DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO O FOCO DA POLÍTICA ECONÔMICA REDIRECIONADO PARA O CRESCIMENTO SUSTENTADO DO PAÍS. 1. Anderson Mateus Batista de Rezende 2. Valdir Alcântara de Souza Junior Resumo O Brasil vem sendo favorecido por uma melhora no seu nível de atividade econômica, mostrando um potencial crescimento, proporcionado especialmente pelo impulso na demanda do setor doméstico. No entanto esse crescimento não é garantido a longo prazo. Um país só pode atingir um crescimento sustentado se estiver com a base econômica bem estruturada. É preciso que o Brasil sofra uma migração para um modelo de desenvolvimento mais eficaz, com políticas econômicas consistentes de estímulos ao crescimento da economia e a competitividade das empresas nacionais tanto no mercado interno como externo. Não basta apenas voltar-se macroeconomicamente para taxas relevantes de crescimento, sem antes criar maneiras ou métodos para se desenvolver. Embasado nisto, este artigo tem por objetivo analisar, através de fundamentação teórica juntamente com dados do histórico nacional, a capacidade do país manter e sustentar esse processo de crescimento em função das interações dadas pelos fatores gerados da oferta e demanda agregada, observando a ótica da produção, renda, dispêndio monetário (consumo) e formação bruta de capital fixo (investimento), ou seja, a capacidade do Brasil manter esse ritmo favorável de crescimento em um nível sustentado. Introdução Sendo PIB (Produto Interno Bruto), a soma dos valores monetários de tudo o que o país produziu. O PIB é uma medida de crescimento econômico de um país, ele mensura o quanto o país esta sendo capaz de produzir. No Brasil o cálculo do PIB é realizado através de acompanhamento setorial de áreas como agricultura, indústria, construção civil e transporte, pelo IBGE, órgão responsável pelas estatísticas oficiais. O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia, para mensurar a atratividade econômica de uma região. É possível observa – lo sobre três óticas; ótica da renda, produção e do dispêndio. Pela ótica da renda: é somada toda renda gerada ao longo do processo produtivo. Sua composição se da: PIB = W + L + T Sendo: W: salários e contribuições sociais. L: juros, aluguéis e lucros distribuídos. T: tributos indiretos, subsídios e depreciação do capital. Pela ótica a demanda: são somados todos os gastos gerados pelos agentes econômicos, bens e serviços. Composto: PIB = CF + CG + FBCF + (X – M) Sendo: CF: consumo das familiais CG: consumo do governo FBCF: formação bruta de capital fixo X: exportações M: importações Na ótica da oferta, analisa – se a soma do valor adicionado de todas as atividades econômicas com os tributos indiretos e subtrai – se os subsídios e a depreciação de capital. PIB = VA + II – S – DC VA: valor adicionado de todas as atividades econômicas. II: tributos indiretos S: subsídios DC: depreciação do capital Para cálculo do PIB adota – se como referência as recomendações contidas no SCN (Sistema de Contas Nacionais) proposto pelas Nações Unidas. Evolução econômica do Brasil em quatro grandes etapas: • 1985 - 1994: Processo hiperinflacionário e desorganização das finanças públicas; e abertura econômica do país para o mercado internacional; • 1994 - 2006: Processo de estabilização macroeconômica, ajuste estrutural, políticas fiscais e monetárias contracionistas; • 2003 - 2006: Ajuste das políticas sociais com pequena queda na desigualdade; • 2006 - 2007: Início de um novo ciclo de desenvolvimento. O foco desse artigo está exatamente nesse novo ciclo de desenvolvimento, mostraremos aqui como ele vem surgindo e suas implicações para o desenvolvimento sustentado da economia. Com crescimento de 5,4% o PIB atingiu 2,6 trilhões de reais em 2007. O resultado do valor adicionado decorreu do desempenho da agropecuária (5,3%), indústria (4,9%) e serviços (4,7%). A economia brasileira só não superou o crescimento de 2004, quando o PIB alcançou uma taxa de 5,7%. Mas ao contrário do que aconteceu em 2004 quando o crescimento se deu especialmente pelas exportações com aumento de 15,3%, em 2007 o crescimento da economia foi puxado principalmente pelo aumento de 6,5% do consumo das famílias contribuindo com uma taxa de 6,9 ponto percentual no PIB, proporcionando destaque importante para o comércio varejista, com expansão recorde nas vendas de 9,6% e crescimento na receita nominal de 14,1%, confirmando a força da demanda interna e caracterizando um processo de retomada do crescimento econômico do país antes mantido abaixo da média mundial. Enquanto o setor externo teve contribuição negativa de 1,4%, já que as importações cresceram 20,7% e as exportações 6,6%. Em 2004 o consumo das famílias teve uma pequena variação de 3,8% em relação ao ano anterior. Essa retomada da economia elevou o nível de utilização da capacidade instalada no sistema industrial, o que induziu a expansão dos investimentos chegando à taxa de 17,6% em relação ao PIB (somado à variação dos estoques) com um crescimento no ano de 13,4%, trazendo impactos diretos ao mercado de trabalho. O desempenho favorável das nossas contas públicas, a queda da taxa de juros e uma meta inflacionária mais baixa também