Desporto, estilos de vida e satisfação com a vida dos adolescentes
Um estudo realizado em diferentes contextos com alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico
Tese apresentada às Provas de
Doutoramento em Ciências do
Desporto, nos termos do Decreto-Lei
n.º 74/2006 de 24 de março.
Orientador: Prof. Doutor Nuno José Corte-Real Correia Alves
Tiago Paupério Ferreira Vieira
Porto, outubro de 2013
Ficha de catalogação:
Paupério, T. (2013). Desporto, estilos de vida e satisfação com a vida dos
adolescentes - Um estudo realizado em diferentes contextos com alunos do 3º
Ciclo do Ensino Básico. Dissertação de Doutoramento em Ciências do
Desporto apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Palavras Chave: ADOLESCÊNCIA, PRÁTICA DESPORTIVA, CONSUMO DE
TABACO, CONSUMO DE ÁLCOOL, SATISFAÇÃO COM A VIDA.
ii
Aos meus Pais…
…os meus guias…
iii
Agradecimentos
Quando se sonha sozinho é
apenas um sonho. Quando se
sonha juntos é o começo da
realidade.
D. Quixote
Por detrás de qualquer realização pessoal e não obstante uma tese ser, pela
sua finalidade académica, um trabalho individual, esconde-se um elevado
número de contribuições, apoios, sugestões, comentários ou críticas de
natureza diversa, vindos de inúmeras pessoas.
Mencionar aqui o nome dessas pessoas constitui, portanto, um sinal de
agradecimento, respeito e de homenagem sentida por parte do autor deste
trabalho.
Ao Professor Doutor Nuno José Corte-Real Correia Alves, meu orientador, pela
competência científica, acompanhamento do trabalho, presença constante,
estado de espírito positivo e generosidade reveladas ao longo destes anos de
trabalho, assim como pelas críticas, correções e sugestões no decurso da
orientação. Muito obrigado.
Ao Professor Doutor António Manuel Fonseca pela colaboração e dedicação
demonstradas e pelos inúmeros contributos para a realização deste trabalho.
À Professora Doutora Cláudia Dias pelo acompanhamento e contributo na
realização deste trabalho.
À minha Família… porto de abrigo desta viagem…
… aos meus Pais… este também é o vosso sonho...este também é um projeto
vosso... e, por isso, vos é dedicado.
… à minha esposa, Bárbara, pelos momentos menos bons que passámos no
decorrer do desenvolvimento deste projeto… mas especialmente pelo ótimos
momentos que passámos a desenvolvê-lo em conjunto.
v
… à Mariana, minha filha mais velha…por todo o tempo que não lhe
dediquei…na promessa de o devolver em dobro. Sabes que nunca te
menti…sabes que vou cumprir. Dos teus 7 anos de vida, em 6 acompanhaste
este projeto… que ele te encha de orgulho e seja uma referência para a tua
vida.
… ao Santiago, meu filho mais novo. O teu nascimento no decorrer deste
projeto trouxe mais e novos desafios…mas foi, também, a alavanca que fez “do
sonho, realidade”. Que também a ti, este projeto te encha de orgulho e seja
uma referência para a tua vida.
… ao Abel e à “Gina”, meus padrinhos de Batismo e de Casamento, por
fazerem parte da minha vida.
Aos Docentes e não Docentes da FADEUP, em especial aos do Gabinete de
Psicologia, pela forma simpática e acolhedora com que sempre me receberam
e pelas excelentes condições de trabalho que sempre me proporcionaram.
Ao pessoal Docente, não Docente, alunos e Direção Executiva da Escola
Básica 2/3 de Aguada de cima… foi lá que esta “caminhada” começou. Foram
testemunhas do nascimento de um “sonho”. São responsáveis por ele se ter
tornado realidade.
… à Maria Cecília Mota e a toda a sua Direção Executiva… um simples e
sincero obrigado chega. Deram sempre muito mais do que o que
receberam…sei que é isso que vos torna verdadeiramente felizes.
… à Susana Freitas… pelos constantes incentivos… pelas longas conversas
temáticas em que, muitas vezes, se fez “luz” no caminho… obrigado.
… à Anabela e à Ana Teiga…
… à Sonita…
… à Maria do Céu Gomes…
vi
Ao pessoal Docente, não Docente, alunos e Direção Executiva da Escola
Básica de Rio Tinto N.º2… que apanharam a “viagem a meio”. Embarcaram
nela como se da vossa viagem de tratasse. Foi muito bom viajar em tão boa
companhia.
… ao Laureano e toda a sua Direção Executiva… sem vocês não teria
conseguido.
… ao Américo…
… à Maria José Rodrigues…
… à Lurdes Matos…
… à Verónica Fernandes…
… à Maria do Céu Pereira… tornaste-te numa amiga para a vida e uma
referência pessoal de personalidade, caráter, profissionalismo, empenho e
dedicação.
… à Helena Sousa…
... à Sílvia Vigário…
Aos Professores e Funcionários das Piscinas Municipais de Fânzeres...foram
confidentes e ombros amigos nos momentos menos bons... partilharam da
minha felicidade nos melhores momentos. Foi e continua a ser um enorme
privilégio trabalhar convosco.
Ao Dr. Ricardo Teixeira...
Aos Professores e Funcionários das Piscinas Municipais de Valbom... foram
companheiros desta viagem por um ano... o último ano. Obrigado pela vossa
amizade e pela forma como me receberam na vossa “casa”.
Ao Dr. Sérgio Rodrigues...
À Lucinda e ao Jaime Sousa… porque são uma referência para mim… pelo
muito que aprendi e aprendo, diariamente, com vocês.
Ao Rui Conceição… por todos os momentos de reflexão.
vii
E porque os últimos são também os primeiros… ao Vítor… amigo não de
sempre mas para sempre… irmão… que um dia te possa retribuir na mesma
moeda.
viii
Índice Geral
Índice de Quadros e Figuras _____________________________________ xi
Índice de Anexos _____________________________________________ xiii
Resumo _____________________________________________________ xv
Abstract ____________________________________________________ xvii
Abreviaturas _________________________________________________ xix
I.
Introdução ________________________________________________ 1
II.
Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos
contextos de vida ______________________________________________ 9
2.1
Introdução ___________________________________________ 11
2.2
A adolescência ________________________________________ 12
2.3
A saúde ______________________________________________ 17
2.4
Os comportamentos protetores ou de risco para a saúde _____ 20
2.5
A satisfação com a vida ________________________________ 26
2.6
Os contextos de vida ___________________________________ 30
III.
Prática desportiva, consumo de substâncias lícitas e satisfação
com a vida. Que relação? ______________________________________ 39
3.1
Resumo ______________________________________________ 41
3.2
Metodologia __________________________________________ 42
3.3
Resultados ___________________________________________ 43
3.4
Discussão ____________________________________________ 48
ix
IV.
Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde.
Que influência poderá ter a tipologia de escola? ___________________ 51
4.1
Resumo ______________________________________________ 53
4.2
Metodologia __________________________________________ 53
4.3
Resultados ___________________________________________ 55
4.4
Discussão ____________________________________________ 59
V.
Assimetrias regionais - que diferenças nos estilos de vida e na
satisfação com a vida dos adolescentes? _________________________ 63
5.1
Resumo ______________________________________________ 65
5.2
Metodologia __________________________________________ 66
5.3
Resultados ___________________________________________ 68
5.4
Discussão ____________________________________________ 75
VI.
Conclusões e Sugestões _________________________________ 81
VII.
Reflexões Finais ________________________________________ 89
VIII.
Bibliografia _____________________________________________ 95
IX.
Anexos _______________________________________________ 109
x
Índice de Quadros e Figuras
Quadro 3.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão ____ 43
Quadro 3.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool,
saúde percebida e satisfação com a vida, em função do sexo e idade. ___________ 46
Quadro 3.3 - Análise da relação entre a prática desportiva, com o consumo de tabaco,
consumo de álcool e satisfação com a vida. ________________________________ 48
Quadro 4.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão ____ 55
Quadro 4.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida, em função da tipologia de escola, na amostra global e em cada
sexo. ______________________________________________________________ 57
Quadro 4.3 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida, em função da tipologia de escola, em cada escalão etário. __ 59
Quadro 5.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão ____ 68
Quadro 5.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida em função do meio (litoral e interior) na amostra total e em cada
sexo. ______________________________________________________________ 70
Quadro 5.3 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida em função do meio (litoral e interior), em cada escalão etário. 72
Quadro 5.4 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida em função do meio (Urbano e Rural) na amostra total e em cada
sexo. ______________________________________________________________ 74
Quadro 5.5 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida em função do meio (Urbano e Rural) em cada escalão etário. 75
xi
Índice de Anexos
Anexo 1 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo III
Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2012): Sport, substance use and satisfaction with life:
what relationship? A study in adolescents attending the 3rd cycle of Basic Education in Portugal. European
Journal of Sport Science, 12(1), 73-80.
Anexo 2 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo IV
Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Adolescents and health-related behaviors.
What influence can the typology of school have? International Journal of Health Promotion and Education,
51:1, 23-34.
Anexo 3 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo V
Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Assimetrias regionais. Que diferenças nos
estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes? Um estudo realizado em alunos do 3º ciclo
do Ensino Básico em Portugal. Ciência & Saúde Coletiva. (No prelo)
Anexo 4 (no CD-ROM afixado na contracapa) – Originais dos artigos
publicados em formato digital
Anexo 5 (no CD-ROM afixado na contracapa) – Análises Estatísticas
Anexo 6 (no CD-ROM afixado na contracapa) – Instrumento de Recolha de
Dados: Inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos
adolescentes
xiii
Resumo
A saúde, um dos maiores “recursos” da humanidade, depende, cada vez mais, do
estilo de vida/atitudes adotadas.
Tendo em conta a importância dos comportamentos e da satisfação com a vida na
saúde dos adolescentes e considerando a multiplicidade de contextos sociais e
interpessoais em que estes se movem, o que origina uma grande diversidade de
condutas que representam fatores de risco ou de proteção da saúde, tivemos como
objetivos nesta investigação: i) analisar os níveis de prática desportiva, consumo de
tabaco e álcool e de satisfação com a vida em alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico; ii)
verificar a relação existente entre a prática desportiva e as restantes variáveis
descritas; iii) observar a existência de diferenças nos alunos a frequentarem duas
tipologias diferentes de escolas existentes em Portugal; iv) presenciar a existência de
diferenças nos alunos residentes em diferentes áreas, nomeadamente, interior/litoral e
rural/urbano.
Os instrumentos utilizados foram o “Inventário de comportamentos relacionados com a
saúde dos adolescentes” (Corte-Real, Balaguer & Fonseca, 2004) e a versão
portuguesa da “Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al.,
2010, Fonseca, 1995).
Os principais resultados observados foram: i) existência de baixos níveis de prática
desportiva regular, principalmente, no sexo feminino, com tendência para diminuir com
a idade, idênticos nas tipologias de escola e áreas de residência analisadas; ii)
consumo de tabaco significativo, semelhante entre sexos, aumentando com a idade e
mais expressivo nos jovens que frequentavam Escolas Secundárias com 3º Ciclo do
Ensino Básico e residentes em áreas interiores e urbanas; iii) consumo significativo de
álcool, principalmente, no sexo masculino, aumentando com a idade, com tendência
para ser superior nas Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico e mais
expressivo nos jovens residentes em áreas interiores e rurais; iv) Níveis de Satisfação
com a vida elevados, em particular nos jovens do sexo masculino e nos mais novos e
mais consideráveis nos jovens a frequentar Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclo e
residentes em áreas litorais e urbanas; v) os jovens com níveis mais elevados de
prática desportiva registavam, em comparação com jovens não praticantes de
desporto, consumos de tabaco idênticos, consumos de álcool superiores e maior grau
de satisfação com a vida.
Concluímos, pois, que existe, ainda, um “longo caminho” a percorrer na promoção de
“estilos de vida” mais saudáveis nos jovens portugueses, nomeadamente, almejando o
incremento dos níveis de prática desportiva regular e um melhor aproveitamento do
potencial desta prática na promoção de outros comportamentos de proteção da saúde,
assim como a redução dos consumos de tabaco e de álcool, através do reforço de
programas de promoção da saúde dirigidos para este público-alvo adequados e
adaptados às diferentes realidades.
Palavras Chave: Adolescência, Prática Desportiva, Consumo de Tabaco, Consumo
de Álcool, Satisfação com a Vida
xv
Abstract
Health, one of the essential "resources" of humanity depends,increasingly, of the
adopted lifestyle.
Given the importance of behaviors and life satisfaction in adolescent health and
considering the multiplicity of social and interpersonal contexts in which they move,
leading to a great diversity of behaviors that represent risk or protective health factors,
we had as objectives to this research: i) analyze the levels of sports activity, tobacco
and alcohol consumption and life satisfaction in students of the 3rd cycle of basic
education; ii) assess the relationship between sports activity and the remaining
described variables; iii) observe the presence of differences between the students
attending two different types of existing schools in Portugal; iv) witness the existence of
variances in students living in different areas, namely, interior/coastal and rural/urban.
The instruments used were the "Inventory of health-related behaviors of adolescents"
(Corte-Real, Balaguer & Fonseca, 2004) and the Portuguese version of "Satisfaction
With Life Scale - SWLS" (Alves, 2008; Figueiras et. al., 2010; Fonseca, 1995).
The main obtained results were: i) the existence of low levels of regular sports activity,
especially, in females, with a tendency to decrease with age. This behavior is identical
in different types of school and residence areas analyzed; ii) significant tobacco
consumption, similar in both sexes, increasing with age and more pronounced in young
people attending Secondary Schools with third Cycle of Basic Education and residents
in interior and urban areas; iii) significant alcohol consumption, especially, among
males, increasing with age, reaching highest values in Secondary Schools with third
Cycle of Basic Education and being accentuated in young people living in rural and
interior areas; iv) High levels of life satisfaction, particularly in young males and in
younger and more handsome the young people attending Basic Schools of second and
third Cycles and residents in coastal and urban areas; v) verification that youth with
higher levels of sport activity, compared the non-practicing ones, had an identical
behavior regarding tobacco consumption, higher levels of alcohol consumption and
higher degree of life satisfaction.
Therefore, we conclude that there’s still a "long way" to go on promoting of healthier
"lifestyles" in Portuguese youth, particulary targeting the increase of regular sports
activity levels and taking potential advantage of this practice in the promotion of other
health protective behaviors, including the reduction of tobacco and alcohol
consumption, and implementation of educational programmes directed to this target
audience, appropriated and adapted to the different realities
Keywords: Adolescence, Sports
Consumption, Life Satisfaction.
Activity,
xvii
Tobacco
Consumption,
Alcohol
Abreviaturas
 - Aproximadamente
 - Desvio padrão
X - Média Aritmética
♀ - Sexo Feminino
♂ - Sexo Masculino
AMU - Áreas Medianamente Urbanas
APR - Áreas Predominantemente Rurais
APU - Áreas Predominantemente Urbanas
AR - Áreas Rurais
AU - Áreas Urbanas
CA – Consumo de Álcool
CDC – Center for Disease Control and Prevention
CT – Consumo de Tabaco
EB2/3 – Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos
ES/3 – Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico
HBSC – Health Behaviour in School Children
INE – Instituto Nacional de Estatística
NUTS – Unidades Territoriais para Fins Estatísticos
PD – Prática Desportiva
SV – Satisfação com a Vida
SWLS - Satisfaction With Life Scale
WHO – World Health Organization
xix
I.
Introdução
Introdução
O mais importante neste
mundo não é tanto onde
estamos, mas em que direção
nos movemos.
O. W. Holmes
Como nos diz O. W. Holmes, “o mais importante da vida não é tanto onde
estamos, mas em que direção nos movemos”. Na realidade, ao longo da vida,
desde o dia em que nascemos, vamos vagueando por entre leitos mais ou
menos tortuosos e sinuosos que vão contribuindo e influenciando o nosso
desenvolvimento. Um pouco à imagem de um rio que molda a sua margem e
por esta é moldado, também nós vamos escrevendo as páginas da nossa vida
influenciando o trajeto e sendo, por este, influenciado.
Também
o
percurso
académico
é
influenciado
por
este
trajeto
desenvolvimental. Ao longo deste e à medida que novos “patamares” vão
sendo conquistados e novas competências vão sendo adquiridas, novas
“portas” e “horizontes” se abrem. As opções que tomamos, os “caminhos” que
escolhemos e seguimos são, pois, consequência direta das vivências e
experiências quotidianas do “caminho” que seguimos e que “construímos”.
Assim e ao iniciar uma das últimas etapas do percurso académico e um projeto
de investigação, são muitas as influências, as motivações e os interesses que
levam à escolha do problema, dos trajetos e percursos a seguir das
metodologias e estratégias a adotar.
Neste contexto, toda a nossa vida pessoal tem sido desenvolvida no âmbito da
educação física/atividade física/prática desportiva, junto e para os adolescentes
em contextos vários, das escolas aos clubes, da formação à competição.
Também, ao nível académico, a realização do Doutoramento em Ciências do
Desporto, após a conclusão do Mestrado em Atividade Física e Saúde, que se
seguiu à Licenciatura em Educação Física e Desporto, consolidou o interesse
pelas temáticas da promoção da saúde pelo desporto, dos estilos de vida, dos
comportamentos protetores e de risco para a saúde dos adolescentes.
Assim, partindo da importância do estilo de vida/comportamentos para um dos
maiores “recursos” da Humanidade, a saúde, e da importância dos
3
Introdução
adolescentes no futuro da mesma, escolhemos como temáticas centrais desta
investigação: a adolescência, a saúde, os comportamentos protetores e de
risco para a saúde, nomeadamente, a prática desportiva, o consumo de tabaco
e o consumo de álcool e a satisfação com a vida enquanto variável psicológica
indicadora da saúde psicológica.
A adolescência… é temática central, desta investigação, por duas ordens de
razão. A primeira, porque toda a nossa vida pessoal tem sido desenvolvida
junto e para os adolescentes. A segunda, por estarmos conscientes que esta é
uma fase especial e importante do desenvolvimento humano (Sprinthall &
Collins, 2003). Especial, porque se carateriza por mudanças constantes uma
vez que todos os momentos são vividos intensamente (Weichold & Silbereisen,
2005). Importante, visto que é na adolescência, enquanto etapa do
desenvolvimento humano, que pressupõe a passagem de uma situação de
dependência infantil para a inserção social e a formação de um sistema de
valores que definem a idade adulta (Sampaio, 1994), que se alicerça grande
parte do futuro de cada indivíduo, não só a nível profissional, com a escolha
dos percursos educativos rumo à profissionalização, mas também a nível
pessoal, onde a multiplicidade de contextos sociais e interpessoais em que os
adolescentes se movem, aliados às variações na existência e no ritmo das
relações, promovem uma grande diversidade de comportamentos que
representam fatores de risco ou de proteção da saúde.
A saúde… é um conceito transversal e essencial às nossas vidas, enquanto
maior “recurso” do ser Humano.
Assim e entendendo saúde como “capacidade de criar e lutar por um projeto de
vida pessoal e original em direção ao bem-estar” (Christoph Déjours, 1993 in
Navarro, 1999 e Pestana, 2003), consideramos importante saber a forma como
cada adolescente se posiciona em relação à sua saúde, nomeadamente,
conhecendo alguns dos seus comportamentos, no sentido de diagnosticar,
precocemente, potenciais consequências nefastas ao seu futuro e à
concretização do seu projeto de vida.
4
Introdução
Neste contexto, sabe-se que a maioria das ameaças à saúde dos
adolescentes, resulta de fatores sociais, ambientais e comportamentais entre
os quais se destacam a inatividade física, os abusos de substâncias e os
distúrbios alimentares (Currie, et. al., 2008).
Destas ameaças, a inatividade física, o consumo de tabaco e o consumo de
álcool foram escolhidas, por nós, como variáveis base e chave, para o
desenvolvimento deste trabalho.
A prática desportiva… surge de forma espontânea, por interesse pessoal e
institucional. Interesse pessoal, dado que a nossa formação de base é na área
da Educação Física e Desporto. Interesse institucional, uma vez que este
trabalho é o produto final do Curso de Doutoramento em Ciências do Desporto
da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Por outro lado, a própria atualidade da temática, tendo em conta o progressivo
aumento do sedentarismo e da obesidade associada a um vasto conjunto de
patologias, nomeadamente, as chamadas doenças crónico-degenerativas e a
convicção em relação à necessidade de se investir, seriamente, numa vertente
do desporto, enquanto promotor de estilos e hábitos de vida saudáveis na
população, em geral, e mais especificamente, na população juvenil,
principalmente nas escolas, contribuiu, de forma significativa, para esta
escolha.
O consumo de tabaco e o consumo de álcool… surgem pela relevância do
seu consumo nos jovens e pelo facto de estarem, hoje, nos países
desenvolvidos, entre as principais causas de doença, ferimento e morte
evitável, sendo, o consumo de tabaco, responsável por cerca de 14% (  4,9
milhões) do total de mortes verificadas anualmente (Shafey et. al., 2009) e o
consumo de álcool responsável por 9% de todos os problemas de saúde e por
3% das mortes mundiais -  1,8 milhões (Institute of Alcohol Studies, 2008).
A Satisfação com a Vida... surge da necessidade de não aferirmos a “saúde”
dos adolescentes apenas tendo como base aspetos físicos.
5
Introdução
Assim, a satisfação com a vida, componente cognitiva de um constructo mais
abrangente, o bem-estar subjetivo (Diener, 2000), que pode ser entendida
como o julgamento que os indivíduos fazem em relação à qualidade da sua
própria vida com base nos seus próprios critérios (Pavot & Diener, 1993) é,
atualmente, vista como um conceito chave na investigação da “psicologia
positiva” e surge associada à adoção de comportamentos de risco para a
saúde, ao rendimento académico, relacionamento intra e interpessoal e saúde
mental dos adolescentes (Gilman & Huebner, 2006).
Neste contexto, no âmbito das temáticas por nós selecionadas, para o
desenvolvimento desta tese de doutoramento e indecisos quanto ao modelo
(tradicional ou escandinavo) a adotar, optamos por um modelo “misto”,
dividindo-a em capítulos, tal como no arquétipo clássico, internamente
estruturados sob a forma de artigos científicos, os quais deram origem a
“papers”, dois já publicados e um aceite para publicação, apensos na sua
versão original de publicação no capítulo anexos.
Assim, após este capítulo introdutório (capítulo I), apresentamos um capítulo de
revisão da literatura a que chamamos “Um olhar sobre os adolescentes e a
saúde: dos comportamentos aos contextos de vida” (capítulo II) e que teve
como finalidade conhecer o “estado da arte” relativamente às temáticas
mencionadas anteriormente.
No capítulo III, intitulado “Prática desportiva, consumo de substâncias lícitas e
satisfação com a vida. Que relação?”, partimos dos múltiplos benefícios da
prática desportiva para a saúde com o objetivo de: i) analisar, em função do
sexo e da idade, o nível de prática desportiva, o consumo de tabaco, o
consumo de álcool e a satisfação com a vida dos alunos do 3º Ciclo do Ensino
Básico, a frequentar Escolas de Portugal Continental ii) verificar, nesta
população, a relação existente entre a prática desportiva e as restantes
variáveis descritas.
Já no capítulo IV a que chamamos “Os adolescentes e os comportamentos
relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola?”,
partimos da influência dos “pares” na aquisição de comportamentos de risco ou
6
Introdução
protetores da saúde com o objetivo de verificar a existência de diferenças nos
níveis de prática desportiva, de consumo de tabaco e de álcool e de satisfação
com a vida nos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico a frequentarem duas
tipologias diferentes de escolas existentes em Portugal: Escolas Básicas do 2º
e 3º Ciclos (EB2/3), frequentadas por alunos com idades compreendidas entre
os 10 e os 16 anos e Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico
(ES/3), frequentadas por alunos com idades compreendidas entre os 12 e os
18 anos.
No capítulo V denominado “A influência do local de residência nos
comportamentos de saúde e na satisfação com a vida dos adolescentes”
partimos das consideráveis assimetrias regionais existentes no território de
Portugal Continental, com a finalidade de verificar a existência de diferenças
nos níveis de prática desportiva, de consumo de tabaco e de álcool e de
satisfação com a vida, nos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico residentes em
diferentes áreas, nomeadamente, interior/litoral e rural/urbano.
Por fim, no capítulo VI (Conclusões e Sugestões), reunimos todas as
conclusões e sugestões emanadas dos capítulos anteriores, no capítulo VII,
(Reflexões Finais), realizamos uma breve análise do percurso realizado e, no
capítulo VIII, compilamos as referências bibliográficas utilizadas em todos os
capítulos.
7
II.
Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos
comportamentos aos contextos de vida
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
Dias difíceis
Comportamentos de criança
Há sonhos que parecem impossíveis
Mas nunca se vai a esperança
(…)
Meus pais não sabem o que dizem
Acham que não tenho consciência
Nesse mundo todo errado
Onde eu vivo minha adolescência.
Anónimo
2.1
Introdução
Das dúvidas acerca da sua existência, enquanto estado genuíno da vida,
passando pela complexidade do seu conceito, pela ambiguidade da sua
delimitação cronológica, terminando na vastidão da sua caraterização, a
adolescência exerce um enorme fascínio e controvérsia entre a comunidade
científica.
Com origem na palavra latina adolescere, sinónimo de crescer para adulto, a
partir de um conjunto de mudanças graduais em múltiplas esferas da condição
humana, a adolescência, de uma forma geral e sob o ponto de vista do senso
comum, é entendida como uma fase problemática do desenvolvimento
humano, onde a multiplicidade de contextos sociais e interpessoais em que os
adolescentes se movem, aliados às variações na existência e no ritmo das
relações, condicionam de forma incisiva o estado de saúde nessa etapa e,
claro está, em todos os estádios subsequentes.
A saúde, por vezes ignorada, é um conceito essencial para as nossas vidas,
enquanto maior “recurso” do ser Humano.
Entendendo saúde como “capacidade de criar e lutar por um projeto de vida
pessoal e original em direção ao bem-estar” (Christoph Déjours, 1993 in
Navarro, 1999 e Pestana, 2003), sabe-se, hoje, que são diversas as suas
determinantes e condicionantes, que vão desde os sistemas de cuidados de
saúde até ao envolvimento físico, social e económico, passando pela qualidade
de vida, bem-estar e os estilos de vida (Araha et. al, 2006).
Do ponto de vista do domínio dos estilos de vida, a multiplicidade de contextos
sociais e interpessoais e as variações na existência e no ritmo das relações
promovem uma grande diversidade de comportamentos que representam
11
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
fatores de risco ou de proteção da saúde, que assumem especial relevância
nesta fase de desenvolvimento humano, a adolescência, uma vez que vários
estudos vêm demonstrando que o comportamento anterior constitui o principal
indicador do comportamento futuro (Ogden, 2004). Neste contexto e de entre
os comportamentos que colocam em risco a saúde e a própria vida dos jovens,
destacam-se o consumo de substâncias (principalmente de tabaco e de álcool)
e a inatividade física. Comportamentos que se encontram nos primeiros lugares
das principais causas de morte definidas pela Organização Mundial de Saúde.
Por outro lado, e no domínio das determinantes bem-estar e qualidade de vida,
a Satisfação com a Vida componente (cognitiva) de um constructo mais
abrangente, o bem-estar subjetivo (Diener, 2000) assume-se como um conceito
chave na investigação da “psicologia positiva” (Diener & Diener, 1996). Esta
pode ser entendida como a diferença entre aquilo que se quer e aquilo que se
tem, ou a diferença entre o ideal e a realidade (Campbell et. al., in Sousa &
Lyubomirsky, 2001), contribuindo para a clarificação do modo como os
indivíduos reagem às diferentes circunstâncias da vida.
Por fim, e no domínio do envolvimento físico, social e económico, os contextos
de vida, como a família, a escola, o meio de residência ou os pares adquirem
especial relevância para a saúde dos adolescentes, podendo funcionar como
“ambientes” protetores ou de risco.
2.2
A adolescência
Desde os tempos de Platão, preocupado com a inconstância dos jovens a
quem dedicou o Livro III de A República; de Aristóteles, atento à natureza
instável e imprevisível dos jovens que descreveu na Retórica; e de Sócrates,
alarmado com o comportamento dos jovens (in Weiner, 1995), que a
adolescência vem sendo alvo de estudo e reflexão.
Não obstante, só a partir dos finais do século XIX, com o advento da
industrialização e urbanização, a criação de leis sobre o trabalho infantil numa
tentativa pouco altruísta de proteger o trabalho adulto, a progressiva
sofisticação tecnológica que suscitou a necessidade de adequada educação
dos trabalhadores, a criação e alargamento da educação pública obrigatória e
12
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
outras definições legais de vida adulta, surgiu a adolescência, enquanto
período distinto do desenvolvimento humano situado entre a infância e a fase
adulta (Sprinthall & Collins, 2003).
Por outro lado, a evolução da conceção de família, passando de patriarcal a
nuclear, constituída por pais e filhos que permanecem juntos coabitando no
mesmo espaço, orientando as suas energias para a vida privada, para a troca
afetiva, para a promoção do bem-estar, para a passagem de valores, dando um
enfoque privilegiado às tarefas educativas, propiciando que o adolescente
permaneça junto da sua família até constituir a sua própria família, foi forte
impulsionadora
da
adolescência,
enquanto
período
peculiar
do
desenvolvimento humano (Simões, 2007).
Neste contexto, e não sendo fácil nem consensual caraterizar uma fase do
desenvolvimento tão complexa como a adolescência, é possível identificar
algumas correntes de entendimento da mesma, apoiados nas perspetivas de
diversos investigadores de diferentes áreas de estudo da Psicologia à
Antropologia.
Assim, alguns investigadores como Stanley Hall, Psicólogo Americano,
considerado o “pai” da adolescência, envoltos numa perspetiva maturacionista,
acreditavam que a adolescência representava uma época de desenvolvimento
claramente distinta da infância e da fase adulta, caracterizada pela
descontinuidade e rutura, onde o jovem viveria momentos de turbulência,
incerteza e várias formas de comportamento perturbado e perturbador que o
conduziriam ao pleno estatuto de adulto, emergindo uma nova figura adulta,
uma pessoa civilizada com poucas semelhanças com o adolescente que
precedeu (Weiner, 1995).
Sigmund Freud, Neurologista Austríaco fundador da Psicanálise, também
considerava a adolescência como um período necessariamente difícil e
turbulento. Baseado na ideia de pressões psicológicas fortes a que chamou
pulsões instintivas, Freud acreditava que o objetivo da adolescência era
permitir que a criança se tornasse num adulto capaz de estabelecer relações
heterossexuais estáveis com vista à perpetuação da sociedade e da cultura
13
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
nas gerações vindouras. Assim, a turbulência surgiria devido às mudanças
físicas da puberdade que causariam um aumento dos desejos sexuais e uma
necessidade de encontrar objetos apropriados para investir a sua sexualidade
(Sprinthall & Collins, 2003).
Na mesma linha de pensamento, Anna Freud (psicanalista Austríaca, filha de
Sigmund Freud) e Peter Blos (Psicanalista Alemão) entendiam a adolescência
como um período de instabilidade e perturbação emocional em que os jovens,
revestidos de egoísmo, divagavam entre a dedicação e a apatia, entre a
submissão e a rebelião perante qualquer forma de autoridade, entre o otimismo
e o mais profundo pessimismo e entre a vida em comunidade e o isolamento
total (Weiner, 1995).
Por sua vez Erik Erikson (Psiquiatra Alemão) e Henry Wallon (Filosofo e
Médico Francês) (Borges, 1987 in Sprinthall & Collins, 2003) preferiam falar em
crise de identidade, despoletada pelas modificações físicas e psicológicas
características da maturação, entendendo a adolescência como o processo
pelo qual os jovens, já não se identificando com as crianças que eram e ainda
não se identificando com os adultos que seriam, desorientados em relação a si
próprios e em relação àqueles que os rodeavam, alcançavam uma
compreensão clara e estável acerca do tipo de pessoas que eram, daquilo em
que acreditavam e do que queriam fazer das suas vidas, a partir de um
processo de construção de pontes entre os papéis e competências que
cultivaram em crianças e os papéis e responsabilidades que teriam como
adultos.
Já sob o ponto de vista de James Coleman (Sociólogo Americano), Kenneth
Keniston e Margaret Mead (Antropóloga Cultural Americana) a adolescência
constitui-se como um estádio de conflito geracional, ou seja, os adolescentes
atravessam uma etapa das suas vidas separados da geração dos pais, que
impõe um sem número de obstáculos no caminho para a obtenção do estatuto
de adulto e da independência, envolvidos numa “cultura jovem” alienada do
mundo adulto insurgindo-se contra os desejos dos pais, rejeitando os valores
tradicionais, ridicularizando a autoridade, preferindo o prazer ao trabalho árduo,
14
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
mergulhando irrefletidamente na delinquência. Mead reflete bem esta
perspetiva ao advertir no seu livro “Culture and Commitment: a study of the
generation Gap”, que o fosso entre as gerações de adultos e de adolescentes
ameaçava minar os fundamentos da sociedade, possibilitando às gerações
mais jovens controlar e destruir muitas das instituições fundamentais (Sprinthall
& Collins, 2003).
Em contra ciclo com os ideais anteriores, alguns autores questionaram a
inevitabilidade da tempestade e da tensão dos jovens no decorrer da
adolescência, argumentando que estas dependiam, em grande medida, das
exigências e das expectativas da cultura onde eles estavam inseridos.
Para a Antropóloga Ruth Benedict, a adolescência retrata um período difícil e
agitado, em que é exigido aos adolescentes que se tornem indivíduos
responsáveis, dominadores e sexualmente ativos num curto espaço de tempo,
depois de terem sido ensinados e encorajados a adquirir padrões
comportamentais completamente opostos durante a infância. No entanto,
através de uma cuidadosa recolha de informações num grande número de
sociedades, concluiu que a principal determinante das dificuldades da
adolescência era o grau em que o processo de socialização, que preparava os
indivíduos para a entrada nesta fase, era descontínuo em cada sociedade. Por
descontínuo, Benedict referia-se à necessidade de cada sujeito aprender um
conjunto de comportamentos, papéis e atitudes ligados à vida adulta, diferentes
daqueles que são aprendidos na infância. Benedict selecionou três dimensões
da descontinuidade que eram especialmente importantes na determinação da
natureza da adolescência: responsabilidade-irresponsabilidade, dominânciasubmissão e atividade sexual-ausência de atividade sexual (Sprinthall &
Collins, 2003).
Na mesma linha de pensamento, o Psicólogo Kurt Lewin descreveu os
adolescentes como “marginais”, uma vez que não pertencem nem ao grupo
social das crianças nem ao dos adultos. Esta marginalidade, caracterizada pela
ambiguidade de expectativas e direitos e privilégios pouco claros, tal como a
descontinuidade relativa ao processo de transição da infância para a
15
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
adolescência referido por Benedict, contribuía para o aparecimento de
dificuldades. Contudo, acreditava que o grau em que os adolescentes são
agitados e turbulentos dependia, não apenas da maturação do indivíduo até
uma idade específica, mas também das expectativas e exigências da cultura
em que viviam (Sprinthall & Collins, 2003).
Leta Hollingworth (Psicóloga Americana), apoiada em dados de estudos
longitudinais, considerava que o desenvolvimento é contínuo e transitório em
muitos aspetos, verificando que muitas das características adultas são
predizíveis a partir dos comportamentos apresentados no decorrer da infância,
designadamente a dependência, a passividade e a ansiedade, entre outros
(Weiner, 1995).
Já Albert Bandura Psicólogo Canadense enfatizava a perspetiva ambientalista
em detrimento da perspetiva maturacionista, entendendo que a aprendizagem
social é a base de todas a perturbações e dificuldades ocorridas durante o
período da adolescência, não sendo esta necessariamente um período difícil
(Sprinthall & Collins, 2003).
Assim, gradualmente, os prismas de “storm and stress” têm vindo a
desvanecer-se. Sabe-se, atualmente, que na realidade alguns jovens
encontram na adolescência dificuldades, mas que tal não é verdade para todos
eles e que quando existem obstáculos, estes não se generalizam a todas as
áreas do funcionamento do jovem ou atingem necessariamente graves
proporções. Sabe-se igualmente que muitos dos problemas da adolescência
surgem como forma de adaptação do indivíduo a novos desafios que se lhe
colocam (Simões, 2007).
Neste sentido, contrariamente à crença difundida relativa à turbulência dos
adolescentes, as provas empíricas indicam que a adolescência é peculiarmente
uma fase adaptativa do crescimento caracterizada pela continuidade no
desenvolvimento, a estabilidade emocional, a formação da identidade sem
crise incapacitante e harmonia entre gerações (Weiner, 1995).
Em jeito de resumo, poder-se-á dizer que a adolescência é uma etapa do
desenvolvimento humano, que pressupõe a passagem de uma situação de
16
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
dependência infantil para a inserção social e a formação de um sistema de
valores que definem a idade adulta (Sampaio, 1993). Ainda que de limites
controversos, principalmente em termos de limites cronológicos, tem início nos
acontecimentos biológicos que caracterizam a puberdade e termina na
formação de valores e identidade que traçam a idade adulta. Parte-se,
portanto, das modificações físicas específicas da puberdade para a tentativa de
resolução de uma série de problemas psicossociais que moldam a vida adulta
(Sampaio, 1994).
O jovem passa por rápidas alterações que vão desde o tamanho e formas
corporais, associadas à modificação das capacidades físicas, que conduzem à
maturação sexual, pelo desenvolvimento de um pensamento formal que
abrange uma capacidade maior para pensar acerca de possibilidades, através
de hipóteses, para antever resultados, para refletir sobre os próprios
pensamentos e para ponderar sobre o ponto de vista de outras pessoas, ao
mesmo tempo que se altera a capacidade de processamento de informação e
de resolução de problemas, terminando na aceitação do eu e dos outros com
diferentes características e comportamentos (Sprinthall & Collins, 2003).
Descreve-se, portanto, como sendo uma etapa de desenvolvimento, com
rápidas alterações físicas, psicológicas, sócio-culturais e cognitivas, num trajeto
que conduz à identidade e autonomia (Sprinthall & Collins, 2003).
2.3
A saúde
Estamos perante um conceito que, dada a sua importância, é referido,
estudado e interpretado de formas diferentes, desde os primórdios da
Humanidade, consoante os vários estádios de evolução. Deste modo, conhecer
os problemas que afetam a saúde e a forma como cada um com ela se
relaciona, implica, antes de mais, um regresso ao passado.
O conceito de saúde foi, desde sempre, explicado e entendido de formas
diferentes pelo Homem nas várias fases da sua evolução: em determinadas
épocas, tentando encontrar razões externas a si, como deuses e espíritos para
explicar o fenómeno saúde-doença, para noutras eras se procurarem outras
causas como a natureza ou os micróbios.
17
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
Pais Ribeiro (1998) refere que se podem considerar quatro grandes períodos
para descrever a evolução do conceito de saúde: um primeiro, período précartesiano, até ao século XVII; um período científico ou de desenvolvimento do
modelo biomédico, que se começou a instalar com a implementação do
pensamento científico e com a revolução industrial; a primeira revolução da
saúde com o desenvolvimento da saúde pública, que começou a afirmar-se nos
finais século XVIII, princípios do século XIX; finalmente, a segunda revolução
da saúde, iniciada na década de 70 do século XX.
A propósito das revoluções na saúde, Pais Ribeiro (2005) refere que a primeira
se caracterizou pela aplicação do modelo biomédico à prevenção de doenças.
Assim, como resultado da Revolução Industrial, que teve consequências
nefastas para a saúde decorrentes das mudanças sociais, das alterações dos
sistemas de produção, das migrações e da grande concentração de pessoas
nos aglomerados urbanos, com reduzidas condições de salubridade e
habitabilidade, facilitadoras da difusão de micro-organismos causadores de
grande morbilidade e mortalidade, surgiu a primeira revolução da saúde, com
grandes medidas de saúde, como os sistemas de esgotos, distribuição de água
potável, vacinas e antibióticos, entre outras, eficazes na época, tanto na
prevenção de doenças, como na cura das mesmas.
Acreditava-se que, com a primeira revolução da saúde, os problemas das
doenças estariam resolvidos. No entanto, a partir de meados do século XX,
surgiu uma nova epidemia: uma epidemia comportamental. Com efeito,
constatou-se que, nos países desenvolvidos, as doenças que mais contribuíam
para a mortalidade eram doenças com etiologia comportamental (Pais Ribeiro,
2005; WHO, 2002). Houve, então, uma passagem do foco da atenção e da
intervenção das doenças para a promoção da saúde.
Com base nas evidências, a segunda revolução da saúde teve de se centrar
em novas conceções e definir novos princípios. Como as novas epidemias não
tinham origem em organismos patogénicos, nem eram unicausais, a teoria do
germe deixou de ser aplicável, pois o equivalente ao germe era o
comportamento individual, social, os hábitos e a interação entre o
18
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
comportamento e o meio ambiente. A cura, agora, teria de ser a modificação
dos comportamentos, passando o foco da atenção a estar na saúde e não na
doença (Pais Ribeiro, 2005). Assim, da dicotomia “saúde/doença” e da
definição de saúde como a ausência de doença, evoluiu-se para um sentido
mais abrangente, o sentido de “saúde positiva” definindo-se, então, saúde “não
apenas a ausência de doença, mas como um completo estado de bem-estar
físico, mental e social (WHO, 1946).
Ainda que a definição da Organização Mundial de Saúde 1946 se mantenha a
aceção mais usual, logo na altura da sua publicação, levantou dúvidas e gerou
polémica por colocar a saúde num patamar praticamente inatingível, exterior ao
ser Humano, muito para além da vontade própria (Pais Ribeiro, 2005).
Neste sentido, perspetivas posteriores apontam a saúde como um recurso para
a vida de todos os dias, uma dimensão da qualidade vida e não o objetivo de
vida, ou seja, um potencial que nasce connosco e que podemos desenvolver,
responsabilizando cada indivíduo pelas suas ações/comportamentos, fazendo
com que este se envolva e decida sobre a sua saúde (Pais Ribeiro, 1998).
Neste contexto, faz todo o sentido retermos a definição de saúde de Christoph
Déjours (1993): “saúde para cada homem, mulher ou criança é a capacidade
de criar e lutar por um projeto de vida pessoal e original em direção ao bemestar” (in Navarro, 1999 e Pestana, 2003).
Associada à segunda revolução da saúde, na década de 70 do século XX
emerge, em paralelo, o modelo biopsicosocial aplicado a saúde mental,
surgindo assim, pela primeira vez, o conceito de bem-estar, enquanto indicador
da saúde mental, através de variáveis como a satisfação com a vida, a
felicidade e os afetos (Galinha & Pais Ribeiro, 2005).
Assim, a psicologia passou a interessar-se pelos aspetos positivos do espectro
da saúde mental, em vez de se focar exclusivamente nos fatores que
conduziam a perturbações como a ansiedade e a depressão, dando abertura a
um novo campo de investigação, designado por Psicologia Positiva.
Esta teve o seu grande centro de desenvolvimento cerca de trinta anos após a
segunda revolução da saúde, em 1998, quando Martin Seligman, Psicólogo
19
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
Americano, então presidente da American Psychological Association, afirmou
que a prática da psicologia se encontrava incompleta, pois centrava-se
essencialmente no sentido de trazer os indivíduos de um estado de doença,
negativo, para um estado neutral normal, definindo assim como objetivo para a
American Psychological Association, no ano da sua presidência, procurar o que
ativamente
fazia
as
pessoas
sentirem-se
preenchidas,
envolvidas
e
significativamente felizes. Assim, e após a criação da conferência sobre
psicologia positiva (atualmente um evento anual) e de prémios monetários para
a investigação cientifica nesta área, surgiu uma “explosão” no desenvolvimento
de investigações sobre a felicidade, otimismo, as emoções positivas, e os
traços de personalidade mais saudáveis, tendo como conceito central e
aglutinador o bem-estar (Galinha & Pais Ribeiro, 2005).
2.4
Os comportamentos protetores ou de risco para a saúde
2.4.1 A Prática Desportiva
A atividade física, outrora ocupando parte substancial das rotinas diárias dos
jovens, tem vindo a diminuir substancialmente ao longo dos tempos, tornandose cada vez mais reduzida, resultando em consequências graves ao nível da
saúde, pois esta progressiva inatividade, tem sido, e é, cada vez mais,
associada a um vasto conjunto de patologias, nomeadamente, as doenças
cardiovasculares, diabetes e cancro e seus fatores de risco, como pressão
arterial elevada, aumento do nível do açúcar no sangue e sobrepeso, sendo,
atualmente, apontada como o quarto principal fator de risco para a mortalidade
global - 6% das mortes no mundo (WHO, 2009a).
Estas doenças não transmissíveis representam já mais de metade do total das
mortes verificadas anualmente, estimando-se que 6 em cada 10 mortes sejam
atribuíveis a estas (WHO, 2008).
Assim, a prática desportiva, entendida como “todas as formas de atividade
