas bastante so isticadas —
algumas armas de energia direcionada que queimavam a pele dos soldados e cavalos a longa
distâ ncia, e uns poucos ri les .50, de longo alcance — contra o maior exé rcito da histó ria da
humanidade.
OExércitodaUnidadeMundialUmdaComunidadeGlobal,lideradopelopróprioanticristo,
enchia o horizonte, mesmo quando George recuou para as encostas e olhou atravé s de seus
potentesbinóculosalimentadosporenergiasolar.
Centenas de milhares de tropas vestidas de negro, a cavalo, pareciam ondular sob os
vaporestremulantesdodeserto,osanimaismordendoofreioeempinando,parecendoprontosa
levar seus cavaleiros para um ataque contra os defensores em nú m ero desesperadamente
menor.
Sebastian,noentanto,quasenã osentiamedo.Elenã opodianegarumacertatrepidaçã o,
observando os tanques e os veı́c ulos blindados, os soldados de infantaria, os combatentes, os
bombardeiroseoshelicó pterosqueapoiavamacavalariaaté ondeoolharalcançava.Nã oera
exagerochamaroinimigodemardehumanidade,eelenã opodialembrardeumamultidã otã o
maciçater-sereunidoemumú nicolugarantes.Viraemalgumasocasiõ esmaisdeummilhã o
de pessoas reunidas em Petra; mas, apesar de impressionante, aquele espetá culo nã o era nada
comparadoaeste.
As rajadas ocasionais das DEWs e Fifties de Sebastian haviam sido um estorvo para as
forças da Unidade. Ele chegara até a causar vá rias dezenas de baixas, o que fez os estranhos
ajudantes de Zuckermandel saı́rem correndo para buscar mais armas, IDs e uniformes
completos.Aproteçã osobrenaturaldePetrapareciacontinuar,mesmoforadela.Sebastiannã o
perderaumatropasequer.
Todavia, ele sabia muito bem que se aquele grande exé rcito simplesmente avançasse
sobre a sua posiçã o, mesmo sem trocar um só tiro, sua inteira reserva de muniçã o nã o
provocaria uma ú nica brecha nas forças alinhadas contra ele. O inimigo começara avançando
muito devagar e nã o estava atirando nem lançando projé teis de qualquer tipo, o simples
tamanhodessaforçadirigindo-separaelefaziatremeraterraevacilarospassos.
EclaroquesepreocupavacomRayford.Eleviraohomemsendoprotegidocomooresto
deles,mı́sseisorientadosporcalorquepareciamvoardiretamenteatravé sdoaviã osemtocar
numsócabelodacabeçadealguém.Oquepoderiatê-loferidoagoraeporquê?
Alguns haviam especulado que as peças de seu veı́c ulo encontradas nas colinas poderiam
ter evidenciado danos produzidos por uma bomba incendiaria. O ú ltimo relató rio de Abdullah
Smith, poré m, dizia que o estrago fora talvez resultante de perda de controle do veı́c ulo, que
rolaraedespencara,ficandoempedaços.
E a trilha de sangue que só poderia ter sido de Rayford? Sebastian de modo algum queria
duvidardeDeus,mastinhadere letir.Teriaummı́ssilqueDeus izeradesviar-sedeRayford,ter
ainda assim causado um acidente que o ferira mortalmente? De quem era a culpa disso? De
Rayford?Doinimigo?
Como é claro, a questã o maior agora era qual seria o resultado daquele avanço dos
invasores. Sebastian acreditava de todo coraçã o que Petra era inexpugná vel. O que ele estava
entãofazendoaliforacomseugrupoderebeldes?
Supostamente dando aos atrasados uma oportunidade para bene iciar-se da segurança do
lugar. Antes de caı́rem sob a in luê ncia salvadora da cidade de pedra, Sebastian tentaria ao
máximoprepararocaminhoparaeles.Todavia,nenhumvieraeelenãoviuninguémacaminho.
Comcertezaemquestã odehoras—algunsdiziamminutos—tudoperderiaarazã ode
ser. Cristo ia surgir, venceria a batalha e Rayford, Buck e até Tsion — mortos, vivos, ou em
estadointermediário—voltariamareunir-se.
Apesardisso,Sebastiannã oconseguiatirarRayforddacabeça.Eleforatreinadoparanã o
deixar um companheiro no campo de batalha. Nã o fazia sentido Abdullah ter encontrado o
rastrodesanguedeumhomemgravementeferidoe,portanto,movendo-sedevagar,e,todavia,
nãoconseguirencontrá-lo.
QuantoaoqueSebastianhaviadescoberto,nenhumpessoaldoinimigoestavaperseguindo
Rayford. Ele nã o poderia ter sido capturado. Caso pior, mas mais prová vel: Ray cavara um
abrigocontraosolemorreraali.Issofaziadiferença,desdequeiriaestarcomCristo—comoo
restodeles—quandotudoacabasse?Éclaroquefazia.Nãoseabandonaumhomem.
Há quanto tempo ele contatara Abdullah? Olhou para o reló gio. Há bem pouco tempo.
Abdullah dissera que o faria saber na primeira oportunidade. Sebastian, poré m, tinha de fazer
algo,excetoirempessoaàscolinas—claramenteumaimpossibilidade.EleligouparaChang.
—Não,nãosoubenadaatéagora—informouojovem.
—Gostariamuitoquevocêestivesseaqui.MilharesestãoaceitandoCristoemPetra.
Isso era maravilhoso, mas Sebastian nã o conseguia externar-se a respeito. Na verdade,
sentia certo ressentimento e até repulsa por aqueles que haviam demorado tanto. Onde
estavam quando todos os juı́z os foram enviados? Todos os milagres? Nenhum indivı́duo sensato
podianegarqueduranteosúltimosseteanos,DeuseSatanáshaviamestadoemguerra.
Essas pessoas estariam realmente hesitantes sobre o lado ao qual desejavam juntar-se?
Qualquer dú vida sobre a realidade de Deus, sua misericó rdia e seu juı́z o havia sido há muito
apagada.
—Estáchegandoumaligação—disseChang.
—Paramimtambém—avisouSebastian.—Falamosmaistarde.
—BigDogOne,aquiCamelJockey.
—Fale,Abdullah—respondeuSebastian.
—Techie,vocêtambémestáaí?
—Estou—disseChang.
—LocalizeiocapitãoSteele.
Enoque Dumas acordou logo apó s as 7h30. Seu colchã o mofado, no porã o de uma casa
abandonada em Palos Hills, Illinois, estava quente onde dormira e frio nas outras partes. Nã o
dormiramuitotempo.Passaraanoitetodadizendoasimesmoquehojeeraodia.
Nã o conseguia imaginar dormir depois das quatro horas da manhã , mas na verdade fora
nessa hora que realmente caı́ra no sono. Oito da manhã , tempo da Central, marcava o horá rio
emqueseteanosantesforaassinadaaaliançaentreoanticristoeIsrael,umacordoquebrado
anosantes,masassinalandoosanosqueantecederiamaoGloriosoAparecimentodeCristo.
O Lugar, sua pequena igreja de 30 ou mais membros pobres do centro de Chicago, havia
estranhamente lorescido desde que foram espalhados para os subú rbios por causa da difı́c il
situaçã o da casa do Comando Tribulaçã o que lhes oferecia segurança. Nã o tinham mais um
lugarcentraldereunião.
Embora sabendo que nã o deviam con iar nos recé m-chegados, cada vez que se reuniam
mais pessoas eram acrescentadas à igreja. Por reconhecerem o selo do crente na testa dos
recé m-vindos, Enoque sabia que nã o tinham sido in iltrados. O total era agora de quase cem
membros.
Embora alguns tivessem sido martirizados, uma surpreendente maioria nã o fora
descoberta e capturada, apesar de se ocuparem todos os dias na busca de novos convertidos "colocandomaisafogadosnobotesalva-vidas",comoEnoqueochamava.
Ele à s vezes pedia cautela aos novos crentes fervorosos e os advertia de que o inimigo
estavaconstantementealerta,prontoparadevorá-los,transformando-osemestatísticas.
Todavia, era com freqü ência lembrado, no geral por algué m do seu pró prio rebanho, de
quenãohaviaagoraoutraopçãoalémdeseremtransparentesemseutestemunho.
Seus perı́odos favoritos eram aqueles em que o salã o era aberto e as pessoas que
arriscavamsuasvidaspelofatodeestaremreunidas,manifestavamaalegriadocéuaofalar.Ele
nã oconseguia,nemdesejava,apagardesuamenteotestemunhodeCarmela,umacorpulenta
mulher latina, com cerca de 50 anos. Num parque abandonado, a 14 km a oeste da casa de
Enoque,elacontarasuahistória,comlágrimascorrendoporsuasfacesbondosas.
—Eueracega,masagoravejo,é aú nicamaneiracomopossoexplicaristo—disseela.
— Era cega em relaçã o a Deus, a Jesus, vendendo meu corpo para comprar drogas e comida.
Deixei tudo e todos que haviam sido importantes para mim. Antes que percebesse, só me
importavacomigomesmaecomminhapró ximadose.Tudoseresumiaà sobrevivê ncia,matar
ousermorto,fazeroquesetemdefazer.
—Umdia,poré m,umdevocê sveiover-me.Foiela,bemali.—Carmelaapontarapara
uma mulher mais velha, uma afro-americana chamada Shaniqua. — Ela me deu uma das
brochurassobreasreuniõesedisse:Alguémamavocê.
— Pensei:Alguémmeama?Diga-mealgumacoisaqueeunãosaiba!Homenstentandome
amartodososdias. Eu sabia melhor. Ningué m me amava. De fato, eles me odiavam. Usavam-
me. Eu nã o signi icava mais para eles do que a sua pró xima refeiçã o ou sua pró xima dose. O
mesmoquesigni icavamparamim.Ningué mmeamoudesdeminhamã e,eelamorreuquando
euerapequena.
—Eusabiaqueofolhetodeviasersobrereligiã o,masofatodeeladizerquealgué mme
amava e sua coragem de me dar o folheto quando sabia que era ilegal... essa foi a ú nica coisa
quemeimpediudejogá-loforaoudeamaldiçoá-la.
—Euolinaquelanoite,e iqueicontenteporhaverversı́c ulosbı́blicosnele,porquenã ovia
uma Bı́blia havia anos. O que me prendeu foi o fato de nã o ser complicado, mas fá cil de
entender. Dizia apenas que Deus me amava, Jesus morrera por mim, e Jesus estava voltando.
Todas aquelas passagens das Escrituras pareceram verdadeiras para mim, sobre ser uma
pecadora,separadadeDeuseJesussendoocaminhodevoltaparaEle.
—Antesdemuitotempo,aquelaeraaú nicacoisaqueeuqueria.Nã osabiacomoseriaa
minha vida, como ia comer, nem nada. Mas sabia que queria Jesus. Da pró xima vez em que vi
Shaniqua,quaseaataquei,nã ofoi,querida?Disseaelaquetinhadeensinar-mecomofazerJesus
entrar em minha vida. Ela me disse que era simples. Tudo que precisava fazer era orar com
sinceridade. Dizer a Deus que lamentava a confusã o que izera da minha vida e aceitar Jesus
comomeuSalvador.Nã otemsidofá cil;mas,sabedeumacoisa?Estoupreparadaparaavolta
deJesus.
Os crentes queriam estar juntos à s oito horas naquela manhã e haviam escolhido o
estacionamento de um antigo shopping center. Enoque avisara que uma reuniã o daquele
tamanhoàluzdodiapoderiaatrairaCG,eelesestariamprocurandoasmarcasdalealdade.
— Deixe que eles nos examinem quando Jesus aparecer — disse algué m e todos
aplaudiram.
Enquantotomavabanhoesevestia,Enoquepercebeuqueestavamenospreocupadocom
aquestã odeinterferê ncia.Adestruiçã odeNovaBabilô nianoespaçodeumahorahaviaabalado
detalformaaeconomiainternacionalquepareciaquenadamaisimportavaaosnão-crentes.Os
suicídiossemultiplicavameelesentiaumespíritoanti-Carpathiaentreosqueeramantesleais.
Os serviços sociais e comunitá rios já reduzidos pela perda da populaçã o dos ú ltimos anos
eram agora quase inexistentes. Corriam boatos de que até o pessoal de reforço da CG local
icaria incapacitado, sem combustı́vel ou dinheiro para novas aquisiçõ es. Os salá rios já tinham
sidocongeladospordoisanoseagorapareciaclaroparaopovoqueosfuncioná riospú blicosnã o
receberiampagamentoaténovasordens.
Osetorprivado—oquerestavadele—achava-setambé mdesorganizado.Ostentá culos
deCarpathiahaviamavançadotantoemcadaá readavidaedocomé rcioqueafalê nciavirtual
dogovernointernacionaliriacertamenteincapacitartodosemquestãodedias.
Enoqueleraarespeitodegrandesdepressõ esefalê nciadebancosdurantetodaahistó ria,
mas nenhuma fora tã o abrangente quanto esta. Assaltos, roubos, invasõ es — todos os atos de
maugostoquetinhamsidoocampodeaçã odosubmundo—sehaviamtornadoagoraparteda
vidadiáriadaspessoas.
Cada um por si era a palavra de ordem e quaisquer vestı́gios de amabilidade, bom
comportamento ou até legalidade seriam em breve histó ria. Enoque orou para que Jesus
voltassenahoramarcada.
Eramquase16horas,quatrodatardeemJerusalém.
Mac sentia-se pegajoso em seu uniforme do Exé rcito da Unidade Mundial e teve de lutar
contraatentaçã odegritarsuaverdadeiraidentidadeeabrirfogosemsepreocuparcomquem
estivesse olhando. Ele podia acabar com mais algumas tropas de Carpathia, mas de que
adiantava?Elasdesapareceriamembreve,comtodacerteza.
A resistê ncia, exceto por trá s dos muros no monte do Templo, havia sido praticamente
eliminada. As forças da Unidade se congratulavam enquanto vasculhavam entre os mortos
rebeldes,recolhendoosdespojos.
Mac ingiu estar fazendo o mesmo num ú ltimo esforço para encontrar Buck, embora
ignorasse os olhos dos que pensavam ser seus compatriotas. Nada iria dar-lhe maior alegria do
queverBuckempénomontedoTemploquandochegasseofim.
Mac estava perto do muro meio desmoronado a oeste da Porta de Herodes quando um
celular bateu no chã o ao seu lado e ouviu algué m blasfemar acima dele. O aparelho parecia
familiar,masquandotentoupegá-loouviualguémdizer:
—Nãopercatempo!Nãosobrounada!
Maclevantouosolhosepô deverumjovemsoldadodaUnidadecurvadosobreumrebelde
caído.
— Otimas botas, e do meu tamanho. Ele deixou uma delas aqui no muro. — O soldado
desamarrouaoutrabotaeestavaarrancando-adocorpoquandoelasoltou-seeescorregoudas
suasmãos,caindonadireçãodeMac.EsteaagarrounoarereconheceucomosendodeBuck.
— Ei, você aı́, jogue para mim, por favor! — disse o soldado, enquanto removia a outra
botadeumafendaondeBuckaparentementeadeixaraaolutarparalivrar-se.
Tremendo,Macapertouosdedosaoredordabota.
— Que tal uma ajuda, companheiro? — disse o soldado, voltando-se brevemente para a
botaqueaindaestavapresa.
Macdeuumpassoparaobterumbomâ ngulo.Nomomentoemqueojovemtirouabota
da fenda e voltou-se na direçã o dele, Mac lembrou de seus dias de esportista na juventude,
atirandoabotaemsuasmãoscomtantaforçaqueosaqueadornãotevetempodereagir.Asola
bateunapontedeseunarizeoderruboudomuro.
Paranãoterdeencontrá-lonovamentefaceaface,Macatravessouapressadoaporta.Ele
encontrou o jovem esparramado no chã o, evidentemente morto. Entrou outra vez e descobriu
orifı́c ios e saliê ncias su icientes para subir até onde Buck se achava. Queria fazer algo, fosse o
quefosse,masnã oconseguiapensaremnada.Oquequerque izesse,alé mdesaquearocorpo,
sóiriadenunciá-loedequeissoserviria?
MacrespiroufundoenquantoexaminavaosferimentosdeBuck.Eleestavadeitadonuma
poça de sangue escuro e pegajoso que mal tivera tempo de escorrer pelo muro quando
coagulara. Todo o seu lado direito fora dilacerado e ferimentos també m des iguravam seu
quadrilepescoço.
Umalto-falantepediuajudantesparaopotentadoeMacsabiaquesenã oseapresentasse
poderiaseridenti icadocomoimpostor.Enquantoseafastavacomrelutâ nciadeBuck,eleorou
para que Rayford nã o tivesse o mesmo destino. Nã o seria justo se ningué m do Comando
TribulaçãooriginalsobrevivesseparaveroGloriosoAparecimento.
Eramquatrohorasdatarde.
CAPÍTULO3
Apesar de seus graves ferimentos, Rayford conseguira rastejar durante vá rios metros até
umarochasaliente.Comamã olivre—emboramachucadaaté icaremcarneviva—ele,de
algumaforma,puderaremoverterrasu icientedetrá sdaspedrasparaesticar-se,fugindodosol
implacávelelongedavistadequalquerum.
Haviaesgotadotodaasuareservadeforçasetevedetrocaraesperançadeservistopelo
seu pró prio pessoal a im de lutar contra a desidrataçã o e perda de sangue o su iciente para
sobreviver até o Glorioso Aparecimento. Posicionou-se cuidadosamente na sepultura rasa para
que,nocasode icarinconsciente,suatê mporamachucadapermanecessecomprimidacontraa
mã o. Cada vez que pensava ter conseguido estancar o luxo de sangue o bastante para que
deixasse de latejar, via que se enganara quando levantava a palma da mã o sequer por um
instante.
Eraumalı́vioestarforadosol,masobenefı́c iodatemperaturalevementemaisbaixanã o
duroudepoisdaremoçã odacamadadeterra.Dentrodemeiahoraabocaealı́nguadeRayford
estavam secas e ele sentiu os lá bios inchando. Lutou contra o torpor, sabendo que a
inconsciê nciaeraumainimiga.Seusferimentosdoı́ameelesepreocupoucomaidé iadeentrar
emchoque.
OdelírioveioaseguireRayfordsonhoucompessoasenxergandooATVeseguindoorastro
desangue,sóparaencontrarseucorposemvidasendobicadoporurubus.Eledescobriaàsvezes
tervoltadoàconsciênciacantando,orandoouapenasbalbuciando.
Enquantoenrijeciaesuatemperaturaseelevava,começouasentiradorprofundadecada
ferimentoeorouparaqueDeusolevasse.
Eu queria ver o Aparecimento deste lado do céu, mas que diferença faz? Alívio, por favor,
alívio.
Nã otinhacerteza,masachavaquenã osangrariaaté morrerdequalquerferimentoalé m
daqueledatê mpora.Quandotudopareciaterdesaparecido,comexceçã odeseuú ltimosuspiro,
Rayford considerou tirar a mã o e deixar que o sangue també m se fosse. Mas, nã o podia fazer
isso.
Perdeu rapidamente toda a noçã o do tempo e teve de lembrar-se de que seu reló gio
parecia estar em ordem, apesar de sua perda rá pida da capacidade de enfocá -lo. Rayford icou
pasmoaovercomopassarapoucotempodesdequecomeçaraacair.Osolaindaestavaaltono
céu.
Elepensaraquehorassepassaram,masforamapenas50minutos.
Quando acordou gemendo, compreendeu que adormecera com presença de espı́rito
su icienteparamanteratê mporatapada.Seupescoçoendureceraesentiuquenã oconseguiria
pô r-seempé ousequerrolarparaumaposiçã oemquepudesse icaragachado,mesmoquesua
vida dependesse disso. Se algué m nã o o encontrasse logo, sua vidadependeria de um novo
movimento.Masestenãoestavanascartas.
Horas pareciam ter decorrido e Rayford perdera as esperanças. Ouviu o Exé rcito da
Unidade avançando e icou surpreso ao ver o sol ainda diretamente acima dele. Sabia que nã o
mudaria de posiçã o até o im da tarde, mas nã o icaria admirado se tivesse aberto os olhos ao
anoitecer.Isso,porém,nãoestavareservadoparaele.
Ouviuadistâ nciaoruı́doaltodeumapossantemoto,dotipousadoporAbdullahSmith.O
jordaniano costumava rodar por Petra, cuidadoso em meio à multidã o, e depois ia para as
encostas desoladas, onde realmente deixava a má quina correr. Rayford só podia orar para que
aquelesomfosseAbdullahàsuaprocura.
Tentousentar-se,masnã oconseguiu.Setivessedeadivinhar,diriaqueAbdullahestavano
ponto em que a ATV inalmente estacara. A distâ ncia entre esse local e o abrigo reduzido de
Rayford era longa. Ele tentou manter-se consciente, a im de poder gritar se o veı́c ulo se
aproximasse,mastambé msabiaqueomotortinhadeestardesligadoparaqueoseuocupante
pudesseouvi-lo.
Rayford percebeu que a dor se espalhara para alé m dos lugares onde os ferimentos eram
maisgraves.Suacabeçalatejava.Seusolhosestavamsupersensı́veisà claridadeeelemalpodia
abri-los para olhar o reló gio. Seu pescoço doı́a, seus ombros estavam tensos e doloridos,
atiçadoresquentespareciamatravessarsuascostelas.
Sentia fome, ná useas, e alternava entre crises de calor demais e calafrios. Sentia cã ibras
nosmúsculosdapernaeaténosdedosdospés.
Rayford passava agora por perı́odos de consciê ncia e inconsciê ncia, quando ouviu
inalmente a moto que se aproximava lentamente. Tinha certeza de que nã o passava de
imaginação.
Quando o motor parou, Rayford tentou mover-se, gemer, fazer qualquer coisa para que
Abdullahouquemquerquefossesoubessequeestavaali.
—BigDogOne,aquiCamelJockey...E,Techie,você está aı́?...Localizeiocapitã oSteele.
Oupelomenospensoquesim.Orastroacabaaquieachoquenã ovougostardoquemeespera.
Aguardeumpouco.
ArespiraçãodeRayforderatãolevequeeletinhacertezadequeAbdullahnãosaberiaque
estavavivo.Nã oconseguiamoverummú sculo,menosaindaviraracabeça,acenarousacudir
umdedo.
Ao ouvir os passos de Abdullah na areia, ele tentou abrir um olho. Nada funcionava.
Abdullahestavarealmenteali,ouaquiloeraumaespéciedeexperiênciadequase-morte?
— Puxa, penso que ele se foi — disse Abdullah. — Quero dizer, está aqui, mas acho que
nãoconseguiu.
Rayford sentiu o dedo indicador de sua mã o livre balançar, mas Abdullah nã o estava
olhandoparaele.
—Oh!capitãoSteele—disseojordanianoenquantorolavaRayfordgentilmentedecostas.
PareciatãotristequeRayfordcomoveu-se.
Rayford mantinha a mã o contra a tê mpora, mas em vez de persuadir Abdullah de que
estavavivo,issodevetê -lofeitopensarqueorigormortisjá seinstalara.ERayfordfezentã oa
ú nicacoisaqueconseguiafazer.Tirouamã odevagardatê mpora.Osanguejá coagularaporé m
osuficiente,demodoanãoespirrardaferida.
EAbdullahaparentementenãonotaraomovimento.
Rayford sentiu a pressã o aumentando na tê mpora e quando Abdullah endireitou suas
pernas,oferimentoabriu-senovamente.
—Ora,ora!—disseAbdullah.—Homensmortosnãosangram.Vocêestáaí,nãoestá?
Rayfordcolocounovamenteamãosobreaferidaeconseguiumurmurar:
—Estou.Contenteporvê-lo.
—Nãofale,capitão.Nãoqueroperdê-loantesdograndeevento.
— Pensei que esteera o grande evento. Abdullah, entretanto, já estava de volta ao
telefone.
— Chang, ele está vivo. Preciso de ajuda aqui o mais depressa possı́vel... Sim, Leah seria
perfeito.Peçaquetragatudoquepudercarregar.Voulançarumsinalemdezminutos.
MacacompanhouastropasdoExé rcitodaUnidadenobairromuçulmanodaCidadeVelha
de Jerusalé m e as seguiu até a entrada de um subterrâ neo obscuro, mas muito bem guardado.
Ningué m se aproximava dali sem as credenciais adequadas e Mac procurou manter a
composturaenquantoduassentinelaspuseramsuafotogra iaIDpertodeseurostoparaestudá lo.ElesópodiaesperarqueastinturasdeZekenãotivessemsaídoduranteasescaramuças.
Eleeosoutrosforamencaminhadosparaumcaminhodeterra,depelomenos10metros
de largura e ladeado por degraus estreitos de madeira que levavam para o interior do muro
norteeultrapassavamomontedoTemplo.Continuaramacaminharporbaixodoú nicopedaço
de Jerusalé m ainda mantido pela resistê ncia e que, como é natural, estava cercado pelo
Exé rcito da Unidade. Estariam os rebeldes ainda irmes, ou se encontravam virtualmente
prisioneiros?
Mac se preocupava com Rayford e desejou que tivesse uma oportunidade de ligar para
Chang, Sebastian ou Abdullah. Ree Woo comandava um pelotã o do lado oposto do contorno de
Petra.EletalveztivessevistoRayford,masagoraMaetinhade.desligarseutelefone.
Apassagemparaosestá bulosdeSalomã oeratã omaliluminadaqueeleeosoutrosforam
imediatamente forçados a levantar seus visores coloridos. O efeito, mesmo assim, era como
entrarnumteatroàsescurassaindodosolbrilhante.
Os soldados diminuı́ram o passo e começaram a andar com cuidado para nã o caı́rem
escadaabaixo.Macagradeceupelofatodabeiradadeseucapacetedesceraté assobrancelhas,
impedindoquevissemqueelenãotinhaamarcadalealdade.
Seu rosto e pescoço esfriaram depois que icou longe do sol da tarde e ele sentiu-se
inclinadoatirarasluvas.Ficouquasesufocadopelocheirodesagradá veldeestrumeeurina,que
aumentouaoseaproximaremdosestábulos.
Ao chegarem ao sudeste do monte do Templo, cerca de 12 metros abaixo do solo,
avistaramosEstábulosdeSalomão,umasériedecolunasearcosquehaviamsustentadoantesa
plataforma sudeste do pá tio acima dela. Os corredores, formados por passagens cercadas de
pilares, tinham pouco mais de 12 metros de largura, 54 metros de comprimento e quase 12
metros de altura. Pelo menos uma centena de homens nã o uniformizados parecia cuidar de
maisdemilcavalos.
O cheiro forte fez Mac voltar à sua infâ ncia e icou imaginando como conseguira se
acostumaraele.
—Atenção!—alguémgritou.—Silêncioparaoseupotentado!
Tudo e todos se detiveram e Mac pensou onde Nicolae poderia estar. Mac e outros
uniformizadosestavamcomascostascomprimidascontraumaparede,emposiçã odeatençã o.
ElereconheceuavozdeCarpathiavindadeumasalainteriorsustentadaporpilares.
—Senhoresesenhoras, icarã osatisfeitosemsaberquevá riasreformasforamrealizadas
no espaço de menos de trê s semanas. As facilidades sanitá rias se equiparam à s melhores, pelo
menosparasereshumanos,e,melhorainda—segundominhasinstruçõ es—elasdescarregam
nolendárioBerçodeJesus.
Só mesmo Carpathia para deixar Mac doente com suas primeiras palavras. Mac nunca
ouvira falar do Berço de Jesus, pelo menos no contexto do monte do Templo. Outros també m
nãotinhamaparentementeouvido,poisLeonFortunatofoichamadoparaexplicar.
—Obrigado,Excelê ncia.OBerçodeJesuspodeseracessadoporumaescadaemcaracol
do lado sudeste. Esta leva para uma câ mara de aproximadamente 15 por 21 metros, onde no
passadohaviaabası́licadeSantaMariaeumamesquita.Naparedeaoeste,podemsertambé m
vistosvestígiosdeartebizantinaantiga.
Caso desejem ver a câ mara, nã o se esqueçam do seu uso corrente, que achamos mais
apropriadoparaalgoquelevaoseunome.Desejarã oapertaronarizecomcertezagostarã ode
voltaraoodordesimplescavalos.
SuhailAkbar,chefedoServiçodeSegurançaeInteligênciadeCarpathia,foiopróximo.
— Estou acabando de chegar do monte Megido, -começou ele. — Tenho o prazer de
informarquetudoetodosestã opreparadosparaanossaindiscutı́velvitó riaqueacontecerá em
breve.ApesardosrelatóriosdediscórdiadevidosàdestruiçãodeNovaBabi...
De repente um berro, quase um grito, mas Mac reconheceu claramente a voz de
Carpathia.Eleblasfemouváriasvezes.
— Diga-me, Suhail! — esbravejou ele. — Diga-me que nã o vai violar minha ordem
específicaparanuncamaismencionaronomede...
—Mas,excelência,eusimplesmentequeria...
—Ousainterromper-me?Considera-seacimadocastigocorporal?
—Não,excelência,eu...
Algobateunamesa.
—Deveriamandarexecutá-lonesteinstante!Deveriafazerissoeumesmo!
—Excelência,porfavor!Euestavadizendoqueapesardoqueouvimos,averdadeé...
—Averdadeé quereconstruireiNovaBabilô niaaquimesmoemJerusalé m.Acidadeserá
restaurada,comumabelezaemajestademilvezesmaiordoqueaprimeira.Decreteiquenã o
haverámaismençãoaoqueaconteceucomela.
—Minhashumildesdesculpas,potentado,eu...
— Silê ncio! Eu falei. Volte aos seus aposentos, Chefe Akbar. Seus serviços nã o serã o mais
necessáriosaténovaordem.
O comandante encarregado da unidade de Mac adiantou-se rapidamente e conferenciou
com um colega na entrada da sala de reuniõ es. Ele recuou quando seis guardas izeram Suhail
Akbarsair,pálidodesusto.
Ocomandanteapontouentã oparameiadú z iadehomensuniformizados,inclusiveMac,e
mandouqueentrassemparasubstituirosquehaviamsaído.
A lucidez de Rayford voltara um pouco depois de Abdullah ter feito com que bebesse um
litro de á gua. Leah chegou num pequeno ATV com duas geladeiras cheias de suprimentos e
jogouumapranchetaparaAbdullah.
—Querfazerashonras,Sr.?
—Ashonras?
—Tomarnotas.
—Claro.
Rayfordainterrompeu.
—QuaisasnotíciasdePetra?ElesachamqueJesusestáatrasado?
—Fiquequieto.
—Vamos,Leah,precisosabercomotodomundoestáreagindo.
—Ningué mestá foradesi—eladissedistraı́da,inventariandocalmamenteosferimentos
dele.—Chaimacalmoutodomundo.
—Como?Oqueeleestádizendo?
—OscaminhosdeDeusnã osã oosnossos.Elesegueoseupró priocalendá rio.Essetipode
coisa.
—Leah,vocêestágostandonãoestá?
—Doquê?
—Demeteràsuamercê.
—Nãoseidoquevocêestáfalando.
—Sabesim.Nós...
— Sr. Smith — disse ela, — vou suturar o ferimento da cabeça. O queixo, braços, mã o
direita e joelhos podem esperar. A tı́bia esquerda talvez esteja quebrada, mas nã o vou tentar
nadaaté quetenhamoscerteza.Precisoexaminarotornozelodireitoeprovavelmentesuturá lo també m. Vai ser necessá rio arranjar um transporte para levá -lo de volta ao complexo,
provavelmentedentrodemeiahora.
—Vocêestágostandodisto,Leah!Tenhocerteza.
—Vocêestádelirante.
—Quetipodeviatura,Srta.Rose?—perguntouAbdullah.
—Eleprecisaficardebruços.
Abdullahvoltouaotelefone.
— Você poderia ser um pouco mais rude comigo do que com outro paciente, só para
descontar.
Rayford estava brincando e tentando sorrir, mas Leah claramente nã o ia cair na
armadilha.
—Descontaremvocê?Qualomotivo?
—Pelamaneiracomoeucostumavafalarcomvocê.
—Talvezmedevaisso—replicouela.
—Épossível,masnãoestouemposiçãodeexigirrepresália.
—Eeutenhoseusferimentosemminhasmãos.Agorafiquequietoemedeixetrabalhar.
Mac fez o possı́vel para nã o cair na risada quando viu Carpathia. Se estivesse usando um
chapé upretopareceriaoZorro.Umacamisadecolarinhocombabadoseraaú nicapeçabranca
emseuvestuá rio.Tudoomaiserapreto,desdeasbotasaté osjoelhos,calçasdecouro,coletee
casacoatéascoxas,emformadecapa.
Leon estava com suas roupas mais resplendentes, berrantes, inclusive um barrete
vermelhocomvá riosenfeitespenduradoseumatú nicaescarlatecomgoladourada,ostentando
apliquesdetodosossı́m bolosreligiososconhecidos,menosacruzdeCristoeaEstreladeDavi.
Um anel turquesa em seu dedo mé dio direito era tã o largo que cobria os nó s dos dedos
adjacentes.
SeapenasDeustivesseprogramadooGloriosoAparecimentonodiadasBruxas...
Carpathiaestavanacabeceiradeumaenormemesademadeiraenvernizada,aoredorda
qual se assentavam-se Mac podia adivinhar pelos seus trajes nativos — os subpotentados de
cada uma das dez regiõ es internacionais, seus sé quitos, e os leais a Carpathia, sem o chefe
Akbar,éclaro.Maisdecinqüentapessoassereuniamali.
VivIvins,comseujeitoafetado,sentava-seseiscadeirasdistantedeNicolae,à esquerda,
com seu costume habitual azul-cé u (e cabelo combinando). Ela parecia ainda mais pá lida do
queMacselembravaeelejulgouperceberumtremornosdedosdeVivaotomarnotas.
Osoutros,apesardesuasposiçõ esdealtaautoridadenogabinetedeCarpathiaeaoredor
domundo,pareciamigualmenteconstrangidosemsuapresença.AexplosãocontraSuhailAkbar
haviaclaramenteabaladoatodos.
Macseencontravapertodaentrada,foraumdosú ltimosaentrarecompreendeuqueas
seissentinelasqueeleeseupelotã ohaviamsubstituı́dopertenciamaumcontingentedeoutras
cinqü enta, alinhadas contra a parede do grande salã o. Por conhecer as exigê ncias necessá rias
parapoderentrarnosubsolo,ele icouimaginandocontraquemestariamprotegendoCarpathia.
Seráqueeletemiaseuprópriopovo?
ChangtinhavoltadocomNaomiparaocentrotecnológico.
—Oquevoufazer?—disseele.—Nãopodereidormirestanoiteeestouacabado.
—Vocêcertamentenãopensaqueteremosdeesperarmaisumdia.
—Nãoseioquepensar.
—Hojeéodia,amor.Nãohádúvida.
—Esperoqueestejacerta.Estoudisposto,masseiquevoudesmoronaremalgumponto.
ODr.RosenzweigquerqueocoloquenaTVinternacionalpoucoantesdeescurecer.Vocêtalvez
tenhademesegurar.
—Vocêvaiconseguir.Sempreconsegue.
Aparedeà ssuascostas,feitadegrandesplacasdepedra,resfriouMacatravé sdajaqueta
do seu uniforme. Ele queria desesperadamente ver as horas no reló gio. Sabia que passava das
quatrodatardeeacreditavaqueJesusviriaaqualquersegundoagora.Aqueleeraoú ltimolugar
em que desejava estar quando isso acontecesse, mas fazia parte do preço que pagara para
encontrarBuck.HaviatambémaperspectivadeveroolharnorostodeCarpathia.
Mactentouparecerconcentradoemsuatarefaservil—provendosegurançaespetacular
ondenã ohavianecessidadedela—masquandopensounoquequeriaestarrealmentefazendo,
achoudifı́c ilmanterofoco.Alé mdeencontrar-seemplenaluzdodianaCidadeSantaquando
Cristo, o Senhor, viesse, a segunda opçã o de Mac era abrir fogo contra Carpathia do lugar
vantajosoemqueestava.Estavaconscientedequeissonã opoderiaacontecer.Ogestonã ose
adequariaaqualquercenárioprofético,masquãogratificanteseria!
Nenhumproveitoresultariadessaloucura,é claro.Ohomemjá tinhasidoassassinadouma
vezeserá quehojeeramesmoumhomem?OsDrs.Ben-Judá eRosenzweighaviamditoqueo
próprioSatanáshabitavaneleagora,umserespiritualusandoumcorpohumano—nãoobstante
morto.
Alé m disso, Mac desejava simplesmente desfazer-se de um peso. A idé ia de escorregar e
sentar-se no chã o, de colocar as mã os sob a cabeça... bem, isso era algo que só seria possı́vel
quando Jesus tomasse seu lugar de direito. Os amigos e companheiros de Mac falavam com
freqü ênciasobreotipodemundonoqualembreveviveriam,maseleguardouparasiaidé iade
queseumaioranseioerasimplesmentedescansar.
Tinha certeza de que nã o era, poré m, o ú nico. Outros haviam feito insinuaçõ es. Todos se
achavam tã o ocupados, tã o estressados, tã o privados de sono, e tudo isso só piorara à medida
que o Glorioso Aparecimento se aproximava. A idé ia de viver num mundo de paz e segurança
era tã o atraente para Mac que ele mal ousava imaginá -la. Poder dormir sem metade de um
olhoououvidofiguradamenteabertoparaoperigo...seriamesmoocéunaterra.
Estar reunido com os amigos e os entes queridos. Era quase demais pensar nessas coisas.
Melhor de tudo, é claro, seria ver Jesus pessoalmente. Poderia tocá -lo, falar com Ele? Mac
sentia-se tã o novo como crente, tã o limitado em seu conhecimento das coisas de Deus. Ele
tinhaaimpressã odequeestiverafreqü entandooseminá rio,ensinadopeloslı́deresespirituaisdo
Comando Tribulaçã o, desde que Rayford o levara à fé . Havia, entretanto, muita coisa que
desconhecia.
Changforachamadoparaapresentar-seaoDr.Rosenzweigeaosanciãos.
— E claro que posso fazer isso, — disse ele, — mas a CG tem melhorado na questã o de
retomar o controle das ondas sonoras. Quanto mais curta a transmissã o, mais prová vel que eu
possamantê-laseminterrupções.
—Vouserbreve—afirmouChaim.
—Ese...querodizer,se...
— Você está pensando no que acontecerá , esperando como eu, se o Messias chegar
primeiro?
—Ounametade—disseChang.
—Olhe,eupensoqueesseeventoteriaprecedência,nãoacha?
Changsorriuenquantoosanciãosriam.
—OrabinoRosenzweigestátentando—interferiuEleazarTibério—persuadirorestante
da populaçã o judia, os que recusaram a marca da besta, mas que ainda nã o aceitaram Jesus
como Messias, a fazer exatamente isso. Ele e nó s concordamos que essas pessoas talvez
constituamumterçodapopulaçã ojudiaremanescente.Você sabequesã oopovoescolhidode
Deus, seus ilhos desde o começo dos tempos. A Escritura inteira é a sua carta de amor para
eles,seuplanoparaeles.
—Compreender?—replicouChang.—Nãopossodizerqueentendo,mascreionisso.
Chaimlevantou-se.
—Nã odevemosdemorar.Comojá dissetantasvezes,sabemosodia—hoje—masnã o
sabemosahora.Sepensássemosocontrário,estaríamoserrados,nãoé,Eleazar?
Ograndalhãosorriu.
—Reconheçoisso.Mas,nã oé també mverdadequesabemosaseqü ênciadeeventos,de
modoquetemosumaidéiadoquevaiseguir-sepeloqueaconteceprimeiro?
—Édissoqueestareifalandonatransmissão,meusamigos.
Antes de o anesté sico fazer efeito em sua tê mpora, Rayford lutou para nã o recuar diante
da espetadela da agulha. Ficou surpreso ao ver que uma nova sensaçã o de dor pudesse superar
todasasoutrasetambé mseespantoucomadelicadezadeLeahenquantoelaacomodavasua
cabeçaegarantiaqueadordapicadaembrevedesapareceria.
—Vocêestásendomuitomelhorparamimdoquemereço—disseele,sabendoquedevia
pareceratordoadoeesperandoqueelacompreendesse.
— Quer parar com isso, capitã o? Tenho trabalho a fazer e embora saiba que está
procurandomanterascoisassuperficiais,nãoqueromepreocuparnocasodeestarfalandosério.
Eleprocurouamãodela.
— Espere um minuto, Leah, falo sé rio. Quando você veio trabalhar conosco sabe que
implicamosumcomooutro.Eunã oestavaacostumadocomseutipodeperguntasesenti-me
provavelmenteameaçadoporcausadelas.Nuncacorrigiisso,masnoquepudeperceber,você
nuncamecobrou.
Elacomprimiuoslábios.
—Nã ovoutambé mfazerissoagora.Ouça,Ray,você está maisferidodoquepensa.Meu
trabalhoé estabilizá -lo,impedirqueentreemchoque.Ofatodenã oteraindaacontecidoissoé
um milagre. Entretanto, aparentemente precisa ouvir o que vou dizer-lhe. Falhei també m por
nã o ter clareado o ar entre nó s. O fato é que com o tempo você conquistou a minha simpatia.
Todos podiam ver como cuidava da gente, como era incansá vel, como punha tudo à frente de
suasprópriasnecessidades.
Rayford icou embaraçado. Nã o pretendera ouvir isso, por mais agradá vel que fosse.
Apertou,então,amãodela.
—Estábem,estábem.Somosnovamenteamigos.
—Pensenaspessoasquevãoestarnocéuporsuacausa—disseela.
—Tudobem,então.Euestavaapenastentandoagradecerporvocênãotercomplicadoas
coisas.
—Façaofavordeficarquieto!
—Obedeço,senhora.
MacnotouqueVivIvinslevantouosolhossurpresa,masdepoisserecuperourapidamente.
Carpathiaindagara:
—Osfotógrafosestãoprontos,Sra.Ivins?
—Sim,Excelência.
— Vou estar a cavalo — disse ele. — Todo o pessoal do Exé rcito da Unidade da
Comunidade Global nesta sala, alé m de seus superiores, també m estará montado. Suas
montariasvãoserarreadasenquantofalamos.
Macentrouempâ nico.Há quantotemponã omontava?Seriacomosubirnumabicicleta?
Será queselembraria?Nuncacavalgaraumanimaldotamanhodospuros-sanguesqueviranos
está bulos.Todocavaloobedeciaà mã oseguraecon iantedocavaleiro.Eletinhadesaberqueo
cavaleiroestavanocontrole.TalvezMactivessedefingiressacoragem.
—Estáolhandodiretamenteparamim,soldado?—perguntouCarpathia.
—Nã o,Sr.,—ojovembritâ nicoaoladodeMacrespondeu,comosolhosdardejandopara
todososladosexcetonadireçãodeNicolae.
—Estavasim!Seriamelhorqueadmitisseepedisseperdão.
— Tem razã o, Sr. Eu estava, lamento muito e ofereço minhas mais sinceras e abjetas
desculpas.
— Essa é a segunda vez em que se refere a mim como Sr.! Nã o recebeu instruçõ es para
nãoolhardiretamenteparamimnemsereferiràminhapessoaexcetocomo...
—Sim,Excelência!Mildesculpas,SupremoPot...
—Eagoraousainterromper-me?
AvozdobritânicotremeueMacachouquesuaspernasestavamprestesatraí-lo.
—Sintomuito—sussurrouorapaz.
—Nãoconsigoouvi-lo,soldado!
—Lamento,Excelência.Perdoe-me.
—Queméseuoficialsuperior?
—OComandanteTenzin,Sr.-Excelência!
Carpathiaamaldiçoouohomem.
—ComandanteTenzin!
Ocomandanteindianoadiantou-se,curvando-se.
—Aoseuserviço,Excelência!
—Comandante,oSr.ensinouaseushomensquemsou?
—Ensinei,senhorpotentado.
—Atodos?
—Sim,meurei.
—Esobreoprivilégiodeserviradeusnaterra?
—Absolutamentesim,divino.
—Atéaestehomem?Seunome,filho?
—Ipswich,Excelência—disseele,comlágrimasescorrendodosolhos.
MacqueriamatarCarpathiaetemeutalvezpô remprá ticaessaidé iacasoopotentadose
aproximasse.
—ComandanteTenzin,oqueéissoemsuamão?
— Um bastã o de palha, Excelê ncia. Estou ansioso pelo privilé gio de cavalgar em sua
companhiahoje.
Obastãotinha2,5cmdeespessuraepareceuaMacter1,20mdecomprimento.
— Se eu lhe dissesse que o Sr. Ipswich zombou do seu treinamento, poderia pensar num
usoapropriadoparaoseubastão,ComandanteTenzin?
—Poderia,SuaGraça.
Ipswichchoramingava.
— E me daria a honra de empregá -lo na minha presença, para meu entretenimento e
educaçãodetodos?
Semmaisnada,Tenzinavançouempunhandoobastã o.AntesqueIpswichpudesserecuar,
o comandante fustigou-lhe o rosto com tamanha rapidez e força que feriu o nariz dele do lado
esquerdo,rasgandooslábios,quebrandoalgunsdentesecortandoapálpebraesquerda.
Ipswich gritou, agarrando o rosto com as duas mã os e curvando-se até a cintura. Tenzin
desceuobastã osobreapartedetrá sdopescoço,poucoacimadalinhadocabelo,abrindoum
corte que espirrou sangue no rosto e no peito de Mac. Este fez o impossı́vel para nã o atacar o
indiano.
Quando o corpo de Ipswich dobrou-se para a frente, Tanzin bateu duas vezes nas costas
dele em rá pida sucessã o e o segundo golpe rasgou as calças do uniforme. Isso o fez cair e
enquantotentavaafastar-se,ocomandanteoseguiu,enchendodegolpessuascostas.
Carpathiadeliciou-secomacena.
—Quandoelenãopudermaisrastejar,ComandanteTanzin,acabecomasuamiséria!
Outro soldado foi rapidamente chamado para substituir Ipswich. Pá lido e trê mulo a
princípio,eletomoueminstantesaposiçãorígidaexigida.
— Oh! — gemeu Carpathia, cruzando as mã os e olhando para o teto. — Que maneira de
começarodia!Leon...
—Sim,meusanto?
—PeçaaocomandanteTanzinquefaçaumavisitaaochefeAkbar.
—Certamente,senhor.
—Mas,dê-lheinstruçõesparacastigá-losomenteatéopontodequasemorte.
CAPÍTULO4
Enoque Dumas guiou mais de cem seguidores de O Lugar pelo fundo doshopping center
abandonado de Illinois. Pouco antes das oito da manhã , ele começara a ensinar, procurando
transmitir ao seu pessoal e a outros interessados o que deveria preceder o Glorioso
Aparecimento.
Nenhuma das preliminares celestiais tivera inı́c io e ele sentiu desapontamento, dú vida e
medo por parte do seu pequeno grupo de crentes. Na maioria das vezes, poré m, ele icou
olhandoporsobreoombroparaaestradaprincipal.
Emborahouvessepoucosveı́c ulosdequalquertipoemcirculaçã o,elesabiaqueaCGlocal
nã o fechara completamente as portas. Eles teriam de investigar uma assemblé ia daquele
tamanho. A descoberta de um grupo assim, que nã o exibia a marca da lealdade a Carpathia,
resultarianumbanhodesangue.
Nã o havia mais qualquer desculpa para nã o usar a marca, e o castigo era a execuçã o
imediata por qualquer meio. Até um civil tinha o direito de matar um insurgente. A ú nica
exigê ncia requerida para livrar-se do crime de homicı́dio era arrastar a vı́t ima a uma sede da
CG local e provar que ele ou ela nã o exibiam marca visı́vel, ou acenar para um Monitor de
Moralqueestivessefazendoaronda,ouaumPacificadordaCG,efazê-loconfirmarocaso.
De fato, havia boa recompensa para esses ofensores e os cidadã os leais ao potentado
competiamentresipelosprê miosemdinheiro.Muitosganhavamosustentocomovigilantese
algunseramfamosospelonúmeroimpressionantedemortesatribuídoaeles.
Essa talvez fosse a razã o para a geralmente corajosa congregaçã o de Enoque estar
dispostaasegui-lodaluzdodiaparaareclusãocomparativadooutroladodoshoppingvazio.
—Sesoubé ssemosqueJesuschegariaantesdaCG,poderı́amos icarondeestá vamos.Mas
eu,porexemplo,nã ogostariadetersobrevividoduranteseteanosparamorrerpoucoantesda
voltadele.
Ogrupoentrounumpá tiointerno,ondeeraó bvioquetodossesentiammaisseguros.Mas
tinhamperguntasafazer.
—QuandoElevirá?
—Oquefaltaaindanasprofecias?
—Vocêpensouqueas"semanas"significavam"anos",ouoquê?
—Seráqueestamosmuitoenganados?
— Acho que nã o — disse Enoque. — Mas, nã o sei. Nunca fui um curioso ou teó logo. Nã o
passo de um estudioso, igual a todos você s. Venho lendo e estudando há alguns anos. Embora
haja muitas diferenças de opiniã o e debates, até agora tudo, todos os elementos das profecias
foramliteralmentecumpridos,damaneiracomoseencontramescritos.Tenhodeacreditarque
hojeéodia.
— Olhem! — gritou uma mulher lá do fundo. Ela estava vendo uma TV minú scula. —
ParecequealguémestácontrolandooutravezatransmissãodaCG.
Todomundoarodeou.
—AqueleMiqué ias—disseela—quetomoucontadascoisasemPetra,vaifalarsobreo
queaconteceemseguida.
Outrostirarammini-TVsdosbolsosebolsas.
—Podemosouvir,irmãoEnoque?Ficaráofendido?
— De modo algum — disse Enoque, resgatando a sua TV do bolso. — O que pode ser
melhordoqueisso?ODr.Rosenzweigéoeruditodoseruditos.
Todosjuntaramsuaspequeninastelasemumbancodeconcretoeaumentaramosomaté
queovolumecombinadopudesseserouvidopelospresentes.
MacviuosolhosdeCarpathiaseestreitaremetemeuquealgué mmaispudesseseralvo
desuafúria.Suaatençãoforaatraídaparaaentradadasala.
—Oquefoi?—perguntouCarpathia.
Umsubalternorespondeu:
—Comoperdãodopotentado,mas,Excelência,oSr.pediuparaternotícias.
—Oquê?Oquê!
—OszelotesdePetra,osjudaístas...
—SeiquemestáemPetra!Oqueaconteceuagora?
—ElesconseguiramentrarnovamentenatelevisãodaCG.
Carpathia enrubesceu e inclinou-se sobre a mesa, apoiando-se nas palmas das mã os. Os
músculosdeseuqueixoretesaram-se.
—Ligueoaparelho—dissecomosdentescerrados.
Leon quase caiu, tentando puxar uma cadeira. Ele sentou-se pesadamente e fez pose,
como se estivesse procurando debaixo do manto, e produziu um controle remoto a laser, que
dirigiuparaaparedeatrá sdeNicolae.Umateladesceueumaimagemtornou-sevisı́vel:Chaim
Rosenzweig sentado num cená rio simples, no interior de Petra. Tinha a Bı́blia aberta à sua
frente e um sorriso pastoral no rosto. Um cronô m etro mostrava que começaria a falar em
menosdeumminuto.
Carpathia olhou por cima do ombro para a tela e depois se voltou, batendo com os dois
punhosnamesa.
—Primeiro—gritou—confirmequeIpswichestámorto!Depois,aviseTanzinquemudei
deidé iasobreAkbar!Queroqueeletambé msejamorto!Finalmente,entreemcontatocoma
SegurançaemAlHillah.Informe-osdamortedoseuchefeedigaqueaspró ximasordensserã o
dadasdiretamentepormim.
— Quero que a Segurança tome posse de nosso centro de transmissõ es a qualquer preço.
Queroagerê nciamortacomtirosnosdoisolhos,umadministradordecadavez,apartirdoalto
da cadeia de comando, um a cada 60 segundos, até que algué m retome o controle da
transmissão.Compreendido?
Ninguémsemoveuoufalou.
—Compreendido?
—Sim,Excelência!—Leondisse,pegandootelefone.
—Estouaqui—exclamouVivIvins,comoaparelhojánoouvido.
— Será que ningué m entende? Ningué m reconhece este homem? Foi ele que me
assassinou! Enquanto eu ressuscitei dos mortos e passei a reinar como seu senhor vivo, ele
permaneceumespinhoemmeucaminho.Chega!Nã odepoisdehoje!Umterçodetodoonosso
exércitoiráinvadirPetraestanoiteeeleseráomeualvopessoal!
Com a hidrataçã o iniciada por Leah, Rayford sentiu inalmente que talvez pudesse viver.
Ele ainda tinha a impressã o de ter sido atropelado por um tanque e que nã o poderia andar ou
sairsozinhodaquelaencostadesolada.Suasfaculdadesmentaisestavam,poré m,voltandoeele
passouacrerqueLeaheAbdullahpoderiamdealgummodolevá-lodevoltaaocomplexo.
—Duascoisas,Srta.Rose—disseAbdullah.
—Quaissão?
—DeacordocomaSrta.Palemoon,temosumproblemacomaviatura.
—Queproblema?Há umapadiolanaCooperativaeumamesaespecialdetransportede
doentes.
—Elaveri icoucomaSra.Wooeasduasacreditamquevaiserimpossı́veltransportá -las
paraestelocal.
Leahsentou-seeRayfordviuqueexaminavaosmorrosacimadelaquelevavamaPetra.
—Talveztenharazão.Qualéasegunda?
—EladizqueMiquéiasestánatelevisãodaCGequetalvezqueiramosassistir.
—TemumaTV,Sr.Smith?
—Claro.
— O capitã o está tã o está vel quanto possı́vel e é possı́vel que iquemos aqui por algum
tempo.Vamosdarumaolhada.
AbdullahtirouumapequenaTVdeumasacoladecouropenduradaemsuamoto.
—Querveristo,capitão?—perguntouLeah.
Chang estava grudado em seu monitor, mas pediu a Naomi que reunisse o restante dos
técnicosdeplantão.
—Vejamisto,pessoal—disseele.—Olhemparaocantoesquerdonoaltodatela.
Assobios, tapinhas nas costas e regozijo se seguiram ao verem os nú m eros que passavam
rapidamente,aumentandonumavelocidadededezenasdemilharesporsegundo,mastendojá
ultrapassadodemuitoamaioraudiê nciadetelevisã onaHistó ria.NadadoqueCarpathiahavia
transmitido chegara perto desse nú m ero; de fato, os trê s recordes anteriores haviam sido
alcançadosporTsionBen-Judá.
—Amados—Chaimcomeçara—Falocomvocê sestanoiteprovavelmentepelaú ltima
vez antes do Glorioso Aparecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, o Messias. Ele
pode muito bem vir durante esta mensagem e nada me daria maior prazer. Quando Ele vier,
nã ohaverá maisnecessidadedelutarmoscontraoanticristoeseufalsoprofeta.Aobraterá sido
feitapornóspeloReidosreis.
— Em vista dele nã o ter vindo sete anos exatos, depois da assinatura da aliança entre o
anticristoeIsrael,muitosestã operturbadoseconfusos.Querofalaraquiaesses,emboratenha
de ser breve, pois, como sabem, controlamos essas transmissõ es contra os desejos de nosso
arquiinimigo,etenhamacertezadequeeleestá fazendotodoopossı́velnestemomentopara
impedir-nos.
—MaisimportantedoquediscutirahoradavoltadoMessias,poré m—epossoresumir
isto numa sentença: creio que ele estará aqui antes da meia-noite, hora de Israel -quero falar
sobre a condiçã o espiritual de meus companheiros judeus ao redor do mundo. Se nã o tiverem
ouvido antes, ouçam-me hoje. Esta é a sua ú ltima oportunidade, seu aviso inal, meu apelo
supremoparaquereconheçameaceitemJesuscomooMessiasquehátantotempoesperam.
— Você s ouviram muitas vezes as proclamaçõ es de meu querido amigo e colega, Dr.
TsionBen-Judá ,quedescreveuasmuitasprofeciasqueirã ocumprir-seembreve.Seelasnã oos
persuadiram, ouçam-me agora e saibam que é prová vel que ainda hoje vejam sinais no cé u
anunciandooGloriosoAparecimentodeJesus.
—ABíbliadizemMateus24.29,30que:
"Logo em seguida à tribulaçã o daqueles dias, o sol escurecerá , a lua nã o dará a sua
claridade, as estrelas cairã o do irmamento, e os poderes dos cé us serã o abalados. Entã o,
aparecerá nocé uosinaldoFilhodoHomem; todos os povos da terra se lamentarã o e verã o o
FilhodoHomemvindosobreasnuvensdocéu,compoderemuitaglória".
— Este é o ú ltimo dia da Tribulaçã o profetizada há milhares de anos! Hoje é o sé timo
aniversá rio da ı́m pia e rapidamente infringida aliança entre o anticristo e Israel. O que virá
depois? O sol, onde quer que esteja no cé u onde você se encontra, deixará de brilhar. Se a lua
surgir onde você está , ela també m escurecerá por ser simplesmente um re lexo do sol. Nã o
temam.Nãoentremempânico.Confortem-senaverdadedaPalavradeDeusecoloquemsuafé
emCristo,oMessias.
—Oquesigni icaqueospoderesdoscé usserã oabalados?Nã osei,masamados,malposso
esperar para descobrir! A Bı́blia diz que Deus mostrará "prodı́gios em cima no cé u e sinais
embaixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em
sangue,antesquevenhaograndeegloriosoDiadoSenhor"(At2.19-20).
— Espero um espetá culo como nunca vi antes, mas estarei seguro como Ele prometeu.
Vocêvaiestarseguro?Estápronto?Estápreparado?Nãodemorenemumsegundoamais.
—Qualé osinaldoFilhodoHomem?Nã osei;masseiquemé oFilhodoHomem:Jesus,o
Messias. Será uma pomba poderosa, como aquela que desceu sobre Ele quando Joã o Batista o
batizou?Será naformadeumleã o,poisfoitambé mchamadodeLeã odeJudá ?Será oseusinal
um cordeiro, por ser igualmente o Cordeiro de Deus? A cruz sobre a qual morreu? O tú m ulo
aberto,noqualvenceuamorte?Nãosabemos,masficareivigiando.Evocês?
—Quemserã oessespovosdaterraqueirã olamentar-sequandooviremchegar?Osque
nãoestãoprontos.Osquesedemoraramemsuarebeldia,suaincredulidade,suainércia.
—Zacarias,ograndeprofetajudeudetemposidos,anunciouistohá milharesdeanos.Ele
escreveu,citandooMessias:
"EsobreacasadeDaviesobreoshabitantesdeJerusalé mderramareioespı́ritodagraça
edesú plicas;olharã oparaaqueleaquemtraspassaram;pranteá -lo-ã ocomoquempranteiapor
umunigênitoechorarãoporelecomosechoraamargamentepeloprimogênito"(Zc12.10).
—Imaginem!OshistoriadoresnoscontamqueZacariasescreveuessaprofeciabemmais
dequatrocentosanosantesdonascimentodeCristoe,todavia,elecitaoSenhorreferindo-sea
simesmocomo"aqueleaquemtraspassaram".
—Zacariascontinua:
"Naqueledia,será grandeoprantoemJerusalé m...Aterrapranteará ,cadafamı́liaà parte;
afamı́liadacasadeDavià parte...Todasasmaisfamı́lias,cadafamı́liaà parte,esuasmulheres
à parte... Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de
Jerusalé m,pararemoveropecadoeaimpureza...Emtodaaterra,dizoSENHOR,doisterços
dela serã o eliminados e perecerã o; mas a terceira parte restará nela...Farei passar a terceira
partepelofogo,eapuri icareicomosepuri icaaprata,eaprovareicomoseprovaoouro;ela
invocará omeunome,eeuaouvirei;direi:é meupovo,eeladirá :OSENHORé meuDeus"(Zc
12.10,12,14.13.1,8-9).
— Pode haver qualquer dú vida, amigos, que Ele é quem a Bı́blia diz que é ? Se você
continuar a rejeitá -Lo depois que o sol sumir, os cé us forem abalados, e seu sinal aparecer,
certamente nã o terá esperança, nã o terá salvaçã o. Nã o espere. Faça parte daquele terço a
quemoSenhorDeusprometeupassarpelofogo.
— Pedro, um de nossos judeus do primeiro sé culo, disse: "E acontecerá que todo aquele
queinvocaronomedoSenhorserá salvo".Nã opossoescolherpalavrasmaisapropriadasdoque
estas quando falo a companheiros judeus, dizendo, "Varõ es israelitas, atendei a estas palavras:
Jesus, o Nazareno, varã o aprovado por Deus diante de vó s com milagres, prodı́gios e sinais, os
quais o pró prio Deus realizou por intermé dio dele entre vó s, como vó s mesmos sabeis; sendo
este entregue pelo determinado desı́gnio e presciê ncia de Deus, vó s o matastes, cruci icando-o
por mã os de inı́quos; ao qual, poré m, Deus ressuscitou, rompendo os grilhõ es da morte;
porquanto nã o era possı́vel fosse ele retido por ela. Porque a respeito dele diz Davi: Diante de
mimviasempreoSenhor,porqueestáàminhadireita,paraqueeunãosejaabalado.Porisso,se
alegrou o meu coraçã o, e a minha lı́ngua exultou; alé m disto també m a minha pró pria carne
repousaráemesperança,porquenãodeixarásaminhaalmanamorte,nempermitirásqueoteu
Santo veja corrupçã o. Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, encher-me-á s de alegria na
tuapresença.
Irmã os, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito do patriarca Davi que ele
morreu e foi sepultado, e o seu tú m ulo permanece entre nó s até hoje. Sendo, pois, profeta e
sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono,
prevendo isto, referiu-se à ressurreiçã o de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu
corpo experimentou corrupçã o. A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nó s somos
testemunhas.
Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espı́rito Santo,
derramouistoquevedeseouvis.PorqueDavinã osubiuaoscé us,maselemesmodeclara:Disse
o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por
estradodosteuspés.
"Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vó s
crucificastes,DeusofezSenhoreCristo"(At2.21-36).
— Amados — prosseguiu Chaim — a Bı́blia nos diz que ao ouvirem essas palavras,
"compungiu-se-lhes o coraçã o e perguntaram a Pedro e aos demais apó stolos: Que faremos,
irmãos?"
Você s també m estã o fazendo esta mesma pergunta hoje? Digo-lhes como Pedro disse a
eles: "Arrependei-vos, e cada um de vó s seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissã o
dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espı́rito Santo. Pois para vó s outros é a promessa,
para vossos ilhos e para todos os que ainda estã o longe, isto é , para quantos o Senhor, nosso
Deus,chamar"(At2.38-39).
— Oh!, ilhos de Israel em todo o globo, estou sendo avisado de que nosso inimigo está
prestes a recuperar o controle desta rede. Se ela for bloqueada, con iem em mim, você s já
sabemosuficienteparacolocarasuaféemCristocomooMessias.
— Visto que nã o sei quando este sinal vai desaparecer, quero terminar lendo para você s
umadasmaisvaliosasepoderosasprofeciassobreoMessiasquejá foiescrita.Seminhavozfor
silenciada, você s podem lê -la em Isaı́as 53. Lembrem-se, isto foi escritohá mais de setecentos
anosantesdonascimentodeCristo.
"Quem creu em nossa pregaçã o? E a quem foi revelado o braço do SENHOR? Porque foi
subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; nã o tinha aparê ncia nem
formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais
rejeitadoentreoshomens;homemdedoresequesabeoqueépadecer;e,comoumdequemos
homens escondem o rosto, era desprezado, e dele nã o izemos caso. Certamente, ele tomou
sobresiasnossasenfermidadeseasnossasdoreslevousobresi;enó soreputá vamospora lito,
ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressõ es e moı́do pelas
nossas iniqü idades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados. Todos nó s andá vamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho,
masoSENHORfezcairsobreeleainiqü idadedenó stodos.Elefoioprimido(ehumilhado,mas
nã oabriuaboca;comocordeirofoilevadoaomatadouro;e,comoovelhamudaperanteosseus
tosquiadores, ele nã o abriu a boca. Por juı́z o opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem
dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressã o do meu
povo,foieleferido.Designaram-lheasepulturacomosperversos,mascomoricoestevenasua
morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca. Todavia, ao
SENHOR agradou moê -lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo
pecado,veráasuaposteridadeeprolongaráosseusdias;eavontadedoSENHORprosperaránas
suas mã os. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e icará satisfeito; o meu Servo, o
Justo,comoseuconhecimento,justi icará amuitos,porqueasiniqü idadesdeleslevará sobresi.
Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo,
porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou
sobresiopecadodemuitosepelostransgressoresintercedeu"(Is53.1-12).
Duranteatransmissão,Changhaviacolocadonatelaumsite,dawebondeosqueestavam
tomandodecisõ esparareceberCristopoderiaminformaraoDr.RosenzweigemPetra.Mesmo
antesdeaCGretomarocontroledarededetelevisã o,osite icaracheiocomessasmensagens.
Milhõ es ao redor do mundo, a maioria judeus, estavam reconhecendo Jesus como o Messias e
depositandoneleasuaféparaseremsalvos.
Mac icava sempre comovido com as Escrituras e mais ainda agora ao ver Nicolae
Carpathia,oanticristo,eseufalsoprofeta,LeonFortunato,seretorcerem.
— Gostaria de saber — disse Nicolae — quantos morreram em Al Hillah antes de
conseguirmos tirar os piratas do ar. Quem era o que estava ali em pé e se encontra agora no
controle?
—Ouçambem.Essaspessoaspodemdizeroquequiserem,pregaroquedesejarem,crer
noquequiserem.Mas,senã oreceberamaminhamarca,nã ojuraramobediê nciaaodeusvivo
deste mundo, vã o certamente morrer. Este homem apela aos judeus, aos cã es da sociedade,
à quelesquedeclareimeusinimigosdesdeoinı́c io.Enquantoisso,euosceifeinomundointeiro
comoumacolheitapodre.
— Embora o meu assassino esteja temporariamente livre, escondido como um covarde
portrá sdemurosdepedra,meusexé rcitosestã odizimandoseusinfamesirmã oseirmã snasua
supostaCidadeSanta.DepoisdeinvadirmosPetraedestruirmosnossosinimigosali,voltaremos
para completar a tomada de Jerusalé m. A resistê ncia acredita possuir a superfı́c ie acima de
ondeagoraresidimos,massuasopçõesacabaram.Nãotêmparaondefugir,ondeseesconder.
— Que oSalvador deles apareça! Vou dar-lhe as boas-vindas. Eu o estraçalharei como a
umcãoesubireiaotronoqueémeudedireito.
AscoxasdeMacestavamdoloridasetremiamdefadiga.Aparedeà ssuascostasperdera
afrescuraeelenã ocompreendiaarazã o.Ocalordoseucorporeduziraosefeitossubterrâ neos?
Não,algoestavaacontecendo.Atemperaturahaviasubido.Como?Oquecausaraisso?
Até mesmo Carpathia, que icara imune à fome, ao cansaço e à sede depois da sua
ressurreição,casoasinformaçõesfossemconfiáveis,notouisso.Eleajeitouocolarinho.
—Oqueaconteceucomoar-condicionado?
—Nãoénecessário,Excelência—disseLeon.—Estamosa12metrosabaixodasu...
—Seiondeestamos!Querosaberporqueatemperaturasubiu.Nãoestásentindo:
—Claroquesim,exaltado.Mas,nã ohá fontedecaloraqui.Atemperaturaestevesempre
constante...
—Quercalaraboca?Atemperaturasubiuenemmesmoocalordenossoscorposjuntos
nãopoderiafazertantadiferença.
Será?—Macseperguntou.Haveriaapossibilidadedesteserumsinaldavoltaiminente?
Jesusapareceriaatémesmoali,nocovildoinimigo?—Senhor,venha!
Quemsabedoladodeforaosolteriaescurecido.
Rayford protegeu os olhos e olhou para o cé u. Nem uma nuvem sequer. O sol havia
finalmenteprogredidoemseupercursoapontodeatemperaturacair,talvezmaisdedezgraus,
desdeoseurá pidoavançoaomeio-dia.Rayfordaceitouagradecidoooferecimentodoboné de
Abdullah,queeraumpoucopequeno,masserviaaoseupropósito.
—Senã opudermoslevá -loparaPetra—disseLeah—aomenosprecisamosfazercom
quefiquesentado.Seráqueconsegue?
—Nãotenhoidéia.Mas,seiquevocêtemrazão.Vouprecisardeajuda.