contribuíram para o desempenho dos investimentos no país, que teve o seu maior crescimento desde o início da série do PIB, em 1996. Já o PIB per capita que vem sendo favorecido pelo menor crescimento da população (densidade demográfica) teve um crescimento de 4% em 2007, já descontada a inflação, chegando a R$ 13.515. Fonte: IBGE, Coordenador de Pesquisas. O crescimento do Brasil vem sendo praticamente puxado pela demanda agregada. A demanda agregada é bastante importante de se notar para explicar o quanto é o nível que esta sendo utilizado para a capacidade produtiva, mas não influencia diretamente com nenhum impacto na expansão de capacidade produtiva. Os componentes da demanda agregada são: DA = C + I + G + (X-M). Sendo: DA = Demanda agregada C = Consumo das famílias e I = Investimento (Formação bruta de capital fixo) G = consumo do governo X = Exportações M = Importações. Abaixo analisemos histórico dos componentes de Demanda Agregada. Valores dos componentes da demanda agregada (em R$) Em milhões de R$ Ano PIB FBCF Balança Comercial CF CG M X SBC 1994 349.204,68 72.453,28 208.256,34 62.387,92 31.993,03 33.220,11 1.227,08 1995 705.640,89 129.296,71 430.533,79 148.433,46 61.920,10 51.207,07 (10.713,03) 1996 843.965,63 142.381,83 533.863,12 169.603,54 70.605,99 55.420,85 (15.185,15) 1997 939.146,62 163.133,85 595.877,51 186.853,61 84.714,37 64.056,05 (20.658,32) 1998 979.275,75 166.174,06 616.217,98 202.107,72 87.471,19 67.890,19 (19.581,00) 1999 1.064.999,71 166.746,36 674.525,85 216.173,79 115.191,20 100.229,07 (14.962,14) 2000 1.179.482,00 198.151,00 742.893,00 226.085,00 138.492,00 117.691,00 (20.801,00) 2001 1.302.136,00 221.772,00 810.156,00 258.043,00 175.748,00 158.619,00 (17.129,00) 2002 1.477.822,00 242.162,00 891.479,00 304.044,00 185.954,00 208.323,00 22.369,00 2003 1.699.948,00 259.714,00 1.031.028,00 329.596,00 205.272,00 254.770,00 49.498,00 2004 1.941.498,00 312.516,00 1.135.125,00 373.284,00 243.622,00 318.892,00 75.270,00 2005 2.147.239,00 342.237,00 1.265.094,00 427.553,00 247.362,00 324.842,00 77.480,00 2006 2.332.935,54 385.007,04 1.407.940,25 463.006,63 272.332,58 340.456,71 68.124,13 2007 2.558.821,35 449.557,65 1.557.543,82 503.309,65 315.830,80 354.943,13 39.112,33 Fonte: IBGE - SCN Esse crescimento da economia brasileira se deve principalmente ao impulso monetário e seu impacto sobre o mercado de trabalho, que também sofreu benefícios de um cenário macroeconômico mais estável, proporcionado por uma série de variáveis econômicas. Entre essas variáveis destacaram-se: • Os efeitos do aumento da massa salarial real; • A solidez das contas externa devido ao crescimento das exportações provenientes do aumento da demanda externa; • O elevado nível de reservas internacionais; • Um sólido balanço de pagamentos; • O aumento dos investimentos; • A estabilidade econômica do país, com inflação dentro das metas, que forneceu confiança aos consumidores e empresários; e também as consecutivas reduções da taxa básica de juros. • O forte consumo interno devido ao impulso monetário dado pelo aumento da massa salarial real; • Redução da taxa de juros, nominal e real. Estabilidade econômica traz confiança para o mercado interno. Todos esses fatores proporcionaram uma melhor estabilidade econômica ao país fornecendo confiança aos consumidores e empresários possibilitando por parte destes últimos um maior nível de investimento que traz impacto direto no mercado de trabalho e na produção industrial. E por parte dos trabalhadores (consumidores) um aumento do consumo seguido a um melhor nível de qualidade de vida. Com isso o país parece estar vivendo um ciclo de expansão com maior capacidade de crescimento. No entanto resta nos saber quão forte é essa expansão e qual sua sustentabilidade. O maior desafio do Brasil quando se trata de crescimento sustentado e acelerado está em sua formação de investimentos, em particular na infra-estrutura. Para tanto, é preciso que o Brasil sofra uma migração para um modelo de desenvolvimento mais eficaz, com estímulos ao crescimento da economia e a competitividade das empresas nacionais tanto no mercado interno como externo, com a criação de condições macroeconômicas e regulatórias para que as empresas privadas façam mais investimentos, e especialmente em infra-estrutura, onde hoje o governo brasileiro já não tem mais capacidade para desempenhar um significativo papel de investidor como fez no passado, mesmo com a elevadíssima carga tributária que temos o governo não consegue resolver o problema do déficit da previdência e nem financiar seus próprios gastos. Esse desafio esta nas mãos do setor privado. O governo de FHC nos mostrou isso através das privatizações, deixando aos dirigentes privados a responsabilidade de investimentos que fez formar novas organizações privadas mais capitalizadas e dinâmicas, com melhores níveis de gestão e estratégia, liberando a economia de atividades de regulamentações burocráticas, como promovendo potencialidades de expansão setorial. O financiamento da infra-estrutura, bem como o aumento dos níveis de investimentos de um modo geral dependerá muito das finanças públicas, do perfil da dívida pública e do custo do capital para que o setor privado faça