física que, através de uma participação organizada ou não, têm por objetivo a
melhoria da condição física e psíquica, o desenvolvimento das relações sociais
ou a obtenção de resultados em competições de todos os níveis” (Conselho da
20
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
Europa, 1995), ocupa, nas últimas décadas, uma posição de destaque no
âmbito dos estilos de vida saudáveis e na promoção da saúde.
Neste
contexto,
estão
amplamente
documentados
e
comprovados
cientificamente os benefícios para a saúde de uma prática desportiva regular e
mantida no tempo.
Nos idosos, as evidências mostram que a prática desportiva regular resulta em
benefícios de ordem funcional e na qualidade de vida destes. Assim, e em
termos físicos, estão documentados benefícios na prevenção de várias
doenças crónicas como cardiovasculares, osteoartríticas, osteoporóticas,
diabetes e alguns tipos de cancro, melhorias no equilíbrio, força, coordenação
motora, flexibilidade e resistência que, para além de reduzir o risco de quedas,
aumenta a independência do idoso. Por fim, e em termos psicológicos, estão
associadas à prática desportiva regular, vantagens na saúde mental, nas
funções cognitivas e nas funções sociais, resultando no aumento do
autodomínio, da autoeficácia, da autoestima e o bem-estar e prevenindo a
depressão e a ansiedade (CDC, 1999a; WHO, 2009b).
Nos adultos, reduz o risco de morte por doenças cardiovasculares e de
desenvolver hipertensão arterial, cancro do cólon e diabetes; permite a
diminuição da tensão arterial; ajuda a manter a saúde dos ossos, músculos e
articulações; minora os sintomas de ansiedade, depressão; promove a
sensação de bem-estar e possibilita o controle do peso, o desenvolvimento da
massa muscular e a diminuição da massa gorda (CDC, 1999c; WHO, 2009c;
US Department of health & Human Services, 2002).
Nos
jovens,
promove
um
crescimento saudável, em termos físicos,
nomeadamente no desenvolvimento e fortalecimento de ossos, músculos e
articulações saudáveis, controlo do peso, redução da gordura e prevenção da
hipertensão arterial (Cavill et. al., 2006, CDC, 1999b, Janssen & Leblanc, 2010)
e em termos psíquicos, aumentando o desempenho escolar (Sibley & Etnier,
2003), enriquecendo o reportório psicomotor e ajudando a prevenir e controlar
comportamentos de risco, como o tabaco, a violência, o álcool, a dependência
21
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
a outras substâncias e a adesão a dietas pouco saudáveis (Cavill et. al., 2006;
Pate et. al. 2000).
Assim, é inegável que a adolescência se constitui
como uma fase
determinante na aquisição de hábitos duradouros de prática, dado que estes
se desenvolvem durante este período e mantêm-se até à idade adulta (Lopes
et. al., 2003; Perkins et. al., 2004; Scheerder et. al. 2006).
Não obstante, e apesar dos benefícios descritos, associados à prática
desportiva regular, resultados de várias investigações apontam para uma
reduzida prática desportiva dos jovens, de uma forma geral, e nos jovens do
sexo feminino em particular, e para um decréscimo, da mesma, com a idade
(CDC, 1999b; Corte-Real, 2006; Corte-Real et. al., 2008; Currie et. al. 2000;
Matos, Carvalhosa & Diniz, 2002; Matos et. al., 1998, 2003a, 2006 e 2012;
Mota & Sallis, 2002).
2.4.2 O Consumo de Tabaco
O consumo de tabaco remonta há mais de dois mil anos. O tabaco, originário
das Américas, era usado pelos nativos para fins cerimoniais e medicinais e a
sua importação para a Europa, após as viagens de Colombo, marca uma nova
etapa na sua história (Philip Morris International, 2006).
A partir do século XV, o seu consumo cresceu constantemente. No século
XVIII, o tabaco era comercializado, internacionalmente, e foi incorporado à
maioria das culturas. No século XIX, os cigarros começaram a superar o uso do
tabaco em cachimbos, para mascar e em rapé. Mas foi apenas em 1880, com a
invenção de uma máquina eficiente, capaz de produzir 200 cigarros por minuto,
que nasceu a moderna indústria do tabaco. A produção em escala assinalou
uma queda nos preços dos cigarros, possibilitando o seu consumo em massa
(Philip Morris International, 2006).
Atualmente, o consumo de tabaco é a principal causa de doença e morte
evitável, sendo responsável por cerca de 14% (  4,9 milhões) de mortes
verificadas, anualmente, nos países desenvolvidos (Shafey et. al., 2009). O uso
de tabaco está associado a uma qualidade de vida diminuta, à doença, à
incapacidade laboral e à morte prematura, sendo causa direta ou provável de
22
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
diversas formas de cancro (pulmão, cavidade oral, laringe, esófago, estômago,
rim, bexiga); de doenças cardiovasculares (acidente vascular cerebral, doença
vascular periférica, enfarte do miocárdio); de patologias do sistema respiratório
(doença
pulmonar
obstrutiva
crónica,
enfisema
pulmonar,
otites);
de
perturbações no sistema digestivo e urinário; provoca problemas pediátricos
(feto e crianças); polui o ambiente e é a razão
de acidentes diversos (fogo, condução, etc.). Para além disso, apresenta um
elevado impacto social, nomeadamente nos elevados custos económicos
(custos de saúde, absentismo e incapacidade precoce) e afetivos das doenças
provocadas pelo tabaco (Marshall, 2006; Matos et. al. 2003b; WHO, 2004;
WHO, 2002).
Assim, o consumo de tabaco é um dos comportamentos que está mais
restringido por lei e, paradoxalmente, dos que mais contribui para o orçamento
dos estados: em Portugal, os valores dos impostos, provenientes do tabaco,
excedem os 850 milhões de euros (Pais Ribeiro, 2005).
Calcula-se que haja 1,2 biliões de fumadores, em todo o mundo, cerca de um
terço da população mundial com mais de 15 anos. Em Portugal, estima-se que
38% dos homens e 15% das mulheres com mais de 15 anos sejam fumadores
(WHO, 2002).
Na União Europeia, a iniciação tabágica ocorre antes dos 14 anos para a
maioria dos fumadores. Mais de metades dos jovens que experimentam
tornam-se dependentes (Vitória et. al., 2000).
Sabe-se ainda que, de uma forma geral, o consumo de tabaco parece estar a
diminuir no sexo masculino e a aumentar no sexo feminino, com diversos
estudos a mostrarem consumos idênticos nos dois sexos ou consumo superior
no sexo feminino (Corte-Real, 2006).
Neste contexto, têm-se intensificado, sobretudo nos últimos anos, as
campanhas de prevenção do consumo de tabaco, assim como se têm
concebido leis que procuram reduzir o consumo e proteger os consumidores
passivos.
23
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
Assim, tendo em conta que o consumo de tabaco é o comportamento cujos
efeitos sobre a saúde mais têm sido estudados e cujos resultados recolhem
maior concordância (Pais Ribeiro, 2005), o problema do tabagismo assume
relevância preponderante na promoção da saúde e na prevenção de algumas
doenças mais marcantes no contexto dos países desenvolvidos (Matos et. al.,
2003b).
No entanto, e apesar da conotação negativa que o seu consumo tem
principalmente nos jovens mais novos (Matos et. al., 2003b), o que poderá
explicar as percentagens baixas de consumo nas idades mais jovens e não
obstante a intensificação, sobretudo nos últimos anos, das campanhas de
prevenção do consumo de tabaco, da produção de leis que procuram restringir
o consumo e proteger os consumidores passivos, várias investigações
apontam para significativas taxas de consumo, idênticas entre sexos e um
aumento muito significativo com a idade (Corte-Real, 2006; Corte-Real et. al.,
2008; Currie et. al. 2000; Matos et. al. 1998, 2003a, 2006 e 2012; Vinagre &
Lima, 2006).
2.4.3 O Consumo de Álcool
Com raízes nas civilizações antigas, o consumo de bebidas alcoólicas constituise, na atualidade, como um dos mais sérios problemas sociais à escala
mundial. Ao longo dos anos, um pouco por todo mundo, diferentes sistemas de
valores culturais, fórmulas administrativas e crenças sobre a natureza
fundamental deste problema, deram origem a uma diversidade de respostas
políticas que foram desde a proibição, racionamento, controlo por monopólio do
estado até à criação de impostos especiais, imensas campanhas publicitárias e
determinação das idades a partir das quais o consumo seria legal (Morais,
1999).
Presentemente, nos países desenvolvidos, o consumo de álcool é uma das dez
maiores causas de doença e ferimentos, sendo responsável por cerca de 9%
de todos os problemas de saúde e por 3% das mortes mundiais -  1,8 milhões
(Institute of Alcohol Studies, 2008). Estima-se que os custos do consumo de
álcool, para a saúde, se situem entre os 2% e os 5% do Produto Interno Bruto
24
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
dos países, tornando-se, assim, a redução do seu consumo uma das mais
importantes ações de Saúde Pública, no sentido da promoção da saúde e
recuperação económica (Morais, 1999).
O consumo excessivo e regular de álcool é causa direta ou indireta de diversas
enfermidades, tais como: do aparelho digestivo (maior incidência de cancro na
boca, faringe e laringe, gastrites, úlceras estomacais e duodenais, infeções
bocais etc.); do sistema circulatório (enfraquecimento do músculo cardíaco e
perturbações no ritmo cardíaco) e do fígado (inflamação crónica, hepatite
alcoólica e cirrose). Por outro lado, o consumo de álcool pode trazer graves
repercussões ao nível familiar (agressividade conjugal e familiar, perda de
poder económico e alterações na vida sexual); social (conflitos, agressividade,
violência etc.); profissional (acidentes de trabalho, dificuldade de integração,
conflitos laborais, etc.) e rodoviário (acidentes rodoviários) (Coutinho et. al.,
1995).
Apesar de ser um produto legalizado que se pode produzir e consumir
livremente, o álcool continua a ser visto como um tipo especial de bem de
consumo e não como uma substância que pode causar dependência (Morais,
1999). Esta liberalização tem, nos adolescentes, especial relevância, pois o
consumo de álcool surge, muitas vezes, como uma espécie de ritual de
transição quase obrigatório. O primeiro contacto destes com o álcool dá-se, na
maioria das vezes, no seio da própria família e em casa, no entanto, o
consumo regulariza-se entre os grupos de pares nos locais de encontro e
diversão (Moreira, 1999).
O consumo de álcool, por parte dos adolescentes, coloca-os, não só numa
posição de risco para o aparecimento da síndrome da dependência e do
alcoolismo clínico, mas, principalmente, no que diz respeito às embriaguezes
agudas, acidentes de viação e de trabalho, absentismo e fracasso escolar,
agressividade, distúrbios e maior exposição ao consumo de outras substâncias,
como o tabaco e as drogas (Institute of Alcohol Studies, 2008; Moreira, 1999).
Apesar dos perigos reconhecidos, o consumo de álcool, entre a população
adolescente, é significativo. As diversas investigações apontam para o
25
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
consumo superior do sexo masculino e dos jovens mais velhos (Corte-Real,
2006; Corte-Real et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Institute of Alcohol Studies,
2008; Matos et. al. 1998, 2003a, 2006 e 2012).
2.5
A satisfação com a vida
A satisfação com a vida representa uma das componentes (cognitiva) de um
constructo mais abrangente, o bem-estar subjetivo (Diener, 2000).
Com apenas quatro décadas de vida e colocado numa posição de interseção
de vários domínios da Psicologia como a Psicologia Social, a Psicologia da
Saúde e a Psicologia Clínica, o conceito de bem-estar subjetivo vem
despertando a curiosidade e o interesse da comunidade científica.
Apesar da sua história recente, pode-se considerar que as raízes ideológicas
remontam ao século XVIII, durante o Iluminismo, época em que se defendia
que o propósito da existência da Humanidade era a vida em si mesmo, em vez
do serviço ao Rei ou a Deus. O desenvolvimento pessoal e a felicidade
tornaram-se valores centrais nesta época. Assim, a sociedade era vista, pela
primeira vez, como um meio de proporcionar aos cidadãos a satisfação das
suas necessidades para uma boa vida (Galinha & Pais Ribeiro, 2005). Mais
tarde, no século XIX, estas convicções manifestaram-se através dos princípios
do Utilitarismo, em que a melhor sociedade seria aquela que providenciasse a
melhor felicidade para o maior número de pessoas. Estes princípios inspiraram
medidas de reforma social em larga escala, no século XX, e influenciaram o
desenvolvimento dos Estados Providência, identificando-se como grandes
males sociais da época, a ignorância, a doença e a pobreza, conduzindo ao
desenvolvimento de esforços, no sentido da criação de uma melhor sociedade.
Já na década de 60 do século XX, com a generalização dos Estados
Providência, verifica-se uma mudança para valores pós-materialistas, os quais
apelavam a uma conceptualização e medição do bem-estar, sendo introduzido
o conceito de qualidade de vida, procurando-se sublinhar a existência de algo
mais na condição humana para além do bem-estar material (Veenhoven, 1996,
in Galinha & Pais Ribeiro, 2005).
26
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
Assim, exigia-se uma distinção conceptual, que distanciasse o bem-estar
material enquanto avaliação feita pelo próprio indivíduo ao seu rendimento ou,
de um modo mais geral, à contribuição dos bens e serviços que o dinheiro
pode comprar para o seu bem-estar, do bem-estar global, em que, para além
dos da dimensão material, se salientam outras, também elas determinantes do
bem-estar, como a saúde, as relações, a satisfação com o trabalho, a liberdade
política…
Em meados da década de 80 do século XX, fruto da ampla utilização da noção
de bem-estar subjetivo por investigadores de várias áreas da Psicologia, os
contornos da sua definição tornaram-se arbitrários, não se atingindo o
consenso relativamente à aceção do conceito, dando origem a uma divergência
que viria a conduzir à separação de duas perspetivas do bem-estar: uma, em
que o campo de estudo integra as dimensões de afeto e satisfação com a vida
(bem-estar subjetivo) e outra que integra os conceitos de autoaceitação,
autonomia, controlo sobre o meio, relações positivas, propósito na vida e
desenvolvimento pessoal (bem-estar psicológico), fundado pela Psicóloga
Americana Carol Ryff (Galinha & Pais Ribeiro, 2005).
Estes dois tipos de bem-estar construíram-se a partir de perspetivas filosóficas
diferentes, o hedonismo e o eudemonismo, fundadas em prismas distintos da
natureza humana e daquilo que constitui uma boa sociedade. O bem-estar
subjetivo encontra-se vinculado ao hedonismo, concebendo-o como a
felicidade subjetiva e a procura de experiências de prazer ou o equilíbrio entre
afeto positivo e afeto negativo, enquanto que o bem-estar psicológico vinculase ao eudemonismo, assumindo o bem-estar como a realização do potencial
humano (Albuquerque e Lima, 2007).
Os estudos sobre bem-estar subjetivo e bem-estar psicológico vêm-se
desenvolvendo paralelamente e, muitas vezes, em articulação, pelo que a
separação de ambos visou apenas respeitar os limites dos conceitos (Galinha
& Pais Ribeiro, 2005).
Assim, o conceito de bem-estar subjetivo vem evoluindo e sedimentando a sua
posição
ao
longo
dos
tempos.
Inicialmente
27
centrada
na
pesquisa
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
epistemológica do conceito de felicidade, só após os estudos de Diener e
colaboradores (1985) é que se verificou uma viragem do foco de atenção para
a dimensão da satisfação com a vida. Neste contexto, as dimensões afetivas
anteriormente agregadas ao termo felicidade passaram a ser denominadas de
componentes específicas do bem-estar subjetivo, enquanto que o termo
felicidade surgiu como equivalente ao bem-estar subjetivo (Diener, 2000).
Sumariamente, apesar de existirem algumas enunciações do significado de
bem-estar subjetivo mais específicas ou orientadas para um determinado
contexto, a principal delimitação do bem-estar subjetivo assume um caráter
multidimensional,
integrando
diferentes
componentes
(afetiva/cognitiva)
definidas de acordo com a avaliação subjetiva de cada indivíduo (Diener, 2000,
Diener et. al. 1998, Diener et. al. 1999 e Diener et. al. 2003). Esta constituição
multidimensional sai reforçada pela necessidade de se avaliar cada domínio do
bem-estar subjetivo de forma separada, facto que impôs a necessidade de
contemplar um fator de ordem superior (bem-estar subjetivo), passando assim
de um único constructo psicológico específico a uma área de estudo de
interesse científico (Diener et. al. 1999).
Diener e colaboradores (1999) designaram as três características fundamentais
do bem-estar subjetivo, enquanto área de estudo de interesse científico: cobre
todo o espectro do bem-estar, não se limitando apenas aos estados
indesejáveis; preconiza que o bem-estar subjetivo é definido em termos das
experiências internas do indivíduo, não se impondo critérios ou avaliações
externas e foca estados de bem-estar subjetivo de longo termo e não apenas
estados de humor momentâneo.
Assim, os humores e as emoções das pessoas espelham reações
momentâneas ao que lhes acontece, no entanto cada indivíduo realiza também
julgamentos mais vastos acerca da sua vida como um todo, bem como sobre
domínios específicos desta, como o casamento e o trabalho.
Andrews e Wiythey (1976) (in Diener, 1994) definiram três componentes gerais
do bem-estar subjetivo: avaliação da satisfação com a vida, afeto positivo e
negativo.
28
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
Neste contexto, a Satisfação com a Vida pode ser entendida como o
julgamento que os indivíduos fazem em relação à qualidade da sua própria vida
com base nos seus próprios critérios (Pavot & Diener, 1993). De uma forma
mais pragmática, é a diferença entre aquilo que se quer e aquilo que se tem, ou
seja, a diferença entre o ideal e a realidade (Campbell et. al. in Sousa &
Lyubomirsky, 2001).
Esta componente pode ser medida em termos específicos, quando se refere a
domínios singulares da vida como o trabalho, o casamento, o rendimento ou
em termos globais, quando se refere à vida como um todo (Sousa &
Lyubomirsky, 2001), não resultando o todo da simples soma das partes (Diener
et. al., 2000) e não se mantendo estável ao longo dos tempos (Fugita & Diener,
2005).
Atualmente, a Satisfação com a Vida é vista como um conceito chave na
investigação da “psicologia positiva”, já que transcende as flutuações
emocionais momentâneas (Diener & Diener, 1996), é relativamente livre das
conveniências sociais (Diener, 1994) e pode influenciar alterações aos
comportamentos (Lewinsohn et al., 1991).
De acordo com Veenhoven (1999) (in Bradley & Corwyn, 2004), a satisfação
com a vida emerge à medida que as necessidades básicas vão sendo
satisfeitas. Assim, nas sociedades modernas e individualistas, onde as
necessidades primárias estão garantidas para grande parte das pessoas, a
satisfação com a vida surge associada à consecução de objetivos.
Estudos neste âmbito têm vindo a proliferar e a revelar-se de grande utilidade
para a clarificação do modo como os indivíduos reagem às diferentes
circunstâncias da vida. Estas reações, que variam em função do sexo, da idade
(Inglehart, 2002) e de fatores demográficos, institucionais, sociais, culturais,
políticos e económicos (Bjornskov et. al., 2005), condicionam os níveis de
satisfação com a vida de cada sujeito.
Grande parte da investigação desenvolvida nesta área tem vindo a ser
realizada em adultos, no entanto, há razões para crer que a satisfação com a
vida torna-se numa variável psicológica antes da idade adulta, mais
29
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
particularmente no decurso da adolescência, fase associada a uma maior
sensibilidade, em que objetivos e ideais são reformulados e reavaliados
constantemente e os percursos alterados em função de vicissitudes várias
(Eccles & Gootman, 2001; Graber & Brooks-Gunn, 1996 in Bradley & Corwyn,
2004).
Vários estudos vêm associando elevados níveis de satisfação com a vida, nos
adolescentes, com menor adoção de comportamentos de risco para a saúde,
com melhor rendimento académico, melhor relacionamento intra e interpessoal,
menores índices de ansiedade e depressão e índices superiores de esperança
e autocontrolo (Gilman & Huebner, 2006).
Assim, a Satisfação com a Vida pode tornar-se uma variável “chave” na
identificação e promoção de diferentes estilos de vida saudáveis entre os
jovens.
Os estudos por nós analisados apresentam resultados algo contraditórios.
Relativamente ao sexo, vários estudos apontam para níveis superiores de
satisfação com a vida no sexo masculino (Currie et. al., 2000; Matos et. al.,
2003a e 2006). Resultados distintos foram encontrados por Dew e Huebner,
(1994), Huebner (1991), Huebner e Alderman (1993) e Huebner e
colaboradores (2000) (in Huebner, 2004) que concluíram não existir qualquer
correlação entre o sexo e os níveis de satisfação com a vida, advogando que
ambos os sexos apresentavam índices semelhantes de satisfação com a vida.
Relativamente à idade, parece imperar o consenso. Nos estudos por nós
consultados, os adolescentes mais novos revelavam valores de satisfação com
a vida superiores aos mais velhos (Currie et. al., 2000; Goldbeck, 2007; Matos
et. al., 2003a e 2006).
2.6
Os contextos de vida
2.6.1 A Família
A influência da família no desenvolvimento dos jovens tem início muito antes da
adolescência, no entanto é particularmente importante nesta fase, visto que
traz consigo alguns desafios particulares. É ela que determina as primeiras
30
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
relações sociais do jovem, assim como os contextos onde ocorre a maior parte
das aprendizagens iniciais acerca das pessoas, situações e capacidades
individuais (Sprinthall & Collins, 2003).
Não sendo fácil caracterizar um sistema social tão complexo como a família, é
possível identificar algumas diferenças entre famílias, nomeadamente na forma
de expressão da autoridade dos pais e na ligação desta com as condutas dos
filhos. A este respeito, Diana Baumrind e Glen Elder, citadas por Sprinthall e
Collins (2003), ainda que recorrendo a diferentes nomenclaturas, identificaram
três tipos/ modelos de famílias: autoritárias/autocráticas, permissivas e
democráticas.
De
acordo
com
as
investigadoras,
as
famílias
autoritárias/autocráticas caracterizam-se pela rigidez e controlo dos pais que
tentam transmitir aos filhos padrões perfeitos de comportamento através de
medidas punitivas e violentas, não havendo espaço para a expressão de
opiniões por parte dos filhos nem autorização para que eles exerçam qualquer
tipo de controlo sobre as suas atitudes, resultando regularmente em ambientes
familiares frios e distantes. As famílias permissivas, por oposição às famílias
anteriores, revelam-se pela quase ausência de exigências com recurso raro à
força ou ao poder para a concretização dos objetivos educacionais. O terceiro
tipo de famílias, as democráticas, têm aspetos comuns às duas anteriores. Os
pais, embora possuam limites e expectativas firmes no que diz respeito ao
comportamento dos filhos, esforçam-se por lhes oferecer orientação através da
razão e das regras, utilizando, de forma sensata, recompensas e punições,
ensinando e explicando, respeitando o adolescente, as suas opiniões e seus
sentimentos.
Estes modelos de exercício parental influenciam o desenvolvimento da
personalidade das crianças e adolescentes, determinando substancialmente o
reportório de comportamentos/atitudes e objetivos, o que consequentemente
influencia o desenvolvimento de competências cognitivas e sociais (Camacho,
2009).
Vários estudos identificam o modelo democrático como mais adequado ao
desenvolvimento das crianças e adolescentes. Relações positivas, apoio
31
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
emocional e social e um estilo de disciplina parental construtivo e consistente
tendem a estar relacionados com maiores índices de bem-estar e de
ajustamento na adolescência (Branje, et. al.,2002, in Camacho, 2009) e menor
envolvimento em comportamentos de risco e em grupos de pares desviantes
(Mounts, 2002, in Camacho, 2009).
2.6.2 Os Pares
As relações com os colegas constituem um dos principais contextos em que os
adolescentes desenvolvem caraterísticas pessoais para a vida adulta. Apesar
da cultura popular defender que a influência dos pares entra em conflito com a
influência da família e de outros adultos, a verdade é que os pares
desempenham um papel complementar no desenvolvimento do adolescente
(Sprinthall & Collins, 2003).
São ponto essencial no desenvolvimento dos adolescentes, providenciando
suporte emocional e social. É junto destes, dos pares, que o adolescente
aprende a estar com os outros, que não os pais, a partilhar experiências e
sentimentos (Tomé, 2009).
Os pares encontram-se, frequentemente, associados ao bem-estar físico e
psicológico dos jovens e adolescentes, evitando sintomas de depressão,
solidão, tristeza ou baixa autoestima, os quais se podem revelar como fatores
de risco durante a adolescência.
No entanto, e apesar de todos os aspetos positivos do relacionamento dos
adolescentes com os seus pares, alguns estudos (Cumsille, Sayer, & Graham,
2000, Gardner & Steinberg, 2005, Jaccard & Blanton, 2005) referem uma
associação
do
grupo
de
pares
à
iniciação
dos
adolescentes
em
comportamentos de risco.
Este facto leva a que muitos pais temam o peso do grupo na influência
individual, apelidando a relação de “más influências” (Simões, 2007). De facto,
assim pode ser, sobretudo, se a estrutura individual do adolescente for frágil,
mas, de uma forma geral, o contacto com os outros acaba por ter
características enriquecedoras, que abrem e expandem a vida interior de cada
um, num dinamismo completamente novo e diferente das etapas anteriores do
32
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
desenvolvimento, favorecendo assim uma outra dinâmica na relação entre a
autonomia e dependência dos mais novos face aos adultos que os cercam,
nomeadamente os pais, pelo que a relação com os pares não deverá ser
percebida como a única causa do envolvimento dos adolescentes em
comportamentos de risco (Tomé, 2009).
O peso do grupo e a sua própria organização varia muito conforme a idade e o
sexo. Nos primeiros anos da adolescência, é habitual o grupo ser constituído
por elementos do mesmo sexo. Depois à medida que a idade vai aumentando,
os grupos vão tornando-se tendencialmente mais heterogéneos, absorvendo
no seu seio elementos de ambos os sexos, tornando-se as relações mais
próximas.
Uma questão essencial, nos dias de hoje, na relação com os pares é a
alteração das vias de contacto, ganhando relevância as formas de relações
sem contacto direto ou real, como por exemplo as comunicações realizadas
pelo telemóvel ou Internet que propiciam um contacto mais assíduo mas
diminuem a possibilidade de confronto direto com a realidade (Strecht, 2005).
Matos e colaboradores verificaram que entre o estudo realizado durante o ano
2002 e o desenvolvido em 2006, a comunicação dos adolescentes com os pais
diminuiu enquanto que o tempo, em que os adolescentes passam com os
amigos depois das aulas e os dias que saem à noite, aumentou.
2.6.3 O Local de Residência
Portugal é um país dual e assimétrico. A complexa organização territorial, que
remonta à década de 60 do século passado e ao processo de modernização
que emergiu com alguma relevância nesses anos, resultou num país tantas
vezes apelidado de “país a duas velocidades”, devido às enormes diferenças
sociais, económicas e territoriais entre as áreas que o constituem (Ferrão,
2002).
A oposição entre grupos sociais, setores económicos e espaços modernos e
tradicionais introduziu, no país, vários contrastes, entre os quais, a oposição
entre o interior e o litoral e entre o rural e o urbano.
33
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
O Portugal urbanizado, industrializado, infraestruturado e demograficamente
dinâmico (característico das áreas litorais e urbanas) destaca-se, de forma
inequívoca, do Portugal agrícola, subdesenvolvido, física e simbolicamente
remoto e demograficamente repulsivo (próprio das áreas interiores e rurais)
(Ferrão, 2002).
Neste contexto e no que diz respeito à interioridade e litoralidade, mais
concretamente à fronteira entre o litoral e o interior, não existe uma delimitação
física e/ ou consensual de onde começa e acaba o interior e o litoral.
Na realidade para alguns autores como Ferrão (2002), esta separação apenas
traduz a delimitação subjetiva entre incluídos e excluídos no processo de
modernização, iniciado nos anos 60 do século passado. Por outro lado, esta
separação pode, por necessidades académicas, resultar de indicadores
estatísticos utilizados para traçar as trajetórias de desenvolvimento das
diversas áreas do país. Uma dessas análises delimita o interior e o litoral,
segundo um padrão “clássico” referido à acessibilidade em relação à costa.
Esta delimitação recorre às “Unidades Territoriais para Fins Estatísticos”
(NUTS) no seu nível 3 (NUTS III) (Presidência do Conselho de Ministros, 1986)
que, atualmente, divide o território português em 30 unidades (áreas), das
quais 28 situam-se no continente (Ministério das Cidades, Ordenamento do
Território e Ambiente, 2002).
Assim, são classificadas como áreas litorais as unidades que confinam com o
mar e aquelas cujo concelho “principal” (o de maior população em 1991) dista
menos de 60 km de Lisboa ou do Porto (cerca de meia hora em estrada
rápida), e como do “Interior”, as restantes (Alegria, 2004).
Já relativamente à ruralidade e urbanidade e à delimitação do que é urbano e
do que é rural, Portugal dispõe de nomenclatura própria para efeitos
estatísticos, designada por “Tipologia de Áreas Urbanas” que integra três
níveis: “Áreas Predominantemente Urbanas”, Áreas Medianamente Urbanas e
“Áreas Predominantemente Rurais” (Presidência do Conselho de Ministros,
2009). Estas delimitações têm por base o peso da população residente na
34
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
população total das freguesias e o peso da área na superfície total das
freguesias.
Neste contexto, define-se como região predominantemente urbana as
freguesias que contemplem, pelo menos, um dos seguintes requisitos: “1) o
maior valor da média entre o peso da população residente na população total
da freguesia e o peso da área na área total da freguesia corresponde a espaço
urbano,
sendo
que
o
peso
da
área
em
espaço
de
ocupação
predominantemente rural não ultrapassa 50% da área total da freguesia; 2) a
freguesia integra a sede da Câmara Municipal e tem uma população residente
superior a 5000 habitantes; 3) a freguesia integra total ou parcialmente um
lugar com população residente igual ou superior a 5000 habitantes, sendo que
o peso da população do lugar no total da população residente na freguesia ou
no total da população residente no lugar, é igual ou superior a 50%” (INE,
2009a).
Entende-se por área medianamente urbana as freguesias que contemplem
pelo menos, um dos seguintes requisitos: “1) o maior valor da média entre o
peso da população residente na população total da freguesia e o peso da área
na área total da freguesia corresponde a Espaço Urbano, sendo que o peso da
área de espaço de ocupação predominantemente rural ultrapassa 50% da área
total da freguesia; 2) o maior valor da média entre o peso da população
residente na população total da freguesia e o peso da área na superfície total
da freguesia corresponde a um espaço urbano em conjunto com um espaço
semi-urbano, sendo que o peso da área de espaço de ocupação
predominantemente rural não ultrapassa 50% da superfície total da freguesia;
3) a freguesia integra a sede da Câmara Municipal e tem uma população
residente igual ou inferior a 5.000 habitantes; 4) a freguesia integra total ou
parcialmente um lugar com população residente igual ou superior a 2.000
habitantes e inferior a 5 000 habitantes, sendo que o peso da população do
lugar no total da população residente na freguesia ou no total da população
residente no lugar, é igual ou superior a 50%” (INE, 2009b).
35
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
Por fim, define-se área predominantemente rural as freguesias “não
classificadas como "Área Predominantemente Urbana" nem "Área Mediamente
Urbana” (INE, 2009c).
Note-se que a média entre o peso da população residente na população total
da freguesia e o peso da área na superfície total da freguesia é calculada para
os espaços urbanos, semi-urbanos e de ocupação predominantemente rural e
resulta, em cada um deles, da média entre as proporções da população
residente em cada espaço e a população residente total da freguesia e as
proporções da superfície em cada espaço e a superfície total da freguesia; a
avaliação da integração no lugar resulta de um valor igual ou superior a 50%
em, pelo menos, uma das seguintes proporções: população do lugar na
freguesia/população
da
freguesia
(%)
ou
população
do
lugar
na
freguesia/população do lugar (%) (INE, 2009a, INE, 2009b).
Em Portugal continental, 50% da população reside em zonas urbanas, 24% em
zonas
mediamente
urbanas
e
26%
em
zonas
rurais
(Instituto
de
Desenvolvimento Rural e Hidráulica, sd).
Para além da delimitação, chamemos-lhe “institucional”, usada para fins
académicos e estatístico, é possível descrever as zonas rurais e urbanas, de
acordo com as suas características demográficas, culturais, sociais e
económicas.
Assim, as zonas rurais caraterizam-se por uma densidade populacional
baixam, população residente muito envelhecida, taxa de natalidade muito baixa
e de mortalidade elevada. As poucas empresas existentes pertencem, quase
exclusivamente, ao setor primário e a mão-de-obra é pouco qualificada
(Coutinho,
Marquês
&
Soares,
2001).
Em
resumo,
são
regiões
subdesenvolvidas.
Por outro lado, as zonas urbanas apresentam uma densidade populacional
muito elevada, uma taxa de natalidade elevada e uma taxa de mortalidade
reduzida. Regista-se um grande peso da população ainda em idade ativa. As
empresas pertencem, em grande parte, aos setores secundário e terciário
(Coutinho, Marquês & Soares, 2001).
36
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
2.6.4 A Escola
A escola, não isenta de transformações sucessivas ao longo dos tempos e em
constante mudança e reflexão, espelhando a sociedade que a rodeia, é
responsável pela transmissão de normas e padrões comportamentais e
representa um papel determinante no processo de socialização de crianças e
adolescentes (Baptista et. al., 2009).
Assim, um ambiente escolar promotor de saúde poderá ser um valioso recurso
para o desenvolvimento de comportamentos de saúde e bem-estar (Baptista et.
al., 2009).
Foi neste sentido que o programa do XVII Governo Constitucional, que iniciou
funções em dois mil e cinco, no Capitulo V - saúde: um bem para as pessoas,
elegeu a escola como a grande entidade Promotora da Saúde das crianças e
das suas famílias, reforçando a necessidade de trabalho na Rede Nacional de
Escolas Promotoras da Saúde (Presidência do Conselho de Ministros, 2005).
Na sequência, foi publicado a 16 de Dezembro de 2005, o despacho n.º
25995/2005 – 2ª série que aprovou e reafirmou os princípios orientadores do
modelo de Educação para a Promoção da Saúde, designadamente no que
respeita a: i) necessidade de articulação com as famílias e entre escolas e
centros de saúde; ii) autonomia das escolas na definição, planificação e
concretização do projeto educativo; iii) obrigatoriedade por parte das escolas
de concretizarem as orientações e dando cumprimento àquela área de ensino;
iv) necessidade de designação de coordenador da área temática (Ministério da
Educação, 2006).
Mais tarde, em Junho de dois mil e seis foi publicado, no Diário da República,
por despacho (Despacho n.º 12045/2006 - 2.ª série) o “Programa Nacional de
Saúde Escolar” (Ministério da Saúde, 2006) que propõe que uma Escola
Promotora da Saúde assente em três vertentes – currículo, ambiente e
interação escola/família/meio.
Neste contexto, sendo a escola um espaço privilegiado na promoção da saúde
dos jovens e adolescentes, a sua tipologia pode assumir um papel
37
II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida
preponderante na aquisição de comportamentos protetores ou de risco para a
saúde e nos níveis de satisfação com a vida dos adolescentes.
Assim, no decorrer do seu percurso académico, as crianças e os jovens
poderão frequentar diferentes tipologias de escola “que abarquem a totalidade
ou parte dos ciclos que a constituem” - Lei 46/86 de 14 de outubro (Assembleia da República, 1986).
No que diz respeito especificamente respeito aos alunos que frequentam o 3º
Ciclo do Ensino Básico, estes poderão frequentar Escolas Básicas do 2º e 3º
Ciclos ou Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico.
Nas primeiras, frequentadas por alunos entre os 10 e os 16 anos, os do 3º
Ciclo do Ensino Básico, para além do convívio natural com os pares das suas
idades, convivem também com pares mais jovens (a frequentarem o 2º Ciclo
do Ensino Básico, ou seja, do 5º e 6º anos de escolaridade), enquanto que, nas
segundas, frequentadas por alunos entre os 12 e os 18 anos, convivem com
pares mais velhos (a frequentarem o Ensino Secundário, ou seja, do 10º, 11º e
12º anos de escolaridade).
Tendo em conta que variadíssimos estudos nesta área apontam para a
existência de mais comportamentos de risco para a saúde e para níveis
inferiores de satisfação com a vida nos adolescentes mais velhos (Corte-Real
et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Matos et. al. 2006), poder-se-á questionar se a
tipologia de escola poderá influenciar os comportamentos e os níveis de
satisfação com a vida dos jovens.
38
III.
Prática desportiva, consumo de substâncias lícitas e
satisfação com a vida. Que relação?
Um estudo realizado em adolescentes do 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal
Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2012): Sport, substance use and satisfaction with life:
what relationship? A study in adolescents attending the 3rd cycle of Basic Education in Portugal. European
Journal of Sport Science, 12(1), 73-80.
Submetido em: 10/05/2010 | Aceite em: 30/11/2011 | Publicado em: 06/02/2012
Ver anexo 1
III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida.
Que relação?
3.1
Resumo
A prática desportiva regular proporciona múltiplos benefícios para a saúde em
qualquer fase do desenvolvimento humano, sobretudo, na adolescência, sendo
determinante na aquisição de hábitos duradouros de prática até à idade adulta
(Lopes et. al., 2003; Perkins et. al., 2004; Scheerder et. al. 2006). De entre os
benefícios destacam-se a prevenção e controlo de comportamentos de risco,
como o consumo de tabaco e álcool, e o contributo para o crescimento
saudável não só físico mas também psíquico (WHO, 2009d).
Principais objetivos do estudo: i) analisar, em função do sexo e da idade, o
nível de prática desportiva, o consumo de tabaco, o consumo de álcool e a
satisfação com a vida dos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico, a frequentar
Escolas de Portugal Continental ii) verificar, nesta população, a relação
existente entre a prática desportiva e as restantes variáveis descritas.
Os
instrumentos
utilizados
foram
o
“Inventário
de
comportamentos
relacionados com a saúde dos adolescentes” (Corte-Real, Balaguer & Fonseca,
2004) e a versão portuguesa da “Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves,
2008, Figueiras et. al., 2010, Fonseca, 1995).
A amostra foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47% ♂) com idades
compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33;  = 1,359).
As principais conclusões retiradas foram: i) baixos níveis de prática desportiva
regular, principalmente no sexo feminino com tendência para diminuir com a
idade; ii) consumo de tabaco significativo semelhante entre sexos aumentando
com a idade; iii) consumo significativo de álcool, principalmente no sexo
masculino, aumentando com a idade; iv) consumo de tabaco muito semelhante
para os três níveis de prática desportiva; v) consumo de álcool mais elevado
nos jovens com maior índice de prática desportiva; vi) jovens com maior prática
desportiva apresentavam maior grau de satisfação com a vida.
41
III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida.
Que relação?
3.2
Metodologia
3.2.1 Amostra
A amostra deste estudo foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47%
♂), com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33;  =
1,359), a frequentar o 3º Ciclo do Ensino Básico em escolas de Portugal
Continental. Agrupámos os adolescentes em três escalões etários: 12 a 13
anos (30%), 14 a 15 anos (50%) e 16 a 17 anos (20%)
3.2.2 Procedimentos
O instrumento utilizado para a recolha dos dados foi o “inventário de
comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” desenvolvido
por Corte-Real, Balaguer e Fonseca (2004) e a versão portuguesa da
“Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al., 2010,
Fonseca, 1995).
Na análise dos dados, utilizámos estatística descritiva com a apresentação das
frequências e percentagens para as variáveis nominais, médias e desvio
padrão para as variáveis contínuas. Recorremos, ainda, ao teste Qui-Quadrado
(estudo da distribuição em variáveis nominais) com análise de residuais
ajustados (para localização de valores significativos). O nível de significância
considerado foi de 0,05, sendo apresentado a negrito, nos quadros, os valores
com residuais ajustados iguais ou superiores a 1,9, em cada célula.
3.2.3 Variáveis
As variáveis analisadas foram: prática desportiva (PD), consumo de tabaco
(CT), consumo de álcool (CA) e a satisfação com a vida (SV).
Para cada uma das variáveis, a constituição dos grupos foi realizada de acordo
com o quadro (ver quadro 3.1).
42
III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida.
Que relação?
Quadro 3.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão
Variável
PD
CT
Grupo
Critérios de inclusão
Observações
Inexistente
ou
esporádica
Não pratica/ pratica até uma vez por
semana.
Analisámos a frequência de
prática. Considerámos apenas a
PD, quer de âmbito recreativo
quer de âmbito competitivo,
realizada fora da escola.
Reduzida
Regular
Pratica mais
semana.
Regular
Consome diariamente
Reduzido
Inexistente
CA
três
vezes
por
Consome esporadicamente (até várias
vezes por semana)
Analisámos
consumo.
a
frequência
de
Analisámos
consumo.
a
frequência
de
Não consome
Consome várias vezes por semana
Reduzido
Consome até uma vez por semana
Não consome/ quase nunca consome
Reduzida
( X entre 1 e 2,4)
Moderada
( X entre 2,5 e 3,4)
Elevada
3.3
de
Regular
Inexistente
SV
Pratica até três vezes por semana.
Determinámos o valor médio
tendo em conta a resposta a
cinco questões com valores
entre 1 (discordo totalmente) e 5
(concordo totalmente).
( X entre 3,5 e 5)
Resultados
3.3.1 Prática Desportiva
Iniciando a nossa análise pela prática desportiva, verificámos, na amostra
global, que mais de um terço dos jovens (38%) tinha uma prática desportiva
regular, ou seja, prática superior a 3 vezes por semana. Dos restantes, 36%
tinham prática desportiva reduzida e 26% inexistente ou esporádica.
Ao
analisarmos
por
sexos,
observámos
a
existência
de
diferença,
estatisticamente significativa, (p<0.001), com o sexo masculino a
apresentar níveis de prática desportiva muito superiores aos do sexo feminino.
Na análise por escalões etários, concluímos que não existia diferença,
estatisticamente significativa (p=0.073), no entanto foi possível
observar uma tendência para a diminuição da prática desportiva com a idade
(dos 39,4% jovens com prática desportiva regular aos 12-13 anos apenas
34,7% se encontravam nesse grupo aos 16-17 anos).
43
III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida.
Que relação?
Por termos encontrado diferença, estatisticamente significativa, aquando do
estudo por sexos, entendemos justificar-se uma análise mais pormenorizada,
por escalão etário em cada sexo (ver quadro 3.2).
Assim,
e
ainda
que
não
tenhamos
encontrado
qualquer
diferença,
estatisticamente significativa, constatámos o que já havíamos referido
anteriormente: o sexo masculino apresentava uma prática desportiva superior
ao sexo feminino e esta tinha tendência a diminuir com a idade. Observamos,
também, que a percentagem de jovens com prática desportiva inexistente ou
reduzida aumentava mais com a idade no sexo feminino que no sexo
masculino.
3.3.2 Consumo de Tabaco
No que diz respeito ao consumo de tabaco, verificámos, na amostra global, que
85% dos jovens não consumiam tabaco, 8% apresentavam um consumo
reduzido e 7% apresentavam um consumo diário.
Na análise por sexos, não encontrámos diferença, estatisticamente significativa
(p=0,085), sendo os consumos muito idênticos para ambos os sexos.
Encontrámos diferença, estatisticamente significativa (p<0.001), na
análise
por
escalão
etário,
com
o
consumo
de
tabaco
a
crescer
substancialmente com a idade. Assim, aos 12-13 anos existiam 92,5% dos
jovens com consumo inexistente e aos 16-17 a percentagem diminuía para os
70,6%.
Neste contexto optámos, também, por estudar o consumo de tabaco em função
do sexo em cada idade (ver quadro 3.2). Constatámos, então, que de facto o
consumo de tabaco era muito semelhante entre os sexos e que aumentava
com a idade e que, esse aumento, era ligeiramente mais significativo para o
sexo masculino que para o sexo feminino.
3.3.3 Consumo de Álcool
No que diz respeito ao consumo de álcool, na amostra global, verificámos que
mais de dois terços dos jovens (69%) apresentavam consumo inexistente, 25%
reduzido e 6% regular.
44
III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida.
Que relação?
Ao analisarmos em função dos sexos, verificámos a existência de diferença,
estatisticamente significativa (p<0.001), com os jovens do sexo
masculino a consumirem álcool com mais regularidade do que os jovens do
sexo feminino (consumo regular ♀ – 3%; consumo regular ♂ – 10%).
Na abordagem por escalões etários, presenciamos, também, a existência de
diferença, estatisticamente significativa (p<0.001), aumentando o
consumo de álcool com a idade. Assim, e para o consumo regular: 12-13 anos
– 4%; 14-15 anos – 5%; 16-17 anos – 14%.
Na análise em função do escalão etário em cada sexo (ver quadro 3.2),
constatámos que, de facto, o consumo era muito superior no sexo masculino e
que aumentava, exponencialmente, com a idade. Este aumento era
estatisticamente significativo, em ambos os sexos, no entanto era superior no
sexo masculino.
3.3.4 Satisfação com a Vida
Relativamente à satisfação com a vida, a amostra global revelou que cerca de
metade dos jovens (54%) apresentava um grau de satisfação com a vida muito
positivo. Dos restantes, 11% caracterizava negativamente a sua satisfação com
a vida e 36% encontrava-se num nível intermédio (satisfação com a vida
moderada).
Investigando por sexo, verificámos a existência de diferença, estatisticamente
significativa (p<0.001), com as jovens do sexo feminino a
apresentarem um grau de satisfação com a vida inferior ao dos jovens do sexo
masculino.
Também encontrámos diferença estatisticamente significativa, na análise por
escalão
etário
(p<0.001),
verificando
que
os
mais
novos
apresentavam níveis superiores de satisfação com a vida em relação aos mais
velhos.
Analisando em função do escalão etário em cada sexo (ver quadro 3.2),
verificámos existir diferença, estatisticamente significativa, em ambos os sexos.
45
III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida.
Que relação?
Assim, o grau de satisfação com a vida era inferior no sexo feminino e
decrescia com a idade.
Quadro 3.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool, saúde
percebida e satisfação com a vida, em função do sexo e idade.
Sexo Feminino ♀
PD
12/13
anos (%)
14/15
anos (%)
16/17
anos (%)
12/13
anos (%)
14/15
anos (%)
16/17
anos (%)
Inexistente ou
esporádica
32
32
38
17
19
21
Reduzida
38
38
38
32
31
35
Regular
30
30
24
51
50
44
p=0,082
(g.l.= 4)
Regular
CT
3
17
5
3
5
21
5
9
9
4
9
11
Inexistente
92
86
74
93
86
68
p<0,001
p<0,001
Regular
2
3
6
6
7
21
Reduzido
20
22
38
20
23
32
Inexistente
78
75
56
74
69
47
p<0,001
(g.l.= 4)
SV
p=0,136
Reduzido
(g.l.= 4)
CA
Sexo Masculino ♂
p<0,001
Reduzida
9
11
18
6
8
14
Moderada
34
38
37
33
34
39
Elevada
57
51
45
61
58
47
(g.l.= 4)