—Vaisentirtontura—a irmouLeah,oqueprovouestarlongedaverdade.Quandoelae
Abdullah o izeram sentar, o sangue correu tã o depressa na cabeça de Rayford que ele pensou
que ia perder os sentidos, nã o obstante estivesse seguro em sua cadeira na sepultura rasa que
fabricara.
—Nossa!—sussurrouRayford.
—Quandoestivermelhor,diga-meondedóimais—pediuLeah.
—Jápossodizer.Primeirootornozelo,depoisacanela,eporúltimoamão.
—Voumedicá -lonessaordem,mastudoserá temporá rioeimprovisado.Nã oé oqueeu
fariaseestivessenumambienteestéril.
Enquanto Leah limpava e anestesiava o tornozelo, que tinha um corte profundo aberto e
danosinternos—eladisse-umcirurgiã ovaiterdetrabalharnoossoantesdefecharisto,mas
você nã o precisa de ar e areia no ferimento. — Ela cortou a pele dani icada e morta que nã o
podiaserrecuperadaesuturouolugardeformaapoderserfacilmentereaberto.
—Istovaidoer—disse,cortandoascalçascá quiabaixodojoelhoesquerdoeexaminando
acanelacomasduasmãos.
—Nã ohá dú vidadequevocê temumafratura,masestenã oé umossofá cildecolocarno
lugar.Voufazerumatentativa,massódepoisdeanestesiá-lo.Concorda?
—Tenhoescolha?
—Nã o.Epossı́velquevocê tenhadesercolocadoemumadenossasmotocicletasesem
umatalanesteosso,vaidesmaiardedor.
—Eadorquevousentircomasuatentativa?
—Nãofaçopromessas.
Rayfordjá seferiragravementeantes.Nã opodia,poré m,lembrar-sedeumaagoniacomo
aquela.Leahfalhounaprimeiratentativadeacertaratíbia,masdissesimplesmente:
— Sinto muito, vou conseguir — e fez outra tentativa. Apesar de um chumaço de gaze
paramorder,RayfordtemeutergritadoaltoapontodealertaroExé rcitodaUnidade.Mesmo
depoisdeoossoestarnolugar,apernadoı́atantoquepulouetremeupormaisdedezminutos
enquantoelelutavaparanãogemer.
—Vouesperarumpoucoantesdecolocaratala—explicouLeah.
—Vocêétãobondosa—disseeleerecebeuumsorrisocomoresposta.
Atala,porfelicidade,eradeplá sticoin lá veleumaveznolugarestabilizoudetalmaneira
oossoqueadorcomeçou inalmenteaceder.Leahocupou-seemlimparetratarosferimentos
namão,nacanelaenosdoisbraçosejoelhos.
—Vouparecerumespantalho.Emelhornã odeixarqueKennymevejaaté queeupossa
tiraralgunsdessescurativos.
George Sebastian icou aliviado ao saber que encontraram Rayford com vida, Pô s-se, no
entanto, a imaginar quã o grave era o estado dele. O pró ximo movimento que o Exé rcito da
Unidade ia fazer o deixava també m apreensivo. Eles tinham avançado tã o lentamente sobre a
suaposição,fechandometadedadistânciaentreeles,queamanobralevouhoras.
Agora estavam parados. Se fosse uma espé cie de guerra psicoló gica, realmente
funcionava.OpessoaldeSebastianseassustara.
Eracomoseaquelatropaturbulenta,encabeçadaporcentenasdemilharesdecavaleiros
montados, estivesse apenas esperando uma palavra do anticristo para abrir fogo ou atacar. O
que incomodava Sebastian agora era a necessidade de girar a cabeça mais de 120 graus para
poderavistaremtodaasuaamplitudeaforçadecombatequeteriadeenfrentar.Pormaisalto
que subisse, jamais aquilataria a sua profundidade, o im do exé rcito escondia literalmente o
horizonte.
MacficoutãoespantadoquantoLeonpareciaestar,quandoCarpathiadisse:
—Precisodeumacadeira.Tragamumacadeira!
Nicolaepoucasvezessesentavanosú ltimostempos.Erasabidoqueelenã osealimentava
oudormiahaviatrê sanosemeio,persuadindooslegalistasdequeeraoDeusvivoeverdadeiro,
e con irmando para seus inimigos ser de fato o anticristo, habitado por Sataná s. Sua ira era
lendária.Mas,ninguémobservaraqualquerfraquezaoufragilidadefísicanele.
Eagoraprecisavadeumacadeira?
Leon Fortunato pulou da sua e colocou-a por trá s do potentado que se sentou trê mulo.
Nicolaeabriuocolarinhoedesabo-toouacamisa,abanando-sefracamentecomumadasmãos.
— Permita-me, Excelê ncia — disse Fortunato. Ele ajoelhou-se, levantou a barra de seu
ostentosomantoatéacinturaecomeçouaabanaropotentado.
Carpathia normalmente se cansaria em breve de tanta subserviê ncia, mas parecia em
pâ nicoegrato.QuandoLeonpediuaVivIvinsquelevasseumcopodeá guaaNicolae,seugorro
decorberranteescorregouecaiunasdobrasdesuaroupa.Aosacudi-la,otecidoesticouefez
cairogorronocolodeCarpathia.
—Oh!—gritouLeon.—Oh,majestade!Perdoe-me!—Eleinclinou-seetentourecuperar
ogorro,conseguindoapenasfazê -locairnochã odooutrolado.OimpulsodeLeonfê -lotombar
sobre o lı́der indisposto, sua enorme barriga no colo dele. Agarrou entã o o gorro com as duas
mã oseenquantovoltavaà posiçã onormal,colocou-odenovonacabeça,balbuciandotodasas
desculpasimagináveis.
MactinhacertezadequeNicolaeiriaexecutarseuhomemdecon iançaportalquebrade
etiqueta, mas ele mal pareceu ter notado. Carpathia estava em apuros. Viv Ivins colocou
inalmente um copo d'á gua à sua frente, mas as mã os dele estavam agora inertes e sua
fisionomiageralmentecoradahaviaempalidecido.
Leon agarrou a á gua e levou-a aos lá bios de Carpathia, enquanto o gorro ameaçava cair
novamente. Desta vez, Leon zangado, tentou ajeitá -lo e o gorro caiu no chã o por trá s deles.
Carpathiaquasenãoconseguiaabrirabocaeaáguaescorreupescoçoabaixo.
—Chamemosparamédicos—guinchouLeon.—Alguém,porfavor!Depressa!
CAPÍTULO5
O suor corria pelas costas de Mac. A temperatura continuava a subir, quase como se
houvesse uma fogueira debaixo do monte do Templo. Visto que Carpathia estava tendo
problemas, as sentinelas do Exé rcito da Unidade saı́ram da posiçã o de sentido e enxugaram a
testa, ajeitaram a camisa e a jaqueta e trocaram olhares como se perguntassem o que estava
acontecendo.
Maccurvou-se,debruçandosobreaaberturaemformadearcoaoouvirgritos.Oquequer
que estivesse acontecendo já se espalhara. De repente, os está bulos viraram um caos. Cavalos
sem arreios se livraram dos encarregados, relinchando, atropelando uns aos outros, numa
debandadasemsaı́da.Ostratadorestentaramjogarlaços,maseramlevantadosdochã oquando
oscavalosempinavamejogadosaosoloquandoelessaı́amcorrendo.Oscavaloscolidiamcom
cavalos,lutandoporespaçoafimdeatravessarosarcos.
Homensemulheresforampisoteados,algunsaté amorte,masquandoumsoldadomı́ope
disparousuaarmaparaoar,asituaçãosópiorou.Maisdemilpuros-sanguesestavamempânico
eaterrorizados.Seguindoseusinstintos,elestentaramfugir,esmagandotudoemseucaminho,
inclusiveunsaosoutros.
Macviuquartosdianteirosdegrandeseqü inossendorasgados,enquantoosanimaiseram
esmagados contra as paredes de pedra. Ouviu o som de pernas sendo quebradas, viu cavalos
beliscandoemordendoumaooutroeembreveeraumsalve-sequempuder!
—Ondeé oincê ndio?—algué mgritou.Muitosdevemterouvidoapenasapalavra"fogo",
pois ela foi repetida vez apó s vez, com os soldados berrando em todo o subsolo. Mac nã o viu
chamas, nã o sentiu cheiro de fumaça. Mas ouviu, "Fogo! Fogo! e, como o restante das pessoas,
seuinstintoeradirigir-separaasuperfície.
Umcomandante,porém,comocanodeumasubmetralhadoranuclearofezvoltaràsala.
—"Nã ohá incê ndio—eleanunciou.—Cadasoldadonestasalatemumdever:protegero
potentado.Éissoquevamosfazer.Ninguémentra;ninguémsai."
—Permissãoparafalar,comandante—veiodeumcanto.
—Concedida.
—Oqueestácausandoocalor?
— Nã o tenho idé ia, mas vamos deixar que todos se matem, procurando escapar de um
incê ndio que nã o existe. Você s nã o vã o correr mais do que um cavalo de mais de 100 kg que
queroseuespaço.Portanto,fiquemaquiefaçamseutrabalho.
—Oqueaconteceucomopotentado?
—Comovousaber?
—Osparamédicosvêm?
—Nã oseicomovã ochegaraqui.Mas,podeapostarqueningué mmaisvaientrar.Seesta
forumaconspiraçãocontraSuaExcelência,terminaaqui.Atençãoagora!Armaspreparadas!
Mac sempre detestara icar em subsolos, mas até aquele momento, a incursã o nã o
provocaraclaustrofobia.Opró priotamanhodaá reapermitiraespaçoparamover-seerespirar.
Masagora,foradoúnicoaposentoondetodospermaneciamimóveis,reinavaopandemônio.
Nã ohaveriapossibilidadedefuga,deliberdade,nemluzdodia,ouar,oureduçã odocalor,
mesmo que disparasse sua arma e matasse todos ao seu redor e abrisse caminho para a
superfı́c ie. O que estava acontecendo na rampa de terra e nas escadas de madeira tornava
menores as tragé dias em massa resultantes de incê ndio em pré dios lotados. Mesmo sem um
incêndioreal,aquiloiasercatastrófico.
Com a sua segurança fora de alcance e o dedo no gatilho, Mac lutou para manter a
compostura,permanecendonaposiçã odesentidoeolhandodiretamenteparaCarpathia,como
suorcorrendoagoralivrementepordentrodouniforme.
Nicolaepareciadebilitado.Seuscabelosantesabundantesdavamagoraaimpressã odeser
ralos. Seus olhos claros, esquadrinhadores, estavam injetados e sombrios. Tinha o rosto
macilento e, embora nã o izesse sentido, Mac parecia ver veiazinhas percorrendo o rosto do
homem,emoldurandoseusolhoscavos.
OsdedosdeCarpathiatinhamafinado,suapeleeradaconsistênciadopapel,eseusombros
ossudos.Pareciaqueeleperdeu25kgempoucosminutos.Oslá biospá lidos,azulados,estavam
partidoseseusdentesegengivasficaramexpostos...eraexatamenteabocadeummorto.
—Devebeber,Excelência!—choramingouFortunato.
— Estou exausto — disse Carpathia, e embora Mac mal pudesse ouvi-lo, aquela com
certezanã oeraavozqueeleaprenderaareconhecer.Aspalavraspareciamvazias,indistintas,
comoasdeumeco,davamaimpressãodequeelefalavadeumamasmorradistante.
—Estoufaminto—afirmouCarpathia.—Exausto.Morto.
Nã o há dú vida de que esta ú ltima palavra era uma igura de retó rica, mas para Mac ele
parecia mesmo morto. No caso da pele piorar, poderia passar por um cadá ver em
decomposição.Atésuasorelhastinhamperdidoacorepareciamtranslúcidas.
No instante seguinte, Mac se viu de joelhos, protegendo os olhos da luz mais forte que já
experimentara. Ela o fez lembrar de uma experiê ncia cientı́ ica no colegial, mais de 50 anos
antes,quandocomoscolegasusavaóculosdecoresfortesenquantoacendiatirasdemagnésio.
Mac espiou e descobriu que nã o era o ú nico soldado no chã o. A maioria havia caı́do de
bruços,comasarmasfazendoruı́donopiso.Qualquerquefosseafontequeirradiavadomeioda
mesa,elailuminouoaposentocomoosoldomeio-dia.
— Lindo! Lindo! — as pessoas sussurravam, entremeando com gritos de admiraçã o
associados à exibiçã o de fogos de artifı́c io. Todos os dignitá rios haviam afastado as cadeiras da
mesaecobertoosolhos,espiandoatravé sdosdedosparaolharaquelaapariçã omagnı́ ica,oque
querquefosse.
Mac voltou a icar de có c oras e seus olhos foram se acostumando aos poucos à radiâ ncia
inicialmenteofuscante.Enquantopermaneciaali,comasmã osnovamentenaarma, icouclaro
porquetantospensavamqueaquela...aquelaapariçã oeratã oimpressionante.Elapareciapairar
vá rios centı́m etros acima da mesa, diretamente no centro, de um branco brilhante tingido de
ourotãofortequenãosepodiatirarosolhosdamesma.
Seufulgoreratamanhoquenenhumdetalhepodiaservistocomnitidez,debaixoaté em
cimadoquepareciaumaformahumanatoscade1,80m.Nã ohaviameiosdesaberseele-caso
fosseumserhumano—usavasapatos,ouroupas,ouestavanu.
Mac gradualmente percebeu que via diante de si as costas de um ser que encarava
Carpathia e Fortunato. Cabelos louros lutuantes surgiram à vista, mas ao que tudo indicava o
resto do corpo permaneceria um misté rio para o olho humano. Aquele nã o era claramente o
Glorioso Aparecimento de Cristo, pois Mac sabia que Jesus devia voltar nas nuvens,
acompanhadopelosseusfiéis.
AcadeiradeVivIvinsestavavazia,masMacpodiaouvi-lagemerdeêxtasenochão.
Leontambémcaíra,ecomacabeçaenterradanasmãos,balançavaocorpoechorava.
Carpathia se curvara para a frente na cadeira emprestada, com o rosto na mesa, braços
abertos,palmasdasmãosparabaixoemurmurava:
—Oh!,meusenhor,meudeus,emeurei—suavozcomoadeummortorepetiaissovez
apósvez.
Doladodeforadasala,Macouviuosmedonhos,osterrı́veissonsdamorte.Pâ nico,gritos
eguinchos,sú plicas,ossossendoesmagados,pulmõ esexpelindoar,cavalosbufandoegemendo
ruidosamentecomooutrascriaturasmenorespoderiamterfeito.
Gritospenosos,solitá rios,podiamserouvidosdehomensemulheresadultos.—Salve-me!
Oh,Deus,salve-me!Nãoqueromorrer!
Morreram, poré m. Sem mesmo ter condiçõ es de assistir, icou claro para Mac que a
carni icinaentreeleeasaı́danã osecomparariaanadaquejá tivessevisto.Ouviram-setirose
elesó podiaimaginarquesetratavadospoucossoldadosrestantesacabandocomamisé riados
cavalos ou de seus companheiros e tentando achar caminho entre os seus corpos mortos para
alcançarasaída.
Carpathia levantou uma mã o paté tica, sua roupa de Zorro pendurada como se estivesse
numcadáver.
—Lú c ifer—eleconseguiudizernaquelavozrouca,estranha,parecendoolhardesoslaio
paraoser.—Meureiesenhor,porquemeabandonaste?Nã omeentregueiinteiramenteati,
paraservi-locomtodoomeucoraçãoemeuser?
— Silê ncio! — veio a resposta num tom de voz tã o fantasmagó rico, agudo e terrı́vel que
fezMacrecuaretervontadedecobrirosouvidos.
—Vocêmecausadesgosto!Olhesóparavocê!Ousasugerirquetemalgoaofereceramim
alé mdoseucorpopaté tico?Está embriagadocomumpodercujafonteseachamuitoalé mda
sua!Nã opassadeumvaso,uminstrumento,umpotedebarroparaosmeuspropó sitos,todavia
sepavoneiacomosetivesseumátimodevalor!
—Oh,meurei!—gaguejouCarpathia.—Não!Eu...
—Você nemsequerentendeosigni icadodapalavra silencio!Você nã oé nada!Nada!Nã o
teve poder para ressuscitar dos mortos! Era uma carcaça, rı́gida e decadente. Olhe para você
agora.Semaminhagraça,voltariaàterra,cinzasàscinzas,epóaopó.
—Poupe-me,meusenhor!Euteamoedesejoservir-te!Nãofareinadapara...
— Oh, espı́rito da insigni icâ ncia, simples partı́c ula da minha imaginaçã o. Vou tomar de
empré stimonovamenteseuesqueletoindigno.Devesaber,poré m,esenã opudercompreender,
devo lembrá -lo de quem você é e quem nã o é . Você nã o é eu! Eu nã o sou você ! Nã o passa de
simplesinventá rio,mercadoriaseserviços.Eumapeçadeequipamentoenuncaouseimaginar
outracoisa.
—Eununca,divino!Nunca!Estouhumildementeaseuserv...
—Eusouosenhorseudeusenãocompartilhareiaminhaglória!
—Absolutamentenão—disseCarpathia,ofegante.—Óreidocéuedaterra.
— Nã o pense que foi por acidente que meu Adversá rio, em suas pró prias palavras,
reconheceuqueminhaorigemé celestialemechamou ilhodaalva!Você nã osabe,comoEle
sabe,quefuieuqueenfraqueciasnações?(Is14.12.)
—Eusei—soluçouCarpathia.—Eusei!
— Eu e nã o você , nem ningué m do mundo evoluı́do, sou aquele que subirá aos cé us.
ExaltareiomeutronoacimadasestrelasdeDeus;sentareitambé mnomontedacongregaçã o,
nasextremidadesdonorte;subireiacimadasmaisaltasnuvensesereisemelhanteaoAltíssimo.
—Sim,preciosomestre.Sim!
—Todavia,omeuInimigoa irmaquesereilançadoaoinferno,à smaioresprofundezasdo
abismo.
—Não,senhor,não!
—Eleafirmaqueosquemeviremirãofitar-me,dizendo:
— Foi este o homem que fez a terra tremer, que sacudiu reinos, que tornou o mundo
desertoedestruiusuascidades,quenãosoltouseusprisioneiros?
—Quenuncasedigaisso,meusoberano!
— Oh, sim, meu Inimigo zomba de mim! Ele declara que todos os reis das naçõ es, todos
eles, morrerã o em gló ria, cada um em sua grandiosa sepultura, mas que eu — eu — serei
lançado fora de meu tú m ulo como um ramo abominá vel, como as vestes dos que foram
assassinados,
traspassadoscomumaespada,queatiradossobreaspedrasdoabismo,comoumcadá ver
pisoteado.Sereisepultadocomoumsoldadorasomortonabatalha?
—Nunca!—soluçouCarpathia.—Nunca!Nãoenquantoeutiverfôlego!
—Vocêétãoestúpidoquenãoconseguecompreender?Soueuquemlhedáfôlego!
—Eusei!Sim,eusei!
— Qual será , pois, a sua contribuiçã o, escravo, quando o Inimigo quiser cumprir sua
promessa de que nã o me será ofertado qualquer monumento, porque destruı́ minha naçã o
Babilô niaemateimeupovo?Elemeinsulta,dizendoquemeu ilhonã oserá meusucessorcomo
rei.
— Oh!, permita que eu seja teu ilho — proferiu Carpathia entre lá grimas. — E tu será s
meupai.
— Mas,não! O Inimigo escarnece de mim. Ele diz:Matem os ilhos deste pecador. Não
permita que conquistem a terra, nem reconstruam as cidades do mundo. Eu, eu mesmo, subi
contraele,eEletemaaudáciadechamaraSimesmodeSenhordosexércitosdoscéus.
—Mas,esseéoteunome,óestrelabrilhante!Sóteu!
— Ele já destruiu a minha amada Babilô nia, mas nã o se satisfará enquanto nã o a tornar
numa"terradesoladadeouriços,cheiadepântanosecharcos".Elepromete"varreraterracom
avassouradadestruição",estechamadoSenhordosexércitosdoscéus.
—Nãopermitiremosqueissoaconteça,SuaGraça.
—Elejurouisso.Dizqueé esseoseupropó sitoeplano.Decidiudestruiroexé rcitoassı́rio
quandochegaraIsraeleesmagá-locomassuasmontanhas,dizendo:
— Meu povo nã o mais será escravo deles. Este é o meu plano para toda a terra — eu o
cumprireicomomeuimensopoderquealcançatodososlugaresaoredordomundo.
—OpoderDelenã oé nadacomparadoaoteu,reiconquistador!Vamosprovarissoainda
hoje,nãoé?
—Nós?Nós?
—Tu!Tu,óexaltado!
— Quem é você para falar? O que tem a oferecer-me quando o Inimigo, que chama a Si
mesmodeSenhor,oDeusdaBatalha,tiverfalado—quempodemudarosplanosDele?Quando
Suamãosemove,quempodedetê-la?Quemafarávoltaratrás?
—Tupodes,ópoderoso.Creioemti.
—Euposso,enã oseesqueçadisso.QuemElepensaqueinvestiucontraIsraelefezDavi
realizarocensodeseupovo,quandoDeushaviaclaramenteproibidoisso?
—Elesabe.EuseiqueElesabe!
—EclaroqueElesabe!Fuieuqueandeipelaterra,rodeandoepasseandoporela.Fuieu
queproveietenteiJóatéquaseopontodeleabandonareamaldiçoaroseuDeus.Quandoosumo
sacerdote Josué apresentou-se diante do Anjo do Senhor, eu iquei à direita dele para fazer-lhe
oposição.EutenteioFilhodoInimigonodeserto.
—Equasefoibem-sucedido.
—Osucessovaiacontecerhoje.
—Creionisso,meusenhor.
—FuieuqueleveioFilhodoInimigoà CidadeSantaeodeixeinopiná culodotemplo.Eu
lhedisse,"Seé sFilhodeDeus,atira-teabaixo,porqueestá escrito:Aosseusanjosordenará ateu
respeitoqueteguardem".Mas,Elenã oquis!Elemesmonã oacreditavanisso!Respondeucomo
um covarde com simples palavras. Tentou dizer-me, como se eu nã o soubesse, que "També m
está escrito: Nã o tentará s o Senhor, teu Deus" (Mt 4.5-7). Ele nã o é , poré m, o meu Senhor ou
Deus!
—Nemomeu,príncipedapotestadedoar.
—Fuieuqueoleveiaummonteexcepcionalmentealtoelhemostreitodososreinosdo
mundoesuaglória.Oferecitodoseles,seapenasseprostrasseemeadorasse.MasElenãoquis.
—Eleeraumbobo.
—EutambémnãomecurveidianteDele.
—Ejamaisfarásisso.
—Jamais.Elefalouaverdadeeestavacertoquandochamouseudiscı́pulodeSataná s.Eu
controleientã oPedroporalgumtempo.OFilhodoInimigoacusou-ocomrazã odenã ocuidar
dascoisasdeDeus,masdascoisasdoshomens.
—Quepossasersempreassim!—exclamouCarpathiaembevecido.
— O Filho sabia perfeitamente que quando os homens ouviam a Sua mensagem, eu
chegavaimediatamenteeremoviaapalavrasemeadaemseuscorações.
—Essefoisempreoseupontoforte.
— Fui eu que entrei em Judas, contado entre os discı́pulos do Filho. Fui eu que pedi
novamentePedro,afimdepeneirá-locomotrigo.Eleestavaenfraquecidonaquelanoite.
—Eunãosereifraconasuahoradenecessidade,mestre.
—Nãoprecisodevocê!Nãosereifraco!Você,tristeser,nãoéeducável.
—Perdoa-me,senhor.
—Fuieuqueenchiocoraçã odeAnaniasparaquementisseeguardassepartedopreçoda
terraparasimesmo.
—Umaobra-prima!
— Silê ncio! Começo a me cansar de você . Estou me preparando para a batalha com
AquelequechamaaSimesmodeDeusdapazea irmaquemeesmagará sobosseuspé s.Eu,
que me aproveito quando os homens ignoram meus estratagemas. Sou o deus deste sé culo,
capaz de cegar a mente dos que nã o crê em — como eu nã o creio — no que meu Inimigo
chamadeluzdoevangelhodagló riadeCristo,queé aimagemdeDeus.Eusoumaisdoquea
Suaimagem.SouSeusuperioresereiSeuconquistador.Fuiastuciosoosu icienteparaenganar
Eva,asegundacriaçãoDele.Nãosereicapazdestatarefa?
—Tués,eouniversocantaráteuslouvoresetechamarábendito.
— Você acertou quando disse que sou o prı́ncipe das Potestades do ar. Sou o espı́rito que
opera agora nos ilhos da desobediê ncia contra o Inimigo. Opero entre eles para satisfazer sua
cobiçacarnal,osdesejosdacarneedamente.Ningué mseoporá aosmeusardis.Elesnã olutam
contra carne e sangue, mas contra meus principados e poderes, contra os meus dominadores
destemundo,contraasforçasespirituaisnasregiõescelestes.
—Esteéstu,óbendito!
—Tenhodardosardentesquenãopodemserapagados.
—Amémeamém!
— Prejudiquei até o servo favorito do Inimigo, Paulo, frustrando vá rias vezes os seus
planos. Quando Ele se ausentava de Seus seguidores, eu os tentava a afastar-se da fé . Era
adversáriodelesesereferiamamimcomoumleãoqueruge,procurandoaquemdevorar.
—Hojeseráumafestaparati.
— O Inimigo que se chama Deus decretou que Seu Filho fosse manifestado, para que
pudessedestruirminhasobras.
—Blasfêmia!
—Elemechamoudegrandedragã o,deantigaserpente,dediaboeSataná sereconheceu
que sou eu quem engana o mundo inteiro. Errou, no entanto, quando me lançou na terra com
meusanjos.
— Cometeu um grave erro, senhor. Quã o excelente é o teu nome em toda a terra! Que
sejaexaltadoacimadoscé us.Queatuagló riaestejaacimadetodaaterra.Tu,meusenhor,é s
exaltadoacimadetodasasnaçõ eseatuagló riaacimadoscé us.Quemé comotuquehabitas
noalto?
—Vouprecisardevocêoutravezporbrevetempo.
—Soutodoteu—respondeuCarpathia.
Depoisdisso,aluzdesapareceueNicolaelevantou-se,comoqueixoerguido,aarrogâ ncia
restaurada.Recuperouascoresenquantoabotoavaacamisaearranjavaasroupas.Eracomose
tivessevoltadoàvida,suavozeranítidaeconfiante.
—Voltemaosseuslugares,senhorasesenhores,porfavor.Sra.Ivins,porfavor.Reverendo
Fortunato. — Ele moveu deliberadamente a cadeira provida por Leon e segurou-a enquanto o
homemsantosedesembaraçavadesajeitadodesuasvesteseficavaempé,depoissentou-se.
—Subpotentados,generais,assistentes,senhores,porfavor.Soldadosvoltemà posiçã ode
sentido.
Ficou claro para Mac que a sala estava repleta de pessoas abaladas e em estado de
choque. Todos os olhos brilhavam de medo. Seus corpos mostravam-se hesitantes e inseguros,
cadaumretornandoaoseulugarcommedoeassombro.
—Oseudesconfortoembrevecessará—afirmouNicolae.
—Quandotodosestiverememseuslugares,vouexplicaroqueacaboudeaconteceredo
quevãolembrar.
Umdignitárioasiáticolevantouamão,comorostoconsternado.
—Porfavor,nãofaçamperguntasnomomento.
Umafricanoficouempé,tendoamãotambémlevantada.
— Por favor, atenda ao meu pedido, Sr... — disse Carpathia. — Vou ouvi-lo num
momento,semeestenderestacortesia.
O africano sentou-se, claramente perturbado. Os demais se entreolhavam, com os olhos
apertados,meneandoacabeça.
— Senhoras e senhores, soldados — Carpathia começou, mas foi interrompido por um
homemnaporta.
—Oquehá?
—Excelência,nãoconseguimosencontrarumaunidadedeparamédicosparaestasalapor
causadacarnificinaláfora.
—Obrigado,issonãoémaisnecessário.
— Sua graça, també m nã o conseguimos determinar a fonte do calor que causou a
debandada.
—Creioqueessaquestãoéinútilagora,nãoé?Alguémestádesconfortável?
—Nã oporcausadocalor—disseumaustraliano,—mastenhoalgumasperguntassé rias
sobreoqueacaboude...
— Vou pedir-lhe també m, Sr., que espere para apresentar todas as perguntas e
comentá riosmaistarde.Obrigado.E,Sr.?—acrescentouele,dirigindo-seaoqueestavajuntoà
arcada.—Importa-sedepermanecerenquantoofereçoumaexplicação?
OhomempassouporMace icouempé atrá sdosqueseachavamsentadosdooutrolado
damesa,àfrentedeCarpathia.
— Senhoras e senhores — Nicolae começou em seu tom mais suave e persuasivo,
percorrendoasalacomosolhosefitandobrevemasdiretamentetodos.
— Nã o se sintam obrigados a desviar os olhos desta vez. Quero fazer contato visual com
todos. Você s tiveram o privilé gio de assistir a uma experiê ncia ú nica. Estiveram presentes
quando deixei este corpo mortal e tomei minha forma divina. Dei-lhes todos os direitos e
privilé giosqueacompanhamsuaposiçã ocomoseguidoresleaiseosfortaleciparaabatalhaque
serátravada.
— Quando deixarmos este lugar e subirmos para a nossa gloriosa vitó ria, vã o ver que o
inimigoconseguiupenetrarnoterrenoacimadenó s,ouseja,nossoteto.Protegidivinamentea
minhapessoa,assimcomoadevocê s,maselesprovocaramumadebandadaquecausoumuitas
baixasemnossastropasenossosanimais;pelosquais,comosabem,temostantoapreçoquanto
pelos nossos recursos humanos. Nã o se alarmem, poré m, e nã o temam. Nossos recursos sã o
ilimitados.Voulevá -losparaforaehaverá montariassu icientesparatodos.Agora,algué mquer
fazeralgumcomentáriooupergunta?
Oasiáticoficouempéecurvou-se.
— Eu só queria, Excelê ncia, agradecer-lhe pelo privilé gio estendido a mim e aos meus
acompanhantes. Ter estado aqui para este momento grandioso e histó rico irá tornar-se uma
lembrançainesquecível,esomosimensamentegratos.
—Obrigado.Àssuasordens,Sr.
Oafricanolevantou-se.
— Quero repetir esse sentimento, sua santidade, em nome de minha equipe. O senhor é
dignodeserlouvadoe icamosnaexpectativadeparticipardasuavitó ria inal,depoisdaqualo
mundooveráporquemverdadeiramenteé.
Macqueriagritarumamé m.Sefosseoú nicocrentenoaposento—eachavaquesim—
eratambémoúnicoquenãohaviasidohipnotizadoporCarpathia.
Asaı́daparaasuperfı́c iefoisurrealista.Oshomenseasmulheresforamguiadoseseguidos
por contingentes de soldados, proporcionando a Mac uma visã o perfeita de sua reaçã o ao que
acontecera a todos os demais. O lugar estava em piores condiçõ es do que qualquer á rea de
guerra. Viam-se centenas de cavalos e ainda mais homens e mulheres mortos, em hediondo
repouso,despedaçados,pisoteados,esmagados,dilacerados.Ocheirodosestá bulosnã oeranada
comparadoaodasentranhasexpostasdossereshumanosedosanimais.
Todavia,oshomensemulheresquesaı́ramdosalã opisaramsobreosrestosmortaiscomo
seestivessempasseandoporumacampina.
Ningué mfezcarafeia,tapouonarizoucomentouqualquercoisa.Eracomosenã ovissem
o massacre que encharcava seus sapatos e fazia o pó aderir ao sangue. Ao chegarem à
superfı́c ie, bateram alegremente os pé s e agradeceram a ajuda dos soldados. Os â nimos
mostravam-sefestivosenquantograndescorcé iseramcolocadosem ilaparaelesecadaumfoi
ajudadoasubiremsuasela.
A caminho de Armagedom, eles sorriam, riam e conversavam como se estivessem indo
para as corridas. Mac notou pela primeira vez naquele dia que nuvens tú rgidas e fofas tinham
começado a salpicar o cé u. O sol continuava visı́vel, num tom alaranjado no horizonte. Tudo o
que ele desejava era afastar-se sem ser notado, para estar com seus irmã os e irmã s em Cristo
quandoofimchegasse.
Rayford tinha dú vidas sobre os dois veı́c ulos. Havia espaço no carro de Abdullah para os
dois, mas nã o muito. Era uma má quina ina, manhosa, violenta, construı́da para correr e nã o
paraconforto.AATVdeLeaheramaislargaeforte,mastambé mmaislenta.Senã odeixassem
todoosuprimentodelaparatrás,nãohaveriaespaçoparaduaspessoas.
Como carona, Rayford precisava manter-se está vel e a velocidade seria uma inimiga. Os
ângulos,inclinações,aceleração,asvoltas,saltosesacudidasrepresentariamverdadeiratortura.
A alternativa nã o era aceitá vel. Ele nã o queria continuar naqueles montes rochosos e
desertos.Quempoderiaadivinharoqueoterremotoglobalfarianaquelelugar?Elenãoesperava
morrernele,mastambémnãopensaraqueseriaatiradoparaforadesuaATV.
AsuaATV.Agorasurgiraumasoluçã o.Nã oadele,é claro.Ela icaradestruı́da.Mas,havia
maisdeondeviera.ChamaramSebastian.
—CamelJockeyBigDog—disseAbdullah.
—AquiDog,Jockey.Fale.
— Você pode arranjar uma ATV para nó s? Queremos transportar o capitã o Steele até
Petra.
—Seeupuderdirigi-la.
—Afirmativo,masseráquedevedeixarsuastropas?
—Estoubrincando,Abdullah.VoumandarRazor.
—Sabeondeestamos?
—Afirmativo.Changlocalizouvocêparamim.Rayfordvaiconseguir?
—Sesobreviveràviagem.ComooSr.Razordirige?
—Pensoqueelesabequaissãoosriscos.Oquevocêachadasnuvens?
—Asprimeirasdodia,BigDog.AchoqueAlguémestávindo.
—Tenhodesairdaqui—disseChang,esfregandoosolhos.
—Issoétudoqueprecisoouvir—replicouNaomi,levantando-opraticamentedacadeira.
—Espereatéqueeudesligue—disseele,resistindo.
—Nadadisso.Vamosembora.Ningué msofrerá sevocê nã odesligar.Opô r-do-soldehoje
vaiserdemais.
—Semnuvens?Comovocêsabe?
—Vaiver.Temestadotãoocupadoquenemtemnoçãodoqueestáacontecendo.
Ao saı́rem, Chang icou pasmo. Um sol enorme estava desaparecendo e havia de fato
nuvens. Elas pareciam surgir do nada, um nú m ero cada vez maior a cada instante. Havia algo
festivo nelas — animadas, macias, mas movendo-se rapidamente como se houvessem ventos
forteslá noaltonaatmosfera.Antesdemuitotempoestavamsejuntando,formandopavilhõ es
formados por sombras ao sul do sol, enquanto nuvens individuais continuavam a agrupar-se ao
norte.
Estas també m em breve passaram a juntar-se. Chang e Naomi foram ao seu refú gio
favoritonumlugaralto,edeitaram-sedecostas,comasmãossobacabeça.
—Nuncaviissoantes—a irmouChang,apontandoparacima.Asnuvenspareciamestar
se formando logo acima deles e nã o no horizonte, como de costume. Elas surgiram como
formaçõescompridas,estreitas,naestratosfera,passandorapidamenteaestratos-cúmulos.
—Estouvendoformaçõesaltas,médiasebaixasaomesmotempo—disseChang.
—Sãolindas.
— Sim, agora. Espere até que comecem a aumentar verticalmente, podendo alcançar
alturasdemaisde4.300metrosegerarumaenergiaincrível.
—Comovocêsabetantacoisa?Tudoqueseiésobrecomputadores.
—Euseitudo—replicouChang.Naomiobeliscou.
—Cuidado!—disseela,virandodeladoeolhandoparaorostodele.—Vocêvaidormir.
—Nãoéprovável.Hámuitacoisaacontecendolánoalto.Muitacoisaaesperar.
CAPÍTULO6
— Irmã o Enoque — disse um hispâ nico — se você pode concentrar-se, nó s també m
podemos.
— Nã o entendo — disse Enoque, que olhou novamente atravé s das á rvores e janelas na
extremidadedopátiodoshopping,paracertificar-sedequeaCGnãoosdescobrira.
— Você parece perturbado, irmã o. Quero dizer, todos estamos esperando pela mesma
coisa. Desejamos estar preparados para estar aqui quando Jesus voltar. Enquanto isso,
entretanto,queremosquenosensine.Você repetequenã oé umestudioso,mastemsidonosso
pastorháanos.Issoestádandocerto.
— E verdade — interrompeu outro. — Acho que nã o compreendi muito bem tudo o que
aconteceu e o que vai acontecer. Sei que em breve estaremos com Jesus — ou que Ele estará
conosco—masgostariadeparticipardetudocommaisconhecimento.Você temmaisalguma
coisaadizer-nos?
Enoquetevedesorrir.
—Tenho—respondeu.—Penseiquenã ohaviatempoparaexplicaretambé mquevocê s
nãoteriampaciênciaparaouvir.
— Ajuda a passar o tempo. Mal posso esperar que Jesus chegue, mas o reló gio anda
devagar,estamosesperandoalgoacontecer.
—Temrazão.TenhominhaBíbliaeminhasnotas,seestiveremdispostos.
—Estamossim.Mas,pastor,oSr.olhouparacimaultimamente?
Eraquasemeio-dianoMeioOeste,eosolbrilhavanoalto.Enoqueprotegeuosolhos.
—Nuvens—disseele.
—Nuvensquenã oexistiamumahoraatrá s.Senã omeengano,quandoacordamos,océ u
eratodoazul.
—Totalmenteazul.
— Nã o sã o nuvens ameaçadoras — a irmou Enoque. — Acho que nã o vai chover. Uma
mulhersorriu.
EugostariadevernuvenssobreasquaisJesuspossaflutuar.
Razor apareceu numa ATV de 750 cilindradas, su icientemente grande para acomodar
també mRayford,seeleestivesseemperfeitascondiçõ esdesaú de.Mas,elenã osentavahavia
muitotempo,muitomenostinhaficadoempéouviajadonumveículosacolejante.
—Vocênãotrouxenenhumalimento,nãoé?—perguntouRayford.
— Trouxe sim, Sr. — replicou Razor, com uma formalidade militar exagerada, da qual
Rayfordprocuraralivrá-lo.
—ASrta.Leahnãoseimportariaseeumorressedefome.
— A hidrataçã o era o mais importante — disse ela. Eu també m nã o esperava que você
ficasseencalhadoaquitantotempo.
—Estoubrincando,Leah.Vocêsalvouminhavida.Oquetemaí,Razor?
—Umabarraenergética,Sr.
—Umdaquelesnegóciosdeisoporquetêmgostodepapelão?
—Exatamente.
—Sabor?
—Chocolateondulado.
Brincadeiras à parte, Rayford estava com fome. Ele abriu a embalagem e deu uma boa
dentada.
—Cuidado,caubói—Leahdisse.—Seusistemafoitraumatizado.
—Bem,istodeveajudar—respondeuele,seguindoentretantoasordensecomendomais
devagar. Procurava ganhar tempo. Subir numa ATV seria uma empreitada difı́c il, mas essa
talvez fosse a menor delas. O caminho de volta a Petra parecia um penhasco ı́ngreme do seu
pontodeobservação.—Teremosumlindopôr-do-sol—comentou.
—EprovavelmenteoúltimoantesdeJesusvoltar—respondeuLeah.
Sebastiansentou-sesobreomotordeumaHummerparadahaviahoras,masqueesfriara
apenasosuficienteparapermitirqueseacomodasseali.OExércitodaUnidadepareciainquieto,
casoessacaracterı́sticapudesseseraplicadaaumajuntamentotã oextenso.Desdequehaviam
avançado800metroseparado,ficaramolhandoameaçadoramenteparaeleesuastropas.
Georgedecidiranã oprovocá -loscomarmasdeenergiadirecionadaoufogode.50.Talvez
porisso,naú ltimameiahoraelespareciamdealgumaformamenosameaçadores.Antesdisso,
ascentenasdemilharesdetropasmontadascomoquecombinaramencará -locomdesprezoe
eleagoraouviasuasselasrangedorasadistâ ncia.Tinhamdeixadodeolharparaeleecomeçado
aconversarentresi.
Seria possı́vel que os rumores tivessem chegado ao campo de batalha? Aqueles soldados
sabiamquetalveznã ofossemsubstituı́dosporreforçosouque,mesmoqueissoacontecesse,era
imprová velquefossempagosatempo,ouseseriammesmopagos?Acomunicaçã oinformalera
notavelmenteexata,rá pidae—seistofosseverdade—teriaı́m petosu icienteparachegarà s
areiasdesertas.
Big Dog One poderia aproveitar-se desse lapso? Ele nã o sabia como. Uma saraivada de
tiros ou raios DEW só conseguiriam que o inimigo se reorganizasse. Por agora, em nú m ero
desesperadamentemenorcomoeraoseucaso,Sebastianpreferiaqueoadversá riocontinuasse
como estava. Se pudesse escolher, faria com que recuassem cerca de 2 quilô m etros. Nã o
podiamfazerisso,porém,mesmoquedesejassem,emborarecebessemordensnessesentido.
Recuar a linha de frente signi icava recuar a retaguarda e coordenar essa posiçã o levaria
semanas. Aquela era uma força militar que só podia seguir numa direçã o, e Sebastian e sua
diminutaforçadefensoraestavamdiretamentenocaminhodela.
Pegouocelular.
—Chang,oqueestáfazendoagora?
—Vocênãovaiquerersaber.
—Claroquequero.
—Estoudeitadodecostas,observandoasnuvens.
—Nãoestásó,nãoé?
—Claroquenão.
—PriscilaeeuvamosestarseparadosquandoJesusvoltar.
—QuerqueeuenviePriscilaeBethAnnparaficarcomvocê?
—Nãoénecessário.Marcamosumpontodeencontroparaquandoistoacabar.
— Espero que o capitã o Steele esteja disposto a observar tudo isto quando estiver aqui e
quandochegarahora.
—Elevaiestar.SóesperoquenãochegueahoraantesdeRazorlevá-loaPetra.
—Comovocê ssabem—disseEnoqueaoseupessoal—otemadetudoqueensineisobre
o imdostempostemsidoamisericó rdiadeDeus.Paramuitosdevocê s,istopareceudivergir
doquefoiprofetizadoedoqueaconteceu.Mas,comojá disse,tudoisto,os21juı́z osquevieram
doscé usemtrê sgruposdesete,foramasú ltimastentativasdesesperadasdeDeusparachamar
a atençã o do homem. Nã o se enganem poré m com isso; os ú ltimos sete juı́z os em especial
evidenciamtambémaSuaira.
— De fato, os anjos que executam esses juı́z os sã o descritos como esvaziando taças ou
cá lices, de modo que cada gota do juı́z o é derramada sobre os vá rios alvos da ira de Deus.
Observeofocodessesjuízos:
— A primeira taça foi derramada sobre aterra na forma de ú lceras malignas sobre os
corposdosportadoresdamarcadabesta.
—Asegundafoiderramadanomar,transformandoaá guaemsangueematandotodosos
seresvivosquehabitavamlá.
—Aterceirafoiderramadanosriosefontes,demodoquetodaaá guadocevirousangue.
Você s devem estar lembrados de que esta foi a reaçã o inicial e parcial de Deus à s oraçõ es dos
má rtiresemApocalipse6.10paraquesuasmortesfossemvingadas:"Clamaramemgrandevoz,
dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, nã o julgas, nem vingas o nosso
sanguedosquehabitamsobreaterra?".
— A quarta taça foi derramada sobre osol e ele aumentou tanto de poder que o calor
intenso queimou os homens com fogo. Como reagiram os que sobreviveram? Apocalipse 16.9
diz: "e blasfemaram o nome de Deus, que tem autoridade sobre estes lagelos, e nem se
arrependeramparalhedaremglória".
—Aquintataçafoiderramadasobreotronodabesta.Quemsabeoqueissosignifica?
—NovaBabilônia.
— Isso mesmo. Sabemos que essa grande cidade foi mergulhada em trevas tã o grandes
quecausaramdorfı́sicatã oseveraapontodoshomensemulheresmorderemalı́ngua.E,mais
umavez,qualfoiareaçã odeles?"BlasfemaramcontraoDeusdocé uporcausadasangú stiase
dasúlcerasquesofriam;enãosearrependeramdesuasobras".
—Asextataçafoiderramadasobreogranderio,oEufrates,eelesecou.Issopermitiuque
os lı́deres do oriente levassem seus exé rcitos à s montanhas de Israel para a batalha de
Armagedom. Deus estava claramente atraindo o anticristo para a sua armadilha. Joel 3.9-17
profetizaistoeemboraosestudiososdiscordemsobreadataemqueolivrodeJoelfoiescrito,é
geralmenteaceitoqueissoocorreuoitocentosanosantesdeCristo.
"Apressai-vos,evinde,todosospovosemredor,econgregai-vos;paraali,ó SENHOR,faze
descer os teus valentes. Levantem-se as naçõ es e sigam para o vale de Josafá ; porque ali me
assentarei para julgar todas as naçõ es em redor. Lançai a foice, porque está madura a seara;
vinde, pisai, porque o lagar está cheio, os seus compartimentos transbordam, porquanto a sua
malíciaégrande"(Joel3.11-13).
"Multidõ es,multidõ esnovaledaDecisã o!PorqueoDiadoSENHORestá perto,novaleda
Decisã o.Osolealuaseescurecem,easestrelasretiramoseuresplendor.OSENHORbramade
Siã oesefará ouvirdeJerusalé m,eoscé useaterratremerã o;masoSENHORserá orefú giodo
seu povo e a fortaleza dos ilhos de Israel. Sabereis, assim, que eu sou o SENHOR, vosso Deus,
quehabitoemSiã o,meusantomonte;eJerusalé mserá santa;estranhosnã opassarã omaispor
ela"(Joel3.14-17).
Enoquecontinuou:
—Asé timataçadojuı́z o,aquelaqueaindaaguardamos,será derramadanoar,demodo
que relâ mpagos, trovõ es e outras calamidades celestiais anunciarã o o maior terremoto da
História.EleserátãograndequefaráJerusalémdividir-seemtrêspartesempreparaçãoparaas
mudanças durante o reinado milenar de Cristo. O terremoto será també m acompanhado de
pedrasdegranizocomcercade35kgcada,quecairãosobreoshomens.
—Qualserá areaçã ogeraldaquelesqueDeusestá tentandotocarepersuadir?Apocalipse
16.21diz:"Porcausado lagelodachuvadepedras,oshomensblasfemaramdeDeus,porquanto
oseuflageloerasobremodogrande".
—Éissoentãoqueviráaseguir?—alguémperguntou.
—AntesdoGloriosoAparecimento—respondeuEnoque.
—Sim.
—Vocêacreditanisso?
—Semqualquerdúvida.
—Oqueestamosentãofazendoaquiforaenquantoasnuvenssejuntam?
—Vocênãolembraqueoscrentesserãopoupadosdurantetodosessesjuízos?
—Acreditonisso.
—Amém.
—LouvadosejaoSenhor!
—Vem,SenhorJesus!
—Eumeapoioemoutracoisa,amados—disseEnoque.
— Uma das mais belas e tranqü ilizadoras passagens das Escrituras é Joã o 14.1-6, onde
Jesusconfortaseusdiscı́pulos.Creioquepodemosaceitaressaspromessascomodirigidasanó se
sentir-nos con iantes, sabendo que foram feitas por Algué m em quem nã o há variaçã o, nem
sombrademudança.Voulerparavocês:
"Nã oseturbeovossocoraçã o;credesemDeus,credetambé memmim.Nacasademeu
Pai há muitas moradas. Se assim nã o fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E,
quandoeuforevosprepararlugar,voltareievosrecebereiparamimmesmo,paraque,ondeeu
estou,estejaisvó stambé m.Evó ssabeisocaminhoparaondeeuvou.Disse-lheTomé :Senhor,
nã osabemosparaondevais;comosaberocaminho?Respondeu-lheJesus:Eusouocaminho,ea
verdade,eavida;ninguémvemaoPaisenãopormim".
Rayfordnotouumapausanaatividadeesupô squeeraporqueRazoreLeahprecisavamda
ajuda de Abdullah para colocá -lo na enorme ATV Abdullah se achava, poré m, a quatro metros
dedistâ ncianaencostarochosafalandoaotelefone,decostasparaeles.Quandopensavamque
haviaterminado,ligouparaoutrapessoa.
A barra energé tica, por menos saborosa que fosse, teve o seu efeito desejado e Rayford
icou pronto para partir. Ele já se sentira melhor antes, mas apesar de seus numerosos
ferimentos, tinha agora uma sensaçã o renovada de propó sito e dinamismo.Vamos, vamos!
pensouele,masnadadisse.Abdullahfinalmentevoltou.
—Muitosestã opreocupadoscomvocê ,capitã o—disseele.—ReeWooé umdeles,mas
especialmenteopróprioChaim.Eleestácuriososobreosseusplanos.
—Meusplanos?Manter-merespirando.Sobreviveràviagem.
—Elequersaberseoreceberiaemseualojamentoaochegar.
—Claroquesim.Sabeoqueelequer?
— Nã o vamos nos apressar — falou Leah. — Você brinca a respeito de sobreviver à
viageme,francamente,estoubastantepreocupadacomisso.Nã otemidé iadecomoirá sentirseaochegar.Temprovavelmenteumacostelaquebrada,alé mdetudoomais,quemsabemais
queuma.ÉquaseimpossíveldizersemumaradiografiaouMRI.
—Oqueestádizendo,doutora?
— Sou apenas uma enfermeira, mas transportá -lo como estamos planejando é
praticamenteapiorcoisaparavocênomomento.
—Praticamente?
—Ficaraquiseriapior,maspelomenosestáestabilizado.
Mac montou hesitante o cavalo maior, mais negro e mais forte que já vira. Fazia anos,
masaindasabiaosu icienteparacolocaropé esquerdo irmementenoestriboantesdelevantar
apernadireitaesubir.Sealguémestivesseolhando,elenãosesaíratãomal.
Infelizmente,seocuparamaiscommontardoquecomaUziquependiadoombroeantes
de irmar-se na sela, o cano da arma tocou na base do pescoço do cavalo de trá s. O animal
assustou-seecomeçouaagitar-se,deixandoMacempâ nico.Issofezsuamontariarecuar.Mac
puxou as ré deas com toda força, desesperado para manter-se na sela e nã o ser atirado de
cabeça.
Enquanto o cavalo relinchava alto e levantava-se nas patas traseiras, assustando outras
montarias e cavaleiros, Mac escorregou da sela e os estribos afrouxaram. Ele empurrou as
pernasomaisquepô de,encostouoqueixonopeitoesegurouasré deascomtodaaforça.Isso
fez com que o focinho do cavalo abaixasse e quase atirou o cavaleiro para trá s. Mac estava
praticamente de ponta cabeça, empurrando o cavalo com todo o seu peso e já imaginava cair
comoanimalporcimadele.
O cavalo equilibrou-se de alguma forma, com alguns passos das patas traseiras bem
colocados, depois atirou Mac para a sela e para a frente, fazendo com que abraçasse seu
pescoço. O animal sentia-se ainda inseguro debaixo dele e Mac sabia que izera o oposto de
mostrar-lhequemestavanocontrole.Seumamensagemforaenviadaaocavalo,ocavaleiroé
quemestavamortalmentealarmadoependuradonelecomtodasasforças.
O "superior" de Mac nã o pareceu ter notado. Ele veio a meio-galope e indicou vá rios
soldados, Mac inclusive, mandando que se posicionassem longe dos lancos do cavalo de
Carpathia.Comodehá bito,opotentadocavalgavaumacriaturamonstruosaqueenvergonhava
osdemais.Seucavaloerapelomenosdoispalmos mais alto e 50 quilos mais pesado do que os
outros.Haviaumamanchabrancaentreseusolhosetinhaasquatropatasbrancas.Suacauda
parecia subir em linha reta antes de cair vistosamente em cascata. A crina era també m mais
longaepesada.Macouvirafalardocãodocéu.Aqueleeraocavalodoinferno.
O animal parecia ter até uma atitude. Bufava alto quando outro cavalo invadia o seu
espaço e mordia e escoiceava para manter sua posiçã o. Carpathia parecia ter sido criado ao
redor de cavalos, controlando e icazmente a coisa com um toque leve e mã os, joelhos e pé s
resolutos.Eleandavanafrentedosoutroseviravaocavaloparaobservá-los.
— Quero lembrar a todos você s — ele disse — que estamos a poucos passos de um
verdadeirocampodebatalha.Aresistê nciaestá depossedomontedoTemplo,acimadenó s,e
tempossibilidadedeatirardoaltodomuro.Fiquemvigilantes.Estanã ovaiserumaentrevista
para a imprensa nem um safá ri para turistas. Sinto informá -los de que acabei de saber de uma
insurgê ncia em nossas pró prias ileiras, tanto no sul do Egito quanto abaixo dele e a noroeste.
Ironicamente, alguns que juraram lealdade agora se chamam de "Babilô nia Revitalizada" e
condescendememcon irmarsuaindependê ncia.Essasrebeliõ esserã oesmagadasdeimediato.
Enquanto falamos, partes de nossas forças extravagantemente equipadas irã o dirigir-se a essas
localidades para aniquilar os insurgentes. Eles vã o lamentar sua insolê ncia enquanto tiverem
fôlegoedepoisserãopisoteadoseservirãodeexemplo.
— Enquanto isso, seguiremos iguradamente para Petra. Digo iguradamente porque nã o
planejo perder as horas necessá rias para cavalgar cerca de 96 km a cavalo. A mı́dia da
ComunidadeMundialirá obteroquenecessitanomomentoemquepartirmosdaqui,deixarmos
o bairro muçulmano ocupado e avançarmos na direçã o sudeste atravé s dos bairros judeu e
armê nio — os dois tomados facilmente pelas nossas forças — deixando a Cidade Velha pela
PortadeSiã o.Alivocê sirã otransferir-separaveı́c ulospossantescapazesdecobriradistâ nciaa
uma velocidade de bem mais de 160 km/hora. Eu partirei um pouco mais tarde com meus
generais e gabinete num aviã o que irá transportar-nos e a nossos cavalos até a á rea um pouco
antesdasuachegada.
— Haverá montarias similares à quelas que estã o agora esperando por você s do lado de
foradePetraeterã ooprivilé giodever-meliderandonossastropasparaavitó riasobreumdos
únicosdoisenclavesdeoposiçãoàNovaOrdemMundialrestantes.Sorriamparaascâmeras!
Mac inalmente sentiu que tinha o controle de sua montaria, mas nã o tinha intençã o de
seguirCarpathiaemumdospoderososveı́c ulos.Sequalquerpartedopequenodestacamentode
segurançativessesidodesignadoparaoutrolugar,Macprocurariareunir-seaelesedepoisfugir
paraoseuhelicó ptero.Elenã oseimportavaemveroqueaconteciaemPetra,emborativesse
aprendido que a peleja teria lugar a cerca de 30 km ao norte, em Buseirah, Jordâ nia — nome
moderno da cidade de Bosra, antiga capital de Edom -quando o Messias izesse o Exé rcito da
UnidaderecuarnadireçãodeJerusalém.
Alé m da tontura que sentiu ao icar em pé pela primeira vez em muitas horas, Rayford
percebeutambé mquedependiainteiramentedopequenoevigorosoAbdullahSmithedomais
corpulento, forte e jovem Razor. Ao que parecia, Leah levara tudo, menos muletas. Ela fez o
possı́vel para ajudar, mas nã o tinha condiçõ es de apoiá -lo e se pô s a dirigir principalmente a
caminhada,procurandomanterisoladososferimentosmaisvulneráveis.
Rayford nã o podia colocar peso sobre a canela quebrada, com ou sem tala. Pular estava
foradequestã o,eosdoishomenstiveramdesuportartodooseupesoenquantoomoviamaté a
moto.Mesmoopébomaotocarosoloenviavaocasionalmenteondasdedorportodoorestodo
corpo.OanestésicoemsuatêmporaestavaacabandoeLeahdecidiranãoacrescentarmais.
Subir na ATV era uma operaçã o delicada. Leah enrolou uma toalha e a colocou sob o
joelhodapernaquebradanatentativadeimpedirqueopé deletocasseoveı́c ulo.Issofezcom
que ele só pudesse manter o equilı́brio por meio do pé e da perna boa, enquanto os braços
doloridos se apertavam ao redor da cintura de Razor. Rayford tinha horror do que sabia que o
esperava.Emalgumponto,seupesomudariaparaoladodatı́biaquebradaeeleteriadelutar
comRazordooutroladooufirmaraquelepéparanãosairvoandodaATV.
Uma vez que se posicionou, Leah insistiu que ele icasse sentado por algum tempo para
orientar-se.
—Vocêestábem?—elaperguntou.
—Achoquesim—elerespondeuexausto.
Fechouosolhosegirouopescoço,ouvindo-oestalar.Aseguir,lançouumolharfurtivopara
o cé u. Nuvens cobriam agora metade do pavilhã o visı́vel e começavam a surgir em cores
variadas. Metade do sol já desaparecera no horizonte, grande e achatado, na sua cor laranja
maiscarregada,pintandoasnuvensderosa,vermelhoeamarelo.Senãoestivessetemendopela
vida, Rayford teria pensado que aquele era um dos cé us mais bonitos que já vira. Leah tinha
instruçõesfinaisparaRazor.
— Eu vou na frente. O Sr. Smith segue você , no caso de termos um problema e
precisarmoslevantarnovamenteocapitãoSteele.Minhamáquinacarregatambémmuitopeso,
portanto, se eu puder atravessar um certo terreno, você també m poderá . Vou procurar evitar
sulcos,choqueseatépequenaspedras,maséclaroquenãoserápossívelevitartudo.Tentesubir
ladeirasomaisdevagarpossı́vel,masnecessitará depotê nciaevelocidade.Rayford,você tem
de icar agarrado e cerrar os dentes. Os primeiros 50 metros estã o em ordem, portanto, vou
tentarvigiarvocêsparatercertezadequeosdoisestãobem.
Rayford sempre se considerara um homem de verdade. Com seu corpo musculoso, ele
praticaraesportesmesmocomdoresdetodotipo.DesdeoArrebatamento,suportarasuacota
de lesõ es graves. Sentado ali, com as mã os agarradas ao cinto de Razor, sentia entretanto
vontade de gritar como uma criança. Tudo nele doı́a. Era como se a dor tivesse vida e mente
pró prias, ameaçando matá -lo. Ela entrara, na maior parte, na tê mpora e na canela, vibrando,
latejando,aguilhoando.
Quando Razor deu partida ao motor, o som atravessou o corpo de Rayford e deixou-o
tonto. Razor provavelmente saberia se ele desmaiasse, só pela força com que o segurava. Sua
decisãoera,porém,agüentarfirme.
Leah partiu vagarosamente, o par de geladeiras penduradas de cada lado da ATV como
doisalforjesmalcombinados.
Razorvirouacabeça:
—Bastadizereeuparo.
—Vá—Rayfordsussurroueaviaturacomeçouarolar.—Senhor,temmisericórdia.
—Tudobem?—indagouRazor.
—Nãopergunte,filho.Euavisoseprecisar.Continueandando.
Sebastian icou surpreso com a grandiosidade do sol do im da tarde, lançando seus raios
sobre o inimigo vestido de preto. Quem pensaria que aquela massa maligna de humanidade
poderiaservistasobumaluzatraente?OttoWeser,oalemã oquemantiveraumpequenogrupo
decrentesemNovaBabilôniaatéquaseofim,sejuntaraaele.
—Vocêchegouasonharcomesteprivilégio,Otto?
—Privilégio?EstaéaminhadefiniçãodotremendoeterríveldiadoSenhor.
— Estar aqui, enfrentando o exé rcito do anticristo, no ú ltimo dia da terra como a
conhecemos...
—Eupreferiateraceitoaverdadequandomefoioferecidaejá estarnocé u,sevocê quer
queeusejacompletamentesincero.
— Claro que sim — disse Sebastian — mas, já que perdemos essa oportunidade, nã o há
outro lugar em que eu gostaria de estar agora. Só queria que minha mulher e ilha estivessem
comigo.
— Você nã o ia querer as duas aqui — respondeu Otto, de maneira tã o incisiva que
Sebastiannãoconseguiureplicar.
—Você nã oseimportacomuminimigopró ximoobastanteparaquaseencostaronariz
nonosso?
Sebastianbalançouacabeça.
— Se eles quisessem matar-nos, e Deus permitisse, já teria acontecido há muito tempo.
Estiveemaeronavesquemísseiscertamentepoderiamteratingido.Sinto-meinvulnerávelaqui.
Nãopossovenceresseexército,seidisso,nãocomminhasprópriasforças.Mas,oDr.Ben-Judá,o
Dr. Rosenzweig, e outros professores me convenceram de que toda esta força de combate
acabará comoosmidianitasdiantedeGideã o,recuará efugirá quandoterminarestanoite.Mal
possoesperarporisso.
—Éumpoucodifícildeacreditar,nãoé?Querodizer,olhandoparaaimensidãodeles.
Sebastianvoltou-seeestudouohomemmaisvelhoàluzdocrepúsculo.
—Deusmudouumdiasemnuvensemoutrocheiodelashá pouco.Você viuquandotodaa
cidadedeNovaBabilô niafoidestruı́danoespaçode60minutos.Eaindadizquealgoé difı́c ilde
acreditar?
Rayford detestava mais que tudo quando Leah tinha de parar e Razor via-se obrigado a
fazeromesmo.Nã ohaviamaneirasuavededeter-se,nã onaquelasladeiras.Razoreraà svezes
forçado a parar sem ter encontrado um lugar plano. Ray icava ali pendurado com força para
nãoescorregarpelatraseiradaATV.
—Éagoraqueasubidapiora—Leahdisse.
Eopiorcontinua— pensou Rayford. — Como você chama o que estivemos fazendo até
agora?—perguntou.
— Fá cil, fá cil — ela disse. — Daqui para a frente, nã o podemos parar. Só diminuir um
pouco a marcha. Temos de subir ladeiras ı́ngremes e precisamos icar em movimento. Você
temdeagüentar.Vamos.
Ela saiu mais depressa do que Rayford considerara possı́vel ou prudente. Embora Razor
reduzisse um tanto a sua velocidade a princı́pio, em breve aumentou-a a im de possibilitar a
subida. Algumas curvas agudas izeram Rayford gritar, mas quando Razor diminuiu a marcha,
Rayfordtranqüilizou-o,dizendoqueestavabem.
Em pouco tempo chegaram à encosta mais ı́ngreme e Rayford sentiu como se estivesse
penduradodecabeçaparabaixo.Eleobservouaá reaaoseuredoreviuquesenã oagarrassea
Razorestariaemsé riosapuros.Otomboseriamaisviolentodoqueantes.AmotodeAbdullah
gemiaaoladodeleseoamigofezumVdavitó riaparaosdois.Rayfordsacudiuacabeça.Tudo
queelequeriaeracederà tentaçã odelevantarumadasmã osedevolverogesto,emboraisso
significassequeseriaentãoumhomemmorto.
EledescansouatestanomeiodascostasdeRazor.
Onde esses garotos conseguem mú sculos de aço hoje? Mesmo no vigor de seus anos,
Rayfordnuncaforacomoaqueleespécime.
Osoldesapareciarapidamenteeosfaró isautomá ticosdostrê sveı́c ulosseacenderamao
mesmo tempo. Eles rodearam inalmente uma curva que os colocou num caminho normal e
Rayfordcompreendeuqueorestodaviagemseriarelativamenteconfortável.
Ele nã o estava, poré m, preparado para a recepçã o que teve. Dezenas de milhares de
residentes estavam do lado de fora colhendo o maná da noite e observando o cé u. Notı́c ias
deveriam ter sido espalhadas por toda parte sobre os problemas dele, porque todos pareciam
saberqueodesfileimprovisadodeveículoseraoseutransporteparacasa.
As pessoas acenavam, gritavam, assobiavam e levantavam as mã os. Ele nã o podia senã o
menearacabeçaemresposta.Enquantoisso,Abdullahacenavacomoseodesfilefosseseu.
RayfordsópodiaimaginaraacolhidaqueJesusteria.
CAPÍTULO7
O sol mergulhara abaixo do horizonte, deixando uma lua brilhante e quase cheia para
iluminarocé upraticamentepreto,salpicadodenuvens.Ascoresdasnuvenspareciammudara
cada instante, as nuanças pastel dando lugar a tons azuis profundos, avermelhados, lavanda e
traçosdelaranjaescuroqueiamrapidamentesedesvanecendo.
Abdullah, Razor e Leah levaram Rayford para os seus aposentos. Ele insistiu em esperar
numa cadeira desconfortá vel, enquanto mudavam a cama de frente para a janela aberta.
Naquela posiçã o, deitado de costas, ele poderia apreciar o lindo cé u noturno por inteiro. Algo
estavaparaacontecere,oqueénatural,elesabiaoqueera.
Razorpareciaansiosoparavoltaraoseuposto,efoilogoembora.Leahdissequeeleficaria
porpertonaenfermariaequeelaouHannahestariamàdisposiçãodeRayford,bastavachamar.
Abdullah disse estar preocupado com Mac, depois fez um jeito de quem nã o devia ter
abertoaboca.
—OndeestáMac,Abdullah?—indagouRayford.
Abdullahcontou.
—SeaconteceualgoaBuck,nã oqueroqueKennysaiba.Nã oquerotambé mqueeleme
vejaassim.VocêpodeconfirmarseKennyaindaestácomPriscillaSebastian?
Abdullahpegouotelefone,informouPriscillasobreRayfordeacenouparaele.
—Kennyestásepreparandoparadormir.
— Essa vai ser uma boa lembrança para ele contar aos netos. Dormi durante o Glorioso
Aparecimento.
Rayfordgostoudetersaı́dodoveı́c ulodetraçã onasquatrorodaseacomodar-seemsua
cama,massóteveidéiadecomoodiaoesgotaraquandofinalmentedeitou-se.
— E possı́vel que até eu pegue no sono enquanto isso — ele disse. — Quer fazer-me
companhia,Abdullah?Impedirqueeudurma?
O jordaniano parecia sem jeito. Ele nã o gostava de confronto, mas era ó bvio que nã o
queriaobedeceraopedidodeRayford.
—Tudobem,homem—tranqü ilizou-oRayford.—Você temcoisasafazer,lugarespara
ir.
—Nãoéisso,capitão.Mas,oDr.Rosenzweigvaichegarlogo.
—Temrazão!
—Parafalaraverdade,eugostariadeestarnoarquandotodasessascoisasacontecerem.
Casonãoseimporte.
— Está brincando? Você sabe que eu també m gostaria de estar lá , se pudesse. Vá em
frente,companheiro.Vouficarbem.
—Nãovoudeixá-losozinho.PossoesperaratéqueoDr.Rosenzweigchegue.
Rayford colocou as mã os cuidadosamente por baixo da cabeça e dobrou em dois o
travesseiropara icarumpoucomaisalto.Deseulugar,eletinhaumaboavisã odocé u,coma
luaàesquerdaeorestodeseucampovisualcheiodenuvenspesadas,coloridas,emmovimento.
Quanto mais o cé u escurecia, mais a lua parecia brilhar, mais parecia as nuvens se
adensarem e as estrelas icarem mais luminosas. Como era de costume, quando seus olhos se
habituaram ao cé u noturno, uma camada maior de estrelas surgiu. Enquanto as estudava, elas
desaparecerameeletevedeprocuraroutrasporentreasnuvens.
Chaim chegou com um pequeno sé quito e Rayford surpreendeu-se ao vê -lo dispensar
todos.
—Euchamovocêsseprecisar—disse.
QuandoAbdullahSmithsaiu,Rayfordextraiudeleapromessadequeentrariaemcontato,
setivessealgumainformaçãodeMacouBuck.
—Temcertezadequequersaber?—perguntouAbdullah.
—Claroquesim.Nãomeproteja.Mesmoquesejaopior,vamosreunir-nosembrevecom
eles.
Chaimsentou-senumacadeirainclinadapertodacamadeRayforderecostou-se.
—Magnífico—disse.—Comoumassentonaprimeirafilaparaaeternidade.
Chaim nã o costumava fazer rodeios. Embora já tivesse agora mais de 70 anos, era um
homem brilhante, com uma energia aparentemente inesgotá vel, e todos sabiam que ele nã o
perdiatempo.Todavia,estavaalisentado,estudandooscé usdeIsrael,semterevidentemente
oquedizer.