sua parte. Faz-se necessário um redirecionamento dos gastos do governo para o verdadeiro sentido produtivo do país, tais como investimentos para o desenvolvimento sócio-econômico, investimentos em benéfico da igualdade social, educação, saúde, segurança, saneamento básico, estradas, portos, infra-estrutura para crescimento demográfico, etc. É preciso criar novos mecanismos de gestão para alavancar os recursos públicos disponíveis, e com isso alavancar também o setor produtivo através de uma maior demanda dos trabalhadores gerando em contrapartida uma necessidade de ampliação da oferta que só se faz com novos investimentos na indústria, em muitas vezes com a renovação da cadeia produtiva, o que gera novos empregos, e faz necessários investimentos em pesquisa e tecnologia, voltando a favorecer a população, a indústria, o governo, proporcionando à economia um ciclo virtuoso de sucesso. Variação real anual dos componentes da demanda agregada (em %) Período Consumo famílias Consumo governo FBCF Exportações Importações 1994 7,4430 0,3330 13,0324 4,0096 20,3476 1995 8,6219 1,3453 8,0931 (2,0328) 30,6848 1996 3,3854 (1,8263) 5,7387 (0,4193) 5,5948 1997 3,0406 1,2469 9,7470 11,0198 14,5954 1998 (0,6097) 3,2220 (2,7467) 4,9084 (0,0576) 1999 0,3369 1,6882 (12,2233) 5,7062 (15,0938) 2000 3,9339 (0,1511) 10,2840 12,8606 10,7986 2001 0,6726 2,7428 (2,6099) 10,0475 1,5149 2002 1,8206 4,7457 (11,1142) 7,4171 (11,8203) 2003 (0,6543) 1,1541 (1,7343) 10,3988 (1,6187) 2004 3,8062 4,0926 11,8413 15,2938 13,3004 2005 4,5154 2,3036 (2,4701) 9,3311 8,4721 2006 4,6389 2,8438 11,1060 4,6644 18,3402 2007 6,5228 3,0694 13,7137 6,6145 20,6530 Fonte: SCN IBGE - elaboração própria Analisando nossa balança comercial constata-se que é necessária uma redução nos coeficientes de importação em contrapartida da elevação das exportações resultando no aumento da competitividade e dos excedentes exportáveis, reduzindo assim nossos déficits comerciais. A internacionalização da economia brasileira está sendo um importante fator para o crescimento do país, dando competitividade as empresas locais, fazendo com que essas busquem inovação, tecnologia, com que invistam de forma necessária em seu negócio. Mas é preciso criar um modelo de inserção na economia global que gere valor adicionado aos produtos das indústrias brasileiras para que consigamos contrapor-se às influências da China e Índia sobre a competitividade global. O quanto seja o crescimento do país, em taxas relevantes, ou demasiadas pelo consumo, ou balança de pagamento, o que deve – se levar em consideração é de como são dados tais fatores. Vamos entender como os fatores citadas acima vem influenciando no crescimento da economia: Forte consumo interno devido ao impulso monetário dado pelo aumento da massa salarial real e da redução da taxa de juros em contrapartida da inflação. O salário do cidadão brasileiro sofreu consideráveis aumentos nos últimos anos, aumentos esses às vezes até mesmo acima da inflação registrada nos mesmos períodos. No entanto se analisarmos o que mais afeta o bolso do trabalhador constataremos que para uma inflação oficial de 4% a inflação dos alimentos passou de 12%, com destaque para o feijão (138%), batata (72%), leite (20%) e carnes (20%), enquanto o aumento do salário mínimo foi de 9%, registrando um aumento da massa salarial real de 3,6%. Mesmo com a queda do desemprego e com um pequeno aumento da média salarial em relação a 2006, a tendência dos salários foi de seguir perdendo espaço para os altos preços dos produtos de necessidades básicas, como os alimentos. Em 2007 ocorreu uma elevação de 3% nos postos de trabalho, gerando 1,6 milhão de empregos formais. Apesar desse crescimento já durar quatro anos, e a maioria dos reajustes salariais terem alcançado a inflação oficial não foi possível recuperar o nível salarial de 2002, quando o poder de compra das famílias era mais garantido. 90% dos empregos criados no governo Lula pagam abaixo de dois salários mínimos. Em 2003 a participação dos salários na renda foi de apenas 25,7%, enquanto que no governo FHC essa participação ficou acima de 35%. De qualquer forma foi o consumo doméstico que motorizou o crescimento da economia em 2007, no entanto, devemos saber se esse forte consumo das famílias foi proporcionado realmente pelo aumento real da massa salarial dos trabalhadores, ou foi proporcionado pelo aumento do crédito. Analisando a expansão do crédito no mesmo período percebemos um aumento abrupto de 28,8% no saldo das operações de crédito do sistema financeiro com recursos livres para pessoas físicas, o que comprova que a expansão da demanda interna foi favorecida não só pelo aumento da renda dos trabalhadores e por mais empregos, mas especialmente pelo crédito. Hoje o cidadão tem uma facilidade maior em conseguir crédito no mercado para a compra de produtos para atenderem suas necessidades e desejos, hoje o cidadão sem grande burocracia financia sua compra no banco ou no próprio estabelecimento de venda com prazos exuberantes. Com juros mais baratos há mais facilitações de empréstimos por parte dos bancos na necessidade de esgotar seus excedentes de caixa, o que proporcionou um aumento da demanda por parte do setor