OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS PARA MICROPROPAGAÇÃO IN VITRO DE
VEGETAIS
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Apresentação Oral-Economia e Gestão no Agronegócio
GISELE SPRICIGO1; HEITOR BECKER MOMBACH2.
1.UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS (UNISINOS), SÃO LEOPOLDO - RS BRASIL; 2.UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS, NOVO
HAMBURGO - RS - BRASIL.
Grupo/Linha: 2. Economia e Gestão no Agronegócio
Título em Português: OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS PARA MICROPROPAGAÇÃO
IN VITRO DE VEGETAIS
Título em Inglês: BUSINESS OPPORTUNITIES: vitro micropropagation of plants
Resumo: Este trabalho busca identificar oportunidades de negócios para uma empresa de
micropropagação in vitro de vegetais. Para atender a este objetivo, uma revisão teórica acerca
da micropropagação in vitro foi realizada para fornecer subsídios sobre esta técnica, como a
mesma é realizada. Após a identificação das instituições gaúchas atuantes neste mercado, foi
conduzida uma pesquisa com profissionais da área, através da aplicação de questionários,
visando obter informações sobre suas instituições de atuação, suas opiniões sobre a situação
atual do mercado e sobre o potencial de mercado das principais culturas agrícolas do estado.
Palavras-chaves: Micropropagação in vitro de vegetais; economia e gestão do agronegócio,
oportunidades de negócios.
Abstract: This paper seeks to identify agricultural crops which represent business
opportunities for a company of in vitro micropropagation of plants. To meet this objective,
literature review was conducted and documents to obtain the understanding. Furthermore, a
theoretical review of the in vitro micropropagation was performed to provide support on this
technique, as it is done, what its advantages and what plants are likely to be played this way.
Key-words: vitro micropropagation of plants, economy and agribusiness management,
business opportunities.
Introdução
Uma microempresa localizada no interior do estado do Rio Grande do Sul, propõe-se a
produzir comercialmente “clones” de vegetais, ou seja, plantas idênticas (com carga genética
uniforme) obtidas através do uso de técnicas artificiais de reprodução (TERMIGNONI, 2005).
Com início das atividades no ano de 2006, a empresa desenvolve iniciativas de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) em laboratório próprio, iniciativas estas relativas à propagação
clonal de espécies arbóreas. A tecnologia adotada pela empresa, denominada de
micropropagação in vitro, pode, contudo, ser aplicada a diversas famílias e espécies de
vegetais, o que permite para a empresa o desenvolvimento de diversos produtos voltados ao
mercado agrícola gaúcho. Para que estes esforços sejam despendidos visando o
desenvolvimento de novos produtos, faz-se necessário um estudo das potencialidades
agrícolas do Rio Grande do Sul, através da análise da representatividade de cada cultura na
economia e na agricultura do estado. Esta análise contempla três variáveis, denominadas de
valor de produção, quantidade produzida e área plantada de cada vegetal. O estudo permitirá,
por fim, compreender quais plantios de vegetais apresentam necessidades por insumos.
Uma necessidade evidenciada no mercado agrícola brasileiro como um todo, refere-se a
insumos que permitam a conquista de maior competitividade e atendimento às exigências dos
clientes da agricultura. Em todo o Brasil, mudanças neste mercado fizeram com que o mesmo
passasse a operar através de um novo modelo, no qual "o mercado é mais amplo, competitivo
e exigente" (BRUM, 1994), sendo que a denominada "agroindustrialização da produção"
concedeu a este setor a possibilidade de obter produtos com maior valor agregado. Desta
forma, surge a necessidade de insumos agrícolas que permitam a conquista de maior
competitividade e atendimento às exigências dos clientes na agricultura. Como exemplo
ilustrativo de como obter esta conquista, pode-se citar os vegetais transgênicos, que têm sido
cultivados nas lavouras de todo o mundo a partir de 1996 (SANKULA, 2006) e têm permitido
melhor controle de doenças nas plantas, além da obtenção de taxas mais aceleradas de
crescimento no plantio. Além dos denominados transgênicos, uma outra opção à disposição
da agricultura é o estabelecimento de lavouras a partir do plantio de clones vegetais de
famílias e espécies diversas, produzidos em laboratório através da técnica de
micropropagação in vitro.
A micropropagação in vitro de vegetais é compreendida como uma técnica pertencente ao
escopo da cultura de tecidos vegetais, a qual, por sua vez, integra o mercado de biotecnologia
vegetal. Existem "janelas de oportunidade", no Brasil, para pequenas empresas voltadas a este
ramo da biotecnologia, que sejam dotadas de capacidade de dinamismo e que possuam apoio
de programas que as ajudem a intensificar a utilização do capital humano (SILVEIRA, 2001).
Além disso, o crescimento da utilização de biotecnologias é apontado como uma das
tendências do mercado agropecuário brasileiro até o ano de 2012 (INSTITUTO INOVAÇÃO,
2004), juntamente com o aumento da competitividade e do crescimento do agronegócio.
Soluções que permitam ao agronegócio a oferta de produtos com maior valor agregado,
objetivando a competitividade em um ambiente com tendência de crescimento na economia,
acabam por representar uma oportunidade de negócio para a empresa citada no início deste
trabalho. Vegetais geneticamente idênticos permitem às empresas a obtenção da
homogeneização da matéria-prima, com conseqüentes otimizações no processo produtivo e
conquista de redução de custos na produção (BORÉM, 2007, p. 109). Além disso, maior
controle de pragas e doenças na lavoura permite a redução das taxas de perda e o aumento da
sanidade dos produtos oferecidos após a colheita.
A identificação destas espécies partiu da análise das culturas agrícolas do Rio Grande do Sul,
a partir de dados relativos às áreas plantadas, quantidades produzidas e valores de produção
de cada lavoura, referentes ao ano de 2005. Após esta análise, foi realizada revisão teórica
referente à micropropagação in vitro de vegetais, visando compreender no que consiste esta
técnica e quais as vantagens proporcionadas para o plantio. Ao mesmo tempo, foi realizada
uma pesquisa com profissionais atuantes em laboratórios gaúchos de micropropagação in
vitro, visando levantar opiniões sobre mercado, vantagens da micropropagação e espécies
propícias para a produção. Para isso, foram identificadas as instituições que já atuam neste
mercado no Rio Grande do Sul. Por fim, foi realizada uma análise conclusiva visando a
indicação das espécies a serem micropropagadas para posterior comercialização de mudas
produzidas em laboratório.
Dados Estatísticos
A agricultura do Rio Grande do Sul encontra-se em plena recuperação após uma crise
considerada "histórica". Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), esta crise deixou de recolher, somente das atividades agrícolas, cerca de 10 bilhões
de dólares em 2004 (NAIDITCH, 2005).
