Análise de dados e probabilidade Guia do professor Experimento Táxi e combinatória Objetivos da unidade 1. Fazer uma breve introdução da Geometria do Táxi; 2. Capacitar o aluno a desenvolver técnicas para a resolução de problemas de contagem; 3. Introduzir o Triângulo de Pascal e algumas de suas propriedades. licença Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Secretaria de Educação a Distância Ministério da Ciência e Tecnologia Ministério da Educação Governo Federal Guia do professor Táxi e combinatória Sinopse Neste experimento, será apresentada a seus alunos uma geometria dife rente da euclidiana, conhecida como Geometria do Táxi, em que a menor distância entre dois pontos nem sempre é a medida de um segmento de reta! A partir dela, eles poderão desenvolver habilidades em combinatória e ser apresentados ao triângulo de Pascal. Conteúdos Combinatória: Combinação, Triângulo de Pascal. Objetivos 1. Fazer uma breve introdução da Geometria do Táxi; 2. Capacitar o aluno a desenvolver técnicas para a resolução de problemas de contagem; 3. Introduzir o Triângulo de Pascal e algumas de suas propriedades. Duração Uma aula dupla. Material relacionado Software: Geometria do táxi – distâncias; Geometria do táxi – combinatória; Geometria do táxi – formas geométricas. Experimentos: De quantas maneiras posso passar meu cadarço? Vídeo: Vou de Táxi; Áudio: O que é permutação? A , yA ) Introdução Motivação Neste experimento, é apresentada uma abordagem diferente da noção de O nome “geometria do táxi”, como é conhecida a geometria apresentada, distância, a qual é utilizada para explorar conceitos de contagem e combi vem da associação a “trafegar por ruas”. A distância entre dois pontos no natória. A distância euclidiana usual é apropriada na descrição de muitos plano cartesiano é medida pelo número de quadras percorridas no trajeto. fenômenos, mas em algumas situações pode não ser a mais apropriada. Nas atividades propostas, o aluno escolhe onde colocar no mapa um ponto Por exemplo, a menor distância para ir de casa até a escola depende das de referência e então é solicitado a encontrar a quantidade de maneiras ruas que possibilitam esse trajeto e, sendo assim, dificilmente será definida diferentes que se pode deslocar entre duas localidades fazendo um trajeto como “a medida do segmento entre estes dois pontos”. O nome “geometria mínimo. À medida que a distância entre as localidades aumenta, a organi do táxi”, como é conhecida a geometria que apresentamos neste Guia, zação de contagem e ideias de combinatória surgem naturalmente. deriva justamente da associação a “trafegar por ruas”. Se considerarmos o sistema de coordenadas cartesiano usual, dados dois pontos do plano, entre eles A= A(x =A(x, A yA , y) A ) e B =B(x =B(x ,y ,y ),Ba)distância dtádxitá(A ,(A B), B) = |x =A|x−Ax− +A|y−Ay−By | B| BB xi B |x+ B ||y é calculada assumindo-se que só se pode fazer trajetos paralelos aos eixos (horizontais e verticais). Formalmente, essa distância pode ser definida usando a função módulo de números reais: O experimento B = (xB , yB ) dtáxi (A, B) = |xA − xB | + |yA − yB |. Neste experimento, o cenário é um mapa quadriculado cujas quadras são as unidades de medida. O aluno escolhe a esquina onde quer colocar no mapa a casa de