—Algoemmente,doutor?Ouseja,maisdeummilhã odepessoasaquidariamtudopara
passarestanoiteemsuacompanhia.Aquedevooprazer?
As câ meras noticiosas da mı́dia da Comunidade Mundial estavam enfocadas na cavalaria
deCarpathiaquesurgiudaPortadoMonturo.Macsentiu-sealiviadoaodescobrirquenã oerao
ú nico membro que estava se acostumando à sua montaria. Um igual nú m ero de homens e
mulheres,amaioriarepresentandooutrossubpotentados,reagiumaisemocionalmenteaosseus
cavalosdoquedeveriaeacabougirandocomelesemcı́rculosouquasesendoatiradosparafora
dasela.
A princı́pio, todos riram, mas em breve tornou-se ó bvio que Carpathia nã o estava mais
achando divertido. Ele despediu a imprensa e insistiu com os generais para que izessem o seu
pessoalentrarnosváriosmeiosdetransporteparaPetra.
Mac icou esperando uma oportunidade, mas decepcionou-se quando seu comandante o
escolheuparaacompanharoaviã ocargueirodeCarpathia,grandeosu icienteparalevarvá rios
cavaloseveı́c ulos.SeosencarregadossoubessemqueMacforaanteriormenteoprincipalpiloto
deNicolae...
Macseorgulharaantesdesuacalmanumacrise,especialmentequandoestavaescondido.
Mas, ao desmontar e entregar o cavalo a um jovem moreno, vestindo uma camiseta
espalhafatosa, que o levaria até o aviã o, ele nã o pô de pensar em nada mais criativo do que
simplesmentelivrar-sedoapuro.
—Olhe,tenhoumproblema,meucaro—disse.
—Sim?Equalé,companheiro?—indagouojovem,comsotaquedaNovaZelândia.
—Entreinogrupoerrado.Serátardedemaisparajuntar-meaosoutros?
—Querdizer,aquelescarregadospelasHummerseoutrosveículos?
—Exato.
— Nã o sei, mas é melhor tentar. Se subir neste aviã o sem ter sido indicado, vai haver
morte.Naverdade,nãotenhoespaçoparanenhumcavaloextra.
Mac pegou o cavalo de volta, montou, e quando algué m gritou seu nome, perguntando o
quepensavaestarfazendo,eleberrou:
—Seguindoordens!Indoparaondememandaram!—Olhouporsobreoombroparaver
seavoznã oeraadeseucomandante.Masohomemestavaocupadocomoutrascoisas,oque
confortouMac.ElenãoqueriaproblemascomninguémdaCGagora,tãopertodavoltadeJesus.
Tudoquenãoprecisavaeraserpresooubaleadopoucoantesdofim.
O animal debaixo dele parecia estar correspondendo aos propó sitos de Mac, que agora
sabia a sua direçã o e queria chegar depressa. A primeira coisa que desejava, uma vez fora da
vista de qualquer outra pessoa, era transmitir as notı́c ias sobre Buck e sobre os planos de
Carpathia e ver se havia alguma novidade a respeito de Rayford. Depois, queria entrar em seu
helicó ptero e tirar aquele uniforme infernal do Exé rcito da Unidade. Suas roupas simples e
folgadasnuncapareceramtãoconvidativas.
Sebastian sentiu a fadiga, nã o do té dio, mas da inatividade. A tensã o e a expectativa o
levariamaté ameia-noiteouaté amadrugada,senecessá rio.Eleesperavaquenã ochegassea
tanto.
Sentia-se agradecido pela Cooperativa Internacional e pelo trabalho que Lionel Whalum
estiverafazendoneladesdeamortedeChloeSteeleWilliams.Portrá sdeSebastianhaviatrê s
holofotes imensos, equipamento que só a Cooperativa poderia ter localizado e transportado.
Semasluzes,osolhosdeSebastianpoderiamenganá-lo.
Só comailuminaçã odalua,elepoderiaterimaginadoqueoExé rcitodaUnidadeestava
novamente avançando. Sentia o ruı́do surdo e prolongado, a vibraçã o, sabia que algo estava
acontecendo,mastudoqueprecisavaeraligarosinterruptores,dirigiraquelesraiosgigantescos
nadireçã odoinimigoedeterminarqueseachavamapenasmantendosuaposiçã oa800metros
dedistância.
AATVdeRazorveioderrapandoportrá sdelenumanuvemdepoeira.Razoraproximousecomumacontinênciaeficouemposiçãodesentido.
— Você tem mesmo de acabar com isso, garoto — disse Sebastian. — Sou tã o militar
quantoosoutros,masoquevoufazercomvocê ?Enviá -loà cortemarcialecolocá -lonaprisã o
peloquê—umaouduashoras?
— Sinto muito, Sr. — disse Razor, fazendo um relato completo sobre o que chamava de
destacamentodoseucapitãoSteele.
— Estou contente porque era só você fazendo o solo estrondar. Até pensei que era o
inimigosemovendooutravez.
—Elesestão,Sr.
—Estão?
— Sim, Sr. De cima das encostas, pude vê -los avançando. Nã o é possı́vel ver deste nı́vel,
massemovimentarambem,Sr.SebastiandespachouOttoWeserparaligarosholofotes.—Eu
con iaria nos meus ó c ulos de visã o noturna, mas nã o quero que os rapazes da Unidade vejam o
quetemos.Dequalquermodo,oscavalosdelespodemnãoestaracostumadosaisto.
—Emposição,BigDogOne—Ottochamou.
— Acenda! — mandou Sebastian, e os raios iluminaram a areia do deserto. —
Misericórdia.
O inimigo avançara pelo menos 800 metros no escuro e a linha de frente de suas tropas
montadas aparentemente in initas se postava agora em silê ncio a cerca de dez metros de
distância.Estavaclaroqueapenasaguardavaordensparaatacar.
—Nósdevíamosatacá-los,Sr.—disseRazor.
—Oquê?
—Nósdevíamos...
—Ouvivocê ,Razor.Só nã opossoacreditarnoquedisse.Emqualqueroutrasituaçã o,isso
seriabrilhante.Nuncalhespassariapelacabeçaquepoderíamosfazeressemovimento,mas...
—Mas?
— Mas duas coisas: Primeira, se tudo que lançá ssemos sobre eles atingisse o alvo,
causarı́amosumapequenadebandada,matarı́amosalgunssoldadosecavalosedepoisserı́amos
massacrados.Segunda,somosinvulnerá veisondeestamos,aoquesei.Issotalveznã oaconteça
láfora.
—Háoutracoisa—afirmouRazor.
—Fale.
—Estabatalhajáfoiganhasemlevantarmosumdedo.
—Issoéverdade,temrazão.
OcelulardeSebastiantocou.EraMac.Georgedisse:
—Rayfordestá devoltaemseusaposentoscomChaimeaparentementevaicurar-se.E
Buck? ...Lamento ouvir isso. Você falou com Chang?... Provavelmente está monitorando o
mundo.Vamosespalharanotícia.
—Sintoquesomosbemparecidos,capitãoSteele—disseChaim.
IssofezRayfordtirarosolhosdajanelaporuminstante.
Nã opodiaimaginaralgué mmaisdiferentedoqueeleeChaim.Eramjudeuegentio,velho
e nã o tã o velho, meio-oeste e americano, botâ nico e aviador, lı́der de um milhã o de pessoas e
líderdeumpequenogrupo.
— Sinto — continuou Chaim — que apesar de nossas diferenças culturais e pro issionais,
somos homens normais lançados em decisõ es e papé is que nã o procuramos voluntariamente.
Estoucerto?
—Pensoquesim.
—PodeseraindamaissurpreendenteofatodequeeucreianoMessiashá maistempodo
quevocê.Todavia,nósdoisseguimospelocaminhomaislongoparachegaraqui,nãoé?
—Éisso.
— Como você sabe, na minha posiçã o atual, tenho mais companhia — mais amigos,
associados, anciã os e conselheiros — do que algué m jamais teria necessidade. E claro que nã o
tivefaltadeopçã osobrecomquempassarestanoite.Paraserfranco,sepudesseescolherem
todo o universo, teria escolhido seu genro. Isso vem de longe. Eu o conheci antes de ele ser
crenteeelemeconheceutantotempoantesdeminhaconversã oqueousodizerqueaindaacha
difı́c il lembrar. Minha esperança é que se Cameron voltar esta noite, ele se juntará a nó s e se
sentirábem-vindo.
Changestavadefatomonitorandoomundo.Elepareciarevigorado.Sabiaquedeviaestar
na cama, mas quem podia dormir numa hora como aquela? Ficou sentado diante do
computador,vendoosrelató riosquechegavamdomundointeirosobrepessoas,especialmente
judeus,aceitandoJesusCristocomoseuMessias.
Dezenasdemilharesacadapoucosminutoseramacrescentadosaosmilhõ esjá existentes
e Chang sentia que iria continuar até o Glorioso Aparecimento. Haveria sinais nos cé us antes
dissoemaisaceitariamCristocomoprofetizado.
RayfordeChaimouviramasnotı́c iasobreBuckalgunsminutosdepois.Rayfordnã osabiao
quesentir.EletinhacertezadequeBuckestavabem,melhordoquenuncaantes,equeoveria
embreve.
Odiava, poré m, a idé ia de que o jovem, o pai do seu neto e marido de sua ilha, sofrera
tanto.Rayfordperderamuitosamigoseentesqueridos,nenhumtã opró ximoquantosua ilhae
agora seu genro. No passado, entretanto, ele conseguira aceitar de alguma forma as perdas,
convencer a si mesmo que era o preço da guerra, o resultado inevitá vel do que tinham sido
chamadosafazer.Nãoeraassimtãofácilagora,nãoquandoascoisasatingiamemcheio.
TelefonouparaMac.
As nuvens se abriram e a lua brilhou radiante até o mar Morto, diretamente abaixo de
Mac.
— Nã o vou mentir para você , Ray. Parece mesmo que Buck teve um im difı́c il. Ele
estava, poré m, fazendo o que queria. Trabalhou para isso, treinou para isso e se está lembrado
dasprimeirasnotíciasquerecebemos,eleeTsioncumpriramamissãoqueesperavamcumprir.
—Comoestáaresistência?
—Quaseextinta.AUnidadeosempurrouparaomontedoTemploeestá claroqueaCG
mal arranhou a superfı́c ie de seus recursos até agora. Eles poderiam tomar a cidade inteira na
horaquequisessem.
—Vocêestávoltando,nãoé?
— Nã o diretamente — respondeu Mac. — Quero ver do ar o que acontece na regiã o de
Petra.Depois,pretendoiraBuseirahevercomoascoisasvãoporlá.
—Vocêsabequeeudariatudoparaestarcomvocê.
—Puxa!Viuisso,Ray?
—Vi.Voudesligar.Estánahoradeassistiraoshow.
Uma nuvem cobrira agora a lua. Ela estava antes brilhante e quase cheia, iluminando as
nuvens dançarinas. De repente, parecera desaparecer, como se algué m tivesse desligado uma
lâ mpada. Rayford sabia que a lua apenas re letia o sol, entã o fora o sol — bem abaixo do
horizonteagora—queperderaasualuz.Océuficarapretocomotinta.
RayfordpediuaChaimqueapagassetodasaslâmpadas.
—Nãovamosvernada,capitão—disseele.—Nãoobstante,serámelhorparaenxergaro
queestávindo.
Quandoasluzesseapagaram,Rayfordsó podiasaberqueChaimestavaà janelapelosom
desuavoz.
—Vocêjáviuumnegrumetãogrande?—perguntou.
—Vimuitosprodı́giosnosú ltimosseteanos—respondeuChaim.—Nã oconsigoenxergar
nada.Mas,asimplesexpectativaqueprovocafazcomqueeuestremeçadacabeçaaospés.
RelâmpagoscruzaramoscéuseRayfordficouespantadoaoverasnuvensderelanceoutra
vez.—Achoqueviumaestrelacadente—disse—gostodelas.
—Issofoimaisdoqueumaestrelacadente—a irmouChaim,—aqual,você sabe,nã oé
na verdade uma estrela. O que você viu foi talvez um meteoro. Em breve, as estrelas e os
meteoros cairã o, mas você só irá ouvi-los. Isaı́as profetizou que as estrelas dos cé us e suas
constelaçõesdeixariamdebrilhar.Osolescureceriaealuanãodariaasualuz.
—Deusestádizendo:
"Castigareiomundoporcausadasuamaldadeeosperversos,porcausadasuainiqü idade;
farei cessar a arrogâ ncia dos atrevidos e abaterei a soberba dos violentos. Portanto, farei
estremecer os cé us; e a terra será sacudida do seu lugar, por causa da ira do SENHOR dos
Exé rcitos e por causa do dia do seu ardente furor...Cada um fugirá para a sua terra. Quem for
achadoserátraspassado;eaquelequeforapanhadocairáàespada"(Is13.11-15).
Rayfordsacudiuacabeça.
— Há outra diferença entre nó s, Chaim. Eu nunca consegui guardar coisas assim na
memória.
—Oquemaistenhoafazer,Rayford?Comojá disse,fuijogadonestaposiçã oeoprofessor
tornou-se aluno. Meu ex-protegido, Dr. Ben-Judá , nã o permitiu que eu desse pouco tempo à s
Escrituras.Elemediscipulou,incentivoue irmounelas.Acimadetudo,Deusmedeuamorpela
SuaPalavra.Nã ohá nadaqueeuqueiramaisagoradoqueestudá -lasempreeguardaroquanto
puderemminhamemória.
O grupo de Enoque colocou-se em de pé e gritou quando o sol do começo da tarde
desapareceu do cé u dos subú rbios de Chicago. Embora ele soubesse o que estava para vir, o
pró prio Enoque icou assustado quando a luz do dia transformou-se em noite fechada e a
temperaturabaixouimediatamente.
Ele ouviu uma espé cie de rugido, de assobio, e pensou nas palavras que as pessoas
costumavamusaraodescreverumtornado:
—Pareciaumtremdecarga.—Obarulhoagoraeraodeumaviã oprestesacair.Elesse
achavam pró ximos o bastante do aeroporto para que pudesse ser uma aeronave, mas Enoque
nãoselembravadeterouvidoumjato.
Algoestavachegandocadavezmaisperto.
— Nã o tenham medo! — disse Enoque, mas ele nã o conseguia esconder o temor em sua
pró pria voz. — Isto foi profetizado. Acabamos de falar a respeito. Tudo faz parte do plano de
Deus.
Mas,oquequerqueestivessecaindoestatelou-se inalmentenaestradaprincipaldooutro
lado doshopping e nã o houve meios de impedir que as pessoas saı́ssem correndo para olhar.
Enoqueseguiu-as,gratopelaslâ mpadasdaruasensı́veisà luzquecomeçaramaacender-sepor
toda parte. Um meteoro de cerca de 90 cm de diâ metro abrira um buraco de seis metros na
estrada.
Ealivinhaoutro.
Aspessoasgritaramesedispersaram,masEnoqueficoufirme.
—Creioqueestamosprotegidos!—exclamou.—Nenhumdosjuı́z osdocé uferiuopovo
deDeus!Nóstemosasuamarca,oseuselo!Elevaiproteger-nos!
Oseugrupodecrentes,poré m,fugira.Enoquesorriu.Eleosrepreenderiaamanhã quando
todos estivessem sã os e salvos. Como parecia estranho andar na escuridã o da meia-noite no
inı́c iodatarde.Ometeoritoseguinte,queEnoquecalculouserodobrodetamanhodoprimeiro,
esmagou uma das antigas lojas doshopping deserto, provocando uma explosã o tã o grande que
ele tapou os ouvidos. Embora acreditasse realmente que nã o seria atingido, percebeu que se
esquivavaetinhaaimpressãoqueescombrosestavamprestesacairemsuacabeça.
Enoque voltou correndo ao lugar da reuniã o com o pessoal, mas estava agora sozinho.
Sentou-se num banco de concreto e icou assistindo ao espetá culo. Na maior parte do tempo,
apenasouviu.Sefosseumhomemdascavernas,teriaacreditadoqueocé uestavacaindoeque
asestrelasiriameventualmentecolidircomaterra.
O nú m ero de relató rios sobre o povo judeu aceitando o Messias cresceu dramaticamente
na meia hora seguinte. Chang chamou Naomi para o seu lado e sentou-se com o braço na
cinturadela,enquantoamoça icavaempé .Elesnã osabiamoqueeramaisinteressante—os
milhares de cenas enviadas de todo o mundo em trevas, ou o medidor veloz evidenciando o
cumprimento da profecia de que um terço do remanescente judeu passaria no inal a crer em
JesuscomoseuMessias.
Chang só podia pensar nas cenas horrendas que monitorara quando Carpathia estava no
apogeudasuafú riaassassinacontraosjudeus.Eleosperseguira,colocaraemcamposdemorte,
mataradefome,torturara,espancara,humilharapormeiodeguerrapsicoló gicaemuitomais.
Ofatodealguémsobreviverfoiummilagreeteremsetornadocristãosmaisainda.
— Isto é bem diferente da ú ltima vez que Jesus veio — comentou Naomi. — Alé m do
mais, nã o está vamos prontos, tudo aconteceu num piscar de olhos. Ao que parece, desta vez
seráomáximo,Deusnãovaiesquecerdenadaquevalhaapena.
Mac teve a mais estranha das sensaçõ es. E claro que fora treinado para voar com
instrumentos;mas,mesmoassim, icoudesconcertadopornã overnadaacimadesi.Eaú nica
luznosoloeraproduzidapelohomem.
Aos poucos, foi percebendo luzes em barcos, em outros aviõ es, faró is de automó veis,
caminhõ es e veı́c ulos militares. Ouviu o ruı́do dos meteoritos caindo, mais alto do que o
geralmenteensurdecedorbarulhodashé liceseaté ouviuasexplosõ esquandoatingiramaterra.
Isso era novidade. Mac nunca tinha escutado nada dentro da cabina do helicó ptero,
especialmentecomosfonesdeouvidoligados.
Agora, mesmo acima da cacofonia dos aviadores daCGexigindosaberoqueacontecia,a
terraressoavacomairadeDeus,comaquedaliteraldoscéus.
Um meteoro de pelo menos trê s metros de diâ metro caiu a cerca de 38 metros do
helicó pterodeMac.Suasluzesoiluminarameeleoseguiuaté baternumedifı́c io,enviandoum
chuveirodefogoefagulhasparaoar.Nãotinhaidéiadoqueeraoprédio,masissoofezpensar.
Estariaeleprotegidodaquelesmonstrosdepedraoumetalquecaı́amlivremente?Até um
bempequenodestruiriaohelicó pteroemuitosagoracomeçavamacairà suavolta.Aspessoas
no solo, especialmente as tropas do Exé rcito da Unidade deveriam estar aterrorizadas. Mac
ficouimaginandoquantasdesejariampodermudaragorasuasmarcasdelealdade.
Eletinhapraticamentecertezadequeseriaprotegido,comooscrenteshaviamsidodesde
queosjuı́z oscomeçaramseteanosantes.Praticamentecertonã oera,poré m,osu icientepara
Mac continuar com o seu plano. Seguiu entã o para Petra, sabendo que o espaço aé reo era
seguro.Podiatersidomortoalimuitasvezes,masforasempremilagrosamentepoupado.
Rayford estava passando por um perı́odo ú nico em sua vida. As notı́c ias sobre Buck o
atingiram, é claro, e apesar o que sabia sobre o futuro, isso o izera sofrer como sofrera com a
perdadeChloe.Mas, icaralideitadoobservandooscé usseremabaladosconformeasprofecias
feitashámilharesdeanos...
Ter també m seu velho amigo, Chaim Rosenzweig, que Deus escolhera para ser um
moderno Moisé s, ao seu lado, citando essas profecias de memó ria, isso quase o fazia esquecer
suatristezaeseusferimentos.
"Videscerdocé uoutroanjo"—disseChaim—"quetinhagrandeautoridade,eaterrase
iluminou com a sua gló ria. Entã o, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande
Babilô nia e se tornou morada de demô nios, covil de toda espé cie de espı́rito imundo e
esconderijo de todo gê nero de ave imunda e detestá vel, pois todas as naçõ es tê m bebido do
vinho do furor da sua prostituiçã o. Com ela se prostituı́ram os reis da terra. També m os
mercadoresdaterraseenriqueceramàcustadasualuxúria"(Ap18.1-3).
— Foi isso que enraiveceu tanto Carpathia hoje, Rayford. Uma coisa foi perder a sua
amada cidade e ver o resto dos reis da terra e os poderosos mercadores chorando lá grimas de
crocodilo por causa dela. Mas, insistir nisso, fazer um anjo pronunciar juı́z o, saber que foi o
cumprimentodeumaantigaprofeciadeseuarquiinimigo...nã oé deadmirarqueestejaagitado
agora. Ele tem um plano, um esquema que julga ser perfeitamente seguro, embora nã o seja
boboetenhalidooLivro.Mas,vaifracassarenósseremostestemunhasdisso.
— Gostaria tanto de estar lá fora — disse Rayford. — Por que isto teve de acontecer
exatamentehoje?
ElenãopodiaverChaim,masouviuosorrisoemsuavoz.
— O lı́der do Comando Tribulaçã o nã o vai duvidar de Deus agora, nã o é ? Exatamente
você . Você foi libertado pela sua mã o tantas vezes quanto eu. Andou atravé s do fogo como
Sadraque,MesaqueeAbedenegoquandoaCGlançousuasbombasemPedra,evaichoramingar
porterdebrincardentrodecasanumdiachuvoso?Rayfordtevederir.
— Ouça estas palavras do profeta Joel — disse Chaim. "Mostrarei prodı́gios no cé u e na
terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue,
antesquevenhaograndeeterrívelDiadoSENHOR"(JI2.30-31).
— Eu vi isso — exclamou Rayford. — Quando a lua virou sangue. Foi pouco depois que
perdiAmanda.
— Eu sei — disse Chaim depois de uma pausa. — Todos perdemos muito. Todavia, tudo
serárestaurado.Estaéamelhorparte,lemostambémemJoel:
"E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no
monteSiãoeemJerusalém,estarãoosqueforemsalvos,comooSENHORprometeu;e,entreos
sobreviventes,aquelesqueoSENHORchamar.Eisque,naquelesdiasenaqueletempo,emque
mudareiasortedeJudá edeJerusalé m,congregareitodasasnaçõ eseasfareidesceraovalede
Josafá ;ealientrareiemjuı́z ocontraelasporcausadomeupovoedaminhaherança,Israel,a
quemelasespalharamporentreospovos"(Joel2.32;3.1,2).
Rayfordsóconseguiuresmungar.AsEscriturastinhamàsvezesesseefeitosobreocapitão.
Nãohaviamaisnadaadizer.Pelomenosnoquesereferiaaele.
—Nóssomosessescativos—disseChaim.—Meusirmãoseirmãs,osfilhosdeIsrael.
—Gostariadesertambém—replicouRayford.
—Vocêé,poradoção,éclaro.OscrentesgentiossãofilhosefilhasadotivosdoSenhor.
—Mas,vocêstodossãooseupovoescolhido.
—Nã oquesejamosdignos.Talvezsejaporissoquesempresereferemanó scomo filhos
deIsrael.
—OqueéessareferênciaaovaledeJosafá?
— E ali que vai ter lugar o juı́z o, num vale criado pela divisã o do monte das Oliveiras
quandoJesuscolocaropé nele.Opró prioJesusirá julgartodososhomenseaprofeciaa irmaque
será nesselocal.ABı́bliadizqueEleé maisdoqueapenasoReiqueestá voltandoeoGuerreiro
vitorioso.ElatambémochamadeJuiz.LemosnoEvangelhodeMarcos:
"Entã o,verã ooFilhodohomemvirnasnuvens,comgrandepoderegló ria"(Mc13.26).E
emApocalipse19.11:"Viocé uaberto,eeisumcavalobranco.OseucavaleirosechamaFiele
Verdadeiroejulgaepelejacomjustiça"
Sebastian icou ao lado da sua Hummer com Otto e Razor, apertando os olhos para ver
melhor.Meteoroscaı́amsobreoinimigoeosomdossoldadosecavalosempâ nicochegavaaté
ele.Seriapossı́velquecentenasdemilharesdeanimaisiriamdebandar?Eoqueissoimplicaria
paraosplanosqueoExércitodaUnidadetinhaemrelaçãoaPetra?
Veı́c ulosforamesmagados,explodindoemchamaseoferecendoaú nicaluzquepodiadar
aeleumaidé iadeaté quepontoaslinhasdefrentehaviamrecuado.Pareciaquecontinuavam
virtualmenteemcimadele,masSebastianprecisavatercerteza.
CAPÍTULO8
— Como vamos saber a hora exata? — perguntou Rayford. -Sabemoso que vem em
seguida,masoproblemaéquando?
—Nuncapodemostercerteza—respondeuChaim.—Eufuiumdosquepensaramqueo
Glorioso Aparecimento seria exatamente sete anos depois da assinatura da aliança entre o
anticristo e Israel, mas está vamos claramente errados a respeito. Sabemos que o sinal da sua
vinda irá seguir-se aos fenô m enos nos cé us, mas nada nos diz se vai ou nã o acontecer
imediatamente.Deustemoseuprópriohorário.
—Milanossãocomoumdiaetudoomais—disseRayford.
—Evice-versa.
O estrondo dos meteoritos sacudiu o pequeno abrigo de Rayford, e à medida que
aumentavam de freqü ência, sua cama se movia. Ele sentia cada ferimento. O anesté sico na
tê mpora havia muito evaporara e a dor era penetrante. A canela també m o incomodava,
embora a considerasse o menor de seus males. Cada arranhã o e corte estava sensı́vel e o
tornozelo dolorido, que izera inchar o pé , tornava seus mú sculos tensos. Sentia isso nas duas
pernas,easensaçãosubiaatéoquadril.
Rayfordajeitouotravesseiroepousouneleacabeça,esticando-se.Nã otinhaidé iadoque
omantinhaacordado.Mas,deoutrolado,éclaroquesabia.
Mac voou sobre Buseirah, onde viu umas poucas luzes espalhadas pelo chã o e em breve
aproximou-se de Petra. Comunicou-se com Chang para avisar que logo estaria descendo. A
ú ltimacoisaquedesejavaeraserconfundidocomumaaeronaveinimigaeseralvejadoporBig
DogOneepeloseuprópriopessoal.Deusoprotegeriaatémesmodeles?
—Ei!—gritouMacaotelefone.—Oqueéisso?OqueSebastianestáfazendo?
— Usando suas grandes tochas para iluminar o cé u -respondeu Chang. — Ele quer saber
atéquepontoosmeteoritosprejudicaramoExércitodaUnidade.
—Parecequeeleestámaisfascinadopelasnuvens.
—Eutambém.
— Estou ouvindo, Chang. O mesmo acontece comigo. Se você entrar em contato com
Sebastian,digaaeleparadeixaressasbelezinhasapontandodiretamenteparacima.
Sebastian nã o teria sonhado fazer outra coisa. Os holofotes també m izeram o inimigo
levantar os olhos. Nuvens cobriam todo o cé u, borbulhando e se agitando, juntando-se para
formarumtetodiferentedetudoquealguémjávira.
Bemdistante,Sebastianouviuoruı́dosurdodelongasexplosõ esededuziu inalmenteque
se tratava de uma trovoada. Isso signi icava que raios estavam caindo em outra parte? Ou
apenasriscavamoscéusporentreasnuvens?
—Apaguemasluzesporumminuto—pediuelepelorá dio,eliminandoapossibilidadede
elas impedirem que visse os relâ mpagos. Tinha razã o, acima das nuvens — quem saberia a
espessuradelas?—jatosdeluzpequeninosepulsantespareciamestartentandoespiarporentre
elas. De repente, a luz arti icial perdeu seu atrativo. Se uma tempestade estivesse a caminho,
Sebastianqueriavê-laemtodaasuaglórianatural.
Mac aterrissou e correu para os aposentos de Rayford, surpreso por encontrá -los escuros
comoameia-noite.Elepensouemreabasteceresairoutravez.Semlevaremcontaavistade
que Rayford dispunha, se estivesse mesmo ali, nada poderia comparar-se com a idé ia de
observardoaltoquandooanticristorecebesseoquemerecia.
Elebateudeleve.
—Alguémaqui?
—Mac!—eraRayford,eChaimocumprimentouquandoaportaseabriu.
Depoisdosabraçosnoescuroeumará pidarecapitulaçã ododiadosdoishomens,Rayford
disse a Mac que havia uma cadeira no outro quarto. As apalpadelas, Mac voltou ruidosamente
comelaesentou-senafrentedajanela.
—Lindoespetáculo.Masvocêdeviavê-lodeumhelicóptero.
—Estápartindoomeucoração—falouRayford.
—Lamento.
—Não,querocadadetalhe.Vocêvaiembora?
—Estoupensandonisso,parceiro.Parecearriscado.
—Penseiquefossejogarforaaprudênciaaestaaltura.
—Queroestarvivoquandoacontecer,Ray.Issoétudo.
—ApostoqueovelhoChaimestariainclinadoaircomvocê ,umavezqueosinalapareça
nocéu.
—Nadadisso,cavalheiros—Chaimesboçouumrisinho.
—Meulugaréaqui,queroquetodooremanescentesubaaoslugaresaltosparaobservara
volta.Devemos icarjuntos,cantando,orando,prontosparaadorá -loemespı́ritoeemverdade
e,melhordoquetudo,empessoa.
—Euqueropelomenosestarlá—Rayforddisse.—Mac,vocêpodearranjarisso?
—Anã oserquemeconvençaavoardenovo,claro.—Ostrê shomenspularamquando
umrelâ mpagocaiunosolo,seguidoimediatamenteporumfortetrovã o.Pareciavirdemenos
de800metrosdedistância.Sacudiuoabrigoeecooumeiominutoentreasmontanhasemontes
dascercanias.
—Aquivamosnós—exclamouChaim.—Fiquemcomosolhosfixosnocéu.
—Nemprecisadizer—replicouMac.
—Será quevaichover?—perguntouSebastian.—Parecesim,maseunã ocontavacom
isso.
—Achoquenã o—disseOtto.—Nã omelembrodeteraprendidoemqualquerdasaulas
sobre essa possibilidade, mas isso pode referir-se mais ao meu perı́odo de atençã o do que à s
profecias.
—Nãoqueromeupessoalaquinumachuvarada—exclamouSebastian.—Especialmente
setivermosescolha.
—Queescolha?
—Você mepegou.Nã otemosveı́c ulossu icienteseningué mquervoltaraPetraquando
tudocairporterra.
—Faleporsimesmo,BigDog—Ottodisse.—Gostodeconforto.Istoé ,queroveroque
háparaservisto,masnãotenhonadacontraumagasalhoeumguarda-chuva.
Sebastianinclinouacabeçaparatráseriu.
— Aqui estou eu, Senhor — zombou ele num sotaque alemã o arrevesado. — Dê -me
galochas!
AspalavrasdelefizeramatéRazorsorrir,maslogoserecuperou.
—Peçoperdão,Srs.—disse.Eembreveostrêsgargalhavam.
Depois de deixar os aposentos de Rayford, Abdullah subira num jatinho com uma capota
grande transparente sobre a cabina do piloto, que lhe dava uma visã o panorâ mica. Ele
sobrevoou as massas reunidas perto de Petra, depois dirigiu-se para o norte, até Jerusalé m,
estarrecido com a imensidã o do Exé rcito da Unidade. Ele sabia. Tinha ouvido. Fora ensinado.
Mas,quaseperdeuofôlegocomoquevia.
Comoavançaraempoucosanos!Tomaraohá bitodenã odemonstrarempú blicoassuas
emoçõ es. Era a sua cultura, a maneira como fora criado. Ele se divertira, principalmente com
Mac,etinhasidoprovocadoà ira—també mporMac.Voar,poré m,acimadoselementosque
constituı́amocapı́t ulo inaldaHistó riaecompreendercomoteriasidofá cilperdertudoaquilo,
fezcomqueAbdullahnãoconseguisseconteraslágrimas.
Ele fora criado numa religiã o bem diferente, e converter-se a Cristo signi icava voltar as
costasà suafamı́liaetambé maparentementeaoseupaı́s.Todavia,averdadepesousobreele.
Sua decisã o por Jesus foi um enorme salto de fé . Todavia, desde o inı́c io, a verdade com um V
maiúsculosetornaraclara.Afinaldecontas,elesempreforaumestudioso.
Abdullah achara graça porque seus amigos, especialmente os americanos, pareciam
pensar que ele era intelectualmente limitado por causa do seu inglê s imperfeito. Algo em sua
pronú ncia, em seu sotaque jordaniano, fazia com que parecesse uma criança para os
americanos. Podia perceber isso na maneira que o olhavam, e reagiam a ele. Algumas vezes,
até admitia que se comportava assim. Era possı́vel conseguir mais informaçõ es, parecendo
jovemeinocente.
Eleeratudo,menosisso.Abdullahpassaraporumtreinamentomilitarrigoroso,recebendo
certi icado para pilotar jatos de quase todos os tipos. Seus amigos realmente pensavam que
todos os jordanianos eram tã o infantis e ignorantes a ponto de con iar a um jovem de
capacidadesmentaislimitadasadireçãodebombardeirosquecustavamdezenasdemilharesde
dinares?Issoeraridículo.Eleforaumpilotofamosoeeventualmenteuminstrutor.
Abdullah imaginava o que Rayford e os outros pensavam de seu estudo aprofundado da
profeciacomTsionBen-Judá eChaimRosenzweigh.Aocontrá riodosdemais,ele icavaquieto
namaiorpartedotempoenãofaziamuitasperguntas.
Mas, agora, fazia uso da mesma massa cinzenta que lhe permitira compreender as
inú m erasespeci icaçõ esté cnicasqueotornaramumpilotoperfeitodasmodernaseso isticadas
aeronaves.
E bem prová vel que por serem indivı́duos humildes do meio-oeste, nem o Dr. Ben-Judá
nem o Dr. Rosenzweig se mostraram surpresos com as propensõ es intelectuais de Abdullah,
evidenciadas nas conversas ee-mails particulares. Embora o ensino pudesse ser altamente
teoló gico e profundo, as partes mais persuasivas de todas eram os cumprimentos quase diá rios
dasprofecias.
Abdullahnã oduvidavadequeasEscriturasantigasfossemautê nticas,escritasmilharesde
anosantesdonascimentodeCristo.
Centenas e centenas de profecias haviam sido cumpridas, muitas diante dos seus olhos.
Apesar de sua tristeza com a perda da famı́lia, do medo constante de ser descoberto sem a
marca de Carpathia e até do seu ressentimento pelos amigos pensarem que nã o era tã o
inteligentequantoeles,aféincipientedeAbdullahsetornaramaissólidaacadadia.
ElesabiaqueMac,Rayford,Buckeosoutrosoamavamsinceramente.Quemsabepoderia
educá -losnocapı́t uloseguintedodesdobrardaHistó riaeelesentã overiamquenã ohaviarazã o
para serem condescendentes com ele, embora sem dú vida nem sequer percebessem que
estavamfazendoisso.
Os relâ mpagos haviam aumentado e fascinavam Abdullah, lançando uma luz misteriosa,
intermitente,sobreastropas.Iluminavamtambé masnuvens,quedeoutraformanã opoderia
verdevidoàausênciadaluaedasestrelas.Oh,quecenagloriosa,amedrontadora!
Abdullah orou, agradecendo a Deus por tê -lo deixado progredir tanto, por permitir a
entrada de um candidato tã o imprová vel em seu Reino, por protegê -lo até mesmo agora do
poderassassinodoinimigo.
Ao sobrevoar Jerusalé m, Abdullah notou pequenos focos de incê ndio espalhados pela
cidade,muitosnomontedoTemplo.Osrelâ mpagosrevelaramtropasdaUnidadecercandoessa
área,queelesabiaagoraseraúltimafortalezadaobstinadaresistência.Tevedesorrir.
Seelesapenaspudessemveroapuroemqueestavamdoseupontovantajoso.Eracomo
se um periquito pensasse em tomar à força sua pró pria gaiola. Mesmo assim, ele os admirava.
Estavadoladodeles.EramopovoescolhidodeDeusenofinalJesusCristolhesdariaavitória.
Jerusalé m ia realmente cair, Abdullah sabia disso. Mas, em vista de todas as outras
profecias que estudara terem sido cumpridas como anunciadas, ele també m nã o duvidava de
que Jesus iria endireitar as coisas. Com um tanque de combustı́vel cheio e um espetá culo de
relâ mpagos para iluminar o campo de jogos, sentiu que estava no lugar certo para assistir à
maiorexibiçãonafacedaterra.
Com uma inclinaçã o abrupta à esquerda, e sobrevoando os milhõ es de tropas no grande
valedeMegido,Abdullahvirousuaaeronaveestridentedevoltaparaosul.Opassoseguintena
agenda era a ida de Carpathia a Edom para liderar um terço de suas forças contra Petra. Os
holofotes do Exé rcito da Unidade cruzavam o cé u e ocasionalmente se ixavam no aviã o de
Abdullah.Elemostrou-seporémdestemido.
— Lancem os seus mı́sseis terra-ar — sussurrou. — Eles vã o saltar deste aviã o como
petecas.
Rayford estava mudo. Ele nunca fora considerado especialmente quieto, mas em meio
à queletrio,poderiatersidoumratodeigreja.Chaimsempregostaradefalardetudo—cada
verdade, idé ia ou conceito. Ele era assim. E Mac era a sua contraparte texana, talvez nã o tã o
articuladoeintelectual,massempreprontoaoferecerumaopiniãosimplesarespeitodetudo.
Agora,porém,haviaumardemistério.Ostrêssemantinhamemsilêncio.
Os relâ mpagos se tornaram quase constantes; riscas longas, espessas de ouro eram
lançadas de nuvem para nuvem, da nuvem para o solo e, Rayford sabia — embora nã o sendo
detectadaspeloolhohumano—muitasvezesdosoloparaanuvem.
O comprimento e a severidade dos raios variavam, mas eles corriam pelos cé us com
tamanhavelocidadeeabundâ nciaqueoarcrepitavaeestalava.Boom!Boom!Boom! faziam-se
ouvir os ribombos ensurdecedores do trovã o que sacudia as paredes dos aposentos frá geis de
Rayford.
Os clarõ es iluminavam as nuvens. Rayford nã o podia imaginá -los maiores ou mais ativos.
Todavia, foi o que aconteceu. Pareciam ter agora quilô m etros de largura e profundidade,
cinzentosepretos,prenhesdeumidade,comoseprestesaexplodir.Elesencobriamtudolá em
cima.
Nã ofossepelasuafé ,aquelateriasidoumacenaterrı́vel.Defato,opodereairadoDeus
douniversoestavamsendodesencadeadoseosquenã ocon iassememseuamorteriamde icar
empânico.
— Surpreendente — sussurrou Rayford, mas os outros dois homens, cujas silhuetas se
deixavam ver nos clarõ es constantes, nem se moveram nem responderam. Sua sı́ntese pouco
convincentedevetê-losatingidotãodebilmentecomooatingira.
Sebastianusouosó c ulosdevisã onoturnaparaexaminarocé u,lembrandoasimesmoque
devia respirar. Ele sentiu Otto pressionando de um lado e Razor do outro, e por mais estranho
quepudessepareceremqualqueroutracircunstâ ncia,issoofezlembrardesuainfâ nciaquando
ele e seu irmã o mais moço, deitados na cama, se abraçavam medrosos ao observar uma
tempestade,umtemporalmilvezesmenordoqueaquele.
NomomentoemqueSebastianpensouqueocé unã opodiamaisconter-se,osrelâ mpagos
pareceramaumentaratodavelocidade.Centenas,milharesderaioscaı́amnosolododesertoa
cada segundo, os rugidos ensurdecedores dos trovõ es seguiam-se uns aos outros numa invasã o
tã o esmagadora que ele foi forçado a deixar os ó c ulos icarem pendurados em seu pescoço,
enquantocobriaosouvidoscomasmãos.
Océ udelesteaoeste,denorteasul,estavaemchamas,tirasdeluzofuscanteexplodiam
emtodasasdireçõ es.OsoloseerguiaeondulavaeSebastiantinhacertezadequeaqueladevia
ser uma combinaçã o dos relâ mpagos, dos trovõ es e do temor incomensurá vel das forças
montadasdoanticristo.
Ele mandou Otto veri icar as tropas de Ree Woo do outro lado de Petra e Razor para
observarassuasdestelado.
EnoqueestavasentadoemIllinois,comsuaBı́bliadebaixodobraço,procurandoprotegê -
lacasochovesse.Mas,quandoosrelâ mpagospareceramperdertodoosensodeproporçã o,tudo
o que pô de fazer foi levantar-se, colocar a Bı́blia na cabeça com as duas mã os e oferecê -la a
Deus em forma de adoraçã o. Que espetá culo! A ira temı́vel e terrı́vel do Senhor em exibiçã o
paraomundointeiro!
Enoque pensou nas Escrituras do Antigo Testamento que havia marcado e sentou-se
rapidamente de novo, folheando as pá ginas e lendo as mesmas sob a luz quase constante da
extravagânciaelétrica,gritando-asparaoscéus.
"Vai, entra nas rochas e esconde-te no pó , ante o terror do SENHOR e a gló ria da sua
majestade. Os olhos altivos dos homens serã o abatidos, e a sua altivez será humilhada; só o
SENHOR será exaltado naquele dia. Porque o Dia do SENHOR dos Exé rcitos será contra todo
soberboealtivoecontratodoaquelequeseexalta,paraquesejaabatido....Então,oshomensse
meterã onascavernasdasrochasenosburacosdaterra,anteoterrordoSENHOReagló riada
suamajestade,quandoeleselevantarparaespantaraterra"(Is2.10,17,19).
Encontrando as advertê ncias profé ticas nos livros de Osé ias e Joel, Enoque leu sobre os
inimigosdoSenhor:"Eaosmontessedirá:Cobri-nos!Eaosouteiros:Caísobrenós"(Os2.10).
"O SENHOR levanta a voz diante do seu exé rcito; porque muitı́ssimo grande é o seu
arraial;porqueé poderosoquemexecutaassuasordens;sim,grandeé odiadoSENHORemui
terrível!Quemopoderásuportar?"(JI2.11).
Possosuportá-lo, pensou Enoque,assim como qualquer um que enxerga além da sua ira e
confianamisericórdiadeDeus.
EleleuemJoel2.12:"Aindaassim,agoramesmo,dizoSENHOR:Convertei-vosamimde
todoovossocoração;eissocomjejuns,comchoroecompranto".
IndoparaNaum1.6,Enoqueleu:"Quempodesuportarasuaindignaçã o?Equemsubsistirá
diante do furor da sua ira? A sua có lera se derrama como fogo, e as rochas sã o por ele
demolidas".
Os versı́c ulos seguintes ofereciam esperança e outro aviso terrı́vel: "O SENHOR é bom, é
fortaleza no dia da angú stia e conhece os que nele se refugiam. Mas, com inundaçã o
transbordanteacabará dumavezcomolugardestacidade;comtrevas,perseguirá oSENHOR
osseusinimigos"(Na1.7-8).
Pró ximo ao inal do Antigo Testamento, Enoque chegou a Sofonias e leu o capı́t ulo 1,
versículos14-17:
"Está perto o grande Dia do SENHOR; está perto e muito se apressa. Atençã o! O Dia do
SENHORé amargo,eneleclamaaté ohomempoderoso.Aquelediaé diadeindignaçã o,diade
angú stia e dia de alvoroço e desolaçã o, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas
trevas, dia de trombeta e de rebate contra as cidades fortes e contra as torres altas. Trarei
angú stia sobre os homens, e eles andarã o como cegos, porque pecaram contra o SENHOR; e o
sanguedelessederramarácomopó,easuacarneseráatiradacomoesterco."
—Alémdequalquercompreensão—pensouChang,—aRededeNotíciasdaComunidade
Globalignorouoespetáculodanatureza.Elesabiaporpiratearasnotíciasdetodoogloboqueos
raios constantes eram um fenô m eno universal. Do Sri Lanka chegaram imagens de uma á rea
metropolitana em chamas, a cidade tendo sido incendiada por milhares de raios. As pessoas se
amotinaram,pisoteandoumasàsoutras,gritando,pedindomisericórdia.
Um câ mera da CGNN, ou seu corajoso produtor, transmitiu imagens de uma pequeno
grupo de judeus Carpathianos ajoelhados em meio aos relâ mpagos, debaixo de uma antiga
bandeiraisraelita,umaEstreladeDavieumcruztosca.Eleszombavamdodeusdestemundo,
mostrandoousadamenteaosupremopotentadonuncaterrecebidoamarcadelealdade,eque
haviamagoratomadoposiçãoaoladodoMessias.
Da Amé rica do Sul, foram recebidas notı́c ias semelhantes. Nã o importava de onde
chegasseanotı́c ia,elavinhacomosendodameia-noite.Aú nicaluzeraadosrelâ mpagosede
fontes arti iciais. Os cidadã os estavam histé ricos. Muitos com a marca de Carpathia gritavam
obscenidadescontraelepelascâ meraseexigiamsaberondeestavaeoqueiafazerarespeito.
Changperguntouaumacolaboradorahispânicaoqueossul-americanosestavamgritando.
—Estã odizendo—respondeuela—queestaé provavelmenteumaofensivadirigidapelo
pró prioDeuseoqueopotentadotementã oadizer?Quemvaiganhar?Elesqueremsaberquem
vaiserovencedor!
Até os produtores, que trabalhavam diretamente para a CG, enviaram mensagens iradas
parasaberporqueaCGNNestavaignorandosuasimagens.—Oquê—perguntaram—eramais
importante do que um abalo có smico como aquele, que mostrava o pâ nico e a devastaçã o
global?Pessoasestavamsendomortas,cometendosuicı́dio,saqueando,promovendodesordens.
Todavia,aCGNNtransmitiaumacoberturacontínuadoesforçodeguerra.
—AstropasdoExércitodaUnidadeenviadasaoEgitojáestãovoltandoaovaledeMegido
—entoouumaâncora,mostrandocenasdevitóriaesmagadoraparaaCG.
—Relató riosvindosdonortecon irmamissoeosgeneraisdaUnidadedeclaramquefarã o
seuspelotõesvoltaremaIsraelcomtemposuficienteparaocercodeJerusalém.
Uma entrevista com Carpathia mostrou a estupidez da chamada cobertura objetiva. O
potentado apareceu montado em seu enorme cavalo, do lado de fora do aviã o cargueiro que o
levara e a seus generais a Ash Shawbak, cerca de metade da distâ ncia entre Petra e Buseirah.
Isso colocava Carpathia e seu pessoal cerca de 16 km a leste da extremidade do maciço
ExércitodaUnidadequeseestendiaatéafronteiradePetra.
— Estou satisfeito com as notı́c ias do sul e do nordeste — disse ele. — E estamos agora
prontos para embarcar em uma de nossas iniciativas mais estraté gicas. Um terço de toda as
forças armadas avançará sobre a fortaleza rebelde escondida em Petra. A Inteligê ncia nos
informou que uma unidade defensora irrisó ria rodeou a cidade, mas o nú m ero deles é muito
menorejáofereceramrendição.
Carpathia foi interrompido por ruı́dos quase contı́nuos de trovã o, que ele e o repó rter
pareciamignorar.
—Esseenclavejánãofoiatacadoduasvezesantes,Excelência?
—Atacadonãoseriaotermoadequado—disseCarpathia,fazendoChangriralto.
Naprimeiratentativafalha,aCGlevouumgrandenú m erodetropasearmas,só paravê -
lasmiraculosamenteengolidaspelaterra.Asegundafoiumbombardeioduploqueproduziuuma
fonte de á gua que fornece sustento para o povo até hoje e que també m resultou na proteçã o
sobrenatural do remanescente judeu e de alguns do Comando Tribulaçã o, livrando-os da
tempestadedefogoqueseseguiu.
— De fato — Carpathia continuou — izemos propostas de paz para a liderança,
oferecendo anistia para quem quer que deixasse voluntariamente a fortaleza e aceitasse a
marcadelealdade.Soubemosqueumgrandenú m erodelesquisaderir,masforammortospelos
lı́deres. Muitos irã o lembrar que esta mesma liderança me assassinou, dando-me com isso a
oportunidadedeprovarminhadivindadeaoressuscitardentreosmortos.
—Destaveznã ohaverá negociaçõ es.Osleaisà NovaOrdemMundialforamassassinados
ou escaparam, a inteligê ncia nos informou que Petra é habitada agora apenas por rebeldes à
nossacausa,assassinoseblasfemadoresquedesprezaramquaisquertentativasdeentendimento
comeles.
As câ meras enfocaram o potentado no momento em que lhe entregavam uma enorme
espadadepratamarchetadadeouroecomumcaboexcessivamenteenfeitado.Eleaprendeu
aoredordacintura;depois,comumgestoteatral,desembainhou-a,produzindoumsomlongo,
lentoemetálicoeapontando-aemdireçãoaocéu.
Changnã opô dedeixardeoraremsilê ncioparaquepelomenosumdosraioscaı́ssesobre
aquelapontaeassasseoinimigoondeseencontrava.
Carpathiacontinuou—Nossoplanoé ,portanto,aniquilaçã o.Voudirigirpessoalmenteeste
esforço, com a ajuda de meus generais. Vamos juntar as tropas tã o logo cheguemos e o cerco
deverálevarsomentealgunsminutos.
EnquantoCarpathiapuxavaasré deaseviravaamontariaparaoleste,partindoagalope,
orepórtergritouparaele:
—Tudodebom,meusanto!Equepossaabençoarasimesmoetrazerhonraaoseunome
depoisdestapeleja!
ChangligouparaMaceinformou-osobreolunáticoempreendimento.
—Vocêsdevemassistiristo—eledisse.
—Ascoisasestãochegandoaoapogeu.
Abdullah ouvira a transmissã o pelo rá dio e voou sobre Ash Shawbak. Os aviõ es de
Carpathia e outros equipamentos estavam visı́veis, mas Abdullah voava muito alto para
enxergar os indivı́duos ou os cavalos. Podia ver, no entanto, o Exé rcito da Unidade a oeste e
sabiaqueNicolaeembreveosalcançaria.
Osrelâmpagosmostraramumexércitoemdesordem.Oscavalos,comoénatural,ficaram
assustadoscomoespetá culodeluzesetrovõ es,epareceuaAbdullahqueoscavaleirosestavam
lutandoparaimpedirquesuasmontariasfugissemparaosmontes.OqueCarpathiapensavaque
poderiafazercomaquelaconfusãoeraummistério.
Derepente,numfechardeolhos,atempestadecessou.
O cé u continuava preto, da cor de carvã o como antes. Os holofotes da Unidade pareciam
paté ticos,perscrutandodebilmenteonegrumesinistro.Eleschegavamaté à snuvensespessas,
fumegantes,quepairavamameaçadorassobretodaaterra.
Ocessardostrovõ esfezcomqueosilê nciorelativodacabinaparecessefantasmagó rico.
Abdullah icou olhando para todo lado, para ver o que vinha em seguida. Quanto mais olhava,
mais se perguntava quanto tempo o Senhor demoraria. Aqueles cavalos agora já podiam ser
controlados.Carpathiairiacomcertezaacreditarqueavitóriaestavapróxima.
Rayford pediu a Mac que pegasse seu rá dio no quarto ao lado. Mac o levou para ele,
abrindocaminhoàsapalpadelasnaescuridão.
—Vocêpodiaacenderumalâmpada—disseRayford,nervosocomosilêncioassustador.
— Oh! por favor, nã o faça isso — interrompeu Chaim. — Esta escuridã o vem do Senhor.
Nãoestásentindo?
—Sintosim—replicouRayford.—Cadapartedemimquerestarlá foraenvolvidonela.
Daria qualquer coisa para icar ao lado de Carpathia agora. Como queria ver o olhar em seu
rostoquandoforperseguidodevoltaaBuseirahedepoisatéJerusalém!
—Comoiaenxergarqualquercoisa?—perguntouMac.Chaimdisse:
— Esta é apenas uma preliminar. Em algum ponto a escuridã o se transformará em luz.
Carpathia fugirá do Filho do Homem, que será a ú nica fonte de luz. Quem estiver perto de
Nicolae sem dú vida o verá e concordo com Rayford, també m desejaria assistir esse
acontecimento.Mas icareiaqui,vigiando,adorandoecantando.Depois,todosseguiremospelo
caminho que nos trouxe. Atravessaremos a grande expansã o e nos reuniremos ao Messias
quandoEletriunfaremJerusalé medepoissubiraomontedasOliveiras,noqualfoitrans igurado
hátantotempo.
—Tenhodeestarnessaviagem—exclamouRayford.
—Nãonasuacondição—replicouMac.Rayfordsacudiuacabeçanoescuro:
—Aquivaificarsolitáriodemais.
O silê ncio sú bito e a escuridã o abjeta izeram Enoque temer novamente a chuva e isso o
levouaprocurarseucarro.Seusouvidosaindazumbiamcomossonsdissonantesdaú ltimahora
eenquantocaminhavaaostropeçõ es,tateandoocaminhocomospé s,ele inalmenteconseguiu
ver o brilho fraco de algumas lâ mpadas da rua. Voltou entã o para casa, planejando tirar uma
cadeira-preguiçosadoporãoeassistiraorestodoshowsentadonoquintal.
Enoqueprecisava,dealgumaforma,irparaaTerraSantaomaisdepressapossı́veldepois
davoltadeJesus.Tinhacertezadequeveriaissonocé u—avoltaetudoomais—masJesus
iria aparentemente con inar-se outra vez em um corpo humano e os crentes do mundo inteiro
desejariam vê -lo. O seu governo se iniciaria em Jerusalé m e as peregrinaçõ es começariam
imediatamente.EnoqueeosmembrosdeOLugarteriamdereunirdinheiropara inanciaressa
viagem.
Sebastian estava pensando no que fazer. Seus ó c ulos de visã o noturna mostraram ser
totalmente inú t eis naquele tipo de escuridã o. Isto signi icava que ela era sobrenatural, porque
ele os usara com sucesso no subsolo onde nã o havia fonte luminosa. As nuvens estavam
absolutamente invisı́veis agora e só a luz dos veı́c ulos do Exé rcito da Unidade fornecia
ocasionalmenteumindíciovisual.
ComodeveriaagirseasforçasdaComunidadeMundialatacassemantesdavoltadeJesus?
Sebastian sabia que ele e seu pessoal, assim como todo o remanescente em Petra, deveria ser
libertadono inal,segundoasprofecias.Mas,eenquantoisso?Devialutar?Revidar?Atirar?Sabia
quetinhacondiçõ esdeproduziralgunsdanosporquejá izeraissoantesajudadoporsuasforças.
Eosseuscolaboradores?Seriamferidosoumortosquandofossemalvejados?
Ele era um militar, mas tratava-se de uma decisã o tanto teoló gica quanto tá tica.
Sebastian podia consultar o Dr. Rosenzweigh, mas o velho senhor já tinha muita coisa em que
pensar. O campo de açã o dele era o remanescente. O de Sebastian, a defesa do complexo.
Poderia ser estrategicamente e icaz permitir que o Exé rcito da Unidade dominasse a sua
posição,sabendoqueestavamavançandoparaumaarmadilhadeproporçõescósmicas?
Elenã otiveraessetipodetreinamento,noentanto,nã ohaviapraticamentepossibilidade
deescolha.Éclaroquepoderiaenganá-los,atrasá-losmediantegolpescirurgicamenteaplicados
com suas armas nucleares direcionadas e ri les .50. Mas, ningué m poderia dizer-lhe se isso ia
adiantar,ouporquantotempodeveriamantê-losadistância.
Nã o havia dú vidas de que nã o seria possı́vel deter por muito tempo uma força daquele
tamanho. Dez minutos? Vinte? Nã o mais do que isso, com certeza. Poderia causar-lhes algum
dano, mas uma vez que o Senhor chegasse, os esforços insigni icantes de Sebastian seriam
inexpressivos.Aperguntaera:seriamelesinexpressivosdequalquerforma?
CAPÍTULO9
Depois de duas horas da escuridã o absolutamente silenciosa que cobria a face da terra,
RayfordsentiuainquietudedeChaim.
— Será melhor que eu vá ver os anciã os — disse o homem mais velho. — Isto nã o pode
continuar muito tempo e uma vez que apareça o sinal do Filho do Homem, quem sabe quanto
vaidemoraroeventoemsi?
—Temrazão,quemsabe?—exclamouMac.—Quandoissoacontecer,vouvoltarlá para
fora.Vocênãoseimporta,nãoé,Rayford?
—Claroquemeimporto,masnã ovouprivá -lodisso.Possolidarcomasolidã o.Ainvejaé
quevaiserdifícil.
—Vocêvaimeperdoar—Macdisse.
—Vou.
—QuerqueeumandeLeah,ouHannah,oualguémparafazer-lhecompanhia?
Rayfordrefletiuumpouco.
—Achoquenão.Outrapessoaaquipoderiaserumadistração.
—Jáestouindo—Chaimdisse.—Estavaiserumalembrançamaravilhosa.
— Faça como quiser, doutor, — Mac respondeu. — Eu poderia levá -lo para um passeio
inesquecível,comosabe.
—Euseieagradeço,masatéqueoMessiasvenha,tenhoresponsabilidades.
Rayford ouviu quando ele se aproximava no escuro e procurou sua mã o. Chaim tomou a
mãodeRayfordnassuas.
—Sr.McCullum—disseChaim—junte-seanó s,porfavor.MacchegoupertoeRayford
sentiuumamãoemseuombroesupôsqueaoutraestavanodeChaim.
— Apocalipse 1.3 diz:"Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as
palavrasdaprofeciaeguardamascousasnelaescritas,poisotempoestápróximo".Amém.
RayfordeMacrepetiramoamém.
—Vouorarpornós—Chaimdisse.
Nessemomento,osolhosdeRayfordseabriram,primeiroporcausadosomedepoisdaluz
de algo novo no cé u. Rayford só podia comparar o som a uma linha de alta-tensã o inoperante
queantesestivessesaltandoevibrando.
— O, Deus!, O, Deus! — orou Chaim, enquanto també m se virava para olhar. Rayford só
conseguiuarregalarosolhos.
Ele sentou-se com esforço e inclinou-se para a frente, espiando o que pareciam ser
relâ mpagos,mascompletamentediferentesdequalquerumquejá tivessevisto.Espessa,cheia
derecortesetrepidante,umalinhaamarelaverticalseestendiacercade30metrosacimado
horizonte,naquiloqueelecalculavaocuparpelomenos16kmnocéu.
Adoisterçosdedistâ ncia,elaeracruzadaporumalinhahorizontaldamesmaespessurae
commetadedocomprimento.
Rayford nã o conseguia falar. Tinha até di iculdade para respirar. Ali estava claramente a
cruz de Cristo, gravada nos cé us por relâ mpagos que se prolongavam, estalando com
incontrolávelenergia,porémsemcausardanos.
Seusolhosseentrefecharamporcausadobrilho,maselenã oconseguiadesviá -los.Sentiase cheio de reverê ncia, de admiraçã o, do amor do pró prio Deus. Aquele era o sinal do Filho do
Homem,estavaaliàvistadetodos.Eratambémpessoal,queimandoemseucoração.
Aradiâ nciaesplendorosailuminouoquarto.Chaimafastou-se inalmente,semdizeruma
sópalavra.
RayfordlançouumolharparaMacequasecaiudacama.Maceranegro!Epareciaestar
tentandodizeralgumacoisa.
—Olhe—foitudooqueconseguiubalbuciar.Depois,aparentementenotandoareaçã ode
Rayford,eledisse:—Soueu,Ray.IstoéobradeZeke.
—Mac,algoaconteceucomigo.
—Comigotambém,companheiro.Estáclarocomoodia.
—Não,algoaconteceu.
—Oquequerdizer?
RayfordsaiurapidamentedoleitoefoiparapertodeMacnajanela.
—Estouempé—eledisse.
Macvirou-se.
—Nãoseafobe,Ray.Vamosdarumpassodecadavez.
—Estouótimo—respondeuRayford.
—Querdizerque...?
—Éoqueestoudizendo,Mac.Nemdor.Nemferimentos.Olheparamim.
Rayfordretirouasbandagens.Até oburacoemsuatê mporasefechara,emboraemvolta
dasutura,ondeLeahraspara,ocabeloaindanã otivessecrescido.Eleinclinou-seepuxouafaixa
dotornozelo.Nemmesmoumacicatriz.Pô s-seentã oapularalegremente,edepoisafrouxoua
talaplásticadacanela,removendo-a.
—Querdizer...?
Rayfordgritoualto.
—Estoudizendo.Vamossairdaqui,Mac.Vamosvoar.
—Olhe,nãoseiseissovaidarcerto,Ray.
—Fiqueentãosentadovigiando,homem,porqueeuestouindo!
Enoqueestavaconfortavelmenteacomodadoemsuaespreguiçadeiranoquintalquandoo
sinalapareceu.Eleexplodiuemlágrimaselevantouosbraços.
— Louvado seja Deus, louvado seja Deus! — disse e começou a cantar cada hino de
adoraçã o que conhecia. A cruz que se estendia de cé u a cé u erguia-se altaneira, como o
compositor de hinos escrevera: "sobre os destroços do tempo". Algo sobre a esmagadora
majestadedaquelacruzsimplesmentecomunicavavitória.
Por quanto tempo orara e carregara um fardo pelas pessoas do centro decadente da
cidade, à s quais Deus o enviara a ministrar? E por quanto tempo pregara, ensinara e advertira
sobreesteexatodia,esteexatoevento?Elenãotinhaidéiadequalseriaaformausada,masisto
eraperfeito.
— Na cruz de Cristo me glorio, sim na cruz, sempre me glorio — disse com a voz
embargada.
Enoquelevantou-sedafrá gilcadeiraeajoelhou-se,inclinando-sediantedeDeus.Embora
abaixasseacabeçaefechasseosolhos,aimagemdacruznocé ucontinuavacomele,comose
gravadadoladodedentrodesuaspálpebras.
NomomentoemqueChangviuacruzemcadateladosmonitoresà suafrente,chamou
Naomieelaveiodepressa.Demã osdadas,elescorreramparaoseulugarfavoritolá fora.Nã o
disseram nada. Nã o havia palavras para aquilo. Deitaram-se de costas e icaram olhando
extasiados.
—Obrigado!Obrigado,SenhorDeus!—exultouAbdullah.
Quando o sinal apareceu, ele havia apontado o jato diretamente para a cruz e acelerado
com toda força. Estaria ela ali, à sua frente, como os objetos tridimensionais pareciam estar
quando ele era criança? Era como se pudesse estender a mã o e tocá -la; mas embora o aviã o
atingisse o má ximo de velocidade em segundos, ele nã o conseguia chegar mais perto da cruz.
Seus braços horizontais, como os do pró prio Jesus, pareciam acolher o mundo inteiro em seu
abraço.
OúnicoeventoquefaltavaeraavindadoSenhoreAbdullahmalconseguiaesperar.
Duranteduashoras,Sebastiannã oatinaracomoqueoinimigoestavaesperandoetalvez
oinimigotambé mnã osoubesse.Mas,osinaltornou-seumgatilhoimprovisadoe,derepente,os
cavalos brincalhõ es do Exé rcito da Unidade começaram a se mover. Os cavaleiros, agora
claramente visı́veis por causa da cruz tremulando no cé u, insistiram com suas montarias para
quegalopassem.
Ealivinhameles.
—BigDogOneparatodasasunidades.Sebastianfaloupelorádio:
—Nãoatirem.Esperemminhasordens.Protestosdetodososladossefizeramouvir.
— Esperem, esperem, esperem — ele disse, embora os chefes dos pelotõ es em todo o
complexotivesseminformadoqueoinimigoestavaapenasapoucosmetrosdedistância.
—Ficoulouco?—Ottoestriloua400metrosàesquerdadeSebastian.
—ReeWooparaBigDog:Estánahora,Sr.
—Espere.
—Permissãoparafalar,Sr.—chegouumatransmissãourgentedeRazor.
—Negada.Sigaasordens.
AlinhadefrentedoExércitodaUnidadefechouabrechaemsegundos.
Sebastian icou irme, enfrentando os cavaleiros com ri les apontados para ele e outros
com espadas desembainhadas. Sabia que estava tã o visı́vel para todos aqueles soldados quanto
elesparaele,poisaáreadePetratornou-serepentinamentetãoclaraquantoodia.Sóocéupor
trásdarudecruzcontinuavapretoecobertodenuvens.
O Exé rcito da Unidade abriu fogo e Sebastian estremeceu, mas nã o se afastou nem
procurou abrigo. Duzentos homens de suas tropas se achavam entre o exé rcito e a encosta
ı́ngremequelevavaquasediretamenteparaacidaderosa-avermelhadadePetraetodosforam
alvejados. Nã o era fá cil atirar de um cavalo a galope, mas algumas das balas deveriam ter
certamenteencontradoseusalvos.
Ossonsdeestilhaçosdemetralhadoraricocheteandonaspedrasencheuoareoolharno
rosto dos cavaleiros nã o tinha preço. Espadachins se escondiam por trá s dos atiradores
montados e um deles, claramente perturbado, mas decidido, dirigiu-se diretamente para
Sebastian. George levantou a mã o e mexeu os dedos como se cumprimentando — ou se
despedindo — e o soldado que brandia a espada levantou-a em arco enquanto passava. Era
comosealâminativesseatravessadoacinturadeSebastian.
Sebastian estava agora à deriva no meio do Exé rcito da Unidade, e cavaleiro apó s
cavaleiro ia em sua direçã o — alguns atirando, outros brandindo as espadas. Nenhum sequer o
tocou.Umdelesparouefezmençã odevoltaraté ele,masfoiesmagadoporumalevadeseus
próprioscompanheirosquenãotinhamcomorecuar.
George voltou-se e icou observando o ataque contra a encosta que levava para a cidade
de Petra. O exé rcito havia aparentemente subestimado a habilidade dos cavaleiros para
manter-se na sela enquanto os cavalos subiam o terreno ı́ngreme e tudo parou de repente. Os
que estavam na planı́c ie lá em baixo continuaram subindo e isso provocou um
congestionamento de proporçõ es bı́blicas. Os soldados gritavam uns com os outros. Os
comandantesberravamordensquenãopodiamserseguidas.
Enquanto isso, Sebastian e o seu pessoal caminhavam alegremente em meio ao inimigo,
ilesos.
Changignorouaomá ximootoquedotelefone.Elepensaraemdesligá -lo,decidindoqueo
seu trabalho havia inalmente terminado, mas o senso de dever prevaleceu. Conseguiu deixar
porummomentoosinalmagnéticonocéu,esboçouumsorrisodedesculpasaNaomieatendeu.
Eraoseuassistente.
—Vaiquererveristo—eledisse.
—Jáestouvendooquequerover—respondeuChang.
—Masestáaindainteressadonaquestãojudia,certo?
—Questãojudia?
—ÉaquiloqueoDr.Rosenzweigchamoude"voltamundialparaoMessias"?
—Éclaro,masissovemcontinuandodesdeatransmissãodeChaim.
—Eaumentoucomatempestadederelâmpagos.
—Exatamente.Então,oquehádenovo?
— Você precisa vir até aqui. Maciça nã o é bem a palavra para descrever o que está
ocorrendo. Deveria haver milhõ es de indecisos, mas nã o há mais. Todos estã o aceitando o
Senhoreparecequecadaumresolveunosinformarsobreisso.
Rayfordnuncahaviapensadonoqueapessoadeveriavestirparaencontrar-secomJesus.
Eleexaminouoarmário,encontrando—comoforatambémprofetizado—umuniforme,meias
ebotascomtrêsanosemeiodeidade,mastãobonsquantonovos.Vestiu-seemsegundos.
—Estápensandoomesmoqueeu,Rayford?
—Oquê?
—Quenã odevemosfugirdaquisenosacharmossu icientementesaudá veisparalutar.Há
umabatalhaasertravadaenósdoisdeveríamosestarnela.
—Nãofaçaissocomigoagora,Mac.
— Nã o quero icar aqui mais do que você , Ray. Mas, Sebastian, Razor e Otto estã o
tentandodefenderacidade.
— Oh! Abdullah se foi. — Rayford sentiu-se transportado à infâ ncia quando tinha de
defenderseucasodiantedospais.—Comoelepôdefazerisso?
—Abdullahvairesponderàsuaprópriaconsciência.
—Eeuvouresponderàsua?
—Sóquerofazeroqueécerto,Ray.
—Vaificardequalquerjeito?
—Vou.Éassimqueeusou.
—Vocêachoudebancaropaiparamimderepente.
—Façaoquetiverdefazer,Ray.Eucompreendo.
— Nã o vou voar sem você , Mac. Você pensa realmente que Deus me curou para que eu
pudesseajudarnumabatalhaqueElejáprometeuganhar?
Macsacudiuacabeça.