Três fatores foram responsáveis por este resultado negativo. Primeiramente, a agricultura foi
atingida por uma forte estiagem durante o período de 2002 a 2004. Outro fator refere-se à
desvalorização da moeda nacional perante o dólar, sendo que em 2004 os agricultores
adquiriram insumos com a moeda norte-americana cotada a R$ 3,20. No momento da venda
das safras, o dólar desvalorizou chegando a R$ 2,40. Um terceiro fator refere-se à aposta dos
agricultores gaúchos de que seus produtos apresentariam alta demanda e cotação no mercado
internacional em 2004, devido a crises ocorridas na agricultura norte-americana nos anos
anteriores. Ocorreu, porém, que os Estados Unidos (EUA) obtiveram ótimos resultados em
suas safras, ocasionando a queda nos preços de produtos importados. Soja, milho e arroz são
culturas das quais o Rio Grande do Sul é um importante produtor1 (IBGE, 2007) e foram as
principais culturas agrícolas atingidas pela crise. Somadas, deixaram de movimentar cerca de
R$ 23,1 bilhões na economia nacional. Outro exemplo da crise provocada no estado pela
estiagem foi a queda obtida na produção de uva em 2005. A cultura sofreu decréscimo de
16,5% em relação ao ano de 2004 (IBGE, 2005).
Ao mesmo tempo em que recupera-se de uma crise "histórica", o Rio Grande do Sul apresenta
um cenário de possíveis mudanças em sua atividade agrícola. Estas mudanças serão
possivelmente promovidas por iniciativas de empresas de transformação pertencentes ao setor
secundário da economia, cujas operações dependem exclusivamente do setor primário para
garantir sua sustentabilidade. Um exemplo disto reside nas iniciativas promovidas nos últimos
anos pela Aracruz Celulose SA (líder mundial na produção de celulose branqueada de
eucalipto2), cuja unidade gaúcha localiza-se na cidade de Guaíba. Em 2006, a empresa
anunciou a duplicação de suas operações no Rio Grande do Sul, que estará concluída até o
ano de 2011 (O EMPREITEIRO; CELULOSE ONLINE, 2006). Para garantir matéria-prima
para suas atividades, a Aracruz iniciou a compra de áreas de terra no estado para implantação
de talhões florestais de eucalipto (principal matéria-prima da celulose). Além da duplicação
da Aracruz, as empresas Stora Enso (POLÍBIO BRAGA ONLINE, 2005) e a Votorantim
Celulose e Papel fecharam acordo com o governo estadual para instalação de unidades em
solo gaúcho, sendo que a mesma estratégia de compra de áreas de terra para plantio de
eucalipto já está sendo executada por ambas.
Além da instalação de novas empresas e do aumento da capacidade produtiva da Aracruz, foi
anunciado, pelo governo estadual e pela entidade CaixaRS (através de seu Programa de
Financiamento Florestal Gaúcho, o ProFlora), investimentos na metade sul do estado, visando
promover o desenvolvimento para as regiões compreendidas nesta área (GOVERNO DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, 2007), que foram as principais regiões atingidas pela
crise decorrente da supra-citada estiagem dos últimos anos. De um total de 216 produtores
que já foram aprovados para o programa, 163 (70%) pertencem à metade sul do estado e
espera-se que estes produtores sejam responsáveis pelo reflorestamento de 120 mil hectares
nesta região (DIÁRIO POPULAR, 2005).
Afastando-se brevemente da análise local, é importante citar uma crescente tendência na
agricultura mundial. Vegetais transgênicos têm sido utilizados em plantações comerciais em
todo o mundo a partir de 1996. Nos Estados Unidos, os maiores benefícios obtidos na
agricultura a partir da utilização de transgênicos referem-se a um maior controle de doenças
nas plantações e a obtenção de taxas mais aceleradas de crescimento das plantas. A área total
cultivada com vegetais transgênicos passou de 5 milhões de acres em 1996 para 123 milhões
1
17% da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas é realizada pelo Rio Grande do Sul sendo que
o estado é o principal produtor nacional de arroz (IBGE, 2007).
2
Sendo celulose a principal matéria-prima para a fabricação de papel e papelão, tem-se a celulose branqueada
como aquela utilizada para produzir papéis de imprimir e escrever, papéis especiais e papéis sanitários – ao
contrário da celulose não branqueada, de cor marrom, que é utilizada para a produção de embalagens
(ARACRUZ, 2005).
em 2005 no país norte-americano. Além nos ganhos em controle de doenças e crescimento, a
tecnologia aplicada na produção de vegetais transgênicos pode ajudar a trazer outros
benefícios através do desenvolvimento de vegetais mais resistentes a baixas temperaturas e
escassez de água, com melhor sabor para o consumo final, que permitam melhor
aproveitamento de adubação, dentre outros (SANKULA, 2006).
Sementes de vegetais transgênicos, cuja denominação correta seria organismos geneticamente
modificados (OGM) principalmente de culturas como milho, algodão, arroz, soja, girassol,
sorgo e beterraba, são produzidas com a utilização das chamadas biotecnologias ou através de
processos biotecnológicos diversos (SILVEIRA, 2001). Atualmente, porém, estas tecnologias
encontram-se em domínio de grandes organizações (com fins comerciais ou não) tais como
Monsanto, Cargill, Agroceres, Pioneer, Dekalb, Embrapa, dentre outras e que têm investido
principalmente em mercados como soja, arroz e algodão (WILKINSOM, CASTELLI, 2000).
Para pequenas empresas, existem as denominadas "janelas de oportunidade" em biotecnologia
vegetal no Brasil (SILVEIRA, 2001), principalmente devido ao crescimento da procura
internacional por frutas e flores tropicais. Empresas de pequeno porte, mas dotadas de
capacidade de dinamismo e com apoio externo encontram, portanto, oportunidades de
negócios neste mercado e o Brasil já possui exemplos de empresas com atuação nacional que
enquadram-se neste perfil.
Um conjunto de técnicas biotecnológicas, denominado de cultura de tecidos vegetais, já é
aplicado, nacionalmente, para a produção de frutas e flores, sendo que uma técnica específica,
denominada de micropropagação in vitro, permite a "clonagem" vegetal. A Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), juntamente com a entidade Centro de Gestão
e Estudos Estratégicos (CGCE) publicou pesquisa em 2002 que citava as principais
tendências do mercado agropecuário brasileiro até o ano de 2012 (INSTITUTO INOVAÇÃO,
2004). No ambiente tecnológico, o crescimento da utilização de biotecnologias foi uma das
tendências apontadas. Já no ambiente macroeconômico figuravam o crescimento do
agronegócio e o aumento da competitividade, sendo que alguns dos principais fatores para a
competitividade são: a correta identificação dos segmentos de mercado mais receptivos a
novos produtos e a identificação das biotecnologias mais adequadas para a obtenção de um
produto comercializável (SALLES-FILHO, 1993).