 p<0,001

 p<0,001
Posto isto, e em jeito de resumo, verificámos a existência de: baixos níveis de
prática desportiva, em especial nos jovens do sexo feminino e nos mais velhos;
consumo de tabaco não negligenciável, idêntico em ambos os sexos e superior
nos mais velhos; consumo de álcool significativo, com maior prevalência nos
jovens do sexo masculino e nos mais velhos e níveis elevados de satisfação
com a vida, em particular nos jovens do sexo masculino e nos mais novos.
Neste contexto, entendemos que, para além da análise simples e objetiva já
realizada, seria importante, para o aprofundamento e entendimento desta
problemática, analisar a relação entre a prática desportiva com as restantes
variáveis, uma vez que a prática desportiva é temática central desta
investigação e encontra-se, historicamente, relacionada com estilos de vida
saudáveis e com níveis mais elevados de satisfação com a vida.
46
III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida.
Que relação?
Por já termos determinado as tendências relativamente às divergências entre
sexos e escalões etários, entendemos, desta feita, realizar a análise apenas na
amostra global.
3.3.5 Relações entre variáveis
Assim, procedemos à análise da relação existente entre a prática desportiva e
o consumo de tabaco e álcool e a satisfação com a vida.
Relativamente à relação entre a prática desportiva e o consumo de tabaco (ver
quadro 3.3), verificámos a existência de consumos muito semelhantes para
todos os níveis de prática desportiva.
Já no que diz respeito à relação entre a prática desportiva e o consumo de
álcool (ver quadro 3.3), verificámos a tendência para um maior consumo de
álcool pelos jovens com prática desportiva regular. A diferença encontrada era
estatisticamente significativa (p<0,001).
Por fim e no que concerne à relação entre a prática desportiva e a satisfação
com a vida (ver quadro 3.3), constatámos que eram os jovens com maior
regularidade de prática desportiva que apresentavam índices superiores de
satisfação com a vida e os jovens com níveis inferiores de prática desportiva os
que apresentavam níveis inferiores de satisfação com a vida. A diferença
encontrada era estatisticamente significativa (p<0,001).
47
III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida.
Que relação?
Quadro 3.3 - Análise da relação entre a prática desportiva, com o consumo de tabaco,
consumo de álcool e satisfação com a vida.
Prática Desportiva (PD)
CT
Inexistente ou esporádica (%)
Reduzida (%)
Regular (%)
Regular
9
6
8
Reduzido
6
8
8
Inexistente
85
86
84
 p=0,001
(g.l.= 4)
CA
Regular
4
5
9
Reduzido
24
24
25
Inexistente
72
71
66
 p<0,001
(g.l.= 4)
SV
Reduzida
14
10
9
Moderada
38
37
33
Elevada
48
53
58
 p<0,001
(g.l.= 4)
3.4
Discussão
No que se refere à prática desportiva e não obstante a associação feita pelos
jovens entre esta, a saúde, a imagem de si e a socialização, os resultados aqui
apresentados, que vão de encontro aos resultados dos estudos por nós
analisados e referidos no capítulo II deste trabalho, refletem baixos níveis de
prática desportiva em especial nos jovens do sexo feminino e nos mais velhos.
A família, o envolvimento escolar, o estabelecimento de laços com os pares,
um bom nível económico, uma fácil circulação entre os vários cenários da vida
do jovem, podem surgir como potenciais condicionadores à aquisição e
manutenção de um estilo de vida ativo na adolescência (Matos, Carvalhosa &
Diniz, 2002).
Relativamente ao consumo de tabaco, encontrámos significativa convergência
entre os nossos resultados e os resultados de outros estudos já mencionados
no capítulo II. Apesar da conotação negativa que o seu consumo tem, o que
poderá explicar as percentagens baixas de consumo nas idades mais jovens,
verifica-se a existência de percentagens elevadas de consumo, principalmente,
nas idades mais avançadas o que poderá ser explicado pela associação do seu
48
III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida.
Que relação?
consumo ao controlo das emoções, fáceis acessos e oportunidades de
consumo (Matos et. al., 2003a), ao controlo de peso (Waldron, 1988; Smith,
Nutbeam, Moore, Roberts & Catford, 1994, in Matos 1998) e ao estatuto de
adulto (Antunes et. al., 2006).
Os resultados do consumo de álcool descritos neste estudo vão, também, de
encontro aos resultados das investigações citadas no capítulo II deste trabalho:
consumo significativo com maior prevalência nos jovens do sexo masculino e
nos mais velhos. Apesar dos efeitos nefastos do consumo de álcool, os
adolescentes parecem associar o seu consumo ao estatuto de adulto (Antunes
et. al., 2006), ao sentimento de felicidade, facilitação das relações sociais,
afirmação dentro do grupo de pares, entre outros aspetos (Institute of Alcohol
Studies, 2008).
Também no caso da satisfação com a vida, os nossos resultados encontram-se
na linha de outras investigações (Currie et. al. 2000; Matos et. al., 2003a;
2006): de uma forma geral, os jovens estavam satisfeitos com a sua vida e os
jovens do sexo masculino e os mais novos apresentavam níveis superiores de
satisfação com a vida relativamente aos jovens do sexo feminino e os mais
velhos.
Nos estudos por nós consultados e no que diz respeito à relação entre a prática
desportiva e o consumo de tabaco, os nossos resultados parecem contrariar os
resultados dos estudos de Corte-Real (2006) e Balaguer e Castillo (2002), pois
não encontrámos uma associação positiva entre a prática desportiva e o não
consumo de tabaco, conforme referido nos seus estudos. No entanto,
resultados idênticos haviam sido já encontrados por Paupério (2008).
Já relacionando a prática desportiva e o consumo de álcool, os nossos
resultados vão de encontro ao estudo de Corte-Real (2006). São os jovens,
com maior índice de prática desportiva, os que apresentam maior consumo de
álcool.
Por fim, e no que diz respeito à relação entre a prática desportiva e a satisfação
com a vida, os nossos dados convergem com os resultados de Pettay (2008)
49
III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida.
Que relação?
que encontrou uma clara associação positiva entre a prática desportiva e
elevados níveis de satisfação com a vida.
50
IV.
Os adolescentes e os comportamentos relacionados com
a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola?
Um estudo realizado em adolescentes do 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal
Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Adolescents and health-related behaviors.
What influence can the typology of school have? International Journal of Health Promotion and Education,
51:1, 23-34.
Submetido em: 08/08/2012 | Aceite em: 25/09/2012 | Publicado em: 08/02/2013
Ver anexo 2
IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde.
Que influência poderá ter a tipologia de escola?
4.1
Resumo
Partindo da influência dos Pares na aquisição de comportamentos de risco ou
protetores da saúde, tínhamos como objetivo, verificar a existência de
diferenças nos níveis de prática desportiva, de consumo de tabaco e de álcool
e de satisfação com a vida nos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico a
frequentarem duas tipologias diferentes de escolas existentes em Portugal:
Escola Básicas do 2º e 3º Ciclo (EB2/3), frequentadas por alunos com idades
compreendidas entre os 10 e os 16 anos e Escolas Secundárias com 3º Ciclo
do Ensino Básico (ES/3), frequentadas por alunos com idades compreendidas
entre os 12 e os 18 anos.
Os
instrumentos
utilizados
foram
o
“Inventário
de
comportamentos
relacionados com a saúde dos adolescentes” (Corte-Real, Balaguer & Fonseca,
2004) e a versão portuguesa da “Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves,
2008, Figueiras et. al., 2010, Fonseca, 1995).
A amostra foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47% ♂), com idades
compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33;  = 1,359).
Verificámos não existirem diferenças, estatisticamente significativas, em
nenhuma das variáveis, exceto no consumo de tabaco, em que constatámos
que os alunos, que frequentavam Escolas ES/3, apresentavam consumos mais
elevados relativamente aos alunos, das mesmas faixas etárias, que
frequentavam Escolas EB2/3.
Verificámos, também, que as raparigas apresentavam diferenças mais
acentuadas, em todas as variáveis analisadas.
4.2
Metodologia
4.2.1 Amostra
A amostra deste estudo foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47%
♂), com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33;  =
1,359), a frequentar o 3º Ciclo do Ensino Básico em escolas de Portugal
Continental.
53
IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde.
Que influência poderá ter a tipologia de escola?
Dividimos os alunos em dois grupos, de acordo com a tipologia de escola que
frequentavam: Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico (56,4%) e
Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico (43,6%).
4.2.2 Procedimentos
O instrumento utilizado para a recolha dos dados foi o “inventário de
comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” desenvolvido
por Corte-Real, Balaguer e Fonseca (2004) e a versão portuguesa da
“Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al., 2010,
Fonseca, 1995).
Os dados foram recolhidos entre 2002 e 2008 nas escolas de Portugal
Continental, em que a investigação foi aprovada pelo Conselho Pedagógico e
pelo Conselho Executivo (35 escolas), através da visita de um investigador do
Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto que acompanhou e fiscalizou a aplicação do instrumento
de recolha de dados.
O estudo foi aprovado pelo Conselho Científico da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto, que é a entidade responsável por assegurar o
cumprimento da Declaração de Helsínquia em Estudos Humanos e do
Ministério da Educação Português. O preenchimento do questionário por parte
dos jovens foi voluntário e realizado, após consentimento por escrito do seu
responsável.
Na análise dos dados, utilizámos estatística descritiva com a apresentação das
frequências e percentagens para as variáveis nominais, médias e desvio
padrão para as variáveis contínuas. Recorremos, ainda, ao teste Qui-Quadrado
(estudo da distribuição em variáveis nominais) com análise de residuais
ajustados (para localização de valores significativos). O nível de significância
considerado foi de 0,05, sendo apresentado a negrito, nos quadros, os valores
com residuais ajustados iguais ou superiores a 1.9, em cada célula.
54
IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde.
Que influência poderá ter a tipologia de escola?
4.2.3 Variáveis
As variáveis analisadas foram: prática desportiva (PD), consumo de tabaco
(CT), consumo de álcool (CA) e a satisfação com a vida (SV).
Para cada uma das variáveis, a constituição dos grupos foi realizada de acordo
com o quadro (ver quadro 1).
Quadro 4.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão
Variável
PD
CT
Grupo
Critérios de inclusão
Observações
Inexistente
ou
esporádica
Não pratica/ pratica até uma vez por
semana.
Analisámos a frequência de
prática superior a 1 hora por
sessão. Considerámos apenas a
PD, quer de âmbito recreativo
quer de âmbito competitivo,
realizada fora da escola.
Reduzida
Regular
Pratica mais
semana.
Regular
Consome diariamente
Reduzido
Inexistente
CA
três
vezes
por
Consome esporadicamente (até várias
vezes por semana)
Analisámos
consumo.
a
frequência
de
Analisámos
consumo.
a
frequência
de
Não consome
Consome várias vezes por semana
Reduzido
Consome até uma vez por semana
Não consome/ quase nunca consome
Reduzida
( X entre 1 e 2,4)
Moderada
( X entre 2,5 e 3,4)
Elevada
4.3
de
Regular
Inexistente
SV
Pratica até três vezes por semana.
Determinámos o valor médio,
tendo em conta a resposta a
cinco questões com valores
entre 1 (discordo totalmente) e 5
(concordo totalmente)
( X entre 3,5 e 5)
Resultados
Iniciando a apresentação dos resultados por uma análise à amostra global,
independente da tipologia de escola, verificámos que apenas 38% dos jovens
praticavam desporto com regularidade (mais de três vezes por semana), 36%
tinham uma prática reduzida (até 3 vezes por semana) e que 26% nunca
praticavam ou praticavam menos de uma vez por semana.
No que diz respeito ao consumo de tabaco, registámos que 7%, dos jovens da
nossa
amostra
consumiam
regularmente
esporadicamente e 85% não consumiam.
55
tabaco,
8%
consumiam
IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde.
Que influência poderá ter a tipologia de escola?
No que concerne ao consumo de álcool, verificámos que 6% dos jovens
consumiam, regularmente, álcool, 25% consumiam pontualmente e 69% não
consumia.
Por fim e relativamente à Satisfação com a vida verificámos que 54%
consideravam-se muitos satisfeitos com a sua vida, 36% moderadamente
satisfeitos e 10% pouco satisfeitos.
Seguidamente, procedemos à análise das diferenças entre os jovens que
frequentavam Escolas EB2/3 e ES/3, e concluiu-se que, na amostra global, não
existem alterações estatisticamente significativas em nenhuma variável à
exceção do consumo de tabaco (p<0,001), com os alunos que
frequentavam as Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico a
apresentarem consumos superiores, quando comparados com os alunos que
frequentavam Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos (ver quadro 4.2).
Nas
restantes variáveis, e
não obstante a
ausência
de diferenças
estatisticamente significativas, podemos observar tendências que nos parecem
dignas de análise.
Assim, e no que diz respeito à prática desportiva, verificámos ser ligeiramente
inferior nos alunos que frequentavam Escolas Secundárias com 3º Ciclo do
Ensino Básico, relativamente aos alunos que estudavam nas Escolas Básicas
do 2º e 3º Ciclos (a prática desportiva frequente situava-se, nos alunos das
Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico, em 37% e nos alunos das
Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos, em 39%).
Relativamente ao consumo de álcool, constatámos que era ligeiramente
superior nos alunos das Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico,
ainda que, de uma forma geral, o consumo regular de álcool se situasse nos
7% em ambas as tipologias de escolas.
Por fim, no que diz respeito à satisfação com a vida, verificámos a tendência
para existirem níveis inferiores de satisfação com a vida nas Escolas
Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico (51% de satisfação com a vida
elevada nos alunos que frequentavam Escolas Secundárias com 3º Ciclo do
56
IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde.
Que influência poderá ter a tipologia de escola?
Ensino Básico contra os 55% dos alunos que frequentavam Escolas Básicas do
2º e 3º Ciclos.
Após a análise da amostra global, realizámos um estudo por sexo (ver quadro
4.2) verificando que, de uma forma geral, parecem ser as raparigas as mais
influenciadas pela tipologia de escola, visto que em todas as variáveis
abordadas, as maiores diferenças, entre tipologias de escola, encontravam-se
no sexo feminino existindo, inclusive, uma disparidade estatisticamente
relevante relativamente ao consumo de tabaco.
Por outro lado, a investigação por sexos permitiu-nos confirmar o que já
havíamos descrito, aquando da análise da amostra global: os alunos das
Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos apresentavam níveis ligeiramente superiores
de Prática Desportiva, menores consumos de tabaco e de álcool e índices mais
elevados de satisfação com a vida, quando comparados com os alunos que
frequentavam Escolas Básicas do 3º Ciclo com Ensino Secundário, em ambos
os sexos.
Quadro 4.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida, em função da tipologia de escola, na amostra global e em cada sexo.
PD
(n=2660)
ES/3(%)
EB2/3(%)
ES/3(%)
EB2/3(%)
ES/3(%)
(n=2450)
(n=1646)
(n=1318)
(n=1528)
(n=1132)
Inexistente ou
esporádica
26
27
32
34
19
19
Reduzida
35
36
39
38
32
34
Regular
39
37
29
28
49
47

 p=0,351


 p=0,395

 p=0,509
Regular
6
10
5
9
7
10
Reduzido
8
7
8
7
9
7
Inexistente
86
83
87
84
84
83
 p<0,001

p<0,001
p=0,009
Regular
7
7
3
3
10
10
Reduzido
23
26
23
27
24
26
Inexistente
70
67
74
70
66
64
(g.l.= 4)
SV
Sexo Masculino ♂
(n=2964)
(n=3174)
(g.l.= 2)
CA
Sexo Feminino ♀
(n=5624)
EB2/3(%)
(g.l.= 2)
CT
Amostra Total
p=0,039

p=0,066
p=0,392
Reduzida
10
12
10
14
8
9
Moderada
35
37
37
36
34
37
Elevada
55
51
53
50
58
54
p=0,007