—Eunãodissequefaziasentido.Apenasfaleioquepensava.
—VouligarparaSebastian.
—AquiBigDogOne!—gritouSebastian.—Falecomigo!
AoouviraperguntadeRayford,eleriumuito.
—Você eMacsubamnesteminutoesenã o izerisso,vouaté aı́ eatiropessoalmenteem
você.
ElecontouaRayfordondeestavaeoqueacontecia.
—Vocêvaientãoacreditarquequandoosinalapareceu,Deusmecurou?
— Eu acreditaria em qualquer coisa neste momento, companheiro. Se nã o tivesse de
deixaromeupessoal,euiriacomvocê.Lembre-seentãodecadadetalhe,entendeu?
Changjá ouviradeNaomi—cujoamorporeleofaziaduvidardaobjetividadedela—eda
liderança,quehaviadesempenhadoumafunçã ocrucialnã oapenasparaoComandoTribulaçã o,
mas també m para todo o remanescente em Petra. Alegrou-se com isso e embora icasse
aliviadoporestarlivredapressã odiá riadevivercomoumatoupeiranocovildoanticristoem
NovaBabilônia,eledescobriraemPetraumrarodesafio.
Naomitinhasidoopontobrilhante,é claro.Masoseutrabalho,algumasvezesde14a16
horas por dia, podia ser tanto desgastante quanto estimulante. Ele o motivou por ser uma
espé ciedeprodı́gioemassuntosté cnicos—nã opodianegarisso.Osassociadoslhediziamque
essa nã o era a expressã o completa da verdade, e alguns até a irmavam que era o maior
especialistaemcomputadoresdomundo,apesardasuajuventude.
Tudo parecia ó t imo, mas quando examinou a si mesmo e tentou decidir o que o
perturbava em relaçã o ao seu trabalho atual, percebeu tratar-se do adá gio do velho corretor
imobiliário:localização,localização,localização.
Oscomputadoresfaziamhaviamuitotempopartedasuavida,maseraprecisoguardá -los
dentro de casa, ao abrigo das intempé ries. Chang tinha a impressã o de que continuava sendo
umatoupeira,vivendoamaiorpartedotemponosubsolo—oupelomenosportasadentro.Suas
escapadas eram sempre nos intervalos ou no im do dia, quando tirava um momento ou dois
comNaomi,comoacabaradefazer.
Ali estava ele agora, pouco antes do Glorioso Aparecimento de Cristo, sentado diante de
uma sé rie de telas, controlando o mundo inteiro. Era com certeza um privilé gio. Quem mais
estaria fazendo isso, ou saberia como? Ele admitia que contribuı́ra bastante, com a sua
habilidadedeinterferirnastransmissõesdoinimigo,tantonocomputadorquantonatelevisão.
Emborapreferisseestarcomaoutrapartedogrupo,dirigindolá foraesendodirigidopara
várioslugaresaltos,Changsabiaqueeraaliqueficariasentadoatéofinaldomundo.
Podiachoraregemeroufazeroseutrabalho,etrabalhareraoquefaria.Haveriatempo
paraocuparalinhadefrente,comcapacidadeparaabsorvercadadetalhedoReinomilenar.Por
agora, poré m, iria monitorar e coordenar as atividades de seus compatriotas. Eles precisavam
mantercontatoentresi.
Sebastian estava no meio da tentativa de invasã o do Exé rcito da Unidade, assim como
Razor,OttoeRee.
Abdullahseencontravanumjato,quemsabiaonde?
Chaimtrabalhavacomosanciãosparacoordenaropovo.
A ú ltima informaçã o que Chang recebera era que Rayford fora curado e que ele e Mac
estavam procurando veı́c ulos de traçã o nas quatro rodas para poderem juntar-se aos
combatentes.
Lionelseencontravanamesmasituaçã odeChang,presoaumamesa,aindacontrolando
dePetraaamplarededaCooperativaInternacionalcomaajudadeMingWoo.
LeaheHannahcuidavamdaenfermaria,umtermoeleganteparaumafacilidademé dica
tãograndequantoamaioriadoshospitais.
Chang tinha mais responsabilidades do que achava que devia, mas com a liderança
desviadaparaoutrospontos,eraobrigadoatomaralgumasdecisõ esexecutivas.Abdullahligara,
pedindopermissãoparajuntar-seàsmassasemPetra.
—Soubequearesistê nciaaoExé rcitodaUnidadeemPetrajá foidominada—eledisse.
—Elesaindaestão,porém,seguroseprotegidosesabemosqueajudaextranãoénecessáriaali.
Chang nã o podia culpar Abdullah por perguntar. Era exatamente o que ele gostaria de
fazer e onde queria estar — um acampante em lugar de um conselheiro, por falta de uma
descriçãomelhor.
—Venhaentão—disse-lheChang.
Explicou també m porque Abdullah estava tendo problemas em alcançar Rayford e Mac,
masumminutodepoistudoissotambémmudou.
— Chang — falou Rayford — Sebastian nã o precisa de nó s e nã o pode usar-nos. Dei
instruçõ es a ele para trazer suas tropas e juntar-se aos remanescentes. O trabalho deles está
terminado.
—Mas,elesnãoterãodeatravessaroExércitodaUnidadeparachegaraquiagora?
— Já estã o no meio dele e o inimigo nã o tem poder sobre eles. Uma vez que Chaim e os
anciã osorganizaremascoisasporaqui,apopulaçã ovaipoderolhardecimaparaaplanı́c ieem
voltadacidade.Todosterãoumavistaperfeitadocéuedaterra.
—EvocêeMac?
—MacvaipegarohelicópteroeeuprecisodeumATV.
—Temcertezadequequerentrardenovonumdessesveículos?
—Oqueimporta,Chang?Precisomontaroutraveznocavalo,comosediz.
Changveri icouseusregistrosedisseaRayfordondeLionelWhalummantinhaasmelhores
unidades,"tanquecheio,preparadoseprontosparapartir".Eparaondevocêvai,ouserámesmo
quequerosaber?
— Vou para onde Mac me mandar. Ele vai icar sobrevoando o Exé rcito da Unidade,
tentandoacharolı́der.EuqueroestarporpertoparavereouvirCarpathiaquedeveestarem
algumpontoatrásdahordaquepassouporSebastianeestáacaminhodanossafronteiraoeste.
ChanginformouRayfordsobreoquetodososoutrosestavamfazendo,inclusiveAbdullah.
—Evocêsabeondevouestar.
—Nãopoderíamossobreviversemvocê,Chang.
—Claro,claro.
Enoque pegou o telefone, sacudindo a cabeça. Ele nã o podia culpar seu pequeno rebanho
porfugir.També mtiveramedo,masnã ohaviaparaondeescaparenadaatemer.Issoerafá cil
dedizer,masbemdiferentequandoospoderesdocé uhaviamsidoabalados.Nã opareciacerto
ficarseparadodoseupovo,justamenteagora.
Como parecia surrealista icar deitado numa espreguiçadeira em um quintal suburbano,
tentandoalcançarosparoquianosportelefoneenquantoumacruziluminada,comquilô m etros
de altura e largura, se estendia no cé u. Ele inalmente conseguiu entrar em contato com
Florence,umamulhernegra,demeia-idade,quepareciaseramaisinfluentedacongregação.
—Florence,ondeestátodomundo?
—Metadeestábemaqui,pastor.Umpoucoconstrangida,maselesestãobem.
—Eondeéaqui?
— Cerca de trê s quarteirõ es do Sr., acho. Voltamos ao shopping, mas como nã o vimos o
seucarro,calculamosentãoqueestariaemcasa.
—Estouemcasa.PorquevocêsnãovêmparacáeficamcomigoatéJesusvoltar?
—OSr.nosdisseparanuncainformaroseuesconderijo.Comovamoscabertodosemseu
porão?
Enoquecontouaelaondeseencontrava.
—Eclaroquenã oqueremoschamaraatençã odosvizinhosoudaCG,masvocê nã oacha
queelesestãomaispreocupadoscomocéunestemomento?
—Esperepornós,estamosindo.Sóalgunstêmcarrosevamosdeixá-losaqui.
MacficouconversandocomLionelWhalum,enquantoreabasteciaohelicóptero.
—Nã osaı́ odiatodo—Lioneldisse,comasmã osnacintura,estudandoacruznocé u.—
ExcetoparadarumATVaocapitãoSteele,éclaro.
—Nãosaiunemparaveratempestadederaios?Foimagnífica.
— Ouvi falar. Vi no monitor. Para dizer a verdade, Mac, eu tinha a impressã o de que o
trabalhodaCooperativajánãoeramaisnecessário,masnuncaestivemostãoocupados.
Chaim sentia terrivelmente a falta de Tsion. O homem mais jovem impunha respeito,
talvez por ser um rabino, talvez por simplesmente manifestar um andar com Deus novo para
Chaim. Nã o se tratava de ele nã o conseguir obter a atençã o dos anciã os. Era apenas porque
tinhadelevantaramã oepedirapalavra.Tsionnuncaprecisavafazerisso.Só ofatodeinclinarseparaafrente,tomarfôlegoouabriraboca,pareciaatrairtodososolhosparaeleeaquietaros
ouvintes.
Eleazar Tibé rio, que nã o era muito mais velho que Tsion, embora muito maior e mais
rotundo, se tornara um excelente aliado. Vinte anos mais moço que Chaim, sua voz grave e o
tom grisalho que estava invadindo seu cabelo negro e ralo, assim como sua barba, lhe
emprestavamumardeautoridade.Mostrava-setambé mrespeitosoemrelaçã oà liderançade
Chaim, pedindo ordem com freqü ência e até exigindo que seus colegas ouvissem o Dr.
Rosenzweig.
Isso era crucial agora, o momento em que os lı́deres estavam prestes a dividir-se e
coordenarosvárioschefesdegrupoparatodososcidadãosdePetraemsuasrespectivasáreas.
— E preciso ordem — recomendou Chaim. — Devemos manter as pessoas em
movimento e sob controle. Vejam este quadro, Srs. Notem para onde os grupos devem ir. Por
favor! Cada um de você s é responsá vel pelos subpastores que terã o sob seus cuidados um total
decemmilhomens,mulheresecrianças.
Chaim parou, olhando para baixo. Ele temia que os anciã os nã o estivessem atentos. Era
compreensı́vel que desejassem sair novamente para nã o perder o Glorioso Aparecimento. Esse
era exatamente o centro de tudo. Ele nã o queria que ningué m perdesse o espetá culo. Olhou
entãoparaEleazarqueusouavozpararesolveraquestão.
—Senhores,senã oolharemalista,nã osaberã odizeraosseuschefesdegrupoparaonde
ir! O grupo nú m ero um, como podem ver, vai seguir o caminho do sul para os lugares altos na
fronteira oeste. Nossos engenheiros determinaram que há espaço su iciente para todos, se
houvercolaboraçã o.Osprimeiros40gruposdemilpessoascadapodemmover-seaté cercade
trê smetrosdabeirada,mastodosdevemestardispostosasentar-seumavezchegadoslá .Eda
maior importâ ncia que os 60 grupos seguintes nã o façam pressã o, caso contrá rio poderı́amos
perderdezenasdemilharesencostaabaixo.Compreendido?
Chaim gostou de ver Abdullah chegar correndo. Enquanto Eleazar continuava falando as
instruçõesparaosoutrosanciãos,elepuxouojordanianodeladoeabraçou-o.
—Comovaiomeualunopredileto?
Abdullahcontou-lheondeestiveraeoquevira.
—Comosabe,doutor,nã osouumhomemqueexteriorizaassuasemoçõ es,masnã ome
importodedizer-lhequemecomoviaté à slá grimascomoqueoSenhormostrou-me.Foium
enormeprivilégio.
—Nãopossoimaginá-loquerendosairdocéu.
— Tive um desejo muito forte de estar com o Sr. e com o nosso pessoal para esperar os
pró ximos acontecimentos. Tenho um pressentimento de que isso pode acontecer a qualquer
segundo,mesmoantesdetodossereunirem.
—Tememosamesmacoisa—a irmouChaim.—OExé rcitodaUnidadeestá à sportase
a ú nica razã o para o nosso povo ter coragem de olhar para o cano das armas deles é que os
vimosengolidospelaterradaprimeiravezemqueousaramaproximar-seedançamosnofogo
quenosenviaramdasegundavez.
Rayford icou satisfeito ao subir na monstruosa ATV. Qualquer medo de que fosse apenas
umatentativadesapareceuaorealizarumgiroporPetra,inclinando-sedeumedeoutrolado
enquanto acelerava gradualmente e fazia voltas à direita e à esquerda, à s vezes em alta
velocidade.Elenã oqueriaserdescuidado.Usariaosfaró is,mesmocomailuminaçã oquevinha
decimaemanteriaosolhosnochãoparaevitarsulcosepedras.
O som alto e a está tica no cé u tanto o estimulavam quanto o deixavam nervoso, porque
embora soubesse tratar-se de algo extraordiná rio, també m acreditava que Jesus poderia
apareceraqualquermomento.Aú nicacoisamelhordoqueestaraquiquandoissoacontecesse
era icarpertodeCarpathiaparaverasuareaçã o.Rayford,naverdade,supunhaque icariatã o
surpresocomoeventoapontodenemmaisseimportarcomCarpathia.
Depois de fazer um sinal de tudo em ordem para Lionel Whalum, ele apontou o veı́c ulo
paraaladeiraı́ngremequelevavaaoterrenoplano.Suaidé iaeraacelerarenquantosesentisse
no controle e ao primeiro sinal de que a moto parecesse estar icando caprichosa, ele usaria o
breque.
Mac subiu verticalmente algumas centenas de metros, antes de afastar o helicó ptero do
espaço aé reo de Petra e pairar diretamente sobre as forças do Exé rcito da Unidade. Precisava
icarvigilantequantoaosaviõ esdeles,masaoquetudoindicava,ningué mlá embaixolhedera
qualqueratenção.
Ele sabia que Carpathia e seu pessoal haviam chegado do leste e, portanto, voou até a
extremidadeorientaldoenormeexé rcito.Ali,talveza400metrosdastropasmontadas,havia
umacampamentodeveı́c ulos,cavaloseoquepareciaseremcadeirasconfortá veis.Dignitá rios
assistiam sentados as notı́c ias pela televisã o. Ele gostaria de ter estado lá quando a cruz
apareceu,poisimaginavaqueeladeveriaterdesviadoimediatamenteaatençãodelesdaTV.
Todospareciamteragoraseacostumadocomofunestosinal,eestavamaparentemente
tentandoacompanharosfeitosdeseulı́der.Esperassemelesaté veroqueviriaemseguidano
céu!
Enquanto isso, Mac icou pensando como localizar Nicolae Carpathia no mar escuro lá
embaixo.
CAPÍTULO10
LeahRosepensavaquenadamaisaimpressionaria.ElaestiveracomRayfordporocasiã o
dojulgamentodos200milcavaleirosdemonı́acosquehaviaminvadidoaterraeaniquiladoum
terço da populaçã o remanescente. Vira e suportara també m, em primeira mã o, todos os
julgamentosqueseseguiram.
Leah e Hannah Palemoon, a jovem enfermeira que se tornara sua amiga de con iança,
foramasprimeirasasaircorrendodaenfermariaquandoforamavisadasdequeosinaldoFilho
doHomemsurgira.Aquelanãoeraaprimeiravezemqueseaventuravamláforanaquelanoite.
Haviamapreciadotambémoshowderelâmpagos.
As duas tinham estado falando da sua culpa por ter deixado Lionel Whalum lidar sozinho
com a Cooperativa. E claro que ele tinha ajuda, mas elas haviam sido suas assistentes durante
meses e só havia pouco tempo tinham voltado aos seus deveres de enfermeira devido a vá rias
indisposiçõ es, ferimentos e doenças em toda a Petra. Esses males só ocorriam entre os
espiritualmenteindecisoseLeahpensavaquedeveriaserumaliçãoparatodos.
Se havia uma coisa que entendera desde a sua fuga da Comunidade Mundial, era que as
pessoasaprendiamdevagar.Elaforaensinadaeouvirarepetidamentequeahumanidade icaria
cegaaosatosdeDeus:queveriasuasobraspoderosasemesmoassimOrejeitariameseguiriam
seuprópriocaminho.
Nã osetratavamaisdeumaquestã odeincredulidade.Isso icaraclaro.Ningué mdebom
senso poderia ver tudo o que ocorrera nos ú ltimos sete anos, a partir do Arrebatamento, e
mesmoassimafirmarnãosaberqueestaeraabatalhafinalentreobemeomal,entreocéueo
inferno,entreDeuseodiabo.
Senã ofosseaincredulidade,comoaconteceracomLeahnomundopré -Arrebatamento,o
que seria? As pessoas estariam insanas? Nã o, decidiu, eram auto-su icientes, narcisistas, vã s,
orgulhosas.Emumapalavra,eramperversas.ViramosatosdeDeusederamascostasparaEle,
preferindoosprazeresdopecadoàeternidadecomCristo.
Nessemeiotempo,Deusendureceramuitoscoraçõ es.Quandoessesincré dulosmudassem
deidé ia—outentassemfazê -lo—nã oseriamsequercapazesdesearrependeresevoltarpara
Deus.IssoparecerainjustoparaLeahnoinı́c io,mascomopassardosanoseoprosseguimento
dosjuízos,elacomeçouaveralógicadetudo.
Deussabiaqueospecadoressecansariameventualmentedesuapobrezaespiritual,masa
paciê ncia Dele tinha um limite. Era preciso pô r um basta. As pessoas haviam recebido
informaçã omaisdoquesu icienteparatomarumadecisã orazoá veleotristeé que izerama
escolhaerrada,vezapósvez.
Hoje era realmente o im. Nã o havia dú vidas de que a misericó rdia de Deus continuava
estendidaparaoseupovoescolhido.Pormeiodeseusservos,pessoascomoTsioneChaimeas
144.000 testemunhas, o Senhor ainda pedia aos incré dulos no remanescente inal que se
aproximassemDele.
ConformeouvidodasfontesdeChang,milhõesestavamfazendojustamenteisso.
Leah icou, poré m, impressionada ao ver que ela nã o era a inal de contas incapaz de
comover-se.Quandovoltou inalmentecomHannahà enfermaria,espantou-seaoveri icarque
todos haviam sido curados. Todos. Ningué m estava doente, ferido ou aleijado. Todos se
encontravamempé,cumprimentandounsaosoutros,vestindo-seeindoemborasemsequerter
tidoalta.
Melhorquetudo,muitosdosantesindecisosestavamajoelhados,clamandoaDeusqueos
salvasse. E ao redor dessas pessoas, havia voluntá rios remanescentes, aconselhando-as, orando
comelas.
—Perdemosoemprego,Hannah—Leahdisse.
ElaligouparaRayfordedescobriuqueeletambé mjá estavaempé ,vestidoeprocurando
ação.
Quando chegou mais perto do Exé rcito da Unidade que avançava lentamente, Rayford
apertouostrê sbrequesdaATV-osdoguidã oeoque icavadebaixodopé direito.Eleestivera
circulando alegremente pela encosta do monte rochoso, ouvindo o avanço do exé rcito. Mas,
quando passou por uma vegetaçã o rasteira e compreendeu que os soldados podiam vê -lo,
controlouseuímpeto.
Muitos dos soldados estavam a pé , procurando sem sucesso fazer os cavalos subirem. Os
que continuavam montados se esforçavam para que os animais seguissem na direçã o certa. A
terra estava solta, a escalada era difı́c il. Eles nã o tinham um ar de felicidade no rosto, mas
pareceramrealmenteintrigadosporterumalvo.
—Identi ique-se—vociferouumdeles,apertandoasré deasdocavaloeparandoacerca
detrêsmetrosdeRayford.
—CidadãodePetra—respondeuele,comavoznãotãoconfiantequandoesperava.
—Vocêéagoraprisioneirodeguerra.
—Estãofazendoprisioneiros?Hámaisdeummilhãodenós.
—Só você .Podeserú t ilparanó s.Precisamossaberondetodosestã o,amelhormaneira
deentrar,tudoisso.
—Edepois,possoirembora?
—Nãobanqueoesperto.
— Quanto ao lugar onde quase todos estã o, encontram-se lá dentro. Mas você já sabia
disso.Amelhormaneiradeentraré dooutrolado,masé claroquenã oterá permissã o.Estou,
porém,curioso.Porquevocênãotomouumdosguardasdacidadecomorefémeperguntouisso
aele?
—Massacramostodos.
—Verdade?—Rayfordpegouseuwalkie-talkiedocintoeapertouobotão.-BigDogOne,
aquioseucapitão.Câmbio.
—Oi,Rayford.
—Comotudovaiindo?Nãohouvebaixas?
—Nenhuma.
—Então,seeuquisesseprovocaroExércitodaUnidade,possoconfiarque...
—Ondevocêestá,homem?
—Cercade1,5kmdafronteiraocidental.
—Estoua800metrosabaixodevocêesubindo.
—Nomeiodoinimigo,BigDog?
—Exatamente.Ostirosdelesnãovalemaqui.Nemasespadas.
—Matem-no—disseosoldado,emeiadúziadearmasabriramfogo.
Excetoporumzumbidonosouvidos,Rayfordnãosofreunada.
—Talvezvocêspossammedizerumacoisa—exclamouele.
—Estouprocurandooseulíder,ograndehomem,ochefão.OndeestáCarpathia?
Ossoldados,poré m,haviamempalidecido.Eracomoseestivessemimaginandosevaliaa
pena.Comonã opodiammatarosrebeldes,qualaló gicadeinvadirafortalezadeles?Eparaque
aquelesrebeldesprecisavamnaverdadedeumafortaleza?
— Tudo bem — Rayford disse. — Tenho as minhas fontes. -Com licença — disse ele
enquantoseafastavanaATV.Algunssoldadosatiraramcontraeleeoutrosjogaramasespadas,
mas em breve os comandantes começaram a instruir seu pessoal a poupar muniçã o para o
cercodacidadeladepedra.
Encontrar Carpathia nã o foi tã o difı́c il quanto Mac temia. Em meio à massa pulsante de
humanidade que avançava aos poucos pela planı́c ie em direçã o ao caos no monte, havia um
cı́rculodeluzesapontandoparaumhomemmontadonumginetepretomaiordoqueonormal.
Só Carpathia precisava de luzes brilhando sobre ele, para que a audiê ncia da televisã o mundial
pudessevê-loemação.
Enquanto Mac observava do helicó ptero, Nicolae passou bastante tempo segurando a
espadanoaltoeparecendogritarordens.Aseguir,embainhavaaespadaediscutiairadocomos
queorodeavam,provavelmenteseusgenerais.Seudesagradocomalentidã oeraclaro,masao
removeraespadanovamentedabainha,apresentavaumaexpressãodecidida.
MacligouparaRayfordedeu-lheascoordenadasdeondepoderiaencontraropotentado.
—Obrigado,Mac.EsperoencontrarprimeiroSebastianepartedoseupessoal.
EnquantoatravessavaoExé rcitodaUnidade,Rayfordencontroumaisemaissoldadosque
deveriamteraprendidoafutilidadedetentaratacaroinimigoforadePetra.Olhavamparaele,
levantavamasarmasedepoisprosseguiamexaustos.
Em breve houve, poré m, um novo desenvolvimento. Ordens foram dadas pelos
comandantes de que todo o pessoal no monte deveria dar meia-volta e desobstruir a á rea.
Alguns resmungaram, mas a maioria pareceu aliviada. — Bem na hora — Rayford ouviu um
delesdizer.
A medida que os milhares de cavalos e cavaleiros desimpediam a á rea, o restante do
Exé rcitodaUnidadeparouaopé domonte.Umaclareiradecercade150metrosfoiabertano
meio deles e Mac disse a Rayford que aquele era o caminho que Carpathia e seu pessoal iriam
usar.
— Parece que estã o planejando dirigir pessoalmente esta operaçã o — a irmou Mac — e
issovaiacontecernomomentoemqueeletomeseulugaràfrentedatropa.
— Os cavalos deles nã o terã o mais facilidade do que os outros nesta ladeira — disse
Rayford.
— Eles vã o dispensar os cavalos, penso eu. O pró prio Nick está no grande Humvee, mas
eles possuem també m Hummers menores, SUVs e transportes blindados de pessoal. Uh-oh, há
maisumacoisa.Lançadoresdegranadasemísseisestãochegando.
— O que quer dizer esse uh-oh? Por que esses equipamentos produziriam melhores
resultadosaquidoqueasbombas?
—Bomponto.Sóestoudizendo...
Rayford encontrou uma Hummer levando Sebastian, Weser e Razor. Ela nã o teve
di iculdade em subir, especialmente agora que o Exé rcito da Unidade abandonara a á rea.
Rayfordparouaoladodomotoristaedesligouomotor.
Sebastianabaixouovidro.
—Quetalestaconfusão?—perguntou.
—Vocêsabequeestámostrandoaoinimigocomolidarcomoterreno.
— Será entã o culpa minha se alcançarem o topo e matarem todo mundo, provando que
todasasprofeciasestavamerradas?
— Vou responsabilizá -lo — disse Rayford. — Quer divertir-se um pouco? Siga-me. Vou
instalar-meportrásdocentrodecomandomóveldeCarpathiaeacompanhá-los.
Sebastiansuspirou.
—Estoupropenso.Dêumaordemeentãonãotereiescolha.
—Qualasuamelhoravaliaçãodoquedeveriaestarfazendo,George?
SebastianolhouparaWesereRazoredepoisnovamenteparaRayford.
—Oqueestoufazendoagora.Querolevartodoomeupessoallá paracimaeparadentro,
para que tenham a melhor visã o do que vem em seguida. Nã o posso abandoná -los neste
momento.
—Éissoentãoquedevefazer.—RayfordbateunatampadaHummer.—Continue.
Abdullah voltara à sua moto, seguindo barulhentamente seu caminho entre dezenas de
milhares de pessoas. Ele supervisionou e aconselhou anciã os enquanto estes dirigiam os
subpastoresechefesdegrupoparalevarmilhõ esdepessoasaosseuslugares.Atarefaeralenta,
masestavatendoêxito.
Abdullahhaviaexaminadoumaá reaanordesteedecidiuqueChaimeosanciã osdeviam
icar ali quando todos os demais estivessem em seus lugares. Pelo menos 80% da populaçã o
poderia ver Chaim dali. No caso de ele ter algumas ú ltimas palavras para os cidadã os, havia
acessoaosistemadealto-falantespúblico.
—Mas,esperoquetodaaatençãoestejanocéuaessaaltura—eledisse.
ChaimnãopodiaesconderdeEleazarsuaapreensão.
—Oquefoi?—perguntouoanciãomaisjovem.
—Faltadefé—respondeuChaim.
— Claro que nã o. Nã o você . O Senhor nos trouxe até muito longe, mostrou-nos coisas
demais.PodehaveralgumadúvidadequeElevaiaparecereresgatar-nosnahoramarcada?
— Mas, qual é essa hora, irmã o? O pessoal de Chang avisou que o Exé rcito da Unidade
desobstruiuaencostaocidentalparaumaarmadacujocomandanteseráopróprioCarpathia.
—Tantomaisrazã oparacrerqueoMessiasvirá embreve.Elenã ovainosenganar,nã o
quebrará assuaspromessas.Oanticristonã opodeprevalecerequantomaispertochegar,tanto
maiscedoseremoslibertados.
—Creionisso,Eleazar.
—Éclaroquesim.Oqueoatormentaentão?
—Coisasquenãoforamditas,
—PeloSr.?—disseoanciãoTibériocomumapiscadela.
—Édifícilimaginarisso.
— Eu queria explicar as iguras do Glorioso Aparecimento. Tsion e eu passamos tanto
tempo insistindo numa abordagem literal das Escrituras que temo ter negligenciado parte das
referênciasclaramentesimbólicasnaspassagensdoGloriosoAparecimento.
—Epossı́velqueaindahajatempo—disseEleazar—mas,porquenã odiscutimosissolá
fora?OMessiaspodechegarantesqueoSr.fale!
—Devoprepararnotas.
—Quer icaraquiescrevendoquandoacontecer?Leveconsigosuacanetaepapel,Chaim,
masvamos,porfavor.
Enoque escondera o carro durante meses a alguns quarteirõ es da casa onde ocupava o
porã o.Elenuncaligavaasluzesdecimaeasjanelasdoporã oestavamfechadascomtá buas.Os
vizinhosdePalosHillsnuncaoviamà luzdodiaporqueseriaincapazdeesconderofatodenã o
usaramarcadelealdadedopotentado.Costumavaesgueirar-separadentroeparaforadacasa
aparentementeabandonadanashorastranqüilasdamanhã.
Agora, poré m, estava ali no quintal murado, ouvindo os vizinhos interrogando-se entre si,
discutindo os fenô m enos astronô m icos em tons assustados. O que pensariam de estranhos
invadindo, reunindo-se em seu quintal? Teriam o trabalho de veri icar e ver que ele e seus
amigos eram renegados, fugitivos, fora-da-lei? Haveria tempo para que os vizinhos os
matassem?
Desde que os vizinhos tiveram de supor que sua casa era desabitada, nada despertaria
suspeitasnoescuro.Porqueteriamdesuporalgumacoisasobreeleouseupovo?
Ah!,pensou,issoéingênuo.Oqueestaríamosfazendotodosjuntosaqui?
Mactinhaumavisã oclaradaú ltimamanobradoExé rcitodaUnidadeetevedeadmirara
estraté giadaliderança.Algué msabiacomoresolverumproblema.QuerfosseCarpathiaouum
de seus asseclas, o plano estava dando certo. Os milhares da linha de frente que haviam
começado a invadir a encosta ocidental acharam a subida impossı́vel e haviam seguido para o
sul, depois para o oeste e inalmente de volta ao nordeste, começando a se reintegrar nas
fileiras.
Enquanto isso, um corredor de 400 metros de comprimento e 15 metros de largura se
abrira diante da unidade privada de Carpathia — tendo també m 45 metros por trá s dele.
Carpathiaeseupessoalestavamsendotransferidosparaumtransportemó vel.Umcomboiode
dezveículosfoimanobradoemposição,seguidopordoisoutrosdearmamentospesados.SeMac
tivessedeadivinhar,elediriaqueCarpathiache iariaoataque,comasmuniçõ eslogoatrá sdele
eorestantedoexército—comexceçãodoscavaleiros—fechariaaretaguarda.
De onde Mac se achava, era ó bvio que sob outras circunstâ ncias Petra nã o resistiria.
Estavamdesarmadoseemnú m erotrê souquatrovezesmenoremrelaçã oaapenasumterço
do total das forças de Carpathia. Os veı́c ulos do Exé rcito da Unidade teriam condiçã o de
atravessar facilmente o terreno e a linha de frente desta nova unidade poderia estar do outro
ladodosmurosdePetraemmenosdemeiahora.
MacligouparaChang.
—VocêaindaconsegueinterferirnascomunicaçõesdeCarpathia?
— Quase. Posso entrar em contato com todos menos com ele, mas tenho um
decodificadorrápidoemoperaçãoeachoquenãovaidemorar.
—Mandeparamim,logoquepossível,estábem?
—Voumandar.Rayfordtambémquer.
—Certo.
Rayfordaguardounabasedomonte,diantedoExé rcitodaunidadecercadedezgrausao
suldaaberturadeixadaparaaunidadedeCarpathia.Rayfordfoivirtualmenteignoradoporqueo
restante das tropas notara rapidamente a presença do VIP em seu meio. Todos os olhos se
fixaramemNicolae.
O plano de Rayford era acompanhar Carpathia quando ele passasse, esperando nã o atrair
atençã o. Isso seria absoluta loucura, com exceçã o do que já sucedera. O Exé rcito da Unidade
parecia ter inalmente admitido nã o possuir poder sobre a cidadela apesar da diminuta defesa.
PorqueelespensavamterumaoraçãodentrodaprópriaPetra,apesardesuahistóriainfrutífera
contraopovodeDeus,eraummistério.OegodeCarpathianãoconhecialimites.
Os receios de Enoque provaram ser infundados. O seu pessoal foi su icientemente astuto
parasurgirsemruídoemgruposdedoisoutrês,eencontrarocaminhoparaoquintalsematrair
atençã o. Os vizinhos acabaram indo para as suas casas e Enoque permaneceu no quintal com
maisde40doscemmembrosquesehaviamjuntadoaelenoshoppingnaquelamanhã.
Ficaram em volta da cadeira dele e sentaram na grama. Ningué m parecia cansar-se de
observaracruzqueadornavaohorizonte.
— Vem, Senhor Jesus — vá rios deles sussurraram e outros repetiram: — Vem, Senhor.
Vemdepressa.
—Tudoquevaiacontecerseráali,certo,pastor?—disseumjovem.
—Ali?
— Na Terra Santa. O Sr. disse que Jesus lutaria primeiro pelos judeus de Petra e depois
salvariaJerusalém.ComovamossaberqueEleveio?
— Olhe — sussurrou Enoque — a Bı́blia diz que o mundo inteiro saberá quando Ele vier.
Apocalipse 1.6 diz: "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá , até quantos o
traspassaram".
—ComoElevaifazerisso?ATerraSantaficadooutroladodomundo.
—Vocênãoachaqueelesestãovendooquenósvemosagora?
— Penso que sim, mas quando a lua aparece, as pessoas daquele lado enxergam o outro
lado,nãoé?
—Podemestarvendoooutroladodestacruz.Nãotemosidéiadoseutamanho.
—Ousehámaisdeuma—comentoualguém.
—Oquedisse?—perguntouEnoque.
—Deuspodefazeroquequiser,nãoé?
-É.
—Elepoderiacolocardezcruzesnocéuparatercertezadequetodosveriamuma.
—Mas,sóháumJesus.
—Seidisso.Ele,poré m,podeaparecerondequiser,aomesmotempo.Foiumsó homem,
masmorreuportodos,podeentãoaparecerparatodos.
—Agoravocêtemrazão—disseEnoque.
—SeráqueElevaimatarumaporçãodegenteaqui,comofezlá?
— Temo que sim. Se estiverem trabalhando para o anticristo, estarã o em sé rias
dificuldades.
—Rayford,vocêdeviaveristodeondeestou—Macdisse.
—Achoquegostodolugaremquemeacho—respondeuRayford.
—Elindo.Acidadedepedrasvermelhasestá iluminadapelacruzlá doaltoesintocomo
seestivessenumdaquelesdirigı́veisquecostumavampairarsobreosestá diosdefutebolà noite.
Quasetodosjá seinstalaramnoaltodePetra.Opessoaldafrenteestá sentado,paraqueosque
estã oempé atrá sdelespossamver.Amaioriapoderá enxergaroExé rcitodaUnidadeatacando
eoSenhorvoltando.EsperoqueElecheguelogo.
—Imaginoquechegaránahoracerta,nãoacha?
—Acho.PossoverChaimeosanciã osseencaminhandoparaumlugarondequasetodos
possamvê-los.Ficoimaginandosealguémestámorrendodemedolánabeirada.
—Euestariaejásobreviviamuitacoisa.
— Eu també m, Ray. Penso que faz parte da natureza humana sentir que está desa iando
demaisodestino.Olhe,parecequeChaimestá falandocomeles.VouverseChangpodeentrar
emcontatoconosco—oh!eleestábemàfrentedenós.Ei-loaqui.Falocomvocêmaistarde.
— ...e irmã s no Messias — Chaim estava dizendo. — Reunimo-nos neste lugar histó rico,
nestasantacidadederefú gioprovidapeloSenhorDeus.Encontramo-nosnoprecipı́c iodetodos
os tempos com a sombra da Histó ria por trá s de nó s e a eternidade à nossa frente, colocando
todanossaféeconfiançanarochasólidadabondade,forçaemajestadedenossoSalvador.
— Possa o Senhor aparecer enquanto falo. Oh, a gló ria desse momento! Aqui estamos,
itando os cé us onde o sinal prometido pelo Filho do Homem brilha diante de nó s, trovejando
atravésdaserasaverdadedequeasuamortenacruznospurificadetodopecado.
— Nos pró ximos minutos, você s talvez vejam o inimigo de Deus avançando para esta
cidade forti icada. Digo-lhes com toda a con iança que o Pai colocou em minha alma, nã o
temam,poisasuasalvaçãoestáperto.
— Muitos perguntaram o que vai acontecer quando o anticristo vier contra o povo
escolhido de Deus e o Filho interferir. A Bı́blia diz que ele irá matar nosso inimigo com uma
armaquesaidesuaboca.Apocalipse1.16achamade"espadadedoisgumes".Apocalipse2.16
menciona que Ele diz "Venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha
boca". Apocalipse 19.15 a irma que "Sai de sua boca uma espada a iada, para com ela ferir as
naçõ es". E Apocalipse 19.21 ensina que os inimigos "foram mortos com a espada que saı́a da
bocadaquelequeestavamontadonocavalo".
—Queroagoraesclarecer.Nã ocreioqueoFilhodeDeusvá sentar-seemseucavalonas
nuvenscomumaespadagigantescasaindodesuaboca.Elenã ovaisacudiracabeçaemataros
milhares de tropas de Armagedom com ela. Esta é claramente uma referê ncia simbó lica, e se
vocêestudaaBíblia,sabeoquesignificaumaespadaagudadedoisgumes.
— Hebreus 4.12 diz que a Palavra de Deus "é viva, e e icaz, e mais cortante do que
qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espı́rito, juntas e
medulas,eéaptaparadiscernirospensamentosepropósitosdocoração".
QualvaiseraarmaqueoSenhoreMessiasusaráparavencerabatalhaemataroinimigo?
A pró pria Palavra de Deus! Embora a referê ncia à espada possa ser simbó lica, acredito que a
descriçã odoresultadoé literal.APalavradeDeusé agudaepoderosaosu icienteparaaniquilar
oinimigo,destruindo-oporcompleto.
Rayfordsentiuavibraçã odaexpectativa.Elevoltou-separaolharPetraquandoosvivase
aplausos abafaram a voz de Chaim, que aparentemente tinha terminado. A emoçã o sufocou
Rayford enquanto apreciava a cena. Em redor do topo da cidade forti icada, encontrava-se o
remanescente do povo de Deus, lentamente virando-se de costas para Chaim, a im de olhar
paraocéuedepoisparaoinimigoabaixodeles.
Daqueladistâ ncianã opassavamdemanchas,mashaviatantosqueRayfordpodiaverque
estavam levantando as mã os e apertando-as. Ouviu suas vozes cantando em conjunto as
melodias de hinos, fracas a princı́pio, mas crescendo depois em volume. Primeiro cantaram:
"CantooGrandePoderdeDeus",emomentosdepois:"CasteloForteéonossoDeus".
Quando iniciaram o "Aleluia", Rayford desejou icar em pé e acompanhá -los. Quando as
verdades ecoaram pela encosta da montanha -"Gló ria Pra Sempre" — ele comoveu-se até o
fundodesuaalma.
Naquele momento, Chang aparentemente decifrou o có digo da audiotransmissã o do
potentado e ela surgiu estalando no fone de ouvido da orelha esquerda de Rayford. Ele estava
entãoouvindoaomesmotempoosmagníficosaleluiasemumouvidoeoanticristonooutro.
Nicolaenãoestavafeliz.
— Vamos avançar! Os loucos estã o cantando! — Ele blasfemou vá rias vezes. — Cantam
emfacedaprópriamorte!
A caravana começou a mover-se, a cruz acima dela fazia saltar ondas de luz da poeira
levantadapeloscarros.
— Desloquem-se ao ponto mais alto e mais pró ximo — ordenou Nicolae — com as
muniçõ es por trá s onde o â ngulo é ideal. Vou icar em pé no teto do veı́c ulo para que todos
possamver-me:minhastropasserãoinspiradaseoinimigoconheceráoautordasuaruína.
A mençã o do destino de Carpathia, Rayford olhou novamente para a encosta onde
centenasdemilharessebalançavamritmadamenteecantavam,olhandoparabaixo.Aimensa
cruz brilhava sobre todo o monte, como se indicando ao inimigo justamente o lugar em que
Deusdesejavaqueficasse.
Rayfordimaginousealgué memPetratinhaaindadú vidas.Ficousatisfeitoempensarque
ele mesmo nã o tinha nenhuma. Caminhara muito. Seu orgulho e preguiça custaram a vida de
sua esposa e ilho no Arrebatamento. Ele se sentira responsá vel pelo fato de sua ilha ter
compartilhadosuavisãoerradasobreopovodaféeseguidoseuexemplo,ignorandoaDeus.
Emborafosseimensamentegratopelasuasalvaçã oeadeChloe,saberqueelaeomarido
forammartirizadoserasimplesmenteopontocrucialdatragé diaresultantedeeleterdeixado
deladoaverdadenoprincı́pio.Tantosamigoseentesqueridoshaviamsofridonosú ltimossete
anos. Novos amigos, velhos amigos, uma nova esposa, mentores espirituais, compatriotas
queridoshaviamsidoferidos,mortos,torturadospelasuafé.
Deus,poré m,semostrara ielà suaPalavra.Cadaprofeciaforacumprida.Emboraalguns
ainda perguntassem a razã o da demora do Senhor e se havia qualquer sentido ou ló gica em
permitir que o anticristo chegasse à s fronteiras da cidade de refú gio, Rayford simplesmente
con iava.Deustinhaosseusplanos,seuscaminhos,suaestraté gia.Só quandodeixaradeduvidar
de Deus, é que Rayford conseguira compreender os caminhos confusos e algumas vezes
inescrutáveisdele—queasEscriturasdiziamnãoserem"osnossoscaminhos".
Algumas coisas continuavam sem sentido e muitas outras nã o icariam claras, ele sabia,
atéquevisseJesusfaceaface.
Odes iledomalpassouapoucosmetrosdeRayford.EleligouomotordaATVesejuntou
aeles,doisveı́c ulosatrá sdodeCarpathia,masà frentedosruidosostransportesdearmas.Um
general tentou afastá -lo, Rayford sorriu e acenou de volta. O general pegou a arma de um
ajudanteefezmirapelajanela.Rayfordpiscouparaeleeohomemabriufogo.
O general empalideceu ao ver os projé teis disparados a queima-roupa como que
atravessaremRayford.
— Nada de tiros! — gritou Carpathia. — Ignorem qualquer inimigo fora dos muros da
cidade!
Abdullah estudou sua có pia da lista de localizaçã o e escolheu vagarosamente o caminho
pelaspassagensestreitasemovimentadas,até encontrarolocalemqueamulherdeSebastian,
Priscilla, deveria estar com a ilha, Beth Ann, e o neto de Rayford, Kenny Bruce. Uma vez ali,
tevedeperguntaraváriaspessoas,masfinalmenteencontrou-os.
Beth Ann estava perto de Priscilla, segurando a mã o dela e com o braço livre Priscilla
seguravaKennyadormecidoemseuombro.
—Deixequeeuolevo—disseAbdullah.
—Oh!obrigada,Sr.Smith.Eleestáficandotãopesado.
—Venhacá ,meninã o—disseAbdullah,tomando-onosbraços.Elecolocougentilmentea
cabeça de Kenny em seu ombro e começou a embalá -lo, mas quando Abdullah tentou
acompanharbaixinhooscânticos,omeninoacordou.
—TioAbdullah—eledisse.
—Oi,Kenny.
—Jesusestávindo—falouomenino.
—Temrazão,companheiro.Elevemmesmo.
CAPÍTULO11
Finalmente, nã o havia mais nada que Chang pudesse fazer. Ele e Zeke estavam
aparentemente na mesma situaçã o. Talvez eles tivessem de encontrar uma nova pro issã o ou
ficardesempregadosduranteospróximosmilanosdoreinadodeJesusnaterra.
Changsabiaondetodosestavam,conheciaalocalizaçãodecadaum.
Abdullahvoltaraaorebanho.
Chaimeosanciãosseachavamcomopovo,esperandoevigiando.
HannaheLeahhaviamfechadoaenfermariaeestavamlá fora,assimcomoLioneleMing
—aCooperativafinalmenteàsescuras.
Mac estava no ar e Rayford no chã o. Sebastian, Otto, Razor e Ree deveriam entrar em
Petra naquele exato momento, juntando-se ao seu povo e para insistir com o restante dos
soldadosrebeldesparafazeremomesmo.
ChangretransmitiuparaMaceRayfordasnotı́c iasdoinimigo,usandoumfonedeouvido
paramanter-seinformado.
Em seguida, inclinou-se para trá s na cadeira e suspirou, depois levantou-se depressa.
EstavanahoradeencontrarNaomieircomelaparafora,ondeeraolugardeles.
—Vaitirarorestododiadefolga?—eladisse,dandoamãoparaeleaoseencontrarem.
—Orestodeminhavida—respondeuChang.
Mac icouobservandooveı́c ulodeSebastianeascentenasderebeldesremanescentesque
oseguiamatéPetra.
— Parece que estã o todos a salvo, Ray — informou ele. — Todo mundo está em casa
agora,menosvocêeeu.
— Gostaria de estar com Kenny neste momento — disse Rayford. — Priss disse que ele
perguntoupelopaietudoqueelapôdepensaremdizeréqueoveriamamanhã.
—Boaidéia.Olhe,Ray,ovelhoNicknãodeixounadaaoacaso.
—Porquê?
—Elefezcomqueorestodastropasseespalhassepararodearacidade.
—Nãoouviessaordem,Mac.
—Deveseralgumacoisaqueeledecidiuantesquepudéssemosescutá-lo.
— As tropas montadas devem estar atrapalhando. Sem mencionar todas as crateras de
meteoros.
— Algumas das trilhas deste lado sã o viá veis. Lembre-se de que eles usavam jumentos
paralevarosturistas.
—Reúnamosaviões—RayfordouviuavozdeCarpathia.
—Oqueeleestáfazendo,Mac?
—Vouverificar,masparecequeestáreunindotudoquetemnestaregião.
—Umterçodototal,comoaBíbliadiz.
—Elenãopodelivrar-sedasprofecias,nãoé,Ray?
EnquantoRayfordseguiaparaPetra,acompanhandoaprocissã omaligna,ouviuozumbido
dejatos.
—Bombardeiros?
—Nã o—Macdisse.—Sã oaviõ esdecombate,masnã obombardeiros.Achoquesabem
que nã o adianta. Terã o de aprender da maneira mais difı́c il que as armas també m nã o
funcionamaqui.
Quando o Humvee de Carpathia chegou ao ú ltimo trecho ı́ngreme, estava quase
apontandoparaocéu.
—Encontreumlugar—disseeleaomotorista—ondeeupossa icarempé notetoever
todasasminhastropasdesteladoetambémobservaroinimigo.
—Creioqueestamosquaselá,Excelência.
Rayforddeixouaformaçã oeandoucercade18metrosaté quepudesseenxergarbemos
arredores.Desligouentã oomotorepassouapernaesquerdapeloassento,usandoaATVcomo
banco.
—Ataque,seucovarde—sussurrouele,esperandoqueissotrouxesseJesusdocéu.Sim, eu
sei,elevaichegarnotempodele.
—Quetalaqui,SuaAlteza?
RayfordouviuorangidodocourodaroupadeCarpathia,enquantoelesemoviadeumlado
paraoutro.
—Perfeito.
Um soldado abriu a porta do carro de Carpathia e os generais també m abriram
simultaneamente as portas dos carros deles, saindo dos veı́c ulos. Um general segurou a porta
para Carpathia e ofereceu-lhe a mã o, a im de ajudar o potentado a subir na capota. Nicolae,
poré m, ignorou-o. Saltou para a frente do carro e alcançou o teto. O veı́c ulo se achava num
â ngulo tal que ele começou a escorregar. Equilibrou-se, poré m, tirou ruidosamente a espada e
levantou-aacimadacabeça.
—Luzes!
Ofaroldeumjipeiluminou-ocomumjatodeluzforteeostentoso,lançandoumasombra
detrêsmetrossobreasrochasatrásdele.
— Leais soldados do Exé rcito da Unidade da Comunidade Mundial, observem seu
comandante-em-chefe!
OscânticosnointeriordePetracessarameopovosepôsaolharparaele.
—Você stê moprivilé giodefazerpartedamaiorforçamilitarjá reunidanafacedaterra!
Serã o enaltecidos eternamente pela vitó ria que estamos prestes a obter. O plano é
perfeitamenteseguro,nossosrecursosilimitados,seulı́deré divino.Umavezqueesmaguemosa
resistê ncia aqui, você s ocuparã o a cidade e tirarã o proveito dos despojos enquanto vou sitiar
Jerusalém.
—SerealmentehouverumDeusdeAbraã o,IsaqueeJacó , eseeletemverdadeiramente
umFilhodignodeenfrentar-meemcombate,també modestruirei!Quandomeinformaremde
que todos os elementos estã o em seu lugar, preparem-se para avançar sobre Petra quando
receberemminhasordens.Nã odeixemviverhomem,mulheroucriança.Avitó riaé minha,diz
seusenhorvivoereiressurreto!
Da parte de trá s do veı́c ulo de Carpathia surgiu Leon Fortunato aos tropeçõ es, ainda em
sua ridı́c ula vestimenta. Ele falhou na primeira vez em que tentou subir na capota e depois,
levantando inalmente as vestes, conseguiu subir. Quando pisou desajeitadamente no limpador
depára-brisa,pisoutambémnabarradeseumantoetevederecuar,fazendonovatentativa.
Ao chegar depois de muito esforço ao teto, Leon tirou do manto um pequeno frasco e
começouaaspergiroseuconteúdoemvolta.
— Louvado seja o senhor ressurreto — entoou ele, e pô s-se a cantar. — Ave Carpathia,
nossosenhorereiressurreto.
—Leon,oquevocêestáfazendo?—perguntouCarpathia.
—Dirigindoaassembléiaemadoração,Alteza.
—Istoéumabatalha,homem!Quedesperdíciodeáguasanta!
Leon inclinou-se e pediu desculpas, desceu entã o ruidosamente da capota e escorregou
paraochão.
—Oh!—disseele—quaseesqueci.Deveriadizer-lhequetodosestã oemsuasposiçõ ese
preparados.
—Entrenocarro,Leon.
—Comsuapermissão,Excelência.
NomomentoemqueaportadeLeonfechou-se,Carpathiabateuduasvezescomviolência
noteto.Nadaaconteceu.Elebateumaisduasvezes.Aindanada.
—Vamos!—gritouele.—Vamos!
—QuerquedirijacomoSr.aı́ emcima,potentado?—perguntouomotorista.—Pensei
quedeviaficar...
—Ande!Agora!
O homem acelerou o carro e enquanto subia virtualmente o muro, Carpathia teve de
esforçar-seaomáximoparamanteroequilíbrio.
—Ataquem—berrouele.—Ataquem!Ataquem!Ataquem!
RayfordviuoveículodeCarpathiasaltareosaviõesdareminícioaotiroteio.Tantoquanto
Rayford pô de ver, o Exé rcito da Unidade avançava, enquanto o remanescente, espiando por
sobreomuro,permaneciaemsilêncio,demãosdadas.
O som do cerco era ensurdecedor. Jatos, jipes, carros, caminhõ es, motos, transportes,
armamentos, muniçõ es, disparos de ri les, tiros de metralhadoras, canhõ es, granadas, foguetes
— tudo o que se possa pensar. Mas, quando a cruz panorâ mica desapareceu do cé u, o mundo
icounovamenteà sescuras.IssolembrouRayforddoqueouvirasobreaescuridã oquedescera
sobre a Nova Babilô nia. O ú nico som era o barulho de armas que nã o atiravam. Nada produzia
luz.Nemfaróis.Fósforosouisqueirosnãoacendiam.
— Luz! — guinchou Carpathia. Mas a negritude cobria tudo. — Fogo! — gritou furioso.
Nadaainda.—Peguemosinfiéiscomamão!
Ossoldados,entretanto,nã oviamnadaenã opodiamsaberseasuavı́t imaeraamigoou
inimigo. Os estalidos diminuı́ram e depois cessaram. Tudo que Rayford ouvia eram gritos
frustradoseorelinchardemilharesdecavalosaguardandoláembaixo.
Derepente,comoseDeustivesseligadouminterruptornocéu—aluz.
Aquela nã o era, poré m, a palavra certa para o que se via. Nã o era uma luz do alto que
lançasse sombras. Era um brilho que invadia cada brecha e fenda. Rayford teve de proteger os
olhos,masnãoadiantou,aluzvinhadetodaparte.
Elaexpô socaosquereinavanoExé rcitodaUnidade.Nasplanı́c ies,oscavalosempinavam
e recuavam, relinchando e derrubando os cavaleiros. Nas encostas que levavam a Petra, os
soldados examinavam armas que nã o funcionavam. Na orla da cidade, Carpathia apareceu em
cimadeseuveículoparticular,comaespadanacintura,observadopelossantosqueseachavam
ladoalado.
—Vocêspodemvê-losagora!Avancem!Ataquem!Matem-nos!
Enquantoseussoldadospetri icados,letá rgicos,voltaram-selentamenteparaotrabalhoa
fazer, a cobertura de nuvens multicolorida e brilhante enrolou-se como um pergaminho, de
horizonteahorizonte.Rayfordviu-seajoelhadonochão,comasmãoseacabeçalevantadas.
Océuseabriueali,numcavalobranco,apareceuJesus,oCristo,oFilhodoDeusvivo!
Rayford nã o sabia explicar como podia ver seu Salvador tã o claramente. Era como se
estivesseacentı́m etrosdeleetinhacertezadequeessadeveriaseraexperiê nciadetodosem
todaparte.
OsolhosdeJesusbrilhavamdeconvicçã ocomoumachamadefogo,eeleergueuacabeça
majestosa. Um manto o cobria até os pé s, de um branco tã o brilhante que parecia
incandescente, e havia algo escrito nele, numa linguagem completamente desconhecida para
Rayford.Nomanto,à alturadacoxa,umnomeestavainscrito:REIDOSREISESENHORDOS
SENHORES.Nopeito,umafaixadeouro.Asuacabeçaeoscabeloserambrancoscomoaalva
lã , brancos como a neve. Os seus pé s eram semelhantes ao bronze polido, como que re inados
numafornalha.
Jesustinhanasmã osseteestrelas,eseusemblanteeracomoosolbrilhandoemtodaasua
força.
Os exé rcitos celestiais, vestidos de linho inı́ssimo, branco e puro, o seguiam, montados
sobrecavalostambémbrancos.
Umanjoapareceunaluzegritoucomgrandevoz,dizendoatodasasavesquevoampelo
meio do cé u: "Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus, para que comais carnes de reis,
carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de
todos,querlivres,querescravos,tantopequenoscomograndes"(Ap19.17-18).
"EusouoAlfaeoOmega,"disseJesus,"oPrincı́pioeoFim.Eu,aquemtemsede,dareide
graçadafontedaáguadavida"(Ap21.6).
QuandoRayfordouviupelaprimeiravezavozdeJesus,compreendeuoqueJoã oquisdizer
emApocalipse,quandoacomparouà vozdeumatrombetaeaosomdemuitasá guas.Avozo
traspassou, chegando ao seu coraçã o. Era como se nã o estivesse ouvindo com os ouvidos, mas
elasetornaravivadentrodeleesecomunicavacomasuapró priaalma.Rayfordtinhacerteza
dequetodocrentenaterraouviraJesusdamesmamaneira,bemnofundodoseuser.
Este era Aquele que é , que era e que inalmente viera: "a testemunha iel, o primogê nito
dentreosmortoseoReisobreosreisdaterra.Esteeraele,aquelequenosamouenoslavoude
nossospecadosemseusangue,enosconstituiureisesacerdotesdeseuDeusePai,aeleagló ria
eodomínioparasempre".
Depoisdessasprimeiraspalavras,dezenasdemilharesdesoldadosdoExé rcitodaUnidade
caı́ram mortos, simplesmente fulminados no lugar onde estavam, com os corpos rasgados e o
sangueempoçadoà suavolta."Souaquelequevive,estivemorto,maiseisqueestouvivopelos
séculosdosséculosetenhoaschavesdamorteedoinferno"(Ap1.18).
Ao ouvir isso, Carpathia desceu à s pressas de seu poleiro e escorregou pela janela do
passageiro.
—Recuem!Recuem!Recuem!—gritouele,masomotoristadeviaestarmorto.—Leon,
dirija!Andecomestacarcaça!—Aportadomotoristaabriu-se,eumcorpovoouparafora.Em
breve,oveículoestavadescendoomonteaossolavancosnadireçãododeserto.
"EusouoFilhodoHomem,oFilhodeDeus,oAmé m,aTestemunhaFieleVerdadeira,o
Princı́piodaCriaçã odeDeus.SouoLeã odatribodeJudá ,aRaizdeDavi,Aquelequeprevaleceu
paraabrirolivroedesatarseusseteselos."
A cada palavra, mais e mais inimigos de Deus caı́am mortos, despedaçados. Os cavalos
assustavam-se e disparavam. Os que ainda estavam vivos gritavam aterrorizados e corriam
como loucos — alguns escapando por algum tempo, outros caindo ao ouvir as palavras do
SenhoreCristo.
"Sou o Cordeiro que foi morto, mas vive. Sou o Pastor que guia suas ovelhas à s fontes de
á guaviva.SouoDeusqueenxugará todalá grimadeseusolhos.SouasuaSalvaçã oeForça.Sou
o Cristo que veio para julgar o acusador dos irmã os, que os acusou diante do nosso Deus dia e
noite,aquelequefoiexpulso."
As carcaças do Exé rcito da Unidade se estendiam por quilô m etros. Os sobreviventes,
alucinados,apavorados,corriam,tropeçavamnelasepassavamsobreelas,procurandoescapar
comvida.
"EusouaPalavradeDeus.SouJesus.SouaRaizeaGeraçã odeDavi,abrilhanteEstrela
damanhã."
Era difı́c il ajoelhar-se e olhar para cima, mas de alguma forma Enoque achou um jeito.
Todos os seus paroquianos izeram o mesmo. Ele nã o conseguia expressar seus sentimentos,
nemmesmonaquietudedeseucoraçã oesuamente.VerJesus,emsuasalvasvestes,montado
em um cavalo branco, e falando com autoridade celestial, sabendo que ele estava ao mesmo
tempodestruindooinimigonaTerraSanta...erademaisparaentender.
Enoque acreditava que Jesus amava sua alma, e vê -lo voltando nas nuvens, sabendo que
estava ali para estabelecer o seu Reino de mil anos, era algo que o completava, embora nã o
soubesse bem como. O salmista dissera que assim como a corça suspira pelas correntes das
á guas,aalmasuspiratambé mporDeus.Enoquesabiaquesuabuscaterminara.OseuSalvador
chegara.
Ele só tinha uma lembrança de que os vizinhos haviam saı́do correndo de suas casas,
cheiosdeterror,gritandoechamandounsaosoutros.Aluzoscegavaeelesseagitavampara
todososlados,algunspulavamnoscarrosesaı́amemdisparadaruaabaixo.Enoquesabiaqueas
notı́c ias no dia seguinte — se houvesse notı́c ias — informariam que milhares redençã o,
salvaçã o. Mas, exceto para aquele agora reduzido remanescente de Israel que estava vendo
pelaprimeiravezAqueleaquemtraspassaram,eratardedemais.
"Eu sou a videira, vó s, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito
fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se algué m nã o permanecer em mim, será lançado
fora,àsemelhançadoramo,esecará;eoapanham,lançamnofogoeoqueimam"(Jo15.5-6).
"Sou o Apó stolo e o Sumo Sacerdote da sua con issã o, Deus manifestado na carne,
justi icado em Espı́rito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo,
recebidonaglória"(lTm3.16).
"Sou o Filho a quem Deus constituiu herdeiro de todas as cousas, pelo qual també m fez o
universo.Ele,queé oresplendordagló riaeaexpressã oexatadoseuSer,sustentandotodasas
cousas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a puri icaçã o dos pecados, assentou-se à
direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tã o superior aos anjos quanto herdou mais
excelentenomedoqueeles"(Hb1.2-4).
Rayford viu soldados se matando ao avistar os companheiros mortos. Outros pareciam
personagensdehistó riasemquadrinhoscorrendo,usandooquepudessemencontrarparacavar
buracoseenterrar-se,tentandoesconder-sedaluzpenetranteedaspalavrasdecondenaçã ode
Cristo.
Carpathia estava falando pelo rá dio com os seus generais e comandantes no meio do seu
exé rcito, que ainda se estendia quilô m etros de Petra para o norte. — Reforços! Reforços! Nã o
poupemdespesasouequipamentos!Encontrem-seconoscoemBuseirah!
A Humvee real, com o onipresente Leon no volante, ultrapassou de muito a ATV de
Rayford até que encontrou o restante do exé rcito tentando fugir a cavalo e a pé . Cerca de
metade da caravana original seguiu a Humvee, que deixara do lado de fora de Petra os
transportesdemuniçõesinoperantes.
Rayfordcorreuatrá sdopotentadoquefugia,edeseusé quitoempâ nico,voltando-separa
veroqueestavaacontecendocomorestodoExé rcitodaUnidadequeestiverarodeandoPetra.
Tudo o que pô de enxergar durante quilô m etros foram crateras; veı́c ulos virados; nuvens de pó ;
soldados e cavalos mortos e agonizantes; seres humanos andando entorpecidos, correndo,
tropeçando.
Acima deles, grandes nuvens de aves famintas saciavam-se com a carne de homens e
animais. De maneira estranha, poré m, os bandos fervilhantes que teriam de outro modo
escondidoosolnãolançavamqualquersombranochão.AluzdeCristopenetravaemtudo.
—Comovãoascoisasaíemcima,Mac?
—Oh,Ray!Possoouvircadapalavra.EcomoseDeusestivessenacabinacomigo,olhando
diretamenteemmeusolhos.
—Entendo.
Ouça,vouparaBuseirah,porqueoquesobroudaslinhasdefrentesegueparalá .Daquido
alto,parecequeosmaioresdanosemortesaconteceramacercadeoitoquilô m etrosdePetra.
O restante da terça parte está se encaminhando para Buseirah, e mais ao norte, os outros dois
terçosestãobastanteintactoseprocurandosereagrupar.
UmadasmulheresdisseaEnoque,semtirarosolhosdocéu:ParecequeJesusestáolhando
diretamenteparamim.
—Eutambémacho—disseoutra,emaisoutra.
—Tenhamcomunhã ocomoseuSalvador—disseEnoquebaixinho,semquererinterferir
enquantoJesusfalava.Nã odeveriasurpreender,decidiu,queCristotornassesobrenaturalmente
pessoalparacadacrenteaverdadedasuavinda,comosetivessevoltadoindividualmentepara
cada um deles. Enoque ouvira certa vez um santo idoso dizer — Ele amou cada um de nó s,
comosesóhouvesseumdenósparaamar.
Jesusdisse:
"Olhai para mim, o Autor e Consumador da Fé , que em troca da alegria que me estava
proposta,suporteiacruz,nã ofazendocasodaignomı́nia,eestouassentadoà destradotronode
Deus".
"Deus agora noti ica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto
estabeleceuumdiaemquehá dejulgaromundocomjustiça,pormeiodemim,ohomemque
destinoueacreditoudiantedetodos,ressuscitando-odentreosmortos"
"Sou Jesus Cristo, o justo, vosso advogado junto ao Pai. Fui feito propiciaçã o pelos vossos
pecados, e nã o só pelos vossos, mas també m pelos do mundo inteiro. Sou o prı́ncipe da vida, a
quem Deus ressuscitou dos mortos. Sou o Verbo que se tornou carne e habitou entre vó s e
contemplastesaminhaglória,glóriacomodoprimogênitodoPai,cheiodegraçaeverdade".
"Eu,subsistindoemformadeDeus,nã ojulgueicomousurpaçã ooserigualaDeus;antes,a
mim mesmo me esvaziei, assumindo a forma de servo, tornando-me em semelhança de
homens;e,reconhecidoem igurahumana,amimmesmomehumilhei,tornando-meobediente
atéàmorteemortedecruz"(Fp2.6-8).
"Pelo que també m, Enoque, Deus me exaltou sobremaneira e me deu o nome que está
acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos cé us, na terra e
debaixodaterra,etodalı́nguaconfessequeJesusCristoé Senhor,paragló riadeDeusPai"(Fp
2.9-11).
Enoqueperdeuarespiraçã o.Sentadoali,naradiâ nciadagló riadeDeus,seuSalvadorJesus
falaradiretamentecomele,peloseunome.
—Ouviramisso?—disse,easpessoasaoseuladoquesedissolveramemlágrimas.
—Elepronunciouomeunome.
—Elefalouomeunome—afirmouumjovem.
—Elemechamoupelonome—repetiuumamulher.
—Omeutambém.
—Eomeutambém.
Rayford icou sentado em meio à carni icina que rodeava Petra, seu coraçã o quase
explodindo com o amor e adoraçã o que sentia por Jesus estar voltando diretamente para ele
entreasnuvens.
Cristoochamarapelonome,eenquantoolhavaparaele,Rayfordsentiaqueeraverdade
que cada cabelo de sua cabeça estava contado, que Jesus sabia tudo que havia para saber a
respeitodele.EracomosetivessevoltadosóparaRayford.
—Ray,éMac.
—Oquehá,Mac?
—Vocênãovaiacreditarnisto,mas...
—Eusei.
—Vocêtambém?
—Achoquetodomundo,Mac.
—Incrível.
Mesmosabendoqueofenô m enoocorreratambé mcomoutros,Rayfordansiavaporouvir
o seu nome pronunciado novamente por Jesus. Ele o fez com tamanho amor, compaixã o e
conhecimento,queeracomoseninguémjamaisotivesseditoantesouofariadepois.
"Rayford" — ali estava Jesus dizendo outra vez — "Você conhece a minha graça, que,
emborasendorico,mefizpobre,paraque,pelaminhapobrezavocêsetornasserico"(2Co8.9).
—Eusei,Senhor—disseRayford,comosolhosmarejados.
—Eusei.
"Libertei-odoimpé riodastrevaseotransporteiparaoreinodoFilhodoamordeDeus,no
qualtemaredençã o,aremissã odepecados.SouaimagemdoDeusinvisı́vel,oprimogê nitode
todaacriaçã o;pois,emmim,foramcriadastodasascousas,noscé usesobreaterra,asvisı́veis
e as invisı́veis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer Potestades. Tudo foi
criadopormeiodemimeparamim.Souantesdetodasascousas.Emmimtudosubsiste.
Souacabeçadocorpo,daIgreja.Souoprincı́pio,oprimogê nitodeentreosmortos,para
em todas as cousas ter a primazia, porque aprouve a Deus que em mim residisse toda a
plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da minha cruz, por meu intermé dio
reconciliasseconsigomesmotodasascousas,quersobreaterra,quernoscéus"(Cl1.13-20).
Rayfordcaiunovamentenochão,levantandoosbraços:
—MeuSenhoremeuDeus,soutãoindigno.
"E você , Rayford, que outrora era estranho e inimigo no entendimento pelas suas obras
malignas, agora, poré m, o reconciliei no corpo da minha carne, mediante a morte, para
apresentá-loperanteDeussanto,inculpáveleirrepreensível"(v.22).
—Indigno!Indigno!—gritouRayford.
"Justificadopelafé"—disseJesus,"justificado".
PareceuaAbdullahquetodosemPetraestavamprostrados;mas,aindaassimdealguma
forma eram capazes de ver Cristo. Quando o Salvador chamou Abdullah pelo nome, ele pô de
perceber pela reaçã o ao seu redor que Jesus chamara també m a cada um pelo nome. Melhor
ainda,JesusfalaracomAbdullahemárabe,sualínguanativa.
Kennyexclamou:
—Elemeconhece!
EBethAnnabraçouopescoçodeGeorgeegritouemvozestridente:
—Eledisseomeunome!
A partir daquele momento, Abdullah ouviu todos conversando com Jesus, como se ele
estivessefalandoasóscomcadaum.
CAPÍTULO12
MacolhouparaBozralá embaixo,amodernacidadejordanianadeBuseirah,que icaa48
kmasudestedomarMortoecercade32kmaonortedePetra.EledisseaRayford:
—Éumpovoadoremotonasmontanhaseoacessovaiserdifícil.
—EspecialmenteseDeusnãoquiserqueoExércitodaUnidadechegueláemsegurança.
—Eelenãoquer.
—Mac,ChaimnãodissequeoremanescentevaicomJesusparaJerusalém?
—Creioquesim.
—Comovamosfazerparaummilhã odepessoaspercorrer90kmemumdia?Nã otemos
veículosouaviõessuficientes.
—Achoqueesseproblemanãoénosso,Ray.
—Mas,aperguntapermanece.
—Levanteosolhos,irmã o.Levanteosolhos.Você nã ovaitentarperseguirCarpathiaaté
Jerusalémnessecarrinho,vai?
—Estivepensandonisso,Mac.
—FaleicomChangeLionel.Nã oquero icar tã o longe assim da açã o. O que você diz de
voltarmosaPetraearranjarmosumHummerparanós?