Alicerçado, portanto, nas premissas de que: existem "janelas de oportunidades" em
biotecnologia vegetal para pequenas empresas no Brasil; o Rio Grande do Sul encontra-se em
plena recuperação após crise considerada "histórica" em sua agricultura; o estado apresenta
possíveis mudanças radicais em curso na sua produção agrícola, com possibilidade de grande
evolução no plantio florestal; aumento na utilização de biotecnologias, crescimento do
agronegócio e aumento da competitividade são tendências apontadas para o mercado
agropecuário brasileiro até 2012 - este trabalho visa identificar oportunidades de negócio em
micropropagação in vitro de vegetais para uma microempresa de biotecnologia vegetal no Rio
Grande do Sul.
Revisão Teórica
Apontar oportunidades de negócios para qualquer empresa exige que exista a compreensão do
mercado no qual seja exercida atuação ou no qual se objetive a atuar. Para permitir uma maior
compreensão do mercado de micropropagação in vitro de vegetais no Rio Grande do Sul, esta
seção apresenta uma revisão teórica geral sobre a cultura de tecidos vegetais, cujas referências
são autores e instituições do setor.
• CULTURA DE TECIDOS E MICROPROPAGAÇÃO IN VITRO DE VEGETAIS
O desenvolvimento de todos os vegetais ocorre devido a atividades biológicas internas,
denominadas de crescimento e morfogênese e que apresentam-se simultaneamente na vida de
uma planta (TERMIGNONI, 2005). Entende-se crescimento vegetal como “um processo que
leva a um aumento [...] de massa”, ou seja, quando ocorre aumento no número de células de
um vegetal, fazendo com que este, enfim, desenvolva-se em uma nova planta. Já o conceito de
morfogênese refere-se a “todos os processos formativos que levam à constituição de órgãos
vegetais (caule, folhas, flores, raízes, frutos e sementes)”. Para que o desenvolvimento ocorra
é necessário que a planta, um órgão ou um tecido da mesma tenha suas necessidades
biológicas supridas. Supre-se estas necessidades através da interação que ocorrem entre
fatores “internos ao sistema”13(tais como idade do vegetal, fase do desenvolvimento, tipo de
tecido, espécie, variedade, cultivar, dentre outros) e fatores “externos ao sistema” presentes no
meio-ambiente (tais como disponibilidade de água, de oxigênio e condições de temperatura).
A atuação destes dois tipos de fatores é denominada pelo campo da biologia como “interação
genótipo-ambiente”. O resultado final da influência destes dois fatores é o desenvolvimento
do vegetal.
Este desenvolvimento pode ser induzido artificialmente em laboratório. Faz-se isso através do
suprimento dos fatores externos ao sistema de uma planta, com a utilização das tecnologias
corretas. A cultura de tecidos vegetais apresenta-se como uma destas tecnologias.
Basicamente, consiste em um conjunto de técnicas laboratoriais que são utilizadas
principalmente para estudos básicos no campo da biologia (TERMIGNONI, 2005).
Geralmente, este conjunto de técnicas é utilizado para apoio em atividades de melhoramento
genético de plantas e de produção vegetal nas áreas de agricultura, silvicultura, horticultura e
produção de fármacos. As técnicas contempladas na cultura de tecidos, cujos primeiros
estudos foram realizados a partir de 1950, têm por objetivo final promover a formação de
embriões, brotações ou de órgãos isolados como, por exemplo, folhas ou raízes. Para isto,
partes vivas de uma planta são conduzidas através de "tratamentos indutivos especiais". Estes
tratamentos resultam, finalmente, no desenvolvimento vegetal apontado anteriormente. De
forma resumida, pode-se definir a cultura de tecidos como: “the cultivation of plant cells,
tissues and organs under aseptic conditions in controlled environments”24(EVANS,
COLEMAN, KEARNS, 2003, p. 1).
Já a micropropagação in vitro, uma técnica pertencente ao escopo da cultura de tecidos
vegetais, pode ser conceituada como:
[...] técnica através da qual se propaga plantas dentro de tubos de ensaio ou similares
de vidro, sob condições adequadas de assepsia, nutrição e fatores ambientais, como
luz, temperatura, oxigênio e gás carbônico. A cultura in vitro de plantas é uma das
técnicas mais polivalentes no campo da biotecnologia. (CARVALHO et al. apud
CID, 2001)
Outra definição, apresentada por Evans, Coleman e Kearns (2003, p. 20), é a seguinte: “a
tissue culture technique for producing large numbers of identical copies of a plant [...] in a
much shorter time than could be achieved by conventional propagation methods”3,5sendo que
“micropropagation has been applied [...] to the production of more than 1000 plant species”4.
A micropropagação in vitro permite, portanto, a “propagação clonal” de plantas. Para espécies
arbóreas, por exemplo, a multiplicação clonal através de técnicas de cultura de tecidos é
compreendida como um “componente essencial” (BORÉM, 2007), sendo que a
micropropagação in vitro é apontada como uma das técnicas que possuem maior interesse
econômico no mercado florestal brasileiro.
Em resumo, a cultura de tecidos consiste no cultivo de plantas ou partes de plantas em meios
de cultura assépticos e "sob condições de temperatura, umidade, fotoperíodo e irradiância
controlados [...]. Todo o material é manuseado em condições assépticas" (PUC-RS, 2007).
1
Considera-se como “sistema” um vegetal ou qualquer parte do mesmo – um fragmento de folha ou um pedaço
de caule, por exemplo (TERMIGNONI, 2005).
2
Tradução do autor: o cultivo de células, tecidos e órgãos vegetais, em condições assépticas e em ambientes
controlados.
3
Tradução do autor: uma técnica de cultura de tecidos para produzir um grande número de cópias idênticas de
uma planta [...] em um tempo muito menor do que o alcançado por métodos convencionais de propagação.
Conforme a PUC-RS (2007) a cultura de tecidos tem-se mostrado de enorme importância na
produção de mudas de espécies que apresentam interesse no setor agroflorestal, sendo que
esta produção é realizada através de micropropagação e tem obtido grande aceitação, além de
ter apresentado "aplicações práticas comprovadas”, com maior aplicação na:
[...] produção comercial de plantas, possibilitando sua multiplicação rápida e em
períodos de tempo e espaço reduzidos. [...] A multiplicação in vitro pode [...] ser
obtida em larga escala, resultando na instalação de [...] biofábricas comerciais,
baseadas no princípio de linha de produção e algumas vezes automatizada. (PUCRS, 2007)
Em setores como a horticultura, a cultura de tecidos possui aplicação prática na propagação
clonal de espécies frutíferas, de flores, plantas medicinais e espécies silvícolas.
• TEORIA DA TOTIPOTÊNCIA
Além de realizar uma análise econômica e mercadológica das culturas agrícolas produzidas
no Rio Grande do Sul, o presente trabalho visa a indicação de espécies vegetais propícias para
a produção através de micropropagação in vitro. Como primeiro passo para a indicação destas
espécies, faz-se necessário compreender quais destas são passíveis de reprodução através da
referida técnica e quais não o são.