57
p=0,037
p=0,098
IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde.
Que influência poderá ter a tipologia de escola?
Optámos, também, por realizar uma análise por idades, no intuito de perceber
se existiriam escalões etários mais influenciados pelas diferentes tipologias de
escola.
Neste contexto e relativamente à prática desportiva e à satisfação com a vida,
concluímos que as principais diferenças (estatisticamente não significativas) se
encontravam nas idades mais altas (entre os 16 e 17 anos). No entanto, em
todos
os
escalões
etários,
verificaram-se
os
resultados
encontrados
anteriormente: os alunos que frequentavam Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos
revelam índices de prática desportiva e níveis de satisfação com a vida
superiores, ainda que ligeiros, aos registados nos alunos das Escolas Básicas
do 2º e 3º Ciclos.
Pelo contrário, foi nas idades mais baixas (escalão etário dos 12 aos 13 anos)
que encontrámos as dissemelhanças mais significativas, no que concerne ao
consumo de álcool. Os valores, então encontrados, eram, de alguma forma,
contraditórios com os valores referidos, aquando da análise global e por sexos,
dado que os consumos de álcool mais regulares observavam-se nos alunos
que frequentavam Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos, em todos os escalões
etários, exceto no dos 14 aos 15 anos, em que a percentagem de consumos
regulares era igual (5%). No entanto, saliente-se que as maiores percentagens
de consumo inexistente se registaram nas Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos.
Por fim, e no que diz respeito ao consumo de tabaco, encontrámos as
diferenças mais significativas no escalão etário dos 14 aos 15 anos, igualandose os resultados obtidos nas análises anteriores: os consumos de tabaco eram
superiores nos alunos que frequentavam as Escolas Secundárias com 3º Ciclo
do Ensino Básico em todos os escalões etários.
58
IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde.
Que influência poderá ter a tipologia de escola?
Quadro 4.3 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida, em função da tipologia de escola, em cada escalão etário.
12-13 anos
(n=1694)
PD
ES/3(%)
EB2/3(%)
ES/3(%)
EB2/3(%)
ES/3(%)
(n=1006)
(n=688)
(n=1657)
(n=1145)
(n=511)
(n=617)
Inexistente ou
esporádica
25
25
26
26
27
31
Reduzida
35
37
36
36
37
36
Regular
40
38
38
38
36
33
p=0,989
p=0,235
4
5
7
16
22
Reduzido
4
4
9
8
12
9
Inexistente
93
92
86
85
72
69
p=0,900

p=0,010
p=0,018
Regular
5
3
5
5
14
13
Reduzido
19
22
22
23
34
36
Inexistente
76
75
73
72
52

 p=0,149


 p=0,881
51

 p=0,618
Reduzida
7
10
10
10
14
17
Moderada
33
33
36
37
38
39
Elevada
60
57
54
53
48
44


4.4

3
(g.l.= 2)
SV
p=0,562
Regular
(g.l.= 2)
CA
16-17 anos
(n=1128)
EB2/3(%)
(g.l.= 2)
CT
14-15 anos
(n=2802)
p=0,215



p=0,566


p=0,185
Discussão
No decorrer desta pesquisa, não encontrámos qualquer estudo nacional ou
internacional com referência a diferenças nos comportamentos relacionados
com a saúde ou com a satisfação com a vida dos adolescentes, em diferentes
tipologias de escola.
Não obstante, a análise de investigações, na mesma área de intervenção,
possibilita-nos discutir os resultados aqui encontrados.
Partindo do princípio que a interação entre os pares, não sendo unicausal na
adoção de comportamentos protetores ou de risco para a saúde, é,
efetivamente, um dos agentes de maior influência, pois os adolescentes
tendem a adotar comportamentos comuns dentro dos seus grupos de pares,
59
IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde.
Que influência poderá ter a tipologia de escola?
conforme demonstram os estudos de Cumsille, Sayer, & Graham (2000),
Gardner & Steinberg (2005) e de Jaccard & Blanton (2005).
Tendo em conta que é na escola que o adolescente mais se relaciona com os
seus pares, visto que é neste espaço que passa grande parte do seu tempo,
parece natural que sejam esses, os pares, com maior ascendência nas suas
decisões.
Atendendo a que a literatura é unânime no reconhecimento da idade como
fator de influência na adoção de comportamentos protetores ou de risco para a
saúde, o facto de um adolescente frequentar Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos
(convivendo com alunos da mesma faixa etária e mais novos) ou Escolas
Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico (convivendo com alunos da
mesma faixa etária e mais velhos) poderá, não sendo o único, está claro, ser
uma importante causador na adoção de um estilo de vida mais ou menos
protetor da saúde.
Assim e relativamente à prática desportiva, os resultados dos estudos por nós
consultados, apontam, claramente, para uma reduzida prática desportiva dos
jovens, de uma forma geral, e dos jovens mais velhos, em particular (CorteReal et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Matos, Carvalhosa & Diniz, 2002; Matos
et. al. 2006; Mota & Sallis, 2002). Por outro lado, a investigação de Matos,
Carvalhosa & Diniz (2002) refere, entre os outros aspetos, que o envolvimento
escolar e o estabelecimento de laços com os pares são fortes influências na
escolha de um estilo de vida mais ou menos ativo.
Os resultados da nossa exegética convergem com os resultados das
investigações referidas anteriormente, na medida em que eram os alunos que
frequentavam Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico (cujo o
convívio se realizava com pares das mesmas idades e mais velhos) aqueles
que apresentavam, ainda que sem diferenças estatisticamente significativas,
níveis inferiores de prática desportiva. Assim, podemos estar perante o facto de
os alunos mais velhos, identificados nas pesquisas citadas como aqueles que
demonstram níveis inferiores de prática desportiva, influenciarem os seus pares
mais novos no sentido de um estilo de vida mais sedentário.
60
IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde.
Que influência poderá ter a tipologia de escola?
No que diz respeito ao consumo de tabaco, a literatura por nós consultada é
unânime na referência a significativas taxas de consumo que aumentavam
exponencialmente com a idade (Corte-Real et. al., 2008; Currie et. al. 2000;
Matos et. al. 2006; Vinagre & Lima, 2006). A estas evidências acrescem os
resultados do estudo de Antunes e colaboradores (2006), no qual foi
encontrada uma associação entre o consumo e o estatuto de adulto. Neste
contexto, o facto de na nossa investigação encontrarmos taxas de consumo
mais consideráveis nos adolescentes a frequentarem Escolas Secundárias com
3º Ciclo do Ensino Básico pode-se ficar a dever à circunstância dos mais
jovens quererem se assemelhar ao mais velhos com quem convivem e desta
forma aderirem ao consumo desta substância.
No que concerne ao consumo de álcool, as investigações por nós consultadas
convergem: elevadas taxas de consumo, principalmente, nos jovens mais
velhos (Corte-Real et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Institute of Alcohol Studies,
2008; Matos et. al. 2006). Por outro lado, o consumo de álcool surge, muitas
vezes, associado ao estatuto de adulto (Antunes et. al., 2006) e à afirmação
dentro do grupo de pares (Institute of Alcohol Studies, 2008).
Na nossa investigação, os consumos de álcool eram muito idênticos entre os
alunos que frequentavam diferentes tipologias de escola. No entanto, eram os
alunos que frequentavam Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico,
os que apresentavam menor percentagem de consumo inexistente.
Essa experimentação superior dos alunos que estudavam nas Escolas
Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico pode estar relacionada com a
afirmação dentro de um grupo de pares mais velhos e à tentativa de imitar um
adulto podendo, dessa forma, chamar à atenção e integrar grupos de pares
mais velhos.
Por fim e relativamente à satisfação com a vida, os estudos, por nós lidos,
apontavam para níveis de satisfação com a vida inferiores nos jovens mais
velhos (Currie et. al., 2000; Goldbeck, 2007; Matos et. al., 2006).
61
IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde.
Que influência poderá ter a tipologia de escola?
Na nossa investigação, concluímos que eram os jovens que frequentavam
Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico os que apresentavam
níveis inferiores de satisfação com a vida.
Este facto poderá estar relacionado com alguma influência dos pares mais
velhos no julgamento que os pares mais novos faziam em relação à qualidade
da sua própria vida.
Neste contexto, acreditamos que o convívio dos alunos do 3º Ciclo do Ensino
Básico com alunos de escalões etários mais novos (como acontece nas
Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos) ou com pares mais velhos (como acontece
nas Escolas Secundárias com 3º Ciclo), não sendo com certeza o único fator,
poderá influenciar significativamente a adoção de comportamentos protetores
ou de risco para a saúde. Por outro lado, podemos, também, assumir que a
influência, ainda que com formas e intensidades diferentes, se possa estender
a todos os ciclos de ensino.
No entanto, a crescente necessidade de rentabilização e racionalização de
recursos humanos e materiais em todos os setores do funcionalismo público e,
em particular, no setor da Educação vem fazendo com que cada vez mais se
promova a construção ou constituição de mega agrupamentos que reúnam
mais que um ciclo de ensino ou, até mesmo, a totalidade destes, como é o
caso das recentes Escolas EBI (Escolas Básicas Integradas) que integram a
totalidade dos ciclos de ensino à exceção do Ensino Secundário ou os também
recentes Centros Escolares que reúnem o Ensino Pré-escolar e o 1º Ciclo do
Ensino Básico numa única infraestrutura.
62
V.
Assimetrias regionais - que diferenças nos estilos de vida
e na satisfação com a vida dos adolescentes?
Um estudo realizado em alunos do 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal
Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Assimetrias regionais - que diferenças nos
estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes? Um estudo realizado em alunos do 3º ciclo
do Ensino Básico em Portugal. Ciência & Saúde Coletiva. (No prelo)
Submetido em: 29/09/2013 | Aceite em: 17/10/2013 | No prelo
Ver anexo 3
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
5.1
Resumo
A saúde, tantas vezes ignorada, é um conceito essencial para as nossas vidas,
enquanto maior “recurso” do ser Humano.
Partindo da importância dos comportamentos e da satisfação com a vida para a
saúde dos jovens portugueses e das consideráveis assimetrias regionais
existentes no território de Portugal Continental, tínhamos como objetivo para
esta investigação: verificar a existência de diferenças nos níveis de prática
desportiva, de consumo de tabaco e de álcool e de satisfação com a vida nos
alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico residentes em diferentes áreas,
nomeadamente, interior/litoral e rural/urbano.
A amostra foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47% ♂), com idades
compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33;  = 1,359), a frequentar o
3º Ciclo do Ensino Básico em escolas de Portugal Continental.
O instrumento utilizado para a recolha dos dados foi o “inventário de
comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” desenvolvido
por Corte-Real, Balaguer e Fonseca (2004) e a versão portuguesa da
“Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al., 2010,
Fonseca, 1995).
Concluímos que existiam níveis superiores de consumo de tabaco nos jovens
residentes áreas interiores e urbanas, níveis superiores de consumo regular de
álcool nos jovens residentes em áreas interiores e rurais e níveis superiores de
satisfação com a vida nos jovens residentes em áreas litorais e urbanas.
Relativamente à Prática Desportiva, parece não existir influência significativa
dos meios de residência.
Constatámos, também, a existência de disparidades significativas, em todas as
variáveis em análise, de acordo com o sexo e escalão etário, independentes
dos diferentes meios de residência analisados. O nosso estudo sugere, ainda,
serem os rapazes os mais influenciados pela área de residência.
Neste contexto, admitimos que o meio físico de residência, não sendo com
certeza o único fator, nem o mais importante, poderá influenciar claramente a
65
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
adoção de comportamentos protetores ou de risco para a saúde, podendo-se
assim falar da existência de locais de residência mais ou menos protetores da
saúde dos jovens e adolescentes, pelo que desenvolvimento e aplicação de
programas de promoção da saúde, deverá estar baseado em resultados de
investigações realizadas em cada realidade e não em dados médios nacionais,
por forma a ajustarem-se às diferentes especificidades existentes no país,
adequando, assim, a intervenção à realidade local.
5.2
Metodologia
5.2.1 Amostra
A amostra deste estudo foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47%
♂), com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33;  =
1,359), a frequentar o 3º Ciclo do Ensino Básico em escolas de Portugal
Continental.
Dividimos os alunos em grupos, de acordo com a sua área de residência, sob
dois pontos de vista tradicionais de divisão imaginária do território português, a
saber: litoral/ interior e urbano/ rural.
Relativamente à divisão litoral/ interior constituímos dois grupos: litoral (55,2%)
e interior (44,8%). Para a realização desta divisão e na ausência de uma
delimitação
institucional
recorremos
ao
padrão
“clássico”
referido
à
acessibilidade em relação à costa, preconizado por Estela Alegria (2004),
classificando como áreas litorais as unidades que confinavam com o mar e
aquelas cujo concelho “principal” (o de maior população em 1991) distavam
menos de 60 quilómetros de Lisboa ou do Porto e como do “Interior” as
restantes.
No que diz respeito à divisão Urbano/ Rural, constituímos dois grupos: Área
Predominantemente Urbana - APU (75%) – doravante designada por Área
Urbana e Área Predominantemente Rural – APR (25%) – doravante designada
por Área Rural.
Optámos por excluir as Áreas Medianamente Urbanas (AMU) desta análise
por considerarmos que estas, por englobarem características comuns às Áreas
66
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
Predominantemente Rurais (APR) e Áreas Predominante Urbanas (APU),
poderiam enviesar os resultados obtidos.
Para a realização desta divisão, utilizamos as definições estabelecidas pelo
Instituto Nacional de Estatística (INE, 2009a, INE, 2009c) as quais, tal como já
referido no capítulo introdutório, têm por base o peso da população residente
na população total das freguesias e o peso da área na área total das
freguesias.
5.2.2 Procedimentos
O instrumento utilizado para a recolha dos dados foi o “inventário de
comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” desenvolvido
por Corte-Real, Balaguer e Fonseca (2004) e a versão portuguesa da
“Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al., 2010,
Fonseca, 1995).
Os dados foram recolhidos entre 2002 e 2008 nas escolas de Portugal
Continental, em que a investigação foi aprovada pelo Conselho Pedagógico e
pelo Conselho Executivo (35 escolas), na presença de um investigador do
Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto que acompanhou e monitorizou a aplicação do
instrumento de recolha de dados.
O estudo foi aprovado pelo Conselho Científico da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto, à data do início, entidade responsável por assegurar o
cumprimento da Declaração de Helsínquia em estudos humanos e do
Ministério da Educação Português. O preenchimento do questionário por parte
dos jovens foi voluntário e realizado após consentimento por escrito do seu
responsável.
Na análise dos dados, utilizámos estatística descritiva com a apresentação das
frequências e percentagens para as variáveis nominais, médias e desvio
padrão para as variáveis contínuas. Recorremos, ainda, ao teste Qui-Quadrado
(estudo da distribuição em variáveis nominais) com análise de residuais
ajustados (para localização de valores significativos). O nível de significância
67
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
considerado foi de 0,05, sendo apresentado a negrito nos quadros, os valores
com residuais ajustados iguais ou superiores a 1,9, em cada célula.
5.2.3 Variáveis
Para além das variáveis, já referenciadas, sexo, escalão etário e local de
residência utilizamos, ainda, as seguintes variáveis: prática desportiva (PD),
consumo de tabaco (CT), consumo de álcool (CA) e a satisfação com a vida
(SV).
Para cada uma das variáveis a constituição dos grupos foi realizada de acordo
com o quadro seguinte (ver quadro 1).
Quadro 5.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão
Variável
PD
CT
Grupo
Critérios de inclusão
Inexistente
ou
esporádica
Não pratica/ pratica até uma vez por
semana.
Reduzida
SV
Pratica mais de três vezes por
semana.
Regular
Consome diariamente
Reduzido
Consome esporadicamente
várias vezes por semana)
(até
Analisámos a frequência de
prática igual ou superior a 1
hora
por
sessão.
Considerámos apenas a PD,
quer de âmbito recreativo quer
de
âmbito
competitivo,
realizada fora da escola.
Analisámos a frequência de
consumo.
Não consome
Regular
Consome várias vezes por semana
Reduzido
Consome até uma vez por semana
Inexistente
Não
consome/
consome
Reduzida
( X entre 1 e 2,4)
Moderada
( X entre 2,5 e 3,4)
Elevada
5.3
Pratica até três vezes por semana.
Regular
Inexistente
CA
Observações
quase
nunca
Analisámos a frequência de
consumo.
Determinámos o valor médio,
tendo em conta a resposta a
cinco questões com valores
entre 1 (discordo totalmente) e
5 (concordo totalmente)
( X entre 3,5 e 5)
Resultados
5.3.1 Análise da amostra global
Iniciando a apresentação dos resultados por uma análise à amostra global,
independente dos meios de residência, verificámos que apenas 38% dos
jovens praticavam desporto com regularidade (mais de três vezes por semana),
68
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
36% tinham uma prática reduzida (até 3 vezes por semana) e que 26% nunca
praticavam ou praticavam menos de uma vez por semana.
Relativamente ao consumo de tabaco, registámos que 7% dos jovens, da
nossa amostra, consumiam regularmente tabaco (diariamente), 8% consumiam
de forma reduzida ou esporádica (até várias vezes por semana) e 85% não
consumiam.
No que diz respeito ao consumo de álcool, verificámos que 6% dos jovens
consumiam regularmente álcool, 25% consumiam de forma reduzida ou
esporádica (até uma vez por semana) e 69% não consumiam.
Por fim, e relativamente à satisfação com a vida, verificámos que 54% dos
jovens da amostra consideravam-se muito satisfeitos com a sua vida, 36%
moderadamente satisfeitos e 10 % pouco satisfeitos.
5.3.2 Análise dos resultados em função do local de residência interior/litoral
Seguidamente, procedemos à análise das mesmas variáveis, relativamente ao
local de residência interior e litoral (ver quadro 5.2).
Verificámos, então, na amostra global, existirem diferenças estatisticamente
significativas em todas as variáveis analisadas exceto na prática desportiva.
Assim, os jovens residentes em meio interior registavam consumos de tabaco e
de álcool superiores aos dos jovens do meio litoral e níveis inferiores de
Satisfação com a Vida.
Por fim, e relativamente à prática desportiva, ainda que não tenhamos
encontrado diferença estatisticamente significativa, registámos a tendência
para os níveis de prática regulares serem superiores no meio interior.
Seguidamente, procedemos a uma análise por sexo em cada meio de
residência em estudo (ver quadro 5.2) verificando que, de uma forma geral,
parecem ser os rapazes os mais influenciadas pelo meio de residência
interior/litoral visto que em todas as variáveis, em estudo, exceto na prática
desportiva, as maiores desigualdades, entre meios, encontravam-se no sexo
masculino existindo, inclusive, diferenças estatisticamente significativas.
69
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
Por outro lado, a análise por sexos permitiu-nos confirmar o que já havíamos
descrito, aquando da análise da amostra global: os alunos residentes no meio
interior apresentavam consumos superiores de tabaco e de álcool e índices
mais reduzidos de satisfação com a vida, quando comparados com os alunos
residentes em meio litoral, em ambos os sexos.
Exceção à regra apenas a prática desportiva: no sexo feminino, os níveis
inferiores de prática revelaram-se nos alunos residentes em meio litoral,
enquanto que, no sexo masculino, estes registaram-se nos alunos residentes
em meio interior.
Quadro 5.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida em função do meio (litoral e interior) na amostra total e em cada sexo.
Sexo Feminino
Amostra Global
(5624)
Inexistente ou
Esporádica
PD
Reduzida
%
Regular
CT
Reduzido
%
Inexistente
Regular
CA
Reduzido
%
Inexistente
Reduzida
Moderada
Elevada
(g.l.= 2)
Litoral
Interior
Litoral
Interior
(n=1683)
(n=1281)
(n=1422)
(n=1238)
27
26
34
32
18
20
36
35
39
37
33
33
37
39
27
31
49
47

%

 p=0,182

 p=0,349
6
10
6
8
5
12
7
9
7
8
6
10
87
81
87
84
89
78

p=0,123
 p<0,001
5
9
3
4
7
14
23
26
23
26
23
26
72
65
74
70
70
60
 p<0,001
(g.l.= 2)
SV
Interior
(n=2519)
 p<0,001
(g.l.= 2)
(n=2660)
Litoral
 p=0,496
Regular
♂
(n=2964)
(n=3105)

(g.l.= 2)
Sexo Masculino
♀

p=0,132
 p<0,001
10
11
11
13
9
9
34
38
36
37
32
39
56
51
53
50
59
52
p=0,001

p=0,249
 p<0,001
Posto isto, e no intuito de perceber se existiriam escalões etários mais
influenciados pelos diferentes locais de residência, optámos por realizar uma
análise, por meio, em cada escalão etário (ver quadro 5.3).
70
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
Verificámos existirem diferenças estatisticamente significativas no consumo de
tabaco em todos os escalões etários, no Consumo de Álcool no escalão etário
dos 16-17 anos e na satisfação com a vida no escalão etário dos 12-13 anos.
Assim, e no que diz respeito ao consumo de tabaco, constatámos, como já
havíamos feito na análise da amostra global, existirem consumos superiores
nos jovens residentes em meio interior e verificámos que tal facto era válido
para todos os escalões etários.
Relativamente ao consumo de álcool, apurámos que era consideravelmente
superior nos jovens residentes em meio interior em todos os escalões etários,
principalmente no escalão etário dos 16-17 anos, onde se registou uma
diferença estatisticamente significativa.
No que concerne à satisfação com a vida, notámos existirem níveis mais
elevados nos jovens residentes em meio litoral, em todos os escalões etários,
registando-se, inclusive, diferença estatisticamente considerável no escalão
etário dos 12-13 anos.
Por fim, e relativamente à prática desportiva, tal como já referimos, não
encontramos qualquer diferença estatisticamente expressiva em qualquer
escalão etário analisado. Não obstante, a análise sugere a existência de níveis
mais frequentes de prática nos jovens residentes em meio interior nos escalões
etários dos 12-13 anos e 16-17 anos e níveis iguais no escalão etário dos 1415 anos.
71
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
Quadro 5.3 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida em função do meio (litoral e interior), em cada escalão etário.
12-13 anos
(n=1694)
Inexistente ou
esporádica
PD
Reduzida
%
Regular
Regular
CT
Reduzido
%
Inexistente
Regular
CA
Reduzido
%
Inexistente
Interior
Litoral
Interior
Litoral
Interior
(n=592)
(n=1491)
(n=1311)
(n=512)
(n=616)
26
24
25
27
32
27
36
34
37
35
35
37
38
42
38
38
33
36
Reduzida

p=0,501
p=0,156
2
5
5
6
16
22
4
5
8
10
9
11
94
90
87
84
75

p=0,029
67
p=0,027
3
5
4
5
8
19
20
20
22
24
34
36
77
75
74
71
58
45
p=0,353
(g.l.= 2)
SV
Litoral
p=0,002
(g.l.= 2)
16-17 anos
(n=1128)
(n=1102)
p=0,345
(g.l.= 2)
14-15 anos
(n=2802)

p=0,241
p<0,001
8
8
11
9
16
16
30
39
35
38
36
40
Elevada
62
53
54
53
48
(g.l.= 2)

Moderada
%
 p=0,002


 p=0,415
44

 p=0,308
5.3.3 Análise dos resultados em função do meio de residência rural/urbano
Após a análise por local de residência interior/ litoral, procedemos à análise das
diferenças entre jovens residentes em Áreas Rurais (AR), e Áreas Urbanas
(AU).
Assim, e relativamente à amostra global, verificámos existirem diferenças,
estatisticamente significativas, em todas as variáveis exceto na prática
desportiva (ver quadro 5.4).
Assim, e relativamente ao consumo de tabaco, constatámos que o consumo
regular era superior no meio urbano, o consumo reduzido no meio rural e o
consumo inexistente no meio urbano.
No que diz respeito ao consumo de álcool, observámos ser bastante superior
no meio rural.
72
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
No que concerne à satisfação com a vida, foram registados níveis superiores
nos jovens residentes em meio urbano.
Por fim, e no que se refere à prática desportiva, averiguámos que os valores de
prática eram muito idênticos em ambos os meios em análise.
Seguidamente, e tal como já havíamos feito aquando da análise por meio
interior/ litoral, realizamos uma análise por meio em cada um dos sexos.
Concluímos
que
existem
diferenças
estatisticamente
significativas
na
satisfação com a vida no sexo feminino e no consumo de tabaco e consumo de
álcool no sexo masculino (ver quadro 5.4).
Assim e no que diz respeito à satisfação com a vida no sexo feminino,
verificámos existirem níveis mais elevados nas raparigas residentes em meio
urbano, quando comparadas com as residentes em meio rural. Nas restantes
variáveis, no sexo feminino, e não obstante a inexistência de diferenças
estatisticamente significativas registámos que a prática desportiva era
ligeiramente superior no meio rural e que os consumos de tabaco e de álcool
tendiam a ser superiores no meio urbano, em especial o consumo de tabaco.
Já relativamente ao sexo masculino e ao consumo de tabaco, considerámos
que, embora as percentagens de consumo regular fossem iguais entre os
meios de residência em análise, as percentagens de consumo inexistente eram
substancialmente maiores nos residentes no meio urbano.
Relativamente ao consumo de álcool, constatámos a existência de consumos
superiores nos rapazes residentes em meio rural.
Por fim, e relativamente à prática desportiva e à satisfação com vida, embora
não tivéssemos encontrado diferenças estatisticamente relevantes, verificámos
existirem níveis ligeiramente superiores de prática nos rapazes residentes em
meio urbano e níveis mais elevados de satisfação com a vida, no mesmo meio.
73
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
Quadro 5.4 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida em função do meio (Urbano e Rural) na amostra total e em cada sexo.
Sexo Feminino
Amostra Total
(n=4592)
Inexistente ou
esporádica
PD
Reduzida
%
Regular
Regular
CT
Reduzido
%
Inexistente
Regular
CA
Reduzido
%
Inexistente
Reduzida
SV
Moderada
Elevada
(g.l.= 2)
Rural
Urbano
Rural
Urbano
Rural
(n=1150)
(n=1862)
(n=568)
(n=1580)
(n=582)
27
27
33
32
18
22
36
34
38
37
34
31
37
39
29
31
48
47

%
p=0,629
p=0,195
8
7
8
5
9
9
7
9
7
7
6
11
85
84
85
88
85
80

p=0,057
p=0,001
6
8
3
2
9
13
23
27
23
26
23
28
71
65
74
72
68
59
p<0,001
(g.l.= 2)
♂
(n=2162)
(n=3442)
 p=0,007
(g.l.= 2)
♀
(n=2430)
Urbano
p=0,584
(g.l.= 2)
Sexo Masculino

p=0,192
p<0,001
11
10
12
11
9
8
34
41
35
43
34
39
55
49
53
46
57
53
p<0,001

p=0,002
p=0,056
Seguidamente, optámos, tal como também havíamos feito na análise por meio
interior e litoral, por realizar uma abordagem por meio em cada escalão etário
(ver quadro 5.5).
Presenciámos que existem diferenças estatisticamente importantes na
satisfação com a vida no escalão etário 12-13 anos e no consumo de tabaco e
álcool no escalão etário dos 16-17 anos. Por outro lado, encontrámos, também,
algumas tendências dignas de registo.
Assim, atestámos a existência de valores ligeiramente superiores de prática
desportiva no meio no meio rural, nos escalões etários dos 12-13 anos e 14-15
anos e no meio urbano, no escalão etário dos 16-17 anos.
Constatámos a existência de consumos de tabaco idênticos, no escalão etário
dos 12-13 anos e valores superiores no meio urbano, nos escalões etários dos
74
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
14-15
anos
e
16-17
anos,
verificando-se,
neste
último,
diferença
estatisticamente significativa.
Relativamente ao consumo de álcool, verificámos existirem valores de
consumo idênticos entre os meios de residência nos escalões etários dos 1213 anos e dos 14-15 anos e valores superiores no meio urbano, no escalão
etário dos 16-17 anos (diferença estatisticamente significativa).
Por fim, e relativamente à satisfação com a vida, encontrámos valores
superiores no meio urbano em todos os escalões etário, em particular, no
escalão etário dos 12-13 anos, onde a diferença era estatisticamente relevante.
Quadro 5.5 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e
satisfação com a vida em função do meio (Urbano e Rural) em cada escalão etário.
12-13 anos
(n=1393)
Inexistente ou esporádica
PD
Reduzida
%
Regular
Regular
CT
Reduzido
%
Inexistente
Regular
CA
Reduzido
%
Inexistente
Reduzida
Moderada
Elevada
(g.l.= 2)
5.4
Urbano
Rural
Urbano
Rural
(n=284)
(n=1678)
(n=583)
(n=655)
(n=283)
26
25
26
26
29
30
35
34
36
33
37
38
39
41
38
41
34
32
%

p=0,351
p=0,748
3
3
6
5
22
15
4
5
8
9
9
14
93
92
86
86
69
71

p=0,379
p=0,020
4
3
5
5
11
19
19
21
21
26
35
35
77
76
74
69
54
46
p=0,620
(g.l.= 2)
SV
Rural
(n=1109)
p=0,354
(g.l.= 2)
16-17 anos
(n=938)
Urbano
p=0,707
(g.l.= 2)
14-15 anos
(n=2261)