—Temosdecorrer,então.NãoqueroperderosacontecimentosemBozra.
—Vocêdirige,Ray.
—Não,quemdirigeévocê.
—VamosfalarcomAbdullah.Elegostadedirigir.Alé mdisso,achoquevai icarcontente
denosacompanhar.
Quando Rayford voltou para Petra, Mac já havia aterrissado o helicó ptero e encontrado
Abdullah.Ostrêsseabraçaram.
—Oquevocêdiriaquandoalguémfalaoqueéóbvio?—perguntouAbdullah.
— Eu diria que era declarar o ó bvio — respondeu Mac. — E isso é geralmente feito por
umjordaniano.Vocêestáprestesadeclararoóbvio,Abdullah?
—Estou,Sr.
—Digaentão.
—Esteéomaiordiadaminhavida.Eodevocês?
Chaimestavaquaseesmagadopelaspessoasqueoenchiamdeperguntas.Queriadar-lhes
todaasuaatenção,mascomofazerissocomoseuSalvadornasnuvens?
Aspessoasestavamtambé mpreocupadascomJesus,é claro,masaté quepudessemfalar
comele,faceaface,pediamrespostasaChaimenquantoolhavamparaocéu.
—Porqueossantosatrásdeleusambranco?Paraindicarsuapureza?
— Creio que sim — respondeu Chaim. — E també m porque nã o vã o estar realmente
envolvidosnaguerra.Jesusfarátudosozinhoeasbatalhas—maistrêsdepoisdesta—nãoserão
naverdadebatalhas,masgolpesmortaisunilaterais.
Rayford ansiava ver Kenny. Nã o queria, poré m, perturbar o menino por deixá -lo logo em
seguida.
Queria també m conversar com Priscilla Sebastian sobre como ela planejava cuidar das
crianças, a ilha dela e o neto dele, para que nã o vissem o horror fora dos muros. Abdullah
garantiuqueKennyestavabematé entã o—tã oenamoradodeJesusquantotodoseles—eque
Priscillatinhadefatoumplano.
O milhã o ou mais de pessoas em Petra praticamente perdera a sua formaçã o original e
andavaportodaparte,amaioriacomacabeçalevantadaparaocé u,emboradealgumaforma
seencaminhandointuitivamenteparaassaı́das.ElassabiamqueJesusirialibertá -las,nã osó do
ataquedoanticristo,masqueestariamtambé mlivrespararegressarà terranatal,suacidade,
Jerusalém,aCidadedeDeus.
—Estamoslivres?—alguémperguntouaEnoque.
— Penso que sim — ele disse. — O Senhor de modo algum permitirá que as forças do
anticristonosmatempornã oteramarcadalealdade,agoraqueeleestá aquievaigovernaras
nações.Atémesmoanossa.
—ComoDeusfaráissoládecima?
—Nãotenhoidéia.Mas,depoisdehoje,vousimplesmentecrernisso.Vocênãovai?
—OreinadodeJesussobreasnaçõesestánaBíblia?
— Está . Apocalipse 12.5 diz: "Nasceu-lhe, pois, um ilho varã o, que há de reger todas as
naçõ escomcetrodeferro.Eoseu ilhofoiarrebatadoparaDeusaté aoseutrono".Esseé Jesus
eeleestá aquiagora.Essecetrodeferroindicaqueelenã ovaiaceitarnadaerradodeningué m,
nãoé?
—Ouviisso.
—Pensoentãoqueestamoslivresparanosmovimentarsemmedo—disseEnoque.
—Vouficarcommedoporalgumtempo,masissomeparecerealmentebom.
O ú nico lado negativo de Abdullah dirigir o Hummer era que Rayford teria de negociar
comMacoprivilé giodeviajarderepente.Issoofezlembrardosdiasdefaculdade,quandoseus
colegas competiam para ocupar o assento favorito, à s vezes 24 horas antes de uma viagem.
Lembrou-seigualmentedecomoestavalongedesercristã onaquelaé poca.Sealgué mtivesse
preditoondeeleestariatrintaanosmaistarde,epintadoestacena,Rayfordteriacomcerteza
ridocomdesdém.
O Hummer apertado e compacto abriu caminho para fora da cidade sob o controle
cuidadoso de Abdullah. Dezenas de milhares de peregrinos enchiam as ruas e as escadas de
pedra, andando de braços dados, de mã os dadas, cantando, orando, louvando a Deus, e olhando
Jesusnocéu.
—Oêxododevetersidoassim—comentouAbdullah.Macriualto.
—Vocêsabe—acrescentouAbdullah.—Ooriginal.OsfilhosdeIsraelsaindodoEgito.
—Seioqueé oê xodo,Abdullah!—Macdisse.—Você achaqueaquelepovoestavafeliz
então?
—Bem,não,achoquenão.Eelesteriamfilhoscommaisdeseteanos,nãoé?
Ao saı́rem inalmente de Petra, Rayford icou impressionado ao ver como Abdullah
conseguia encontrar trechos onde correr a mais de 90 km por hora. Na maior parte do tempo,
eletinhadeprecaver-secontraaspedras,sulcosecraterasdosmeteoritosedesviar-setambém
lentamentedoscadáveresdecavalosesoldados.
Abdullaheraclaramenteumhomemcomumobjetivoemvista,desejandochegaraBozra
logo depois de Carpathia. Rayford vira també m onde o comboio do potentado encalhara, e
achavaqueAbdullahatépodiaalcançaracidadeprimeirodoqueele.
Cerca de 60 km de Petra, voando adiante de uma enorme nuvem de poeira, os trê s
abaixaramasjanelaseolharamparaasnuvensquandoJesuscomeçounovamenteafalar.
"Reunirei certamente todos você s, ó Jacó , reunirei todo o remanescente de Israel; irei
colocá -loscomoovelhasnoredil,comoumrebanhoemsuapastagem;oruı́doserá grandepor
tratar-sedetantagente".
"Eu sou aquele que abre e você s me verã o. Vã o deixar a cidade de refú gio, passarã o pela
portaesairã oporela.Eu,seuRei,passarei antes de você s. Eu, o Senhor, estarei à sua frente".
[TraduçãoLivre]
—ElevailevaropovoaBozra—Abdullahdisse.
—Dizendooó bvionovamente,Abdullah—comentouMac.Dentrodepoucosminutos,no
entanto,RayfordeosoutroscompreenderamoplanodeJesus.
— Vejam o que está atrá s de nó s — disse Abdullah. Eles se encontravam num trecho
especialmente lento, procurando caminho entre vá rios obstá culos, embora uma grande nuvem
depoeiraaindaosacompanhasse.
—Oqueéisso?—Macperguntou.
—Nã otenhoidé ia—replicouRayford,estudandoasituaçã oe icandoalarmado.Algose
aproximava.Eraenormeeassustador.
Algunssegundosmaistarde,Abdullahencontrouumtrechomelhoreacelerou.Embreve,
corriam a mais de 100 km por hora. A grande bola de pó mesmo assim os apanhou e os trê s
fecharamdepressaasjanelas.OchãotremeueoventosacudiuoHummer.
—Sãopessoas!—gritouRayfordporcimadoalarido.—Éoremanescente!
—Estã oseguindooSenhor!—disseMac.—Estã ocorrendomaisdepressadoqueonosso
carro!
—Vejam!Estãotodossorrindo,rindo,cantando!Atéascriancinhas!
—Nãotínhamosnecessidadedocarro!—disseAbdullah.
—Vocêestáafirmandooóbvio!—gritouMac,rindo.
Fora Hannah Palemoon quem sugerira que o Comando Tribulaçã o se esforçasse para
permanecer junto na viagem a Bozra. Ela temia que a saı́da de Petra e a reuniã o com tantos
entesqueridospudessemfazercomquenuncamaissejuntassemdamesmamaneira.Ningué m
sabia quanto tempo a jornada iria durar e ela previa a possibilidade de um dia muito longo. Ao
seu redor, todos faziam perguntas sobre como chegar a Jerusalé m, já que Bozra estava bem
distante—naverdadelongedemaisparairatéláapé.
Elanãoseimportava.Ocomeçofoidivertidoetodossesentiamimensamenteabençoados
echeiosdegratidã o,olhandoparaJesuserecebendoseuolhardevolta,diretamenteparacada
um. Leah estava lá e os Sebastian com sua ilha e Kenny. Por se acharem no meio do imenso
ajuntamento,ascriançasforampoupadasdacenatrágicaquerestaranodeserto.Eelas,detodo
jeito,pareciampreocupadascomJesus.Razor,Lionel,ChangeNaomi,ZekeeosWooestavam
todosali.
Hannah nã o sabia quem tivera primeiro a idé ia de caminhar mais depressa, mas
repentinamente um grupo rindo e sorrindo os empurrava. Eles andaram o mais depressa
possı́vel, depois começaram a correr devagar, em seguida compassado e por im se puseram a
correr a toda velocidade. Hannah sentia-se leve como o ar e embora nã o estivesse realmente
acimadochã o,asensaçã oeraessa.Cadapassoafaziaavançarmaisemaiseembrevecorria
comonuncaantes.
Para sua surpresa, nã o se sentia ofegante. Sua força e resistê ncia permaneciam e,
portanto,aparentemente,asdosjovensedosmaisvelhos.Asuafrente,GeorgeSebastiancorria
maisdepressadoqueela,mesmocarregandoBethAnn!PriscillaoacompanhavacomKennyno
colo.
Quando o grupo alcançou e ultrapassou um Hummer veloz, Hannah soube que estavam
correndo a velocidades sobrenaturais, sobre-humanas. As crianças també m queriam ser
colocadasnochã oparapoderemcorrer.ElapassoupelosSebastiansenquantoelesdiminuı́amo
passo para abaixar as crianças, mas dentro de minutos eles a ultrapassaram outra vez; as
criançascorrendotãodepressaquantoosadultos.
Meiahoradepois,todaaquelamultidã opassavapeloHummereseaproximavadeBozra.
QuandoAbdullahparoupertodeumaentradaestreitaparaopovoadonamontanha,astropasdo
Exé rcito da Unidade haviam começado a entrar. Tinham aparê ncia de derrotados antes da
batalhacomeçar.
Oquerestaradeseusveı́c ulosearmamentoserapaté tico,masRayford icousurpresoao
ver quantos soldados permaneciam vivos. Vá rios milhares de cavalos també m sobreviveram.
Ele teve de se perguntar se alguns, que faziam parte do terço original da força militar de
Carpathia,permaneceriamparajuntar-seaosoutrosnonorte.
ComoeraestranhovertodooremanescentenovamentereunidoenquantoAbdullahdirigia
nafı́m briadagrandemultidã o.OSenhoreseuexé rcitovestidodebrancopairavasobreelese,
apesar da viagem, todos pareciam vigorosos e limpos, nada desgastados. Ningué m sequer
ofegava. Isso era bom, pensou Rayford, porque tinham ainda outra jornada à sua frente, duas
vezesmaislonga.
—Ondeserá queovelhoNickseencontraaestahora?—perguntouMac.—Nã oouvimos
notíciasdeleháalgumtempo,nãoé?
—Sefosseele—disseAbdullah—eudeixariaestabatalhaparaoutrapessoa.
RayforddirigiuAbdullahparaumlugaraltoanordestedacidade.
Eles podiam ver dali o remanescente e as planı́c ies lá embaixo, onde vá rias centenas de
milhares de tropas se achavam en ileiradas e aparentemente prontas para um novo ataque.
Rayford estudou o horizonte com os binó c ulos e em breve ouviu transmissõ es pelo rá dio dos
generaisdeCarpathia.
—Aguardandosuasordens,Excelência.—Avozpareciacansada,derrotada.
Ouviu-seumpigarrear.
—Eospelotõesdosul?—AvozeradeCarpathia.
—Estãopreparados,supremopotentado.—Rayfordpercebeuumapontadesarcasmo.
—Prontos,santidade.Podemossaberasuaposição?
—Qualéarazão?
—Paraevitarmosoperigodefogoamigo,grandiososenhor.
—Bastadizerqueeuemeugabineteestamosanoroestedevocê.
Só isso com respeito à visibilidade e inspiraçã o. Nicolae aparentemente sabia como
estiveraprestesatornar-sealimentoparaasavesemPetra.
—Logoatrá sdevocê s,garotos!—pareciaseroseusloganparaaquelaescaramuça.Ela
provariaser,porém,maisdoqueumasimplesescaramuça.
—ParecequetodaapopulaçãodePetraseachaaqui—umatransmissãogeral.
—Seestiversedirigindoamim—exclamouCarpathia—devetomarcuidadoparausar
apermissãoadequada.
—Estoufalandocomosquesãoessenciaisparaestaoperação,Sr.
—Seucomandante-em-chefeécrucial,general,evocêfariabememlembr...
— Vou lembrar-me disso quando a luta começar, você está se escondendo a noroeste,
longedaação.
—Identifique-se,infiel!
—Linhadefrente,Sr.,oqueémaisdoquepossodizerdocomandante-em-chefe.
—Dissensãoentreasfileiras!—exultouMac.—Oquepoderiasermelhorqueisso?
— Seria melhor avançarmos, Excelê ncia — outro general interrompeu. — Nã o seremos
favorecidossedeixarmosqueoinimigonosobserve.
—Elesestãodesarmados!—disseCarpathia.—Estevaiserumpasseiopeloparque!
— Eles estavam desarmados em Petra,comandante — disse o primeiro general. — Já
esqueceu que o comandante-em-chefedeles está acima de nó s? E já se perguntou como
conseguiramtrazertodosparacátãodepressa?
—Ataque!—berrouCarpathia.
OquerestavadoterçosulinodoExé rcitodaUnidadecomeçouaavançarlentamenteem
direçãoaBozra.
A operaçã o parecia para Rayford uma missã o suicida. No momento em que as forças da
ComunidadeMundialavistaramoremanescentedeIsrael,ossoldadospareceramlançaraté os
ú ltimos projé teis de seu arsenal. Ele nã o podia imaginar uma fuzilaria mais ensurdecedora.
Todavia,asbalas,mı́sseis,foguetesemorteiroscaı́ramsematingirningué mnamassadepovo.
Milhõ es e milhõ es de tiros continuaram a ser despejados por canos de todos os tamanhos
enquantooexércitoavançavadevagar.
Apesardoalarido,aspalavrasdoSenhorcontinuavamsendo,porém,ouvidasclaramente.
"Chegai-vos, naçõ es, para ouvir, e vó s, povos, escutai; ouça a terra e a sua plenitude, o
mundo e tudo quanto produz. Porque a indignaçã o do Senhor está contra todas as naçõ es, e o
seu furor, contra todo o exé rcito delas; ele as destinou para a destruiçã o e as entregou à
matança"(Is34.1-2).
Rayford observou atravé s dos binó c ulos enquanto militares, homens e mulheres, assim
como cavalos pareciam explodir onde estavam. Era como se as pró prias palavras do Senhor
tivessemaquecidosobremaneiraosanguedeles,fazendocomquefervesseemsuasveiasesua
pele.
"Osseusmortosserã olançadosfora,dosseuscadá veressubirá omaucheiro,edosangue
deles os montes se inundarã o. Todo o exé rcito dos cé us se dissolverá , e os cé us se enrolarã o
comoumpergaminho;todooseuexé rcitocairá ,comocaiafolhadavideeafolhada igueira"
(v.3-4).
Dezenas de milhares de soldados da infantaria deixaram cair suas armas, agarraram a
cabeça ou o peito, caı́ram de joelhos e se retorceram enquanto eram invisivelmente cortados
em pedaços. Suas entranhas saltaram para o chã o do deserto e enquanto os que estavam por
perto se viravam para fugir, eles també m eram mortos, o seu sangue empoçava e subia no
brilhoimplacáveldaglóriadeCristo.
"Porque a minha espada se embriagou nos cé us; eis que, para exercer juı́z o, desce sobre
Edomesobreopovoquedestineiparaadestruiçã o...PorqueoSenhortemsacrifı́c ioemBozrae
grandematançanaterradeEdom.Asuaterraseembriagaradesangue,eoseupó setornará
fértilcomagordura"(v.5-7).
Era como se o exé rcito do anticristo se transformasse nos animais para o sacrifı́c io da
matançadoSenhor.
Carpathiagritou:
—Tragamumaviã o,umhelicó ptero,umjato—qualquercoisa!Levem-meparaonorte!
Agora!Já!
EJesusdisse:"PorquehojeseráodiadavingançadoSenhor,anoderetribuiçõespelacausa
deSião"(v.8).
—DeondeviráotransportedeCarpathia?—indagouRayford.
—AshShawbak—disseAbdullah.
—Éissomesmo,Abdullah—afirmouMac.—Éasuacidadenatal?
—Não.ÉAmã,vocêsabedisso.
— Claro. Nã o foi em Ash Shawbak que os dignitá rios estavam em seu safá ri executivo,
tomandoestimulantesepresumindoqueiamassistirNicolaetrazeravitóriaparacasa?
—Esseéolugar—disseAbdullah.—Gostariadeveracaradelesagora.
—Olhem!—exclamouRayford,acenandoparaocé unadireçã osudeste.Umhelicó ptero
ajatovoavasobreoexércitodizimadoanoroestecomumruídoestridente.
Rayfordlevantounovamenteobinóculoeestudouaárea.
— Lá estã o eles. Olhem só aquele velho e enorme Humvee ali sozinho. Parece que
Carpathianãovaisequerarriscarsairatéquesejaabsolutamenteobrigado.
— Seu exé rcito desapareceu — disse Mac. — Pelo menos esta parte dele. Nã o se ouve
sonsdetiroempartealguma.
Tudo icara mortalmente silencioso. Enquanto Rayford observava, o helicó ptero desceu a
vá rios metros da posiçã o de Carpathia. Só ele e Leon desembarcaram do Hummer. Leon
segurouabarradomantonacinturaecorreutãodepressaquantolheerapossível.
A grande bainha da espada de Nicolae pareceu atrapalhá -lo ao sair, e ele levou alguns
minutosparalivrar-sedela.Correudepoisparaohelicó ptero,passandoporLeoneempurrandoo com o cotovelo para ser o primeiro a entrar. Tã o logo Leon subiu a bordo, com a ajuda de
mãosprestativas,oaparelholevantouvôoefoiparaonorte.
Rayfordvirouosbinó c ulosdeumladoparaoutroenã oviuqualquermovimentoentreos
destroços do Exé rcito da Unidade. Havia corpos espalhados numa extensã o de quilô m etros e o
chãododesertoencharcara-sedesangue.
—Ei,vejamisto—chamouRayford,abrindoaportadeseuladoesaindo.
Mac e Abdullah o seguiram, subindo no teto do Hummer, observando enquanto Jesus
desciadocé u.Seucavalotocougraciosamenteosolonasplanı́c iesaoestedeBozraeenquanto
todo o remanescente judeu observava do monte, Jesus desceu do animal. O exé rcito do cé u
permaneceu cerca de trê s metros acima dele, acompanhando-o, enquanto ele andava pelo
campodebatalhaeaorladeseumantosetornavacarmesimaotocarosanguedoinimigo.
Os santos acima dele começaram uma recitaçã o responsiva, fazendo perguntas em
unı́ssono,à squaiselerespondiaparaquetodosnaterraouvissem."Quemé este—começaram
eles—quevemdeEdom,deBozra,comvestesdevivascores,queé gloriosoemsuavestidura,
quemarchanaplenitudedasuaforça?".
EoSenhordisse:"Soueuquefaloemjustiça,poderosoparasalvar.Porqueestá vermelho
otraje,eastuasvestes,comoasdaquelequepisauvasnolagar?.
Olagar,euopiseisozinho,edospovosnenhumhomemseachavacomigo;piseiasuvasna
minha ira; no meu furor, as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o
trajetodo.
Porqueodiadavingançameestavanocoração,eoanodosmeusredimidoséchegado.
Olhe,enã ohaviaquemmeajudasse,eadmirei-medenã ohaverquemmesustivesse;pelo
queomeuprópriobraçometrouxeasalvação,eomeufurormesusteve.
Na minha ira, pisei os povos, no meu furor, embriaguei-os, derramando por terra o seu
sangue".
Osincontáveismilharesacavalo,acimadelenoscéus,olouvaramemuníssono:
"Celebraremos as benignidades do Senhor e os seus atos gloriosos, segundo tudo o que o
SenhornosconcedeuesegundaagrandebondadeparacomacasadeIsrael,bondadequeusou
paracomeles,segundoassuasmisericórdiasesegundoamultidãodassuasbenignidades."
E Jesus disse: "Certamente, eles sã o meu povo, ilhos que nã o mentirã o; e me tornei seu
Salvador"(Is63.1-8).
Depoisdisso,elevoltou-separaamultidãoqueespiavadeBozra.
"Quando, poré m, virdes Jerusalé m sitiada de exé rcitos, sabei que está pró xima a sua
devastaçã o. Entã o, os que estiverem na Judé ia, fujam para os montes; os que se encontrem
dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, nã o entrem nela. Porque estes
diassã odevingança,parasecumprirtudooqueestá escrito...Ora,aocomeçaremestascousas
asuceder,exultaieergueiavossacabeça;porqueavossaredençã oseaproxima"(Lc20.20-22,
28).
—Oquevocêachaqueestáacontecendonestemomento,irmãoEnoque?
Enoque nã o tinha certeza, mas fazia uma idé ia. Em Illinois, como sabia que estava
ocorrendo em toda parte, sem levar em conta a hora, o dia brilhava como se fosse meio-dia,
sem uma sombra sequer. A gló ria do Senhor era a luz do mundo. Mas, Jesus nã o estava mais
visívelnocéu.
—Vamosvê-looutravez?Outeremosdeirláparaisso?
—Creioqueiremosvê -lodenovo—disseEnoque.—Aindahoje.Eleestá provavelmente
travandoumadasbatalhasqueprecedemaquedadeJerusalé melibertandoosjudeusdali.Mas,
asprofeciasdizemquequandolivrarJerusalé mesubiraomontedasOliveiras,todoolhooverá .
Issoevidentementenosinclui.
—Embreve,talvezamanhã,teremosdeirparalá,nãoé?
—Eugostaria—respondeuEnoque.—Nãovaiser,porém,barato.
—Vamospensardestejeito:temosmilanosparalevantarodinheiro.
—Nãoqueroesperartantoassim.
—Nemeu.Quetalumlava-rápido?
—SigaparaooestedomarMortoeparaosuldeJerusalé m—RayfordinstruiuAbdullah.
Elesentou-senobancodetrásdoHummer,deixandoMacnodafrente.
—Carpathiaparecedescontente,Mac.Vocêestavaouvindo?
— Sim. Acho que ele esperava que os dois terços nortistas de seu exé rcito estivessem
prontos.Parecequeelespreferiramfugir.
— Ele podia perder um grupo deles e ainda icar com uma porçã o. Está tentando
organizá-losparaaniquilarosjudeusdeJerusalém.
—Jesusnãovaideixarquecheguemassimtãolonge,nãoé?
— Na verdade, vai — respondeu Rayford. — Pelo menos uma porçã o deles, embora
muitos soldados vã o morrer entre aqui e o monte Megido. Caso tenha lido direito, e Tsion e
Chaimtinhamrazão,éoquevaiaconteceremseguida.
Enquantoviajavam,elesseguiramJesusquecavalgavaagoranochã o,comoseuexé rcito
acima e atrá s dele, e o remanescente judeu correndo em massa pelo caminho. Eles cobriram
novamentemaisde110kmporhora,eJesuscontinuoufalandodurantetodootrajeto,comose
fosseindividualmenteacadaum.
"EusouoReiquevememonomedoSenhor",disseele."SouoMediadordanovaaliança.
Souaquelequecarregouosseuspecadosemmeupró priocorponacruz,paraquevocê s,tendo
morridoparaospecados,possamviverparaajustiça—porcujaspisadurasforamsarados".
"Eu sou o Pã o de Deus que desceu dos cé us e dá vida ao mundo. Portanto, celebrem a
festa,nã ocomovelhofermento,nemcomofermentodamalı́c iaedaperversidade,mascomo
pãosemfermentodasinceridadeedaverdade".
"Emmimforamcriadastodasascousas,noscé usesobreaterra,asvisı́veiseasinvisı́veis,
sejamtronos,sejamsoberanias,querprincipados,querPotestades.Tudofoicriadopormeiode
mimeparamim"(Cl1.16).
"Vim para fazer a vontade de Deus. Vim ao mundo para salvar pecadores, nã o para ser
servido,masparaserviredaraminhavidaemresgatepormuitos"(Mt20.28).
Rayford aprendera nos ú ltimos sete anos que a Palavra de Deus era viva e e icaz, e mais
cortante do que qualquer espada de dois gumes. Aprendera també m que a Palavra nunca
voltaria vazia. Agora, como se estivesse sendo queimada em seu coraçã o e sua alma pelo seu
Redentor,elesesentiucheioetransbordante,prontoparaexplodir.
Que privilé gio ouvir o Verbo pelo pró prio Verbo! Ele e seus amigos rodaram pela terra
devastada,ouvindooquetodososdemaisnomundoestavamouvindoe,todavia,Rayfordtinhaa
certezadequecadaumtomavaaquelaspalavrascomoparasimesmo.Elecertamenteofazia.
Equasenomomentoemqueesqueciaessaverdade,Jesussereferiuaelepelonome.
"Rayford,nasciparaistoeporestacausavimaomundo,paradartestemunhodaverdade.
Quemfordaverdadeouveaminhavoz.Nãopossofazernadapormimmesmo,masaquiloqueo
Paifazissofaço.Souapedraqueosconstrutoresrejeitaram,todaviametorneiapedraangular,
tendosidoconstruídasobreofundamentodosapóstoloseprofetas."
— Senhor, eu te adoro — sussurrou Rayford, ouvindo que Mac també m orava. Abdullah
continuoudirigindocomlágrimasescorrendopelorosto.
CAPÍTULO13
Rayford teve de sorrir. Ali estavam realmente os lancos sulinos dos dois terços restantes
do Exé rcito da Unidade da Comunidade Mundial do Anticristo, mas eles pareciam pouco mais
organizados e prontos para lutar do que os cadá veres deixados em Edom. Essa talvez fosse a
razãodeCarpathianãoestaràvistae,pelastransmissõesqueouviam,eleestavaindomaispara
onorte,paraocentrodesuasforçasemMegido.
TantoTsionBen-Judá quantoChaimRosenzweighaviamditoaRayfordduranteanosque
de todas as passagens profé ticas das Escrituras, as quatro batalhas inais entre Jesus e os
exércitosdeArmagedomeramasmaisdifíceisdecompreenderecolocaremseqüência.
—OmelhorparanóséseguirJesus—Rayforddisse.
—Esseéquefoiumsermãonaacepçãodapalavra—afirmouMac.
— Essas batalhas vã o acontecer onde já foi determinado e a ú nica coisa da qual estou
certoédequemvaiganhar.
—Olhe,tenhoumpoucomaiscertezadoqueisso—disseAbdullah.
RayfordviuMacolharsurpresoparaAbdullah.
—Nãodiga,Abdullah.Vamos,conte.
—Estiveestudando.
—Estudandooquê?
—Geografianamaiorparte.Porminhaconta.
—Issopodeserperigoso.
—Acheibastanteinformativo.
—Eeugostariadeouvir,Abdullah—Rayforddisse.
Macsacudiuacabeçaeacomodou-se.
—Rapazes,aquivamosnós.
— Fiquei curioso, querendo saber porque toda a histó ria apontava para Armagedom no
inal.Ouseja,oqueé Armagedom?Eumlugarcommuitosnomesetambé mcomumagrande
extensão.
—Vocêdeveriaserprofessor,Abdullah—interpôsMac.
— Você s dois sã o pilotos e viram muitas vezes as cadeias de montanhas que ladeiam a
Palestina.
—Claro,pertodacostadoMediterrâneo.
—Conhecemafendaondetodasasmontanhasdescemderepenteaaltitudesdecercade
90metrosoumenos?
—Láemcima,ondeasterrasaltasseseparamdosmontesaonortedaGaliléia?
—Exatamente.ÉovaledeJezreel.
—Eusemprepenseiquealifosseaplanı́c iedeEsdraelom—disseMac—ousejaqualfor
onomequelhedêem.
— Muito bem, Mac — disse Abdullah. — Ponto para você .Jezreel é o nome hebraico.
Esdraeloméogrego.
—Puxa,estouvendoquevocêandoumesmoestudando.
— Há mais ainda. Alguns o chamam de planı́c ie de Megido, por causa da cidade que ica
imediatamenteaoestedele.EéentãoqueobtemosapalavraArmagedom.
—Oquê?—Macdisse.—Vocêmedeixouconfuso,professor.
—ArmagedomvemdohebraicoHarMegiddo,quesignificamonteMegido.
—Vocêfezmesmoaliçãodecasa,garoto.
— Os especialistas dizem que em Megido houve mais guerras do que em outro lugar do
mundo por ser tã o estrategicamente localizado. Treze batalhas até o inal do primeiro sé culo.
AlgunsdizemqueMegidofoiconstruída25vezesedestruída25vezes.
—AcidadenataldeJesusnãoficaparaaqueleslados?Nazaré?
— Ao norte do vale — disse Abdullah. — Imagine como será para ele lutar com um
exércitointeiroassimtãopertodecasa.
Como indicaçã o da incerteza das forças do Exé rcito da Unidade, o Hummer deles foi
praticamente ignorado. O exé rcito, como todos os demais, parecia ter os olhos pregados em
Jesus,observando-ocuidadosamentecomosseussantos.Damaneiracomoasnotı́c iasviajavam
noscamposdebatalha,aquelastropassemdúvidajásabiamdacarnificinaemEdom.
RayfordavisouAbdullahparaficarlongedoexército.
Embora permanecesse con iante na invulnerabilidade deles, nã o haveria proveito em
serviremdealvoparaofogoinimigo.
—Vouprovavelmentearrepender-medeperguntaristo,Abdullah—disseMac—maso
que você aprendeu sobre Megido e tudo isso, alé m dos nomes? Quero dizer, o que é tã o
estratégicoarespeito?
Rayford achou interessante a maneira como Abdullah reagiu à pergunta. Mac deveria
estaraindamaissurpresodoqueRay.Nã oerafreqü enteAbdullah icaremposiçã odeensinara
seussuperiores.Mas,elepareciaterassimiladobemosfatos.
— E o palco perfeito para a histó ria. O monte Megido nã o é realmente muito maior que
uma colina. Durante sé culos, foi o lugar de onde a passagem estraté gica era guardada — a
estradainternacionalqueiadolesteatéoEgito.
—Nosú ltimosmeses,osexé rcitosinimigosforamsereunindoemumú nico,comosabem.
Osquevieramdoocidente,doimpé rioromanorenascido,desembarcaramemHaifaeseguiram
diretamenteparaovaledoMegido.
— Os exé rcitos do oriente atravessaram o leito seco do rio Eufrates e també m se
encaminharam para o mesmo lugar. Os exé rcitos do norte passaram pelo monte Hermom e
desceramparaaterradeIsrael,terminandonovaledeJezreel,nomonteMegido.
—Fazsentido—disseMac.—Garoto,vocêerroudeprofissão.
Chaim nã o conseguiu deixar de sorrir. Tsion Ben-Judá , primeiro seu protegido e
eventualmente seu mentor, lhe dissera certa vez que a profecia era a histó ria escrita
antecipadamente.Aliestavaele,aos70anos,vivendoessahistória.
OmanánãocaíramaisdesdequeJesusapareceranasnuvens.EmboraChaimsoubesseque
eventualmente ele e todos os outros mortais teriam de comer, estava certo de que ningué m
passavafome,comoeletambémnãopassava.OPãodaVidachegara.
Era como se os seus 50 anos tivessem evaporado. Chaim sabia que nã o mudara de
aparê ncia,masnã osentiafadiganemdores.Nã otinhadoençasgravesaseremtratadas,masse
Rayfordforacuradoapesardeseusferimentoseaenfermariaforafechadanuminstante,aidé ia
dequeChaimtivessesidolibertadodadevastaçãodaidadefaziasentido.
FicoubastanteimpressionadoportersidocapazdesairdePetraeseguirparaBozrasem
ajuda.Quandocomeçou,porém,aandarmaisdepressa,acorrerefinalmenteaquasevoarsobre
o caminho, Chaim soube que nã o se tratava de uma façanha pessoal. Ele nã o se cansara nem
tiveradornasarticulaçõ es.Nã ofosseasuaconcentraçã oemseuSalvador,poderiasentir-seaté
inclinado a compartilhar de seu jogo favorito: futebol.Imagine, pensou,um velho como eu
correndocomascrianças.
A medida que o remanescente de Petra seguiu o Senhor e seu exé rcito para Jerusalé m,
Chaimsentiu-secheiodeorgulhoegratidão.Emborativessetidocentenasdemilharessobasua
autoridadeecuidadonosú ltimostrê sanosemeio,muitosdosquaissequerencontraraemuito
menos conhecera, ele sentia amor e responsabilidade por essas pessoas. Deus tinha sido iel,
alimentando-as,providenciandoáguaparaelas,protegendo-as.
O que viria agora? Deveriam ir com Jesus para a batalha de Armagedom, ou seriam
enviados a Jerusalé m? A informaçã o recebida da Cidade Santa era que o Exé rcito da Unidade
estava apenas brincando com o que sobrara da resistê ncia, e quando desejasse e estivesse
pronto,invadiriaaCidadeVelhaecompletariaaquedadeJerusalém.
Chaim sabia que isso fora profetizado e iria acontecer, mesmo com Jesus em cena. Mas,
ele vingaria rapidamente a perda e a reverteria. E muitos outros judeus remanescentes
entrariamnoreino.
O que mais emocionava Chaim eram as falas de Jesus. Como ele se dirigia ao mundo
inteiro,mastornavasuaspalavrastãopessoais,constituíaummistério.Issosatisfaziadealguma
formaaânsiadeChaimporumaaudiênciapessoalcomoseuSenhor.Apesardesaberquetodos
estavamouvindoamesmacoisa,paraChaimeracomoseJesusestivessedizendoacada
vez: — Chaim, venha aqui. Quero contar-lhe algo. — Como é claro, Chaim ouviu as palavras
deleemhebraico.
Uma coisa era ter voado sobre o Exé rcito da Unidade e visto o mesmo em massa. Outra
muito diferente era rodar nas extremidades dele, aparentemente nunca chegando ao im.
Rayford impressionou-se com o enorme empreendimento de equipar tamanha força de
combate.
Milhõ es de uniformes, armas, muniçõ es, veı́c ulos e vá rias peças de equipamento faziam
todaaoperaçã oparecerperfeitamentesupridaparaasuatarefa.Emtermoshumanos,elesnã o
podiamperder.Teriamcondiçõesdeesmagarqualquerinimigomortalnoplaneta.
Seria,entretanto,necessá rioqueenfrentassemumHomem,oFilhodoDeusvivo.Eforam
derrotadosantesdecomeçar.
O remanescente que acompanhava Jesus no chã o e os exé rcitos celestiais começaram a
cantarlouvoresenquantocorriam.Calaram-se,porém,rapidamentequandoJesusrespondeu.
"Fui coroado de gló ria e honra pelo sofrimento da morte, para que, pela graça de Deus,
pudesseprovaramorteportodos.FuioLibertadorquesaiudeSiã oerepeliaimpiedadedeJacó .
FuiasementedeDavi,ressuscitadodosmortos,Mediadordanovaaliança.Sofrideumavezpor
todas pelos pecados, o justo pelos injustos, para que pudesse levá -los a Deus, sendo morto na
carne,masrevividopeloEspírito".
Nã ohaviasequerumcombatesendotravadonaquelemomento,mas,demaneiraincrı́vel,
milhares de soldados do Exé rcito da Unidade foram mortos simplesmente pelas palavras do
Senhor,enquantoelepassava.Elesnã oestavamlutando,nemameaçando,avançandoousequer
semovendo.Haviam,poré m,tomadoasuadecisã o.Tinhamempenhadoasualealdadeaodeus
destemundo,aceitodeliberadamenteamarcadoanticristoedobradoojoelhodiantedele.Nã o
restavamaisparaelesqualquerrecurso.
Rayford emocionou-se com as poderosas palavras do Mestre e icou horrorizado com a
carni icina resultante. Seu coraçã o estava cheio, mas achou difı́c il desviar os olhos do sangue
derramado pelo chã o. Oh, o que aquilo pressagiava para o exé rcito como um todo quando a
batalharealmentecomeçasse!
De que forma os homens e mulheres sobreviventes podiam ver seus companheiros
sofrerem morte tã o horrı́vel — simplesmente por meio das palavras pronunciadas do cé u — e
aindasedisporemacontinuarcombatendo,estavaalémdacompreensãodeRayford.
"Meus inimigos se tornaram o estrado de meus pé s", disse Jesus. "Nã o com o sangue de
bodes e de bezerros, mas com o meu pró prio sangue entrei no Lugar Mais Santo a favor de
todos,tendoobtidoredençã oeterna.SouoFilhodeDeusqueveioparadar-lhesentendimento,a
fimdequepossamconheceroDeusverdadeiro".
"Souopã odavidaquedesceudocé u.Quemcomerdestepã oviverá parasempre;opã o
que ofereci é a minha carne, dada para que o mundo viva. Sou o Verbo que se fez carne e
habitou entre você s, e contemplaram a minha gló ria, a gló ria de quem foi concebido pelo Pai,
cheiodegraçaeverdade.Emmimhabitacorporalmenteaplenitudedadivindade".
"Rayford, tome sobre si o meu jugo e aprenda de mim, pois sou manso e humilde de
coraçã o, e encontrará descanso para a sua alma. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é
leve."[Traduçãolivre]
Cada vez que Jesus falava o seu nome, Rayford se comovia novamente. Ele olhou de
relance para os amigos e viu que o Senhor se comunicara com eles da mesma forma. Mac
enterrouorostonasmãos,sussurrando:
—Obrigado,Jesus.—Abdullahaparentementedesejavaencostarocarroesimplesmente
adoraraDeus.
Sebastian,queestavacorrendocomamã odeKennynassuas,sentiuumpuxã o.AbaixouseparaouvireKennydisse:
—Jesusestáfalandocomigo.
—Eusei!—respondeuSebastian.—Nãoémaravilhoso?
—Precisamosdeumprédioadequado—irmãoEnoque.
—Ótimaidéia—disseEnoque.—Quempodeimpedir-nosagora?
— Será possı́vel que tudo que tenhamos a fazer é descobrir o que está à venda ou para
alugarefazernegócio?
—Porquenão?
—Poderemoscolocarumacruzneleechamá-lopelonome?
—SeJesusfalaconoscopelonome,nã ovejorazã oparanã ofazerisso.Quemfossecontra
receberiaomesmotratamentoqueseusinimigosestãotendonomundointeiro.
—Vamosentãoagir.Igrejasvãoestarsurgindoemtodocanto.
Nasduashorasseguintes,acenamudoudemaneiranotá vel.QuantomaisRayford,Mace
Abdullah viajavam na direçã o norte, tanto mais evidente icava que o Exé rcito da Unidade se
entrincheiraraeestavaprontoparaabatalhadaseras.
Eles deveriam saber o que as outras unidades haviam sofrido; mas, ou as transmissõ es de
encorajamento e desa io de Carpathia tinham tido sucesso em animá -los, ou sentiram-se
estimulados ao saber que suas forças possuı́am o dobro do tamanho da força de seus
companheiros derrotados. Mesmo com um terço do exé rcito reduzido a nada, o restante
representavaomaiorpodermilitarjáreunidoemumsólocal.
Eles talvez nã o tivessem entendido ou compreendido completamente o que acontecera.
PodiamverJesuseseuexé rcitoenaessê nciadeseuserdeviamter-sesentidodesalentadosao
ver que um inimigo a cavalo e aparentemente desarmado — embora com a habilidade de
desa iar a gravidade e mover-se a uma velocidade incrı́vel — pudesse competir com um
adversárioformidávelcomoeles.
Rayford viu, poré m, organizaçã o, poder, determinaçã o. Nã o ia haver absolutamente uma
rendiçã o.Todavia,nadanasEscriturasindicavaqueoresultadoseriademodoalgumdiferente
daquelequeelestinhamassistidoemEdom.
Chang icouintrigadoaoverqueocaminhoquetomaramdaterradeEdomparaMegido
passavaaumaboadistâ nciadeJerusalé m,nadireçã ooeste.EracomoseoSenhorsoubesseque
o remanescente icaria muito curioso com respeito à sua terra natal. Ele talvez queria que
vissemoqueocorreraemMegido.
Eraestranho,disseChangaNaomi,ouvirJesusfalandodocé ueoanticristoemseufonede
ouvido. Sentia à s vezes necessidade de simplesmente removê -lo. Quando Jesus o chamou pelo
seu nome em chinê s, Chang sentiu arrepios percorrer-lhe o corpo. Na vez de Naomi, ele
observouosolhosdelasearregalaremadmiradoseelaficousemfalaporváriosminutos.
Era possı́vel que chegasse o dia em que eles pudessem falar sobre como aquele fora para
eles um momento de grande intimidade, mas evitaram o assunto. Para Chang, fora pessoal
demaiseelesupôsqueomesmoocorressecomela.
Curiosatambé meraaluzsemsombrasquecontinuariaaexistirenquantoJesusestivesse
no meio deles. Chang viu-se propenso a fazer sombras com as mã os. Uma fonte de luz
onipresenteeraalgoqueaciê nciajamaisconseguira.Oshomensqueamavammaisastrevasdo
quealuznãoiriamsentir-sefelizesnoreinomilenar.
O brilho penetrante da pureza de Cristo tornaria fá cil governar as naçõ es com cetro de
ferro. Para os crentes que o amavam e amavam a verdade, seu governo seria uma esplê ndida
mudança em relaçã o aos sete ú ltimos anos e, de fato, os milê nios antes deles. Mas, para as
pessoasinteressadasapenasemtirarproveitodasituaçã o,aindarejeitandoaDeus,oreinadode
Jesusseriacertamentebastantedesconfortável.
Chang gostava de conversar com Naomi, mesmo correndo a velocidades sobre-humanas.
Elesnã otinhamdegritar,nã oestavamofegantes,equandoJesusnã oestavafalando,erameles
que falavam. Na maior parte das vezes, conversavam como seria casar-se e criar ilhos numa
épocacomoaquela.QuemrealizariaacerimôniaeseráqueopróprioJesuscompareceria?
Chang sentia alegria quando Jesus se punha a falar. O remanescente inteiro caı́a em
silêncio,ouvindo,adorandoaoseuSalvador.
"SouaqueleaquemDeusexaltoucomsuadestraaPrı́ncipeeSalvador,a imdeconceder
aIsraeloarrependimentoearemissãodepecados"(At5.31).
"Eulhedouavidaeterna,Chang;você jamaisperecerá eningué moarrebatará daminha
mã o. Meu Pai, que deu você a mim, é maior do que tudo; e da mã o do Pai ningué m pode
arrebatar.EueoPaisomosum"(Jo10.28).
—Obrigado,Senhor—disseChang.
Mas,Jesusaindanãohaviaterminado.
"Dou a você a minha paz; nã o a dou como a dá o mundo. Nã o se turbe o vosso coraçã o,
nemseatemorize"(Jo14.27).
Changnãopodiasequerconceberaidéiadeficarnovamentecommedo.
MacqueriairparaJerusalémapé.
—Temcerteza?—Rayfordperguntou.
—Anãoserquevocênãopermita.
—Nãovejomotivos.Oquepretende?
—Querosaberemprimeiramãooqueestáacontecendoporlá.Vouficaremcontatopelo
rádioepelotelefone.Peloquepudever,nãovouperdernadaqueoSenhorvaifalar.
—Vocêsabeoquevaiacontecer,Mac.Jerusalémvaicair,masJesusiráresgatarodia.
—Eporquenãopossoquererumlugarnaprimeirafilaparaassistirtudo?
—Voltaremosatempoparaisso.
—Quandovocêchegar,euotereimantidoatualizadosobreosdetalhes.
—Façaoquequiser.
—Obrigado.—MacsaiudoHummer,dirigindo-separaJerusalém.
—OqueoExércitodaUnidadepodefazercomeleseoapanharem?—indagouAbdullah.
Rayfordsacudiuacabeça.—Gostariadepensarquenãoteriampodersobreele.
—Nãosabemoscomcerteza.
—Éverdade,nãosabemos.Maselesabecuidardesimesmo.
—Estádesarmado,capitão.
—Decertamaneira.
Quando Rayford e Abdullah chegaram inalmente ao vale de Megido, o Senhor e seus
exé rcitospareciamterdeixadooremanescentedeIsraelnametadedocaminhoentreovalee
Jerusalé m. Rayford só podia supor que o plano de Jesus era manter o remanescente em sua
companhiaaté aconquistadeJerusalé meoqueviesseemseguida;mas,poralgumarazã o,nã o
queriaquetestemunhasseoqueaconteceriaali.
Mac informou que um contingente colossal do Exé rcito da Unidade cercava Jerusalé m
inteiraepareciaestarsimplesmenteaguardandoordens.
—Há muitainquietaçã onoexé rcitodaqui—disseele.—Reclamaçõ es.Fome.Boatosde
faltadepagamentoenadadereforços.Muitosrumoressobreoqueaconteceunosul.
— Interessante — disse Rayford. — Nã o há divisã o entre as forças daı́ e daqui. O imenso
exé rcito está virtualmente contı́guo desde o oeste do mar Morto até o vale de Megido;
portanto,é possı́velquealgunsdosquevocê está vendosejamenviadosparaaaçã odesteladoe
vice-versa.
—Eumaextensã oenorme,Ray.Você está dizendoqueesteexé rcitocontinuatã ogrande
quantoeranocomeço?
—ExcetopelasbaixasacontecidasantesemEdom.Macassobiou.
—Comovaiomeuhomem,Abdullah?
—Caladocomosempre.ElegostadeouviravozdeJesus.
—Nãoéoquetodosgostamos?Digaaelequemandeium"oi".
George Sebastian misturou-se com o contingente do Comando Tribulaçã o no lugar de
descanso ao norte de Jerusalé m. Nã o conseguiu deixar de pensar quanto avançara desde a sua
fugadaGréciaondequaseperderaavidaetevedematarparapermanecervivo.
—Deoutromodo—disseeleaPriscilla—euestariaacenandoparavocê dooutrolado
doscéus.
—Nósnãosabíamosmesmonoqueestávamosnosenvolvendo,nãoé?—disseela.
—Dejeitonenhum.
—Nossosdiasdesoldadosacabaram,certo?—interferiuRazor.
Sebastiansuspirou:
—Esperoquesim.
—Cansado?—perguntouRazor.
—Naverdadenã o,emboradevesseestar.Empé odiaeanoiteinteiroseagoracomesta
luz,nã otenhoidé iadequehorassã o.Etodaessaviagem?Acorrida?Deveriasentir-mecapaz
de dormir durante um mê s, mas estou com a corda toda. Gostaria de ver o que está
acontecendoaonorte.
— Eu també m — concordou Razor. — Ainda vejo e ouço Jesus. Nã o compreendo porque
suavoznãosoamaisdistante.Osomcontinuaomesmoparamim.
Priscillainterrompeu:
—Achoqueéporquenósoouvimosnocoraçãoenãocomosouvidos.
Razorencolheuosombros.
—Podeser.Casocontrário,comocadaumpoderiaouviroseupróprionome?
TodossilenciaramquandooSenhorfalououtravez.
"Ningué m jamais viu a Deus; eu, o Deus unigê nito, que vim do seio do Pai, é quem o
revelou.SouchamadoFilhodoAltíssimoehojeoSenhorDeusmedaráotronodeDavi,meupai"
(Jo1.18;Lc1.32).
De repente, outra voz ecoou do cé u e Sebastian soube imediatamente que era o pró prio
Deus."EismeuServoaquemescolhi.MeuFilhoamadoemquemmecomprazo!Coloqueisobre
eleomeuEspíritoeelevaideclararjustiça."[Traduçãolivre]
Em seguida, veio a voz de Jesus: "A lei foi dada por intermé dio de Moisé s; a graça e a
verdadevierampormeiodemim.Agora,George,possaoDeusdapazquemefezressurgirdos
mortos e me tornou o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da aliança eterna, tornar você
completo em toda boa obra para cumprir a sua vontade, operando em você o que é agradá vel
aosseusolhos.Amém."[Traduçãolivre]
Depois do amé m, todo o remanescente caiu de joelhos, orando e agradecendo a Deus.
Sebastiansabiaquecadaumouviranovamenteoseupró prionomenabê nçã opronunciadapor
Jesus;todavia,issonãotornouoepisódiomenospessoal.
Rayford subiu outra vez no Hummer com Abdullah. Eles olharam para a multidã o de
inimigos, à medida que milhares praticamente explodiam ao ouvir as palavras de Jesus e
morriam antes de chegar ao solo. A batalha de Armagedom nem sequer começara. Rayford
ouviuNicolaeCarpathiaprocurandoencorajarereunirastropas.
Elevociferouinstruçõ esaosgeneraisecomandantes.—Esteé onossoverdadeiroinimigo
—disse.—Vençam-noeavitóriaénossa.Jerusalémnãoseráobstáculo.
Comoeleconseguirareunirtantosmilharesdetropasnumsó lugareseencaminhandona
mesmadireçã oeradifı́c ilparaRayfordcompreender,masdealgumaformaNicolae izeraisso.
De algum modo ele orquestrara um exé rcito em meia-lua, cobrindo centenas de quilô m etros
quadrados,todosdefrenteparaJesusnocéu.
Iria fazê -los atirar sobre o Rei dos reis? Como determinaria a distâ ncia onde Jesus se
encontrava?Seosexé rcitosdeCarpathianã oconseguiramaniquilarsimplesmortais,oqueele
esperavanaquelascircunstâncias?
Antes que uma ordem pudesse ser dada ou um tiro lançado, Jesus falou. Embora durasse
apenasalgunsminutos,adevastaçãofoienorme.
"Provaiosespı́ritosseprocedemdeDeus",disse,"porquemuitosfalsosprofetastê msaı́do
pelomundofora.NistoreconheceisoEspíritodeDeus:todoespíritoqueconfessaqueJesusCristo
veio em carne é de Deus; e todo espı́rito que nã o confessa a Jesus nã o procede de Deus; pelo
contrário,esteéoespíritodoanticristo"(1Jo4.1-3).
RayfordouviuCarpathiafurioso,amaldiçoando.
EJesusdisse:"Umreipoderosolevantou-seereinará comgrandedomı́nioefará oquelhe
aprouver.Mas,noauge,oseureinoserá quebradoerepartidoparaosquatroventosdocé u;mas
nã oparaasuaposteridade,nemtampoucosegundoopodercomquereinou,porqueoseureino
seráarrancadoepassaráaoutrosforadeseusdescendentes"(Dn11.3-4).
"Esteé otempodeterminado.Oreidestemundofezsegundoasuavontade:selevantoue
seengrandeceusobretododeus,contraoDeusdosdeusesdissecousasincrı́veiseprosperouaté
agora.Mas,oqueestádeterminadoseráfeito"(Dn11.36).
Ograndeexé rcitoestavaempandemô nio,dezenasdemilharesgritandojuntosemterror
esofrimento,morrendoaoarlivre.Osanguejorravadelesemgrandesondas,juntando-separa
formarumrioquelogosetransformouempântano.
"Nã o teve respeito aos deuses de seus pais, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se
engrandeceu. Mas, em lugar dos deuses, honrou o deus das fortalezas; a um deus que seus pais
nã oconheceram,honroucomouro,comprata,compedraspreciosasecousasagradá veis.Eaos
queoreconhecerem,lhesrepartiráaterraporprêmio"(Dn11.37-39).
"Notempodo im,oreidoSullutará comele,eoreidoNortearremeterá contraelecom
carros, cavaleiros e com muitos navios, e entrará nas suas terras, e as inundará , e passará .
Entrará també m na terra gloriosa, e muitos sucumbirã o, mas do seu poder escaparã o estes:
Edom,eMoabe,easprimíciasdosfilhosdeAmom"(Dn11.40,41).
RayfordolhouparaAbdullah:
— O seu estudo de geogra ia ensinou onde essas naçõ es estavam? Quero dizer, sei que
EdomseachavanolugardePetra.
—Moabeficaaonortedali,noJordão,eAmomaindamaisaonorte.
Jesuscontinuou:
"Estendeu a mã o també m contra as terras, e a terra do Egito nã o escapou. Apoderou-se
dostesourosdeouroedeprataedetodasascousaspreciosasdoEgito;oslı́bioseosetı́opeso
seguiram. Mas, pelos rumores do Oriente e do Norte, foi perturbado e saiu com grande furor,
paradestruireexterminaramuitos.Armouassuastendaspalacianasentreosmarescontrao
gloriosomontesanto..."(Dn11.42-45).
—ElequerdizerJerusalém—afirmouAbdullah.
—"...maschegaráaoseufim,enãohaveráquemosocorra"(v.45).
PareceuaRayfordquetodooExé rcitodaUnidadeemseucampodevisã oestavamorto
ou agonizante, enquanto isso o sangue continuava a aumentar. Milhõ es de aves se
encaminharamparaaáreaesebanqueteavamcomosrestos.
Carpathiaberroufrenético:
—Estenã oserá omeu im.Rendereisuaamadacidadeeadestruireicomele!Leon,tiremedaqui!
CAPÍTULO14
—Abdullah—Rayforddisse,vamosseguirCarpathiaeFortunato.
—Falasério,capitão?
—Elesnemvãonotar.
— Uma coisa que nã o entendo, capitã o, é por que Jesus nã o os prende? Ele extermina
quase todo o exé rcito com a palavra da sua boca e, no entanto, permite que esses dois iquem
livres.Seiquenãovaimatá-los,maspareceestarbrincandocomeles.
— Nã o sou teó logo — respondeu Rayford — mas, como sabe, Deus tem o seu pró prio
calendário.Tudoistofoiprofetizadoeescrito.Vaiacontecernahoraexata.
Abdullah apontou o Hummer na direçã o do vale e do Humvee maior de Carpathia. Pela
primeiravezdepoisdaapariçãodeJesus,océucomeçouaescurecer.
Nuvens escuras, ameaçadoras, se formaram no horizonte e rapidamente subiram,
enchendooscéus,excetoondeoSenhoreseexércitopairavam.
—Estásentindoisso?—Macfaloupelorádio.—Atemperaturadeveterdescidocercade
dezgrausnoúltimominuto!
—Algumacoisavaiacontecer—Rayfordcomentou.
—Vocêentendeuagoraoóbvio.Estouprocurandoabrigo,Rayford.
—Fiqueemcontato.
—Nãosepreocupe.
RayfordeAbdullahfecharamasjanelas.
—Nã oquerqueeupercaoLeon?—perguntouAbdullah,apontandobemalé mdaá reade
extermı́nio para onde o Humvee estava ganhando velocidade, aparentemente procurando
descobrirumcaminhoparaJerusalématravésdomassacre.
—Só iquedeolhonele—Rayforddisse.—Vã oterdi iculdadesparaseguirnessadireçã o.
Ei,ligueoaquecedor!
Abdullah parou do outro lado de um barranco que separava as terras altas do vale onde
jaziammilharesdecorpos.Emboraosanguetivessecessadodecorrer,elepareciaesvair-sedos
corposeencherrapidamenteaspartesmaisbaixas.
Geloapareceunopára-brisas.
—Estaé aprimeiravezquevejoistonestapartedomundo—disseAbdullah.—Já vina
América,masnãoaqui.
Ligouoslimpadores,maselessimplesmenteespalharamogeloeimpediramavisão.
Rayford mexeu nos controles até que conseguiu fazer com que o aquecedor e o
desembaçador funcionassem, desobstruindo depressa a janela. Sentia muito frio, apesar do
aquecedor ligado. E o cé u icou cada vez mais escuro. De modo estranho, sombras ainda nã o
apareciamnochã o.AluzdeCristocontinuavaainvadirtudo,excetopelanegritudedocé uque
ocercavaeosseusseguidoresacavalo.
De repente, uma voz veio do cé u, alta e autoritá ria, mas nã o era a de Jesus. "Está
consumado!"
Relâmpagosexplodiramdasnuvens,seguidosporfortestrovões.Aseguir,veioogranizo—
se é que se podia chamar assim. Nã o se tratava apenas de lascas de gelo — nã o eram do
tamanhodeumaboladegolfeoudesoftball.
OprimeiropedaçovistoporRayfordpareciadotamanhodeumamesadejantar,com15
centı́m etros de espessura. Ele caiu a cerca de seis metros abaixo do Hummer e se enterrou
algunscentímetrosnochão.Ochoquepareciaodeumabomba.
OspoucossoldadosremanescentesdoExé rcitodaUnidadecomportavam-secomoloucos,
arrancandooscabelos,algunssematando,outrospedindoaoscompanheirosqueosmatassem.
Outro pedaço bateu num lançador de granadas e o achatou. Em breve, blocos de 45 kg
aproximadamente começaram a atingir todo o terreno, esmagando corpos, destruindo
caminhões,carrosejipes.
O Humvee real, com Leon dirigindo erraticamente, escapou por pouco de trê s pedaços,
umdosquaisapanhouacabeçadeumajudantequecorriaeoesmagounochã o.Asgigantescas
pedrasdegranizocomeçaramembreveacaircontinuamenteenã ohaviapossibilidadedefuga.
EracomoseDeusestivesseenterrandoocampodebatalhasangrentonumacamadaespessade
gelo.
— Este granizo está també m caindo em Jerusalé m? — Rayford perguntou a Mac pelo
rádio.
—Nã o.Granizonenhum.Océ upareceestarameaçandochuvaouneve,masaté agorasó
estamossentindofrio.
Os sobreviventes permaneciam apenas em lugares espalhados, mas em vez de procurar
abrigo,protegerascabeçasouaté cairdejoelhosepedirmisericó rdia,eleslevantavamorosto
para o cé u, gritando, aparentemente protestando contra Deus, fazendo gestos obscenos para
Jesus e seu exé rcito. Em pouco tempo, foram esmagados debaixo das monstruosas pedras de
granizo.
Atemperaturavoltouaonormaltã odepressaquantodesceraeasnuvensdesapareceram.
Toda a criaçã o parecia novamente brilhante como o dia e embora o sol nã o tivesse aparecido
desde a chegada de Jesus, o deserto logo icou novamente agradá vel. Rayford desligou o
aquecedoreabriuosvidros.EleeAbdullahvoltaramaseguirLeoneNicolae.
Ogelocomeçouaderreterdepressaeaáguasemisturoucomatorrentedesangue.
— Pare aqui — Rayford disse, enquanto observavam a mistura de sangue e á gua subir
acimadospneusdoHumveedopotentado.Oveı́c ulologoencalhounolodomarromtingidode
vermelho. Rayford ouviu Carpathia esbravejando com Leon para tirá -los daquela imundı́c ie e
continuar para Jerusalé m. Todas as possibilidades de fuga foram, poré m, bloqueadas pelo lodo
que se avolumava. Quando chegou ao meio da porta do veı́c ulo, Carpathia ordenou que Leon
saísseparaempurrar,enquantoelesubiaparaoassentodomotorista.
—Mas,Excelência,voumeafogar!
—Issonãovaiacontecer.Querqueoseureisaia?
—Nã o,meusenhor,claroquenã o.Maseu-eu,ah...Leonabriuaportaeolı́quidoinvadiuo
veículo.
—Vamos,homem!—gritouNicolae.—Fecheaporta!
Leonpisouhesitantenolı́quido,quechegavaà suacinturaefaziaseumantoincharcomo
umbalão.EledeixarasensatamenteobarretenoHumvee.
—Estágelado!—esganiçou.
—Minhaspernasestãoadormecendo.
—Éclaroqueestágelado!Hágeloaí!Comeceaempurrar!
—Estácheirandomal!
—Empurre!
Levou algum tempo para Leon chegar à parte de trá s do veı́c ulo e o chã o debaixo da
superfı́c ie era claramente acidentado. Ele quase mergulhou certa vez e teve de agarrar-se ao
pá ra-choque para manter-se em pé . Seu manto era uma sujeira só , tinha as mã os e o rosto
pálidos,ocabelodesgrenhado.Rayfordpodiaverqueestavatiritandodefrio.
QuandoLeonchegouà partedetrá sdoHumvee,Carpathiaaparentementepisoufundono
acelerador,mastudoqueconseguiufoilevantarumacolunadelı́quidoevaporquecobriuLeon.
OHumveeficouimóvel.
—Tentesacudi-lo!—gritouLeon.
—Éparaissoquevocêestáaí!Agarreopára-choqueelevante!
—LevantarumHumvee?
—Sacuda!
Eles inalmente coordenaram os movimentos de Leon, levantando e empurrando, e os de
Carpathia, ligando e desligando o motor, e aquela coisa enorme começou a balançar. Quando
inalmente moveu-se, Leon perdeu o equilı́brio e caiu de bruços, mergulhando de todo. Ele
levantou-segaguejandoeprocurandoenxugarorosto.
Nicolae levou o veı́c ulo a um terreno um pouco mais alto e Leon correu para o lugar do
passageiro.Aoabrir,porém,aporta,Carpathiajáestavaali.
—Eunãovoudirigir,Leon!Oqueissoiriaparecer?
Leonarrastou-sepelafrentedocarroepuxouaporta.
Poucoantesdesubir,eledespiuomantosujopelacabeçaeoabandonounoriodesangue
quecrescia.Subiucomdi iculdadenocarroemsuasroupasdebaixo,garantindoaNicolaeque
tinhaoutramudanobancodetrás.
—Coloque-asentão,imediatamente!
OHumveesacudiuebalançouenquantoLeonpegavaroupassecasesetrocavanocarro.
Decidindo aparentemente que seu gorro adornado nã o iria adequar-se ao seu novo traje, ele o
jogoupelajanelaedirigiadevagar,procurandoumlugaraindamaisalto.Osanguejá subiraaté
maisdeummetro.
Quando o cé u clareou e a temperatura subiu, Mac esfregou os braços nus e saiu de um
abrigo leve sob á rvores esparsas nã o muito longe do monte do Templo. Embora nã o estivesse
com o uniforme do Exé rcito da Unidade, ele nã o devia estar parecendo també m um rebelde,
poisfoivirtualmenteignorado.
Muitos dos cidadã os normais, nã o-combatentes, estavam andando entre os milhares de
soldados,quepassavamamaiorpartedotemposentados.
Algunspelotõ esrecebiamordensparairdaquiparaali,aparentementedeacordocomos
caprichos de um general ou comandante, mas todo o combate cessara. As forças da
Comunidade Mundial haviam ocupado Jerusalé m inteira, exceto o monte do Templo, e
cercavam este local. Um general com um alto-falante portá til, ocasionalmente tentava
persuadiropequenogrupoderebeldesaserendereevitaroderramamentodesangue.
Mac achou engraçado que o general pensasse que os rebeldes nã o tinham acesso a
informaçõ es de fora. Por ter falado com eles, Mac sabia que possuı́am rá dios e até algumas
televisõ es. Tinham conhecimento do que acontecera em Petra e Bozra e em breve
naturalmentesaberiamatémesmooresultadodabatalhadeArmagedom.
Mac achava estranho que os soldados pudessem icar à toa, fumando e jogando cartas,
olhandosó ocasionalmenteparaocé uparaveroqueJesusestavafazendo.Aquilotalvez izesse
parte do endurecimento dos coraçõ es; mas, Mac pensou que ele, na mesma situaçã o,
reconheceriaqueoseufimestavapróximo.
O inimigo deles era claramente sobrenatural e nã o fora detido nem pela arma mais
poderosadaHistória.Aguerraestavapraticamenteterminada.
Todavia, Nicolae Carpathia, o grande enganador, apesar de nã o ter vencido sequer uma
escaramuça desde o aparecimento de Cristo, havia de alguma forma convencido as tropas de
que Jerusalé m era a chave. Se pudessem tomar a Cidade Santa, ele retornaria ao seu trono de
direito,oFilhodeDeusseriaderrotado,etudovoltariaaficarcertonomundo.
A ú nica coisa que esse argumento tinha a seu favor era a situaçã o atual de Jerusalé m. A
idé iadosrebeldesresistiremenquantocercadoseemnú m erotã oinsigni icantecomrelaçã oao
inimigoerarisívelepatética.Excetoque,comoMacsabia,elesestavamdoladocerto.
Rayford pensara que nã o conseguiria mais icar chocado. O que ele poderia ver que fosse
mais surrealista do que as ú ltimas horas? Todavia, enquanto Abdullah mantinha uma distâ ncia
cuidadosaevigilantedoHumveedeCarpathia,tudooqueRayfordpodiafazereraobservaras
conseqüênciasdachamadaúltimabatalha.
Éclaroquenãohouverarealmenteumcombate.OExércitodaUnidadeergueraossabres,
carregara as armas e izera bastante alarido. Jesus, entretanto, aniquilou a todos com simples
palavras.
E claro que aquelas palavras tinham sido as palavras de Deus e o efeito era esmagador.
Quilô m etroapó squilô m etro,Abdullahdirigiuaoladodeumriodesanguedevá riosquilô m etros
delarguraeagoracomcercade1,5metrodeprofundidade.TodaaforçamilitardeCarpathia,
de vá rios milhõ es de tropas, fora reduzida a talvez um milhã o. Esse era um nú m ero ainda
grandeedopontodevistahumanoosrebeldesjamaispoderiamigualá -lo.Mas,adevastaçã odo
Exé rcitodaUnidadenumperı́odotã ocurtodeveriaterdeixadoclaroaCarpathiaqueseusdias
estavamcontados.
Ao contrá rio, ao ouvi-lo falar animadamente com Leon no carro e à s tropas
remanescentespelorádio,oqueaconteceraserviraapenascomosimplesmotivação.
—Nossoalvopermanece—disseCarpathia—enossatarefaé clara.Tomaracidadedo
Pai,aniquilaropovoescolhidoemataroFilho.Estefoionossodesı́gniodesdeoprincı́pio.Nó so
atraı́m os e em breve faremos com que esteja onde o queremos. Permaneçam leais,
permaneçamsinceros,permaneçamvigilanteseserãorecompensados.
Enquanto isso, Jesus se voltara para os remanescentes e falou diretamente com eles.
RayfordeAbdullahficaramouvindo.
"Filhinhos,vó ssoisdeDeusetendesvencidooanticristo,porquemaioré aquelequeestá
emvó sdoqueaquelequeestá nomundo.Eleprocededomundo;poressarazã o,faladaparte
do mundo, e o mundo os ouve. Nó s somos de — Deus; aquele que conhece a Deus me ouve;
aquelequenãoédapartedeDeusnãomeouve.Nistovocêsreconhecemoespíritodaverdadee
oespíritodoerro"(1Jo4.6).
"Amados, amem-se uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que
amaé nascidodeDeuseconheceaDeus.Aquelequenã oamanã oconheceaDeus,poisDeusé
amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em você s: em haver Deus enviado o seu Filho
unigê nito ao mundo, para viverem por meio dele. Nisto consiste o amor: nã o em que tenham
amadoaDeus,masemqueeleamouvocêsemeenvioucomopropiciaçãoporseuspecados".
"Rayford,seDeusdetalmaneiraoamou,você devetambé mamaraosoutros"(1Jo4.711).
Rayforderasempreatingidoaoouvirseunome,comosabiaqueAbdullahetodososoutros
deviam ser. A seguir, Jesus passou da exortaçã o pessoal para uma explicaçã o clara do que
acabaradeacontecer.
"Entã o, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom... derramou o
sé timoanjoasuataçapeloar,esaiugrandevozdosantuá rio,doladodotrono,dizendo:Feito
está ! E sobrevieram relâ mpagos, vozes e trovõ es, e ocorreu grande terremoto, como nunca
houve igual desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande... també m
desabou do cé u sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um
talento;e,porcausado lagelodachuvadepedras,oshomensblasfemaramdeDeus,porquanto
oseuflageloerasobremodogrande".
"Um anjo saiu do santuá rio, gritando em grande voz para aquele que se achava sentado
sobreanuvem:Tomaatuafoiceeceifa,poischegouahoradeceifar,vistoqueasearadaterra
já amadureceu.Eaquelequeestavasentadosobreanuvempassouasuafoicesobreaterra,ea
terrafoiceifada".
"Entã o saiu do santuá rio, que se encontra no cé u, outro anjo, tendo ele mesmo també m
umafoiceafiada".
"Saiuaindadoaltaroutroanjo,aquelequetemautoridadesobreofogo,efalouemgrande
vozaoquetinhaafoicea iada,dizendo:Tomaatuafoicea iadaeajuntaoscachosdavideirada
terra, porquanto as suas uvas estã o amadurecidas. Entã o o anjo passou a sua foice na terra, e
vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar da có lera de Deus. E o lagar foi pisado
fora da cidade, e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa extensã o de mil e
seiscentosestádios"(Ap14.14-20).