Segundo o Laboratório de Biotecnologia Vegetal da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUC-RS, 2007), a cultura de tecidos vegetais é praticada com fundamentação
na denominada Teoria da Totipotência. Segundo a Embrapa Algodão (2006), tem-se
descrição semelhante, ao expor que a “clonagem in vitro de plantas tornou-se possível
mediante a cultura de tecidos, fundamentando-se na totipotência das células vegetais”
(CARVALHO et al., 2006).
Em 1902, o botânico austro-húngaro Gottlieb Haberlandt publicou a denominada "Teoria da
Totipotência", a qual requeria a possibilidade, em todos os seres vivos, de regeneração de
corpos inteiros a partir de células individuais (PUC-RS, 2007). Isto significa que, a princípio,
todos os vegetais apresentam esta mesma característica, tornando todas as espécies e famílias
de vegetais passíveis de serem micropropagadas in vitro. Já Termignoni (2005) apresenta a
seguinte teoria:
Todas as células vivas e nucleadas são passíveis de crescerem quando isoladas da
planta que lhes deu origem, desde que encontrem condições nutricionais e
hormonais adequadas, assim como de fatores do meio. (TERMIGNONI, 2005, p.
36)
A autora apresenta ainda que “todas as células vegetais vivas (nucleadas e com seu sistema
lamelar intacto) são totipotentes” (2005, p. 46). Por isso, qualquer célula viva de um vegetal
possui a capacidade de tornar-se uma planta inteira ou parte de uma planta, bastando receber
as condições ambientais adequadas. Desta forma, qualquer “fragmento de folha, caule, raiz,
pétala, sépala, estame” (p. 53) ou qualquer outra parte de um vegetal é capaz de gerar um
indivíduo completo.
• CONCEITO DE CLONE VEGETAL
O presente trabalho tem utilizado referências a conceitos de clone e propagação clonal. Para
uma melhor compreensão desta linguagem, é apresentada a seguir a origem e o significado
destes termos.
Semanticamente, a palavra “clone” advém do termo grego “clon” (que significa broto,
ramificação ou extensão) e designa partes que podem ser transplantadas de plantas vivas e que
possuem as mesmas características da “planta-mãe” (MANTELL, MATTHEWS, MCKEE,
1994). Em 1903, Webber utilizou o termo “clone” para descrever vegetais que haviam sido
reproduzidos através de técnicas de propagação vegetativa. Já em 1912, Shull passou a
utilizar o termo para designar plantas que possuem genótipos idênticos e que sejam
reproduzidas de forma assexuada (ao contrário do cultivo de sementes). Em 1940, a palavra
passou a ser utilizado para denominar vegetais “artificiais” e geneticamente uniformes
(inclusive possuindo genótipos diferentes no mesmo indivíduo), mas que tivessem sido
obtidos de forma assexuada a partir de um mesmo indivíduo. Desta forma, são considerados
clones todos os vegetais produzidos a partir de técnicas tradicionais de propagação assexuada
(tais como enxertia e estaquia) e de cultura de tecidos (como por exemplo, a micropropagação
in vitro). Tal descrição é apresentada de forma sucinta por Termignoni (2005) - “clones são
indivíduos geneticamente uniformes e derivados de um único indivíduo por propagação
assexual”.
• VANTAGENS MERCADOLÓGICAS DA CLONAGEM VEGETAL
A clonagem vegetal apresenta importantes benefícios para os processos industriais.
Primeiramente, a clonagem permite a homogeneização da matéria-prima. Isto permite obter
otimizações no processo produtivo, o que, conseqüentemente, permite a obtenção de redução
nos custos de produção (BORÉM, 2007, p. 109). Para a propagação da espécie do eucalipto,
por exemplo, a cultura de tecidos permite a obtenção de vantagens como taxa mais elevada de
multiplicação, menor necessidade de espaço físico e ausência de pragas e doenças, além de
ser uma técnica mais segura, graças ao maior controle dos fatores envolvidos (HIGASHI,
2002). Dentro do escopo da cultura de tecidos vegetais, a técnica da micropropagação in vitro
é considerada a sua aplicação mais prática (EMBRAPA apud GRATTAPAGLIA e
MACHADO, 1998), pois é através dela que se obtém a reprodução, em menor espaço de
tempo, de plantas de difícil propagação e que possuem longos ciclos de vida.
Além dos benefícios econômicos, a biotecnologia vegetal apresenta potencial para suprir a
demanda por alimentos em uma sociedade cuja população encontra-se em constante
crescimento (GREUBEL; YOKOYAMA, 2004). Mesmo não tendo deixado de ser
considerada como “a base da alimentação”, a agricultura é realizada através de um novo
modelo, onde “o mercado é mais amplo, competitivo e exigente” (BRUM, 1994). Uma
mudança no contexto da agricultura denominado de “agroindustrialização da produção”
concedeu a este setor a possibilidade de se obter produtos com maior valor agregado, mas é
baixo o número de produtores que consegue se organizar para atingir isto. A clonagem de
vegetais permite a produção agrícola de espécies diversas de forma a diferenciar os produtos,
permitindo, por exemplo, a oferta de produtos livres de doenças. Com a micropropagação in
vitro de vegetais, torna-se possível a oferta de produtos que diferenciam-se entre si e que,
possivelmente, apresentem maior valor agregado.
A demanda por produtos agropecuários com características específicas, que diferenciem-se
entre si, exige dos produtores adaptações em seus processos produtivos. Operações
denominadas de triagem, calibragem, normalização e condicionamento (BRUM, 1994)
passam a ser fundamentais, sendo elas:
Triagem – seleção do produto em função de sua qualidade;
Calibragem – seleção do produto pelo tamanho, visando padronizá-lo;
Normalização – uniformização da qualidade e dos aspectos gerais do produto;
Condicionamento – embalagem de acordo com as necessidades do consumidor.
A micropropagação in vitro de vegetais permite aos produtores alcançar três destes objetivos
– triagem, calibragem e normalização. Através da referida técnica é possível a clonagem de
vegetais com características fenotípicas56e genotípicas67que se repetirão em cada novo ser
vivo gerado em laboratório, garantindo qualidade (triagem), padronização do produto pelo
tamanho (calibragem) e uniformização da qualidade e dos aspectos gerais do produto
(normalização).
• A MICROPROPAGAÇÃO IN VITRO COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
5
Do português “fenótipo”, relativo ao aspecto externo do ser vivo (MELHORAMENTOS, 1992)
Do português “genótipo”, relativo à constituição hereditária de um indivíduo, animal ou vegetal
(MELHORAMENTOS, 1992).
6
Em termos gerais, o Brasil apresenta um nível baixo de iniciativas em biotecnologia através
de investimentos e esforços de Pesquisa e Desenvolvimento por parte do setor privado, sendo
que universidades e instituições públicas de pesquisa são responsáveis por 80% dos
investimentos na área e concentram mais de 90% dos recursos humanos qualificados. As
empresas que surgem com atuação neste mercado buscam suprir demandas de nichos
específicos e utilizam tecnologias consideradas "intermediárias" no quesito sofisticação,
sendo que dentre estas tecnologias intermediárias figuram as técnicas de cultura de tecidos
(SALLES-FILHO, 1993).