p=0,075
p=0,007
9
6
10
9
16
14
31
43
35
40
37
42
60
51
55
51
47
44
p=0,001

p=0,174
p=0,356
Discussão
No decorrer desta investigação, foram escassos os estudos encontrados com
referência a diferenças nos comportamentos relacionados com a saúde ou na
satisfação com a vida, dos adolescentes, em diferentes meios de residência.
75
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
Não obstante, cremos que a análise de investigações, na mesma área de
intervenção e em áreas adjacentes, possibilita a discussão dos resultados aqui
presenciados.
Assim, e pela análise do estudo de Santana, Vaz e Fachada (2004), sobre a
influência das regiões no estado de saúde da população portuguesa,
verificámos existir uma variação do estado de saúde, na razão direta da
urbanização/litoralização dos municípios, em dois períodos de análise distintos,
resultado de um território marcado por fortes contrastes sociais, económicos e
demográficos devido à atração continuada da população ao litoral e à repulsa
pelo interior que provoca, ainda mais, desequilíbrios.
Por outro lado, o mesmo estudo atestou que as causas das desigualdades em
saúde estão em estreita dependência de fatores económicos e do meio físico e
social que fazem parte do ambiente diário das pessoas (rendimento, habitação,
desemprego, etc.).
Por outro lado e analisando o estudo de Youngblade e Curry (2006),
constatámos que os comportamentos relacionados com a saúde sofrem
influência direta dos contextos interpessoais em que os jovens e adolescentes
vivem. Os resultados deste estudo sugeriram que jovens envolvidos em
contextos que forneciam recursos positivos eram menos propensos à aquisição
de comportamentos de risco e mais tendentes ao desenvolvimento de
comportamentos protetores da saúde.
Neste contexto, considerámos ser possível que os fortes contrastes sociais,
económicos
e
demográficos
tenham
influência
significativa
nos
comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes bem como na
satisfação com a vida destes.
Assim sendo, e regressando à nossa pesquisa, mais concretamente à prática
desportiva, verificámos existirem, no geral, reduzidos níveis de prática
desportiva regular e nos jovens do sexo feminino e nos mais velhos, em
particular.
Estes
resultados
convergem
com
os
resultados
registados
noutras
investigações, nomeadamente nos estudos de Corte-Real e colaboradores
76
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
(2008), Currie e colaboradores (2000), Matos e colaboradores (2012) e Mota e
Sallis (2002).
Ainda relativamente à prática desportiva, constatámos não existir diferença
entre os meios de residência em análise.
Assim, e apesar de autores como Yang e colaboradores (2000 in Mota & Sallis,
2002), referirem a possibilidade de populações mais urbanas terem mais
escolhas e mais informações em relação ao exercício físico e maiores
oportunidades de utilizar espaços e equipamentos desportivos e, por
conseguinte apresentarem níveis superiores de prática, os nossos resultados
sugerem que a prática desportiva dos jovens não é influenciada pela sua área
de residência.
Acreditamos, pois, que a adesão a estilos de vida mais ativos não se prende
tanto com fatores extrínsecos que tenham por base as questões de igualdades
ou desigualdades oriundas dos diferentes meios de residência, como o estatuto
socioeconómico (Mota & Silva, 1999), mas sim com fatores de ordem intrínseca
como o divertimento, o prazer e as competências (Weinberg et al., 2000;
Longhunst & Spink, 1987; Yang, Telama, Lenkinen, 2000, in Mota & Sallis,
2002) ou a influência dos pais (Mota & Silva, 1999).
Relativamente ao consumo de tabaco, a literatura por nós consultada é
unânime na referência a taxas não negligenciáveis de consumo entre os
jovens, em particular nos mais velhos e idênticas entre os sexos (Corte-Real et.
al., 2008; Currie et. al. 2000; Matos et. al. 2012; Vinagre & Lima, 2006).
Também no nosso estudo constatámos esses resultados. Para além disso,
verificámos que os consumos eram significativamente superiores nos meios
interiores e urbano.
Resultados semelhantes foram encontrados por Matos e colaboradores (2000)
relativamente à maior prevalência de consumo de tabaco pelos jovens
residentes no meio interior e por Fraga e colaboradores (2005) num estudo de
revisão, relativamente à maior prevalência de consumo de tabaco pelos jovens
residentes em meio urbano.
77
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
No entanto, poder-se-á equacionar o poder da influência do meio de residência
na adoção de hábitos de consumo desta substância por parte dos jovens,
tendo em conta que vários estudos qualitativos sugerem que a iniciação
tabágica ocorre no contexto do grupo de pares (Matos et. al. 2003b) e que os
principais fatores promotores do consumo são: algum dos progenitores fumar
ou ter fumado, existir alguma pessoa em casa que fume, os irmãos mais velhos
fumarem e os amigos fumarem (Fraga et. al., 2006).
Os fatores apresentados e descritos nos estudos anteriores são transversais
aos meios, em análise neste estudo, e não influenciados pela heterogeneidade
cultural, económica e social, existente entre estes.
No que diz respeito ao consumo de álcool, o nosso estudo revelou
significativas taxas de consumo, principalmente, nos jovens mais velhos e nos
jovens do sexo masculino.
Resultados idênticos foram encontrados por Corte-Real e colaboradores
(2008), Currie e colaboradores (2000), Matos e colaboradores (2012) e pelo
Institute of Alcohol Studies, (2008).
Por outro lado, verificámos que os consumos eram significativamente
superiores nos meios interiores e rural.
A este respeito, encontramos apenas um estudo (Mendes & Lopes, 2007) com
referência a diferenças no consumo de álcool em jovens entre o meio interior
(no caso Beira Interior) e meio litoral (no caso Grande Lisboa) e este concluiu
não existirem diferenças estatisticamente significantes entre os meios ainda
que os resultados sugerissem a existência de consumos ligeiramente
superiores nos jovens residentes na área da grande Lisboa, o que diverge dos
resultados por nós observados.
No entanto, comprovámos que os resultados por nós apurados, refletem
questões culturais no sentido em que tal como afirmamos no capítulo
introdutório deste trabalho “o consumo de álcool surge muitas vezes como uma
espécie de ritual de transição quase obrigatório e o primeiro contacto dos
jovens com o álcool dá-se na maioria das vezes no seio da própria família e em
casa”, situações essas, possivelmente, vais vincadas em sociedades/ regiões
78
V. Assimetrias regionais.
Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes
agrícolas, subdesenvolvidas, física e simbolicamente remotas, características
das áreas interiores e rurais.
Em conclusão, e relativamente à satisfação com a vida, os estudos por nós
examinados apontavam para níveis de satisfação com a vida de uma forma
geral elevados, em particular nos rapazes e nos mais jovens (Currie et. al.,
2000; Goldbeck, 2007; Matos et. al., 2012).
Os resultados por nós deparados refletem exatamente a mesma realidade. Por
outro lado registámos, também, níveis superiores de satisfação com a vida nos
meios litorais e urbano.
Na falta de estudos que nos permitam a comparação e discussão de
resultados, afirmamos que as diferenças registadas no nosso trabalho se
ficarão a dever às distinções entre meios no que diz respeito aos processos de
modernização, ou seja, os níveis mais elevados de satisfação com a vida
característica dos meios litorais e urbanos poderão estar relacionados com o
facto
de
estes
meios
serem
mais
urbanizados,
industrializados,
infraestruturados, demograficamente dinâmicos e socioeconomicamente mais
desenvolvidos.
79
VI.
Conclusões e Sugestões
VI. Conclusões e sugestões
"O que sabemos é uma gota, o
que ignoramos é um oceano…”
James M. Barrie
Chegados à reta final deste trabalho, procuraremos, agora, plasmar as
principais conclusões resultantes das diversas investigações realizadas e, na
sequência destas, formalizar algumas sugestões.
Assim, e no que diz respeito aos diagnósticos realizados, foi-nos possível
deduzir que, de uma forma geral, os jovens integrantes na nossa amostra
registavam reduzidos níveis de prática desportiva regular (apenas,
aproximadamente
de
1/3
dos
jovens
praticavam
desporto
com
regularidade) e que estes baixos níveis eram mais significativos nos
jovens do sexo feminino e nos mais velhos.
Estes resultados apontam, claramente, para a necessidade urgente de
implementação de estratégias quer a nível da família e quer na escola,
diferenciadas por sexo e idade, no sentido de apoiar os jovens na escolha de
estilos de vida mais saudáveis, nomeadamente, a aquisição de um estilo de
vida mais ativo.
Relativamente ao consumo de tabaco e de álcool, concluímos que
existiam
consumos
(aproximadamente
1
regulares
em
cada
e
esporádicos
10
jovens
não
negligenciáveis
consumia
regular
ou
esporadicamente). Estes consumos eram idênticos entre os sexos e
aumentavam exponencialmente com a idade.
Neste contexto e tendo em conta o aumento exponencial de consumo com a
idade, cremos ser imprescindível e iminente que as leis antitabágicas (que
impedem o consumo de tabaco por menores de 16 anos) e de consumo de
bebidas alcoólicas (que impedem o consumo de álcool por menores de 16
anos), sejam efetivamente cumpridas e alvo de vigilância. A aplicação destas
leis protege os não consumidores e ajuda os já consumidores que querem
reduzir ou deixar de consumir.
Por outro lado, estes dados vêm reforçar a relevância de dirigir programas e
ações de prevenção do tabagismo e alcoolismo, especificamente para os
83
VI. Conclusões e sugestões
jovens, os quais devem informar sobre o impacto negativo do tabaco e do
álcool na saúde e sobre as vantagens de não experimentar fumar e consumir
bebidas alcoólicas ou de decidir não fumar e não ingerir álcool.
Por fim, e relativamente à satisfação com a vida, inferimos a existência de
elevados níveis, em particular, nos jovens do sexo masculino e nos mais
novos.
Ao relacionarmos a prática desportiva com o consumo de tabaco e álcool,
depreendemos que o consumo de tabaco era muito semelhante para os
três níveis de prática desportiva e que os maiores consumos de álcool
verificavam-se nos jovens com maior índice de prática desportiva. Estes
dados sugerem que poder-se-á não se estar a aproveitar todo o potencial do
desporto na sua dimensão de promoção de comportamentos de proteção para
a saúde e de estilos de vida saudáveis.
Importa, pois, consciencializar todos os profissionais da Educação Física e os
treinadores para a utilização, contínua e correta, desta “ferramenta”, a prática
desportiva, para a escolha de hábitos e estilos de vida saudáveis.
Assim, parece-nos fundamental a inclusão destas temáticas na formação inicial
e contínua dos professores, em geral, e dos professores de educação física,
em particular, dos monitores, dos treinadores e dos dirigentes desportivos, de
modo a que se desenvolva o desporto, enquanto promotor de estilos de vida
saudáveis.
Os jovens com maior prática desportiva foram os que apresentavam maior grau
de satisfação com a vida, levando-nos a pensar que a prática desportiva possa
ser um excelente meio para o incremento dos níveis de satisfação com a vida
dos adolescentes, pelo que a promoção desta deve ser uma prioridade para
todos aqueles que contactam, diariamente, com os adolescentes. Assim,
associar estilos de vida saudáveis ao aumento da satisfação com a vida poderá
ser um passo fulcral na propagação desses mesmos estilos de vida.
Ao analisarmos os dados em função da tipologia de escola frequentada,
concluímos que os resultados obtidos nos alunos das escolas Básicas do
2º e 3º Ciclos do Ensino Básico eram ligeiramente melhores, ainda que
84
VI. Conclusões e sugestões
com poucas diferenças estatisticamente significativas, que os obtidos
nos alunos das Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico, isto
é, de uma forma geral os alunos das Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos do
Ensino Básico apresentavam maiores níveis de prática desportiva regular,
menores consumos de tabaco e de álcool regulares e índices mais
elevados de satisfação com a vida.
Por outro lado, deduzimos que existem disparidades nos resultados
obtidos em função dos sexos e dos escalões etários.
No que diz respeito aos sexos, percebemos que pareceram ser as
raparigas as mais “influenciadas” pela tipologia de escola, pois em todas
as variáveis apresentaram dissemelhanças estatisticamente mais fortes
que os rapazes.
Relativamente às idades, não tendo sido encontrado um único escalão
etário mais influenciado pela tipologia de escola, concluímos que os
jovens mais velhos apresentam desigualdades estatisticamente mais
relevantes nas variáveis Prática Desportiva e Satisfação com a Vida, os
jovens do escalão etário intermédio no consumo de tabaco e os jovens
mais novos na ingestão de álcool.
Assim, e conscientes que mais estudos serão necessários, no sentido de
confirmar os resultados aqui encontrados, crentes que o relacionamento
interpares desempenha um marcante papel na aquisição de comportamentos
de risco ou de proteção da saúde e nos níveis de Satisfação com a Vida dos
jovens, e cientes da necessidade de rentabilização e racionalização de
recursos na área da educação, pensámos ser fundamental reforçar os
programas de promoção da saúde em contexto escolar existentes, como o
Programa Nacional de Saúde Escolar (Ministério da Saúde, 2006), bem como a
real adequação destes aos diferentes sexos e idades.
Para além disso, considerámos essencial o “aproveitamento” desse, cada vez
maior, convívio entre jovens e adolescentes de diferentes escalões etários,
através da formação interpares que, apesar dos resultados positivos que vem
apresentando em termos de investigação científica e de ser referido como
85
VI. Conclusões e sugestões
metodologia prioritária a par das de intervenção ativa-participativa no Programa
Nacional de Saúde Escolar (Ministério da Saúde, 2006), é, ainda hoje, muito
pouco usual no contexto das escolas portuguesas em todos os graus e ciclos
de ensino.
Por outro lado, urgem mais medidas e projetos ao nível das escolas que não só
apoiem
os
jovens
na
eleição
de
estilos
de
vida
mais
saudáveis,
nomeadamente, mais ativos, como também zelem pelo efetivo cumprimento
das leis antitabágicas (que impedem o consumo de tabaco por menores de 16
anos) e de consumo de bebidas alcoólicas (que impedem o consumo de álcool
por menores de 16 anos), em âmbito escolar, tendo em conta que estas
protegem os não consumidores, ajudam os já consumidores que pretendem
reduzir ou deixar de consumir, valorizam a missão educativa e dignificam as
escolas.
Ao analisarmos os resultados em função da área de residência
(litoral/interior e rural/urbano), confirmámos que não existia influência,
significativa, destes, nos níveis de prática desportiva dos jovens que
fazem parte da nossa amostra.
No entanto, e no que se refere ao consumo de tabaco e álcool, as áreas
de residência pareceram ter influência nos níveis de consumo. Assim,
concluímos que existiam consumos superiores de tabaco nos meios de
residência interior e urbano e consumos superiores de álcool nos meios
de residência interior e rural.
No que diz respeito à satisfação com a vida, constatámos existirem níveis
superiores nos meios litoral e urbano.
Por outro lado, verificámos existirem diferenças nos resultados obtidos
em função dos sexos e dos escalões etários.
No que concerne aos sexos, observámos que, independentemente dos
meios, os rapazes apresentavam níveis bastante superiores de prática
desportiva, consumos de tabaco ligeiramente superiores e de álcool
muito superiores e níveis de satisfação com a vida superiores, quando
comparados com as raparigas. Saliente-se, no entanto, que no meio litoral
86
VI. Conclusões e sugestões
as raparigas revelaram consumos de tabaco superiores aos dos rapazes.
Por outro lado, parecem ser, também, estes, os rapazes, os mais
“influenciados” pelos meios de residência, dado que patentearam
diferenças estatisticamente mais fortes que as raparigas na generalidade
das variáveis em estudo.
Relativamente às idades, concluímos que, independentemente dos meios
de residência, os níveis de prática desportiva e de satisfação com a vida
diminuíam com a idade, enquanto que os consumos regulares de tabaco
e álcool aumentavam muito significativamente. Por outro lado, e na
ausência de registo de um escalão etário mais influenciado pelo meio de
residência, aferimos que a influência da idade é transversal a estes.
Neste contexto, apesar das limitações do nosso estudo e da necessidade de
mais pesquisas que corroborem ou não os resultados aqui encontrados,
cremos que o meio físico de residência, não sendo com certeza o único fator,
nem
o
mais
importante,
poderá
afetar
crucialmente
a
adoção
de
comportamentos protetores ou de risco para a saúde, podendo-se assim falar
da existência de meios mais ou menos protetores da saúde dos jovens e
adolescentes.
Assim, cientes dos custos financeiros da prevenção, mas crentes de que este é
o melhor trilho de promoção da saúde, pensámos ser fundamental reforçar os
programas desta área já existentes em Portugal, como o Plano Nacional de
Saúde 2012-2016 ou o Programa Nacional de Saúde Escolar mais direcionado
para os jovens e adolescentes, bem como a real adequação destes aos
diferentes sexos, idades, particularidades e especificidades regionais.
Por fim, julgamos que o desenvolvimento e aplicação de programas de
promoção da saúde deverão estar assentes em resultados de investigações
realizadas em cada realidade e não nos dados médios nacionais, de forma a
ajustarem-se às diferentes especificidades existentes no país, adequando,
assim, a intervenção à realidade local.
87
VII.
Reflexões Finais
VII. Reflexões Finais
A vida só pode ser compreendida
olhando-se para trás; mas só
pode ser vivida olhando-se para
a frente.
Soren Kierkegaard
Se verdade é que só se pode viver perspetivando o futuro, não é menos
verdade que esta visão só pode ser alcançada, olhando e compreendendo o
passado, enquanto base de sustentação dos projetos e ambições futuras.
O que fica, então, do olhar para o passado?
Fica, simplesmente, uma enorme, magnífica e tranquilizante certeza de que “os
sonhos podem mesmo ser realizados”.
Se como nos diz Ortega y Gasset “Nós somos nós e as nossas circunstâncias”,
na sua obra publicada em 1937, La rebelión de las masas, as minhas
circunstâncias foram permanentes desafios, mas também estímulos à
concretização de um sonho.
O projeto, que agora se aproxima do fim, nasceu em 2007 e, paralelamente ao
seu processo, muitas foram as, chamemos-lhes atividades, pessoais,
profissionais e académicas, desenvolvidas.
A nível pessoal, mais íntimo, a família principalmente, seguida dos amigos e
dos colegas foram o “porto de abrigo”, ao longo de todo este trajeto, mas
também, e simultaneamente, promotores de mais e até novos reptos. Em seis
anos, fui filho, fui marido, fui pai, fui amigo, fui colega…esquecendo muitas
vezes de ser eu próprio…e, muitas vezes, gorando as minhas expectativas
pessoais em cada um dos “papéis” desempenhados.
Assim, e a nível profissional, foram seis anos de intenso trabalho, repletos de
desafios.
Enquanto Professor de Educação Física, lecionei em duas escolas diferentes,
uma das quais, onde estive durante 3 anos, a 94 quilómetros da residência,
fazendo quase 200 quilómetros e gastando 2 horas, por dia, em deslocações,
reduzindo, em muito, o tempo disponível para quaisquer outras facetas
pessoais, profissionais ou académicas. Desempenhei, simultaneamente,
91
VII. Reflexões Finais
cargos de Diretor de Turma, Coordenador do Desporto Escolar, co-responsável
pelos Cursos de Educação e Formação, Mediador Educativo…acumulando
horas de trabalho e dedicação, muito para além das, por lei e humanamente,
exigidas que se converteram em competência, experiência profissional e
conhecimento que me conduziram, no início do ano letivo 2013-2014 à
nomeação para o cargo de Adjunto do Diretor no Agrupamento de Escolas N.º2
de Rio Tinto.
Em paralelo, nos poucos tempos livres, aglomerei, ao longo destes seis anos,
funções de Professor de Natação e de Supervisor e Coordenador TécnicoPedagógico em Piscinas do Município de Gondomar, contributo importante e
significativo para o desenvolvimento de competências profissionais, pessoais,
sociais e interpessoais.
Ao nível académico, um projeto de investigação, não se esgota no trabalho
aqui e agora apresentado. Na verdade, ao longo deste processo, muitas foram
as atividades e os projetos paralelos que complementaram e acompanharam
esta labuta.
Exemplo disso foi o instrumento de recolha de dados utilizado em todas as
investigações
constantes
no
presente
trabalho,
o
“Inventário
de
Comportamentos Relacionados com a Saúde dos Adolescentes” desenvolvido
por Corte-Real, Balaguer e Fonseca em 2004. Esta ferramenta, resultante da
Tese de Doutoramento do Professor Doutor Nuno Corte-Real (Corte-Real,
2006) enquadrada no projeto do Gabinete de Psicologia do Desporto da
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, de estudo da matriz de
relações existentes entre o envolvimento em atividades de natureza física e
desportiva e os outros comportamentos relacionados com os estilos de vida
saudáveis e não saudáveis, permitiu recolher um elevado número de
informações sobre os adolescentes, os seus comportamentos de risco e
protetores da saúde.
Não obstante, e apesar de cumprir os objetivos a que se propunha, no que
dizia respeito à recolha dos dados, apresentava algumas limitações ao nível da
logística necessária, nomeadamente, relativamente ao papel despendido, ao
92
VII. Reflexões Finais
tempo necessário para o preenchimento, para leitura ótica e posterior correção
da mesma, etc., inviabilizando, por vezes, a colaboração das escolas,
impossibilitando, assim, a realização de estudos longitudinais. Havia, pois, que
otimizar as condições de aplicação do “Inventário de Comportamentos
Relacionados com a Saúde dos Adolescentes”, aliviando a carga logística
necessária e tornando-o num recurso mais aprazível às escolas.
Foi neste sentido que se procedeu ao desenvolvimento do “Inventário de
Comportamentos Relacionados com a Saúde dos Adolescentes – versão
online”. Esta ferramenta, disponibilizada online, veio permitir um acesso
imediato, por parte das escolas, ao diagnóstico e desta forma a possibilidade
de ajustarem as suas intervenções aos resultados encontrados. Por outro lado,
os dados recolhidos ficaram automaticamente disponíveis numa base de
dados, encurtando o tempo empregue entre o preenchimento, por parte dos
alunos, e a receção dos dados pela escola.
Assim, o “Inventário de Comportamentos relacionados com a Saúde dos
Adolescentes – versão online” é constituído por um total de 113 questões (87
fechadas e 26 abertas), agrupadas em 11 secções e 9 subsecções e encontrase
disponível
em
https://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=
dEFHZHRqbkU0clR0d09yaUFkd1lCMmc6MA, podendo, também, ser acedido
a partir do sítio da internet, criado para o Projeto “Estilos de Vida: conhecer
para Intervir” (https://sites.google.com/site/labpsicfadeup/home), iniciado em
2009 pelo Gabinete de Psicologia do Desporto da Universidade do Porto. Este
instrumento de recolha de dados encontra-se validado pelo Sistema de
Monitorização de Inquéritos em Meio Escolar, com o número 0038600001.
Para além disso, e ainda no âmbito académico, ao longo do projeto, foram
dinamizadas outras atividades com o objetivo de dar a conhecer à comunidade
o trabalho desenvolvido, nomeadamente, através da participação em
Seminários, Colóquios, Conferências e outros eventos científicos entre os quais
se destaca a apresentação de comunicações no 1º Congresso de Saúde e
Comportamentos dos Países de Língua Portuguesa, I International Conference
93
VII. Reflexões Finais
on Smoking Prevention and Treatment e Seminários Internacionais de
Psicologia do Desporto: dos estilos de vida ao bem-estar.
Fazendo uma retrospetiva, analisando todos os desafios e obstáculos, reitero
que permanece um enorme, magnífico e tranquilizante sentimento de que “os
sonhos podem mesmo ser realizados”.
94
VIII. Bibliografia
VIII. Bibliografia
Albuquerque I. & Lima, M. (2007). Personalidade e bem-estar subjectivo: uma
abordagem com projectos pessoais. Consult. 26 abril 2009, disponível em
www.psicologia.pt/artigos/textos/A0373.pdf
Alegria,
E.
(2004).
Litoral/Interior:
clivagem
com
sentido?
Variações
populacionais intercensitárias nas últimas duas décadas. II Congresso
Português de Demografia. Consult. 17 junho 2011, disponível em http://
www.apdemografia.pt/pdf_congresso/6
Alves, R. (2008). O Bem-Estar Subjetivo e a Prática Desportiva em
Adolescentes
da
Região
Autónoma
da
Madeira.
Porto.
Dissertação
apresentada às provas de doutoramento em Ciências do Desporto. Porto:
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Antunes, C., Sousa, M., Carvalho, A., Costa, M., Raimundo, F., Lemos, E.,
Cardoso, F., … Andrade, A. (2006). Autoestima e comportamentos de saúde e
de risco no adolescente: efeitos diferenciais em alunos do 7º ao 10º ano.
Psicologia, Saúde & Doenças, 7(1), 117-123.
Arah, O., Westert, G., Hurst, J. & Klazinga, N. (2006). A conceptual framework
for the OECD: Health Care Quality Indicators Project. International Journal for
Quality in Health Care, 18, 5-13.
Assembleia da República (1986). Lei de Bases do Sistema Educativo – Lei
46/86 de 14 de outubro. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda.
Balaguer, I., & Castillo, I. (2002). Actividad física, ejercicio físico y deporte en la
adolescência temprana. In Balaguer, I. (Ed) Estilos de vida en la Adolescência
(pp.37-64). Valência: Ed. Promolibro.
Baptista, I, Tomé, J., Matos, M., Gaspar, T. & Cruz, J. (2009). A Escola. In M.
Matos e D. Sampaio (eds), Jovens com Saúde – Diálogo com uma geração (pp
197-214). Lisboa: Texto Editora.
97
VIII. Bibliografia
Bjornskov, C., Dreher, A. & Fischer, J. (2005). Cross-Country Determinants of
Life Satisfaction: Exploring Different Determinants across Groups in Society.
Department of Economics - University of St. Gallen, Discussion paper no. 200519.
Bradley, R. & Corwyn, R. (2004). Life satisfaction among European American,
African American, Chinese American, Mexican American, and Dominican
American adolescents. International Journal of Behavioral Development, 28(5),
385-400.
Camacho, I (2009). A Família. In M. Matos e D. Sampaio (eds), Jovens com
Saúde – Diálogo com uma geração (pp 183-196). Lisboa: Texto Editora.
Cavill, N., Kahlmeier, S., & Racioppi, F. (2006). Physical activity and health in
Europe: evidence for action. Denmark: World Health Organization.
CDC (1999a). Physical Activity and Health - Older Adults: a Report of the
Surgeon
General.
Consult.
26
Abril
2009,
disponível
em
http://www.cdc.gov/NCCDPHP/SGR/pdf/olderad.pdf
CDC (1999b). Physical Activity and Health - Adolescents and Young Adults: a
Report of the Surgeon General. Consult. 26 Abril 2009, disponível em
http://www.cdc.gov/NCCDPHP/SGR/pdf/adoles .pdf
CDC (1999c). Physical Activity and Health - Adults: a Report of the Surgeon
General.
Consult.
26
Abril
2009,
disponível
em
http://www.cdc.gov/NCCDPHP/SGR/pdf/adults.pdf
Conselho da Europa (1995). The significance of sport for society – Health,
socialisation, economy. Committee for the Development of Sport (CDDS).
Holanda.
Corte-Real, N. (2006). Desporto, saúde e Estilos de Vida: diferentes olhares,
objetivos
e
subjetivos,
sobre
os
comportamentos
dos
adolescentes.
Dissertação apresentada às provas de doutoramento em Ciências do Desporto.
Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
98
VIII. Bibliografia
Corte-Real,
N.,
Balaguer,
I.,
&
Fonseca,
A.
(2004).
Inventário
de
comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes. Gabinete de
Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
(documento não publicado).
Corte-Real, N., Balaguer, I., Dias, C., Corredeira, R. & Fonseca, A. (2008).
Atividade física, prática desportiva, consumo de alimentos, de tabaco e de
álcool dos adolescentes portugueses. Saúde dos adolescentes, 26(2), 17-25.
Coutinho, J., Morais, C., Salgadinho, M. & Marques, J. (1995). Horizontes da
bebida e do beber. Porto: Rocha artes gráficas Lda..
Coutinho, M, Marquês, M. & Soares, J. (2001). Desigualdades regionais em
Portugal Continental: uma análise estatística multivariada. Investigação
Operacional, 21(2), 139-152.
Cumsille, P,, Sayer, A. & Graham, J. (2000). Perceived Exposure to Peer and
Adult Drinking as Predictors of Growthin Positive Alcohol Expectancies During
Adolescence. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 68(3), 531-536.
Currie, C, Gabhainn, S, Godeau, E., Roberts, C., Smith, R., Currie, D., Picket,
W., Richter, M., Morgan, A. & Barnekow, V. (2008). Inequalities in young
people’s health – HBSC International Report from the 2005/2006 survey -.
Copenhagen: World Health Organization.
Currie, C, Hurrelmann, K., Settertobulte, W, Smith, R. & Todd, J. (2000). Health
and Health Behaviour among Young People - Health Behaviour in School-aged
Children:
a WHO
Cross-National Study (HBSC) International Report.
Copenhagen: World Health Organization.
Diener, E., Emmons, R., Larsen, R. & Griffin, S. (1985). The Satisfaction With
Life Scale, Journal of Personality Assessment, 49(1), 71-75.
Diener, E. & Diener, C. (1996). Most people are happy. Psychological Science,
7(3), 181-185.
99
VIII. Bibliografia
Diener, E. (1994). Assessing subjective well-being: Progress and opportunities.
Social Indicators Research, 31, 103-157.
Diener, E. (2000). Subjetive well-being – The Science of Happiness and a
Proposal for Nation Index. American Psychologist, 55(1), 34-43.
Diener, E., Oishi, S., & Lucas, R. E. (2003). Personality, culture, and subjective
well-being: Emotional and cognitive evaluations of life. Annual Review of
Psychology, 54, 403-425.
Diener, E., Sapyta, J. J., & Suh, E. (1998). Subjective well-being is essential to
well-being. Psychological Inquiry, 9, 33-37.
Diener, E., Scollon, C., Oiahi, S., Dzokotom, V. & Suh, E. (2000). Positivity And
The Construction Of Life Satisfaction Judgments: Global Happiness Is Not The
Sum Of Its Parts. Journal of Happiness Studies, 1, 159-176.
Diener, E., Suh, E. M., Lucas, R. E., & Smith, H. L. (1999). Subjective wellbeing: Three decades of progress. Psychological Bulletin, 125, 276-302.
Ferrão, J. (2002). Portugal, três geografias em recombinação - Espacialidades,
mapas cognitivos e identidades territoriais. Lusotopie, 2, 151-158.
Figueiras, T., Santana, P., Corte-Real, N., Dias, C., Brustad, R. & Fonseca A.
(2010). Análise da estrutura factorial e da invariância da versão portuguesa da
Satisfaction With Life Scale (SWLS) quando aplicada a adultos de ambos os
sexos. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto 10(3), 11-30.
Fonseca, A. (1995). Versão portuguesa da Satisfaction with Life Scale (SWLS).
Manuscrito não publicado. FCDEF, Universidade do Porto.
Fraga, S., Ramos, E. & Barros, H. (2006). Uso de tabaco por estudantes
adolescentes portugueses e fatores associados. Revista Saúde Pública, 40(4),
620-626.
Fraga, S., Sousa, S, Santos, A., Mello, M., Lunet, N., Padrão, P. & Barros, H.
(2005). Tabagismo em Portugal. Arquivos de Medicina, 19(5-6), 207-229.
100
VIII. Bibliografia
Fujita, F. & Diener, E. (2005). Life Satisfaction Set Point: Stability and Change.
Journal of Personality and Social Psychology, 88 (1), 158-164.
Galinha, I. & Pais Ribeiro, J. (2005). História e Evolução do Conceito de BemEstar Subjectivo. Psicologia, Saúde & Doenças, 6(2), 203-214
Gardner, M. & Steinberg, L. (2005). Peer Influence on Risk Taking, Risk
Preference, and Risky Decision Making in Adolescence and Adulthood: An
Experimental Study. Developmental Psychology, 41(4), 625-635.
Gilman, R., & Huebner, E. (2006). Characteristics of Adolescents Who Report
Very High Life Satisfaction. Journal of Youth and Adolescence, 35(3), 311-319.
Goldbeck, L., Schmitz, T., Besi, T., Herschbach, P., & Henrich, G. (2007). Life
satisfaction decrease during adolescence. Quality of Life Research, 16(6), 969979.
Huebner, E. (2004). Research on assessment of life satisfaction of Children and
adolescents. Social Indicators Research, 66, 3-33.
INE - Instituto Nacional de Estatística (2009a). Área Predominantemente
Urbana. Consult. 17 Junho 2011, disponível em http://metaweb.ine.pt/sim/
conceitos/Detalhe.aspx?ID=PT&cnc_cod=1070&cnc_ini=17-12-2009
INE - Instituto Nacional de Estatística (2009b). Área Mediamente Urbana.
Consult. 17 Junho 2011, disponível em http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/
Detalhe.aspx?ID=PT&cnc_cod=1089&cnc_ini=17-12-2009
INE - Instituto Nacional de Estatística (2009c). Área Predominantemente Rural.
Consult. 17 Junho 2011, disponível em http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/
Detalhe.aspx?ID=PT&cnc_cod=1084&cnc_ini=17-12-2009
Inglehart, R. (2002). Gender, Aging, and Subjetive Well-Being. International
Journal of Comparative Sociology, 43(3-5), 391-408.
Institute of Alcohol Studies (2008). Alcohol and Health. St Ives: Institute of
Alcohol Studies.
101
VIII. Bibliografia
Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica (Sd). Programa Nacional
Leader +: Definição e caracterização da zona abrangida.
Jaccard, J. & Blanton, H. (2005). Peer Influences on Risk Behavior: An Analysis
of the Effects of a Close Friend. Developmental Psychology, 41(1), 135-147.
Janssen I. & Leblanc A. (2010) Systematic Review of the Health Benefits of
Physical Activity in School-Aged Children and Youth. International Journal of
Behavioral Nutrition and Physical Activity, 7 (40).
Lewinsohn, P., Redner, J., & Seeley, J. (1991). The relationship between life
satisfaction and psychosocial variables: New perspetives. In F. Strack, M.
Argyle, & N. Schwartz (Eds.), Subjetive well being, (pp.141-169). Oxford:
Pergamon Press.
Lopes, V, Maia, J., Oliveira, M., Seabra, A., & Garganta, R. (2003).
Caracterização da atividade física habitual em adolescentes de ambos os
sexos através de acelerometria e pedometria caracterização da atividade física
habitual em adolescentes de ambos os sexos através de acelerometria e
pedometria. Revista Paulista de Educação Física, 17(1), 51-63.
Marshall, L., Schooley, M., Ryan, H., Cox, P., Easton, A., Healton, C., Jackson,
K., Davis, K. & Homsi, G. (2006). Youth Tobacco Surveillance — United States,
2001–2002 - Morbidity and Mortality Weekly Report. Atlanta: Department of
health and human services - Centers for Disease Control and Prevention.
Matos, M., Gaspar, T., Vitória, P. & Clemente, M. (2003b) Comportamentos e
atitudes sobre o tabaco em adolescentes portugueses fumadores. Psicologia,
Saúde & Doenças, 4(2), 205-219.
Matos, M. & Equipa do Projeto Aventura Social & Saúde (1998). A saúde dos
adolescentes portugueses. Lisboa: Edições FMH.
Matos, M. & Equipa do Projeto Aventura Social & Saúde (2003a). A saúde dos
adolescentes portugueses (Quatro anos depois). Lisboa: Edições FMH.
102
VIII. Bibliografia
Matos, M. & Equipa do Projeto Aventura Social & Saúde (2006). A saúde dos
adolescentes portugueses hoje e em 8 anos: relatório preliminar do estudo
HBSC 2006. Lisboa: Edições FMH.
Matos, M. & Equipa do Projeto Aventura Social & Saúde (2012). A saúde dos
adolescentes portugueses: relatório do estudo HBSC 2010. Lisboa: Edições
FMH.
Matos, M., Carvalhosa, S. & Diniz, J. (2002). Fatores associados à prática da
atividade física nos adolescentes portugueses. Análise Psicológica, 1(20), 5766.
Mendes, V. & Lopes, P. (2007). Hábitos de consumo de álcool em
adolescentes. Revista Toxicodependência, 13(2), 25-40.
Ministério da Educação (2006). Despacho n.º 25995/2005 (2ª série). Consult.
10
Janeiro
2007,
disponível
em
http://www.dgidc.min-edu.pt/Educacao
Sexual/Desp_nov1.pdf
Ministério da saúde (2006). Programa Nacional de saúde Escolar. Consult. 11
Março 2007, disponível em http://www. min-saude.pt/NR/rdonlyres/4612A60274B9-435E-B720-0DF22F70D36C/0/ProgramaNacionaldeSa%C3%BAde
Escolar.PDf
Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente (2002). DecretoLei n.º 44/2002 de 5 de novembro. Diário da República, Série I-A, n.º255.
Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda.
Morais, C. (1999). Consumo de álcool e suas repercussões na Saúde Pública.
In Fundação da Juventude. Seminário Beber para esquecer ou beber para
(sobre)viver – duas faces possíveis da mesma juventude, 33-43. Porto:
Fundação da Juventude.
Moreira, R. (1999). A adolescência e as bebidas alcoólicas. In Fundação da
Juventude. Seminário Beber para esquecer ou beber para (sobre)viver – duas
faces possíveis da mesma juventude, 51-57. Porto: Fundação da Juventude.
103
VIII. Bibliografia
Mota, J. & Sallis, J. (2002). Atividade Física e saúde: fatores de influência da
atividade física nas crianças e adolescentes. Porto: Campo das Letras.
Mota, J. & Silva, G. (1999). Association with sócio-economic status anda
parental participation among a portuguese sample. Sport, Education na Society
4(2), 193-199.
Navarro, F. (1999). Educar para a saúde ou para a Vida? Conceitos e
fundamentos para novas práticas. In Precioso, J., Viseu, F., Dourado, L.,
Vilaça, M., Henriques, R., Lacerda, T. (Org.). Educação para a saúde, 13-2.
Braga: Departamento de Metodologias da Educação. Universidade do Minho.
Ogden, J. (2004). Psicologia da saúde. Lisboa: Climepsi Editores.
Pais Ribeiro, J. (1998). Psicologia e Saúde. Lisboa: Instituto Superior de
Psicologia Aplicada.
Pais Ribeiro, J. (2005). Introdução à Psicologia da saúde. Coimbra: Editora
Quarteto.
Pate, R., Trost, S., Levin, S. & Dowda, M, (2000). Sports participation and
health-related behaviours among US youth. Archives of Pediatrics and
Adolescent Medicin, 154(9), 904-911.
Paupério T., Corte-Real, N., Dias, C., Corredeira, R. & Fonseca, A. (2008).
Prática Desportiva, consumo de tabaco e saúde percebida….que relação? Um
estudo realizado em adolescentes do 3º Ciclo do Ensino Básico. Boletim da