doméstico e um aumento dos investimentos por parte da indústria. A redução dos juros reais, proporcionada pelas constantes quedas da taxa Selic contribuiu de forma positiva para a retomada de decisões de produção e adições ao estoque de capital. Os setores produtivos mais sensíveis às variações das taxas de juros reais (indústria de bens de capital, de bens duráveis de consumo e da construção civil) tiveram a oportunidade de se beneficiarem com tais reduções dos juros. A taxa de juros atual no Brasil ainda é elevada e é considerado um obstáculo ao crescimento, mas preocupações com a inflação futura exigem manutenções conservadoras já que a taxa de juros que entra no cálculo econômico é taxa real esperada para o futuro, onde o emprestador exige um prêmio de risco inflacionário muito elevado devido à volatilidade inflacionária, o que faz elevar os juros. Sabemos que o aumento da demanda favorece a economia, no entanto nem sempre tudo o que favorece a demanda pode ser benéfico para o país, principalmente quando alguns fatores são tidos como em excesso. O crédito é bom até o ponto em que ele não afeta a adimplência dos credores, crédito em excesso pode significar crédito sem lastro, que faz com que o tomador seja endividado sem ter garantias concretas para assumir suas dívidas, trazendo graves conseqüências no futuro, fato que se comprovado certamente exigirá do governo uma política mais rígida e cautelosa, o que passa a ser uma ameaça para o crescimento econômico, porque ai o governo vai ter que elevar juros e restringir esse crédito, o que indiretamente desestimula o consumo e barra a expansão aos investimentos. Em grande média o consumo que provocou o crescimento da economia veio de um aumento do endividamento dos trabalhadores e não da distribuição de renda. Para combater a deterioração do salário é preciso aumento de salários de acordo com o aumento do custo de vida da sociedade, aumentos que atendam as necessidades básicas das famílias, e não de índices de inflação que não medem os preços dos produtos que mais afetam a renda dos trabalhadores. Enquanto isso não acontecer a manutenção dos custos de vida das famílias de classes baixas continuaram a depender da Bolsa-Família e das transferências do governo, e sua contribuição para o consumo permanecerá deprimido. Quanto ao crescimento da massa total de rendimentos é provável um recuo nesse ano em conseqüência do impulso monetário mais fraco dado pela incerteza dos mercados sobre as conseqüências da “crise americana”, o que refletirá negativamente na criação de novas vagas no mercado de trabalho. Com isso pode-se analisar o impacto da distensão monetária sobre a atividade econômica, e perceber se o ritmo de crescimento moderado contribui para a formação de um cenário inflacionário mais suave. Embora o tema inflação ainda seja um gargalo, pois não se pode falar em crescimento que já aparece inflação no Brasil, temos que admitir que hoje a inflação esta controlada e mantida dentro das metas do governo. A indústria está aumentando a oferta devido ao maior nível dos investimentos, o que faz controlar a inflação e expandir o PIB. "Estamos acelerando o crescimento econômico sem inflação. Isso é uma novidade no Brasil", disse recentemente o ministro da Fazenda Guido Mantega. "A economia cresce de forma robusta e equilibrada. O importante é a qualidade desse PIB que vem acompanhado do melhor resultado de Formação Bruta de Capital Fixo”, afirmou Mantega sinalizando os investimentos. A solidez das contas externa e a solidez do balanço de pagamentos devido ao crescimento das exportações provenientes do aumento da demanda externa. Outro fator que contribui bastante para esse cenário favorável foi à solidez das contas externa, proporcionado pela forte demanda de produtos por parte dos países asiáticos beneficiando a balança comercial brasileira, em especial a China, para onde o Brasil tem exportado significativamente suas commodities com grandes elevações de preços, que vem se repetindo no decorrer desse ano, como ajustes de até 71% nos preços do minério de ferro. Esses ajustes de preços favorecem a nossa balança comercial, sendo o Brasil um grande exportador de minério, o que também tem seus lados negativos, pois certamente esse custo será repassado ao consumidor final elevando as projeções inflacionárias na Ásia e Europa, mas também no Brasil que acaba buscando de volta o produto final do qual é derivado das suas exportações de produtos primários. Com isso o Brasil vem sendo beneficiado por um sólido balanço de pagamentos proporcionado pelo aumento das exportações de commodities, “compensando” em parte o alto nível das importações de bens de capital pelas indústrias. Evidente que o crescimento da economia internacional, com destaques para os países asiáticos tem favorecido o crescimento do Brasil, mas nem sempre é assim que as coisas acontecem. Podemos citar como prova disso o aumento no preço do leite no ano passado, dado pelo aumento da renda dos chineses que passaram a importar uma quantidade maior desse produto elevando os níveis de preços nos países produtores, como no caso do Brasil. No entanto é a continuidade do excesso de demanda do mercado global que irá continuar