O remanescente, cheio da gló ria de Deus, se voltara na direçã o de Jerusalé m. Chaim
acreditava que o Senhor os protegeria; mas, estranhamente, Jesus avançava agora com o seu
exé rcito.Emboraos ilhosdeIsraelparecessemestarnovamenteandandodepressademaneira
sobrenatural,elesficaramparatráselogooperderamdevista.
Chaim viu pessoas se entreolhando preocupadas e queria animá -las. Mas, seu lugar como
lı́der e porta-voz fora tomado e ele nã o sentia qualquer impulso de rea irmar sua posiçã o. Seu
trabalhoterminaraeChaimsentiuqueagoranã opassavadeumapartedoremanescente.Eles
iriamparaondeDeusosenviasseeconfiariamnoSenhorcomosuaretaguarda
Mac icou surpreso ao descobrir que as ondas sonoras — e ele supunha que a televisã o
també m—continuavamcontroladaspelaComunidadeMundial.Elesabiaqueissonã oiadurar
muito.EnquantoatravessavaJerusalé m,procurandodaraRayfordeAbdullahumaidé iadoque
iriam encontrar quando chegassem, ouviu os repó rteres daCG e os â ncoras inserindo notı́c ias
sobreNicolaeCarpathiaemtudo.
Nã o havia naturalmente mençã o do que poderia ser pelo menos descrito como uma
apariçã o no cé u — um estratagema do inimigo para assustar todo mundo. Seria o mesmo que
mencionaroelefanteproverbialnalojadeporcelanas.Mactinhacertezadequetodosnaterra
sabiamquemestavanasnuvens.AquestãoeraoqueJesusfariaequando.
Jerusalé m estava repleta de cadeias improvisadas e celas especiais onde os rebeldes
capturados eram torturados e passavam fome. O pessoal da CG noticiava isso com aparente
prazer,comoevidê nciadequeavitó riaseaproximava.Umcomentaristadissequeosrebeldes
que julgavam estar de posse da á rea do monte do Templo encontravam-se na verdade numa
prisã o maior de sua pró pria fabricaçã o, pois nã o tinham condiçõ es de oferecer resistê ncia ao
ExércitodaUnidadenemparaondefugir.
FicouaparenteparaMacquerumorescorriampelacidadedequeopotentadoseachavaa
caminho.Olugarvirouumcentrodeatividade.
Osjogosdecartasforamsuspensos.Ficarsentadoà toapertenciaaopassado.Ospelotõ es
estavam em estado de atençã o, as ruas vigiadas e o caminho para as linhas de frente
desimpedidos. A cada poucos minutos, as notı́c ias traziam uma informaçã o nova do
comandante-em-chefe.
— A medida que nos aproximamos do que muitos chamaram de Cidade Eterna, — disse
Carpathia — tenho prazer em anunciar que depois da nossa vitó ria aqui, esta irá tornar-se a
nova sede da Comunidade Mundial. Meu palá cio será reconstruı́do sobre as ruı́nas do templo,
cujadestruiçãoestáemnossosplanos.
— Por mais bela que a Nova Babilô nia pudesse ser, meu objetivo sempre foi transferir a
sededogoverno,comé rcioereligiã oparaestacidade,quesigni icoutantoparamuitosdurante
longotempo.Portanto,leaiscidadã osdaNovaOrdemMundial,con ioemquevã oassistircom
grande satisfaçã o nossa conquista deste lugar, enquanto desarraigamos e destruı́m os o ú ltimo
bolsã o de resistê ncia e tornamos fraco Aquele a quem o inimigo reverencia como o motivo de
nuncapoderemunir-seànossanobrecausa.
—Estequeesvoaçapeloar,citandotextosdefá bulasantigaseforçandoosbajuladoresa
correreminsensatamenteaoseulado,adorando-o,irá embrevedeparar-secomoseu im.Ele
nã oé pá reoparaosenhorressurretodestemundoeparaoexé rcitoqueterá deenfrentar.Nã o
mepreocupoemtornarpú blicoonossoplano,poisjá teveê xito.Estacidadeeessesindivı́duos
desprezı́veistê msidohá muitoseusescolhidos,portantooforçamosamanifestar-se,arevelarse,atentarinutilmentedefendê -losouserdesmascaradocomoafraudeeocovardequeé .Ou
ele tenta resgatá -los, ou eles verã o quem realmente é e o rejeitarã o como impostor. Ou irá
ainda insensatamente atacar meus homens e a mim, icando entã o provado de uma vez por
todaseparatodosqueméomaisforte.
—Emboranã oesperequeestasejaumacampanhaprolongada,porseraú ltimabatalha
que pretendo travar, estou empregando todos os nossos recursos. Cada homem e mulher sob o
meucomandoetodoarmamentoemuniçã oaonossodisporserã oempregadosparatornaresta
avitóriamilitarmaisretumbanteeconvincentedaHistória.
— Minha promessa a você s, leais cidadã os da Comunidade Mundial, é que no inal desta
batalha, nenhum oponente da minha liderança e regime icará em pé , nenhum permanecerá
vivo. Os ú nicos seres vivos no planeta Terra serã o os cidadã os con iá veis, amantes da paz, da
harmoniaedatranqüilidade,queofereçocomamorportodosdomaisprofundodomeuser.
— Estou a apenas 1,5 km a oeste de Jerusalé m enquanto falamos e vou dispensar meu
gabinete e generais para que possam cuidar deste con lito sob o meu comando. O altı́ssimo
reverendo do Carpathianismo, Leon Fortunato, servirá como meu motorista para a minha
entrada triunfal. Os cidadã os já estã o ao longo da estrada para me cumprimentarem e eu
agradeçoavocêsoseuapoio.
Mac apressou-se para encontrar um local onde pudesse ver o Humvee e o des ile de
veı́c ulos militares que o seguiam. Ele postou-se num lugar alto do lado oeste, onde podia ver o
exé rcito que se estendia em ileiras que alcançavam o horizonte. A medida que a procissã o se
aproximava da cidade, ele podia ouvir tambores e trombetas e, se nã o estava enganado, até
daqueladistâ nciaoHumveerealdavamá impressã o.Rayfordcontaraqueestiverachapinhando
pelosanguenovaledeMegido,masaparentementeningué mlembraraopotentadodemandar
lavá-lo.
Quando se aproximou, as suspeitas de Mac se con irmaram. O carro estava salpicado de
lamaesangueaté asjanelas.Todavia,Nicolaetinharazã o,civissealinhavamdosdoisladosda
estrada, aplaudindo, acenando, batendo palmas, saudando e atirando lores. Carpathia abriu o
tetoemformadelua, icouempé nobancodafrenteeapareceuaoarlivre,acenandocomas
duasmãosesoprandobeijos.
Aproveitaenquantodura,companheiro.
—Mac,vocêestánosvendo?—Rayfordligouatravésdafreqüênciadesegurança.
—Não.Ondevocêestá?
—Terceirafila,atrásdoHumvee.
—Ninguémseimporta?
—Pareceatéqueelesnãonosenxergam.
—Qualéoplano?
—QuandooHumveechegarà estradadeJaffa,elevaiaté aPortadeJaffa,comumterço
daforçadecombate.Osoutrosdoisterçosirã odividir-seemdireçã oaonorteeaosul,cercando
aCidadeVelha.Umavezquetodosestejamemseuspostos,Carpathiavaicomandaroataque
pelos bairros armê nio e judeu ocupados até o monte do Templo. Eles pretendem derrubar o
murooesteedominarosrebeldes.
—Planejam.
—Exatamente
Mac inalmente avistou o Hummer de Rayford e Abdullah e icou impressionado ao ver
como parecia fazer parte da procissã o. A medida que a cavalgada chegava à estrada de Jaffa,
Mac começou a andar para lá , esperando encontrar-se com os amigos quando eles se
afastassemdogrupo.
Onú m erodepessoasqueaplaudiamcresceuquandooscarroschegaramà CidadeVelhae,
enquanto diminuı́am a marcha, a banda os alcançou com sua mú sica estridente e os tambores
tocando.
Mac lembrou-se das paradas do Dia de Comemoraçã o aos soldados norte-americanos
mortosemcombate,quandoseupaiocolocavanosombroseele icavaemocionadocomorata-tat-tat dos grandes tambores e dos saxofones. Naquela é poca, como é evidente, ele nunca
tinhaouvidooclamor"aveCarpathia".
A mú sica levara a multidã o a um extremo de empolgaçã o e o exé rcito que surgiu em
seguidaerasemdú vidadiferentedequalquerumqueoslegalistasourebeldesjá tivessemtido
oportunidade de ver. Nã o haveria espaço na Cidade Velha para uma fraçã o daquela força. Mac
se perguntou como Carpathia e o restante das tropas iriam atravessar as ruas estreitas
pavimentadasdepedras.
— Estive pensando na mesma coisa, Mac — Rayford comentou. — Está parecendo uma
festa,nãoé?
—Ridículo!
—Parasersincero,estougostando,quantomaisaltomelhor.
—Nãoentendi.
—Quantomaispompaeformalidade,tantomaiorahumilhaçãoposteriormente.
—Éverdade.
—Vocêjánosachou,Mac?
—Estouindoemsuadireção.Quandovaideixá-los?
—Nãovamos.
—Nãovão?Oquê?PretendeparticipardaparadanaCidadeVelhacomCarpathia?
—Porquenão?Vejaseentratambém.
—Improvável.
—Tente.
Mac chegou até a parada e icou imaginando qual a inalidade de todas aquelas tropas
extras.OmesmocontingentedesoldadosqueestiveraaliquandoencontraraBuckeramaisdo
que su iciente para cumprir a tarefa do ponto de vista humano. Se nã o pudessem fazê -lo, o
restantenãoseriaútil.
FortunatopilotouograndeHumveepelaPortadeJaffaequaseimediatamentealoucura
do plano deles icou clara. Nã o havia simplesmente espaço para as tropas irem até o muro
ocidentaldomontedoTemplo.
Pelo fone de ouvido, Mac ouviu Nicolae tentando alistar engenheiros para irem buscar o
equipamento pesado e derrubarem pré dios e muros durante o percurso. Quando lhe disseram
que isso levaria horas, ele explodiu, blasfemando e exigindo saber quem dissera que sua parada
pelaCidadeVelhatinhasidoumaidéialuminosa.
— Deixem os carros onde estã o! — anunciou ele. — Vou comandar o resto do ataque a
cavalo.
Mac estava perto o su iciente para ver Carpathia olhar de soslaio para o cé u. Jesus nã o
estavalá naquelemomentonemoseuexé rcitocelestial.MacachouqueissofezCarpathia icar
maisnervosodoqueseeleestivesseali.
Os assistentes atenderam imediatamente Carpathia quando ele saiu do Humvee. Ele
endireitouasroupasdecouro,quepareciamemordem,desdequenãodeixaraoveículodurante
ofracassoemArmagedom.Nicolaetambémrecolocousuaespadaextravagante.
Quando Fortunato desceu do carro, poré m, ele vestia trajes civis que faziam parecer que
estavaacaminhodotrabalhonumclubecomunitáriolocal.
— Consigam um uniforme apropriado para o reverendo e algo para limpar seu rosto e
cabelo—ordenouCarpathia.
Alguémsaiucorrendoevoltouàspressas.
—Asmaioresquetemos—disseohomem,entregandoasroupasdobradaseumatoalha
úmidaparaFortunato,quelhedeuumolharqueabririaumburaconoasfalto.
—Sintomuito—sussurrouohomem.-Éomaiorquetemos.
—OSr.podetrocar-senacatedral—algué mdisseaLeoneelesaiuà spressascomdois
ajudantes. Enquanto isso, mais generais, curiosos e bajuladores cercaram Carpathia, que pediu
queabrissemespaçoparaosfotógrafoseequipesdecâmerasdaTV.
Quando Leon voltou no uniforme do Exé rcito da Unidade, muito curto e justo, parecia o
sargentoGarcia{*}tentandousarasroupasdoZorro.Eleprocuraradarumaspectoreligiosoao
traje, colocando em volta do pescoço uma grossa corrente de ouro com o nú m ero 216
penduradonela.
Mac fez o má ximo para nã o rir. Ele acompanhou o passo de Rayford e Abdullah quando
eles se aproximaram depois de deixar seu veı́c ulo. Os trê s haviam começado a atrair alguns
olhares, mas felizmente nã o da parte de ningué m que se preocupasse o su iciente para fazer
perguntas.Aabadoboné delesestavaabaixadasobreatesta;mas,semuniformesapropriados,
nãoseriamtomadospormembrosdoExércitodaUnidade.
—Émelhornossepararmos,nãoécapitão?—perguntouMac.
— Acho que sim. Abdullah, você vai para o norte. Mac, para o sul. Eu me encontro com
vocêsdoladodeforadomuroocidentalnaPortaDouradaquandotudoistoacabar.
Chaim sentiu um prurido de antecipaçã o quando o remanescente chegou a um lugar
elevado na encosta ocidental acima de Jerusalé m. Parecia ainda desconcertante nã o ver Jesus
noalto,maselesabiaqueoSenhorsó fariaoqueeracerto.Oanticristoestiverasegabandode
atrair o Filho de Deus para a sua armadilha, quando estava claro para Chaim que o oposto
acontecera.CarpathiatinhadeleraBíblia.Tinhadesaberquetudoaquiloforaprofetizado.
Precisava até mesmo conhecer o resultado previsto. Todavia, temerariamente fora ao
ponto exato em que deveria estar e apesar da execuçã o em massa de suas tropas em trê s
confrontos,eleaindatinhaaarrogânciadeacreditarqueprevaleceria.
Aquele era um espetá culo que valia a pena assistir e Chaim queria dizer isto aos que
estavamalireunidos.Nã otinhameiosdefalarcomtodosaumsó tempo;eaoolharparaosque
o rodeavam, soube que nã o havia nada que precisassem ouvir. Como ele, todos estavam
observandoemgrandeexpectativa.Vem,reiJesus!
CAPÍTULO15
RayfordestavasuficientementepertodeNicolaeparaouvi-loperguntaraumagenerala:
—Qualasuaforçaeqüestre?
Elaverificoupelorádioerespondeu:
— Excelê ncia, entre mais de um milhã o de soldados, pouco mais de um dé cimo está a
cavalo.
—Peçatantasmontariasquantasforemnecessá riasparaqueaprimeiralevachegueaté
omuroocidental,edê ordensquesejamescolhidosparamimeoreverendoFortunatocavalos
adequados.
Dentro de minutos, vá rios milhares de cavalos lotavam as ruas e os soldados do Exé rcito
daUnidadejá subiamneles.Umginetealtoebonito,quaseidê nticoaoqueCarpathiamontara
fora da cidade em direçã o a Bozra, foi entregue para seu uso. As câ meras clicaram fotos e
equipesdeTVorodearamquandoelemontou,levantandoaespada.
Carpathiagirouaespadaacimadacabeça,animandoastropasqueresponderamcomum
whoopemcrescendo,comoumtimedefutebolprestesasairdovestiário.
Fortunatosubiucomdificuldadenumcavalopretomenoreseacomodounele.
—Sigam-meaté omuroocidental,gritouCarpathia,eabramcaminhoparaoarı́eteeos
lançadoresdemísseis!Quandoeuderordem,abramfogo!
Comojá conheciaaCidadeVelha,Rayfordseguiuporruaslaterais,encaminhando-separa
omuroocidental.
Mac já se encontrava na extremidade sul da Cidade Velha, a alguns passos ao norte da
Porta do Monturo. Abdullah entrou em contato com ele pelo rá dio e disse ter encontrado um
abrigopertodaFortalezaAntô nia,ondeacreditavaestarasalvoeinvisı́vel,comumaboavisã o
dosinvasoresqueseaproximavam.
— Estou també m numa altura su iciente para ver as forças militares ao redor, Mac —
disseele.—ElesrodearamaCidadeVelhainteira,eestã oaosmilhares.Possoentenderporque
estãotãoconfiantesnavitória,tendocortadotodasasviasdefuga.
Rayford parou cerca de 90 metros antes do muro ocidental, num lugar em que havia um
poucodevegetaçãoparaseesconder.PensoutervistoMac,masnãotinhacerteza.Quasetodos
dentrodaCidadeVelha,comexceçãodaimprensa,faziampartedaforçaatacante.
Civis ocasionais subiam em cima de qualquer coisa disponı́vel, aplaudindo e gritando
palavras de â nimo à medida que Carpathia avançava, valente e orgulhoso em seu enorme
cavalo,comaespadaapontandoparaocé u,microfonenoouvidoenafrentedabocaparaque
todooexércitopudesseescutarsuasordens.
— Para a gló ria do seu mestre ressurreto e senhor da terra! — exclamou ele, forçando o
cavalo a galopar, fazendo ruı́do sobre o chã o de pedras redondas. O cavalo de Fortunato dava
passinhoscurtosatrásdele,oqueparaLeonpareciabastanterápido.
Abandaseguiabematrá sdastropasmontadasedainfantaria,tocandoaltoumamelodia
animada.QuandoCarpathiaseaproximoudomuro,virouparaosuleFortunatooacompanhou.
— Cavaleiros, abram espaço para os armamentos! — berrou Carpathia. — Ataquem!
Entrempelomuro!TomemomontedoTemplo!Destruamosrebeldes!
Quando os cavaleiros chicotearam suas montarias, elas, poré m nã o obedeceram. Os
cavalos dispararam como se estivessem cegos — relinchando, empinando, pulando,
escoiceando, dando encontrõ es uns nos outros, correndo impetuosamente na direçã o do muro,
atirandooscavaleirosaochão.
—Abramcaminho!—berrouCarpathia.—Abramcaminho!
Os cavaleiros que nã o tinham caı́do pularam dos cavalos e tentaram controlá -los com as
ré deas,masenquantolutavamparadominá -los,acarnedelesdissolveu-se,osolhosderreteram
e os dedos se desintegraram. Rayford viu os soldados icarem em pé brevemente como
esqueletos em uniformes agora muito largos, depois caı́ram em montes de ossos enquanto os
cavaloscegoscontinuavamcomseusacessosdefúria,completamenteenlouquecidos.
Segundos mais tarde, a mesma praga a ligiu os cavalos, sua carne, olhos e lı́nguas
derreteram, deixando esqueletos grotescos em pé , antes que eles també m tombassem no
pavimento.
—Reforços!—Carpathiaordenou.—Avancem!Avancem!Fogo!Ataquem!
Cada cavalo e cavaleiro que avançava, sofria o mesmo destino. Primeiro a cegueira e
loucura por parte dos cavalos, depois os corpos dos soldados derretendo e se dissolvendo. A
seguir,aquedaeoamontoadodeossos.
Rayford icouestupefato,notandoqueoscavalosdeCarpathiaedeFortunatonã ohaviam
sido ainda afetados. Leon escorregou da montaria, rolou até icar ajoelhado e enterrou o rosto
nasmãos.
— Levante-se, Leon! Levante-se! Nã o estamos vencidos! Temos mais um milhã o de
soldadosevamosprevalecer!
MasLeonficouondeestava,choramingandoeselamentando.
Claramente desgostoso, Nicolae fez o cavalo voltar até a metade do muro e procurou
reforços para alé m dos ossos de suas tropas dizimadas. Ele levantou a espada e amaldiçoou a
Deus;mas,derepente,suaatençãofoiatraídadiretamenteparaoalto.
Rayfordseguiuoolhardeleeviu,claramentecomoodia,otemplodeDeusabertonocé u
eaarcadaaliança.Relâmpagosbrilharam,trovõesrugirameaterracomeçouatremer.
O cavalo de Carpathia empinou e Nicolae esforçou-se para controlá -lo. O cavalo de
Fortunatofugiuapressadosemele.
A terra gemeu e dobrou-se, e a cidade de Jerusalé m partiu-se em trê s, enquanto grandes
fendas engoliam os seguidores leais a Carpathia e os soldados. Pré dios e muros foram deixados
intactos,excetoqueAbdullahinformoutervistoaPortaLestequeforacimentada—fechadahá
séculos—abrir-seinteiracomomovimentodaterra.
Rayford colocou a palma da mã o sobre o fone de ouvido e conectou a outra orelha para
ouvirasnotı́c iasquechegavamdomundointeiro.Oterremotoeraglobal.Ilhasdesapareceram.
Montanhasforamniveladas.Todaafacedoplanetaforaaterrada,excetoacidadedeJerusalém.
OSenhorJesusapareceuentã odesú bitonasnuvensoutravezeomundointeirooviu.Ele
falouemaltavoz,dizendo:
"Falaiaocoraçã odeJerusalé m,bradai-lhequejá é indootempodasuamilı́c ia,queasua
iniqü idade está perdoada e que já recebeu em dobro das mã os do Senhor por todos os seus
pecados"(Is40.2).
"Todovaleserá aterrado,eniveladostodososmonteseouteiros;oqueeratortuososerá
reti icado,eoslugaresescabrosos,aplanados.Agló riadoSenhorsemanifestará ,etodaacarne
averá,poiseuodisse"(Is40.4).
"EisquevemoDiadoSenhor,emqueosteusdespojosserepartirã onomeiodeti.Porque
eu ajuntei todas as naçõ es para a peleja contra Jerusalé m... mas o restante do povo nã o foi
expulsodacidade.Eusaíepelejeicontraessasnações,comonodiadabatalha"(Zc14.1-3).
"Esta foi a praga com que feri a todos os povos que guerrearam contra Jerusalé m: a sua
carne se apodrecerá , estando eles de pé , apodrecer-se-lhes-ã o os olhos nas suas ó rbitas, e lhes
apodrecerá a lı́ngua na boca. També m enviei grande confusã o entre eles. Como esta praga,
assimseráapragadoscavalos"(Zc14.12,13,15).
"Eis que iz de Jerusalé m um cá lice de tontear para todos os povos em redor e també m
para Judá , durante o sı́t io contra Jerusalé m. Fiz de Jerusalé m uma pedra pesada para todos os
povos;todosqueaergueremseferirã ogravemente;econtraela,seajuntarã otodasasnaçõ es
daterra".
"Feri de espanto a todos os cavalos e de loucura os que os montam; sobre a casa de Judá
abrireiosolhoseferireidecegueiraatodososcavalosdospovos".
"OSenhorprotegeuoshabitantesdeJerusalém;eomaisfracodentreelesécomoDavi,ea
casadeDaviserá comoDeus,comooAnjodoSenhordiantedeles.Destruı́ todasasnaçõ esque
vieramcontraJerusalém"(Zc12.2,3,8).
"Por isso, a maldiçã o consumiu a terra, e os que habitam nela se tornaram culpados; por
isso,foramqueimadososmoradoresdaterra,epoucoshomensrestarão.
Porqueserá naterra,nomeiodestespovos,comoovarejardaoliveiraecomoorebuscar,
quandoestáacabadaavindima"(Is24.6,13).
"Os ilhos de Israel invocaram o meu nome e eu lhes respondi. Eu disse, 'Este é o meu
povo';ecadaumdisse,'OSenhoréomeuDeus'".[Últimasentença:traduçãolivre(N.T.)]
Embora o Senhor nã o tivesse falado audivelmente ao remanescente, Chaim sentiu como
seeleeosoutrosestivessemsendoinexoravelmenteatraı́dosparaoladolestedaCidadeVelha.
Enquanto os mais de um milhã o de pessoas passavam lentamente pelos mortos e agonizantes,
uma fraçã o das forças do anticristo permanecia viva. Eles envidaram esforços e foram
tropeçandonadireçãodeumabrigo,tambémaparentementeatraídosparaoleste.
O Senhor manteve-se sentado triunfante sobre o seu cavalo branco nas nuvens, com seu
exé rcito atrá s dele, contemplando a vitó ria unilateral sobre as forças que haviam atacado
Jerusalém.
Mac encontrou Rayford, e eles foram procurar Abdullah. Sabiam que ele estava bem
porqueocontatarampelorádio.Eletambémsedirigiaparaolestedacidade.
—VocêdeviatervistoNicolaeeLeon—disseRayford.
—Euosvirapidamente—respondeuMac—quandoLeoncaiudocavalo.
— Nicolae saiu galopando há pouco tempo, voltando pelo caminho em que viera. Leon
estavacorrendoatrásdele,suplicandoparadeixarquefossecomele,masCarpathiaoignorou.
—Quefiguras!
A terra ainda tremia e se movia depois dos choques e Rayford tentou imaginar sua
aparê ncia do espaço exterior. Nã o havia mais ilhas. Nem montanhas. Virtualmente plana com
colinasonduladaseaprazíveis.TodaIsrael,excetoJerusalém,foraaplanada.
ElesencontraramAbdullah,queaprincı́pioolhouparaalé mdeles,depoissorriuebalançou
acabeça.
—Euestavaesperandodoishomensbrancos,Mac.
Hannah Palemoon alcançou Chaim, que estava cercado por pessoas fazendo perguntas.
Esperouatéqueeleareconhecesseedepoisdisse:
—Quantotempovailevaraté encontrarmososentesqueridosqueforamparaocé uantes
denós?
—Muitoembreve,espero—replicouChaim.
—Hámuitosqueeutambémdesejover,masprimeiroqueroverJesusfaceaface.
—Oquevemdepois?
—Oh!,pensoquevocê sabe.OSenhorporá denovoopé naterra,pelasegundavezdepois
da sua ascensã o. Como sabe, ele veio nas nuvens para o Arrebatamento e desta vez andou
brevementenochãoquandomanchouseumantonosangueemBozra.
—Oinimigodesapareceucompletamente?
—logo,logoissoacontecerá.
Illinois,planacomojá era,nã ofoimuitoafetadapeloterremoto,emboraEnoqueestivesse
certodequeningué mduvidavadoqueocorrera.Oruı́dosurdoeprolongadodaterracontinuava
eeleviuosseguidoresdeCarpathiagritandoporsuasvidas.
Depoisqueoseupessoalvoltaraparasuascasas,Enoquecomeçoualevaramobı́liaparaa
parte de cima, antecipando uma vida em que pudesse olhar pela janela sem se importar com
quem pudesse vê -lo. Algum tempo antes do terremoto, um dos poucos carros de patrulha dos
Paci icadoresdaComunidadeMundialqueeleviraemsemanasrecentesdesceuvelozmentea
rua. No momento em que fez a curva na frente de sua casa, mudou subitamente de direçã o e
bateunumhidrantedeincêndio.
Osvizinhoscorreramparaocarro,malacreditandoemseusolhosquandosó encontraram
esqueletos e roupas no banco dianteiro. Os inimigos declarados de Deus estavam sendo
dizimadosaoredordomundo.
Enoque tentou telefonar para os seus paroquianos, conseguindo falar com alguns e
perdendo as chamadas feitas enquanto telefonava. Ningué m icara ferido, embora algumas das
casastivessemsidodani icadas.Algunsestavamtraumatizados,contandotervistofuncioná rios
dogovernosedesintegrandodiantedeseusolhos.
Todos queriam falar sobre a nova igreja, onde iria ser e quando poderiam mudar-se para
ela.MuitostambémmencionaramsuaperegrinaçãoaoOrienteMédio.
—Nãoseiquandoserá—disseumamulheraEnoque-,masireidequalquerjeito.
Enoque lembrou a todos que em algum momento depois do terremoto, Jesus desceria no
montedasOliveiras,alestedeJerusalém,eomundointeirooveria.
—Fiquemolhandoparaocéu.
—Vocêestáaindaquerendoensinar,Abdullah?—indagouMac.
—Issodependedeterestudadooquevocêquersaber.
—OmontedasOliveiras,éclaro.
— Estudei isso muito bem. Você pode vê -lo daqui. Fica a apenas 800 metros do muro
ocidentaldaCidadeVelha.Emaisummontedoqueumamontanha,comovocê podever.Um
dossermõ esmaisfamososdeJesusfoipregadoali.Nasuaentradatriunfal,eleveiodomontedas
Oliveiras. Voltou para lá todas as noites da ú ltima semana antes da cruci icaçã o, orando com
freqüêncianoJardimdeGetsêmani.Aascensãotambémaconteceualimaistarde.
—Fazentãosentidodequeéaliqueeledesejadesceragora.
—Comcertezafazparamim—disseAbdullah.
George Sebastian nunca vira nada assim. Ele avisou Priscilla que iria alcançá -la e à s
crianças, assim como o resto do Comando Tribulaçã o que viajava com o remanescente.
Atrasou-se, entretanto, e em vez de seguir o remanescente pela cidade devastada, decidiu
cortarcaminhoindodiretamenteparaomontedasOliveiras.
Por ter seguido a carreira militar, Sebastian já vira despojos de guerra antes em muitos
campos de batalha ao redor do mundo. Nã o podia lembrar-se, poré m, de uma cidade bonita e
extraordiná ria como aquela ter sido tã o destruı́da. O mais interessante é que era quase
impossíveldeterminardequemforaavitória.
Sebastianreceberainformaçõ essobreocon litodesdeoinı́c ioesabiapormeiodeBucke
depois de Mac como a cidade tinha sido completamente dominada pelo Exé rcito da Unidade
Mundial. Metade dos habitantes fora morta ou capturada. Muitos continuavam presos, haviam
sidotorturadosepassavamfome.
Agora, poré m, enquanto percorria a passos lentos as ruas estreitas, George viu alguns
soldados da Unidade sobreviventes dividindo com toda calma os despojos, enquanto outros se
reagrupavam para um ataque aos rebeldes que tentassem fugir do monte do Templo. Notou
tambémpilhasderoupaseossosondeoSenhordecompuseraoscorposdosseusinimigos.
As coisas nã o tinham, entã o, terminado. Jerusalé m, a preciosa Cidade de Deus, fora
profanadaapontodeachar-seemruı́nas.EraummilagrequeDeusnã oativesseaplanadocom
asmontanhaseilhasdomundo.
Sebastian esquadrinhou toda a á rea enquanto caminhava, seguindo para o norte para a
PortadeHerodes,ondesabiaqueBuckforamorto.Elesubiunomuroeolhouparaoquerestava
de Jerusalé m. Talvez cem mil homens das tropas de Carpathia ainda restassem. Os rebeldes
continuavam defendendo o monte do Templo, guardando a Porta Leste recé m-aberta em vez
detentarfugirporela.
Elepôdeverovastoremanescentecaminhandolentamenteparaomurodosulepassando
por ele, dirigindo-se para o monte das Oliveiras; e pensou que seria melhor apressar-se ou se
arriscariaadeixaramulhersozinhacomaresponsabilidadededuascrianças.Eclaroqueoutros
ajudariam,masissonãojustificavaabandoná-la.
Pouco antes de Sebastian descer do muro, ele viu uma agitaçã o fora da Porta Nova, a
noroeste da Cidade Velha. Parecia que a imprensa rodeara Nicolae e Leon e o que restara do
gabinetedopotentado,seusconselheirosegenerais.Sebastiansacudiuacabeça.Elesabiaoque
estava para acontecer e Carpathia també m sabia com toda certeza. Por que ele nã o estava
correndoparasalvaravida?
Algunshomensnuncasabemquandoestã oderrotados,nuncasabemquandoadmitirissoe
afastar-se.NicolaeCarpathia,provando—comoseissofossenecessá rio—queeleeradefatoo
anticristo,eraoexemplotı́picodessetipodehomem.Numcasoclá ssicodenegativacó smica,
seuorgulhoaindaoconvenciadequenãopoderiaperdernofinal.
Ali estava ele, apontando, persuadindo, tramando, gritando ordens, falando à imprensa.
Sebastianligouorá dioe,comoesperava,suaaltezacontinuavatentandoconvenceroscidadã os
deseueventualtriunfo.
— Esta cidade se tornará o meu trono — disse Carpathia. — O templo será arrasado e
substituı́do pelo meu palá cio, a estrutura mais magnı́ ica já . Capturamos aqui metade do
inimigoeiremosacabarcomaoutrametadenahoradevida.
—Oestá gio inaldanossaconquistaestá quaseprontoparaserexecutadoeembrevenos
livraremosdestaamolaçãoládecima.
Rayford,MaceAbdullahestavamtambé mouvindoenquantoobservavamopovo,amaior
parteoremanescente,sedirigindoaomontedasOliveiras.Eclaroqueos ilhosdeDeussabiam
oquedeveriaacontecereportantomantiveramdistâ ncia.Ningué mtinhaidé iadahoraemque
oSenhorviria,maselepermaneciaali,pairandosobreelescomseuscavaleiros.Eembreveele
falounovamentepalavrasdeconsoloaosqueeramseus.
"Da mesma forma que me receberam como Senhor, andem em mim, arraigados e
edi icadosemmim,estabelecidosnafé ,comoforamensinados,abundandoemaçõ esdegraças.
Vocêssãoaperfeiçoadosemmim,ocabeçadetodoPrincipadoepotestade."
"O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre. Cetro de eqü idade é o cetro do seu reino.
Amasteajustiçaeodiasteainiqüidade;porisso,Deus,oteuDeus,teungiucomoóleodealegria
comoanenhumdosteuscompanheiros".
"Noprincı́pio,Senhor,lançasteosfundamentosdaterra,eoscé ussã oobradastuasmã os;
eles perecerã o; tu, poré m, permaneces; sim, todos eles envelhecerã o qual vestido; també m,
qualmantoosenrolará s,ecomovestidosserã oigualmentemudados;tu,poré m,é somesmo,e
osteusanosjamaisterãofim"(Hb1.8-12)[TraduçãoLivre]
"Eu,Aqueledequemessascoisasforamditaspelopró prioDeus,asseguro-lhes,meus ilhos,
que jamais os deixarei ou abandonarei. Podem entã o dizer ousadamente: 'O Senhor é o meu
socorro,nã otemerei.Oquepodefazer-meohomem?'Eu,oSenhorJesusCristo,souomesmo
ontem, hoje e para sempre. Portanto, santos irmã os e irmã s, participantes do chamado
celestial,considerem-meoApóstoloeSumoSacerdotedasuaconfissão".
"Fui ielaDeusquemeenviou,comoMoisé sfoitambé m iel.Fuicontadocomomaisdigno
do que Moisé s, da mesma maneira que Deus, que construiu a casa, tem mais honra do que a
casa.Poistodacasaéconstruídaporalguém,masquemconstróitodasascoisaséDeus".
"Deus me estabeleceu como Sumo Sacerdote para você s — santo, puro, separado dos
pecadores e mais alto do que os cé us. Nã o preciso oferecer, como os sacerdotes humanos,
sacrifı́c iosdiá rios,primeiropelosmeuspecadosedepoispelosdopovo,pois izistodeumavez
portodasquandoofereciamimmesmo".[TraduçãoLivre]
Apesar de todos os comentá rios magnâ nimos de Jesus a respeito de si mesmo, Rayford
impressionou-se com sua maneira humilde e compassiva. Estava simplesmente falando a
verdade, lembrando seus ilhos dos privilé gios que tinham nele. A verdade da Palavra de Deus,
vinda do Verbo Vivo, levou Rayford a ajoelhar-se novamente, com seus amigos e todo o
remanescentejudeu.
QuandoRayfordseajoelhou,comorostonasmã os,Jesuscontinuouafalardiretamenteao
seucoração.
"Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da gló ria deste misté rio, isto é , Cristo em
você , Rayford, a esperança da gló ria. Eu sou a esperança de Israel, a trombeta da salvaçã o na
casa de Davi, servo de Deus. Eu lhe garanto, antes de Abraã o ter sido criado, EU SOU". [A
primeirasentençafoiextraídadeCl1.27,aseguinteétraduçãolivre(N.T).]
Jesus silenciou. Rayford ouviu do lado oeste o som da banda do Exé rcito da Unidade da
Comunidade Mundial em marcha. Sua dé bil interpretaçã o da mú sica "Ave Carpathia" parecia
discordante à distâ ncia e, como é claro, empalidecia em comparaçã o com as oraçõ es
murmuradaspelomilhãodejoelhosdiantedoSenhornocéu.
OsoloestremeceuquandooquerestavadosarmamentosdaCGfoicolocadoemposiçã o.
Rayford achava paté tico e ridı́c ulo o fato de Carpathia nã o ter aprendido nada nas horas
anteriores.Nã ohaveriacontendacomaquelaforçadocé u.NenhumdanoseriacausadoaJesus
ouaoseupovocomarmasdeguerra.
Todavia, ali estava Carpathia chegando a galope, as roupas de couro estalando na sela, a
espada levantada, e o deplorá vel Falso Profeta sacolejando desajeitado atrá s dele, agarrado à s
ré deasdocavalocomtodasasforças.Oremanescente icouimó vel,nã odesejandoperdernada.
RayfordolhouparaafacedeseuSenhorelembrou-seoutravezdadescriçã obı́blicadohomem
nocavalobrancocomolhoscomodefogo.
A convicçã o que brilhava nos olhos de Jesus era de algué m que inalmente já suportara o
su iciente.Seuinimigoestavaexatamenteondedesejavaqueestivesse,totalmenteatraı́dopela
armadilhapreparadadesdeantesdafundaçãodomundo.Ocumprimentodasprofeciasseculares
seachavaprestesaterlugar,apesardoinimigotê -laslido,conhecê -lasetervistotodasserem
realizadasexatamentecomoplanejadas.
Emtodaasuagló riamó rbida,deimitaçã o,aquintessê nciadoorgulhoedoego,habitado
pelopróprioSatanás,Carpathiasurgiugalopando,brandindoaespadaacimadacabeçaemtodas
asdireções,enquantoFortunatousavaumadasmãosparatentarumaespéciedegestoestranho
deadoraçãoeaoutraparamanterocontroledocavaloeasimesmonasela.
Abanda,queabriaamarcha,tocavacadavezmaisaltoe,nahoracombinada,dividiu-se
para a direita e a esquerda, a im de dar passagem aos soldados montados, depois aos de
infantariae inalmenteaospelotõ esdemuniçã oearmamentosemseusveı́c ulosparaentrarem
lentamenteemposição.
Comoremanescenteapenasapoucascentenasdemetrosaleste,acidadedeJerusalé m
sitiada a um quilô m etro a oeste, e os exé rcitos celestiais pairando diretamente acima, Jesus
tocouseumagníficocorcelbrancoedesceunoaltodomontedasOliveiras.
Quandoeledesmontou,Carpathiaberrousuaúltimaordem:
— Ataquem! — As cem mil tropas obedeceram à s ordens, cavaleiros em pleno galope
atirando,soldadosapé correndoeatirando,armamentospesadosrodandoeatirando.Jesusdisse
entãonaquelavozcomodetrombetaeosomdeáguascorrentes:"EUSOUQUEMSOU".
Nesse momento, o monte das Oliveiras partiu-se em dois de leste a oeste, o lugar onde
Jesus estava moveu-se para o norte, e o lugar onde o Exé rcito da Unidade se encontrava
movendo-separaosul,deixandoumgrandevale.
Todosostiros,correrias,galopeseveı́c ulosrodandosedetiveram.Ossoldadosgritarame
caı́ram,seuscorposseabrindodacabeçaaospé sacadapalavradoSenhor,enquantoelefalava
aos cativos em Jerusalé m. "Fugireis pelo vale dos meus montes, porque o vale dos montes
chegará até Azal;sim,fugireiscomofugistesdoterremotonosdiasdeUzias,reideJudá ;entã o,
viráoSenhor,meuDeus,etodosossantos,comele"(Zc4.5).
Comgritosecâ nticos,eracomoseJerusalé mexplodisse;oscativospresosemJerusalé m
correram para o grande vale entre os dois lados do monte das Oliveiras. Enquanto a terra
continuava a roncar e mover-se, Rayford assistiu reverente e a cidade inteira de Jerusalé m
levantou-sedochã ocercade100metrose icoucomoumajó iacolocadaacimadetodaaterra
nascercaniasqueforamniveladaspeloterremotomundial.
Maclevantou-seeagarrouRayford.
— Está vendo os dois? — disse ele, apontando. — Nicolae e Leon fugindo para se
protegerem?Olhesó aquelaluzesfé ricabalançandonafrentedeles!Lembra-sedoqueeucontei
sobre Lú c ifer aparecendo nos Está bulos de Salomã o? A luz deve ser ele e está abandonando o
velhoNickdenovo!
Mac, Abdullah e Rayford icaram ali, com os braços ao redor dos ombros de cada um,
observandoacenaespetacular.
OsrebeldesdomontedoTemploeoscativosfugiramporumnovovale,perseguidospelos
ú ltimos e dé beis vestı́gios do Exé rcito da Unidade. Mas quando Jesus falou, os perseguidores
morreramaoouvirsuaspalavras.
"Aguasvivascorrerã odeJerusalé m,metadedelasparaomaroriental,eaoutrametade,
atéaomarocidental;noverãoenoinverno,sucederáisto".
"Eeu,oSenhorsereiReisobretodaaterra,HojeoSenhoré umeumsó oseunome.Toda
a terra se tornou como a planı́c ie de Geba a Rimom, ao sul de Jerusalé m; esta será exaltada e
habitadanoseulugar,desdeaPortadeBenjamimatéaolugardaprimeiraporta,atéàPortada
Esquina e desde a Torre de Hananeel até aos lagares do rei. Você s habitarã o nela, e já nã o
haverámaldição,eJerusalémhabitarásegura"(Zc14.8-11).
Depoisdisso,Jesusmontouemseucavaloecomeçouasuaentradatriunfal inalacaminho
de Jerusalé m. Durante sua primeira visita à terra, ele entrara na cidade montado em um
jumentinho, acolhido por alguns, mas rejeitado por quase todos. Agora, cavalgava no corcel
branco majestoso e a cada palavra que saı́a de sua boca, o restante dos inimigos de Deus —
excetoporSatanás,oanticristoeoFalsoProfeta—foitotalmentedestruídoondeseachava.
"Este é o dia da vingança, porque todas as coisas escritas foram cumpridas. A arrogâ ncia
dohomemseráabatidaeasuainsolênciaseráhumilhada;sóoSenhorseráexaltadohoje."
Vozesaltasvindasdocé udisseram:"OsreinosdestemundosetornaramreinosdoSenhor
edoseuCristo,eelereinaráparatodoosempre!"
"Nó s te damos graças, ó Senhor Deus Todo-poderoso, Aquele que é que era e que virá ,
porquetomasteoteugrandepoderereinaste.Asnaçõ esseindignarameatuairaveio,eahora
dosmortos,paraquesejamjulgados,eparaqueturecompensesosteusservososprofetaseos
santos,eosquetememoteunome,pequenosegrandes,edestruirá sosquedestroematerra."
[TraduçãoLivre]
O remanescente seguiu Jesus, levantando as mã os, cantandohosana, e dando louvores a
ele.TodossilenciaramquandoJesusfaloudenovo.
"E justo que Deus envie tribulaçã o aos que perseguem você s, e que dê descanso a você s
quesã operseguidos.Tomeivingançasobreosquenã oconhecemaDeuseosquenã oobedecem
aomeuevangelho.ElesserãopunidoscomaseparaçãoeternadapresençadoSenhoredaglória
doseupoder.Vimparaserglori icadonosmeussantoseparaseradmiradoentretodososque
crêem."[TraduçãoLivre]
CAPÍTULO16
Ajoelhado em seu jardim nos subú rbios de Chicago, Enoque chorou ao ouvir as palavras
gloriosas e triunfantes de Jesus. Chorou també m por desejar intensamente ir a Jerusalé m. Ele
havia estudado essas passagens bı́blicas durante anos e sabia o que estava acontecendo. Mal
podia esperar pelo dia da viagem, para reunir-se com seus amigos do Comando Tribulaçã o e
ouvircadadetalhedograndediadoDeusAltíssimo.
Maisdoquetudo,porém,elequeriaverJesus.
Acadamomento,tornava-semaisdifı́c ilparaRayfordassimilaramagnitudedoseventos
sobrenaturais.Sobrecargasensorialnã oerademodoalgumoquesentia.Elenuncaantestivera
de beliscar-se para determinar se estava ou nã o sonhando. Tudo era tã o real, tã o maciço, que
atéoquepoderiaterconsideradomilagresmenoressenivelaramcomosterremotosmundiaise
locais em importâ ncia. Por exemplo, o fato de ainda nã o sentir-se fatigado apesar de nã o ter
tidodescanso—muitomenossono—hámaistempodoquepodiaselembrar.
Quando ele, Mac e Abdullah estacionaram o Hummer do lado de fora da Cidade Velha e
seguiramavastaprocissã opelaPortaOrientalrecé m-aberta,umnovofenô m enooaguardava.
UmacoisaeraseguiroSenhor,oReidosreis,emsuaú ltimaentradatriunfalnaCidadedeDavi,
masveroqueviualicomparadocomoqueesperavaencontrar...
Jerusalé m, especialmente a Cidade Velha, devia estar cheia com o sangue dos mortos.
Centenas de milhares haviam morrido ali, a maioria de maneira grotesca. Deveria haver mau
cheiro, sangue e carne, sem mencionar os restos dos esqueletos dos soldados e cavalos do
ExércitodaUnidade.
OterremotoquedividiraemdoisomontedasOliveiraseelevaraaCidadeEternaacerca
de 2.400 metros havia poré m realizado uma operaçã o de limpeza macabra. Jesus guiou a
multidã o alegre para dentro e ao redor dos limites internos da Cidade Velha, estendendo por
vá riosquilô m etrosodes iledepessoascantando,dançando,salmodiando,abraçando,louvando,
adorando,celebrando.
De modo estranho, os muros haviam sido nivelados, todos eles. Nã o se viam mais as
cicatrizes da batalha, arestas provocadas por bombas e arı́etes, nem elevaçõ es irregulares. No
lugardosmuros,encontravam-semontículosdepedrasdelicadas,moídas.
Até oMurodasLamentaçõ esdesapareceraeRayfordsentiunofundodocoraçã oqueJesus
osubstituı́rapelasuaPessoa.Quandooinı́c iodaprocissã opô deseravistadodoMuroOcidental,
Jesuscomeçouafalar.Emboraenquantoestavamontado,eleparecesseapenasumpoucomais
alto do que as pessoas na ila e estivesse de costas para elas, Rayford sabia que todos podiam
ouvi-lotãoclaramentequantoelemesmoofazia.
"Só há umDeuseumMediadorentreDeuseoshomens,eu,oHomemCristoJesus.Deia
mimmesmocomoresgateportodos."
Onde se encontrava o resı́duo da guerra? Rayford só podia conjeturar. Era como se a
cidade tivesse sido sacudida e inclinada de um lado e de outro. Enquanto os pré dios e marcos
permaneciam, os escombros dos muros haviam aparentemente varrido as ruas e empurrado a
evidê nciarepulsiva—todaela-paradentrodefendasagoracobertaspelorestodaeternidade.
ACidadedeDeusestavanovamenteimaculadaeopovopareciaespantadocomisso.
QuandooSenhorentroucidadeadentroacavalo,a imdepermitirquetodososseguidores
també m entrassem, ele circulou de modo que a multidã o formou um grande cı́rculo, milhares
depessoas.Portrá sdetodos,quasecomoumare lexã otardia,estavamosexé rcitosdoscé us,
tambémaindamontados.
O remanescente os ignorou, como se temporariamente nã o tivesse consciê ncia deles.
Rayford os viu com toda clareza e sabia que todos os demais també m os viam. Ele tinha no
fundo da mente a perspectiva — esperava que nã o demorasse — de reuniã o com os entes
queridos. Mas, o fato de Jesus estar no meio deles, fazia todos pensarem apenas nele. Tudo o
mais,agradávelounão,perderaaimportância.
Quando todos inalmente pararam e se ajeitaram em seus lugares, Jesus desmontou e
estendeu os braços. "O Jerusalé m, Jerusalé m" gritou ele, "que matas os profetas e apedrejas os
queteforamenviados!Quantasvezesquiseureunirosteus ilhos,comoagalinhaajuntaosseus
pintinhos debaixo das asas, e vó s nã o o quisestes! Eis que a vossa casa vos icará desolada.
Declaro-vos, pois, que, desde agora, já nã o me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que
vememnomedoSenhor"(Mt23.37-39).
Jesus olhou para o remanescente e Rayford soube intuitivamente que todos tinham o
mesmo sentimento que ele, que o Senhor olhava diretamente em seus olhos. Rayford nã o
conseguiu conter-se. Ele respirou fundo e gritou com todas as forças, "Bendito o que vem em
nome do Senhor!" E cada alma presente gritou a mesma coisa, provocando o mais beatı́ ico
sorrisonorostodeJesus.
MingToyWoo,empé edemã osdadascomseunovomarido,Ree,assistiuatudoaquilo
com um nó na garganta, com o coraçã o a ponto de explodir. Ela ouviu cada palavra em sua
lı́nguanativaetevedelembrar-sedequeJesusestavafazendoaquiloparacadapessoaemseu
pró prioidioma.EmboraelaeReeestivessemnomeiodamultidã oetodosseachassemempé ,
MingpodiaverclaramenteJesussemterdeficarnapontadospésouseinclinarentreoscorpos.
Derepente,portrá sdeJesusestavamcincoserescelestiais,trê sdosquaiselareconheceu:
Cristó vã o, o anjo com o evangelho eterno; Calebe e Naum. Esses eram os trê s anjos de
misericó rdia que a tinham livrado da morte certa quando trabalhava secretamente para a
Comunidade Mundial. Eram també m os que lhe disseram que nã o morreria antes do Glorioso
AparecimentodeCristo.
Os outros dois anjos foram rapidamente identi icados quando Jesus entregou as ré deas do
cavaloparaumdeles,dizendosimplesmente:"Gabriel".Ooutrocolocouumbancodepedrano
lugareaosentar-se,Jesusdisse:
—ObrigadoMiguel.
A seguir, o Filho de Deus, Criador do cé u e da terra, Salvador da humanidade, olhou
diretamentenosolhosdeMingedisseemchinês:
—Venhaamim,minhafilha.
Mingolhoucomoseparalisada.Quandoconseguiumover-se,tocouopeitoeperguntou:Eu?
Jesuspareceuolhardentrodaalmadela,concentrando-seapenasnela.
—Sim,minhaquerida.Venhaamim,Ming.
Ela quis correr, empurrar os outros, saltar nos braços dele. Mas, tudo que pô de fazer foi
colocar um pé na frente do outro. Largou da mã o de Ree e começou lentamente a mover-se,
compreendendo que todo o grupo, mais de um milhã o agora, se movimentava na direçã o de
Jesuscomosefosseumaúnicapessoa.
Estava claro como á gua e nã o havia erro. Jesus tinha olhado para Rayford, no fundo da
multidão,eoescolhera.Eleochamarapelonomeelhedissera:—Venhaamim,meufilho.
Rayforddesviouosolhoseolhouà suadireitaeà suaesquerda.AbdullaheMacpareciam
ambos chocados, també m olhando para Jesus e perguntando, com um gesto ou palavra —
Abdullahemárabe—sefalavacomeles.
Mas estavam errados, Rayford sabia.Ele está falando comigo. Rayford apontou para si
mesmo com as duas mã os e levantou as sobrancelhas. E Jesus fez um sinal com a cabeça. Ele
começouamover-senadireçã odoseuSalvador.Comoissopoderiaser?ComoJesuspodiadar
audiê ncias individuais diante de uma multidã o daquele tamanho? Quanto tempo poderia dar a
cadapessoa?Aquilolevariameses.EcomoforapossívelRayfordtersidoescolhidoprimeiro?
Enquanto andava com as pernas duras na direçã o de Jesus, a mente de Rayford girava.
Quais eram as probabilidades? Como poderia quanti icar o privilé gio de olhar nos olhos do Deus
eternodouniverso?Elecomeçouaapressar-seeJesusdisse:
—Venhaamim,Rayford,eeulhedareidescanso.
Embora seus olhos estivessem em Jesus e seu corpo se movesse para a frente, Rayford
tomou repentinamente consciê ncia de tudo. Ele fazia parte de uma multidã o de mais de um
milhã o de pessoas. Cinco anjos estavam de sentinela por trá s do Mestre. Os amigos e a famı́lia
de Rayford o veriam. O que ele izera para merecer tal privilé gio? Descanso — sim, pela
primeira vez ele sentiu essa premê ncia. A fadiga das ú ltimas horas tomou conta dele e sentiu
quepoderiadormirnomomentoemquetivesseumaoportunidade.
Aoaproximar-sedeJesuseverseusorrisodeboas-vindas,teveasensaçã odequeoSenhor
estava tã o contente por vê -lo como ele por ver o Senhor. Sentiu-se també m vencido pela
vergonha do seu pecado. Indigno. Muito indigno. Arrastou os passos, temendo desfalecer em
desgraçaehumilhação.
—Nã o,nã o—disseJesus,aindasorrindoeinclinando-separaelecomasmã osmarcadas
porcicatrizes.Aoverisso,Rayfordquasedesabou.Tevedeesforçar-separacontinuarandando,
emborativesseperdidocontroledasuacoordenaçãoetemessetropeçarecairnocolodeJesus.
Ele caiu de joelhos aos pé s de Jesus, soluçando, lembrado de cada pecado e falta de sua
vida.MãosamorosasolevantarameelefoiaconchegadoaopeitodeJesus.
—Rayford,Rayford,comoespereiestedia.
Rayfordnãoconseguiufalar.
—Sabiaoseunomedesdeantesdafundaçã odomundo.Prepareiumlugarparavocê ese
nãofosseassim,eulheteriadito.
—Mas,Senhor,eu...eu...
JesuspegounosombrosdeRayfordeempurrando-ogentilmenteparatrá s,tomouorosto
dele em suas mã os. Olhou em seus olhos a centı́m etros de distâ ncia e Rayford mal conseguiu
suportaraqueleolharesquadrinhador.
— Eu estava lá quando você nasceu. Estava lá quando pensou que sua mã e o havia
abandonado.Estavaláquandovocêconcluiuqueeunãofaziasentido.
—Sintotanto,eu...
—Estavalá quandovocê quasecasoucomamulhererrada.Quandoseus ilhosnasceram.
Quandosuaesposameescolheuevocênãoaacompanhou.
—Eu...
— Estava lá quando quase quebrou os seus votos. Quando quase morreu antes de
conhecer-me.Estavalá quandofoideixadoparatrá s.Eestavaà suaesperaquando inalmente
veioamim.
—Oh,Senhor,obrigado.Estoutão...
—Euoameicomamoreterno.Souaquelequeamaasuaalma.Você foifeitoparaestar
comigonaeternidadeeagoravaiestar.
Rayford tinha tantas perguntas, tantas coisas que queria dizer. Mas, nã o pô de. Ao olhar
para o rosto de Jesus, sentiu-se transportado à sua infâ ncia e sentiu que poderia icar ali
ajoelhado,comoumacriança,deixandoqueoSalvadoroamasseeconsolasseparasempre.
Jesus colocou uma das mã os no ombro de Rayford e a outra sobre a sua cabeça. "Oro
diantedoPai,dequemtomaonometoda famı́lia, tanto no cé u como sobre a terra, para que,
segundoariquezadasuagló ria,vosconcedaquesejaisfortalecidoscompoder,medianteoseu
Espı́rito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coraçã o, pela fé , estando vó s
arraigadosealicerçadosemamor,a imdepoderdescompreender,comtodosossantos,qualé
a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que
excedetodoentendimento,paraquesejaistomadosdetodaaplenitudedeDeus.
"Ora,à quelequeé poderosoparafazerin initamentemaisdoquetudoquantopedimosou
pensamos, conforme o seu poder que opera em nó s, a ele seja a gló ria, na Igreja e em Cristo
Jesus,portodasasgerações,paratodoosempre.Amém"(Ef3.14-21).
EnquantoRayfordvoltavaaoseulugarentreamultidã o,comoque lutuandonoar,algolá
nofundodelecompreendiaquepormaispessoalqueaquilotivessesido,Jesusestavaconcedendo
omesmoamoreatençã oatodosospresentes.ElepercebeusubitamentequeMaceAbdullah
també m retornavam, com lá grimas correndo pelo rosto e a linguagem corporal evidenciando
que eles haviam igualmente estado com o Mestre. Os trê s se abraçaram, adorando
abertamente.
Ao olhar à sua volta, Rayford viu em cada face que cada pessoa havia encontrado Jesus
pessoalmente.
O Salvador viera a Enoque enquanto este dormia. O encontro foi, poré m, tã o real e
profundo que o jovem nã o duvidou nem por um minuto. Quando terminou, ele se viu ajoelhado
no chã o, sentindo como se Jesus estivesse bem ali em seu quarto. Fora lembrado de ocasiõ es
signi icativas em sua vida, de sua jornada, primeiro desviando-se da fé verdadeira e depois
voltandoaela.Enoquepô devernovamenteamã odeDeusemtodaasuavidae icousabendo
queJesusoconhecerapelonomeantesdafundaçãodomundo...
SeutelefonetocavaequandoEnoqueatendeuaoprimeirochamado,oaparelhocon irmou
que muitos outros se seguiriam. Uma hora depois, ele recebera telefonemas de quase todos da
congregação.
—Euaindaqueroirparalá —foiumtemacomum-,masseJesusvieraquidessemodo,
talveznãohajaessanecessidade.
Jesus icouempé eabriuosbraços.Rayfordcompreendeuqueaexperiê nciadeobservá -lo
eouvi-loeramaispessoaldoquenunca,apesardetodaaquelamultidãoestarfazendoomesmo.
"Rogo-vos,pois,queandeisdemododignodavocaçã oaquefosteschamados,comtodaa
humildade e mansidã o, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
esforçando-vosdiligentementeporpreservaraunidadedoEspíritonovínculodapaz"(Ef4.1-3).
"Nuncamaiscoloquemasuafé noshomens,quenã opodemajudar.Oespı́ritodohomem
morre, ele volta à terra; nesse mesmo dia seus planos perecem. Felizes sã o você s que tê m o
DeusdeJacóparaajudá-los,cujaesperançaestánoSenhorseuDeus,quefezoscéuseaterra,os
mares e tudo que neles há ; que sustenta a verdade para sempre, que executa justiça aos
oprimidos,quedádecomeraosfamintos.OSenhorlibertaoscativos".
"OSenhorabreosolhosaoscegos;levantaaosquebrantados;amaosjustos.OSenhorcuida
dosestrangeiros;dáalívioaosórfãoseàsviúvas;mastranstornaocaminhodosperversos".
"O Senhor reinará para sempre — o teu Deus, ó Siã o, para todas as geraçõ es. Louvem o
Senhor!"[TraduçãoLivre]
FoioqueRayfordetodososdemaisfizeram.
Pela primeira vez desde o Aparecimento, Rayford viu Jesus falando, mas nã o conseguiu
ouvi-lo. Ele conferenciava com os seres angé licos à s suas costas e isto atraiu naturalmente a
atençã o de toda a multidã o, que se mostrava tã o curiosa como quando podia ouvir suas
palavras.
AquelequeforachamadodeGabrielavançou:"RemanescentedeIsrael!"—começouele,
comumavozclaracomocristaleouvidaportodos."EsantosdaTribulaçã o!Vejoemverdade
queDeuséimparcial.
"Mas,emcadanação,quemquerquetemeraoSenhoreusardejustiçaéaceitoporele".
"A palavra que Deus enviou aos ilhos de Israel, pregando paz por intermé dio de Jesus
Cristo—eleéoSenhordetodos—essapalavraqueconheceis,aqualfoiproclamadaemtodaa
Judé ia e começou na Galilé ia depois do batismo pregado por Joã o: como Deus ungiu Jesus de
Nazaré com o Espı́rito Santo e com poder, quem andou fazendo o bem e curando a todos os
oprimidospelodiabo,porqueDeusestavacomele"
"Somos testemunhas de todas as coisas feitas por ele — a quem mataram e penduraram
numacruz—tantonaterradosjudeusquantoemJerusalém".
"Deusoressuscitounoterceirodiaemanifestou-oabertamente,nã oatodoopovo,masa
testemunhas escolhidas, até à queles que comeram e beberam com ele depois da sua
ressurreição".
"EleordenouquealgunspregassemaopovoetestemunhassemqueforaordenadoporDeus
comoJuizdevivosemortos".
"A respeito dele todos os profetas testemunham que, por meio do seu nome, quem crer
nelereceberáremissãodepecados.Amém."[TraduçãoLivre]
Ospresentesrepetiramoamémemuníssono.EJesusmaisumavezlhesfalou:
"Portanto,orareisassim:Painossoqueestá snoscé us,Santi icadosejaoteunome;venha
oteureino,faça-seatuavontade,assimnaterracomonocé u;opã onossodecadadiadá -nos
hoje; e perdoa-nos as nossas dı́vidas, assim como nó s temos perdoado aos nossos devedores; e
nã onosdeixescairemtentaçã o;maslivra-nosdomal,poisteué oreino,opodereagló riapara
sempre.Amém"(Mt6.9-13).
Depois de orar com ele em unı́ssono, eles abriram os olhos e Rayford notou que apenas
quatroanjosseachavamagoraatrásdeJesus.Miguelpartira.
E Jesus disse, "Nã o estou só , porque o Pai está comigo. Estas cousas vos tenho dito para
que tenhais paz em mim. No mundo, passais por a liçõ es; mas tende bom â nimo; eu venci o
mundo"{Jo16.33).
Jesus levantou os olhos para o cé u e disse: "Pai, glori ica a teu Filho, para que o Filho te
glori ique a ti, assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a im de que ele
concedaavidaeternaatodososquelhedeste.Eavidaeternaé esta:queteconheçamati,o
ú nicoDeusverdadeiro,eaJesusCristo,aquemenviaste.Euteglori iqueinaterra,consumando
aobraquemecon iasteparafazer;e,agora,glori ica-me,ó Pai,contigomesmo,comagló ria
queeutivejuntodeti,antesquehouvessemundo".
"Eporelesqueeurogo;nã orogopelomundo,masporaquelesquemedeste,porquesã o
teus; ora, todas as minhas cousas sã o tuas e as tuas cousas sã o minhas; e, neles, eu sou
glori icado...e nenhum deles se perdeu, exceto o ilho da perdiçã o, para que se cumprisse a
Escritura.Nãopeçoqueostiresdomundo,esimqueosguardesdomal".
"Santifica-osnaverdade;atuapalavraéaverdade".
"Pai justo, o mundo nã o te conheceu; eu, poré m, te conheci, e també m estes
compreenderamquetumeenviaste.Eulhesfizconheceroteunomeeaindaofareiconhecer,a
imdequeoamorcomquemeamasteestejaneles,eeunelesesteja"(Jo17.1-5,9-12,15,17,2526).
Gabrieladiantou-senovamente."OSenhoréfiel,eleiráguardá-losdomaligno."
Comamençã odomaligno,Macviuagitaçã onopovolongedeJesusedosseresangé licos.
Pessoas estavam se movendo e murmurando, abrindo caminho para o arcanjo Miguel. Nicolae
Carpathiaachava-secomele,emsuasroupasdecouroagoradesarranjadas,semaespada;Leon
Fortunatoabatidoeexaustoemumdeseusmantosmaissimplesesemoadornonacabeça;e
os trê s lı́vidos robô s, só sias de Carpathia, que Mac e os outros tinham visto na câ mara oculta
quandoCarpathiaeFortunatoosapresentaramaosdezreisdomundo.
Aqueles eram Astarote, Baal e Lagarta, as trê s criaturas demonı́acas com aparê ncia de
saposequehaviamsidoenviadasparaenganarasnações,persuadindo-asareunir-seemMegido
paralutarcontraoFilhodeDeus.
Eram seres hediondos, cor de giz, que haviam tomado forma humana e usavam ternos
pretos idê nticos. Pareciam derrotados, curvados, como se mutilados pelo seu pró prio mal.
Ficaram juntos, mas longe de Carpathia e Fortunato. Nicolae e Leon també m pareciam nã o
querernadaumcomooutro.
Miguel levou os cinco diante de Jesus e Mac icou impressionado com a isionomia dele.
Percebeu ira justa, é claro, mas també m desapontamento e até tristeza. Nã o havia satisfaçã o
maligna.
O trio paté tico ajoelhou-se na frente de Jesus, choramingando em tons esganiçados,
irritantes. Carpathia voltou as costas a Jesus e olhou para o remanescente, com as mã os nos
quadris, provocante e entediado. Leon torcia as mã os e ocasionalmente tocava seu colar
espalhafatosodeouropuro.EleolhavadesoslaioparaJesus,parecendoculpadoecheiodemedo,
espreitandoconstantementeCarpathiacomoseàesperadeordens.
Gabrieladiantou-se,ficandoentreJesuseostrês,curvando-separaolhá-losnorostoedisse
em alta voz: "Em cumprimento das profecias bı́blicas escritas há sé culos, você s se ajoelham
hojediantedeJesusCristo,oFilhodoDeusvivo,quem,subsistindoemformadeDeus,nã ojulgou
comousurpaçã ooserigualaDeus;antes,asimesmoseesvaziou,assumindoaformadeservo,
tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em igura humana, a si mesmo se
humilhou,tornando-seobedienteatéàmorteemortedecruz".
—Sim!—osseresguincharam,silvando.—Sim!Sabemos!Sabemos!—Eseinclinaram
aindamais,prostrandoseuscorposdeformados.
Gabrielcontinuou:"Peloquetambé mDeusoexaltousobremaneiraelhedeuonomeque
está acimadetodonome,paraqueaonomedeJesussedobretodojoelho,noscé us,naterrae
debaixo da terra, e toda lı́ngua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para gló ria de Deus Pai" (Ef
26-11).
— Jesus Cristo é Senhor!, disseram eles em voz estridente e Gabriel voltou a colocar-se
atrá s de Jesus. — Jesus Cristo é Senhor! E verdade! Verdade! Reconhecemos isso! Nó s o
reconhecemos!
Jesusinclinou-seecolocouoscotovelosnosjoelhos.Ostrê smantiveramorostoabaixado,
semfitá-lo."Tãocertocomoeuvivo,dizoSenhorDeus,nãotenhoprazernamortedoperverso,
masemqueoperversoseconvertadoseucaminhoeviva"(Ez33.11).
—Nósnosarrependemos!Vamosnosconverter!Vamosnosconverter!Nósteadoramos,Ó
Jesus,FilhodeDeus.TuésSenhor!
— Para você s é tarde demais — disse Jesus, e Mac sentiu novamente a tristeza em seu
tom.—Você seramantesseresangé licos,nocé ucomDeus.Todavia,foramexpulsosporcausa
dassuasdecisõesarrogantes.Emvezderesistiraomaligno,escolheramservi-lo.
—Estávamoserrados!Errados!ReconhecemosaticomoSenhor!
—ComomeuPai,comquemsouum,nã otenhoprazernamortedoperverso,masistoé
justiçaeestaéasuasentença.
Enquanto os trê s guinchavam, seus corpos reptilianos rasgaram as roupas e explodiram,
deixando uma mistura de sangue, escamas e pele que em breve pegou fogo e foi levada pelo
vento.
Leoncaiunochã ocomtamanhaforçaquesuaspalmas izeramruı́doesuatestaestalou.
Elearrancouocolarelançou-olonge.EnquantoJesusolhavaatentamente,Leon—levantou-se
e despiu o manto, deixando-o cair e tirando os sapatos. A seguir deitou-se de bruços, vestido
apenascomcalçassimples,camisaemeias,suagrandebarrigaapertadacontraopavimento.
—Oh,meuSenhoremeuDeus!—gemeu,soluçandofortemente.—Tenhosidotã ocego,
tãoperverso!
—Vocêsabequemeusou?—perguntouJesus.—Quemrealmentesou?
—Sim!Sim!Eusempresoube,Senhor!TuésoCristo,oFilhodoDeusvivo!
Jesusficouempé.
—Você blasfema,citandomeuservoSimã o,aquemabençoei,poisnã ofoicarneesangue
querevelouissoaele,masmeuPaiqueestánocéu.
—Não,Senhor!TeuPaimerevelouissotambém!
— Em verdade digo a você , ai de ti por nã o ter feito essa descoberta enquanto havia
tempo.Pelocontrá rio,você rejeitouamimeaoplanodemeuPaiparaomundo.Você opô ssua
vontadeà minhaetornou-seoFalsoProfeta,cometendoomaiorpecadoconhecidosobocé u:
rejeitar-mecomooúnicocaminhoparaDeusPaiepassandoseteanosenganandoopovo.
—JesuséSenhor!JesuséSenhor!Nãomemate!Eusuplico!Porfavor!
— A morte é um privilé gio grande demais para você . Quantas almas estã o separadas de
mimparasempreporsuacausaedaspalavrasquepronunciou?
—Sintomuito!Perdoe-me!RenuncioatodasasobrasdeSataná sedoanticristo!Prometo
lealdadeati!
—Vocêestácondenadoàeternidadenolagodefogo.
—Oh,Deus,não!Gabrieldisse:
—Silêncio!
Leonrolouedepoisrastejouparalonge,ondesedeitouemposiçãofetal,soluçando.