A maior parte das empresas nacionais de biotecnologia atua na denominada agrobiotecnologia
e desenvolve produtos e serviços voltados à agricultura e à agropecuária. Estas empresas são
predominantemente microempresas ou centros de desenvolvimento tecnológico que
desenvolvem insumos agrícolas (dentre eles mudas de vegetais para plantio) ou produtos e
serviços para o setor de alimentos. Por serem classificadas como insumos para os agricultores,
as mudas de vegetais são mais sensíveis ao preço praticado, o que constitui-se em uma
ameaça para as empresas com esta linha de atuação (SALLES-FILHO, 1993).
Na década de 1980, as empresas Biomatrix e Bioplanta possuíam por objetivo "explorar a
moderna biotecnologia" no Brasil. No final da mesma década, porém, ambas encerraram suas
atividades. A dificuldade de consolidar mercados foi um dos problemas que estas empresas
enfrentaram, sendo que houve fracasso de ambas em introduzir seus produtos no mercado
(produtos que consistiam em mudas obtidas por cultura de tecidos de espécies florestais, de
batata semente, de frutas temperadas e de flores). Este exemplo ilustra uma conseqüência de
um problema verificado internacionalmente, que reside em uma denominada "insensibilidade"
do mercado agrícola em relação a mudas e sementes com características e preços muito
diferenciados em relação aos produtos já existentes. É possível a compreensão desta nãoaceitação de novos produtos e preços superiores, principalmente devido à falta de valorização,
por parte do mercado, em relação a plantas cultivadas a partir de mudas e sementes obtidas
por técnicas de cultura de tecidos. Isto significa que, caso o produtor rural realize seu plantio
utilizando mudas e sementes mais caras, produzidas em laboratório, a sua colheita não
apresentará uma maior valorização monetária. Logo, surge a dificuldade de consolidação
destes produtos no setor agrícola. Um outro problema enfrentado pelo mercado de
biotecnologia em sua totalidade refere-se aos "altos volumes de perda [...] evento que vem se
repetindo desde o início da movimentação em torno da moderna biotecnologia, ou seja, final
dos anos 70 e início dos 80", sendo que as perdas são similares para empresas biotecnológicas
de todos os portes (SALLES-FILHO, 2001).
Mesmo neste cenário de escassez de mão-de-obra qualificada, dificuldade de consolidação de
mudas micropropagadas no mercado e com perdas financeiras por investimentos em Pesquisa
e Desenvolvimento, as empresas atuantes na clonagem vegetal via cultura de tecidos
encontram suporte na existência de um setor que sobrevive neste mercado. Atualmente,
empresas de todos os portes, incluindo multinacionais com atuação regional, produzem mudas
e/ou investem em plantios realizados com mudas clonadas de diversos vegetais, tais como
cana-de-açúcar, morango, eucalipto e pinus. Conforme afirma Borém (2007), “no setor
florestal, por exemplo, a multiplicação de espécies através da clonagem é compreendida como
um componente essencial”. Atualmente empresas como Multiplanta Tecnologia Vegetal
Ltda., Tecnoplanta Florestal Ltda., CanaVialis S/A, Pro-Clone Biotecnologia, Vitrogen
Biotecnologia e Palma Real Biotecnologia são algumas das atuantes no mercado nacional de
cultura de tecidos vegetais e produzem mudas de cana-de-açúcar, eucalipto, pinus, morango,
banana, batata-inglesa e outras espécies através da técnica de micropropagação in vitro.
A PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO RIO GRANDE DO SUL
Nesta seção, são apresentados dados relativos às culturas agrícolas do Rio Grande do Sul. A
análise destas culturas permite uma melhor compreensão acerca da agricultura estadual, em
termos econômicos e mercadológicos. No final desta seção, são apresentadas as dez principais
culturas em relação a cada uma das variáveis utilizadas, que são conceituadas ao longo do
texto.
Em 2005, o Produto Interno Bruto (PIB) do estado do Rio Grande do Sul atingiu 145,182
bilhões de reais (FEE, 2007). A participação do setor agropecuário no PIB gaúcho foi de
11,5%, totalizando R$ 16.695.930.000,00.
O PIB é uma medida que expressa o total da “renda devida à produção dentro dos limites
territoriais do país” (VASCONCELLOS, 2002, p. 216). Sendo assim, contempla todas as
atividades produtivas, sejam elas desenvolvidas na indústria, comércio ou serviços; assim
como contempla todos os setores da economia, dentre eles a agricultura.
Com o objetivo de analisar a produção vegetal obtida da agricultura no Rio Grande do Sul,
foram recuperados, no SIDRA, os valores referentes a valor da produção, área plantada e
quantidade produzida das culturas agrícolas do estado no período de 2005, com base nos
valores apresentados pela base de dados agregados PAM. Os valores obtidos foram
classificados de forma decrescente para cada variável, visando permitir a interpretação da
representatividade percentual de cada cultura no total da produção vegetal estadual através de
diferentes análises.
O SIDRA contempla 64 culturas agrícolas em sua base de dados. Deste total, 19 culturas não
possuem valores relativos às variáveis analisadas no período de 2005. São elas: algodão
arbóreo (em caroço), algodão herbáceo (em caroço), azeitona, borracha (látex coagulado),
cacau (em amêndoa), café (beneficiado), castanha de caju, Chá-da-Índia (folha verde), cocoda-baía, dendê (coco), guaraná (semente), juta (fibra), malva (fibra) maracujá, palmito,
pimenta-do-reino, rami (fibra), sisal ou agave (fibra) e urucum (semente). Devido à
inexistência de informações para estas culturas no período analisado, as mesmas não foram
contempladas no presente trabalho.
Ao todo, portanto, 45 culturas foram analisadas. Destas, 18 são culturas que possuem lavoura
permanente, ou seja, para as quais não faz-se necessário a realização de um novo plantio após
cada colheita. As 27 culturas restantes são classificadas como culturas temporárias, para as
quais torna-se necessário a realização de novos plantios após a realização das colheitas.