um amigo, tendo em mente que todos os pontos de refe rência no experimento têm sempre coordenadas inteiras. As atividades propostas exploram essencialmente de quantas maneiras diferentes é possível fazer trajetos com comprimento mínimo. A organização do processo de contagem quando as localidades ficam mais distantes leva naturalmente aos conceitos introdutórios de combinatória. Esta mesma geometria e seu cenário são explorados em três softwares que podem ser usados como atividades complementares a este expe rimento: Geometria do Táxi – Distância, Geometria do Táxi – Formas Geométricas, Geometria do Táxi – Contagem. Táxi e combinatória Etapa 1 Qual é a menor distância Na primeira etapa, é apresentado o mapa quadriculado com as marcações da posição da casa do aluno e de uma região (um bairro de uma cidade) onde ele deverá escolher a localização da casa de seu amigo. O objetivo é encontrar visualmente o número mínimo de quadras que devem ser percor ridas de uma localidade a outra e também perceber que existem mais do que um trajeto mínimo entre elas. Etapa 2 Quantos menores caminhos existem? A segunda etapa é destinada à organização e à sistematização da percepção anterior. A proposta desta etapa é analisar de quantas maneiras diferentes pode ser feito um trajeto com o menor número possível de quadras entre duas localidades. Para esta análise, sugerimos uma notação para a Guia do professor 2 / 6 descrição dos trajetos, utilizando as letras HH e V para o deslocamento de V uma quadra, na horizontal ou na vertical, respectivamente. O aluno deverá perceber que a contagem dos trajetos mínimos, facil mente efetuada visualmente quando as localidades estão próximas, tornase muito complexa quando elas se afastam, requerendo um procedimento mais organizado. Isso deverá motivar a busca por uma expressão mais formal, usando o conceito de combinação para o cálculo do número de trajetos mínimos no caso geral. Assumindo que o aluno já conheça o conceito de permutação, colocamos a seguir uma forma de se obter passo a passo a expressão geral acima mencionada, constituindo-se também numa motivação para o estudo do conceito de combinação. Recomendamos que a dedução dessa expressão seja discutida com os alunos no fechamento do experimento. 8! 5! Por que o número de trajetos mínimos é dado por uma combinação? Vamos supor que entre as localidades AA eB o B CC Dmenor D E FEG F Gtrajeto deve ser per corrido através de 8 quadras, sendo 3 horizontais e 5 verticais. Um exemplo de trajeto mínimo de A B para CA DBE,C Fque G D Eestá F G representado na figura, pode ser denotado por H HH V VVH HH V VVH HV V, significando que a primeira quadra é percorrida na horizontal, as duas seguintes na vertical, e assim por diante até a oitava quadra que é percorrida na vertical. Se as oito letras envolvidas na representação do trajeto fossem dife rentes, a resposta seria o número correspondente a todas as permutações A B é, 8! = 1 · 2 · 3 · 4 · 5 · 6 · 7 · 8 = 40320 trajetos. possíveis das oito letras, isto Mas, neste caso, teremos um número bem menor de possibilidades: tere mos que repetir a letra H V três vezes, e a letra H V 5 vezes, para preencher as oito posições, a fim de representar os três deslocamentos horizontais e os cinco verticais necessários, variando a ordem. Consideremos o exemplo do trajeto mínimoH HH VVVH HH VVVH H VV. Obteremos o mesmo trajeto se trocarmos as letras H V entre si e as letras H V entre si. 8! 