Sociedade Portuguesa de Educação Física, 33, 11-22.
Pavot, W., & Diener, E. (1993). Review of the Satisfaction With Life Scale.
Psychological Assessment, 5(2), 164-172.
Perkins, D., Jacobs, J., Barber, B., & Eccles, J (2004). Adolescents and Sport
Participation Chidhood the Predictor of Participation in Sport and Physical
Fitness Activities during young adulthood. Youth & Society, 35, 495-520.
104
VIII. Bibliografia
Pestana, C (2003). Comportamentos de saúde em jovens em idade escolar –
nota introdutória. In Matos, M. e equipa do Projeto Aventura Social & saúde. A
saúde dos adolescentes portugueses (Quatro anos depois). Lisboa: Edições
FMH.
Pettay, R. (2008). Health behaviors and life satisfaction in college students.
Dissertation submitted to Phd degree of Philosophy. Kansas: Kansas State
university.
Philip Morris International (2006). História do Tabaco. Consult. 8 Fevereiro
2011,
disponível
em
http://www.philipmorrisinternational.com/BR/pages/
por_BR/ourbus/History_tobacco.asp
Presidência do Conselho de Ministros (1986). Resolução do Conselho de
Ministros n.º34/86. Diário da República, série I, n.º102. Lisboa: Imprensa
Nacional Casa da Moeda.
Presidência do Conselho de Ministros (2005). Programa do XVII Governo
Constitucional.
Consult.
20
Março
2007,
disponível
em
http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/631A5B3F-5470-4AD7-AE0F-D832
4A3AF401/0/ProgramaGovernoXVII.pdf
Presidência do Conselho de Ministros (2009). Deliberação n.º 2717/2009.
Diário da República, Série II-C, n.º188. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da
Moeda.
Sampaio, D (1993). Vozes e ruídos – diálogos com adolescentes. Lisboa:
Editorial Caminho.
Sampaio, D (1994). Inventem-se novos pais. Lisboa: Editorial Caminho.
Santana, P., Vaz, A. & Fachada, M. (2004). O Estado de saúde dos
portugueses. Uma perspetiva espacial. Revista de Estudos Demográficos 36,
5-28.
105
VIII. Bibliografia
Scheerder, J., Thomas, M., Vanreusel, B., Lefevre, J., Renson, R., Eynde B., &
Beunen, G. (2006). Sport participation among females from adolescence to
adulthood - A longitudinal study. For The International Review of Sport
Sociology, 41(3-4), 413-430.
Shafey, O., Eriksen, M., Ross, H. & Mackay, J. (2009). El atlas del tabaco tercera edición. Atlanta, Georgia: American Cancer Society.
Sibley, B. & Etnier, J (2003). The relationship between physical activity and
cognition in children: a meta-analysis. Pediatric Exercise Science, 15, 243-256
Simões, M. (2007). Comportamentos de Risco da Adolescência. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian.
Sousa, L., & Lyubomirsky, S. (2001). Life satisfaction. In J. Worell (Ed.),
Encylopedia of women and gender: Sex similarities and differences and the
impact of society on gender. Academic Press, 2, 667-676.
Sprinthall, N. & Collins, W. (2003). Psicologia do Adolescente, uma abordagem
desenvolvimentista. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Strecht, P. (2005). Vontade de Ser - Textos sobre adolescência. Lisboa: Assírio
& Alvim.
Tomé, G (2009). Os amigos e o grupo. In M. Matos e D. Sampaio (eds), Jovens
com Saúde – Diálogo com uma geração (pp 156-163). Lisboa: Texto Editora.
United States Department of health & Human Services (2002). Physical Activity
Fundamental To Preventing Disease. Consult. 26 Abril 2009, disponível em
http://aspe.hhs.gov/health/reports/physicalactivity/physicalactivity.pdf
Vinagre, M., & Lima, M (2006). Consumo se Álcool, Tabaco e Droga em
Adolescentes: Experiências e Julgamentos de Risco. Psicologia, Saúde &
Doenças, 7 (1), 73-81.
Vitória, P., Raposo, C. e & Peixoto, F. (2000). A prevenção do tabagismo nas
escolas. Conselho de Prevenção do Tabagismo. Psicologia, saúde & Doenças,
1(1), 45–51.
106
VIII. Bibliografia
Weichold, K., & Silbereisen, R. (2005). Puberty. In C. Fisher, & R. Lerner (Eds.),
Encyclopedia of applied developmental science. (pp. 894-899). Thousand
Oaks, CA: SAGE Publications, Inc.
Weiner I. (1995). Perturbações psicológicas na adolescência. Lisboa: Fundação
Caloust Gulbenkian.
WHO (1946). Constitution of the World Health Organizacion. Consult. 10
Janeiro 2008, disponível em http://www.searo.who.int/LinkFiles/About_SEARO
_const.PDf
WHO (2002). World Health Report: Reducing risks, Promoting Healthy Life.
Geneva: World Health Organization.
WHO (2004). The Millenium Development Goals and Tobacco Control [em
linha]. Tobacco Control. WHO Tobacco Control Papers. Paper MDG2004.
Consult. 7 Outubro 2008, disponível em http://repositories.cdlib.org/tc/whotcp/
MDG2004
WHO (2008). The global burden of disease: 2004 update. Geneva: World
Health Organization.
WHO (2009a). Global health risks: mortality and burden of disease attributable
to selected major risks. Geneva: World Health Organization.
WHO (2009b). Physical Activity and Older Adults. Consult. 26 Abril 2009,
disponível em http://www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_olderadults/en/
print.html
WHO (2009c). Benefits of Physical Activity. Consult. 26 Abril 2009, disponível
em http://www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_benefits/en/print.html
WHO (2009d). Physical Activity and Young People. Consult. 26 Abril 2009,
disponível em http://www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_young_people
/en/print.html
107
VIII. Bibliografia
Youngblade, L. & Curry, L. (2006). The People They Know: Links Between
Interpersonal Contexts and Adolescent Risky and Health-Promoting Behavior.
Applied Developmental Science 10 (2), 96-106
108
IX.
Anexos
Anexo 1 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo III
Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2012): Sport, substance use and satisfaction with life:
what relationship? A study in adolescents attending the 3rd cycle of Basic Education in Portugal. European
Journal of Sport Science, 12(1), 73-80.
This article was downloaded by: [Tiago Paupério]
On: 16 May 2012, At: 07:38
Publisher: Taylor & Francis
Informa Ltd Registered in England and Wales Registered Number: 1072954 Registered office: Mortimer House,
37-41 Mortimer Street, London W1T 3JH, UK
European Journal of Sport Science
Publication details, including instructions for authors and subscription information:
http://www.tandfonline.com/loi/tejs20
Sport, substance use and satisfaction with life: What
relationship?
a
a
a
Tiago Paupério , Nuno Corte-Real , Claudia Dias & António Fonseca
a
a
Faculty of Sport, University of Porto, Laboratory of Sport Psychology, Rua Dr. Plácido
Costa, 91, Porto, 4200-450, Porto, Portugal
Available online: 08 Sep 2011
To cite this article: Tiago Paupério, Nuno Corte-Real, Claudia Dias & António Fonseca (2012): Sport, substance use and
satisfaction with life: What relationship?, European Journal of Sport Science, 12:1, 73-80
To link to this article: http://dx.doi.org/10.1080/17461391.2010.545836
PLEASE SCROLL DOWN FOR ARTICLE
Full terms and conditions of use: http://www.tandfonline.com/page/terms-and-conditions
This article may be used for research, teaching, and private study purposes. Any substantial or systematic
reproduction, redistribution, reselling, loan, sub-licensing, systematic supply, or distribution in any form to
anyone is expressly forbidden.
The publisher does not give any warranty express or implied or make any representation that the contents
will be complete or accurate or up to date. The accuracy of any instructions, formulae, and drug doses should
be independently verified with primary sources. The publisher shall not be liable for any loss, actions, claims,
proceedings, demand, or costs or damages whatsoever or howsoever caused arising directly or indirectly in
connection with or arising out of the use of this material.
European Journal of Sport Science, January 2012; 12(1): 7380
Sport, substance use and satisfaction with life: What relationship?
TIAGO PAUPÉRIO, NUNO CORTE-REAL, CLAUDIA DIAS, & ANTÓNIO FONSECA
Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012
Faculty of Sport, University of Porto, Laboratory of Sport Psychology, Rua Dr. Plácido Costa, 91, Porto, 4200-450, Porto,
Portugal
Abstract
Regular sports practice offers many benefits to health at any stage of human development and, particularly in adolescence,
determines the gain from enduring habits of practice until adulthood (Lopes, Maia, Oliveira, Seabra, & Garganta, 2003;
Perkins, Jacobs, Barber, & Eccles, 2004; Scheerder et al., 2006). Among these benefits, we can find prevention and control
of risk behaviour such as consumption of tobacco and alcohol; and its contribution to healthy growth not only physical but
also psychological (Cavill, Kahlmeier, & Racioppi, 2006).
The main objectives of this study were: i) review, by gender and age, the level of sport, the consumption of tobacco and
alcohol and the satisfaction with life of students of the third cycle of basic education who attend schools of Continental
Portugal; ii) check the relationship between sport and other variables described in this population.
The instruments used were the ‘‘Inventory of Health-related Behaviors of Adolescents’’ (Corte-Real, Balaguer, &
Fonseca, 2004) and ‘‘Scale of Satisfaction with Life’’, translated and adapted version of the Satisfaction with Life ScaleSWLS (Diener, Emmons, Larsen, & Griffin, 1985). The sample consisted of 5,624 adolescents (53% female and 47% male)
*
aged between 12 and 17 years (X 14.33; s 1.359).
The main results drawn were as follows: i) low levels of regular sports practice, especially in women, with a tendency to
decrease with age; ii) consumption of tobacco significantly similar between genders, increasing with age; iii) significant
alcohol consumption, especially in males, increasing with age; iv) consumption of tobacco very similar in the three levels of
sports practice; v) high consumption of alcohol in young people with higher sports practice; vi) young people with higher
sports practice had a higher degree of satisfaction with life.
These results point clearly to the urgent need for measures at home and school, to support young people in the choice of
a healthier lifestyle, including the acquisition of a more active lifestyle. The results also suggest that the full potential of
sport, to promote behaviour which protects health and healthy lifestyles, might not always be used, so it is crucial for all
physical education professionals and coaches to use, continuously and correctly, this "tool", the sports practice, to promote
healthy habits and lifestyles.
Keywords: Adolescence, sport, tobacco, alcohol, satisfaction with life
Introduction
Sports
Sports practice, understood as ‘‘all forms of physical
activity which, through casual or organised participation, aim at expressing or improving physical
fitness and mental well-being and forming social
relationships, or obtaining results in competition at
all levels’’ (Council of Europe, 1995), has, in recent
decades, maintained a position of prominence in the
context of healthy lifestyles and health promotion.
In this context, the health benefits of regular and
continuous sports practice have been fully documented and scientifically proven. In young people the
evidence shows that regular sports practice promotes
a healthy growth in physical and psychological terms.
In physical terms it contributes to the creation and
maintenance of healthy bones, muscles and joints,
weight control, fat reduction and prevention of
hypertension (Cavill et al., 2006; CDC, 1999). In
addition, sport has an educational impact transmitting social values and preventing and controlling risk
behaviours such as violence, consumption of tobacco
or alcohol, addiction to other substances or adherence to unhealthy diets (Cavill et. al., 2006).
The health-related behaviours, beyond the direct
influence on the health-disease phenomenon, in the
short term also have influence on future behaviour.
Several studies have shown that past behaviour is the
main indicator of future behaviour (Ogden, 2004) so
Correspondence: T. Paupério, Faculty of Sport, University of Porto, Laboratory of Sport Psychology, Rua Dr., Plácido Costa, 91, Porto,
4200-450 Porto, Portugal. E-mail: [email protected]
ISSN 1746-1391 print/ISSN 1536-7290 online # 2012 European College of Sport Science
http://dx.doi.org/10.1080/17461391.2010.545836
Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012
74
T. Paupério et al.
that youth and adolescence are key stages in health
promotion and in the acquisition of protective health
behaviours.
Regarding sport, adolescence is a crucial phase in
the acquisition of enduring habits of practice as they
are developed during this time and remain until
adulthood (Lopes et al., 2003, Perkins et al., 2004;
Scheerder et al., 2006).
However, despite the reported benefits associated
with regular sport, results of several investigations
point to an insufficient level of sport practice for young
people in general, and young females in particular,
and to a decrease of the same with age (CDC, 1999;
Corte-Real, Balaguer, Dias, Corredeira, & Fonseca,
2008, Currie, Hurrelmann, Settertobulte, Smith, &
Todd, 2000; Matos & Projecto Aventura Social &
Saúde, 2006; Mota & Sallis, 2002).
As stated above, one of the main benefits of
regular sport is that it seems to prevent and control
high-risk behaviour, including, by their specificity,
relevance and easy accessibility, the use of tobacco
and alcohol. However, some studies have shown that
these inputs (tobacco and alcohol consumption) may
be similar or greater in young-athletes (Corte-Real,
2006; Paupério, Corte-Real, Dias, Corredeira, &
Fonseca, 2008).
Consumption of tobacco
The consumption of tobacco is the leading cause of
preventable death and disease. It is responsible for
4.9 million deaths recorded each year in developed
countries (WHO, 2004). Among adolescents the act
of smoking tobacco and tobacco itself have a
negative connotation, including on young people
who smoke (Matos, Gaspar, Vitória, & Clemente,
2003). However, despite the intensification, especially in recent years, of the campaigns for the
prevention of tobacco consumption, and the production of laws that seek to reduce consumption and
protect passive smokers; several investigations point
to significant rates of consumption (similar in both
genders) which significantly increase with age
(Corte-Real et al., 2008; Currie et al., 2000; Matos
& Projecto Aventura Social & Saúde, 2006; Vinagre
& Lima, 2006).
3% of deaths worldwide-1.8 million (Institute of
Alcohol Studies, 2008).
However, as a legal product that can be produced
and consumed freely, alcohol is still seen as a special
type of consumer goods and not as a substance that
can cause dependence (Morais, 1999). This liberalisation has, in adolescents, special importance
because the consumption of alcohol is often a kind
of ritual of transition which is almost mandatory. For
adolescents, the first contact with alcohol is, in most
cases, within the family and at home, however, the
consumption becomes regular among groups of
peers in meeting and entertainment places (Moreira,
1999).
The consumption of alcohol, by adolescents, puts
them not only in a position of risk of the emergence
of the syndrome of addiction and clinical alcoholism
but also mainly at risk of acute intoxication, traffic
and work accidents, absenteeism and school failure,
aggression, and disorders and higher exposure to
consumption of other substances such as tobacco
and drugs (Institute of Alcohol Studies, 2008;
Moreira, 1999).
Despite the risks, the consumption of alcohol
among the adolescent population is significant.
Various investigations point to higher consumption
in young and older males (Corte-Real et al., 2008;
Currie et al., 2000; Institute of Alcohol Studies,
2008; Matos & Projecto Aventura Social & Saúde,
2006).
Therefore, going back to the benefits of regularly
practising a sport, we can see that in addition to
preventing and controlling risk behaviours such as
tobacco and alcohol consumption, violence, addiction to other substances and adherence to unhealthy
diets, it is also relevant in promoting a healthy
physical and mental growth.
Concerning healthy growth in physical terms,
several investigations have shown that young people
who regularly practise sport assess their health in a
more positive opinion than young people with little
or no sports practice (Balaguer & Castillo, 2002;
Bañuelos, 1996; Corte-Real, 2006; Paupério et al.,
2008).
However, studies which report the benefits of
regular sport in terms of healthy psychological
growth, such as satisfaction with life, are scarce.
Consumption of alcohol
Another major risk behaviour for health is the
consumption of alcohol. With roots in ancient
civilizations, the consumption of alcohol is, at
present, one of the most serious social problems
worldwide.
Today, in developed countries, alcohol consumption is one of the top 10 causes of disease and injury,
accounting for about 9% of all health problems and
Satisfaction with life
Life satisfaction is one of the components (cognitive)
of a more comprehensive construct, the subjective
well-being (Diener, 2000), and can be understood as
the evaluation that individuals make in regarding the
quality of their lives based on their own criteria
(Pavot & Diener, 1993).
Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012
Relationships with sport
Currently, satisfaction with life is seen as a key
concept in research of ‘‘positive psychology’’ because
it transcends momentary emotional fluctuations
(Diener & Diener, 1996), is relatively free of
conveniences (Diener, 1994) and may influence
changes in behaviour (Lewinsohn, Redner, & Seeley,
1991).
According to Veenhoven (as cited in Bradley &
Corwyn, 2004), satisfaction with life emerges as
basic needs are being met. Thus, in modern,
individualistic societies where basic needs are guaranteed, for most people, satisfaction with life is
associated with achievement of objectives.
Studies in this field have proliferated and become
of value for clarification of how individuals react to
different circumstances in life. These reactions,
which vary by gender and age (Inglehart, 2002)
and by demographic, institutional, social, cultural,
political and economic environments (Bjornskov,
Dreher, & Fischer, 2005) influence the levels of
satisfaction with life of each individual.
Much of the research in this area has been
performed in adults, however, there are reasons to
believe that satisfaction with life becomes a psychological variable before adulthood, especially during
adolescence, a phase associated with higher sensitivity, in which goals and ideals are constantly reassessed and reformulated and pathways altered in the
light of various vicissitudes (Bradley & Corwyn,
2004).
Several studies have associated high levels of
satisfaction with life in adolescents with lower adoption of risk behaviours to health, with better academic performance, better intra and interpersonal
relationships, lower levels of anxiety and depression
and higher rates of hope and self control (Gilman &
Huebner, 2006).
The studies we have analysed show results
which are somewhat contradictory to the above.
Regarding genders, several studies point to higher
levels of satisfaction with life in males (Currie et al.,
2000; Matos & Projecto Aventura Social & Saúde,
2006). Different results found by Dew & Huebner,
(1994), Huebner (1991), Huebner and Alderman
(1993) and Huebner et al. (2000) (as cited in
Huebner, 2004) concluded that there is no correlation between gender and levels of satisfaction with
life, advocating that both genders show similar rates
of satisfaction with life.
Regarding age, the consensus seems to prevail. In
the studies we consulted, young people have more
positive values of satisfaction with life than older
people (Currie et al., 2000; Goldbeck, Schmitz,
Besi, Herschbach, & Henrich, 2007; Matos &
Projecto Aventura Social & Saúde, 2006).
Thus, remembering the central theme of this
research, sports practice, in historical terms related
75
to healthy lifestyles, with high levels of health and
satisfaction with life we will try perform a diagnosis
of sports, consumption of tobacco, consumption of
alcohol and satisfaction with life, and understand if
the involvement or not in sport, influences, somehow, the consumption of tobacco and alcohol and
satisfaction with life in adolescents.
In this context, we aimed for this study to:
i) review, by gender and age, the level of sport, the
consumption of tobacco, alcohol consumption and
satisfaction with life of students of the third cycle of
basic education who attend schools in mainland
Portugal; ii) check, in this population, the relationship between sport and other variables described.
Methodology
Sample
The sample consisted of 5624 adolescents (53%
female and 47% male), aged between 12 and 17
* 14.33; s 1.359), who attend the third
years (X
cycle of basic education in schools of Continental
Portugal. The adolescents are grouped into three
youth age groups: 12 to 13 years (30%), 14 to 15
years (50%) and 16 to 17 years (20%).
Procedures
The instrument used for data collection was the
‘‘Inventory of Health-related Behaviors of Adolescents’’ developed by Corte-Real et al. (2004) and the
‘‘Scale of Satisfaction with Life’’ translated and
adapted version of ‘‘Satisfaction With Life Scale’’
(SWLS) of Diener et al. (1985).
Data were collected between 2002 and 2008 in
schools of Continental Portugal in which the investigation was approved by the Pedagogical Council
and the Executive Board (35 schools), through the
visit of an investigator of the Laboratory of Sport
Psychology, Faculty of Sport University Porto who
accompanied and supervised the implementation of
the instrument of data collection. Students who
participated in the investigation had authorisation
from their guardian.
In the data analysis descriptive statistics were used
with the presentation of frequencies and percentages
for nominal variables, and average and standard
deviation for continuous variables. Chi-Square
(study of distribution in nominal variables) and
analysis of adjusted residuals (for location of significant values) were also used. The significance level
considered was 0.05. Residual values set equal to or
greater than 1.9 in each cell are displayed in bold in
the tables.
The study was approved by the Scientific Board of
the Faculty of Sport of the University of Porto which
76
T. Paupério et al.
is responsible for ensuring compliance with the
Declaration of Helsinki on human studies and the
Portuguese Ministry of Education. The completion
of the questionnaire for young people was voluntary
and was only performed after written consent from
their guardian.
Variables
The variables analysed were: Sports Practice (SP),
Tobacco Consumption (TC), Alcohol Consumption
(AC) and Satisfaction With Life (SWL).
For each of the variables, the constitution of
groups was performed in accordance with Table I.
Results
Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012
Sports practice (SP)
Starting our analysis by SP, we checked that in the
overall sample more than a third of young people
(38%) had a regular SP; that is to say, practised sport
more than three times per week. Of the remainder,
36% had reduced SP and 26% sporadic or nonexistent SP.
When analysing by gender, a statistically significant difference (x2 263,117, p B0.001) was found.
Males have much higher levels of SP than females.
In the analysis by age group, there was no
statistically significant difference (x2 8,568, p 0.073), however, it was possible to observe a trend
towards a decrease in SP with age (regular SP
reducing from 39% in young people of 1213 years
to 34% in the group aged 1617 years).
Due to having found a statistically significant
difference in gender analysis, a more detailed analysis by age group in each gender is justified (Table II).
Thus, although no statistically significant difference has been found, as mentioned earlier, males
showed a higher SP level than females and the SP
level had a tendency to decrease with age. We also
noted that the percentage of young people with no or
low SP increases with age more in females than in
males.
Tobacco consumption (TC)
Regarding TC and the overall sample we found that
85% of young people did not consume tobacco, 8%
had a reduced consumption and 7% had a daily TC.
In the analysis by gender, there was no statistically
significant difference (x2 4,929, p 0.085), and
the intakes were very similar for both genders.
Statistically significant differences (x2 332,168,
p B 0.001), were found in the analysis by age group,
with the TC tending to grow substantially with age.
Thus, in the 1213 year-olds there were 92% with
no consumption and at 1617 years that percentage
decreased to 71%.
In this context it was also chosen to analyse the
TC by gender for each age group too (Table II).
It was verified that, in fact, the TC was very
similar between genders and increased with age and
that this increase was slightly more significant in
males than in females.
Alcohol consumption (AC)
Regarding the AC, in the aggregate sample, over two
thirds of young people (69%) had no consumption,
25% showed a reduced consumption and 6% had a
regular consumption.
When analysing according to gender, a statistically
significant difference was noticed (x2 105,294,
p B0.001), in that young males consume alcohol
more regularly than young females (female regular
consumption 3%; male regular consumption 10%).
In the analysis by age group, there was also a
statistically significant difference (x2 253,251 p B
0.001), in that AC consumption increases with age.
Thus, for regular AC: 1213 years 4%, 1415
years 5% and 1617 years 14%.
Table I. Formation of groups according to each variable and criteria for inclusion
Variable
Group
Criteria for inclusion
Remarks
SP
None or sporadic
Reduced
Regular
Not practice/practice up to once a week
Up to three times a week
Practice more than three times a week
We examined the frequency of practice.
We considered only the SP (recreational
or competitive), held outside of school.
TC
Regular
Reduced
None
Daily consumption
Up to several times per week
Never consumes
We analysed the frequency of
consumption.
AC
Regular
Reduced
None
Several times a week
Up to once a week
Never consumes/almost never takes
We analysed the frequency of
consumption.
SWL
Low
Moderate
High
(X between 1 and 2.4)
(X between 2.5 and 3.4)
(X between 3.5 and 5)
Determined the average value taking into account
the response to five points with values between 1
(completely disagree) and 5 (agree completely).
Relationships with sport
77
Table II. Analysis of sport, tobacco consumption, alcohol consumption, and satisfaction with life, by sex and age
Female à
Male ß
12/13 years (%) 14/15 years (%) 16/17 years (%) 12/13 years (%) 14/15 years (%) 16/17 years (%)
SP
None or sporadic
Reduced
Regular
32
38
30
32
38
30
x2 8,281, p 0.082
38
38
24
17
32
51
19
31
50
x2 6,992, p 0.136
21
35
44
Regular
Reduced
None
3
5
92
5
9
86
x2 136,763, p B 0.001
17
9
74
3
4
93
5
9
86
x2 193,847, p B 0.001
21
11
68
Regular
Reduced
None
2
20
78
3
22
75
x2 94,022, p B 0.001
6
38
56
6
20
74
7
23
69
x2 149,204, p B 0.001
21
32
47
Low
Moderate
High
9
34
57
11
38
51
x2 34,540, p B 0.001
18
37
45
6
33
61
8
34
58
x2 37,928, p B 0.001
14
39
47
(g.l. 4)
TC
(g.l. 4)
AC
(g.l. 4)
SWL
Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012
(g.l. 4)
In the analysis according to age group in each
gender (Table II) it was noted that, in fact, the
consumption was much higher in males and increased exponentially with age. This increase was
statistically significant in both genders, but was
greater in males.
Satisfaction with life (SWL)
For the SWL and the overall sample it was found
that about half of young people (54%) had a very
good degree of SWL. Of the remainder, 11%
characterised their SWL negatively and 36% were
at an intermediate level (moderate SWL).
Looking at gender, there was a statistically significant difference (x2 20,429, p B0.001) showing
young females to have a lower grade of SWL than
young males.
Statistically significant differences were found in
the analysis by age group (x2 64,398, pB0.001),
noting that the younger groups had higher levels of
SWL than the older ones.
Looking at the basis of age in each gender (Table II)
a statistically significant difference was found in both
genders. Thus, the degree of SWL was lower in
females and decreased with age.
In brief, there was the existence of: low levels of
sports practice, especially in younger and older
females; significant consumption of tobacco (identical in both genders and higher in older groups),
significant consumption of alcohol, with greater
prevalence in younger and older males, and high
levels of satisfaction with life, particularly in males
and younger people.
In this context, it is believed that in addition to the
simple and objective analysis already carried out, it
would be important for a deeper understanding of
this issue, to examine the relationship between sport
and other variables, since sport is the central theme
of this research and is, historically, related to healthy
lifestyles and higher levels of satisfaction with life.
As we have already found the trends for differences
between genders and age groups, this further analysis has been performed only on the global sample.
Relations between variables
Thus, we review the relationship of sports practice to
the consumption of tobacco and alcohol and satisfaction with life.
Regarding the relationship between sports practice
and smoking, (see Table III), of the level of consumption was very similar for all levels of sport.
As far as the relationship between sport and
alcohol is concerned (see Table III), we noted the
trend towards greater consumption of alcohol by
young people in regular sport. A statistically significant difference was found (x2 39,531, pB
0.001).
Finally, concerning the relationship between sport
and satisfaction with life (see Table III), it was noted
that young people who were more regularly in sport
had higher rates of satisfaction with life and young
people with lower levels of sport were those who had
lower levels of satisfaction with life. A statistically
significant difference was found (x2 49,164 pB
0.001).
Discussion
Regarding sport and despite the association made by
young people between sport and health, self image
78
T. Paupério et al.
Table III. Analysis of the relationship between sport with the consumption of tobacco, alcohol consumption, and satisfaction with life
Sports Practice (SP)
TC
Regular
Reduced
None
None or sporadic (%)
Reduced (%)
Regular (%)
9
6
85
6
8
86
8
8
84
5
24
71
9
25
66
10
37
53
9
33
58
x2 18,037, p B 0.001
(g.l. 4)
AC
Regular
Reduced
None
4
24
72
x2 39,531, p B0.001
(g.l. 4)
SWL
Low
Moderate
High
14
38
48
Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012
(g.l. 4)
and socialisation, the results presented here, which
do not go against the results of the studies reviewed
by us and referred to in the introduction of this work,
reflect low levels of sport, especially in younger and
older females. Family, school involvement, the
establishment of ties with peers, a good economy
and easy movement between the various stages of life
for the young, may emerge as potential conditioners
to the acquisition and maintenance of an active
lifestyle in adolescence. (Matos, Carvalho, & Diniz,
2002).
Concerning the consumption of tobacco, there
was a significant convergence between our results
and the results of the other studies presented in the
introduction. Despite the negative connotation that
its consumption has (which may explain the low
rates of consumption in the younger ages) there are
high rates of consumption especially in the elderly,
which could be explained by the association of its
consumption with the control of emotions, easy
access and opportunities for consumption (Matos
et al., 2003), the control of weight (Waldron, 1988;
Smith, Nutbeem, Moore, Roberts & Catford, 1994;
as cited in Matos & Projecto Aventura Social &
Saúde, 2006) and the status of adult (Antunes et al.,
2006).
The results of alcohol consumption in this study
also converge with the results of the investigations
mentioned in the introduction of this work. They
showed significant consumption with higher prevalence in younger and older males. Despite the
adverse effects of alcohol consumption, young people seem to associate the consumption with adult
status (Antunes et al., 2006), the feeling of happiness, facilitation of social relationships, and assertion
within the group of peers among other things
(Institute of Alcohol Studies, 2008).
In the case of life satisfaction our results are
consistent with other studies (Currie et al., 2000;
x2 49,164, p B0.001
Matos & Adventure Social and Health Project,
2006): in general, young people were satisfied with
their life and males and younger people had higher
levels of satisfaction with life compared with females
and older people.
In the studies consulted by us and regarding the
relationship between sport and smoking, our results
seem to contradict the results of Corte-Real (2006)
and Balaguer and Castillo (2002), as we did not find
a positive association between sport and non consumption of tobacco as described in their studies.
However, similar results had been found by Paupério
et al. (2008).
As far as the relationship between sport and
alcohol consumption is concerned, our results do
not go against the study by Corte-Real (2006).
Youngsters with higher rates of sports practice are
the ones who show higher rates of consumption of
alcohol.
Finally, concerning the relationship between sport
and satisfaction with life, our results converge with
the results of Pettay (2008) who found a clear
positive association between sports practice and
high levels of satisfaction with life.
Conclusions and suggestions
Regarding diagnosis, it was possible to perceive the
existence of significant percentages of young people
with health risk behaviours: 26% in the overall
sample did not practise sport at all (the sports
practice was lower in females and decreased with
age), 8% consumed tobacco regularly and 7%
consumed alcohol regularly (the consumption of
tobacco and alcohol were similar between genders
and increased, exponentially, with age).
These results point clearly to the urgent need for
measures at home and school, to support young
Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012
Relationships with sport
people in the choice of a healthier lifestyle, including
the acquisition of a more active lifestyle.
For the consumption of tobacco and alcohol, given
the exponential growth of consumption with age, it is
necessary and urgent that the anti-smoking laws
(which prevent the consumption of tobacco by
children under 16 years) and consumption of alcoholic drinks laws (that prevent the consumption of
alcohol by minors under 16 years), are met in schools.
The application of these laws protects the non
consumers, helps consumers who want to reduce or
stop consumption, values the educational mission
and honours the school. Furthermore, these data
reinforce the importance of managing programs and
activities to prevent smoking and alcoholism, especially for young people, which report on the negative
impact of tobacco and alcohol on health and on the
advantages of not trying smoking and drinking
alcohol, and deciding not to smoke or drink alcohol.
When the sports practice is related to the other
variables under study, it may be concluded that the
consumption of tobacco was very similar for the
three levels of sports practice and that the greatest
consumption of alcohol was found in young people
with a higher rate of sports practice. These data
suggest that the full potential of sport in the area of
promotion of behaviour to protect health and healthy
lifestyles might not always be used.
Therefore, it is crucial that all physical education
professionals and coaches are aware to use, continuously and correctly, this "tool", the sports practice, to
promote healthy habits and lifestyles.
Therefore, it seems essential to include these issues
in the initial and continuing training of teachers in
general, and physical education teachers, in particular
monitors, coaches and sports leaders, in order to
develop the sports practice, while promoting healthy
lifestyles.
Young people with higher levels of sports practice
showed greater satisfaction with their lives, leading us
to believe that sport may be an excellent tool to raise
the levels of satisfaction with life of adolescents, so its
promotion should be a priority for all those in daily
contact with adolescents. Thus, associating healthy
lifestyles with increased satisfaction with life may be
an important step in promoting those lifestyles.
Finally, the development and implementation of
health promotion programs should be based on
results of investigations in each geographical area
and not national average data, so it is possible to
distinguish differences between environments, such
as coastal/inland, north/south, rural/urban or socio
economically favoured/disadvantaged, adapting this
way the intervention to local geographical area.
Given the multitude of social and interpersonal
contexts in which young people move, in which there
are many influences, it is also of vital importance to
79
study the influence of family, best friends and groups
of friends on their behaviour.
Key findings
1. Youth sports groups had similar or higher
consumption of tobacco and alcohol when
compared with young non-athletes.
2. The full potential of sport in the area of
promotion of behaviour to protect health and
healthy lifestyles might not always be used.
3. Need to modify the existing programs to
promote healthy lifestyles in Portugal.
References
Antunes, C., Sousa, M., Carvalho, A., Costa, M., Raimundo, F.,