Tabela 1 - Quantidade Produzida (em toneladas), Valor da Produção e Área
Plantada das culturas agrícolas do Rio Grande do Sul, em 2005
Cultura Agrícola
Tipo de
Cultura
Quantidade
Produzida
(Tonelada)
Valor da
Área Plantada
Produção (Mil
(Hectare)
Reais)
Abacate
Permanente
8.167,00
4.613,00
626,00
Alho
Temporária
20.046,00
65.739,00
3.249,00
Amendoim (em casca)
Temporária
4.062,00
8.520,00
4.611,00
Arroz (em casca)
Temporária
6.103.289,00
2.416.573,00
1.055.229,00
Aveia (em grão)
Temporária
102.751,00
30.830,00
54.936,00
Banana
Permanente
108.187,00
51.062,00
10.501,00
Batata - doce
Temporária
142.504,00
77.774,00
13.431,00
Batata - inglesa
Temporária
284.137,00
198.992,00
24.016,00
Cana-de-açúcar
Temporária
908.930,00
61.641,00
32.570,00
Caqui
Permanente
28.732,00
19.956,00
2.045,00
Cebola
Temporária
136.211,00
55.705,00
10.591,00
Centeio (em grão)
Temporária
4.557,00
1.867,00
3.658,00
Cevada (em grão)
Temporária
196.973,00
69.198,00
86.695,00
Erva-mate (folha verde)
Permanente
218.982,00
60.229,00
40.812,00
Ervilha (em grão)
Temporária
1.283,00
2.354,00
498,00
Fava (em grão)
Temporária
106,00
129,00
69,00
Feijão (em grão)
Temporária
75.004,00
90.261,00
118.103,00
Figo
Permanente
9.446,00
10.401,00
1.942,00
Fumo (em folha)
Temporária
430.347,00
1.618.326,00
242.180,00
Girassol (em grão)
Temporária
9.292,00
6.101,00
6.028,00
Goiaba
Permanente
6.380,00
4.694,00
699,00
Laranja
Permanente
311.745,00
141.259,00
27.261,00
Limão
Permanente
23.147,00
12.541,00
1.779,00
Linho (semente)
Temporária
15.819,00
9.218,00
21.914,00
Maçã
Permanente
299.972,00
207.525,00
14.966,00
Mamão
Permanente
2.539,00
2.526,00
307,00
Mamona (baga)
Temporária
63,00
51,00
420,00
Mandioca
Temporária
1.129.500,00
626.868,00
87.307,00
Manga
Permanente
706,00
688,00
134,00
Marmelo
Permanente
225,00
97,00
46,00
Melancia
Temporária
422.182,00
100.482,00
19.570,00
Melão
Temporária
12.394,00
8.724,00
2.145,00
Milho (em grão)
Temporária
1.485.040,00
472.403,00
1.206.119,00
Noz (fruto seco)
Permanente
1.074,00
3.134,00
1.335,00
Pêra
Permanente
8.950,00
9.068,00
965,00
Pêssego
Permanente
119.130,00
107.048,00
15.699,00
Soja (em grão)
Temporária
2.444.540,00
1.161.908,00
4.179.272,00
Sorgo granífero (em grão)
Temporária
27.372,00
7.168,00
21.672,00
Tangerina
Permanente
170.776,00
87.112,00
13.030,00
Tomate
Temporária
91.001,00
82.274,00
2.535,00
Trigo (em grão)
Temporária
1.389.731,00
446.350,00
844.821,00
Triticale (em grão)
Temporária
14.890,00
4.165,00
9.843,00
Tungue (fruto seco)
Permanente
383,00
118,00
185,00
Uva
Permanente
611.868,00
579.262,00
42.450,00
8.924.954,00
8.226.264,00
Total
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática (2005).
Nota: elaborado pelo autor.
Tabela 2 - Quantidade Produzida (em mil frutos), Valor da Produção e Área Plantada das
culturas agrícolas do Rio Grande do Sul, em 2005
Cultura Agrícola
Abacaxi
Tipo de
Cultura
Temporária
Quantidade
Produzida
(Mil Frutos)
3.840,00
Valor da
Produção
(Mil Reais)
2.879,00
Área
Plantada
(Hectare)
327,00
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática (2005).
Nota: elaborado pelo autor.
A variável de área plantada é conceituada como o “total da área plantada de cada cultura
temporária [...] passível de ser colhida (no todo ou em parte) no ano de referência da
pesquisa” (IBGE, 2005). Nas tabelas originais disponíveis no estudo, a coluna desta variável é
indicada como “área plantada ou destinada a colheita”. Desta forma, os valores apontados não
indicam as áreas colhidas, mas sim as áreas destinadas à colheita em 2005.
A tabela que se segue apresenta a classificação dos valores de Área Plantada contempladas
nas Tabelas 01 e 02.
Tabela 3 – Área Plantada das culturas agrícolas
do Rio Grande do Sul, em 2005
Posição Cultura Agrícola
Tipo de
Cultura
Área Plantada
(Hectare)
Percentual
1
Soja (em grão)
Temporária
4.179.272,00
50,8020%
2
Milho (em grão)
Temporária
1.206.119,00
14,6612%
3
Arroz (em casca)
Temporária
1.055.229,00
12,8271%
4
Trigo (em grão)
Temporária
844.821,00
10,2694%
5
Fumo (em folha)
Temporária
242.180,00
2,9439%
6
Feijão (em grão)
Temporária
118.103,00
1,4356%
7
Mandioca
Temporária
87.307,00
1,0613%
8
Cevada (em grão)
Temporária
86.695,00
1,0538%
9
Aveia (em grão)
Temporária
54.936,00
0,6678%
10
Uva
Permanente
42.450,00
0,5160%
11
Erva-mate (folha verde)
Permanente
40.812,00
0,4961%
12
Cana-de-açúcar
Temporária
32.570,00
0,3959%
13
Laranja
Permanente
27.261,00
0,3314%
14
Batata - inglesa
Temporária
24.016,00
0,2919%
15
Linho (semente)
Temporária
21.914,00
0,2664%
16
Sorgo granífero (em grão)
Temporária
21.672,00
0,2634%
17
Melancia
Temporária
19.570,00
0,2379%
18
Pêssego
Permanente
15.699,00
0,1908%
19
Maçã
Permanente
14.966,00
0,1819%
20
Batata - doce
Temporária
13.431,00
0,1633%
21
Tangerina
Permanente
13.030,00
0,1584%
22
Cebola
Temporária
10.591,00
0,1287%
23
Banana
Permanente
10.501,00
0,1276%
24
Triticale (em grão)
Temporária
9.843,00
0,1196%
25
Girassol (em grão)
Temporária
6.028,00
0,0733%
26
Amendoim (em casca)
Temporária
4.611,00
0,0560%
27
Centeio (em grão)
Temporária
3.658,00
0,0445%
28
Alho
Temporária
3.249,00
0,0395%
29
Tomate
Temporária
2.535,00
0,0308%
30
Melão
Temporária
2.145,00
0,0261%
31
Caqui
Permanente
2.045,00
0,0249%
32
Figo
Permanente
1.942,00
0,0236%
33
Limão
Permanente
1.779,00
0,0216%
34
Noz (fruto seco)
Permanente
1.335,00
0,0162%
35
Pêra
Permanente
965,00
0,0117%
36
Goiaba
Permanente
699,00
0,0085%
37
Abacate
Permanente
626,00
0,0076%
38
Ervilha (em grão)
Temporária
498,00
0,0061%
39
Mamona (baga)
Temporária
420,00
0,0051%
40
Abacaxi (Mil frutos)
Temporária
327,00
0,0040%
41
Mamão
Permanente
307,00
0,0037%
42
Tungue (fruto seco)
Permanente
185,00
0,0022%
43
Manga
Permanente
134,00
0,0016%
44
Fava (em grão)
Temporária
69,00
0,0008%
45
Marmelo
Permanente
46,00
0,0006%
Total
8.226.591,00
100%
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática (2005).