ditando os preços dos bens primários. O preço é o fator restritivo da demanda. Hoje o Brasil exporta mais não porque ele se tornou economicamente uma potência produtiva, hoje ele exporta mais porque a demanda externa aumentou, e com isso se fez necessário novos investimentos por parte da indústria interna, o que também justifica a elevação da nossa taxa de formação bruta de capital fixo (FBCF). Valorização cambial favorece aumento dos investimentos e prejudica exportação. Além das grandes exportações brasileiras de commodities outro causador da desvalorização do dólar tem sido a arbitragem ou especulação entre taxas de juro. Com a situação atual títulos de outros países estão mais atrativos e com maior demanda do que os títulos americanos, assim são tidos a entrada de dólares no país, por conseqüência a moeda local sofre valorização, porém essa valorização em relação ao dólar não está só no Brasil, e sim no mundo todo. Com o dólar barato empresas brasileiras estão investindo mais em seus negócios, estão comprando novas máquinas para aumentar suas produções, o que favorece o mercado de trabalho e conseqüentemente o consumo, com mais pessoas assalariadas mais essas empresas vão vender seus produtos. Com o dólar barato o país hoje importa mais, mas também investe e emprega mais. A valorização do real não é um aspecto que pode ser considerado de importância para o crescimento do país, pois é favorável em alguns aspectos, mas desfavorável em outros, como os setores que dependem da exportação, com o real valorizado suas mercadorias chegam ao exterior com preços altíssimos o que impossibilita sua competitividade. O endividamento público é outro fator que é prejudicado pela valorização do câmbio, pois hoje o Brasil é credor líquido em moeda estrangeira, ou seja, quanto mais barato estiver o dólar menos valerá os estoques de dólares do governo brasileiro. Uma prova de que a apreciação cambial também prejudica é o resultado negativo de quase 50 bilhões de reais registrado pelo Banco Central em 2007, que foi favorecido em uma parte pela variação cambial e seus efeitos nos contratos de swap cambial, através da troca da variação cambial por outro indexador, como por exemplo, CDI. Se o dólar continuar sofrendo grandes quedas o Banco Central provavelmente reverá sua política monetária, pois não será possível sustentar a Selic no patamar atual, como parece ser o desejo dos governantes. A taxa de juro básico terá de começar a subir, pois do contrário os modelos da inflação estimados pela econometria não serão atingidos. Em contrapartida tem- se os investimentos estrangeiros, que para controlá-los é necessário uma política de sentido oposto, embora não seja necessária uma grande queda dos juros destinada a amenizar o ingresso de capital externo especulativo, deverá ser apenas para conter aos patamares desejáveis de inflação, porém o viés de baixa dos juros devido à apreciação do câmbio persistirá sobre as projeções do juro. O aumento na taxa de investimentos do Brasil vem favorecendo o crescimento do país, no entanto não é suficiente para sua sustentabilidade no longo prazo. Três novas medidas do Ministro da Fazenda para conter a valorização cambial e estimular as exportações brasileiras. Governo adotou no final do primeiro trimestre de 2008 novas medidas para atenuar a queda do saldo da balança de pagamentos, proporcionadas pelo resultado favorável do crescimento do PIB com o aquecimento da economia, elevando as importações e reduzindo o superávit comercial. Entre elas a mais cogitada é à medida que acaba com a cobertura cambial sobre as exportações. Com a nova medida os exportadores não mais serão obrigados a trazer para o Brasil os dólares provenientes de suas exportações. Antes o exportador era obrigado a trazer para o Brasil o mínimo de 60% do valor exportado em dólar, com a mudança o exportador poderá deixar os 100% das receitas provenientes das exportações no exterior para pagar suas obrigações em dólar, reduzindo assim custos para a empresa. De qualquer forma essa medida não irá garantir que o exportador internalize os dólares no país que recebeu as exportações, pois certamente ele prefere trazer a quantia e aplicar no Brasil para ganhar com as altas taxas de juros e que ainda o beneficia com sua garantia de liquidez. Em outra medida criou um IOF de 1,5% sobre aplicações estrangeiras e investimentos de renda fixa em títulos do Tesouro Nacional, o que compensa o incentivo da alíquota zero de imposto de renda dado ao investidor estrangeiro. Medida essa que gera desconforto para o investidor estrangeiro, pois ora ele tem estímulos, ora ele é penalizado. E por fim a outra medida anunciada foi à isenção da alíquota de 0,38% de IOF nas operações de câmbio sobre exportações. O ministro Guido Mantega ao anunciar essas medidas explicou que o objetivo é punir o capital especulativo de curto prazo. Todas essas três medidas têm como objetivo único reduzir a entrada de dólares no país, o que desvalorizaria o real frente o dólar e favorece as exportações. Porém o problema do crescimento das nossas importações não está só na quantidade de dólares no mercado interno ou na sua cotação, mas também no ritmo acelerado da demanda interna que está