Jesussentou-senovamenteeNicolaeCarpathia,quecontinuavadefrenteparaamultidã o
reunida, encolheu os ombros e afundou ainda mais as mã os nos bolsos. Suas sobrancelhas
estavam levantadas e tinha um sorriso malicioso na face. Mac icou imaginando o que
aconteceria em seguida, Até mesmo Carpathia tinha de curvar-se e confessar que Jesus era
Senhor,maselenãoaparentavamedoecertamentenenhumahumildade.
Miguelavançouparaumladodele,Gabrielparaooutro.Miguelagarrouumcotoveloeo
fezdarmeia-voltaenquantoGabrielgritava:
—Ajoelhe-sediantedoseuSenhor!
Carpathiasoltou-sedeMigueleficounovamentecomasmãosnosquadris.Jesusdisse:
—Lúcifer,deixeestehomem!
Depois disso, Carpathia pareceu encolher. Tinha outra vez a aparê ncia que Mac vira no
subsolo do monte do Templo, nos Está bulos de Salomã o. Suas roupas de couro estavam agora
largas demais e pendiam dele como mantos lá cidos. Suas mã os e dedos se tornaram ossudos.
Seupescoçoparecianadarnumcolarinhodemasiadogrande.
O cabelo de Nicolae era ralo e quase sem cor, veias escuras surgiram na pele exposta.
Estavapá lidoedescorado,comoseasuapelepudessefacilmentedescolar-se.Macpensouque
aquelaseriaaaparê nciadocorpodeCarpathiaseestivessesedeteriorandonotú m ulodesdeseu
assassinatotrêsanosemeioantes.
Nicolaetremiaeestremeciaapesardocalor,edevagar,comoquepenosamente,colocou
acapaaoredordosombros,cobrindo-seeparecendoesconder-sedentrodelacomosefosseum
casulo.
—Ajoelhe-se!—gritouGabriel,eeleeMiguelvoltaramàsuaposiçãoatrásdeJesus.
Nicolae fez que sim com a cabeça e deliberadamente abaixou-se, como um velho,
apoiando-se num dos joelhos. Era como se o pavimento fosse duro demais para ele e seu outro
joelhodesceuemseguida,comasmã osapoiandoparaimpedirquecaı́ssecomorostonochã o.
Ficou entã o ali, mã os e joelhos no chã o, fraco e paté tico, com a capa pendurada frouxamente
nosombrosossudos.
MactevedecontrastarajustiçadeCristocomasuapró priahumanidade.Seestivesseno
lugar de Jesus naquele momento, teria sido incapaz de nã o se alegrar com o triunfo. Mac teria
dito:
—Vocênãoparecemaisumhomempoderoso,nãoé?Ondeestásuaespada?Eoexército?
Ogabineteeossubpotentados?Vocênãopassaagoradosupremoimpotentado,verdade?
Nãosetratava,porémdevitória,masdejustiça.Jesusdisse:
—Vocêsetornouuminstrumentodispostodoprópriodiabo.
Nicolaenãoprotestou,nãosuplicou.Apenasabaixouaindamaisacabeça,concordando.
—Você foiumrebeldecontraascoisasdeDeusedoseureino.Causoumaissofrimentodo
que qualquer pessoa na histó ria do mundo. Deus concedeu a você dons de inteligê ncia, beleza,
sabedoria e personalidade e teve oportunidade para usar essas coisas em face dos
acontecimentosmaisimportantesnosanaisdacriação.
—Todavia,empregoucadadomemproveitopessoal.Levoumilhõ esaadoraremavocê e
aseupai,Sataná s,Foiodestruidorastuciosodemeusseguidoresefezmaisparaamaldiçoaras
almasdoshomensemulheresdoquequalqueroutroemsuaépoca
—Seusplanoseseusistemafinalmentefalharam.Eagora,quemvocêdizqueeusou?
Apausafoiinterminá vel,osilê nciomortal.Numavozhumildeefraca,Nicolae inalmente
murmurou:
—TuésoCristo,oFilhodoDeusvivo,quemorreupelospecadosdomundoeressuscitou
noterceirodiacomopreditonasEscrituras.
JesusfezumgestoquandoelefaloueMacteveaimpressã odequeelequeriaqueNicolae
ofitasse.Mas,elenãofezisso.
— E o que isso diz sobre você e sua vida? Carpathia afundou-se ainda mais do que Mac
achavapossível.
—Confesso—disseele—queminhavidafoidesperdiçada.Indigna.Umerro.Rebelei-me
contraoDeusdouniverso,queagoraseiquemeamava.
JesussacudiuacabeçaeMacviuumagrandetristezaemseurosto.
— Você é responsá vel pelo destino de bilhõ es. Você e o seu Falso Profeta, com quem
derramou o sangue de inocentes — meus seguidores, os profetas e meus servos que criam em
mim—serãolançadosvivosnolagodefogo.
OsarcanjosMigueleGabrielderamumpassoà frente,Miguelparapuxardochã ooFalso
Profetaepô rdepé oanticristo.ElesepostoudiantedeJesuscomoqueaguardandoinstruçõ es
enquantooabatidoNicolaeCarpathiaseachavacurvado,decabeçabaixaparecendoumvelho.
Leon Fortunato estava em desordem. Tinha o cabelo desarranjado,ú rosto vermelho e
manchadodelágrimas,asmãosapertadascomforçaàsuafrente.
Gabriel disse à multidã o, "E vi a besta e os reis da terra, com os seus exé rcitos,
congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu
exé rcito. Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante
dela,seduziuaquelesquereceberamamarcadabestaeeramosadoradoresdasuaimagem.Os
doisforamlançadosvivosdentrodolagodofogoqueardecomenxofre"(Ap19.19-20).
Gabrielafastou-seenolugaremqueestivera,umburacodecercadeummetroabriu-se
nochã oeumcheirofé tido,sulfú ricofez-sesentir,obrigandoMacetodosdacidadeataparemo
nariz. Surgiu entã o uma chama azul sibilante que, brotando do buraco, subiu a uma altura de
seis metros, a qual Mac só pô de comparar a uma tocha de acetileno monstruosa. Isto
acrescentouocheirodeéteràmisturaeMacviuaslinhasdefrentedamultidãorecuarem.
Mesmodistantedaaçã o,Macsentiuocalortremendoemitidopelacolunafuriosadefogo.
Jesuseoscincoseresangé licosestavamaparentementeimunesaocheiroeaocalor,mastanto
Carpathia quanto Fortunato tentaram se afastar. Miguel segurou os dois com irmeza, ainda
olhandoparaJesus.
OSenhoracenoutristementee,semhesitaçã o,Miguelfezosdoisandarematé abeirada
do buraco. Fortunato gritou como uma criança e lutou para escapar; mas, com um braço
poderoso, Miguel o empurrou para dentro. Seus lamentos se intensi icaram e depois
emudeceramenquantocaía.
Carpathia nã o lutou. Apenas cobriu o rosto com os braços enquanto caı́a e depois seus
berros ecoaram por toda Jerusalé m até que estivesse bem longe. O buraco fechou tã o
rapidamentecomoseabriraeabestaeofalsoprofetadesapareceram.
CAPÍTULO17
Rayford estava praticamente cambaleando e só podia imaginar o que o resto do povo
deveria ter pensado. Ele sabia que aquelas coisas deviam acontecer e també m o que viria em
seguida, mas nunca imaginou ser uma testemunha ocular dessas ocorrê ncias. Acreditava que
George e Priscilla Sebastian tinham meios de cobrir os olhos das crianças das cenas mais
repulsivas, mas també m contava com o poder sobrenatural de Jesus para proteger Kenny
daquelasimagens.
Ele queria muito ver Irene, Raymie, Chloe e Buck, assim como Amanda. De alguma
forma, compreendia que o embaraço das duas esposas se encontrarem no mundo natural nã o
seriaumproblemanonovomundo.Todoofocodaatençã odelesestariaemCristoeoqueele
realizaraemsuasvidas.
Isso,poré m,acontecerianahoradevida.Gabriel,oarcanjoporta-voz,apareceupreparado
parafalardenovo.Nomomentoemqueelecomeçou,Rayfordsentiuqueaqueleeraoplanodo
Senhor,afimdeacalmaramentedeseupovodepoisdoquehaviapresenciado.
"Jesus é a verdadeira Luz", começou Gabriel "que, vinda ao mundo, ilumina a todo
homem".
"Ele estava no mundo, o mundo foi feito por intermé dio dele, mas o mundo nã o o
conheceu...Mas,atodosquantosoreceberam,deu-lhesopoderdeseremfeitos ilhosdeDeus,a
saber,aosquecrê emnoseunome;osquaisnã onasceramdosangue,nemdavontadedacarne,
nemdavontadedohomem,masdeDeus".
"E o Verbo se fez carne e habitou entre nó s, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua
glória,glóriacomodounigênitodoPai"(Jo1.1-14).
—Amém!—gritouopovoemuitospareciamconsolados.
Nenhum alimento, nenhum descanso e agora lugar algum para sentar a nã o ser no
pavimento—desdequeningué mseimportassedeperderpartedaaçã o.EclaroqueRayfordse
importava.Todavia,maisumavez,elenã osentiufome,nemsequerafadigaqueovencerano
caminhoparaverJesus.Ficarempétambémnãoincomodava.
JesusconversououtravezcomosserescelestiaiseMigueldesapareceu.Ograndeevento
aconteceria depressa assim, tã o perto dos primeiros julgamentos? Rayford nã o sabia, mas era
certamentealgoqueelenãoqueriaperder.
Gabrielfaloumaisumavez:"Mas,agora,emCristoJesus,você s,queantesestavamlonge,
foram aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a sua paz. E, vindo, evangelizou paz a
você squeestavamlongeepaztambé maosqueestavamperto;porque,porele,ambostemos
acesso ao Pai em um Espı́rito. Assim, você s já nã o sã o estrangeiros e peregrinos, mas
concidadã osdossantos,esã odafamı́liadeDeus,edi icadossobreofundamentodosapó stolose
profetas, sendo ele mesmo Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifı́c io, bem ajustado,
cresce para santuá rio dedicado ao Senhor, no qual també m você s juntamente estã o sendo
edificadosparahabitaçãodeDeusnoEspírito".
"Portanto, os que foram ressuscitados juntamente com Cristo, busquem as cousas lá do
alto,ondeCristovive,assentadoàdireitadeDeus.Pensemnascousasládoalto,nãonasquesão
aqui da terra; porque você s morreram, e a sua vida está oculta juntamente com Cristo, em
Deus.QuandoCristo,queéanossavida,semanifestar,então,vocêstambémserãomanifestados
comele,emglória."(Cl3.1-4).
"Por isso, amados, sede só brios e vigilantes. O diabo, seu adversá rio, anda em derredor,
como leã o que ruge procurando algué m para devorar; resisti-lhe irmes na fé , certos de que
sofrimentos iguais aos seus estã o-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo. O
Deusdetodaagraça,queemCristooschamouà suaeternagló ria,depoisdeteremsofridopor
um pouco, ele mesmo irá aperfeiçoar, irmar, forti icar e fundamentar você s. A ele seja o
domínio,pelosséculosdosséculos.Amém"(1Pe5.8-11).
— Amé m! — gritou a multidã o, que adorava e cantava espontaneamente. Gabriel
concluiu:
"Entãovidescerdocéuumanjo;tinhanamãoachavedoabismoeumagrandecorrente."
Amultidãocomeçouaaplaudir.
"Elesegurouodragão,aantigaserpente,queéodiabo,Satanás,eoprendeupormilanos."
Mãosselevantaram,aspessoasestavamgritandoagora.
"Lançou-onoabismo,fechou-oepôsselosobreele,paraquenãomaisenganasseasnações
atésecompletaremosmilanos."
Rayford sentiu apreensã o por parte do povo, porque quem nã o sabia o que iria acontecer
em seguida já começara a imaginar. Quando o poderoso guerreiro, arcanjo Miguel, apareceu
subitamente com um enorme leã o — facilmente trê s vezes maior do que qualquer rei dos
animais natural — a multidã o respirou com di iculdade e todos começaram a se abraçar com
medo.
Gabriel, entretanto, os acalmou com esta garantia: "Filhinhos, vó s sois de Deus. Maior é
aquelequeestáemvocêsdoqueaquelequeestánomundo"(1Jo4.4).
O rugido do prodigioso carnı́voro machucou os ouvidos de Rayford e ecoou pelos pré dios
vizinhos. O leã o tentou atacar Miguel e rosnou, batendo os pé s e se voltando em suas coxas
extremamente musculosas. Miguel, poré m, o manteve com irmeza. Quando o leã o procurou
novamentelivrar-seedevorarseucaptor,Miguelsegurou-ocommaisforçaetorceuumpouco
maisseupescoçoquepareciaumtroncodeárvore.
Oleã otransformou-seentã orepentinamentenumaenormeserpentequesilvavaequese
enrolou nos braços e pernas do anjo, apertando-os; sua lı́ngua se movimentando entre seus
caninosalongados.Miguelatirouoanimalrapidamentenochã oetampoucomforçasuaboca.
Depoisdisso,acriaturasetransformououtravez.
Ela agora cresceu, inchou e se cobriu de escamas escorregadias, desenvolvendo quatro
pernasgrossascomdedoscó rneosnospé s,umacaudaemformadechicote,pescoçocomprido,
cabeçaefaucelargas,orelhasemponta,chifres,eumabocacheiadedentescuspindofogo.Este
foi o maior teste para Miguel, que pareceu extrair do ar uma corrente pesada com a qual
conseguiuimpediromonstrodeagir.
Esteroloudecostas,soltandochamas,silvandoebabando,lutandocontraoqueodetinha.
Suacaudaatacouvá riasvezesoanjo,comagrandecabeçabalançandodeumladoparaoutro.
Miguel conseguiu inalmente laçar o pescoço com o resto da corrente e com um forte puxã o
encostouacabeçadosernodorso,imobilizandovirtualmenteodragão.
Ali icou ele, bufando e se retorcendo e quem quer que estivesse observando sabia o que
iriafazer,casopudesselivrar-se.Pareceufinalmenterelaxar,masissofoiapenasumprecedente
de sua encarnaçã o inal. O dragã o deu lugar ao que parecia outro anjo, mais luminoso que os
arcanjos e os trê s anjos de misericó rdia, inclusive Cristó vã o, o anjo com o evangelho eterno.
Todavia, sua luz empalidecia insigni icantemente quando comparada à de Cristo, cuja gló ria
iluminavaomundointeiro.
Oseragoraestavaempé submisso,acorrentehaviaescorregadoemespiralnochã o.Ele
olhou ameaçadoramente para Miguel, que icou impassı́vel. Gabriel disse entã o em voz bem
alta:
— Lú c ifer, dragã o, serpente, diabo, Sataná s, você vai enfrentar agora Aquele a quem se
opôsdesdetemposimemoriais.
— Oh, nã o! — vociferou o ser. — A ú ltima vez que contendemos, Miguel, disputamos a
respeito do corpo de Moisé s e você nã o se atreveu a fazer contra mim nem sequer uma
acusaçãoinjuriosa,masdisse:'OSenhorterepreenda!'Eunãoprestocontasavocê!(Jd9).
—Não—Jesusdissebaixinho,emboraRayfordoouvissedistintamente.
Comaautoridadedosséculos,eleafirmou:
—Masvocêprestacontasamim!Ajoelhe-seaosmeuspés.
—Nuncafareiisso!
—Ajoelhe-se.
Eleobedeceu,comosombroscurvados,emrebeliãoeira.
—Luteicontravocêpoucodepoisdasuacriação.
— Minhacriação! Nã o fui mais criado que você ! E quem é você para terqualquer coisa
contramim?!
—Silêncio!
Pareceu a Rayford que o anjo de luz tentava pô r-se de pé , mas nã o conseguiu. Quis
também,aparentementefalar,seesforçando,sacudindoacabeça.
Jesuscontinuou:
—Apesardetodasassuasmentirassobretersidodesenvolvido,vocêéumsercriado.
Acriaturasacudiuviolentamenteacabeça.
— Só Deus tem o poder de criar e você foi nossa criaçã o. Estava no Eden, o jardim de
Deus,antesquefosseumparaı́soparaAdã oeEva.Estavaalicomoumservoexaltadoquandoo
Édeneraumlindojardimrochoso.
"Tuerasosinetedaperfeiçã o,cheiodesabedoriaeformosura.EstavasnoEden,jardimde
Deus;detodasaspedraspreciosastecobrias:osá rdio,otopá zio,odiamante,oberilo,oô nix,o
jaspe,asa ira,ocarbú nculoeaesmeralda;deourosete izeramosengasteseosornamentos;
no dia em que foste criado, foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda ungido, e te
estabeleci;permaneciasnomontesantodeDeus,nobrilhodaspedrasandavas.Perfeitoerasnos
teuscaminhos,desdeodiaemquefostecriadoatéqueseachouiniqüidadeemti".
"...se encheu o teu interior de violê ncia, e pecaste; pelo que te lançamos, profanado, fora
domontedeDeusetefaremosperecer,óquerubimdaguarda,emmeioaobrilhodaspedras".
"Elevou-se o teu coraçã o por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por
causa do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos reis te pus, para que te contemplem.
Pelamultidã odastuasiniqü idades,pelainjustiçadoteucomé rcio,profanasteosteussantuá rios;
eu, pois, iz sair do meio de um fogo, que te consumiu, e te reduzi a cinzas sobre a terra, aos
olhosdetodososquetecontemplam".
"Todos os que te conhecem entre os povos estã o espantados de ti; vens a ser objeto de
espantoejamaissubsistirás"(Ez28.11-19).
Oanjoajoelhado,cujaluzdesvanecia,pareceutorcer-sededor,prontoaretaliar.
Jesusdisse:
—Você seopô sameuPaieamimaindaantesdacriaçã odohomem.Umterçodosanjos
dos cé us e a maioria da populaçã o da terra seguiu seu exemplo de rebeliã o e orgulho. Isto
resultará paraeleseparavocê emseparaçã odoDeusTodo-Poderosonofogoeternopreparado
paravocêeseusanjos.
— Você enganou Eva, levando-a a pecar. Durante o milê nio seguinte, tentou profanar a
linhagem de Adã o, colocando no coraçã o de Caim o desejo de matar Abel e eliminando desse
modo os dois primeiros ilhos de Adã o. Você encorajou a coabitaçã o dos anjos caı́dos com
mulhereshumanas,a imdeproduzirnefilim,oscaı́dos.Porsuacausa,noperı́odode1600anos,
sóoitosereshumanosforamencontradosfiéisedignosdeseremsalvosdoDilúvio.
— Foi você que tentou estabelecer uma religiã o idolatra e universal em Babel, entã o a
maiorcidadedomundo,afimdeimpedirqueahumanidadeadorasseoDeusúnicoeverdadeiro.
— Foi você que tentou destruir a raça dos hebreus, colocando na mente de Faraó a idé ia
dematarascriançaspequenasquandoMoisésnasceu.
—Todoosofrimentodahumanidadeé obrasua.Aterrafoicriadacomoumautopia,mas
você introduziu nela o pecado, que resultou em pobreza, doenças, mais de 15 mil guerras e a
matança insensata de milhõ es. Você e o seu pecado de orgulho geraram a rebeliã o da
humanidadecontraDeus,oó dio,ohomicı́dioeacondenaçã odebilhõ esdealmasdesdeosdias
deAdão.
—Vocêtentoumatar-medepoisdomeunascimentoterreno,pondonamentedeHerodes
opensamentodeassassinartodososrecé m-nascidosdosexomasculinoemBelé m.Tentou-me
no deserto e procurou destruir a minha Igreja mediante perseguiçã o e falsos ensinos. Enviou a
tempestadeaomardaGalilé iaenquantoeudormia.Foivocê quementrouemJudasIscariotes,
você queencheudeenganoocoraçã odeAnanias.Você ,comoodeusdestemundoperverso,foi
quemcegouamentedosquenãocrêem.
— Você estava operando no coraçã o dos que se recusaram a obedecer a Deus. Impediu
meus servos de ministrarem, semeou discó rdia nas igrejas, atacou os fracos, os sofredores, os
solitários.
Aessaaltura,Sataná shaviacaı́dodelado,ofegandoebufando,esforçando-separapô r-se
empé,pararevidar,parafalar.
— E contrá rio à vontade de Deus que os homens pequem e també m que me rejeitem. E
da vontade de meu Pai que está nos cé us que nenhum desses pequeninos pereça. Ele nã o é
tardioemcumprirsuapromessa,masélongânimo,nãodesejandoqueninguémpereça,masque
todoscheguemaoarrependimento.
—Duranteosú ltimosseteanosvocê enganoumilhõ escomfalsosmestres,falsosmessias,
umfalsoprofetaeumanticristo.Deuaesteoseupoder,seutronoeumagrandeautoridade.E
todoomundosemaravilhoueoseguiu.
— Eles o adoraram porque você deu autoridade à besta; e adoraram a besta, dizendo:
"Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela?" Deu-lhe "uma boca que proferia
arrogâ nciaseblasfê miaseautoridadeparaagir42meses;eabriuabocaemblasfê miascontra
Deus,paralhedifamaronomeedifamarotaberná culo,asaber,osquehabitamnocé u.Foi-lhe
dado,també m,quepelejassecontraossantoseosvencesse.Deu-se-lheaindaautoridadesobre
cadatribo,povo,lı́nguaenaçã o;eaadoraramtodososquehabitamsobreaterra,aquelescujos
nomes nã o foram escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundaçã o do
mundo"(Ap13:2-8).
"Ela també m opera grandes sinais, de maneira que até fogo do cé u faz descer à terra,
diantedoshomens"(Ap13.13).
— E você enganou os habitantes da terra com esses sinais. Você me odeia, odeia meu
povo. Lutou contra aqueles que obedeceram aos mandamentos de Deus. Quando algué m ouvia
falardoreinoenãocompreendia,vocêvinhaeroubavaoqueforasemeadonocoração.
— Você foi a razã o do meu Servo ter de lembrar meu povo de que eles nã o lutavam
contra carne e sangue, mas contra os principados e Potestades, contra os dominadores deste
mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiõ es celestes. Você foi o motivo
deles serem instruı́dos a usar toda a armadura de Deus, para poderem resistir no dia mau e
depoisdeteremvencidotudo,permanecereminabaláveis.
— Prometi há sé culos que construiria a minha Igreja e que as portas do inferno nã o
prevaleceriamcontraela.
—Suahorachegou.Envieimeusanjoseelesremoveramdomeureinotodasascoisasque
possam ofender e os que nã o seguem a lei, vou lançá -los na fornalha ardente. Haverá choro e
rangerdedentes.
— Os justos brilharã o entã o como o sol no reino de seu Pai. Miguel agarrou Sataná s e o
puxoudevoltaatéosseusjoelhos,ondeelecontinuouaretorcer-secomoseprestesaexplodir.
—Você trouxeistosobresimesmo—disseJesus."Tudiziasnoteucoraçã o:Eusubireiao
cé u; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregaçã o me
assentarei,nasextremidadesdoNorte;subireiacimadasmaisaltasnuvensesereisemelhante
aoAltíssimo".
"Contudo, será s precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo. Os que
te virem te contemplarã o, hã o de itar-te e dizer-te: E este o homem que fazia estremecer a
terraetremerosreinos?Quepunhaomundocomoumdesertoeassolavaassuascidades?Que
aseuscativosnãodeixavairparacasa?"(Is13.13-17).
Damesmaformaquetodososdemais,Abdullahestavafascinadocomaquelaacusaçã oe
julgamento de Sataná s. Em todos os seus estudos das Escrituras e da profecia, ele nunca
esperaratestemunharissopessoalmente.Desejavapoderfazerperguntas,porqueoanticristoe
oFalsoProfetaforamlançadosparasemprenolagodefogo,enquantoSataná s icariapresopor
milanosesoltonovamenteporalgumtemponofimdomilênio.
Abdullah descobrira, poré m, que a maioria de suas perguntas acabava sendo respondida
semquealguémastivessefeito.
Ele nã o conseguia fartar-se da beleza de Jerusalé m, em vista do que acontecera nos
ú ltimos dias. Ela parecia imaculada, limpa e até a folhagem estava em plena loraçã o e
fragrância.QueimpactoapresençadeJesusfizeranomundo!
A maior parte do remanescente consistia de pessoas da grande Jerusalé m, bem distante
dosmurosantigosdaCidadeVelha.Oinimigoforaexpulsoemortoe,portanto,todasascasasna
CidadeSantaestavamnovamentedisponíveis.
Aspessoasvoltariamà ssuasmoradias.Abdullahnã osabiaoqueissosigni icavaparaelee
para os outros membros gentios do Comando Tribulaçã o. Podiam talvez voltar para Petra.
Haviamuitoespaçoali.
No que lhe dizia respeito, queria icar onde Jesus estivesse e sabia pela profecia que o
SenhorreinarianotronodeDavi.Issosigni icavaquequandoterminassetodaapartepú blica,as
pessoas continuariam tendo acesso a ele; mas, como é claro, mais de um milhã o de indivı́duos
nã o poderiam ser acomodados no templo. Quem sabe ele daria novamente audiê ncias
sobrenaturais com todos ao mesmo tempo como izera antes? Aquele seria també m o seu
quartel-generalparareinarsobreasnaçõesdomundo"comcetrodeferro".
Abdullahvoltariaavivercomsuaesposa?Malpodiaesperarparareunir-secomela,mas
nã o conhecia todas as rami icaçõ es da vida nesse nı́vel. Ela existiria em seu corpo glori icado,
enquanto ele levaria ao reino milenar sua estrutura mortal. Havia tanto a aprender, tanto a
saber.
Chang e Naomi, embora ainda estivessem de mã os dadas, quase nã o se falavam havia
horas. O dia, de fato todo o tempo, tinha voado desde o Glorioso Aparecimento. Quando Jesus
abraçou Chang, segurando o rosto dele nas mã os e comunicando-se com ele em chinê s, Chang
compreendeuquetudopeloqualpassaratinhavalidoapena.Eleteriadadoqualquercoisapor
aqueleencontrocomoseuSalvador.
Jesuslhedisseraqueestavalá quandoChangnasceu,quandofoicriadonumacasaı́m piae
uma religiã o aberrante. Estava lá quando Chang foi enviado para estudar bem longe de casa
devido à sua inteligê ncia e foi a ele que Chang orou pedindo forças, consolo e companhia,
emboranaquelaépocanemsequertivesseouvidoaindafalardeJesus.
—Euestavaali,Chang—Jesuslhedisse—quandovocê passouacrerquenã oexistiaum
deus, certamente nã o aquele que você associava com os capitalistas do ocidente. Estava lá
quando você se rebelou contra seus pais e tentou dar-lhes uma liçã o por tê -lo enviado para
longe. Estava lá quando abusou de seu corpo e de sua mente com substâ ncias nã o planejadas
parasuaalimentação.
— Estava lá quando a sua mente foi enganada pela iloso ia e a vã falsidade. Estava lá
quandovocêfoidescobertopelogovernodestemundoeobrigadoaserviraomaligno.
— Alegrei-me com os anjos quando você aprendeu a meu respeito e foi usado para a
minhaglórianocovildoanticristo.
— Achava-me lá també m quando a marca da besta foi imposta sobre você e temeu ter
perdidoasuasalvaçã o.Euoameidesdeaeternidadecomamoreternoetenhoaguardadoeste
dia.
Chang estava ainda brilhando por causa dessa experiê ncia, embora tivesse inalmente
compreendidoquetodosalihaviamusufruı́doumencontropessoalcomJesus.Ofatodeelenã o
ser o ú nico nã o o tornou menos especial. A mensagem transmitida pelo Salvador era
de initivamente só para ele e as coisas temı́veis, medonhas que haviam ocorrido nas ú ltimas
horasnãoconseguiramapagaraemoçãoquesentia.
Erachegadaahora,compreendeuRayford.Jesusterminarasuasacusaçõ esenadarestava
alé m da execuçã o da sentença. Sataná s se balançava de joelhos, ofegando com os dentes
cerrados.
Gabrielcurvou-sesobreoanjodeluz,gritando;—ReconheçaJesuscomoSenhor!Sataná s
estivera mudo e agora parecia que tentava falar, mas as palavras nã o saı́am de sua boca.
Estava,poré m,claroqueelenã otinhainteresseemobedecerà ordem.Sacudiuvigorosamente
acabeçaecerrouospunhosdiantedeJesus.
Jesusolhoubrevementeà suaesquerdaeRayfordadivinhouquecercade30metrosnessa
direçã o, afastado dos anjos e do povo, um enorme buraco surgira no solo. Fumaça negra subia
das profundezas e quase encobria o cé u. Como acontecera antes, nã o havia sombras, porque a
luzdodianãovinhamaisdosol,masdopróprioSenhor.
JesusfezumsinalparaMiguelquelevantouacompridaepesadacorrente,enrolando-aem
seu braço musculoso. Ao aproximar-se do condenado, Sataná s levantou-se e se pô s a lutar.
Transformou-seoutravez,primeiroemdragão,depoisemserpenteefinalmenteemleão.
Ocon litocobriuadistâ nciaquehaviaentreoremanescente,Jesuseosoutrosanjos.Cada
vezqueMigueleSatanáscaíampertodamultidão,aspessoasseempurravamentresi.
Rayford nã o tinha dú vidas sobre o resultado da contenda. Jesus parecia assistir com
desprezoetristezaesemqualquerpreocupação.Gabriel,quesempreserviracomoarautoenão
como guerreiro, parecia tã o capaz quanto Miguel e poderia ter interferido a qualquer hora. Os
trê s anjos de misericó rdia, inclusive o pregador do evangelho eterno, estavam també m nas
proximidades.
Finalmente, em sua forma de leã o, Sataná s icou estranhamente sem rugir. Jesus o
silenciaraeamaldiçã oprevaleceuapesardoseudisfarce.Miguel inalmenteenvolveu-ocoma
correnteeapertou-a,prendendoirremediavelmenteoanimal.
Quandolevantouocativo,levando-onadireçã odoabismo,Sataná stransformou-seporé m
denovo,voltandoaseranjodeluz.Comisso,elelivrou-sedacorrenteefezumaú ltimaefrá gil
tentativa de fuga. Miguel girou a corrente e deixou que escorregasse em suas mã os até que a
parteestendidativessepelomenosseismetrosdecomprimento.Atirou-aentã osobreodiabo,
prendendo-onaseçãodomeioefazendocomqueacorrenteseenrolassenele.
Miguelaproximou-se,jogouSataná snochã o,completouaoperaçã odeenvolvê -locoma
correntee icoudepé ,carregandoodiaboamarrado.Poucoantesdechegaraoabismoardente,
vomitandofumaça,Miguelvoou—comSatanásdebaixodobraço—cercadetrêsmetrosnoar
edepoisseatiroudecabeçanoabismo.
Jesus nã o icou assistindo a isto, apesar dos outros seres angé licos olharem. A multidã o
gritoueaplaudiu,masseaquietourapidamentequandoJesus icouempé efezumgestocoma
mão.
"E agora", disse ele, "a Deus Pai, o rei eterno, imortal, invisı́vel, a ele que é unicamente
sá bio, seja dada honra e gló ria para sempre. Amados, o pecado reinou na morte, mas mesmo
assimagraçareinapormeiodajustiçaparaavidaeterna.Até osdemô niosmereconheceram
comooSantodeDeus.Coloco-mediantedevocê shojecomooReideIsrael,Aquelequevem
emnomedoSenhor."[Traduçãolivre]
Jesus olhou para cima e do alto das nuvens veio um coro que Rayford só pô de supor ser
daquelesqueestavamreunidosaoredordotronodeDeus.Elescantaramocâ nticodeMoisé s,o
servodeDeus,eocâ nticodoCordeiro,dizendo:"Grandeseadmirá veissã oastuasobras,Senhor
Deus,Todo-Poderoso!Justoseverdadeirossã oosteuscaminhos,ó Reidossantos!Eelereinará
sobreacasadeJacóparasempreeseureinonãoteráfim"(Ap5.3).
AfumaçaaindajorravadoabismosemfundoeRayfordseperguntouseoutros,comoele,
tinhamcomeçadoapreocupar-secomMiguel.Mas,elesurgiunessemomentocomumachave
nasmãos.Satanáseacorrentenãomaisestavamàvista.
Miguel reuniu-se aos outros por trá s de Jesus, que se voltou, montando seu cavalo. Ele
afastou lentamente o corcel branco da praça e do povo na direçã o do monte do Templo, onde
ocupariaseulugardedireitonotronodeDavi.
Rayford sentiu inalmente uma pontada de fome e uma nova onda de cansaço. Sem
qualquerinstruçã oarespeito,oremanescentepareciaestarsedispersandodevagar,voltandoà s
suascasas.Rayford,porsuavez,teriadeprocurarseusamigoseverquemlhedariaabrigo.
CAPÍTULO18
Rayfordnãopodiapensarnumapalavraparadescreverseussentimentossenãoeuforia.Ele
sabia que em certas ocasiõ es Jesus nã o estaria visı́vel, como agora. Isso fazia sentido. Mas,
temera sentir tamanha necessidade da presença dele a ponto de icar deprimido, desanimado,
quando o Mestre tivesse de ocupar-se com outras coisas. Rayford icou contente por nã o
acontecerisso.
Seucoraçã ocontinuavacomJesus,é claro.Pensavaconstantementenele.Queriavê -lo,é
certo. Pelo fato de estar tã o preocupado com ele, ansioso para amá -lo e servi-lo para sempre,
descobriu-se livre das suas tentaçõ es usuais. Perguntou-se se aquela seria uma situaçã o
temporá ria.Estarialivredalascı́via,orgulho,cobiça,só porqueaquiloeracomoestarnaIgreja
napresençadopastor?OuofatodeSataná stersidoamarradoeseusdemô niosteremmorrido
tinha algo a ver com isso? Em vez de ser tentado pelo mundo, pela carne e o diabo, tinha de
preocupar-seapenascomumadessastrêscoisas.EomundoeranovoegovernadoporJesus.
AnovidadedeJesusestar isicamenteentreelesiriatornar-serotinaumdia?Quero dizer,
milanosedepoisaeternidade...
AmaneiracomoJesusfalaracomele,seligaraaele,fezRayfordsentircomoseoSenhor
aindacontinuasseali,emboranã oovisse.Quandoorou,eracomoseJesusconversassecomele
imediatamente.Rayfordtinhatantasperguntas,tantascoisasqueteriadeindagardeChaim...
Aprimeira,éclaro,eraseChaimtinhaalgumaidéiadeondeRayfordpoderiaalojar-se.Ele
achouengraçadodescobrir,depoisdereunir-secomorestodopessoaldoComandoTribulaçã o
queestiveraemPetra,queistojáhaviasidoobjetodeconsideração,discussãoeatédedecisão.
Rayford,MaceAbdullahhaviam icadonapraçapú blica,procurandonamultidã oalgué m
quereconhecessem.
—Serámelhornossepararmos—sugeriuAbdullah.—Sealgumdenósencontraralguém,
podechamarosoutrosemarcarumpontodeencontro.
Abdullah foi para o oeste, Mac para o leste. Rayford icou no centro, buscando rostos
familiares.Quevisã o!Ondequerqueolhasse,aspessoaspareciamamigas,emborafossemquase
todas estranhas. Ele reconheceu algumas por tê -las visto em Petra, mas quando perguntou se
tinhamvistoseusamigoseconhecidos,ninguémpôdedarinformações.
Todavia, todos queriam conversar. Quase sempre sobre Jesus, ou sobre o terremoto e a
divisã odomontedasOliveiras.Amatançadosinimigos.Acondenaçã odeCarpathia,Fortunato
eSatanás....
Outros mencionavam o tempo — quente, claro, refrescante, como se estivessem
respirando um novo ar. Uma mulher apontou para as á rvores e arbustos, que pareciam
repentinamenteverdesesaudáveis.
—Nã oeramassim24horasatrá s—disseela.AlgoocorreuaRayford.Perguntoudeonde
elaviera.
—Rússia—respondeu.
—EqueidiomaaSra.estáfalando?
—Russo,éclaro.Seiapenasumpoucodeinglês.Evocê?
—Inglêsétudoquesei.
Rayford continuou andando, olhando, perguntando. Aqui e ali grupos oravam, cantavam,
alguns apenas levantando as mã os para o cé u e sorrindo. Recebeu inalmente um chamado de
Mac.
—Pareceestranhoqueessasgeringonçasestejamaindafuncionando—Macdisse.—Eu
imaginavaquepudéssemosfalarumcomooutrosemmáquinasagora.
Rayfordriu.
—Porquê?
—Porquenão?VocêconheceaIgrejadeCristo,asudestedaTorredeDavi?
—Claro.
—Éaquiqueestamostodos.
—Abdullahtambém?
—Todos.
As identi icaçõ es de todos os lugares haviam sido mudadas quando Carpathia tomou o
poder,masoscrentessabiamonde icavaoquê .DoladodeforadaIgrejadeCristo,asudestedo
prédio,RayfordencontrouseucírculodeamigosdePetra.TodosmenosOtto.
Alé m de Abdullah e Mac, Chaim estava lá com Chang, Naomi e o pai dela, Eleazar.
Hannah e Leah també m se encontravam ali. Quando Rayford viu Razor conversando com os
Woo, ele soube que Sebastian, Priscilla e Beth Ann deviam estar perto e isso signi icava que
Kennynãoestarialonge.Lávinhaele.
OmeninopulouparaosbraçosdeRayford.—Vovô!EuviJesus!Eelefaloucomigo!
—Quemaravilha!
—Émesmo!Vouvermamãeepapaitambém.
RayfordolhouparaPris.Elafezumsinalcomaboca:
—Logo.
—Sim,embreve—disseRayford.
EnquantocarregavaKenny,Rayfordfoiinformadodoquehaviasidodecidido.
—Ottoconseguiuumhotelabandonadoparaoseupessoal—contouChaim.
—Já?
— Olhe, Rayford, todos estã o ansiosos para oferecer acomodaçã o, uns aos outros. Vai
entã osobrarmuitoespaçonestepaı́sparaaspessoasquerestaram,poucomaisdeummilhã o.
Quasetrê squartosdeummilhã oviviamsó naGrandeJerusalé m.Há milharesdecasasdesertas,
mas a maioria das pessoas parece estar voltando para suas pró prias residê ncias e convidando
outras de diferentes lugares para icar com elas. Eleazar e Naomi concordaram em receber as
mulheressolteiraseoscasais,eeutenhomuitoespaçoparaoshomenssolteiros.
— Kenny — perguntou Rayford — você quer icar com o vovô na casa do tio Chaim? Ou
comBethAnneatiaPriscilla?
—Ondeamamãevaificar?
—Provavelmenteconosco—dissePris,eKennydesceudocolodoavô.
—Estábem,vovô?
—Estásim,Kenny.Vouvervocêatodahora.
—Voupegarocarro—falouAbdullaheafastou-se.Rayfordapertou-senofundo,olhando
pelajaneladetrás,comosjoelhosjuntoaopeitoeelesconseguiramdealgumaformaacomodar
Chaim,Chang,Lionel,MaceRazornoHummer,comAbdullahnovolante.
AcaminhodacasadeChaim,ChangpassouotempotodonotelefonecomNaomi.Razor
brincou com ele que os dois haviam estado juntos vá rios dias, mas Rayford notou que eles nã o
estavamfalandosobreambos,comotodososoutrosnocarroelesfalavamdeJesus.
—Tenhotantasperguntas,Chaim—Rayfordexclamouládofundo.
— E prová vel que nã o sejam tantas quanto as minhas -disse Chaim -, mas para os que
estivereminteressados,vouabrirasEscriturasetentaracharalgumalógicanistotudo.
—Você sestã ovendooqueestouvendo?—perguntouRayford,estudandoapaisagem,as
pessoaseosanimaisenquantoAbdullahdirigiaporentreamultidãoalegre.
Todososanimaiseramdó c eis.Ovelhas,cã es,lobos,animaisdomé sticosdetodosostipos,
vagavamportodaparte.Aslojasjá haviamreabertoeosaçougueirostrabalhavamaoarlivre.
Caminhõesentregavamfrutasevegetaisfrescosdepomarespróximos.
— Quem teria tido tempo para apanhar essas coisas e onde os açougueiros conseguiram
carne?
—Aqueleaçougueiroémeuamigo—disseChaim.—Voudescobrir.
Abdullah parou e todos saltaram. Razor dirigiu-se para uma banca de frutas e verduras.
RayfordacompanhouChaim.
—Ezer!—exclamouChaim,abraçandoohomemaltoemagroquebrandiaumcuteloe
usavaumaventalsalpicadodesangue.—Eunãosabiaquevocêeracrente!
—Eunã oera—respondeuEzer.—Resistivá riasvezes,cego,tã ocego.Mas,durantea
batalhaparadefenderJerusalém,ouviumrabinonaCidadeVelhafalardoMessiasefuipoupado.
—Jádevoltaaoofíciodeaçougueiro!Comopodeserisso?
— Fui levado a juntar-me ao movimento da resistê ncia pela CG porque me recusei a
receberamarca.Perdiestalojaeminhacasa.DepoisdoquetestemunhamosnaCidadeVelha,
euqueriaveroquerestara.Minhacasaestavaintactaeminhalojacontinuavavazia.Você nã o
vaiacreditar,Chaim,masanimaiscevados,prontosparaoabateeparaocorte,moviam-sepor
todapartecomosefossemvoluntá rios!Vacas,ovelhas!Imagine!Encontreiminhasferramentas
ecomeceiatrabalharimediatamente.Oquevocêsprecisam?
—Umaboaquantidadedecarnedeboiedecordeiro.Tenhoseishó spedes,todoshomens
adultosefamintos.
—Leveoquequiser.Éporminhaconta.
—Não.Nãopossoaceitar.
—Vocênãotemmesmodinheiro,nãoé?EeunãoquerosaberdeNicks.
— Olhe, abra uma conta para mim e quando descobrirmos o rumo da economia, acerto
comvocê.
—VocêseopôsaCarpathia,Chaim.Esseétodoopagamentoquepreciso.
—Não.Euinsisto.Comovocêvaiviver?
—Jálhedisse.Asmercadoriasnãomecustaramnada,eolhe!—eleapontouparaarua.
As ovelhas e vacas continuavam chegando de quilô m etros de distâ ncia. Alguns homens
construíamcercados.
— Meus novos empregados — disse Ezer. — Pago a eles em carne. Tenho mais do que
preciso e Deus está aparentemente suprindo. Por favor, faça-me a honra de levar tudo o que
quiser.Sãooscortesmaisfrescos,gordosemelhoresquejáproduzi.
Chaim inalmente cedeu e Ezer insistiu com todos os hó spedes dele para levarem vá rios
quiloscadaum.
— Para segurar no colo na viagem para casa. Por favor, por favor. Estã o me ajudando.
Tenhodemaiseaindanãoconseguiumdepósitoparaacarne.
Aovoltaremparaocarro,RayfordouviuEzergritandoparaostranseuntes.
—Carnedegraça,damãodeDeus!Venham,porfavor,elevemquantoprecisarem!
Razorvoltoudabancadeverduras,carregadocomsacosdefrutasevegetais.—Amulher
nã oquisaceitarpagamentopornada!—disseele.—Elaa irmaqueestã ocaindodasá rvores,
nãosónashortasmastambémaquinacidade.
— Espere um pouco — disse Chang no telefone, depois cobriu-o com a mã o enquanto
AbdullahdavapartidaeseguiaparaacasadeChaim.
—Naomidissequeé ummilagregeral.Elestambé mpararamdeacumularcarnefrescae
verduras. Disse que colheram laranjas e outras frutas debaixo das á rvores e viram os galhos
amadureceremnovamentediantedeseusolhos.
Naquela noite — Rayford só podia saber que era noite pelo reló gio; o brilho do dia nunca
mudava — os homens se acomodaram na casa espaçosa de Chaim, a distribuiçã o dos quartos
parecendotersidoencomendada,detã operfeita.RazoreAbdullahseconsideraramcozinheiros
e provaram isso grelhando a carne e preparando tigelas transbordando de frutas fatiadas e
vegetaisfumegantes.
RayfordsempreseimpressionaracomamaneiracomooscrentesdoComandoTribulaçã o
eosdaCooperativatrabalhavamjuntos,masnuncaviraalgodaqueletipo.Elenaverdade icou
pensandosemilanossemdiscussõesouconflitosacabariammonótonos.
Apesardasatitudesgeralmentepositivasdopovosobseucomandonosú ltimosseteanos,
parte do desa io de seu trabalho tinha sido arbitrar nas questõ es de ego e territó rio. Ele agora
apenas observava as pessoas se entenderem e trabalharem juntas. Tinha de admitir que era o
primeirodiaemsuanovacasa.Elashaviamacabadodetestemunharocumprimentomilagroso
da profecia e estiveram na presença fı́sica de Jesus. Haviam sido presenteadas com os
alojamentosmaisconfortá veisquejá tinhamtidoemanos,semmencionarqueestavamprestes
arecebercomidagrátis—umaverdadeirafesta!
MacencontroumesasecadeirasepediuajudaaChangeLionel,enquantoChaimsolicitou
queRayfordoacompanhassepararevistaracasaquenãoviahaviatrêsanosemeio.Tudoqueo
velhohomemconseguiafazererasacudiracabeçacomaslembranças.
Nã o havia evidê ncia de danos da CG ao lugar. Ele nã o encontrou quaisquer resı́duos dos
trê sterremotos,inclusiveomaisrecentequeforaglobaledaelevaçã odetodaacidadeacerca
de90metrosdepoisdaseparaçãoocorridanomontedasOliveiras.
QuandoRayfordoseguiupelacasa,Chaimdisse:
— Estou cansado da minha incredulidade. Devo simplesmente aceitar de uma vez por
todasqueDeusé oautordetudoisto.Elepodefazertudoefeztudo.OuvifalarqueaCG ocupou
estacasacomocentrodecomandohaviaquasetrê sanos.Podeimaginar,capitã oSteele,como
ela estaria depois que dezenas de homens diferentes tivessem morado e trabalhado aqui? Eu
esperavaencontrarumodordesagradáveldefumo,lixo,umverdadeirohorror.Todavia,veja.
Rayfordestavavendo.Eracomoseumaequipedelimpezativessevarridoacasainteira.
Chã o, paredes, tetos, tudo estava limpo. A mobı́lia no lugar. Rayford nã o teria icado mais
surpreso se encontrasse protetores sobre cada peça. Mas, nã o havia necessidade. Ele nã o
conseguiuencontrarumsógrãodepoeiraempartealguma.
—Ageladeira,ofreezereadespensaestãovazios—comentouChaim.—Todavia,vejao
queoSenhorproveunocaminhoparacá.
—Achoqueelepensouquevocêpoderiaencherasprateleirassozinho.
— Nã o sei. Penso que me habituaria a essas coisas. Quando chegou a hora de sentar e
comer,Chaimficounacabeceiradamesa.
—Vamosorar—disse.
Rayford teve entã o uma experiê ncia muito estranha. Enquanto orava com Chaim,
agradecendo a Deus pelo privilé gio de testemunhar o que tinham visto naquele dia, pelo
alimentoqueelesupriraepelamudançaparaacasajá preparadaqueelepreservara,eracomo
seJesusrespondesseemtomaudível,imediataepessoalmente.
— Você é bem-vindo, Rayford — disse ele — tenho prazer em mostrar-lhe amor de
maneirastangı́veis.—AntesqueRayfordpudesseorarporKenny,oSenhordisse:—Conheçoa
suapreocupação.Eleseráreunidocomseuspais,comovocêtambém,embreve.
Era como se Jesus estivesse sentado bem junto de Rayford, com o braço ao redor dele,
falandodiretamentecomele.Issocomoveuonovamenteeelenã oconseguiureteraslá grimas.
Cruzouasmãossobreopratoàsuafrente,apoiounelasorostoeadorouaDeus.
Jesusfalououtravez:
"ReinareiparasempresobreacasadeJacó enã ohaverá imparaomeureinonela.Assim
como o Pai me conhece, eu conheço o Pai. Entreguei minha vida pelas ovelhas. Eu sou o
CordeiroqueguiarávocêparaasfontesdeáguaseDeusenxugarátodalágrimadeseusolhos".
Rayford permaneceu ali, ouvindo e adorando, sabendo que as lá grimas mencionadas por
Jesus eram de tristeza e as suas poderiam ser tudo menos isso. Ele nã o podia imaginar
entristecer-seoutravez.
Rayfordouviuosoutroshomensmurmurandoseuslouvoresesoubequeelestinhamtidoa
mesmaexperiê nciaqueasua.EmboraRayfordpudessesentiroaromadadeliciosacomidanas
tigelas, a poucos centı́m etros do seu prato, sua fome podia esperar. Ele nã o queria que aquele
momentodeadoraçãoterminasse.
Depoisdeváriosminutos,Chaimretomousuaoração.
— E agora, ó Senhor, nosso Redentor e amigo, agradecemos por esta generosidade.
ConfessoPai,quepormaisgratoqueestivessepelomaná ,epormaissatisfató rioquefosse...—
Elenãoprecisouterminar.
Rayford levantou-se e cobriu a boca, mas nã o conseguiu reter o riso. Em sua alma, ele
acreditavadetodocoraçã oqueouviraJesustambé mrir.Sim,omaná eraumacoisa,masisto
eraoutracompletamentediferente.
Chaimsentou-seeoshomensabriramosolhos,seentreolhando.
—Jesusfaloucomigodenovoemchinês—disseChang.
—Espanhol—afirmouRazor.
—Hebraico—foiavezdeChaim.
—Inglês—Rayforddisse.
—ZonasuldeChicago—falouLionel,etodosriram.
—Eleacrescentouumpoucodetexanodooestetambé m,creioeu—disseMac.—Essa
éalinguagemdocéu,comosabem.
Rayfordlimpouagarganta.Ninguémcomeçaraaindaacomer.
—Seráquefuisóeu,oualgumdevocêsouviuJesusrirdapiadadeChaimsobreomaná?
Todossorrirameconcordaramcomumacenodecabeça.Chaimdisse:
— Nã o há dú vida de que o Senhor tem senso de humor. Cavalheiros, acreditam que a
comidaaindaestáfumegandocomosenãoativéssemosdeixadoàesperaporváriosminutos?
—Asfrutastambémparecemviçosasefrescas—disseRazor.—Enãotemosmoscas.
Passaramentã oacomer.Rayfordsupô squeosoutrostinhamamesmaopiniã oqueele—
aquelaeraarefeiçãomaissaborosaquejátinhamfeito.
— O verdadeiro milagre — disse mais tarde — será comer assim o tempo todo sem
engordar.
Durante as arrumaçõ es, Rayford e Chaim falaram com Eleazar por telefone. Foi ó t imo
ouvir que eles haviam usufruı́do o mesmo tipo de tempo com o Senhor, assim como uma
excelente refeiçã o. Chaim lembrou Eleazar do que planejavam estudar naquela noite nas
Escriturasecompararamnotasnaspassagensdifíceis.
—Setivermosdú vidas—estrondeouEleazar—perguntaremossimplesmenteaJesus,da
próximavezemqueovirmos.
Mais tarde naquela noite, os homens se reuniram na grande sala de Chaim e ele abriu a
Bíbliaeespalhousuasnotasealgunscomentáriosàsuafrente.
— Os livros escritos por homens parecem supé r luos agora — disse. — Sempre que
oramos, sinto como se o Messias estivesse aqui comigo, respondendo à s perguntas antes que
sejamfeitas.Vamoscomeçarcomumperíododeadoraçãoeoração.
Todos como um só homem deixaram as cadeiras e se ajoelharam no chã o, cada um
orandoemsualínguanativa.
MacestavaprestesadizeraoSenhorquehaviapessoas—especialmentedosú ltimossete
anos — que ele gostaria de ver. Cada uma signi icara algo especial para ele, causara um
impactosignificativoemsuavida.Mas,antesquepudessedizerisso,Jesuschamou-opelonome:
—Eusei,Mac.Evocê vaivê -lasembreve.Anseiotambé mmuitoporessareuniã oevou
rejubilar-mecomvocêquandoasencontrar.
AmedidaqueRayfordrecebiarespostasà soraçõ esquenã ohaviasequerpronunciado,ele
prostrou-senochã oeviuoutrosfazendoomesmo.DecidiuqueaquiloqueJesusestavatentando
dizer-lheeraoqueouviradeBruceBarnesanosantes,etambé mdeTsioneChaim:Oraçã oera
tantosobreouvircomosobrefalar,oumaisainda.
Rayfordnuncaconseguiraesseequilı́brio.Pareciaqueestavasempreimplorando,pedindo,
solicitando. Ele agradecia a Deus pelas coisas e o adorava freqü entemente em oraçã o, mas
estavacomeçandoaentenderagora.Erahorade icarcaladoeescutar.MesmoqueDeusnada
dissesse,Rayforddeviadescansarnapazdasuapresença.
Rayfordficoualidebruçoseaqueceu-seaocalordoamordivino.
Jesus disse: "Deus é o nosso refú gio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulaçõ es.
Portanto, nã o temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos
mares; ainda que as á guas tumultuem e espumejem e na sua fú ria os montes se estremeçam.
Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuá rio das moradas do Altı́ssimo.
Deusestánomeiodela;jamaisseráabalada;Deusaajudarádesdeantemanhã.
Bramamnaçõ es,reinosseabalam;elefazouvirasuavoz,eaterrasedissolve.OSenhor
dosExércitosestáconosco;oDeusdeJacóéonossorefúgio.
Vinde, contemplai as obras do Senhor, que assolaçõ es efetuou na terra. Ele põ e termo à
guerraaté aoscon insdomundo,quebraoarcoedespedaçaalança;queimaoscarrosnofogo.
Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as naçõ es, sou exaltado na terra! O
SenhordosExércitosestáconosco;oDeusdeJacóéonossorefúgio"(Sl46.1-12).
Chaim subitamente voltou a ajoelhar-se e orou: "Batei palmas todos os povos; celebrai a
Deus com vozes de jú bilo. Pois o Senhor Altı́ssimo é tremendo, é o grande rei de toda a terra.
Elenossubmeteuospovosepô ssobosnossospé sasnaçõ es...Deusreinasobreasnaçõ es;Deus
seassentanoseusantotrono"(Sl47.1-3,8).
Rayford continuou em comunhã o com Deus, apenas vagamente cô nscio da presença dos
outros.Quandosentiu inalmentecomosetivessedeafastar-sedamã odeJesus,elevoltouà sua
cadeira. Era estranho como todos pareciam ter as mesmas experiê ncias ao mesmo tempo e
comamesmaduração.
—Antesdevocê começar,Chaim,tenhoumapergunta,talvezmaisumacon issã o.Esta
presença nova e pró xima de Deus, por meio de Jesus, é tã o estimulante, tã o especial, que à s
vezes nã o pareço ter o su iciente dele. Mas, outras vezes, como aconteceu agora, foi como se
estivessetãotransbordante,quesecontinuasseali,nãoconseguiriarecebermais.
OutrosconcordarameissoconfortouRayford.
Chaimdisse:
— Isso me faz lembrar de uma histó ria que li certa vez sobre um grande evangelista do
sé culo 19, Dwight L. Moody. Ele escreveu sobre uma experiê ncia com o Senhor onde a sua
presençaeplenitudeeramtã oesmagadorasqueMoodytevedepediraDeusque"suspendessea
suamão".
—Exatamenteisso—afirmouRayford.
— Senti també m o mesmo — continuou Chaim. — E possı́vel que na presença de Jesus
venhamosaconstruiromúsculoespiritualnecessárioparasuportaressasbênçãos.
Chaim pareceu olhar individualmente para cada homem, como se perguntando se havia
maisalgumacoisaantesquecomeçasse.Aseguir,explicouqueeleeosanciã oshaviampassado
o ú ltimo mê s examinando vigorosamente as Escrituras para descobrir o que esperar depois do
GloriosoAparecimento.
—Écomoestudarparaumteste—sugeriuRazor.
—Nã oconheçomuitobemessetermoquevocê empregou,maspareceauto-explicativo
etenhodeconcordar.Nãoquevamossertestados.Defato,houvemuitodebateentreosanciãos
no começo sobre a necessidade disto. Alguns a irmaram que Jesus seria o nosso professor e
explicariatudonodecursodosacontecimentos.
—Quemsabe,entretanto,seeleesperaquenó sjá tenhamosaprendidoestematerial,nã o
é ? Testemunhamos hoje a sua vitoriosa ascensã o ao monte Olival, també m conhecido como
monte das Oliveiras. Nó s o vimos dividido ao meio. Ele venceu os exé rcitos invasores,
exterminando-os com a Palavra de Deus. Está vamos com ele na sua entrada triunfal em
Jerusalé m e o vimos capturar e julgar demô nios, o Falso Profeta, o anticristo e até mesmo o
próprioSatanás.Todavia,elenãoparounenhumavezparadizer:
—Amado,vocêvaiencontraristonapáginataletaldoseutexto,eseránofinal.
— Essas coisas aconteceram como profetizadas e nenhuma explicaçã o vai ser fornecida.
Jesusensinouepregoudessemododaprimeiravezemqueestevenaterra.Só ocasionalmente
ele explicou uma pará bola e quando o fez foi apenas o su iciente para que aqueles que "tê m
ouvidosouçam".
— Suponho que há muitos aqui hoje que nã o entendem muito bem o que está
acontecendo. Eles provavelmente poderiam ter calculado quem era quem e o que era o quê e
no inal saberiam que Jesus vencera outra vez, conquistando mais inimigos. Mas, estã o
provavelmente se perguntando para onde ele foi, o que está fazendo. Bem, cavalheiros, as
respostasseachamnoLivroeseestivereminteressados,vamosexaminarasriquezascontidas
neleeveroquepodemosaprender.
TodosexpressaramentusiasticamenteoseuinteresseeChaimentãocomeçou.
—Receioquemuitos—econfessoqueistoseaplicouamimeà maioriadosanciã os—
acreditavam que o Glorioso Aparecimento introduziu o reino milenar, o qual, como sabem,
significaoreinadodemilanosdeCristonaterra.Alguémaquiconcorda?
Vá rioslevantaramamã o,inclusiveRayford.EleolhouparaAbdullahqueestavasorrindo.
Nã oeraosorrisodosuperiorcondescendente,masdealgué mque izeraaparentementealiçã o
de casa e sabia o que estava para vir. Rayford icou impressionado com o fato de Abdullah nã o
terditoapesardisso:
—Eunão!Eusei!
Rayfordlevantouamão.
— Chaim, aposto que Abdullah sabe do que você está falando. Ele tornou-se um grande
estudioso.
—Éverdade,Sr.Smith?
— Nã o sou completamente versado nisso — respondeu Abdullah — mas meus estudos,
quase todos com o Dr. Ben-Judá , revelaram que haverá um intervalo entre o Glorioso
AparecimentoeoMilênio,assimcomohouveentreoArrebatamentoeaTribulação.
—Houve?—indagouRazor.
—Houvesim—disseAbdullah.—Você develembrarqueosseteanosnã ocomeçaram
comodesaparecimentodoscrentes,mascomaassinaturadaaliançaentreoanticristoeIsrael.
Isso aconteceu algumas semanas mais tarde, mas poderia ter ocorrido alguns anos depois e a
assinatura,enãooArrebatamento,teriadadoinícioàTribulação.
—Excelente!—concordouChaim.—Edissoqueeuiafalareoquevamosdiscutiresta
noite. Desde o Glorioso Aparecimento até o começo do reino milenar, há um intervalo de 75
dias.SeDeuslevouapenasseisdiasparacriaroscé us,aterraeohomem,imaginequantomais
trabalhoJesusteráserecebeu75diaspararealizarsuatarefa.
— Onde isso está na Bı́blia? — perguntou Rayford. — Quero dizer, nã o sou um grande
estudiosodenada,mastenhoprocuradolerbastante.
— Boa pergunta. A resposta é encontrada parcialmente em Daniel 12.11-12. Ouça o
primeiro desses versı́c ulos: "Depois do tempo em que o sacrifı́c io diá rio for tirado e posta a
abominaçã o desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias". Rayford, você se lembra
quandooanticristoprofanouotemplo?
—Devolembrar?
— Essa foi a abominaçã o desoladora, mil duzentos esessenta dias antes do Glorioso
Aparecimento.Estamosentã ofalandosobremaistrintadias.Eoversı́c uloseguintediz:"Bemaventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias". Trata-se, entã o, de
outros45dias,dando-nosumtotaldemais75dias.
—Aquesereferemosprimeiros30dias?—indagouRayford.
—Oversı́c uloestá falandodosacrifı́c ionotemploedaabominaçã o;portanto,pensoqueé
justo supor que o primeiro intervalo se refere ao templo. Nã o posso imaginar Jesus ocupando o
tronodeDavinumtempoprofanadopeloanticristo—pelomenosenquantoelenã oopuri icar.
SabemosmedianteEzequiel40-48queoSenhorvaiestabelecerumtemploduranteomilê nio;
concluoentãoqueosprimeiros30diasdointervaloserãodedicadosàedificaçãodotemploesua
preparaçãoparauso.
— Os outros 45 dias icam ao sabor da especulaçã o, mas note que o versı́c ulo 12 diz que
aqueles que perseverarem durante esse tempo serã o abençoados. Se essa for uma bê nçã o
pessoal,individual,elaindicaqueapessoaestá quali icadaparaentrarnoreinomilenar.Mateus
25.34diz:"Vinde,benditosdemeuPai!Entrainapossedoreinoquevosestá preparadodesdea
fundaçãodomundo".
— Isso faz parecer que o intervalo de 75 dias é um perı́odo de preparaçã o para o reino.
Grandepartedoglobofoidestruı́daduranteosjuı́z osdaTribulaçã oesuponhoquenã odevamos
surpreender-nos se o Senhor levar algum tempo para renovar a sua criaçã o para o milê nio. O
embelezamentodeJerusalé mfoifeitonuminstantecomaelevaçã odacidadedepoisdadivisã o
do monte das Oliveiras, mas imaginem o trabalho que precisa ser feito ao redor do mundo. As
montanhasforamniveladas,enchendograndepartedosmares.Ilhasdesapareceram.Deusquer
certamente fazer a terra voltar à sua condiçã o edê nica para a alegria daqueles que vã o
compartilhá-lacomJesusduranteospróximosmilanos.
CAPÍTULO19
LeahRosecaminharaumalongadistâ nciadesdeseucargodesupervisoranoArthurYoung
Memorial Hospital em Palatine, Illinois. Como poderia saber o que iria tornar-se quando
encontrouRayfordSteelepelaprimeiravezeoincipienteComandoTribulaçã oseteanosantes?
ElaeRayfordhaviampercebidooselodocrenteemcadaumdeles,visı́velapenasparaoutros
damesmafé.Casocontrário,elanãoteriadadoatençãoaele.
E pensar que desde aquela é poca ela viajara o mundo todo com o Comando numa
variedadedepostos,amaiorianaá readesaú de,masnã oexclusivamente.Fizeranovosamigos,
que passaram a ser entes queridos, e depois os vira morrer. Houve momentos em que nã o
acreditou ter qualquer probabilidade de assistir ao Glorioso Aparecimento. Pelo menos nã o até
tersidoenviadaparatrabalharemPetra,ondeemtrêsanosemeioninguémmorrera.
Privilegiada, era como ela se sentia. Nada do que já izera a tornara certamente
merecedora dos benefı́c ios que desfrutava. Sua vida nã o fora fá cil. Ningué m que vivera nos
tempos da Tribulaçã o teve facilidades. O fato de ter sido obrigada a suportar tudo aquilo fora
culpa sua: ouvira a mensagem e a ignorara tempo demais. Leah nã o se considerara uma
opositora,masviaasimesmacomointelectual,pensadora,ponderadora.
Evangelistas e amigos de idé ias evangelı́sticas haviam dito repetidamente a ela que
hesitaremdecidirsignificavanarealidade"rejeição".Eladiscutira.Nãoestavadizendonão,mas
ainda re letindo. Um de seus amigos bem-intencionados a avisara: nã o re lita tanto até acabar
noinferno,ouserdeixadaparatrás.
Leahrira.Emborativesseconsideradoseriamenteasreivindicaçõ esdeCristosobreasua
vida, que ele morrera pelos seus pecados — que reconhecia serem muitos — a idé ia de vê -lo
surgirnasnuvensumdia,comtamanharapidezquevocê poderiaperdê -lonumpiscardeolhos,
bem...issoeraumtantodifícildeaceitar.
Eentã oforadeixadaparatrá s.Leahcuidoudoassuntonamesmahora.Aseguir,enquanto
vacilava espiritualmente, procurando mais, procurando a verdade, procurando respostas, ela
ficoucertadequeDeusenviouRayfordeoComandoTribulaçãoparaasuavida.
Estavam todos na mesma situaçã o, é claro, retardatá rios para o Reino. Mas, entre eles
haviahomensdaBı́blia,estudiososdeumavidainteira,comoTsionBen-Judá ,dequemachava
queaprenderamaisdoquenaescoladeenfermagem.
AgoraseachavaemJerusalé m,nacasadeumanciã o.Comamigosquehaviamsetornado
queridosequetinhamexperimentadocomela,deprimeiramã o,ocumprimentodaprofeciana
presença do pró prio Jesus. Leah assistira pessoalmente, falara e se encontrara com ele face a
face.
Quandoaabraçoueachamoupelonome,dizendo-lhequantoaamava,elanã oconseguiu
falar.Ele,porém,ouviuoseucoração.Estiveracomela,aconheciadesdeafundaçãodomundo,
foramsuaspalavras.Estiveracomeladuranteasuavidainteira,nospontosaltosebaixos,nas
crises,amando-a,esperandoporela,ansiandoencontrá-la.
Leah estava tã o radiante com a presença de Jesus que nã o sabia se conseguiria suportar
essesentimentomuitotempo.Enquantooutrosrecuavameescondiamorosto,fazendocaretas
diantedaterrı́velrealidadedeSataná seseuslacaiossendocastigados,elanã odesviouosolhos.
Aquilo,sabia,erajustiça,eelaqueriavê-la.
Leahtinhasidovı́t imadeSataná sesofrerasobogovernodeNicolaeCarpathia.Tornar-se
uma fugitiva internacional simplesmente por ter amado o Deus ú nico e verdadeiro e seu Filho
erainconcebı́vel,umaofensaimperdoá vel.Oanticristo,habitadoporSataná s,seexaltaraacima
deDeuseosentimentodecertoeerradodeLeah—cultivadomesmoantesdetornar-secristã
—lhediziaqueeleteriadepagar.Quandochegouomomento,apesardetersidomedonho,ela
oconsiderouadequado.
Leah vira as devastaçõ es fı́sicas do pecado, o que a guerra podia fazer ao corpo humano.
Quando procurava curar companheiros em agonia, nã o podia deixar de colocar a culpa no
anticristo e no seu Falso Profeta. Ela nã o desviou os olhos naquela carni icina e, portanto,
també m nã o fez isso quando os demô nios de Sataná s foram mortos pelas palavras de Jesus, e
quando Nicolae e Leon foram enviados para o tormento eterno. E, especialmente, quando o
próprioSatanásfoipresodurantemilanos.
Leahaindanã oentenderaisso.EraalgoquepoderiaperguntaraEleazarquandodirigisseo
grupo de estudo bı́blico naquela noite. As informaçõ es eram que os anciã os estavam todos
ensinando a mesma coisa, onde quer que estivessem e com quem. Ela considerava outro
privilégioteracabadonalindacasadeTibério.
Os toques da falecida mã e de Naomi ainda permaneciam, mesmo depois de todo aquele
tempo. O lugar tinha sido ocupado pela CG, como as outras casas de algum valor. O resultado
poderia ter sido decepcionante; todavia, quando os dez deles se acomodaram, descarregando
seusortimentodecarnefrescaevegetaisnacozinhagenerosa,ningué m icoumaissurpresodo
que Eleazar com as condiçõ es da casa. Parecia que algué m fora encarregado de torná -la
perfeitaparaapermanênciadeles.
Encontraram seus quartos, com espaço su iciente para todos, e trabalharam juntos
olhandoascrianças,arranjandoasmesas,preparandoarefeição.Haviamoradoefestejado,feito
alimpezaeoradomaisumpouco.Jesuslhesfalaraemtrêsidiomasdiferentesaomesmotempo.
Leah ajudou depois Priscilla Sebastian a colocar as crianças na cama e agora era a hora de
estudar.
Ela achou fascinantes os ensinamentos durante os 75 dias que se seguiram, por nunca tê los ouvido antes. O que Leah apreciava mais sobre Eleazar era a mente brilhante e inquisitiva
deleecomonãofingiaconhecercoisasquenãoconhecia.
— Algumas coisas — disse ele, com sua agradá vel voz de baixo profundo — sã o
aparentemente incompreensı́veis, pelo menos por agora. Outras verdades sã o fascinantes
quandoaspesquisamosnasEscrituras.