Nota: Percentual calculado pelo autor.
A área total plantada no Rio Grande do Sul em 2005, para as culturas analisadas no presente
trabalho, totalizou cerca de 8,2 milhões de hectares. Deste total, 97,9% foi destinado às
culturas classificadas como temporárias (8.051.809,00 de hectares). O restante, representando
2,1%, foi destinado às culturas permanentes (174.782 hectares).
As áreas plantadas destinadas às dez primeiras culturas da tabela representaram, juntas, 96,2%
do total, sendo que somente o plantio da soja (em grão) ocupou mais de 50% da área
destinada às culturas analisadas.
A conceituação de quantidade produzida refere-se ao total colhido, em toneladas ou em “mil
frutos”, de cada produto agrícola durante um determinado período analisado (IBGE, 2005).
As tabelas a seguir apresentam a classificação dos totais de quantidade produzida
contemplados nas Tabelas 01 e 02. Dentre as 45 culturas analisadas, a do abacaxi foi a única a
apresentar medida em “mil frutos”, sendo que as quantidades produzidas das demais culturas
foram expressas em “toneladas”, Desta forma, a análise comparativa do abacaxi não pôde ser
realizada.
Tabela 4 – Quantidade Produzida (em toneladas) das culturas agrícolas do Rio Grande do Sul,
em 2005
Posição Cultura Agrícola
Tipo de
Cultura
Quantidade
Produzida
(Tonelada)
Percentual
1
Arroz (em casca)
Temporária
6.103.289,00
35,1118%
2
Soja (em grão)
Temporária
2.444.540,00
14,0633%
3
Milho (em grão)
Temporária
1.485.040,00
8,5433%
4
Trigo (em grão)
Temporária
1.389.731,00
7,9950%
5
Mandioca
Temporária
1.129.500,00
6,4979%
6
Cana-de-açúcar
Temporária
908.930,00
5,2290%
7
Uva
Permanente
611.868,00
3,5200%
8
Fumo (em folha)
Temporária
430.347,00
2,4758%
9
Melancia
Temporária
422.182,00
2,4288%
10
Laranja
Permanente
311.745,00
1,7934%
11
Maçã
Permanente
299.972,00
1,7257%
12
Batata - inglesa
Temporária
284.137,00
1,6346%
13
Erva-mate (folha verde)
Permanente
218.982,00
1,2598%
14
Cevada (em grão)
Temporária
196.973,00
1,1332%
15
Tangerina
Permanente
170.776,00
0,9825%
16
Batata - doce
Temporária
142.504,00
0,8198%
17
Cebola
Temporária
136.211,00
0,7836%
18
Pêssego
Permanente
119.130,00
0,6853%
19
Banana
Permanente
108.187,00
0,6224%
20
Aveia (em grão)
Temporária
102.751,00
0,5911%
21
Tomate
Temporária
91.001,00
0,5235%
22
Feijão (em grão)
Temporária
75.004,00
0,4315%
23
Caqui
Permanente
28.732,00
0,1653%
24
Sorgo granífero (em grão)
Temporária
27.372,00
0,1575%
25
Limão
Permanente
23.147,00
0,1332%
26
Alho
Temporária
20.046,00
0,1153%
27
Linho (semente)
Temporária
15.819,00
0,0910%
28
Triticale (em grão)
Temporária
14.890,00
0,0857%
29
Melão
Temporária
12.394,00
0,0713%
30
Figo
Permanente
9.446,00
0,0543%
31
Girassol (em grão)
Temporária
9.292,00
0,0535%
32
Pêra
Permanente
8.950,00
0,0515%
33
Abacate
Permanente
8.167,00
0,0470%
34
Goiaba
Permanente
6.380,00
0,0367%
35
Centeio (em grão)
Temporária
4.557,00
0,0262%
36
Amendoim (em casca)
Temporária
4.062,00
0,0234%
37
Mamão
Permanente
2.539,00
0,0146%
38
Ervilha (em grão)
Temporária
1.283,00
0,0074%
39
Noz (fruto seco)
Permanente
1.074,00
0,0062%
40
Manga
Permanente
706,00
0,0041%
41
Tungue (fruto seco)
Permanente
383,00
0,0022%
42
Marmelo
Permanente
225,00
0,0013%
43
Fava (em grão)
Temporária
106,00
0,0006%
44
Mamona (baga)
Temporária
63,00
0,0004%
Total
17.382.433
100%
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática (2005).
Nota: Percentual calculado pelo autor.
Tabela 5 – Quantidade Produzida (em mil frutos) das culturas agrícolas do Rio Grande do Sul,
em 2005
Posição Cultura Agrícola
1
Abacaxi (Mil frutos)
Tipo de
Cultura
Temporária
Total
Quantidade
Produzida (Mil
Frutos)
Percentual
3.840,00
100%
3.840,00
100%
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática (2005).
Nota: Percentual calculado pelo autor.
Em 2005, as culturas agrícolas analisadas somaram mais de 17.380 toneladas (excluindo-se a
cultura do abacaxi, por ser medida em “mil frutos”), sendo que as culturas cujas lavouras são
consideradas temporárias representaram 88,9% deste total. As culturas permanentes
representaram 11,1%.
A análise da variável valor da produção permite a obtenção da representatividade econômica
de cada cultura agrícola no Rio Grande do Sul, pois sua medida é apresentada em valores
monetários (R$). A conceituação desta variável é apresentada pelo IBGE (2005) como o total
da produção obtida de cada cultura, multiplicado pelo preço médio pago ao produtor em troca
das quantidades colhidas ao longo do ano analisado. Sendo assim, o valor da produção não
apresenta a soma de todos os valores pagos, mas sim o total obtido da soma dos preços
médios ponderados pagos após as colheitas realizadas.
A tabela a seguir apresenta a classificação dos totais contemplados nas Tabelas 01 e 02,
referentes ao Valor de Produção das culturas agrícolas.