acima da capacidade de oferta do setor produtivo interno, assim são feitas importações para suprir essa necessidade excedente do mercado. Então tais medidas pouco refletirão na cotação do dólar, pois o que contribuiu para sua forte desvalorização não foi somente à entrada de investimentos estrangeiro e também o atual panorama internacional que vem provocando sua queda no mundo inteiro, e não só no Brasil. Assim o que governo precisa é reduzir os altos custos de exportação dando competitividade aos produtos brasileiros no exterior e não implantar medidas sem préstimo. O elevado nível de reservas internacionais e a difícil gestão do governo. Brasil deixou de ser devedor externo passando a ser credor. Algum tempo atrás o Brasil chegou perto do calote da dívida pública, por ironia do destino hoje ele é credor externo. O fato de o Brasil ser credor externo eleva o seu grau de confiança diante dos investidores internacionais, diminuindo o risco-país e por conseqüência o custo de captação do setor privado, assim os empresários conseguem taxas de juros menores devido ao maior nível de confiança, possibilitando o financiamento de investimentos da cadeia produtiva. Embora o problema do Brasil não seja hoje e nunca foi só dívida externa, existe um gargalo ainda maior que é a dívida interna, que está exatamente na gestão governamental, resta ao Brasil um desafio ainda maior, o de resolver o problema da dívida interna, articulando melhor sua gestão de gastos e resolvendo o problema da previdência. Em 2007, a arrecadação do governo federal teve um aumento real (descontado a inflação) de 11,09%, o equivalente a cerca de 61 bilhões de reais somando uma arrecadação total de mais de 615 bilhões de reais em valores corrigidos pela inflação. Deste valor foi gasto em torno de 237 bilhões com juros e amortizações da dívida interna e externa (sem contar o refinanciamento, ou seja, a chamada “rolagem” da dívida), dinheiro este que vai para o bolso dos banqueiros e empresários milionários. Com a saúde o gasto foi de apenas 40 bilhões, com a educação 20 bilhões e com a reforma agrária 3,5 bilhões, ou seja, no Brasil se gasta mais com a dívida do que com saúde, educação e reforma agrária junto, ainda sim o governo afirma que a distribuição de renda está em bom nível e que a dívida não é problema para o crescimento do país. As receitas do governo aumentaram mais do que os gastos, isso permitiu o governo gastar sem comprometer o superávit primário (valor destinado ao pagamento dos juros da dívida pública) favorecendo ainda mais a credibilidade do país. De fato, a dependência brasileira diminuiu expressivamente, permitindo sua valorização de rating. Percebemos agora, na última semana essa valorização de rating com a intitulação do Grau de Investimento (Investiment Grade) pela agência de avaliação Standard & Poor’s que no atual momento de incerteza e instabilidade da economia internacional é um fato considerado significativo para o Brasil, que possibilita a diminuição de spread de captação do setor público e privado beneficiando a formação dos projetos de investimentos. Mas tal titulação passa longe de ser um certificado de desenvolvimento, é preciso fazer mais. Porém essa alegria pode não durar muito tempo se os EUA continuar reduzindo a “nada” sua taxa de juros, o que afeta diretamente as reservas cambiais do Brasil através dos empréstimos por parte do setor privado brasileiro. Mas para isso acontecer o setor financeiro americano tem primeiro de retomar o seu domínio, pois atualmente ele está mais tomando emprestado do que efetivamente emprestando. Se o Brasil é credor externo porque ele não líquida sua dívida externa ao invés de ficar pagando juros e amortizando parcelas quase que insignificantes? Uma resposta objetiva é o impacto que isso daria no câmbio, o Brasil quitaria sua dívida externa, assim não teria mais reservas em dólar, com isso o dólar frente ao real teria uma sublime alta. Os aumentos das reservas cambiais do país têm como principal objetivo proteger o país de choques externos. Com a liquidação, o Brasil se tornaria novamente um país facilmente vulnerável devido a não ter reservas internacionais. Como se dá o crescimento sustentado de uma economia. Crescimento sustentado é a capacidade de um país crescer economicamente sem que perca o foco em seu desenvolvimento. Crescimento é um fenômeno quantitativo e desenvolvimento é estrito ao crescimento. Tão bem seja o crescimento econômico do país e qual maior seja este, o que deve – se analisar em conjunto é a forma em que este país esta se desenvolvendo. Desenvolvimento este combatendo em contra – partida fatores sociais. Uma estabilidade econômica, deve – se notar principalmente os fatores aos redores que automaticamente são influenciados, e uma não prevenção para manter este desenvolvimento causará uma impotência ao próprio fato que vem mantendo este constante crescimento. Embora o Brasil esteja crescendo em grande proporção, pelo lado sustentado deve – se analisar se este crescimento proporcionará: • Direcionamento do gasto do governo. o Uma melhor distribuição pelo gasto do governo direcionando-o para educação, saúde e infra – estrutura para crescimento demográfico, o que nivelará