Lemos, E., et al. (2006). Auto-estima e comportamentos
de saúde e de risco no adolescente: Efeitos diferenciais em
alunos do 78 ao 108 ano. Psicologia Saúde & Doenças, 7(1),
117123.
Balaguer, I., & Castillo, I. (2002). Physical activity, exercise and
sport in early adolescence. In I. Balaguer (Ed.), Lifestyles in
adolescence (pp. 3764). Valência: Ed. Promolibro
Bañuelos, F. (1996). Physical activity health-oriented. Madrid:
Biblioteca Nueva.
Bjornskov, C., Dreher, A., & Fischer, J. (2005). Cross-country
determinants of life satisfaction: Exploring different determinants
across groups in society. Department of Economics, University of
St. Gallen, Discussion paper no. 200519.
Bradley, R., & Corwyn, R. (2004). Life satisfaction among
European American, African American, Chinese American,
Mexican American and Dominican American adolescents.
International Journal of Behavioral Development, 28(5), 385400.
Cavill, N., Kahlmeier, S., & Racioppi, F. (2006). Physical activity
and health in Europe: Evidence for action. Denmark: World
Health Organization.
CDC (1999). Physical activity and health-adolescents and young
adults: The report of the surgeon general. Retrieved from http://
www.cdc.gov/NCCDPHP/SGR/pdf/adoles.pdf (Accessed 26
April 2009).
Corte-Real, N., Balaguer, I., & Fonseca, A. (2004). Inventory of
health-related behaviors of adolescents. Laboratory of Sport
Psychology, Faculty of Sport, University of Porto. Unpublished
manuscript.
Corte-Real, N. (2006). Sport, health and lifestyles, different looks,
objective and subjective, on the behavior of adolescents. Doctoral
dissertation, Faculty of Sport, University of Porto, Porto,
Portugal.
Corte-Real, N., Balaguer, I., Dias, C., Corredeira, R., & Fonseca,
A. (2008). Actividade fı́sica, prática desportiva, consumo de
alimentos, de tabaco e de álcool dos adolescentes portugueses.
Saúde dos Adolescentes, 26(2), 1725.
Council of Europe (1995). European Manifesto on Young People
and Sport. Retrieved from http://www.coe.int/t/dg4/sport/
resources/texts/spmanif_en.asp (Accessed 12 June 2011).
Currie, C., Hurrelmann, K., Settertobulte, W., Smith, R., &
Todd, J. (2000). Health and health behavior among young peoplehealth behavior in school-aged children: A WHO cross-national
study (HBSC) international report. Copenhagen: World Health
Organization.
Diener, E. (1994). Assessing subjective well-being: Progress and
opportunities. Social Indicators Research, 31, 103157.
Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012
80
T. Paupério et al.
Diener, E. (2000). Subjective well-being-The science of happiness
and a proposal for nation index. American Psychologist, 55(1),
3443.
Diener, E., & Diener, C. (1996). Most people are happy.
Psychological Science, 7(3), 181185.
Diener, E., Emmons, R., Larsen, R., & Griffin, S. (1985). The
satisfaction with life scale. Journal of Personality Assessment,
49(1), 7175.
Fujita, F., & Diener, E. (2005). Life satisfaction set point:
Stability and change. Journal of Personality and Social
Psychology, 88(1), 158164.
Gilman, R., & Huebner, E. (2006). Characteristics of adolescents
who report very high life satisfaction. Journal of Youth and
Adolescence, 35(3), 311319.
Goldbeck, L., Schmitz, T., Besi, T., Herschbach, P., & Henrich,
G. (2007). Life satisfaction decrease during adolescence.
Quality of Life Research, 16(6), 969979.
Huebner, E. (2004). Research on assessment of life satisfaction of
children and adolescents. Social Indicators Research, 66, 333.
Inglehart, R. (2002). Gender, aging, and subjective well-being.
International Journal of Comparative Sociology, 43(35), 391408.
Institute of Alcohol Studies (2008). Alcohol and Health. St Ives:
Institute of Alcohol Studies.
Lewinsohn, P., Redner, J., & Seeley, J. (1991). The relationship
between life satisfaction and psychosocial variables: New
perspectives. In F. Strack, M. Argyle, & N. Schwartz (Eds.),
Subjective well being (pp. 141169). Oxford: Pergamon Press.
Lopes, V., Maia, J., Oliveira, M., Seabra, A., & Garganta, R.
(2003). Caracterização da atividade fı́sica habitual em adolescentes de ambos os sexos através de acelerometria e pedometria
caracterização da atividade fı́sica habitual em adolescentes de
ambos os sexos através de acelerometria e pedometria. Revista
Paulista de Educação Fı́sica, 17(1), 5163.
Matos, M., Carvalho, S., & Diniz, J. (2002). Factores associados à
prática da actividade fı́sica nos adolescentes portugueses.
Análise Psicológica, 1(20), 5766.
Matos, M., Gaspar, T., Vitória, P., & Clemente, M. (2003).
Comportamentos e atitudes sobre o tabaco em adolescentes
portugueses fumadores. Psicologia. Saúde & Doenças, 4(2),
205219.
Matos, M., & Projecto Aventura Social & Saúde (2006). A saúde
dos adolescentes portugueses hoje e em 8 anos: Relatório preliminar
do estudo HBSC 2006. Lisboa: Edições FMH.
Morais, C. (1999). Alcohol consumption and its impact on Public
Health. In Youth Foundation (Eds), Workshop on drinking to
forget or drink to survive: two sides of the same possible youth (pp.
3343). Porto: Youth Foundation.
Moreira, R. (1999). Adolescence and alcohol. In Youth Foundation (Eds), Workshop on drinking to forget or drink to survive: two
sides of the same possible youth (pp. 5157). Porto: Youth
Foundation.
Mota, J., & Sallis, J. (2002). Physical activity and health: factors
influencing physical activity in children and adolescents. Porto:
Campo das Letras.
Ogden, J. (2004). Health Psychology. Lisboa: Climepsi Editores.
Paupério, T., Corte-Real, N., Dias, C., Corredeira, R., &
Fonseca, A. (2008). Prática Desportiva, consumo de tabaco e
saúde percebida . . . .que relação? Um estudo realizado em
adolescentes do 38 Ciclo do Ensino Básico. Boletim da Sociedade
Portuguesa de Educação Fı́sica, 33, 1122.
Pavot, W., & Diener, E. (1993). Review of the satisfaction with life
scale. Psychological Assessment, 5(2), 164172.
Perkins, D., Jacobs, J., Barber, B., & Eccles, J. (2004). Adolescents and sport participation childhood the predictor of
participation in sport and physical fitness activities during
young adulthood. Youth & Society, 35, 495520.
Pettay, R. (2008). Health behaviors and life satisfaction in college
students. Doctoral dissertation, Kansas State University, Kansas, USA.
Scheerder, J., Thomas, M., Vanreusel, B., Lefevre, J., Renson, R.,
Eynde, B., et al. (2006). Sport participation among females
from adolescence to adulthood-A longitudinal study.
International Review for the Sociology of Sport, 41(34), 413430.
Vinagre, M., & Lima, M. (2006). Consumo se álcool, tabaco e
droga em adolescentes: Experiências e julgamentos de risco.
Psicologia. Saúde & Doenças, 7(1), 7381.
WHO (2004). The Millennium Development Goals and Tobacco
Control. WHO Tobacco Control Papers: Paper MDG2004.
Retrieved from http://repositories.cdlib.org/tc/whotcp/MDG2004
(Accessed 7 October 2008).
Anexo 2 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo IV
Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Adolescents and health-related behaviors.
What influence can the typology of school have? International Journal of Health Promotion and Education,
51:1, 23-34.
This article was downloaded by: [Tiago Paupério]
On: 09 February 2013, At: 04:52
Publisher: Routledge
Informa Ltd Registered in England and Wales Registered Number: 1072954 Registered
office: Mortimer House, 37-41 Mortimer Street, London W1T 3JH, UK
International Journal of Health
Promotion and Education
Publication details, including instructions for authors and
subscription information:
http://www.tandfonline.com/loi/rhpe20
Adolescents and health-related
behaviors. What influence can the
typology of school have?
a
a
a
Tiago Paupério , Nuno Corte-Real , Cláudia Dias & António
Fonseca
a
a
Laboratory of Sport Psychology, Faculty of Sports, University of
Porto, Porto, Portugal
To cite this article: Tiago Paupério , Nuno Corte-Real , Cláudia Dias & António Fonseca (2013):
Adolescents and health-related behaviors. What influence can the typology of school have?,
International Journal of Health Promotion and Education, 51:1, 23-34
To link to this article: http://dx.doi.org/10.1080/14635240.2012.735387
PLEASE SCROLL DOWN FOR ARTICLE
Full terms and conditions of use: http://www.tandfonline.com/page/terms-and-conditions
This article may be used for research, teaching, and private study purposes. Any
substantial or systematic reproduction, redistribution, reselling, loan, sub-licensing,
systematic supply, or distribution in any form to anyone is expressly forbidden.
The publisher does not give any warranty express or implied or make any representation
that the contents will be complete or accurate or up to date. The accuracy of any
instructions, formulae, and drug doses should be independently verified with primary
sources. The publisher shall not be liable for any loss, actions, claims, proceedings,
demand, or costs or damages whatsoever or howsoever caused arising directly or
indirectly in connection with or arising out of the use of this material.
International Journal of Health Promotion and Education, 2013
Vol. 51, No. 1, 23–34, http://dx.doi.org/10.1080/14635240.2012.735387
Adolescents and health-related behaviors. What influence can the
typology of school have?
Tiago Paupério*, Nuno Corte-Real, Cláudia Dias and António Fonseca
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
Laboratory of Sport Psychology, Faculty of Sports, University of Porto, Porto, Portugal
From the influence of peers in the acquisition of behaviors that could endanger or
protect health, we aimed to verify the existence of differences in levels of sport
practice, consumption of tobacco and alcohol, and life satisfaction among students of
the third Cycle of Basic Education attending two different types of schools in
Portuguese Mainland: Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education
(BS2/3), attended by students aged between 10 and 16 and Secondary Schools with
third Cycle of Basic Education (SS/3), attended by students aged between 12 and 18
years. The instruments used were the ‘Inventory of Health-related Behaviors of
Adolescents’ (Corte-Real et al. 2004) and the ‘Scale of Satisfaction With Life’, a
translated and adapted version of the Satisfaction With Life Scale (SWLS; Diener
et al. 1985). The sample consisted of 5624 adolescents (53% C and 47% F) aged
between 12 and 17 years old (X ¼ 14,33; s ¼ 1,359). We found no statistically
significant differences in none of the variables, except in the consumption of
tobacco, in which we realized that students who attended SS/3 schools had higher
intakes compared with adolescents of the same age, who were attending BS2/3
schools. We also concluded that girls showed more pronounced differences in all
variables.
Keywords: adolescents; sports practice; tobacco; alcohol; satisfaction with life; school
Introduction
Adolescence and health
Adolescence, as a stage of human development, meaning the passage from a state of
infantile dependence to social inclusion and the formation of a system of values that define
adulthood (Sampaio 1994), is characterized by quick physical, psychological, sociocultural, and cognitive changes, in a path leading to identity and autonomy (Sprinthall and
Collins 2003).
During the stage, the multiplicity of social and interpersonal contexts in which
adolescents move, combined with variations in the pace of life and relationships, promotes
a wide range of behaviors that can be risk factors or health protection factors.
Several studies have shown that past behavior is the main indicator of future behavior
(Ogden 2004), so that youth and adolescence are assumed as key stages in health
promotion and acquisition of health protective behaviors.
Among the risk factors for health, the World Health Organization stresses physical
inactivity, substance abuse, and eating disorders (Currie et al. 2000).
*Corresponding author. Email: [email protected]
q 2013 Institute of Health Promotion and Education
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
24
T. Paupério et al.
Risk behaviors and health protective behaviors of adolescents
Physical inactivity has been identified as the fourth major risk factor for overall mortality
(6% of deaths worldwide). Its increase in many countries causes major implications to the
overall health of people worldwide and the prevalence of noncontagious diseases such as
cardiovascular disease, diabetes, and cancer and its risk factors, such as high blood
pressure, increased blood sugar, and overweight (WHO 2009).
These noncontagious diseases, now account for over half of all deaths recorded each
year as an estimated six of every ten deaths are caused by these (WHO 2008).
In this context, adolescence emerges as a crucial step in gaining lasting habits of
physical activity, because the development during this period increases the likelihood of a
habit to keep in adulthood (Lopes et al. 2003, Perkins et al. 2004, Scheerder et al. 2006).
Thus, adequate levels of physical activity promote in young people healthy growth, in
physical terms, particularly the creation and maintenance of bones, muscles, and healthy
joints; weight control; fat reduction; and prevention of hypertension (Cavill et al. 2006,
Janssen and Leblanc 2010). In psychological terms, physical activity can increase school
performance (Sibley and Etnier 2003), enrich the psychomotor repertoire and help to
prevent and control risk behaviors such as tobacco, violence, alcohol, addiction to other
substances, and unhealthy diets (Pate et al. 2000, Cavill et al. 2006).
Concerning substance use, tobacco and alcohol abuse appears in the ‘front line’ of the
most worrisome because they are not only substances of easier access, but also their use
often appears as a kind of ritual transition considered to be almost mandatory.
The consumption of tobacco is the leading cause of illness and preventable death and it
annually accounts for 6 million deaths worldwide (Shafey et al. 2009).
Given that tobacco consumption (TC) is a behavior whose effects on health have been
studied the most and the results of which are more consensual (Ribeiro 2005), the problem
of smoking has a relevant role in health promotion and prevention of some of the most
important diseases in developed countries (Matos et al. 2003).
However, despite the negative connotation that its use has mainly on the younger
adolescents (Matos et al. 2003), which may explain the low percentages of consumption at
younger ages, it appears that there are high percentages of consumption especially at older
ages (Currie et al. 2000, Matos et al. 2006, Vinagre and Lima 2006, Corte-Real et al.
2008).
Alcohol consumption (AC) is one of the ten leading causes of illness and injury,
accounting for about 9% of all health problems and 3% of deaths worldwide - ø 1.8
million (Institute of Alcohol Studies 2008).
The consumption by adolescents puts them not only in a position of risk for the
appearance of the syndrome of addiction and clinical alcoholism but also mainly in
relation to risk for acute drunkenness, traffic accidents whileat work, absence and school
failure, aggression, disorders, and greater exposure to consumption of other substances
such as tobacco and drugs (Moreira 1999, Institute of Alcohol Studies 2008).
On the other hand, the rapid changes, the multiple social and interpersonal contexts in
which adolescents move and variations in the pace of life and relationships influence,
similarly, psychological aspects in the development of young people as their satisfaction
with life.
Satisfaction with life
The satisfaction with life, a cognitive component of a broader construct – the subjective
well-being (Diener et al. 2000), can be understood as the judgment that individuals make
International Journal of Health Promotion and Education
25
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
about the quality of their lives based on their own criteria (Pavot and Diener 1993). It is
currently seen as a key concept in the investigation of ‘positive psychology’, thus
believing that it can be considered a psychological variable before adulthood, particularly
during adolescence (Eccles and Gootman 2001, Graber and Brooks-Gunn 1996 in Bradley
and Corwyn 2004).
Several studies associate high levels of satisfaction with life in adolescents with lower
adoption of risk behaviors to health, with better academic performance, better intra-and
interpersonal relationships, lower rates of anxiety and depression, and higher rates of hope
and self-control (Gilman and Huebner 2006), so this can become a variable ‘key’ to
identify different lifestyles.
Finally and still concerning the multiplicity of social and interpersonal contexts in
which adolescents move and the variations in the pace of life and relationships, peers
(friends) must be highlighted.
The peers
Relationships with colleagues are one of the major contexts in which adolescents develop
personal characteristics into adulthood. Although the popular culture admits that peer
pressure comes into conflict with the influence of family and other adults, the truth is that
peers play a complementary role in adolescent development (Sprinthall and Collins 2003).
They are essential in adolescent development, providing social and emotional support.
It is among peers that teens learn to be with others, not parents, to share experiences and
feelings (Tomé 2009).
Peers are often associated with physical and psychological well-being of youngsters
and adolescents avoiding symptoms of depression, loneliness, sadness, or low self-esteem,
which may prove to be risk factors during adolescence.
However, despite all the positive aspects of adolescents’ relationship with their peers,
some studies (Cumsille et al. 2000, Gardner and Steinberg 2005, Jaccard and Blanton
2005) reported an association of the peer group to the initiation of risk behaviors in
adolescents.
This leads many parents to fear the influence of the peers, which they sometimes refer
to as ‘bad influences’ (Simões 2007). However, this association should not be understood
as the only cause of the involvement of adolescents in behaviors risk (Tomé 2009).
The school
In this context the school, or rather the type of school, can take a leading role in the
acquisition of behaviors that endanger or protect health and levels of life satisfaction of
adolescents.
Thus, in the course of their academic career, children and young people may attend
different types of schools ‘that integrate all the cycles or simply some of them’ – Law
46/86 October 14 (Assembleia da República 1986).
Concerning specifically students who attend the third Cycle of Basic Education, they
may attend Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education (which will now
be referred to as schools BS2/3) or Secondary Schools with third Cycle of Basic Education
(which will now be referred to as schools SS/3).
In the first, attended by students between 10 and 16 years old, students of the third
Cycle of Basic Education, in addition to getting along with peers of their age, they also
socialize with younger peers (attending the second Cycle of Basic Education, that is the
26
T. Paupério et al.
fifth and sixth grades), while, in the second, attended by students between 12 and 18 years
old, they get along with older peers (attending secondary education, that is the 10th, 11th,
and 12th grades).
As many different studies in this area point to the existence of risk behaviors for health
and lower levels of life satisfaction in older adolescents (Currie et al. 2000, Matos et al.
2006, Corte-Real et al. 2008), it may be questioned whether the type of school can
influence behavior and levels of life satisfaction of young people.
Therefore, our research, first and foremost, seeked to provide an insight into the
differences in levels of sport practice, tobacco and alcohol use, and levels of satisfaction
with life among students of the third Cycle of Basic Education, attending two different
types of schools in Portugal (BS2/3 and SS/3).
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
Methodology
Sample
The study sample consisted of 5624 adolescents (53% C and 47% F), aged between 12
and 17 years (X ¼ 14.33; s ¼ 1.359), attending the third Cycle of Basic Education schools
in the Portuguese Mainland.
We divided the students into two groups according to the type of school attended:
Basics Schools of second and third Cycles of Basic Education (56.4%) and Secondary
Schools with third Cycle of Basic Education (43.6%).
Procedures
The instrument used for data collection was the ‘Inventory of Behaviors Related to
Adolescent Health’ developed by Corte-Real et al. (2004) and the ‘Satisfaction Scale with
Life’, a translated and adapted version of ‘SWLS’ by Diener et al. (1985).
Data were collected between 2002 and 2008 in schools of the Portuguese Mainland,
having the investigation been approved by the Pedagogical and Executive Council (35
schools), by a researcher of the Laboratory of Psychology of Sport Faculty of the
University of Porto who accompanied and inspected the application of the data collection
instrument.
The study was approved by the Scientific Council of Faculty of Sport of University of
Porto, which is responsible for ensuring compliance to Declaration of Helsinki in Human
studies and of the Portuguese Ministry of Education. The filling in of the questionnaire by
young people was volunteer and done with the consent of their legal tutors.
In analyzing the data, we used descriptive statistics with the presentation of
frequencies and percentages for nominal variables, and mean rates and standard deviations
for continuous variables. We also used the chi-square test (study of the distribution of
nominal variables) with adjusted residual analysis (for location of significant figures). The
significance level was 0.05, which is displayed in bold in the tables, with residual values
set equal to or greater than 1.9 in each cell.
Variables
The variables analyzed were Sports Practice (SP), TC, AC and Satisfaction With Live
(SWL). For each variable the formation of the groups was carried out according to the
table (see Table 1).
International Journal of Health Promotion and Education
27
Table 1. Formation of groups for each variable and inclusion criteria.
Variable
Group
Inclusion criteria
Comments
SP
None or
sporadic
Does not practise/practices up to
once a week
We analyzed the frequency of practice
for more than 1 h each session. We
considered only the SP, either within the
context of recreation or competition,
done out of school
Reduced
Regular
Practises up to three times a week
Practises more than three times a
week
Consumes daily
TC
Regular
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
Reduced
AC
Absent
Regular
Reduced
Absent
SWL
Consumes sporadically (up to
several times a week)
Does not consume
Consumes several times a week
Reduced
Consumes up to once a week
Does not consume/almost never
consumes
(X between 1 and 2.4)
Moderate
High
(X between 2.5 and 3.4)
(X between 3.5 and 5)
We analyzed the frequency of
consumption
We analyzed the frequency of consumption
We determined the average value by
taking into account the response to five
questions with values between 1
(disagree) and 5 (agree)
Results
Starting the presentation of results by an analysis of the bulk sample, regardless of the type
of school, we found that only 38% of young people practised sport regularly (more than
three times a week), 36% had a reduced practice (up to three times a week) and 26% did
not engage or engaged less than once a week.
Regarding the consumption of tobacco we have noticed that 7% of our sample of
young people consumed tobacco regularly, 8% consumed it occasionally and 85% did not
consume.
Concerning AC we found that 6% of young people consumed alcohol regularly, 25%
consumed it occasionally and 69% did not consume.
Finally and in what concerns the Satisfaction with Life, we found that 54% considered
themselves very satisfied with their lives, 36% moderately satisfied and 10% not very
satisfied.
Thereafter, we analyzed the differences between the young people attending BS2/3
and SS/3 schools noticing, in the total sample, no statistically significant differences in
any variable except for TC (x2 ¼ 30,674; p , 0.001) among pupils attending Secondary
Schools with third Cycle of Basic Education who showed higher intakes compared
with those attending Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education
(see Table 2).
Considering the other variables and, despite the absence of statistically significant
differences, trends can be observed that seem worthy of analysis.
Therefore, as far as the SP is concerned, we have found it to be slightly lower for
students attending Secondary Schools with third Cycle of Basic Education when compared
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
28
Total sample (N ¼ 5624)
BS2/3(%)
(n ¼ 3174)
SP
TC
AC
SWL
None or sporadic
Reduced
Regular
(Df ¼ 2)
Regular
Reduced
Absent
(Df ¼ 2)
Regular
Reduced
Absent
(Df ¼ 4)
Reduced
Moderate
High
(Df ¼ 2)
SS/3(%)
(n ¼ 2450)
26
27
35
36
39
37
x2 ¼ 2,094, p ¼ 0.351
6
10
8
7
86
83
x2 ¼ 30,674, p , 0.001
7
7
23
26
70
67
x2 ¼ 6,483, p ¼ 0.039
10
12
35
37
55
51
x2 ¼ 10,016, p ¼ 0.007
Females C (N ¼ 2964)
BS2/3(%)
(n ¼ 1646)
SS/3(%)
(n ¼ 1318)
32
34
39
38
29
28
x2 ¼ 1,856, p ¼ 0.395
5
9
8
7
87
84
x2 ¼ 24,931p , 0.001
3
3
23
27
74
70
x2 ¼ 5,427, p ¼ 0.066
10
14
37
36
53
50
x2 ¼ 6,605, p ¼ 0.037
(Significance Level ¼ 0.05, Adjusted Residual Values with equal or greater than 1.9 in each cell, highlighted in bold)
Males F (N ¼ 2660)
BS2/3(%)
(n ¼ 1528)
SS/3(%)
(n ¼ 1132)
19
19
32
34
49
47
x2 ¼ 1,351, p ¼ 0.509
7
10
9
7
84
83
x2 ¼ 9,316p ¼ 0.009
10
10
24
26
66
64
x2 ¼ 1,871, p ¼ 0.392
8
9
34
37
58
54
x2 ¼ 4,651p ¼ 0.098
T. Paupério et al.
Table 2. Analysis of SP, smoking and AC and life satisfaction according to the type of school, in the total sample and each sex.
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
International Journal of Health Promotion and Education
29
with students attending Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education
(37% in Secondary Schools with third Cycle of Basic Education and 39% in Basic Schools
of second and third Cycles of Basic Education).
Concerning AC, we found that it was slightly higher among students of Secondary
Schools with third Cycle of Basic Education, although, in general, regular consumption of
alcohol was 7% in both types of schools.
Finally, regarding satisfaction with life, we found a tendency for lower levels of
satisfaction with life in Secondary Schools with third Cycle of Basic Education (51% high
satisfaction with life among students attending Secondary Schools with third Cycle of
Basic Education against 55% of pupils attending Basic Schools of second and third Cycles
of Basic Education).
Afterwards we conducted a comprehensive analysis by gender (see Table 2)
confirming that, in general, girls seem to be the most influenced by the type of school in all
the variables under study; the major differences between types of school were found
among females, including a statistically significant difference in relation to TC.
On the other hand, the analysis by gender allowed us to confirm what we have already
described when analyzing the global sample: students of Basic Schools of second and third
Cycle of Basic Education had slightly higher levels of SP, lower consumption of tobacco
and alcohol, and higher levels of satisfaction with life when compared with students
attending the Secondary Schools with third Cycle of Basic Education, in both genders.
We also decided to perform an analysis by age, in order to understand whether there
are age groups more affected by different types of school (see Table 3).
In this context and in relation to SP and life satisfaction, we found that the main
differences (not statistically significant) were in the older ages (age group 16 to 17 years).
However, in all ages we noticed the results found previously: the pupils attending Basic
Schools of second and third Cycles of Basic Education had slightly higher rates of Sport
Practice and levels of satisfaction with life when compared with students of Secondary
Schools with third Cycle of Basic Education.
However, it was at early ages (age range from 12 to 13 years old) that we found the
most significant differences regarding AC. The values found were somehow opposed to
the values specified in the overall analysis and in the analysis by gender. This happened
because the more regular consumption of alcohol occurred among pupils attending Basic
Schools of second and third Cycles of Basic Education in all age groups except for the age
group from 14 to 15 years old in which the percentage of regular consumption was equal
(5%). Nevertheless, the highest percentages of nonexistent consumption were registered in
Secondary Schools with third Cycle of Basic Education.
Finally and as far as the consumption of tobacco is concerned, we found the most
significant differences in the age group from 14 to 15 years old and the confirmation of the
results obtained in previous analyzes: the consumption of tobacco was higher among
students who attended Secondary Schools with third Cycle of Basic Education in all ages.
Discussion
During this investigation we did not find any national or international study with reference
to differences in behaviors related to health or the life satisfaction of adolescents in
different types of school.
Nevertheless, the analysis of investigations on the same target area allows us to discuss
the results found here.
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
30
12 – 13 years (N ¼ 1694)
BS2/3(%)
(n ¼ 1006)
SP
TC
AC
SWL
None or sporadic
Reduced
Regular
(Df ¼ 2)
Regular
Reduced
Absent
(Df ¼ 2)
Regular
Reduced
Absent
(Df ¼ 2)
Reduced
Moderate
High
(Df ¼ 2)
SS/3(%)
(n ¼ 688)
25
25
35
37
40
38
x2 ¼ 1,153, p ¼ 0.562
3
4
4
4
93
92
x2 ¼ 0,212, p ¼ 0.900
5
3
19
22
76
75
x2 ¼ 3,806, p ¼ 0.149
7
10
33
33
60
57
x2 ¼ 3,071,.p ¼ 0.215
14 – 15 years (N ¼ 2802)
BS2/3(%)
(n ¼ 1657)
SS/3(%)
(n ¼ 1145)
26
26
36
36
38
38
x2 ¼ 0,022, p ¼ 0.989
5
7
9
8
86
85
x2 ¼ 9,213, p ¼ 0.010
5
5
22
23
73
72
x2 ¼ 0,253p ¼ 0.881
10
10
36
37
54
53
x2 ¼ 1,138, p ¼ 0.566
(Significance Level ¼ 0.05, Adjusted Residual Values with equal or greater than 1.9 in each cell, highlighted in bold)
16 – 17 years (N ¼ 1128)
BS2/3(%)
(n ¼ 511)
SS/3(%)
(n ¼ 617)
27
31
37
36
36
33
x2 ¼ 2,898, p ¼ 0.235
16
22
12
9
72
69
x2 ¼ 8,090p ¼ 0.018
14
13
34
36
52
51
x2 ¼ 0,964p ¼ 0.618
14
17
38
39
48
44
x2 ¼ 3,379, p ¼ 0.185
T. Paupério et al.
Table 3. Analysis of SP, smoking and AC and life satisfaction according to the type of school in each age group.
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
International Journal of Health Promotion and Education
31
Assuming that the interaction between peers, although not being the only cause for the
adoption of behaviors that protect or endanger health is certainly one of the most
influential factors, because adolescents tend to adopt common behaviors within their peer
groups, as shown by the studies by Cumsille et al. (2000), Gardner and Steinberg (2005)
and Jaccard and Blanton (2005).
As the school is the place where teenagers interact more with their peers, because it is
there that they spend much of their time, it seems natural that these peers have a greater
influence on their decisions.
Since the literature is unanimous in the recognition of age as a factor influencing the
adoption of protective behaviors or behaviors that endanger health, the fact that a teenager
attending Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education (getting along with
students of similar age and younger ones) or Secondary Schools with third Cycle of Basic
Education (getting along with students of similar age and older ones) and although it may
not be the only one, of course, it is an important factor influencing the adoption of a
lifestyle more or less protective to health.
As for the SP, the results of the investigated studies point clearly to a reduced youth
SP, in general and especially among older and female students (Currie et al. 2000, Matos
et al. 2002, Mota and Sallis 2002, Matos et al. 2006, Corte-Real et al. 2008). On the other
hand, the investigation by Matos et al. (2002) reported that, among other aspects, school
involvement and building bridges with peers are strong influences in choosing a more or
less active lifestyle.
The results of our investigation converge with the results of the investigations
mentioned earlier, in that the students who attended Secondary Schools with third Cycle of
Basic Education (whose interaction is with peers of the same age and older) were the ones
who also presented, although without statistically significant differences, lower levels of
sport. Thus, we may be facing the fact that older students, identified in the investigations
cited, as those with lower levels of sport practice influence their younger peers towards a
more sedentary lifestyle.
As far as smoking is concerned, the literature we consulted is unanimous in reference
to significant consumption rates that increased exponentially with age (Currie et al. 2000,
Matos et al. 2006, Vinagre and Lima 2006, Corte-Real et al. 2008). In addition to these
facts, the results of the study by Antunes and colleagues (2006) found an association
between consumption and adult status. In this context, in our investigation we found more
significant rates of consumption among adolescents attending Secondary Schools with
third Cycle of Basic Education which can be due to the fact that the young want to
resemble the older with whom they interact and thus adhere to this consumption.
As far as alcohol is concerned, the investigations consulted by us point in the same
direction, high rates of consumption especially among older adolescents (Currie et al.
2000, Matos et al. 2006, Corte-Real et al. 2008, Institute of Alcohol Studies 2008).
Moreover, alcohol comes often associated with adult status (Antunes et al. 2006) and the
acceptance by the group of peers (Institute of Alcohol Studies 2008).
In our investigation, AC was very similar among students attending different types of
school. However, students who were attending Secondary Schools with third Cycle of
Basic Education were those with the lowest percentage of nonexistent consumption.
This higher rate of experimentation among students attending Secondary Schools with
third Cycle of Basic Education may be related to the wish of acceptance within a group of
older peers and the attempt to resemble an adult and thus draw attention to and integrate
older peer groups.
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
32
T. Paupério et al.
Finally and as for the satisfaction with life, the studies we consulted pointed to levels
of life satisfaction lower in older adolescents (Currie et al. 2000, Matos et al. 2006,
Goldbeck et al. 2007).
In our investigation we concluded that young people who were attending Secondary
Schools with third Cycle of Basic Education were those who had lower levels of
satisfaction with life.
This may be related to some influence of older peers on the way younger peers
evaluated the quality of their lives.
In this context, we believe that the interaction of students of the third Cycle of Basic
Education with students of younger age groups (as in Basic Schools of second and third
Cycles of Basic Education) or with older peers (as in Secondary Schools with third Cycle
of Basic Education), although not the only factor, may significantly influence the adoption
of protective behaviors or behaviors that endanger health. On the other hand, we can also
assume that the influence, although with different shapes and intensities, can be extended
to all of education cycles.
However, the growing need for profitability and rationalization of human and material
resources in all sectors of the civil service and in particular in the education sector has
increasingly promoted the construction or establishment of mega clusters comprising
more than one education cycle or even all of them such as in the recent IPS (Integrated
Basic Schools) that integrate all the cycles except high school or recent School Centers
which include Preschool and the first Cycle of Basic Education in a single infrastructure.
Conclusions and suggestions
After analyzing the results we concluded that, in our sample, composed only of students of
the third Cycle of Basic Education, there were low levels of regular sport practice (about
one third of students), low levels of regular and occasional tobacco and AC and high levels
of satisfaction with life. On the other hand, the results obtained among students of the
Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education were slightly better, although
with few statistically significant differences to those obtained among students of
Secondary Schools with third Cycle of Basic Education. This means the students of Basic
Schools of second and third Cycles of Basic Education had generally higher levels
of regular SP, lower levels of regular tobacco and AC and higher rates of satisfaction
with life.
Moreover, we found some differences in the results obtained according to the gender
and age groups.
With respect to gender, we found that girls seemed to be the most ‘influenced’ by the
type of school as they showed, in all variables, statistically stronger differences than boys.
Regarding age and as we did not find a single age group more influenced by the type of
school, we concluded that the older adolescents present statistically stronger differences in
SP and life satisfaction, the intermediate age group in the use of tobacco, and the younger
age groups in AC.
Conscious that more studies will be needed to confirm the results found here and
believing that peer relationships play an important role in the acquisition of risk behaviors