8! 8! 3 5! 3! que seriam possíveis = com letras = Cdiferentes, n p q Assim, nas 8! permutações 8 3!5! 3!5! 3!(8 − 3)! estaríamos contando este trajeto várias vezes. Mais precisamente, como há 8! 8! 8! n! 3! modos de trocar as=letras H V =C n p dasqposições Cp p entre si3 (permutações 1ª, 4ª, n= 8 8! 8! 8! 3!5! 3!5! 3!(8 − 3)! p!(n − p)! 3! de trocar as letras = C38 n das posições p q Cp = e8! 7ª ) e 5! modos H= V entre si (permutações 8! 8! 8! 8!8! 8! n p! 3!5! 3!5! 3!(8 − 3)! 8! contado 5! 8! 3! 5! vezes 3!este mesmo = trajeto.= = C38 =nC38 2ª, 3ª, 5ª, 6ª e 8ª), teríamos 3!5! 3!5! 3!5! 3!(8 3!5!− 3)!3!(8 − 3)! Como o argumento acima pode ser considerado para qualquer outro trajeto mínimo entre as localidades AA eB oD número B C,C D EE FG F G total de trajetos míni mos diferentes é dado por 8! 8! 8! = = C38 8! 5! 3! n p q . 3!5! Note que este número é exatamente o número de combinações de 8 elementos tomados 3 a 3, pois: 8! 5! 3! ABCDEFG 8! 5! 3!(8 − 3)! 3!5! 8!3! 8! 8! = = C38. 3!5! 3!(8 − 3)! 8! 3!5! n p q Cp n= n! p!(n − p De modo geral, se entre as localidades AA eC o menor B BC D D E FEG F Gtrajeto deve ser 8! 8! 8! 8!8! 8!8! 8! n! n! n! p 5! 8! 3! 5! = 3! == C38 de=n = C38p = n qC38 p Cp n= q p Cep Cpp qentão = n p +Cq = np percorrido através quadras, sendo horizontais n nq=verticais, n+= n= 3!5! 3!5!3!5! 3!(8 − 3!5! 3)! 3!(8 3!5!− 3)!3!(8 − 3)! p!(n − p)! p!(n − p)! p!(n − p)! p! o número de trajetos mínimo diferentes é dado por 8! ABCDEFG 5! 3! 8! 3!5! 8! 8! = = C38 3!5! 3!(8 − 3)! n p q Cp n= n! . p!(n − p)! p+q = n Cp n= n! = p!(n − p)! p Note que este número é o mesmo se um trajeto mínimo entre A B eC A BD CD E FEGF G 8! 8! 8! 8! 8! 8! 8!3 8! 8! n! n! p 3 p n! p pn! 3 8! 8! 5! 5! 3! 3! 8! =5! =3! = C8 = =p n qp C = qnC = = e p verticais, pq+ q = p C+ n =como =C nn = Cp for através deCn8 quadras, sendo horizontais pois, nn nq n= p 8 C 8! 8! 8! n! n! n! n! 3!5! 3!5! 3!5! 3!5! 3!(8 − 3!(8 3)! − 3!5! 3)! 3!5! 3!(8 − 3)! p!(n − p!(n p)! − p)! p!(n − p)! p!(n −p! p 8! 5! 3! = = C38 n p q Cp p + q = n , valeCp = = = Cq n= n= n 3!5! 3!5! 3!(8 − 3)! p!(n − p)! p!(n − p)! p!q! (n − q)!q! A seguir, vamos analisar quantos trajetos mínimos diferentes existem n! n! 8! 8! 8! n! n! p p 3 = = = Cq 8!entre5! = = C8 n p q Cn = p+q = n Cn = eB AA B C.3! C DD E FEG FG n. p!(n − p)! p!q! (n − q)!q! 3!5! 3!5! 3!(8 − 3)! p!(n − p)! fig. 1 Táxi e combinatória Guia do professor 3 / 6 Fechamento Para motivar o uso desta expressão, solicite o cálculo do número de trajetos mínimos entre duas localidades não tão próximas. Etapa 3 Uma propriedade A atividade proposta no fechamento é uma introdução ao conhecido Triângulo de Pascal, que incorpora a abordagem geométrica da malha quadriculada utilizada neste experimento. Nesta etapa, intentamos que o aluno conclua que, considerando-se as duas esquinas vizinhas, A B eC A B,D Cda D E Fcasa EGF G do amigo que estão mais próximas, temos: Todos os caminhos mínimos entre as duas casas têm de passar por uma destas esquinas; Os caminhos mínimos que passam por uma destas esquinas, por exemplo, A,Bsão C Ddistintos