a uma taxa de certa forma positiva para igualdade social. • Influencia do consumo das famílias. o O consumo das famílias em aumento proporcionará uma ampliação pelo lado das empresas que ofertam, via de regra, estas empresas, ao sentir um aumento pelo lado da produção vêem – se obrigadas a aumento sua capacidade produtiva, possibilitando maior investimento e maiores níveis de emprego. Crescimento sustentando se dá quando a produção cresce em linha com a capacidade produtiva, é o resultado da ampliação da capacidade produtiva potencial da economia, com geração de empregos, distribuição de renda e inclusão social, de forma duradoura e constante assegurando a manutenção do fator gerador do crescimento. Esses fatores são dados pela capacidade e qualidade da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), ou seja, a aceleração dos acréscimos à capacidade produtiva da economia; pelo próprio crescimento da produção da nação (PIB); pelo consumo das famílias (CF); pelo consumo do governo (CG); e por fim pela balança comercial desta nação (exportações-importações). Contribuições para o crescimento do PIB - Demanda agregada Período CF CG FBCF Exportações Importações 1994 4,4719 0,0588 2,7168 0,4211 (1,8508) 1995 5,1418 0,2404 1,7923 (0,1934) (2,8112) 1996 2,0655 (0,3842) 1,0345 (0,0304) (0,4909) 1997 1,9234 0,2506 1,6609 0,7236 (1,2210) 1998 (0,3869) 0,6411 (0,4786) 0,3348 0,0052 1999 0,2120 0,3484 (2,0814) 0,3956 1,3482 2000 2,4916 (0,0307) 1,6842 1,2103 (1,1680) 2001 0,4237 0,5257 (0,4763) 1,0026 (0,1779) 2002 1,1328 0,9405 (2,0037) 0,9035 1,5954 2003 (0,3947) 0,2374 (0,2809) 1,4659 0,2037 2004 2,3085 0,7935 1,8675 2,2921 (1,6060) 2005 2,6400 0,4429 (0,4228) 1,5326 (1,0631) 2006 2,7331 0,5663 1,7998 0,7056 (2,1128) 2007 3,9365 0,6092 2,3153 0,9653 (2,4109) Pela tabela acima verificamos que os investimentos antes mantidos num patamar de 15% sofreu um avanço de 13,4% no ano de 2007, puxado especialmente pela produção e importação de máquinas, equipamentos e bens de capital destinados á produção (com aumento de mais de 20% neste último), favorecido pela queda dos juros e o aumento do crédito às empresas, e também pela ampliação do mercado doméstico promovido pela estabilização da economia brasileira que está impulsionando o mercado para um novo ciclo de investimentos, no entanto todo esse avanço não tem sido suficiente para atrair investimentos que nos garantam o tão desejado crescimento sustentado. A FBCF é composta em torno de 40% pela construção civil e 60% pelas máquinas e equipamentos, com variação de 5,1% e 19,3% em 2007 respectivamente. Os projetos atuais de investimento das indústrias brasileiras apresentam baixos coeficientes de capital e de emprego com elevados coeficientes de importação, assim se poder de produção de equipamentos e geração de renda é reduzido. Se analisarmos e compararmos nossa taxa de investimento a de países como a China, por exemplo, constataremos que nossos investimentos estão abaixo do desejado. Enquanto aqui temos uma taxa em torno de 17% em relação ao PIB, na Ásia emergente essa taxa gira em torno do dobro disso. Lá eles crescem a taxas robustas anos seguidos, aqui no Brasil esse crescimento é lento, e quando acontece já vem à preocupação com a inflação. Contudo a evolução do setor de bens de capital é o elemento mais preocupante para o crescimento do Brasil, constatado que sofremos de uma deficiência nesse setor. Para que o Brasil atinja o crescimento sustentando, faz-se necessário que a expansão da demanda doméstica percebida nos últimos anos venha acompanhada em linha pelo aumento dos investimentos no setor produtivo. A resposta do investimento à expansão do consumo doméstico tem sido, até agora, relativamente modesta. O fato de a taxa de investimento na economia brasileira ter permanecido relativamente estagnada no período é prova disto. Pela tabela acima podemos verificar que a taxa de investimentos na economia brasileira permaneceu por anos, estagnada, com poucas oscilações, e o PIB cresceu a partir de 2004 de forma não tão boa, mas significativa para o momento do país. Esse crescimento do PIB só foi possível porque as empresas conseguiram aumentos significativos de produção sem recorrer a ampliações equivalentes da capacidade produtiva, utilizando da capacidade ociosa e também pela introdução de técnicas de produção mais eficientes. Desta forma, as reestruturações produtivas das empresas lhes deram força de competitividade tanto no mercado nacional como internacional, melhorando a qualidade de seus bens e serviços em função de suas especialidades. Devemos considerar também os fluxos de investimento direto do estrangeiro (IDE) que vêm financiando os déficits do Balanço de Pagamentos, que após a crise do petróleo nos anos 70 e a crise da dívida externa na década de 80 formou situações nulas na economia brasileira e que vêm aumentando significativamente a partir de 1990 com o processo de abertura econômica dada pelo movimento de privatizações e em 1994 pelo Plano Real. O desenvolvimento de uma economia é dado em três etapas. A primeira é a importação de tecnologia, países subdesenvolvidos se desenvolvem importando tecnologia obsoleta de países desenvolvidos, seguindo a essa primeira