Leah fez sua pergunta sobre a razã o do anticristo e do Falso Profeta terem sido
condenadosportodaaeternidadeenquantoSatanásseriasoltonofinaldomilênio.
—Aprisã odeSataná s—disseEleazar—orestringedaquiloqueelefazmelhor,é claro.
Apocalipse 20.3 indica que o propó sito de Deus nessa prisã o é para que ele nã o engane mais as
naçõesatéofinaldosmilanos.
— Eu sei — interrompeu Leah — mas o versı́c ulo continua dizendo: "Depois disto, é
necessárioqueelesejasoltopoucotempo".
—FizcertavezessamesmaperguntaaoDr.TsionBen-Judá eindagueirecentementedo
Dr.Rosenzweig—disseEleazar.
—Nenhumdosdoistinhainteiracertezaeeutambé mnã otenho,massugeriramalgumas
coisasnotáveisqueeunãohaviapercebidoegarantoquevocêtambémnãopercebeu.
—Issonãomesurpreenderia—respondeuLeah.
— Esta é a minha opiniã o, baseada no que aprendi. Observe deste modo: se Deus nã o
permitisse a Sataná s mais uma oportunidade de enganar as naçõ es, todos os que nascerem e
viverem durante o reino milenar icariam isentos da decisã o de seguir a Deus ou a Sataná s. Ao
libertá-lomaisumavez,todosterãoposiçãoigualdiantedeDeus.
—Interessante.
— O que é , poré m, incerto é que os que rejeitarem Cristo durante o milê nio serã o todos
pessoas relativamente jovens. Você vai ver quando examinarmos as Escrituras que os nascidos
duranteomilê nioequenã ocon iarememCristoquando izeremcemanosserã oamaldiçoados
emorrerão.
—Penseiquetivesseditopessoasjovens.
— Relativamente jovens. Veja bem, os que con iarem em Cristo viverã o até o im do
milênio.
—Entãoalguémquenascerhojeesetornarcrente,viveráatéosmilanos.
—Éissomesmo.
—Mas,osincrédulos,quandonasceremnesteperíodo,morrerãoaoscemanos?
—Agoravocêentendeu.
—Nã oseiseentendi—disseLeah.—Masé interessante.Seestiverraciocinandobem,o
queSatanásterádefazernofinaldomilênioétentarorganizartodososquenasceramnamarca
dos novecentos anos ou depois — que nã o se tornaram crentes — e procurar fazer com que
entrememação,numúltimoesforçoparalutarcontraJesus.
—Acertou.
—Puxa.Ehápassagembíblicaparaisto?
—Há.Vamoslê-lajuntosemIsaías65.17-25:
"Poiseisqueeucrionovoscé usenovaterra;enã ohaverá lembrançadascoisaspassadas,
jamais haverá memó ria delas. Mas vó s folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio;
porqueeisquecrioparaJerusalé malegriaeparaoseupovo,regozijo.Eexultareiporcausade
Jerusalé memealegrareinomeupovo,enuncamaisseouvirá nelanemvozdechoronemde
clamor. Nã o haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que nã o cumpra os
seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será
amaldiçoado. Eles edi icarã o casas e nelas habitarã o; plantarã o vinhas e comerã o o seu fruto.
Nã o edi icarã o para que outros habitem; nã o plantarã o para que outros comam; porque a
longevidadedomeupovoserá comoadaá rvore,eosmeuseleitosdesfrutarã odetodoasobras
dassuasprópriasmãos".
Eleazarinterrompeu.
— E isto que acho que está sendo dito aqui. Nã o seremos senhores subservientes e
dé spotas. Iremos desfrutar pessoalmente aquilo que construirmos. O que plantarmos e
colhermos será nosso e nã o para um chefe ou um governo de ocupaçã o. Continuemos agora a
leitura:"Nã otrabalharã odebalde,nemterã o ilhosparaacalamidade,porquesã oaposteridade
bendita do SENHOR, e os seus ilhos estarã o com eles. E será que, antes que clamem, eu
responderei;estandoelesaindafalando,euosouvirei."
—Jáexperimenteiisso!—disseLeah.—Vocêsnão?
—Sim!—disseramoutros.—Jesusmuitasvezesrespondeaumaoraçã oantesdeelater
sidofeita.
—Vamoscontinuaragora—disseEleazar.
"Oloboeocordeiropastarã ojuntos,eoleã ocomerá palhacomooboi;pó será acomida
daserpente.Nãosefarámalnemdanoalgumemtodoomeusantomonte,dizoSENHOR."
AcabeçadeRayfordgirava.Istoeranovoparaeleesupunhaqueeratambé mparaosque
estavamnacasadeEleazarTibério.Malpodiaesperarparadiscutiroassuntocomalgunsdeles.
Changlevantouamão.
— Chaim — ele disse — Onde estã o todos que morreram antes do Arrebatamento? As
pessoas do Antigo Testamento, os que creram antes da vinda de Jesus, e os que morreram
duranteaTribulação?EstavamtodosnoexércitoqueapareceucomJesusnasnuvens?
Chaimsentou-seesorriu.
—Você levantouumaquestã ointeressante.Vamostratardistoestanoite,ouestã otodos
prontos para levantar as cortinas e ver se podemos fazer de conta que está su icientemente
escuroparadormirmos?
Rayfordestavacansado,masnãotinhamaisinteresseemirparaacamadoqueorestante
doshomens.Efoioquedisseram.
— Concordo — Chaim disse. — Tudo começa com o que a Bı́blia ensina sobre o dia da
ressurreição.SemprepenseiquesóhaviaumaequecoincidiacomoArrebatamento.
—Eutambém.
—Aoqueparece,nã oé esteocaso,poisaressurreiçã oquetevelugarnoArrebatamento
foi a daqueles que a Bı́blia se refere como os "mortos em Cristo" e nã o incluı́a os santos do
Antigo Testamento. Quando eles morreram, Cristo nã o tinha vindo ainda à terra. Portanto,
embora tivessem sido justi icados pela fé , nã o podem ser tecnicamente referidos como "os
mortos em Cristo". As ressurreiçõ es nas Escrituras sã o de duas categorias: a primeira
ressurreiçã o,ouressurreiçã odavida;easegunda,aressurreiçã odojuı́z o.OEvangelhodeJoã o
5.28-29,citaaspalavrasdeJesus:"Nã ovosmaravilheisdisto,porquevemahoraemquetodos
os que se acham nos tú m ulos ouvirã o a sua voz e sairã o: os que tiverem feito o bem, para a
ressurreiçãodavida;eosquetiverempraticadoomal,paraaressurreiçãodojuízo".
— A primeira ressurreiçã o inclui os remidos de todos os tempos, mas o momento da
ressurreiçã odessaspessoasvaria,conformeforemumsantodoAntigoTestamento,umcristã o
queviveuantesounahoradoArrebatamento,ouumcristã omartirizadoduranteaTribulaçã o.
Todostomarã opartenaressurreiçã odavida.Aressurreiçã odojuı́z oincluirá osnã o-remidosde
todas as eras e isto acontecerá no im do milê nio, durante o que a Bı́blia chama de Juı́z o do
GrandeTronoBranco.Osnão-remidosserãoatiradosnolagodefogo.
— Vamos ver se entendi — Rayford disse. — Os cristã os que morreram antes do
ArrebatamentoforamressuscitadosporocasiãodoArrebatamento.
—Certo.
—QuandoserãoressuscitadosossantosdoAntigoTestamento?
—Embreve.DuranteesteintervaloentreoGloriosoAparecimentoeoMilênio.
—EosmártiresdaTribulação?
— Ao mesmo tempo. Os santos do Antigo Testamento e os má rtires da Tribulaçã o vã o
viverereinarcomCristonoreinomilenar.
—Easpessoasquepassaremacrerduranteomilênio?
—Serãoressuscitadasnofimdomilênio.
—Emboraestejamvivas.
—Certo.
— E os nã o-remidos també m só serã o ressuscitados depois do milê nio, para o Juı́z o do
GrandeTronoBranco.
Chaimsorriu.
—Vocêsabeagoratantoquantoeu.
—Entã o—Rayforddisse—minhamulheremeu ilho,queforamarrebatados,estavam
naqueleexércitoatrásdeJesus.
—Sim.
—Masminha ilhaegenro,queforammartirizadosduranteaTribulaçã o,serã oembreve
ressuscitados.
—Exatamente.
—Vamosentãovernossosamigoseentesqueridosdentrodepoucotempo.
Enoque Dumas e os membros da pequena congregaçã o de O Lugar, antes habitantes do
centrodacidadedeChicago,começaramadescobrirpequenosgruposdecrentesaquieali.
Os empregados do anticristo ou do seu governo, mesmo na Amé rica, haviam morrido ao
ouvir as palavras saı́das da boca do Senhor; mas, era aparentemente propó sito de Deus que o
milêniocomeçassecomopassadoembranco.Todososincrédulosembrevemorreriam.
Ogruposereuniuelogotodostiveramamesmaidéia.DeviamvoltaraChicagopararever
seuantigolocaldeencontroevercomoestavaagoraaantigacasadesegurançadoComando
Tribulação,ondehaviamsidohóspedesantesdeelatersidodescoberta.
Mais que tudo, eles precisavam veri icar quais as acomodaçõ es disponı́veis na cidade. Os
hoté is, albergues e cortiços ainda existiam? E o distrito residencial que nã o icava distante do
lugar onde trabalhavam antes de se tornarem cristã os? Se todos iam morrer, o que poderia
impedirquemorassemnoshotéiscincoestrelasdocentro?
Chicago havia sido considerada como contaminada pela radioatividade há anos e até os
membrosdeOLugaracreditaramnisso,sentindo-seforçadosaviverdentrodecasa,nosubsolo.
Quando Chloe Steele Williams os descobrira e convencera de que as leituras nucleares em
Chicago eram falsas, preparadas por um espiã o do Comando Tribulaçã o no palá cio daCG em
NovaBabilônia,elesfinalmenteseaventuraramasair.
UmavezqueaCGdescobriuoesquema,oComandoTribulaçã oeosmembrosdeOLugar
tiveram de mudar-se, depressa. Desde entã o, os operadores daCG haviam determinado que
Chicagoestavaseguranovamenteeacidadecomeçaraaserreconstruı́da.Seissoeraverdade
emPalosHillsenossubú rbiosqueacercavam,seriatambé maplicá velparaacidade.Enoquee
seupessoalocupariamolugarpraticamentesozinhos.
Enoque esperara ver os terrı́veis efeitos da carni icina mundial dos inimigos de Cristo,
como vira em sua vizinhança quando o carro da CG batera no hidrante. Haveria corpos caı́dos
nas ruas, sangue e pedaços de carne por toda parte? Pilhas de ossos? Nada disso. O terremoto
globalforaaparentementeumtrabalhodelimpeza.Muitosarranha-cé ushaviamdesmoronado,
inclusiveoPrédioStrong,ondeforaacasadesegurançadopessoaldoComandoTribulação.
Até aqueles montõ es de destroços haviam sido, poré m, tã o sacudidos que simplesmente
enterraramoterrordobanhodesangueentreosempregadosdeCarpathia.
Enoque teve de conversar com Deus sobre o que fazer. Se apenas os crentes é que
icassemnosEstadosUnidos,comaprofeciabı́blicaparecendoignoraraAmé rica,aqueleiaser
umpaı́sescassamentepovoado.Osvá riosgruposdecristã ospoderiamencontrar-se,masoque
fariam?Haveriaumnúmerosuficientedelesparacomeçarareconstruiropaíscomoumanação
verdadeiramentecristã?
Fora por isso que Deus pretendera puri icá -la dos nã o-remidos e já a tinha nivelado,
tornandooplanetainteirotã oplanoquantooEstadodeIllinois?Nenhumdoscrentestrabalhara
em pú blico durante anos. Quem quer que icasse responsá vel pelos serviços pú blicos em breve
estariamorto.EstetalvezfosseoplanodeDeusaoreunirtodooseupovoparaestarcomJesus
emIsrael.
EnquantoEnoquedirigialentamentepelasruasdeChicago,Jesusfaloucomele.
— Nã o tema, Enoque, pois deduziu corretamente que você e seu rebanho devem icar
comigo.
—Mas,Senhor,nós...
—Voutransportarvocês.Nãoprecisamsepreocupar.
—Quando?Oquefaremosnaquestãoderoupase...?
— Olhe, Enoque, "se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é
lançadanoforno,quantomaisavó soutros,homensdepequenafé ?Portanto,nã ovosinquieteis
comodiadeamanhã ,porquevossoPaicelestialsabequenecessitaisdetodasessascoisas"(Mt
6.30).
Enoquejamaisesqueceriaoolharnorostodeseugrupoquandoosreuniuelhesdisse:
—VamosparaIsrael,nãomeperguntemcomo.Deusproverá.
—Quando?
—Issopodemperguntar.Creioqueseráamanhã.
Leah icou inalmentecansadaeprontaparadormir,masqueriasaberarespeitodosjuı́z os
vindouros.Haveriaaparentementevárioseosoutrostambémpareciamcuriosos.
— Eu quero continuar ensinando, se você s quiserem continuar aprendendo — disse
Eleazar.—Nãotenhoidéiadecomoiremosdormircomtantaluminosidade.
— Hoje foi claramente o Dia do Juı́z o para Sataná s e seus tı́t eres — disse Leah. — Mas
devehavermaisdeumDiadeJuízo.
— Tem razã o — a irmou Eleazar. — Na verdade, haverá vá rias ocasiõ es de juı́z o, cada
uma com um propó sito especı́ ico. Os Drs. Ben-Judá e Rosenzweig, e os anciã os, chegaram à
conclusã o de que há diferentes juı́z os pelos pecados e obras dos crentes, santos do Antigo
Testamento,santosdaTribulaçã o,judeusaindavivosno inaldaTribulaçã o,gentiosaindavivos
no inaldaTribulaçã o,Sataná seosanjoscaı́dos—quevimoshoje—etodososnã o-remidosde
todosostempos.
— A morte de Cristo na cruz foi onde Deus colocou sobre Jesus os pecados de todos que
viriam a ser cristã os. Cristo pagou pelos nossos pecados e só teremos entã o de enfrentar o
tribunaldeCristoenãoqualquerdosoutrosjulgamentos.JesusdisseemJoão5.24:
"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
envioutemavidaeterna,nãoentraemjuízo,maspassoudamorteparaavida".
Romanos 8.1-4 diz: "Agora, pois, já nenhuma condenaçã o há para os que estã o em Cristo
Jesus, porque a lei do Espı́rito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.
Porquantooqueforaimpossı́velà lei,noqueestavaenfermapelacarne,issofezDeusenviando
oseupró prioFilhoemsemelhançadecarnepecaminosaenotocanteaopecado;e,comefeito,
condenouDeus,nacarne,opecado,a imdequeopreceitodaleisecumprisseemnó s,quenã o
andamossegundoacarne,massegundooEspírito".
—Entã oporque—disseLeah—temosdeenfrentarotribunaldeCristoeoquesigni ica
isso?
— Acreditamos que o trono do juı́z o de Cristo é diferente do julgamento dos incré dulos.
Paulo disse aos cristã os de Corinto, "Porque importa que todos nó s compareçamos perante o
tribunaldeCristo,paraquecadaumrecebasegundoobemouomalquetiverfeitopormeiodo
corpo"(2Co5.10).
— Se Jesus aceitou o nosso castigo e pagou pelos nossos pecados — perguntou Naomi —
emquebaseseremosjulgados?
Eleazarsorriuparaafilha.
—Tãomoça,porém,tãointeligente.
—Pai—disseela,corando—pare.
— Desculpe. Sua pergunta é boa. — Ele virou as pá ginas da Bı́blia. — Ouça o que o
apóstoloPaulodeclarouaosCoríntios:
"Porque ningué m pode lançar outro fundamento, alé m do que foi posto, o qual é Jesus
Cristo. Contudo, se o que algué m edi ica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas,
madeira,feno,palha,manifestasetornará aobradecadaum;poisoDiaademonstrará ,porque
está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o pró prio fogo o provará . Se
permanecer a obra de algué m que sobre o fundamento edi icou, esse receberá galardã o; se a
obra de algué m se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que
atravésdofogo.NãosabeisquesoissantuáriodeDeusequeoEspíritodeDeushabitaemvós?Se
alguémdestruirosantuáriodeDeus,Deusodestruirá;porqueosantuáriodeDeus,quesoisvós,é
sagrado"(1Co3.10-17).
"Nã osabeisvó squeosquecorremnoestá dio,todos,naverdade,correm,masumsó leva
oprê mio?Correidetalmaneiraqueoalcanceis.Todoatletaemtudosedomina;aqueles,para
alcançarumacoroacorruptı́vel;nó s,poré m,aincorruptı́vel.Assimcorrotambé meu,nã osem
meta; assim luto, nã o como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à
escravidã o,paraque,tendopregadoaoutros,nã ovenhaeumesmoaserdesquali icado"(1Co
9.24-27).
—Naverdade,Naomi,otribunaldeCristojá aconteceu.Eletevelugarnocé uparaquea
IgrejaarrebatadacomJesuspudesseseradornadacomosuanoivaquandodescessecomeleno
Glorioso Aparecimento. Apocalipse 19.7-8 diz: "Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a gló ria,
porquesãochegadasasbodasdoCordeiro,cujaesposaasimesmajáseataviou,poislhefoidado
vestir-sedelinho inı́ssimo,resplandecenteepuro.Porqueolinho inı́ssimosã oosatosdejustiça
dossantos".
—Aquelesdentrenó squepermaneceramvivosserã oembrevejulgadosporCristo,antes
deiniciar-seomilênio.
— Quanto a nó s, judeus, a Tribulaçã o em si foi a é poca em que Deus fez Israel passar
"debaixodocajado",segundoEzequiel20.37.Deusdiz:
"Separarei dentre vó s os rebeldes e os que transgrediram contra mim; da terra das suas
moradaseuosfareisair,masnã oentrarã onaterradeIsrael;esabereisqueeusouoSENHOR"
(Ez20.38).
"Quanto a vó s outros, vó s, ó casa de Israel...: Ide, cada um sirva aos seus ı́dolos, agora e
mais tarde, pois que a mim nã o me quereis ouvir; mas nã o profaneis mais o meu santo nome,
com as vossas dá divas e com os vossos ı́dolos. Porque no meu santo monte, no monte alto de
Israel... ali toda a casa de Israel me servirá ... Sabereis que eu sou o Senhor, quando eu vos der
entrada na terra de Israel, na terra que, levantando a mã o, jurei dar a vossos pais" (Ez
20.39,40,,42). O texto de Zacarias 13 diz que dois terços de Israel seriam eliminados, mas dos
querestarem,"todoIsraelserá salvo".SegundoRomanos11.26-27,"Virá deSiã ooLibertadore
ele apartará de Israel as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus
pecados".
—Nós,anciãos,calculamosqueentrecincoadezmilhõesdejudeusvãoentrarnomilênio.
Mas, a Tribulaçã o foi també m uma é poca de juı́z o dos gentios incré dulos. Isso deve ter icado
óbviopelos21juízosquevieramdocéuduranteosseteúltimosanos.
GeorgeSebastianlevantouamão:
—Anciã oTibé rio,TsioneChaimnosensinaramquehaveriatambé mumjulgamentodas
nações,masdevoterperdidoomesmooueleaindanãoaconteceu.Doquesetrata?
—Issoestá paravireprovavelmenteembreve.AsEscriturasparecemindicarqueovale
criado pela divisã o do monte das Oliveiras é chamado de vale de Josafá , que signi ica "Jeová
julga". A formaçã o desse vale sepultou os escombros de quase quatro mil anos de civilizaçã o e
elevaidomontedasOliveirasaté Jerusalé m.Nessaá rearecentementepuri icadaparecequeo
Senhor conduzirá trê s julgamentos: Restaurará a naçã o judia; julgará as ovelhas; e julgará os
cabritos.
—Lembro-medeterestudadoosjulgamentosdasovelhasedoscabritos—disseHannah
Palemoon.Masmeesqueciquemeram.
—Algunsochamamdejulgamentosemítico—disseEleazar.
—Jesusvaijulgarosgentiosemrelaçã oà maneiracomotrataramoseupovoescolhido.
Osquederamhonraaosjudeussãoasovelhaseosquenãoofizeramsãooscabritos.
QuandoJesusmatoutodososseusinimigoscomaespadadesuaboca—aPalavradeDeus
— os exé rcitos do anticristo foram dizimados em preparaçã o para o reino milenar. Em breve
todososincré dulosquepermaneceram—até mesmoosquenã oreceberamamarcadabesta,
masquenãoaceitaramCristo—enfrentarãotambémamorte.
—SóosqueestãoaquiemIsrael,ouemtodoomundo?—perguntouMingWoo.
—Emtodoomundo,tenhocerteza.
—Eserãojulgadosaqui?Ouemseusprópriospaíses?
— Boa pergunta. Eu nã o sei. A Bı́blia parece indicar que tudo isto acontecerá no vale de
Josafá.
— Pode ser entã o algum tempo antes que todos cheguem aqui. E se eles decidirem nã o
vir?
Eleazarsorriu.
—Vocêviualguémnodiadojuízoqueparecesseterumaescolha?
—Está entã odizendo—interrompeuReeWoo—queapenasoscrentessobreviverã ono
milênio?
— Tudo indica que sim. Pelo menos no inı́c io. Os que nascerem durante o milê nio terã o
naturalmentedefazerasuaopção.
PriscillaSebastianperguntou:
—OGrandeTribunaldoJuízo,nofimdomilênio,é,portanto,oúltimo?
—Sim.
— Nã o parece que haverá muita coisa a ser julgada. As pessoas receberam Cristo como
seuSalvadorounãoreceberam.
—Temrazã o,masacreditamosqueDeus,porsersá bioejusto,epordesejardemonstrar
até quepontooshomensemulheresestã olongedoseupadrã o,irá julgá -loscombaseemsuas
pró prias obras. Como é evidente, todos vã o falhar. Isto mostrará que o castigo é merecido e,
comodisse,elesserãoenviadosaolagodefogoportodaaeternidade.
—Eoscabritosnojuı́z ovindouro?Paraondevã o?Elesserã ojulgadosdenovonogrande
tribunaldojuízodaquiamilanos?
— Sim. Por enquanto serã o enviados aohades, aparentemente um compartimento do
inferno,ondeirãosofreratéojuízofinaledepoisserãolançadosnolagodefogo.
—Muitotriste.
— E verdade. Todavia, creio que todos esses julgamentos vã o demonstrar ao mundo
inteiroajustiçaeretidãodeDeus,silenciandofinalmentetodososzombadores.
Pouco antes de retirar-se para o seu quarto, Rayford pediu a George Sebastian para que
fosseverKenny,esperandoqueotoquedotelefonenãotivesseacordadoascrianças.
— Ele está dormindo profundo — Sebastian informou. — Priscilla icou até um pouco
surpresa,porqueelenãopáradefalaremJesuseemverospaisamanhã.
—Nó sexaminamostudodesdeoreinomilenaraté aressurreiçã oeosjuı́z osestanoite.E
você?
—Omesmo.Assuntofascinante.
—Cansado,Sebastian?
—Exausto.Estavabemnahora.Tinhacomeçadoapensarse icariacomfome,comsede
oucansadodenovo.
—Ficoucomfome?Sebastianriu.
—Depoisdonossojantarestanoite,achoquenuncamaisvouterfome.
—Eupossosentiraindaogostodocordeiro.
—Eupossosentirogostodetudo.
Rayford fechou as persianas e deitou-se de costas, puxando uma ú nica coberta sobre o
corpo. A luz que iltrava pelas fendas ao redor das cortinas era tã o brilhante que ele teve de
cobrirosolhosdobrandoocotovelo.ComeçouaagradeceraDeuspeloseventosqueassistira,a
partirdesuaprópriacura,masantesquepudessesequermencioná-los,Jesusdisse:
— Eu sei, Rayford, eu sei. Estou bem aqui e estarei sempre aqui. Nunca o deixarei nem
abandonarei.
—Meusangueépreciosocomoodeumcordeirosemmáculaesemmancha.Eusoualuz
domundo.Aquelequemeseguenãoandaránastrevas,mastemaluzdavida.
—Obrigado,Senhor.
CertodequeJesusestavaali,Rayfordpassouparaosonodosjustos.
CAPÍTULO20
Leahsó podiasaberqueerademanhã porcausadoorvalhonasrosasepelafriagemdoar.
O tempo estava tã o claro como estivera à meia-noite, a ú ltima vez em que olhara para o
reló gioantesdedormir.ElaacordaracomacertezadequedeviairaonovovaledeJosafá .Nã o
havia dú vidas em sua mente. Ao tomar banho e vestir-se, sabia que nã o deveria comer nem
fazerqualqueroutracoisa.Apenasir.
Leah nã o tinha percebido Jesus falando com ela outra vez durante a noite ou de manhã ,
mas aquela convicçã o sobre o que tinha de fazer era tã o forte e persuasiva que ele poderia
perfeitamentetersurgidoempessoaedadoessasinstruções.
Elafoidepressaparaafrentedacasa,ondeEleazareNaomiestavamcumprimentandoos
hóspedesàmedidaquesaíamdosquartos.
Nenhumapalavrafoiditasobreocafé ouplanosparaodia.Leahpensouemmencionarseu
impulso e perguntar como chegaria lá , mas pela isionomia de George e Priscilla Sebastian,
Hannah Palemoon e Ree e Ming Woo pressentiu que eles també m estavam numa missã o que
nãorequeriapalavras.Atéascrianças,BethAnneKenny,pareciamentusiasmadasempartir.
Quandotodossereuniram,Kennyperguntou:
—Podemosiragora?
Eleazarriu,comosolhosprotuberantespiscando.
—Eaondevocêgostariadeir,pequenino?
—VerJesus.
Leahficousurpresaporqueelenãomencionouamãeouopai.Poralgumarazão,omenino
tambémestavasendotãofortementeatraídoporJesusquenadamaispareciaimportar.
TodosentraramnumveículodirigidoporEleazareLeahsentoupertodosWoos.
—Paraondevamos,Ming?
—Nã oseiparaondeosoutrosvã o,masesperoqueoanciã oTibé rioparenumpontoem
quesepossairapéparaonovovale.
Eleazar, no entanto, como que atendendo ao desejo dela, foi direto para o vale. Ao
descerem do carro, Leah icou pasma ao ver milhõ es e milhõ es de pessoas de todas as cores.
Brancos,negros,vermelhoseamarelos,todosseguindonamesmadireção.
Leah sentiu que Jesus se achava no inal daquele arco-ı́ris de humanidade e soube onde
encontrá -lo no momento em que levantou os olhos para o cé u. Ele nã o estava lá , mas nã o
apenas seu exé rcito celestial a cavalo, como també m dezenas de milhares de anjos que
flanqueavamoscavaleirosdosladoseportrás,podiamservistos.
Leah parou, já separada dos amigos. Ela simplesmente tinha de icar olhando. O cé u
pareciaquaselotadodeserescelestiais,forçando-aaprotegerosolhos,masnã odeuresultado.
Aluzdagló riadeCristoarodeavaemesmoportrá sdasmã oselasere letiaemseusolhos.Era
comoseestivessetropeçandonadireçãodoobjetodaatençãodetodos.
Leah assistira a eventos esportivos pro issionais onde as multidõ es que entravam e saı́am
dos está dios eram tã o grandes que ningué m podia ver o im do povo. Esta era um milhã o de
vezes maior. Quando começou a caminhar de novo, fragmentos de conversas prenderam sua
atenção.
—Euestavaemcasa,cuidandodemeusafazeres.
—Onde?
—EmJoanesbugo.
—Quando?
—Nemdezminutosatrás!
—EuestavadormindoemMichigan!
Leahseguiuoterrenolevementeonduladoaté queeleseabriunumaá reapoucoabaixode
Jerusalé m e ela pô de levantar os olhos e ver a Cidade Eterna. Teve també m uma visã o do
Gó lgota, o lugar do Calvá rio, que a fez perder o fô lego. Leah teve novamente de parar e icar
observando.
—Leah—disseJesus.
—Sim,Senhor.
—Quandoviromeutrono,junte-seaosqueestãoàminhadireita,suaesquerda.
—Sim,Senhor.
Ela voltou-se e continuou a seguir a multidã o, compreendendo que todos deveriam ter
recebidoinstruçõ espessoais.Asmassasestavamsedividindo,paraadireitaeparaaesquerda,
separando-se.
RayfordtentoupermanecercomChaim.OshomenshaviamdeixadoacasadeRosenzweig
semdesjejumeemsilêncio,comosetodossoubessemparaondedeviamir.Rayforddecidiuque,
nã oobstanteoqueacontecesse,elequeria icarpertodeChaimparafazerperguntas.Osoutros
deviamtertidoamesmaidéia,poisficaramtodosjuntos,apesardamultidão.
Quando Jesus disse a Rayford para onde devia ir, ele foi para a esquerda sem hesitaçã o, e
quando as levas de pessoas se moveram em ambas as direçõ es, o panorama diante de Rayford
tornou-se subitamente claro. Diretamente abaixo e no centro, sob os vastos exé rcitos de seres
celestiais, santos e anjos, havia uma grande plataforma elevada, com um trono onde Jesus
estava sentado. Por trá s dele se achavam os trê s anjos de misericó rdia e de cada lado os
arcanjos,MigueleGabriel.
Rayfordsoubeinstintivamentequetodapessoavivanomundoseencontravanaquelevale.
— Estou calculando vá rios milhares, Chaim, mas isso nã o é realmente muito comparado
comonúmerodepessoasquepovoavamantesaterra.
—Bempoucos—respondeuChaim,mantendo-seaoladodeRayford.
— Meio bilhã o ou mais foram arrebatados há sete anos. Metade da populaçã o
remanescente foi morta durante os juı́z os dos selos e das trombetas nos trê s anos e meio
seguintes. Muitos mais se perderam durante os juı́z os dos lagelos e milhõ es de crentes foram
martirizados.Você está provavelmenteolhandoparaapenasumquartodosqueforamdeixados
apósoArrebatamentoeamaioriadelesmorreráhoje.
De fato, Rayford compreendeu: os que se reuniram à direita de Jesus eram poucos em
comparaçãocomosdaesquerda.
Enoque estava ao volante de seu carro, na entrada de sua casa em Palos Hills, Illinois,
orando. Quando terminou e abriu os olhos, estava sentado na areia em Israel com milhõ es de
pessoaspassandoporele.Enoque icouempé eviuosexé rcitoscelestiais,aCidadedeDeus,eo
LugardaCaveira.EJesuslhedisseparaondedeviair.
—Emeurebanho,Senhor.Eles...?
—Éclaroquesim,amado,vouenviá-losavocê.
A manhã transcorreu até as massas encontrarem seus lugares e se acomodarem. Para
Rayford,pareceuqueosqueseencontravamà esquerdadeJesusestavamintrigadosnamelhor
dashipóteses,eamedrontadosnapior.
Gabrielfoiparaafrentedaplataformaeestendeuosbraçospedindosilêncio.
—AdoremoReidosreiseSenhordos senhores! — gritou ele e, como uma só pessoa, os
milhõ esdeambososladosdotronocaı́ramdejoelhos.Numacacofoniadelinguagensedialetos
elesclamaram:—JesusCristoéSenhor!
Os que estavam à esquerda de Jesus começaram a icar em pé , enquanto ao redor de
Rayford,todospermaneceramajoelhados.
—Doisgruposdiferentesaqui,nãoé,Chaim?
—Naverdadetrê s—disseohomemmaisvelho.—Aquelessã ooscabritos,lá adiante,os
seguidores do anticristo que de alguma forma sobreviveram até agora. Você está entre as
"ovelhas" deste lado, mas eu represento o terceiro grupo. Faço parte dos "irmã os" de Jesus, o
povo escolhido de Deus que as ovelhas acolheram. Somos os judeus que entrarã o no milê nio
comocrentes,porcausadepessoascomovocê.
Hannah Palemoon ajoelhou-se na areia, adorando o seu Salvador. Aqueles milhõ es na
multidã o à esquerda de Jesus o tinham reconhecido, mas sentia que nã o havia adoraçã o
envolvida.
Desdeomomentoemqueacordara,tiveraodesejo,anecessidade,deestarali.OuvirJesus
falandoemseuidiomanativofoimaisdoqueelajamaispoderiatersonhadooupedido.
As pessoas ao redor de Hannah começaram entã o a levantar-se e ela olhou para a
plataformaparaverarazãodisso.Gabrielfezumgestoparaquesepusessemempé.
Quandotodosestavamemseulugarequietos,Gabrielfalouemvozalta,dizendo:
"Joã o, o revelador, escreveu: Vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido
mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram
em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, nã o julgas, nem
vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Entã o, a cada um deles foi dada uma
vestidurabranca,elhesdisseramquerepousassemaindaporpoucotempo,até quetambé mse
completasse o nú m ero dos seus conservos e seus irmã os que iam ser mortos como igualmente
elesforam"(Ap6.9-11).
"Povos da terra, ouvi-me! Chegou a hora de vingar o sangue dos má rtires contra os que
vivem na terra! Pois o Filho do Homem veio na gló ria do Pai com seus anjos e ele irá
recompensarcadaumsegundoassuasobras!Comoestá escrito:Congregareitodasasnaçõ ese
asfareidesceraovaledeJosafá ;ealientrareiemjuı́z ocontraelasporcausadomeupovoeda
minha herança, Israel, a quem elas espalharam por entre os povos, repartindo a minha terra
entre si. Lançaram sortes sobre o meu povo e deram meninos por meretrizes, e venderam
meninasporvinho,quebeberam!"(JI3.2-3).
Hannah icou pasma quando a massa maior, o grupo à esquerda de Jesus, caiu
imediatamentedejoelhosoutravezecomeçouagritarelamentar-se:—JesusCristoé Senhor!
JesusCristoéSenhor!
Elaseperguntousedeveriafazeromesmo,masJesusdisse:
—Hannah,euconheçooseucoração.
—Obrigado,Senhor—Rayforddisse.—Euseiqueconhece.
— Cleburn — Jesus disse a Mac — "Venha, bendito de meu Pai! Entre na posse do reino
queestá preparadodesdeafundaçã odomundo.Porquetivefomeevocê medeudecomer;tive
sede e me deu de beber; era forasteiro e me hospedou; estava nu, e me vestiu; enfermo, e me
visitou;preso,efoiver-me"(Mt25.35-36).
Priscilla Sebastian respondeu: — Senhor, quando foi que te vi com fome e lhe dei de
comer,oucomsedeelhedeidebeber?
Enoquedisse:—Quandoteviforasteiroetehospedei,ounuetevesti?
Razorperguntou:—Quandotevienfermo,ounaprisãoefuiver-te?
Jesusrespondeuentã oemespanhol:"Emverdadevosa irmoque,semprequeo izestesa
umdestesmeuspequeninosirmãos,amimofizestes"(Mt25.40).
—Obrigado,Jesus—disseRazorcurvandoacabeça.Mas,foidistraı́doporumaagitaçã o
dosqueestavamà esquerdadotrono.EleolhouatempodeverJesus icarempé eandaraté a
beiradadaplataforma.
Com ira mesclada de tristeza, ele disse: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo
eterno,preparadoparaodiaboeseusanjos.Porquetivefome,enã omedestesdecomer;tive
sede, e nã o me destes de beber; sendo forasteiro, nã o me hospedastes; estando nu, nã o me
vestistes;achando-meenfermoepreso,nãofostesver-me"(Mt25.41-43).
Os milhõ es começaram a gritar e suplicar: — Senhor, quando te vimos com fome, com
sede,comoforasteiro,ounu,ouenfermo,ounaprisão,enãoteservimos?
Jesusrespondeu:"Emverdadevosdigoque,semprequeodeixastesdefazeraumdestes
maispequeninos,amimodeixastedefazer.Eirã oestesparaocastigoeterno,poré m,osjustos,
paraavidaeterna"(Mt25.45-46).
—Não!Não!Não!
Apesar do nú m ero deles e do ruı́do de seus gritos desesperados, a voz de Jesus podia ser
ouvidaacimadoalarido.
"Pois assim como o Pai ressuscita e vivi ica os mortos, assim també m o Filho vivi ica
aqueles a quem quer. E o Pai a ningué m julga, mas ao Filho con iou todo julgamento, a im de
que todos honrem o Filho do modo por que honram o Pai. quem nã o honra o Filho nã o honra o
Paiqueoenviou"(Jo5.21-23).
— Nó s te honramos! Sim honramos! Tu é s o Senhor! "Em verdade, em verdade vos digo:
quemouveaminhapalavraecrê naquelequemeenvioutemavidaeterna,nã oentraemjuı́z o,
maspassoudamorteparaavida.Elhedeuautoridadeparajulgar,porqueé oFilhodohomem"
(vv.26,27).
"Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juı́z o é justo,
porquenãoprocuroaminhaprópriavontade,esimadaquelequemeenviou"(v.30).
—JesuséoSenhor!—oscondenadosgritaram.—JesuséoSenhor!
Gabrieladiantou-se,enquantoJesusvoltavaaotrono.
—Silêncio!—ordenouGabriel.—Asuahorachegou!
Rayfordassistiuhorrorizado,apesardesaberoqueestavaparavir,enquantoos"cabritos"
à esquerda de Jesus batiam no peito e caı́am lamentando-se no chã o do deserto, rangendo os
dentes e arrancando os cabelos. Jesus simplesmente levantou a mã o alguns centı́m etros e um
abismoabriu-senaterra,estendendo-seapontodeengolirtodoseles.Elestombaram,uivandoe
gritando de terror, mas suas vozes em breve se calaram e tudo icou silencioso quando a terra
fechou-seoutravez.
TodosnaplataformavoltaramaosseuslugareseJesusdissedotrono:"Comopensei,assim
sucederá,e,comodeterminei,assimseefetuará"(Is14.24).
—Impressionante—disseChaim.
—Oquê?—perguntouRayford.
—Conheçoesseversı́c ulo,mas,penseumpoucosobreele.Oqueelesimplesmentepensa
aconteceeoquedeterminasucede.
Rayford estava esgotado ao pensar onde todos os "cabritos" e os "irmã os" se achavam.
Apesar de todo horror que testemunhara durante a Tribulaçã o e o Glorioso Aparecimento, a
morteecastigoeternodemilhõesaomesmotempodominavamtudoomais.
—Eusei,Rayford—disseJesus.—Agora,descanse.Eulhedouaminhapaz;nã ocomoa
dá omundo.Nã oseperturbeoseucoraçã o,nemseatemorize.Ouçaagoraenquantomeuservo
oconsola.
Gabrielavançounovamente.Eledisse,"JesusCristo,nossoSenhor,oqual,segundoacarne,
veio da descendê ncia de Davi e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espı́rito de
santidadepelaressurreiçãodosmortos"(Rm1.3,4).
"Pormeiodelerecebestesgraça.Soistambé moschamadosdeJesusCristo;graçaepaza
vó s outros da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Visto que a justiça de Deus se
revelanoevangelho,deféemfé,comoestáescrito:Ojustoviveráporfé"(Rm1.17).
"AiradeDeussereveladocé ucontratodaimpiedadeeperversã odoshomensquedetê m
a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles,
porqueDeuslhesmanifestou"(Rm1.18,19).
"Porque os atributos de Deus, assim o seu eterno poder, como també m a sua pró pria
divindade, claramente se reconhecem, desde o princı́pio do mundo, sendo percebidos por meio
das cousas que foram criadas. Tais homens sã o, por isso, indesculpá veis; porquanto, tendo
conhecimento de Deus, nã o o glori icaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se
tornaram nulos em seus pró prios raciocı́nios, obscurecendo-se- lhes o coraçã o insensato.
Inculcando-se por sá bios, tornaram-se loucos e mudaram a gló ria do Deus incorruptı́vel em
semelhançadaimagemdehomemcorruptível,bemcomodeaves,quadrúpedeserépteis.
Por isso, Deus entregou tais homens à imundı́c ia, pelas concupiscê ncias de seu pró prio
coraçã o, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em
mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o que é bendito eternamente.
Amém"(vv.20-25).
—Amém!—gritouaassembléiareunida.
— Os que foram lançados nas trevas e esperam o Juı́z o do Grande Trono Branco daqui a
milanosforamsemdúvidaindesculpáveis.DeusenviouseuEspíritoSantonodiadePentecostes,
alé m dos dois pregadores do cé u que proclamaram o seu evangelho durante trê s anos e meio;
enviou també m as 144.000 testemunhas das doze tribos. Avisos constantes e atos de
misericó rdiaforamestendidosà quelesquecontinuaramaamarasimesmosemvezdeamara
Deus.
Rayfordcompreendeuquetodososquehaviamsidodeixadoseramcrentes,adoradoresde
Cristoequeeleseachavaentreosqueiriampovoaromilênio.
Gabriel gesticulou para que eles se sentassem. Quando todos sentaram, ele sorriu
largamenteepronunciouemvozalta:
"Bem-aventuradoesantoé aquelequetempartenaprimeiraressurreiçã o;sobreessesa
segunda morte nã o tem autoridade; pelo contrá rio, serã o sacerdotes de Deus e de Cristo e
reinarãocomeleosmilanos"(Ap20.6).
"OTodo-poderoso,oSenhorDeus,falouechamouaterradesdeonascerdosolaté oseu
ocaso. De Siã o, a perfeiçã o da beleza, Deus irá brilhar. Nosso Deus chegou e nã o se manterá
silencioso; chamará aos cé us do alto e à terra, para que possa julgar o seu povo!" [Traduçã o
livre]
ComissoJesuslevantou-seeGabrielfoi icaratrá sdotronocomosoutrosanjos.Jesusfalou
então:
— Reú nam os meus santos, os que izeram uma aliança comigo por meio de sacrifı́c io.
Venham!
De toda parte, da terra e de alé m das nuvens, vieram as almas daqueles que haviam
morrido na fé , a quem Chaim e Tsion haviam com freqü ência referido como os "mortos
crentes",equeRayfordviaagoraqueincluı́amopró prioTsion—commuitosoutrosamigose
entesqueridosdele.
Todos foram reunidos ao redor do trono, entre Jesus e a assemblé ia dos santos da
tribulaçã o. Estavam vestidos de mantos brancos, brilhantes e imaculados. Rayford procurou
Chloe e Buck, Tsion e Albie, Bruce Barnes, Amanda, Hattie, Ken, Steve e o resto, mas havia
gentedemais.
Jesus começou honrando os santos do Antigo Testamento, aqueles de quem Rayford só
ouvirafalarouleraarespeito.Emlugardefazercomo izeranasaudiê nciasindividuaiscomos
santosdatribulaçã o—dandosobrenaturalmenteaelestudonoquepareciaseruminstante—
Jesusdeudestavezaosespectadoressuaforçaepaciência.
A cerimô nia deve ter durado dias, Rayford eventualmente decidiu, mas ele nã o sentia
fome nem sede, nem fadiga, nem sequer uma dor ou cã ibra por estar sentado tanto tempo na
areia. Alegrou-se todo o tempo, sabendo que quando Jesus terminasse com os santos do Antigo
Testamento,elechamariaosmártiresdatribulação.
Esperar para reconhecer seus amigos e entes queridos, seria o mesmo que esperar que o
nomedeChloefossechamadoquandoelaseformounaescolasecundá ria,masareuniã odepois
valeriaapena.
Abdullah icou vendo e ouvindo tudo. Ele olhava para o reló gio a cada poucas horas e
compreendeu como fora longo o tempo necessá rio para cobrir todos os santos do Antigo
Testamento.Haviamuitosdosquaisnuncaouvirafalar—ounã otinhaestudadoosu icienteou
setratavadaquelescujasobrasnãotinhamsidoregistradas.Deus,porém,sabia.
Ele conhecia os coraçõ es deles, o seu sacrifı́c io, a sua fé . Um a um Jesus os honrou,
enquanto os abraçava e eles se ajoelhavam a seus pé s. E ele disse: "Muito bem, servo bom e
fiel".
Enoque Dumas se alegrou com o privilé gio. Sentiu-se completamente fascinado com os
nomes sobre os quais havia lido e estudado. Ficou atento quando Jesus disse a respeito de Abel,
ilho de Adã o, "Pela fé , você ofereceu a Deus mais excelente sacrifı́c io do que Caim; pelo qual
obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovaçã o de Deus quanto à s suas ofertas. Por meio
dela,tambémmesmodepoisdemorto,[suavida]aindafala"(Hb11.4).
Enoque icou embevecido por poder inalmente ver esses homens e mulheres famosos. A
medidaqueseaproximavamdeJesus,umaum,eledisse:"Semfé é impossı́velagradaraDeus,
porquantoé necessá rioqueaquelequeseaproximadeDeuscreiaqueeleexisteequesetorna
galardoadordosqueobuscam"(Hb11.6).
Ali estava Noé , ajoelhando-se humildemente, recebendo o seu galardã o. Jesus declarou,
"Pela fé , divinamente instruı́do acerca de acontecimentos que ainda nã o se viam e sendo
temente a Deus, você aparelhou uma arca para a salvaçã o de sua casa; pela qual condenou o
mundoesetornouherdeirodajustiçaquevemdafé"(Hb11.7).
Horas depois, todos pareceram icar atentos quando chegou a vez de Abraã o. Jesus se
dirigiu a ele: "Pela fé , quando chamado, você obedeceu, a im de ir para um lugar que devia
receber por herança; e partiu sem saber aonde ia. Pela fé , peregrinou na terra da promessa
comoemterraalheia,habitandoemtendascomIsaqueeJacó , herdeiroscomvocê damesma
promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e
edificador"(Hb11.8-10).
Saraestavalogoatrá sdeAbraã oeJesuslhedisse:"Pelafé ,també m,você recebeupoder
parasermã e,nã oobstanteoavançadodesuaidade,poistevepor ielaquelequelhehaviafeito
a promessa. Por isso, també m de um, aliá s já amortecido, saiu uma posteridade tã o numerosa
comoasestrelasdocéueinumerávelcomoaareiaqueestánapraiadomar"(Hb11.11-12).
Jesusdirigiu-seemseguidaaosespectadores:"Todosestesmorreramnafé ,semterobtido
aspromessas;vendo-as,poré m,delonge,esaudando-as,econfessandoqueeramestrangeirose
peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo, manifestam estar procurando uma
pátria.E,se,naverdade,selembrassemdaqueladeondesaíram,teriamoportunidadedevoltar.
Mas, agora, aspiram a uma pá tria superior, isto é , celestial. Por isso, Deus nã o se envergonha
deles,deserchamadooseuDeus,porquantolhespreparouumacidade.Pelafé ,Abraã o,quando
postoàprova,ofereceuIsaque;estavamesmoparasacrificaroseuunigênitoaquelequeacolheu
alegrementeaspromessas,aquemsetinhadito:EmIsaqueserá chamadaatuadescendê ncia;
porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá -lo dentre os mortos" (vv. 11.1319).
Mais tarde, Jacó aproximou-se do trono e Jesus disse a ele: "Pela fé , quando estava para
morrer,vocêabençooucadaumdosfilhosdeJosée,apoiadosobreaextremidadedoseubordão,
adorou"(v.21).
Atrá s dele, José . Jesus lhe disse: "Pela fé , pró ximo do seu im, você fez mençã o do ê xodo
dosfilhosdeIsrael,bemcomodeuordensquantoaosseusprópriosossos"(v.22).
AoredordeEnoque,osjudeuscomeçaramaselevantar.Embreve,todosestavamempé .
Opró prioMoisé sestavaajoelhadoaospé sdeJesuscomumhomemeumamulher.OSenhoros
abraçou e disse: "Muito bem, servos bons e ié is, você s ocultaram seu ilho recé m-nascido
durante trê s meses, porque viram que a criança era formosa; també m nã o icaram
amedrontadospelodecretodorei"(v.23).
Dissetambé maMoisé s,"Pelafé ,quandojá homemfeito,você recusouserchamado ilho
da ilha de faraó , preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres
transitóriosdopecado;porquantoconsiderouoopróbriodeCristopormaioresriquezasdoqueos
tesouros do Egito, porque contemplava o galardã o. Pela fé , abandonou o Egito, nã o icando
amedrontado com a có lera do rei; antes, permaneceu irme como quem vê aquele que é
invisı́vel.Pelafé ,celebrouaPá scoaeoderramamentodosangue,pairaqueoexterminadornã o
tocasse nos primogê nitos dos israelitas. Pela fé atravessaram o mar Vermelho como por terra
seca; tentando-os os egı́pcios, foram tragados de todo" (vv. 24-29). Uma mulher ajoelhou-se
diantedeJesus.Eledisse:"Pelafé ,Raabe,você nã ofoidestruı́dacomosdesobedientes,porque
acolheucompazaosespias"(v.31).
DepoisdeLeahtervistotodososheró isdoAntigoTestamento,inclusiveGideã o,Baraque,
Sansã o e Jefté , també m Davi, Samuel e os profetas, ela sentiu-se como se já estivesse no cé u.
Jesus icou em pé e a irmou: "Esses, por meio da fé , subjugaram reinos, praticaram a justiça,
obtiverampromessas,fecharamabocadeleõ es,extinguiramaviolê nciadofogo,escaparamao
io da espada, da fraqueza tiraram força, izeram-se poderosos em guerra, puseram em fuga
exércitosdeestrangeiros.Mulheresreceberam,pelaressurreição,osseusmortos"
"Algunsforamtorturados,nã oaceitandoseuresgate,paraobteremsuperiorressurreiçã o;
outros,porsuavez,passarampelaprovadeescá rnioseaçoites,sim,até dealgemaseprisõ es.
Foramapedrejados,provados,serradospelomeio,mortosa iodeespada;andaramperegrinos,
vestidosdepelesdeovelhasedecabras,necessitados,a ligidos,maltratados(homensdosquais
o mundo nã o era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da
terra.Ora,todosestesobtiverambomtestemunhoporsuafé"(vv.33-39).
CAPÍTULO21
OspensamentosdeRayfordSteeleestavamemumamulherqueelenã oviahaviamaisde
sete anos. Qual seria a aparê ncia de Irene em seu corpo glori icado? 0 que eles diriam um ao
outro? Ela estivera consciente dele todo esse tempo, observando, sabendo o que ele fazia?
Saberiaquesetornaracristão?
—Vocêjánotouháquantotempoestamosaqui?—eledisse.Chaimolhounorelógio.
—Dias.Contudo,parecemenosdeumahora.Você sabe,é imprová velqueJesusvá tratar
os santos da Tribulaçã o e os má rtires do mesmo jeito que tratou os santos do Antigo
Testamento.
—Porquê?
—Penseumpouco.Levariaanos.
—Quantoshá?
—Maisde100milhões,sódemártires.
—Comopodetercerteza?
—LioLivro.Apocalipsedizqueosmá rtiressobotrono,quehaviamsaı́dodaTribulaçã o,
constituemumamultidãoqueninguémpodecontar.
—Entãocomovocêestádizendo?...
—Fiquecomigo.OLivroserefereantesaoscavaleirosdemoníacos,lembra-se?
—Nãomepergunte.
— Ele se refere a 200 milhõ es deles, evidentemente uma multidã o quepode ser
numerada.Portanto,sehátantosmártiresquenãopodemsercontados,quantosdevehaver?
Mac tentou imaginar como ele se sentiria, antes do Glorioso Aparecimento, se icasse
sentado no deserto todo aquele tempo sem comida, á gua, ou sono.Estes velhos ossos teriam
secadoesidosopradosparalonge.
Ele lembrou-se de que quando era criança, icara preocupado com a vida apó s a morte.
Seusamigos,amaioriadeles,eramdaigrejaefalavamdemorrereirparaocé ucomosefosse
algocerto.
Ele lembrou-se de que quando era criança, icara preocupado com a vida apó s a morte.
Seusamigos,amaioriadeles,eramdaigrejaefalavamdemorrereirparaocé ucomosefosse
algocerto.
— Está bem — dissera ele — mas o que vamosfazer lá ? — Sua idé ia de cé u eram
fantasmasderoupasbrancascomhalos,sentadosnasnuvensetocandoharpas.
Seusamigosapenasencolhiamosombros,respondendo:
—Melhorládoquenoinferno.
Elenã otiveratantacerteza.Seustiossemprebrincavamsobrequererirparaoinferno—
porqueéláquetodososnossosamigosvãoestar.
Nã oé necessá riodizerqueMacestavaagradecidoporterevitadooinferno.Eseocé uera
tãofascinantequantoaqueleintervaloantesdomilênio,iasermuitomaisquesatisfatório.
—Podeserumpoucotardeparaperguntaristo,Chaim—Rayfordfalou—masquetipo
derelacionamentovoutercomIreneagora?EcomAmanda?Seiqueessefoiotipodepergunta
que os fariseus izeram a Jesus quando estavam procurando apanhá -lo em erro, mas preciso
sinceramentesaber.
—Tudoquepossodizeravocê é oqueJesusdisse:"Porque,naressurreiçã o,nemcasam,
nem se dã o em casamento; sã o, poré m, como os anjos no cé u" (Mt 22.30). Mas, os que sã o
contadosdignosdechegaraessaera—signi icandoesteperı́ododetempoemqueestamos—
e à ressurreiçã o dos mortos, nem se casam, nem se dã o em casamento. Nã o posso tornar as
coisasmaisclarasdoqueisso.
—Entãosóaspessoasquechegaremvivasaomilênioirãocasar-seeterfilhos.
—Parecequesim.
RayfordqueriatambémencontrarosseusheróisdoAntigoTestamento.
—Nósvamosinteragircomeles,nãovamos?
—Claroquesim—respondeuChaim.EmMateus8.11,Jesusdiz:"Muitosvirã odooriente
edoocidenteetomarãolugaresàmesacomAbraão,IsaqueeJacónoreinodoscéus".
Naquele momento, poré m, os santos do Antigo Testamento nã o estavam se misturando.
Elestambé msetornaramespectadores,porqueamultidã oqueningué mpoderiacontarestava
enfileiradadiantedotrono,esperandoosseusgalardões.
—OsqueforammortosportestemunharemafavordeJesus—disseChaim—oqueinclui
praticamentetodososcrentesquemorreramduranteaTribulaçã o,serã ohonrados.Mas,osque
forammartirizadosreceberãoumacoroaespecial.
Gabrieladiantou-senovamenteeanunciou:"Viaindaaalmadosdecapitadosporcausado
testemunhodeJesus,bemcomoporcausadapalavradeDeus,tantosquantosnã oadorarama
besta,nemtampoucoasuaimagem,enã oreceberamamarcanafronteenamã o;eviverame
reinaramcomCristodurantemilanos"(Ap20.4).
Oraciocı́niodeChaimmostrousercorreto.DealgumaformaoSenhorarranjouparaque
só aquelesqueconheciamcadasantodaTribulaçã oassistissemà entregadarecompensadeles.
Portanto,emvezdeRayfordterdeesperartodoodesenrolardacerimô niaparaverumamigo
ou ente querido, no momento em que as festividades começaram, Bruce Barnes aproximou-se
dotrono.
— Bruce! — gritou Rayford, incapaz de controlar-se, levantando-se e aplaudindo. A sua
voltaoutrosfaziamomesmo,maschamavamoutrosnomes.—TiaMarge!Papai!Vovó!
Dadistâ nciaemqueseachava,Rayfordsó podiadizerqueBrucenã opareciamudado.E
claroquenuncaoviranummantobrancoenã otinhaidé iadecomoseriaumcorpoglori icado,
masRayfordmalpodiaesperarparavê-lofaceaface.
Em breve ele viu Loretta, a secretá ria de Bruce, que morrera no primeiro terremoto
mundial.
AseguirveioAmanda,asegundamulherdeRayford.
EleviuoDr.FloydCharles,quetrabalharacomoComandoTribulaçã o.EDavidHassid,o
primeiroespiã onoPalá ciodaComunidadeMundial,queforabaleadoemortoemPetra,pouco
antesdachegadadoremanescente.
T. Delanty estava lá e o amá vel Lukas Miklos e sua esposa, que receberam a coroa de
má rtirportersuportadoaguilhotina.EmbrevesurgiuKenRitz,quelevaraumtironacabeça
daCGnumatentativadefuga.
Quelembranças!Comoseriabomfalardopassado.JesushonrouKen,mencionandocomo
eleusaraamenteeashabilidadesquelheforamdadasporDeusparafrustrarcomfreqü ênciaos
esforçosdoinimigoeencorajarosirmãoseirmãsemCristo.
Rayfordsentiu-semelancó licoaoverHattieDurhamabraçandoJesus.Comoeleausarae
quasedesistiradela,masquesantavalenteelasetornarano inal.QuandoHattieajoelhou-se,o
arcanjoMiguelestendeuumatiaradecristalaJesus,queelecolocouemsuacabeça.
—Minha ilha—disse—você foimartirizadapeloseutestemunhoameurespeitodiante
doanticristoedoFalsoProfeta,usará entã oestatiaraportodaaeternidade.Muitobem,serva
boaefiel!
Lá estava també m Annie Christopher, que trabalhara secretamente no palá cio da CG.
Steve Plank, ex-chefe de Buck Williams, julgado morto no terremoto da ira do Cordeiro, mas
quevoltouaservirsecretamentecomoumoperadordaCGsobonomedePinkertonStephens.
—Você foimortoà espadaporminhacausa—disseJesus—emanteveoseutestemunho
atéofim.Useestacoroaportodaaeternidade.
Albieapareceu,ovelhoamigoefielcompatriotadeRayford.
Finalmente vieram Chloe, Buck logo depois dela, e Tsion. Rayford continuou gritando e
batendo palmas enquanto sua ilha, genro e mentor espiritual receberam seumuito bem, seu
abraçoesuacoroademá rtir.Todooexé rcitocelestialaplaudiucadamá rtir,masCalebe,um
dosanjosdemisericó rdia,saiudetrá sdotronoparaabraçarChloe.Rayfordteriadeperguntarà
filhasobreisso.
Jesusdissecomrelaçãoaela:
—Você també msofreuaguilhotinaporcausadomeunome,falandoousadamenteameu
favoratéofim.Useistoportodaaeternidade.
DissetambémaBuck:
—Você esuamulherperderamum ilhoporminhacausa,maseleserá devolvidoavocê s
e serã o recompensados cem vezes mais. Irã o desfrutar o amor dos ilhos de outros durante o
reinomilenar.
Jesus tomou mais tempo com Tsion Ben-Judá , louvando-o por "sua proclamaçã o mundial
ousadademimcomooMessiasqueseupovoesperavahá tantotempo,aperdadesuafamı́lia
—quelheserá restaurada—suapregaçã o ieldemeuevangelhoamilhõ esaoredordomundo,
esuadefesadeJerusalé maté omomentodesuamorte.Milhõ essemcontasejuntaramamim
noreinoporcausadeseutestemunhoatéofim".
Rayford apreciou as boas-vindas de Jesus a dezenas de outros cujos nomes ele esquecera,
crentes ocultos em vá rios paı́ses que haviam trabalhado por meio da Cooperativa, recebido
pessoasdoComandoTribulação,esacrificadosuasvidasemdefesadoevangelho.
Só pela obra milagrosa de Deus por meio de Jesus, as homenagens a mais de 200 milhõ es
demá rtiresesantosdaTribulaçã oterminaramrepentinamente.Jesus icounabeiradadavasta
plataformaeestendeuosbraçoscomoparaabrangeraenormemultidãodealmas,amaiorcom
corposglorificados,orestantesimplesmortaisquehaviamsobrevividoàTribulação.
"ProclamareiodecretodoSenhor:Elemedisse:Tué smeuFilho,eu,hoje,tegerei.Pedeme,eeutedareiasnaçõ esporherançaeasextremidadesdaterraportuapossessã o.Comvara
deferroasregeráseasdespedaçaráscomoumvasodeoleiro.
"Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juı́z es da terra. Servi ao Senhor
comtemorealegrai-vosnelecomtremor.Beijaio ilhoparaquenã oseirrite,enã opereçaisno
caminho;porquedentroempoucoselhein lamará aira.Bem-aventuradostodososquenelese
refugiam"(Sl2.7-12).
—Bem-vindostodosaoreinoquelhespreparei.Rayford,bem-vindo.
—Obrigado,Senhor.
Como as pessoas conseguiam se encontrar naquela enorme massa de almas já era um
milagreemsi.Rayfordviu
Chaim quase voando na direçã o de Tsion, que já estava sendo abraçado pela mulher e
pelosfilhos.AlbieeMacestavamrindo,gritandoeseabraçando.
ViuemseguidaBuckeChloecorrendoparaKennyquecorriaparaeles.
Eaparentementevindadonada,IrenesurgiujuntoaocotovelodeRayford.Umacoisaela
podiadizerquantoaocorpoglori icado:elapareciaamesma,comosenã otivesseenvelhecido.
Nãohavia,porém,meiosdeelapoderdizeramesmacoisasobreele.
—Oi,Rafe—falouIrenesorrindo.
— Irene — disse ele, abraçando-a. — Você tem permissã o para dizer um eu-avisei
cósmico.
— Oh! Rayford — ela recuou como se para vê -lo melhor. -Fiquei tã o grata por você ter
encontradoJesusetã ofelizpelasmuitasalmasqueestã oaquiporcausadoquevocê ,Chloeeos
outrosfizeram.—Elaolhouparaalémdele.
—Raymie—disse—venhaaqui.
Rayfordvoltou-seealiestavaseufilho.Eleolevantou,dando-lheumapertadoabraço.
—Atévocêsabiaaverdadequeeunãosabia—disse.
—Vocênãoimaginacomoébomvê-loaqui,papai.
RayfordapontouparaBuck,ChloeeKenny:
—Vocêsabequeméaqueleali?
—Éclaro—exclamouIrene.—Émeuneto—seusobrinho,Raymie.
Eles se aproximaram timidamente, mas foi Buck quem quebrou o gelo enquanto Chloe
abraçavaospais.
— Tã o bom conhecê -la inalmente — disse ele, apertando a mã o da sogra. — Ouvi falar
tantodevocê.
Kennypareciafascinadoporterumtioverdadeiroetãojovem.
Enquanto riam, se abraçavam e louvavam a Deus um pelo outro e pela sua salvaçã o,
AmandaWhiteSteeleaproximou-se.
—Rayford—disseela.—Irene.
— Amanda — respondeu Irene, puxando-a para perto de si. — Você acredita que orei a
seufavormesmodepoisdetersidoarrebatada?
—Deucerto.
—Seiquedeu.VocêeRafeforamfelizesporalgumtempo.
—Tinhatantomedodequeesteencontrofossedifícil—exclamouRayford.
— De modo algum — disse Irene. — Nã o me ressenti por você ter uma esposa e
companheira. Fiquei feliz porque ambos aceitaram Jesus. Vã o descobrir que ele é tudo que
importaagora.
— E eu — disse Amanda — estou felicı́ssima porque você conseguiu atravessar a
Tribulaçã o,Rayford.—Elavoltou-seentã oparaIreneetocou-lheobraço.—Você sabe,oseu
testemunhoecaráterforamasrazõesparaeuteraceitadooSenhor.
—Seiquedisseisso,masnã omelembravadetercausadoqualquerimpressã omaisforte
avocê.
—Nãoachoquetentou,apenasfoioquefez.
Rayfordsentiuquesuafamíliaiamanterumrelacionamentounidoeafetuosodurantetodo
o milê nio. Ele ainda nã o entendia tudo, na verdade bem pouco. Mas, tinha de concordar com
Irene: Jesus era tudo que importava agora. Nã o haveria ciú m es, inveja, ou pecado. Sua maior
alegriaseriaservireadoraroSenhor,queoschamaraparasi.
Enquanto Buck e Chloe continuavam a conversar com Irene e Amanda, Rayford tomou
Raymiedeempréstimo.
— Há tanta gente que quero ver, ilho. Você precisa conhecer todos. Nó s só temos mil
anos.
EPÍLOGO
"Depoisdisto,énecessárioqueele[Satanás]sejasoltopoucotempo”
–Apocalipse20.3
Jerry B. Jenkins (www.jerryjenkins.com) é o
autordasé rieDeixadosparaTrás e de mais
de 100 livros, quatro dos quais iguraram na
lista de mais vendidos do New York Times.
Foi vice-presidente da divisã o editorial do
Instituto Bı́blico Moody de Chicago e
trabalhou muitos anos como editor da
Moody Magazine, com a qual colabora até
hoje.
Escreveu artigos para vá rias publicaçõ es,
tais como Reader's Digest, Parade, revistas
de bordo e numerosos perió dicos cristã os.
Seus livros abrangem quatro gê neros
literá rios: biogra ias, obras sobre casamento
e famı́lia, icçã o para crianças e icçã o para
adultos.
Dentre outras, Jenkins colaborou nas
biogra ias de Hank Aaron, Bill Gaither, Luis
Palau, Walter Payton, Orei Hershiser, Nolan
Ryan,BrettButlereBillyGraham.
Cinco de seus romances apocalı́pticos —
Deixados para Trás, Comando Tubulação,
Nicolae, A Colheita e Apoliom — constaram
da lista dos mais vendidos da Associaçã o
Cristã de Livreiros e do semaná rio religioso
PublishersWeekly.DeixadosparaTrásfoiindicadoparareceberoprê miodeRomancedoAno,
pelaAssociaçãodasEditorasCristãsEvangélicas,em1997e1998.
Como autor e conferencista de assuntos relacionados ao casamento e à famı́lia, Jenkins tem
participado com freqü ência do programa de rá dio do Dr. James Dobson, Focus on lhe Family (A
FamíliaemFoco).
Jerrytambé mé oautordastirascô m icasGilThorp, distribuı́das aos jornais dos Estados Unidos
porTribuneMediaServices.
Elemoracomsuaesposa,Dianna,noColorado.
Convites para conferê ncias podem ser feitos pela Internet no seguinte endereço:
[email protected].
O Dr. Tim LaHaye, que idealizou o projeto de
romancear o Arrebatamento e a Tribulaçã o, é
autor famoso, ministro do evangelho,
conselheiro, comentarista de televisã o e
palestrante de temas sobre vida familiar e
profecias bı́blicas. E fundador e presidente do
Family Life Seminars (Seminá rios sobre a Vida
Familiar) e també m fundador do The PreTrib
Research Center (Centro de Pesquisas do
Perı́odo Pré -Tribulaçã o). Atualmente, o Dr.
LaHaye faz palestras sobre profecias bı́blicas
nosEstadosUnidosenoCanadá ,ondeseussete
livrossobreprofeciasfazemmuitosucesso.
ODr.LaHayeé formadopelaUniversidadeBob
Jones, com mestrado e doutorado em
ministé rio pelo Western Conservative
Theological Seminary (Seminá rio Teoló gico
Conservador do Oeste). Durante 25 anos, foi
pastor de uma das mais pró speras igrejas dos
Estados Unidos, em San Diego, a qual se
expandiu para outras trê s localidades. Nesse
perı́odo, fundou duas escolas cristã s de ensino
mé dio reconhecidas pelo governo, um sistema
deescolascristã scompostodedezestabelecimentoseaChristianHeritageCollege(Faculdade
HerançaCristã).
ODr.LaHayeescreveumaisde40livros,commaisde11milhõ esdeexemplaresimpressosem
32 idiomas, abordando uma ampla variedade de assuntos, tais como vida familiar, estados de
humor e profecias bı́blicas. Estas obras de icçã o, escritas em parceria com Jerry Jenkins —
Deixados para Trás, Comando Tribulação, Nicolae, A Colheita e Apoliom —, alcançaram o
primeiro lugar na lista dos livros cristã os mais vendidos. Outras obras escritas por ele:
Temperamento Controlado pelo Espírito; Como Ser Feliz Mesmo Sendo Casado; Revelation,
Illustrated and Made Plain (O Apocalipse Ilustrado e Simpli icado);Como Estudar Sozinho as
Profecias Bíblicas; Um Homem Chamado Jesus eEstamosVivendoosÚltimosDias? — publicados
pela Editora United Press —,No Fear of the Storm: Why Christians Will Escape Ali the
Tribulation (Sem Medo da Tempestade: Por Que os Cristã os Escaparã o do Perı́odo da
Tribulação);eDeixadosparaTrás—SérieTeen.
ODr.LaHayeé paidequatro ilhosetemnovenetos.Gostamuitodeesquiarnaneveenaá gua,
demotociclismo,degolfe,defériascomafamíliaedecaminhadas.
EsteePub teve como base a digitalizaçã o emDoc
feitaporSandraparaogrupoSemeadoresdaPalavra.
Para esta formaçã o peguei como inspiraçã o a
ediçã o norte-americana mais recente, alé m da
formataçã o, iz a capa e a imagem utilizada na pá gina
comoslivrosdasérie.
Maiode2014
LeYtor
{*}Refere-seàobesafiguradoSeriadoOZorro,interpretadooriginalmenteporHenryCalvin.
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O Glorioso Aparecimento - Deixados Para Tras