E F G dos caminhos mínimos que passam pela outra, A B;C D E F G Variação Como consequência, temos a propriedade de que o número de caminhos mínimos entre as duas casas é a soma dos números de caminhos mínimos ligando a casa do aluno a A B eA aB Assim, desta percepção geométrica e C D.CE D FG EFG a expressão anteriormente obtida , podemos concluir que: p−1 p Cp n = Cn−1 + Cn−1. p Cp−1 n−1 + Cn−1 = Uma variação interessante deste experimento que pode ser vista como uma extensão do que é proposto na Etapa 3 é o cálculo do número de trajetos mínimos entre duas localidades AA eB passando B C,C D D EE FG F G por uma terceira localidade Princípio Fundamental da Contagem assegura A B C.DOEconhecido FG de trajetos mínimos entre que este número é dado pelo produto do número (n − 1)! (n − 1)! (1 1 (n − 1)! n eCD pelo de trajetos mínimos+entre eC AB G AA B C D.D EE FG FG =E Fnúmero =B (n − 1)! + (p − 1)!(n − p)! p!(n − p − 1)! Isso pode ser verificado através das expressões combinatórias: (p − 1)!(n − p − 1)! n−p p (p − 1)!(n − p − 1)! (n − p)p Princípio Multiplicativo ou Princípio Fundamental da Contagem uma decisão D1 podeD Se Dser D rs de rsmodos e, qualquer que seja esta 12 tomada (1 1 (n − 1)! n 2 n! p a decisão o número de = = Centão + escolha, D1 D2 pode D rsser D=2 ders modos, n 1 tomada (p − 1)!(n − p − 1)! (n − p)p p!(n − p)! n−p p maneiras de se tomarem consecutivamente as decisões D1D1 e D2Dé2igual rs rs D1 D2 a rs. n! (1 1 (n − 1)! n (n − 1)! (n − 1)! (n − 1)! + = = = Cp = + = n (p − 1)!(n − p − 1)! (n − p)p p!(n − p)! (p − 1)!(n − p)! p!(n − p − 1)! (p − 1)!(n − p − 1)! n − p p p = Cp−1 n−1 + Cn−1 = 1 p p Cp−1 n−1 + Cn−1 (n − 1)! (p − 1)!(n − p − 1)! = (1 1 + n−p p (n − 1)! (n − 1)! (n − 1)! + = = (p − 1)!(n − p)! p!(n − p − 1)! (p − 1)!(n − p − 1)! = n n! (n − 1)! = = Cp n (p − 1)!(n − p − 1)! (n − p)p p!(n − p)! n! (n − 1)! n = = Cp n. (p − 1)!(n − p − 1)! (n − p)p p!(n − p)! Táxi e combinatória Guia do professor 4 / 6 = p!(n Bibliografia Carvalho, Paulo Cezar Pinto. Métodos de Contagem e Probabilidade. obmep, 2005. Lima, Elon Lages; Carvalho, Paulo Cezar Pinto; Wagner, Eduardo; Morgado, Augusto César. A Matemática do Ensino Médio, Vol 3, Coleção do Professor de Matemática, (3ª Edição). Rio de Janeiro: sbm, 2000. Krause, Eugene F. Taxicab Geometry. New York: Dover, 1986. Veloso, Eduardo. Geometria: Temas Actuais. Materiais para professores. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 2000. Táxi e combinatória Guia do professor 5 / 6 Ficha técnica Autoras Claudina Izepe Rodrigues e Sueli I. R. Costa Projeto gráfico e ilustrações técnicas Preface Design Universidade Estadual de Campinas Reitor Fernando Ferreira da Costa Vice-Reitor e Pró-Reitor de Pós-Graduação Edgar Salvadori De Decca Revisores Matemática Samuel Rocha de Oliveira Língua Portuguesa Carolina Bonturi Pedagogia Ângela Soligo Matemática Multimídia Coordenador Geral Samuel Rocha de Oliveira Coordenador de Experimentos Leonardo Barichello Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (imecc – unicamp) Diretor Jayme Vaz Jr. Vice-Diretor Edmundo Capelas de Oliveira licença Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Secretaria de Educação a Distância Ministério da Ciência e Tecnologia Ministério da Educação Governo Federal