etapa vem à assimilação dos produtos, o mercado vê a necessidade do desenvolvimento através de investimentos em pesquisa, ciência e tecnologia, com isso as empresas nacionais começam numa terceira e mais avançada etapa, a de fabricar seus próprios equipamentos produtivos. Analisando nossa balança comercial constata-se que é necessária uma redução nos coeficientes de importação em contrapartida da elevação das exportações resultando no aumento da competitividade e dos excedentes exportáveis. Desta forma estaríamos reduzindo nossos déficits comerciais. A internacionalização da economia brasileira dada na década de 90 está sendo um importante fator para o crescimento do país, dando competitividade as empresas locais, fazendo com que essas busquem inovação, tecnologia, e com que invistam de forma necessária em seu negócio. Será que o Brasil está tão bem assim? Será mesmo que o país está vivendo um de seus melhores momentos econômico? O Brasil está longe dos anos 50, 60 e 70, quando a economia brasileira crescia a taxas de 7% ao ano, mas a Estatística prova que estamos nos recuperando. Com um considerável aumento do consumo, da renda, e investimentos recordes na produção realmente o país está mais estabilizado que há anos, amos de seremos um pouco otimistas com o país em que vivemos. Nosso ciclo de crescimento vem sendo alimentado pelos investimentos privados e pelo consumo doméstico, estamos menos dependentes do cenário internacional o que nos deixa de certa forma imune a crises como a que vem ocorrendo nos Estados Unidos, mas de fato se não houver mudanças drásticas na gestão e no planejamento do Brasil responderemos no futuro pelo fracasso. O desafio para sustentar o crescimento do país está em conciliar: • Crescimento econômico; • Prudência fiscal; • Inclusão social; • Capacidade competitiva; • Inserção na economia global que gere valor adicionado; • Sustentabilidade ambiental; • Integração regional; • Inserção internacional. A crise americana pode afetar o Brasil? Todas as economias abertas integradas no comércio internacional e fluxo de capitais vão sofrer o impacto da crise, ninguém está imune. No mercado europeu esse impacto já vem acontecendo, como por exemplo, as várias demissões no setor bancário e produtivo. Temos visto que no Brasil a inflação vem sendo controlada, a massa salarial vem sendo elevada proporcionando o crescimento do mercado interno pela maior demanda, o desemprego diminuindo, o crescimento e a produção industrial seguido de investimentos aumentando, e também as exportações se superando. O Brasil está com uma economia mais estável beneficiada por um crescimento impulsionado pela demanda interna que foi proporcionado devido à expansão do crédito com prazos maiores e taxas de juros menores; rendas e emprego em expansão devido aos maiores investimentos das empresas proporcionado também pela desvalorização do dólar (com o dólar barato o custo de formação de capital fixo fica menor); por um sólido balanço de pagamentos; o elevado nível de reservas internacionais; e a inflação dentro das metas. Com isso o Brasil está mais bem preparado para enfrentar uma crise como essa dos EUA, mas certamente não passará imune, pois o mundo é globalizado e o mercado de certa forma é plano. A atual situação dos Estados Unidos foi proporcionada por problemas no setor financeiros. Os resultados dos bancos brasileiros sustentados pela expansão do crédito vêm demonstrando que estão imunes à crise das hipotecas americanas, enquanto estão tendo lucros extraordinários os bancos americanos estão baixando prejuízos nunca vistos antes. A crise que os Estados Unidos vêm sofrendo é uma crise financeira que torna difícil mediar às perdas, devido ao uso de derivativos entre os bancos de diversos países que espalhou os títulos podres de hipotecas pelo mundo. E enquanto não houver clareza do tamanho do prejuízo o fator psicológico do mercado permanecerá afetado, devido á desconfiança em relação á solvência das instituições e assim permanecerá a dúvida do impacto nas economias emergentes como o Brasil. Como o mercado financeiro brasileiro não está envolvido com os títulos podres do subprime, hoje o país só será afetado pela crise americana se esta atingir diretamente as commodities brasileiras, ou indiretamente através dos mercados asiáticos, reduzindo a demanda por esses produtos. De qualquer forma o impacto não pode ser tão grande assim, embora grande exportador de commodities o Brasil tem hoje uma pauta de exportação diversificada. Referências Bibliográficas DUPAS, Gilberto. O Mito do Progresso. 1. ed. São Paulo: Unesp, 2006. DUPAS, Gilberto .Espaços Para o Crescimento Sustentado da Economia Brasileira. 1. ed. São Paulo: Unesp, 2007. BRESSES-PEREIRA, Luiz Carlos. Desenvolvimento e Crise no Brasil: história, economia e política de Getúlio Vargas a Lula. 5.ed. São Paulo: 2003. SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento Econômico. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2005. DILLARD, Duddley. A Teoria Econômica de John Maynard Keynes. 4. ed. São Paulo: Pioneira, 1982. FURTADO, Celso. Introdução ao desenvolvimento: enfoque histórico-estrutural. 3.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.