Tabela 6 – Valor de Produção das culturas agrícolas do Rio Grande do Sul, em 2005
Posição Cultura Agrícola
Tipo de
Cultura
Valor da
Produção (Mil
Reais)
Percentual
1
Arroz (em casca)
Temporária
2.416.573,00
27,0679%
2
Fumo (em folha)
Temporária
1.618.326,00
18,1268%
3
Soja (em grão)
Temporária
1.161.908,00
13,0144%
4
Mandioca
Temporária
626.868,00
7,0215%
5
Uva
Permanente
579.262,00
6,4883%
6
Milho (em grão)
Temporária
472.403,00
5,2914%
7
Trigo (em grão)
Temporária
446.350,00
4,9995%
8
Maçã
Permanente
207.525,00
2,3245%
9
Batata - inglesa
Temporária
198.992,00
2,2289%
10
Laranja
Permanente
141.259,00
1,5822%
11
Pêssego
Permanente
107.048,00
1,1990%
12
Melancia
Temporária
100.482,00
1,1255%
13
Feijão (em grão)
Temporária
90.261,00
1,0110%
14
Tangerina
Permanente
87.112,00
0,9757%
15
Tomate
Temporária
82.274,00
0,9215%
16
Batata - doce
Temporária
77.774,00
0,8711%
17
Cevada (em grão)
Temporária
69.198,00
0,7751%
18
Alho
Temporária
65.739,00
0,7363%
19
Cana-de-açúcar
Temporária
61.641,00
0,6904%
20
Erva-mate (folha verde)
Permanente
60.229,00
0,6746%
21
Cebola
Temporária
55.705,00
0,6239%
22
Banana
Permanente
51.062,00
0,5719%
23
Aveia (em grão)
Temporária
30.830,00
0,3453%
24
Caqui
Permanente
19.956,00
0,2235%
25
Limão
Permanente
12.541,00
0,1405%
26
Figo
Permanente
10.401,00
0,1165%
27
Linho (semente)
Temporária
9.218,00
0,1033%
28
Pêra
Permanente
9.068,00
0,1016%
29
Melão
Temporária
8.724,00
0,0977%
30
Amendoim (em casca)
Temporária
8.520,00
0,0954%
31
Sorgo granífero (em grão)
Temporária
7.168,00
0,0803%
32
Girassol (em grão)
Temporária
6.101,00
0,0683%
33
Goiaba
Permanente
4.694,00
0,0526%
34
Abacate
Permanente
4.613,00
0,0517%
35
Triticale (em grão)
Temporária
4.165,00
0,0467%
36
Noz (fruto seco)
Permanente
3.134,00
0,0351%
37
Abacaxi (Mil frutos)
Temporária
2.879,00
0,0322%
38
Mamão
Permanente
2.526,00
0,0283%
39
Ervilha (em grão)
Temporária
2.354,00
0,0264%
40
Centeio (em grão)
Temporária
1.867,00
0,0209%
41
Manga
Permanente
688,00
0,0077%
42
Fava (em grão)
Temporária
129,00
0,0014%
43
Tungue (fruto seco)
Permanente
118,00
0,0013%
44
Marmelo
Permanente
97,00
0,0011%
45
Mamona (baga)
Temporária
51,00
0,0006%
Total
8.927.833,00
100%
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática (2005).
Nota: Percentual calculado pelo autor.
Em 2005, as 45 culturas agrícolas analisadas no presente trabalho obtiveram valor de
produção acima de R$ 9,8 bilhões, o que representou 53,5% do PIB agropecuário do Rio
Grande do Sul. As culturas classificadas como temporárias apresentaram maior valor de
produção, representando 85,4% do valor total – R$ 7.626.500.000,00. Já as culturas
permanentes foram responsáveis por 14,6% do valor de produção analisado, totalizando
R$ 1.301.333.000,00.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Primeiramente, buscou-se uma melhor compreensão acerca da micropropagação in vitro de
vegetais, sendo realizada revisão teórica sobre conceituações relativas a esta técnica. Estas
conceituações permitiram compreender no que consiste, como é realizada, quais as vantagens
e quais vegetais são passíveis de serem reproduzidos através desta técnica. Em resumo, a
micropropagação consiste na indução artificial do desenvolvimento dos vegetais, em
laboratório, sob condições específicas de ambiente e nutrientes. Para realizá-la, são utilizadas
partes de plantas (tais como pétalas, pedaço do caule, folhas, dentre outras). Com base na
Teoria da Totipotência, autores afirmam que todos os vegetais são passíveis de serem
micropropagados, pela capacidade que todas as células vegetais possuem de se desenvolver
em um novo indivíduo. Sendo assim, pode-se inferir que todas as espécies são passíveis de
micropropagação, sem distinção, respondendo-se assim ao objetivo específico (a).
A partir dos dados analisados referentes a área plantada, quantidade produzida e valor da
produção, percebe-se que, no Rio Grande do Sul, as culturas de soja, milho, arroz, trigo, fumo
(em folha), mandioca e uva apresentam importante representatividade em todas as variáveis.
As culturas de soja, milho, arroz, trigo, fumo, feijão, mandioca, cevada, aveia e uva (as dez
principais de um total de 45 culturas analisadas) foram responsáveis, em 2005, por 96,24% da
área plantada, conforme o gráfico apresentado a seguir.
Dez principais culturas agrícolas, segundo análise de área plantada
1%
1%
1%
4%
1%
1%
3%
50%
10%
13%
15%
Soja (em grão)
Milho (em grão)
Arroz (em casca)
Trigo (em grão)
Fumo (em folha)
Feijão (em grão)
Mandioca
Cevada (em grão)
Aveia (em grão)
Uva
Outras
Gráfico 1 – Dez principais culturas agrícolas, segundo análise de área plantada
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática (2005).
Nota: elaborado pelo autor.
Já em relação às quantidades produzidas, os dez maiores valores foram apresentados pelas
culturas de arroz, soja, milho, trigo, mandioca, cana-de-açúcar, uva, fumo (em folha),
melancia e laranja - juntas, seus plantios produziram 87,7% do total, conforme gráfico a
seguir.
Dez principais culturas agrícolas, segundo análise de quantidade
produzida
2%
12%
2%
2%
36%
4%
5%
6%
8%
9%
14%
Arroz (em casca)
Soja (em grão)
Milho (em grão)
Trigo (em grão)
Mandioca
Cana-de-açúcar
Uva
Fumo (em folha)
Melancia
Laranja
Outras
Gráfico 2 – Dez principais culturas agrícolas, segundo análise de quantidade produzida
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática (2005).
Nota: elaborado pelo autor.
Já em relação ao valor da produção, destacaram-se as culturas do arroz, fumo (em folha), soja,
mandioca, uva, milho, trigo, maçã, batata-inglesa e laranja, que juntas foram responsáveis por
88,2% do valor total da produção agrícola do Rio Grande do Sul, em 2005, conforme ilustra o
gráfico apresentado abaixo.
Dez principais culturas agrícolas, segundo análise de valor da
produção
2%
12%
2%
28%
2%
5%
5%
6%
18%
7%
13%
Arroz (em casca)
Fumo (em folha)
Soja (em grão)
Mandioca
Uva
Milho (em grão)
Trigo (em grão)
Maçã
Batata - inglesa
Laranja
Outras
Gráfico 3 – Dez principais culturas agrícolas, segundo análise de valor da produção
Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática (2005).
Nota: elaborado pelo autor.
Logo, nota-se que, pelo menos 88% dos valores referentes a qualquer uma das variáveis
analisadas foram referentes a dez culturas principais no estado. Reunindo-se todas as culturas
apresentadas, obtêm-se uma listagem de quinze culturas com representatividade econômica no
Rio Grande do Sul em 2005: arroz, aveia, batata-inglesa, cana-de-açúcar, cevada, feijão,
fumo, laranja, maçã, mandioca, melancia, milho, soja, trigo e uva.
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