or health protective behaviors and levels of satisfaction with the life of young people, and
because we are aware of the need for profitability and rationalization of resources in
education, cited in chapter of discussion, we think it is essential to increase the health
promotion programs in schools, such as the National School Health (Ministério da Saúde
2006) and the real adjustment of these to different genders and ages.
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
International Journal of Health Promotion and Education
33
In addition, we consider that it is important to ‘use’ the increasing interaction between
youth and adolescents of different age groups, through training peers. Despite the positive
results that have been shown in terms of scientific research and being considered a
fundamental methodology along with the active-participatory intervention in the National
School Health (Ministério da Saúde 2006), this interaction is still very unusual in the
context of Portuguese schools in all grades and cycles of education.
On the other hand, more action and projects at school level are necessary which not
only support young people in choosing healthier lifestyles, including more active
lifestyles, but also look after the effective enforcement of laws against tobacco (which
prevent the consumption tobacco by children under 16 years) and AC (which prevent the
consumption of alcohol by those under 16 years) in the school context which do not only
protect nonconsumers, help consumers who already want to reduce or stop consuming, but
also value and dignify the educational mission of schools.
Finally, we believe that the development and implementation of health promotion
programs should be based on results of investigations carried out on each reality and not on
national average data, in order to distinguish possible differences in contexts, for example,
coastal/interior, north/south, rural/urban or economically favored/socially disadvantaged,
thus adapting the intervention to local realities.
References
Antunes, C., et al., 2006. Autoestima e comportamentos de saúde e de risco no adolescente:
efeitos diferenciais em alunos do 78 ao 108 ano. Psicologia, Saúde & Doenças, 7 (1),
117– 123.
Assembleia da República, 1986. Assembleia da República Lei de Bases do Sistema Educativo – Lei
46/86 de 14 de outubro. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda.
Bradley, R. and Corwyn, R., 2004. Life satisfaction among European American, African American,
Chinese American, Mexican American and Dominican American adolescents. International
Journal of Behavioral Development, 28 (5), 385– 400.
Cavill, N., Kahlmeier, S., and Racioppi, F., 2006. Physical activity and health in Europe: evidence
for action. Denmark: World Health Organization.
Corte-Real, N., Balaguer, I., and Fonseca, A., 2004. Inventário de comportamentos relacionados com
a saúde dos adolescentes. Gabinete de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto (documento não publicado).
Corte-Real, N., et al., 2008. Atividade fı́sica, prática desportiva, consumo de alimentos, de tabaco e
de álcool dos adolescentes portugueses. Saúde dos adolescentes, 26 (2), 17 – 25.
Cumsille, P., Sayer, A., and Graham, J., 2000. Perceived exposure to peer and adult drinking as
predictors of growthin positive alcohol expectancies during adolescence. Journal of Consulting
and Clinical Psychology, 68 (3), 531– 536.
Currie, C., et al., 2000. Health and health behavior among young people - Health behavior in schoolaged children: a WHO cross-national study (HBSC) International Report. Copenhagen: World
Health Organization.
Diener, E., et al., 1985. The satisfaction with life scale. Journal of Personality Assessment, 49 (1),
71 – 75.
Diener, E., et al., 2000. Positivity and the construction of life satisfaction judgments: global
happiness is not the sum of its parts. Journal of Happiness Studies, 1, 159– 176.
Gardner, M. and Steinberg, L., 2005. Peer influence on risk taking, risk preference, and risky
decision making in adolescence and adulthood: an experimental study. Developmental
Psychology, 41 (4), 625– 635.
Gilman, R. and Huebner, E., 2006. Characteristics of adolescents who report very high life
satisfaction. Journal of Youth and Adolescence, 35 (3), 311– 319.
Goldbeck, L., et al., 2007. Life satisfaction decrease during adolescence. Quality of Life Research,
16 (6), 969– 979.
Institute of Alcohol Studies, 2008. Alcohol and health. St Ives: Institute of Alcohol Studies.
Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013
34
T. Paupério et al.
Jaccard, J. and Blanton, H., 2005. Peer influences on risk behavior: an analysis of the effects of a
close friend. Developmental Psychology, 41 (1), 135–147.
Janssen, I. and Leblanc, A., 2010. Systematic review of the health benefits of physical activity
in school-aged children and youth. International Journal of Behavioral Nutrition and
Physical Activity, 7:40. Article available in: http://www.biomedcentral.com/content/pdf/14795868-7-40.pdf
Lopes, V., et al., 2003. Caracterização da atividade fı́sica habitual em adolescentes de ambos os
sexos através de acelerometria e pedometria caracterização da atividade fı́sica habitual em
adolescentes de ambos os sexos através de acelerometria e pedometria. Revista Paulista de
Educação Fı́sica, 17 (1), 51 –63.
Matos, M., and Projeto Aventura Social and Saúde, 2006. A saúde dos adolescentes portugueses hoje
e em 8 anos: relatório preliminar do estudo HBSC 2006. Lisboa: Edições FMH.
Matos, M., Carvalhosa, S., and Diniz, J., 2002. Fatores associados à prática da atividade fı́sica nos
adolescentes portugueses. Análise Psicológica, 1 (20), 57 –66.
Matos, M., et al., 2003. Comportamentos e atitudes sobre o tabaco em adolescentes portugueses
fumadores. Psicologia, Saúde & Doenças, 4 (2), 205– 219.
Ministério da Saúde, 2006. Programa nacional de saúde escolar. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa
da Moeda, Despacho no. 12.045/2006 (2.a série) Publicado no diário da república no. 110 de 7 de
junho.
Moreira, R., 1999. A adolescência e as bebidas alcoólicas. In: Fundação da Juventude. Seminário
Beber para esquecer ou beber para (sobre)viver – duas faces possı́veis da mesma juventude.
Porto: Fundação da Juventude, 51 – 57.
Mota, J. and Sallis, J., 2002. Atividade Fı́sica e saúde: fatores de influência da atividade fı́sica nas
crianças e adolescentes. Porto: Campo das Letras.
Ogden, J., 2004. Psicologia da saúde. Lisboa: Climepsi Editores.
Pate, R., et al., 2000. Sports participation and health-related behaviours among US youth. Arch
Pediatr Adolesc Med, 154 (9), 904– 911.
Pavot, W. and Diener, E., 1993. Review of the satisfaction with life scale. Psychological Assessment,
5 (2), 164– 172.
Perkins, D., et al., 2004. Adolescents and sport participation chidhood the predictor of participation
in sport and physical fitness activities during young adulthood. Youth & Society, 35, 495–520.
Ribeiro, J., 2005. Introdução à Psicologia da saúde. Coimbra: Editora Quarteto.
Sampaio, D., 1994. Inventem-se novos pais. Lisboa: Editorial Caminho.
Scheerder, J., et al., 2006. Sport participation among females from adolescence to adulthood - A
longitudinal study. The International Review of Sport Sociology, 41 (3 –4), 413– 430.
Shafey, O., et al., 2009. El atlas del tabaco – tercera edición. Atlanta, Georgia: American Cancer
Society.
Sibley, B. and Etnier, J., 2003. The relationship between physical activity and cognition in children:
a meta-analysis. Pediatric Exercise Science, 15, 243– 256.
Simões, M., 2007. Comportamentos de Risco da Adolescência. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian.
Sprinthall, N. and Collins, W., 2003. Psicologia do Adolescente, uma abordagem desenvolvimentista. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Tomé, G., 2009. Os amigos e o grupo. In: M. Matos and D. Sampaio, eds. Jovens com Saúde –
Diálogo com uma geração. Lisboa: Texto Editora, 156– 163.
Vinagre, M. and Lima, M., 2006. Consumo de Álcool, Tabaco e Droga em Adolescentes:
Experiências e Julgamentos de Risco. Psicologia, Saúde & Doenças, 7 (1), 73 – 81.
WHO, 2008. The global burden of disease: 2004 update. Geneva: World Health Organization.
WHO, 2009. Global health risks: mortality and burden of disease attributable to selected major
risks. Geneva: World Health Organization.
Anexo 3 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo V
Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Assimetrias regionais. Que diferenças nos
estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes? Um estudo realizado em alunos do 3º ciclo
do Ensino Básico em Portugal. Ciência & Saúde Coletiva. (No prelo)
Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na
satisfação com a vida dos adolescentes? Um estudo realizado em alunos
do 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal
1825/2013 -
Regional asymmetries. What are the differences in lifestyles and life satisfaction of
adolescents? A study of students of the 3rd cycle of Basic Education in Portugal
Tia go Pa upé rio Fe rre ira Vie ira - Pa upé rio, T. - Fa culda de de De sporto da Unive rsida de do Porto <tia go.pa upe rio@gm a il.com >
http://la tte s.cnpq.br/0973685731818161
Co-autores
Nuno J. C orte -R e a l - C orte -R e a l, N. - Fa culda de de De sporto da Unive rsida de do Porto - <ncorte re a l@fa de.up.pt>
C lá udia S. Dia s - Dia s, C . - Fa culda de de De sporto da Unive rsida de do Porto - <cdia s@fa de .up.pt>
António M. Fonse ca - Fonse ca , A. - Fa culda de de De sporto da Unive rsida de do Porto - <a fonse ca @fa de .up.pt>
Conflito de Interesse?
Nã o
Opção de Submissão
R e a pre se nta çã o - 1825//2013
Área Temática
Sa úde da C ria nça e do Adole sce nte
Resumo
Pa rtindo da im portâ ncia dos com porta m e ntos e da sa tisfa çã o com a vida pa ra a sa úde dos jove ns e da s
conside rá ve is a ssim e tria s re giona is e x iste nte s no te rritório de Portuga l C ontine nta l, tínha m os com o obje tivo pa ra
e sta inve stiga çã o:ve rifica r a e x istê ncia de dife re nça s nos níve is de prá tica de sportiva , de consum o de ta ba co e de
á lcool e de sa tisfa çã o com a vida nos a lunos do 3º C iclo do Ensino Bá sico re side nte s e m dife re nte s á rea s,
nom e a da m e nte , inte rior/litora l e rura l/urba no.
A a m ostra foi constituída por 5624 a dole sce nte s (53%•e 47% ), com ida de s com pre e ndida s e ntre os 12 e os 17
a nos (X=14,33;Q =1,359). O instrum e nto utiliza do pa ra a re colha dos da dos foi o “Inve ntá rio de C om portam e ntos
R e la ciona dos com a Sa úde dos Adole sce nte s”1 e um a ve rsã o tra duzida e a da pta da da “Sa tisfa ction W ith Life
Sca le ”(SW LS)2.
C oncluím os e x istire m níve is supe riore s de consum o de ta ba co nos jove ns re side nte s na s á re a s inte riore s e urba na s,
níve is supe riore s de consum o de á lcool nos jove ns re side nte s e m á re a s inte riore s e rura is e níve is supe riore s de
sa tisfa çã o com a vida nos jove ns re side nte s e m á re as litora is e urba na s. O s níve is de prá tica de sportiva fora m
idê nticos e m todos os loca is de re sidê ncia .
C onsta tá m os, ta m bé m , a e x istê ncia de dife re nça s significa tiva s, e m toda s a s va riá ve is e m a ná lise , de acordo com o
se x o e e sca lã o e tá rio, inde pe nde nte s dos dife re nte s loca is de re sidê ncia a na lisa dos.
Palavras-chave
Adole sce nte s
Prá tica De sportiva
C onsum o de Ta ba co
C onsum o de Álcool
Sa tisfa çã o com a Vida
Loca l de R e sidê ncia
Abstract
Based on the importance of behavior and life satisfaction for the health of young people and considerable regional differences
that exist in mainland Portugal, we aimed for this investigation: to check for differences in levels of sport, tobacco
consumption and alcohol and life satisfaction in students of the 3rd cycle of basic education living in different areas, including
inland/coastal and rural/urban.
The sample consisted of 5624 adolescents (53% • and 47%
), aged between 12 and 17 years ( = 14,33; = 1,359).
The instrument used for data collection was the "Inventory of Health Related Behaviors of Adolescents"1 and a translated
version of "Satisfaction With Life Scale" (SWLS)2.
We could conclude there are higher levels of smoking in young people living in urban and inland areas, higher levels of alcohol
consumption among young people living in rural and inland areas and higher levels of life satisfaction in adolescents living in
urban and coastal areas. Levels of sport were similar in all geographical areas.
We noted, too, that there are significant differences in all variables in the analysis, according to sex and age, independent of
the different places of residence analyzed.
Keywords
Adole sce nts
Sport Pra ctice
Toba cco Use
Alcohol Use
Sa tisfa ction with Life
Pla ce of re side nce
INTRODUÇÃO
Saúde e adolescência
A saúde, tantas vezes ignorada, é um conceito essencial para as nossas vidas, enquanto maior
“recurso” do ser Humano. Entendendo saúde como “capacidade de criar e lutar por um projeto de vida
pessoal e original em direção ao bem estar”3,4, sabemos hoje que são diversas as suas determinantes
e condicionantes que vão desde os sistemas de cuidados de saúde até ao envolvimento físico, social e
económico, passando pela qualidade de vida, bem-estar e os estilos de vida5.
No entanto, a maioria das ameaças à saúde, resultam de fatores comportamentais donde se destacam,
de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a inactividade física, os abusos de substâncias e os
distúrbios alimentares6. Estes comportamentos de risco para a saúde, para além da influência direta no
fenómeno saúde-doença, no curto prazo, têm, também, influência sobre os comportamentos futuros
pois vários estudos demonstram que o comportamento anterior constitui o principal preditor do
comportamento futuro7.
Neste contexto, a adolescência, enquanto etapa do desenvolvimento humano, que pressupõe a
passagem de uma situação de dependência infantil para a inserção social e a formação de um sistema
de valores que definem a idade adulta8, caracterizada por rápidas alterações físicas, psicológicas,
sócio-culturais e cognitivas, num trajeto que conduz à identidade e autonomia9 assume-se como fase
fundamental na promoção da saúde, enquanto processo de habilitar as pessoas para melhorar e
aumentar o controlo sobre a sua saúde10 e na aquisição de comportamentos protetores de saúde.
Comportamentos de risco e protetores da saúde dos adolescentes
A atividade física, outrora ocupando parte substancial das rotinas diárias dos jovens, tem vindo a
diminuir substancialmente ao longo dos tempos, resultando em consequências graves ao nível da
saúde pois esta progressiva inatividade tem sido, e é cada vez mais, associada a um vasto conjunto de
patologias, nomeadamente as doenças cardiovasculares, diabetes e cancro e seus fatores de risco,
como pressão arterial elevada, aumento do açúcar no sangue e sobrepeso, sendo, atualmente,
apontada como o quarto principal fator de risco para a mortalidade global - 6% das mortes no
mundo11.
Apesar de todos os benefícios de ordem física e psicológica descritos na literatura associados a uma
prática regular de atividade física, como o crescimento saudável, em termos físicos, nomeadamente na
criação e manutenção de ossos, músculos e articulações saudáveis, controlo do peso, redução da
gordura e prevenção da hipertensão arterial12,13 e em termos psíquicos, aumentando o desempenho
escolar14, por exemplo, enriquecendo o reportório psicomotor e ajudando a prevenir e controlar
comportamentos de risco, como o tabaco, a violência, o álcool, a dependência a outras substâncias e a
adesão a dietas pouco saudáveis12,15, os resultados de várias investigações apontam para uma
reduzida prática desportiva dos jovens, de uma forma geral, e nos jovens do sexo feminino em
particular e para um decréscimo, da mesma, com a idade6,16,17,18,19.
Relativamente ao consumo de substâncias, o consumo de tabaco é a principal causa de doença e morte
evitável sendo responsável por cerca de 14% do total de mortes verificadas anualmente, nos países
desenvolvidos20. Nos jovens, o tabagismo ou o hábito de consumir tabaco é particularmente relevante
pois, na maioria das vezes, a iniciação ocorre na puberdade e a dependência instala-se durante a
adolescência21. Apesar do tabaco e fumar tabaco ter uma conotação negativa entre os jovens,
incluindo os que fumam, principalmente nos jovens do sexo feminino21, das campanhas de prevenção
do consumo de tabaco e da produção de leis que procuram reduzir o consumo e proteger os
consumidores passivos, várias investigações apontam para significativas, taxas de consumo, idênticas
entre sexos e um aumento expressivo com a idade6,16,18,21.
Por outro lado, o consumo de álcool, com raízes nas civilizações antigas, constitui-se, na atualidade,
como um dos mais sérios problemas sociais à escala mundial. Para além de ser, nos países
desenvolvidos, uma das dez maiores causas de doença e ferimentos, responsável por cerca de 9% de
todos os problemas de saúde e por 3% das mortes mundiais - 1,8 milhões22, estima-se que os custos
do consumo, para a saúde, se situem entre os 2% e os 5% do Produto Interno Bruto dos países
tornando-se assim a redução do seu consumo uma das mais importantes ações de Saúde Pública no
sentido da promoção da saúde e recuperação económica23.
No entanto, apesar de todos os malefícios e consequências do seu consumo, o álcool é uma substância
legalizada, que se pode produzir e consumir livremente, sendo visto como um tipo especial de bem de
consumo e não como uma substância que pode causar dependência23. Esta liberalização tem nos
adolescentes especial relevância pois o consumo de álcool surge muitas vezes como uma espécie de
ritual de transição quase obrigatório e o primeiro contacto destes com o álcool dá-se na maioria das
vezes no seio da própria família e em casa24. Assim, o consumo de álcool entre a população
adolescente é significativo apontando, as diversas investigações para consumos superiores no sexo
masculino e nos jovens mais velhos6,16,22.
Por outro lado, as rápidas alterações, a multiplicidade de contextos sociais e interpessoais em que os
adolescentes se movem e as variações na existência e no ritmo das relações influenciam, de igual
forma, aspetos psicológicos no desenvolvimento dos jovens como a satisfação com a vida.
Satisfação com a vida
A satisfação com a vida, componente cognitiva de um constructo mais abrangente, o bem-estar
subjetivo25, pode ser entendida como o julgamento que os indivíduos fazem em relação à qualidade da
sua própria vida com base nos seus próprios critérios26 e, atualmente, é vista como um conceito chave
na investigação da “psicologia positiva” havendo razões para crer que se torna numa variável
psicológica antes da idade adulta, mais particularmente no decurso da adolescência27.
Vários estudos associam elevados níveis de satisfação com a vida, nos adolescentes, com menor
adoção de comportamentos de risco para a saúde, com melhor rendimento académico, melhor
relacionamento intra e interpessoal, menores índices de ansiedade e depressão e índices superiores de
esperança e autocontrolo28, pelo que esta pode tornar-se uma variável “chave” na identificação de
diferentes estilos de vida e na promoção de estilos de vida saudáveis entre os jovens.
Por outro lado, tal como já referido, o envolvimento físico, social e económico são, também, importantes
e significativas determinantes da saúde5.
Neste contexto o local de residência poderá ter um papel significativo na saúde e na promoção desta
nos jovens, bem como pode influenciar os seus estilos de vida e satisfação com a vida.
Os locais de residência
Portugal é um país dual e assimétrico. A complexa organização territorial, que remonta à década de 60
do século passado e ao processo de modernização que emergiu com alguma relevância nesses anos,
resultou num país tantas vez apelidado de “país a duas velocidades”, devido às enormes diferenças
sociais, económicas e territoriais entre as áreas que o constituem29.
A oposição entre grupos sociais, setores económicos e espaços modernos e tradicionais introduziu no
país vários contrastes, entre os quais o contraste entre o interior e o litoral e entre o rural e o urbano.
O Portugal urbanizado, industrializado, infraestruturado e demograficamente dinâmico (característico
das áreas litorais e urbanas) destaca-se, de forma inequívoca, do Portugal agrícola, subdesenvolvido,
física e simbolicamente remoto e demograficamente repulsivo (característico das áreas interiores e
rurais)29.
Em Portugal continental 50% da população reside em zonas urbanas, 24% em zonas mediamente
urbanas e 26% em zonas rurais30.
Neste contexto, atendendo às fortes diferenças territoriais existentes e conscientes que estas
poderão, eventualmente, desempenhar um papel relevante nos níveis de prática desportiva, de
consumo de tabaco e álcool e na satisfação com a vida dos adolescentes tínhamos como objetivos para
este estudo: verificar a existência de diferenças nos níveis de prática desportiva, de consumo de
tabaco e de álcool e de satisfação com a vida nos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico residentes em
diferentes áreas, nomeadamente, interior/litoral e rural/urbano.
METODOLOGIA
Amostra
A amostra deste estudo foi constituída por 5624 adolescentes (53% • e 47% ), com idades
compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( = 14,33; = 1,359), a frequentar o 3º Ciclo do Ensino Básico
em escolas de Portugal Continental.
Dividimos os alunos em grupos, de acordo com a sua área de residência, sob dois pontos de vista
tradicionais de divisão imaginária do território português, a saber: litoral/ interior e urbano/ rural.
Relativamente à divisão litoral/ interior constituímos dois grupos: litoral (55,2%) e interior (44,8). Para a
realização desta divisão e na ausência de uma delimitação institucional recorremos ao padrão “clássico”
referido à acessibilidade em relação à costa, preconizado por Estela Alegria31, classificando como áreas
litorais as unidades que confinavam com o mar e aquelas cujo concelho “principal” (o de maior
população em 1991) distavam menos de 60 quilómetros de Lisboa ou do Porto e como do “Interior” as
restantes.
No que diz respeito à divisão Urbano/ Rural constituímos dois grupos: Área Predominantemente Urbana
- APU (75%) – doravante designada por Área Urbana e Área Predominantemente Rural – APR (25%) –
doravante designada por Área Rural.
Optámos por excluir as Áreas Medianamente Urbanas (AMU), desta análise, por considerarmos que
estas, por englobarem características comuns às Áreas Predominantemente Rurais (APR) e Áreas
Predominante Urbanas (APU), poderiam enviesar os resultados obtidos.
Para a realização desta divisão utilizamos as definições estabelecidas pelo Instituto Nacional de
Estatística32,33 as quais têm por base o peso da população residente na população total das
freguesias e o peso da área na área total das freguesias.
Procedimentos
O instrumento utilizado para a recolha dos dados foi o “inventário de comportamentos relacionados
com a saúde dos adolescentes” desenvolvido por Corte-Real, Balaguer e Fonseca1 e a “Escala de
Satisfação com a Vida”, versão traduzida e adaptada da “Satisfaction With Life Scale” (SWLS) de Diener
et. al.2.
Os dados foram recolhidos entre 2002 e 2008 nas escolas de Portugal Continental em que a
investigação foi aprovada pelo Conselho Pedagógico e pelo Conselho Executivo (35 escolas), na
presença de um investigador do Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto que acompanhou e monitorizou a aplicação do instrumento de recolha de
dados.
O estudo foi aprovado pelo Conselho Científico da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, à
data do início, entidade responsável por assegurar o cumprimento da Declaração de Helsínquia em
estudos humanos e do Ministério da Educação Português.
Na análise dos dados utilizámos estatística descritiva com a apresentação das frequências e
percentagens para as variáveis nominais, médias e desvio padrão para as variáveis contínuas.
Recorremos, ainda, ao teste Qui-Quadrado (estudo da distribuição em variáveis nominais) com análise
de residuais ajustados (para localização de valores significativos). O nível de significância considerado
foi de 0,05, sendo apresentado a negrito, nos quadros, os valores com residuais ajustados iguais ou
superiores a 1,9, em cada célula.
Variáveis
Para além das variáveis, já referenciadas, sexo, escalão etário e local de residência utilizamos, ainda as
seguintes variáveis: prática desportiva (PD), consumo de tabaco (CT), consumo de álcool (CA) e a
satisfação com a vida (SV).
Para cada uma das variáveis a constituição dos grupos foi realizada de acordo com o quadro seguinte
(ver quadro 1).
INSERIR QUADRO 1
RESULTADOS
Análise da amostra global
Iniciando a apresentação dos resultados por uma análise à amostra global, independente dos meios de
residência, verificámos que apenas 38% dos jovens praticavam desporto com regularidade (mais de
três vezes por semana), 36% tinham uma prática reduzida (até 3 vezes por semana) e que 26% nunca
praticavam ou praticavam menos de uma vez por semana.
Relativamente ao consumo de tabaco registámos que 7%, dos jovens, da nossa amostra, consumiam
regularmente tabaco (diariamente), 8% consumiam de forma reduzida ou esporádica (até várias vezes
por semana) e 85% não consumiam.
No que diz respeito ao consumo de álcool verificámos que 6% dos jovens consumia regularmente
álcool, 25% consumia de forma reduzida ou esporádica (até uma vez por semana) e 69% não
consumia.
Por fim e relativamente à satisfação com a vida verificámos que 54% dos jovens da amostra
consideravam-se muito satisfeitos com a sua vida, 36% moderadamente satisfeitos e 10 % pouco
satisfeitos.
Análise dos resultados em função do local de residência interior/litoral
Verificámos, na amostra global, (ver quadro 2) existirem diferenças estatisticamente significativas em
todas as variáveis analisadas exceto na prática desportiva. Assim, os jovens residentes em meio
interior registavam consumos de tabaco e de álcool superiores aos dos jovens residentes em meio
litoral e níveis inferiores de Satisfação com a Vida.
Por fim e relativamente à prática desportiva, ainda que não tenhamos encontrado diferenças
estatisticamente significativas, registámos a tendência para os níveis de prática regulares serem
superiores no meio interior.
Seguidamente, procedemos a uma análise por sexo em cada local de residência em estudo (ver quadro
2) verificando que, de uma forma geral, parecem ser os rapazes os mais influenciadas pelo local de
residência interior/litoral visto que em todas as variáveis, em estudo, exceto na prática desportiva, as
maiores diferenças, entre locais, encontravam-se no sexo masculino existindo, inclusive, diferenças
estatisticamente significativas.
Por outro lado, a análise por sexos permitiu-nos confirmar o que já havíamos descrito aquando da
análise da amostra global: os alunos residentes no meio interior apresentavam consumos superiores
de tabaco e de álcool e índices mais reduzidos de satisfação com a vida, quando comparados com os
alunos residentes em meio litoral, em ambos os sexos.
Exceção à regra apenas a prática desportiva - no sexo feminino os níveis inferiores de prática
revelaram-se nos alunos residentes em meio litoral enquanto que, no sexo masculino, estes,
registaram-se nos alunos residentes em meio interior.
INSERIR QUADRO 2
Posto isto, e no intuito de perceber se existiriam escalões etários eventualmente mais influenciados
pelos diferentes locais de residência, optámos por realizar uma análise por local em cada escalão etário
(ver quadro 3). Verificámos existirem diferenças estatisticamente significativas no consumo de tabaco
em todos os escalões etários, no Consumo de Álcool no escalão etário dos 16-17 anos e na satisfação
com a vida no escalão etário dos 12-13 anos.
Assim, e no que diz respeito ao consumo de tabaco constatámos, como já havíamos feito na análise da
amostra global, existirem consumos superiores nos jovens residentes em meio interior e verificámos
que tal facto era válido para todos os escalões etários.
Relativamente ao consumo de álcool verificámos que era consideravelmente superior nos jovens
residentes em meio interior em todos os escalões etários, principalmente no escalão etário dos 16-17
anos, onde se registou uma diferença estatisticamente significativa.
No que concerne à satisfação com a vida constatámos existirem níveis mais elevados nos jovens
residentes em meio litoral, em todos os escalões etários, registando-se, inclusive, diferença
estatisticamente significativa no escalão etário dos 12-13 anos.
Por fim e relativamente à prática desportiva, tal como já referimos, não encontramos qualquer diferença
estatisticamente significativa em qualquer escalão etário analisado. Não obstante, a análise sugere a
existência de níveis mais frequentes de prática nos jovens residentes em meio interior nos escalões
etários dos 12-13 anos e 16-17 anos e níveis iguais no escalão etário dos 14-15 anos.
INSERIR QUADRO 3
Análise dos resultados em função do meio de residência rural/urbano
Após a análise por local de residência interior/ litoral procedemos à análise das diferenças entre jovens
residentes em Áreas Rurais (AR), e Áreas Urbanas (AU).
Assim,
e
relativamente
à
amostra
global,
verificámos
existirem
diferenças,
estatisticamente
significativas, em todas as variáveis exceto na variável prática desportiva (ver quadro 4). Constatámos
a existência de níveis superiores de consumo de tabaco e de satisfação com a vida do meio urbano e
níveis superiores de consumo de álcool no meio rural. Relativamente à prática desportiva verificámos
que os valores de prática eram muito idênticos em ambos os meios em análise.
Seguidamente e tal como já havíamos feito aquando da análise por meio interior/ litoral, realizamos
uma análise por local em cada um dos sexos e verificámos existirem diferenças estatisticamente
significativas na satisfação com a vida no sexo feminino e no consumo de tabaco e consumo de álcool
no sexo masculino (ver quadro 4).
Assim e no que diz respeito à satisfação com a vida no sexo feminino verificámos existirem níveis mais
elevados nas raparigas residentes em meio urbano quando comparadas com as residentes em meio
rural. Nas restantes variáveis, no sexo feminino, e não obstante a inexistência de diferenças
estatisticamente significativas registámos que a prática desportiva era ligeiramente superior no meio
rural e que os consumos de tabaco e de álcool tendiam a ser superiores no meio urbano, em especial o
consumo de tabaco.
Já relativamente ao sexo masculino e ao consumo de tabaco verificámos que embora as percentagens
de consumo regular fossem iguais entre os meios de residência em análise, as percentagens de
consumo inexistente eram substancialmente maiores nos residentes no meio urbano. No que diz
respeito ao consumo de álcool constatámos a existência de consumos superiores nos rapazes
residentes em meio rural.
Por fim e relativamente à prática desportiva e à satisfação com vida embora não tivéssemos
encontrado diferenças estatisticamente significativas verificámos existirem níveis ligeiramente
superiores de prática desportiva e de satisfação com a vida nos rapazes residentes em meio urbano.
INSERIR QUADRO 4
Seguidamente, optámos, tal como também havíamos feito na análise por meio interior e litoral, por
realizar uma análise por meio em cada escalão etário (ver quadro 5).
Verificámos existirem diferenças estatisticamente significativas na satisfação com a vida no escalão
etário 12-13 anos e no consumo de tabaco e álcool no escalão etário dos 16-17 anos. Para além disso,
encontrámos, também, algumas tendências dignas de registo.
Assim, verificámos a existência de valores ligeiramente superiores de prática desportiva no meio rural
nos escalões etários dos 12-13 anos e 14-15 anos e no meio urbano no escalão etário dos 16-17
anos.
Constatámos, ainda, a existência de consumos de tabaco idênticos no escalão etário dos 12-13 anos e
valores superiores no meio urbano nos escalões etários dos 14-15 anos e 16-17 anos, verificando-se,
neste último, diferenças estatisticamente significativas.
Relativamente ao consumo de álcool, verificámos existirem valores de consumo idênticos entre os meios
de residência nos escalões etários dos 12-13 anos e dos 14-15 anos e valores superiores no meio
urbano no escalão etário dos 16-17 anos (diferença estatisticamente significativa).
Por fim e relativamente à satisfação com a vida encontrámos valores superiores no meio urbano em
todos os escalões etário, em particular, no escalão etário dos 12-13 anos, onde a diferença era
estatisticamente significativa.
INSERIR QUADRO 5
DISCUSSÃO
No decorrer desta investigação foram poucos os estudos encontrados com referência a diferenças nos
comportamentos relacionados com a saúde ou na satisfação com a vida, dos adolescentes, em
diferentes meios de residência.
Não obstante, cremos que a análise de investigações, na mesma área de intervenção e em áreas
adjacentes, possibilita discutir os resultados aqui encontrados.
Assim, e pela análise do estudo de Santana et. al34, sobre a influência das regiões no estado de saúde
da população portuguesa, verificámos existir uma variação do estado de saúde, na razão direta da
urbanização/litoralização dos municípios, em dois períodos de análise distintos, resultado de um
território marcado por fortes contrastes sociais, económicos e demográficos devido à atração
continuada da população ao litoral e à repulsa pelo interior que atrai ainda mais desequilíbrios.
Por outro lado, o mesmo estudo concluiu que as causas das desigualdades em saúde estão em estreita
dependência de factores económicos e do meio físico e social que fazem parte do ambiente diário das
pessoas (rendimento, habitação, desemprego, etc.).
Por outro lado e analisando o estudo de Youngblade e Curry35 constatámos que os comportamentos
relacionados com a saúde sofrem influência direta dos contextos interpessoais em que os jovens e
adolescentes vivem. Os resultados deste estudo sugeriram que jovens envolvidos em contextos que
forneciam recursos positivos eram menos propensos à aquisição de comportamentos de risco e mais
propensos ao desenvolvimento de comportamentos protetores da saúde.
Neste contexto considerámos ser possível que os fortes contrastes sociais, económicos e demográficos
tenham influência significativa nos comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes, bem
como na satisfação com a vida destes.
Posto isto e regressando à nossa investigação, mais concretamente à prática desportiva, verificámos
existirem reduzidos níveis de prática desportiva regular, no geral, e nos jovens do sexo feminino e nos
mais velhos, em particular.
Estes resultados convergem com os resultados registados noutras investigações, nomeadamente nos
estudos de Corte-Real et. al.16, Currie et. al.6, Matos et. al18 e Mota e Sallis19. Ainda relativamente à
prática desportiva, constatámos não existirem diferenças nos níveis de prática desportiva nos jovens
que residem nos meios em análise.
Assim e apesar de autores como Yang et. al. (in Mota & Sallis19) referirem a possibilidade de
populações mais urbanas terem mais escolhas e mais informações em relação ao exercício físico e
maiores oportunidades de utilizar espaços e equipamentos desportivos e por conseguinte
apresentarem níveis superiores de prática, os nossos resultados sugerem que a prática desportiva dos
jovens não é influenciada pela sua área de residência.
Cremos, pois, que a adesão a estilos de vida mais ativos não se prende tanto com fatores extrínsecos
que tenham por base as questões de igualdades ou desigualdades oriundas dos diferentes meios de
residência, como o estatuto socioeconómico36 mas sim com fatores de ordem intrínseca como o
divertimento, o prazer e as competências tal como referido por Weinberg et al., Longhunst e Spink (in
Mota & Sallis19) ou a influência dos pais36.
Relativamente ao consumo de tabaco a literatura por nós consultada é unânime na referência a taxas
não negligenciáveis de consumo entre os jovens em particular nos mais velhos e idênticas entre os
sexos6,16,18,21. Também no nosso estudo constatámos esses resultados. Para além disso,
verificámos, que os consumos eram significativamente superiores nos meios interior e urbano.
Resultados semelhantes foram encontrados por Matos et. al.37 relativamente à maior prevalência de
consumo de tabaco pelos jovens residentes no meio interior e por Fraga et. al.38, num estudo de
revisão, relativamente à maior prevalência de consumo de tabaco pelos jovens residentes em meio
urbano.
No entanto poder-se-à equacionar a “força” da influência do meio de residência na adoção de hábitos
de consumo desta substância por parte dos jovens, tendo em conta que vários estudos qualitativos
sugerem que a iniciação tabágica ocorre no contexto do grupo de pares21 e que os principais fatores
promotores do consumo são: algum dos progenitores fumar ou ter fumado, existir alguma pessoa em
casa que fume, os irmãos mais velhos fumarem e os amigos fumarem39.
Os fatores apresentados e descritos nos estudos anteriores são transversais aos meios, em análise
neste estudo, e não influenciados pela heterogeneidade cultural, económica e social, existente entre
estes.
No que diz respeito ao consumo de álcool o nosso estudo revelou significativas taxas de consumo,
principalmente nos jovens mais velhos e nos jovens do sexo masculino. Resultados idênticos foram
encontrados por Corte-Real et. al.16, Currie et. al.6, Matos et. al.18 e pelo Institute of Alcohol
Studies22. Para além disso verificámos, que os consumos eram significativamente superiores nos meios
interior e rural.
A este respeito encontramos apenas um estudo40 com referência a diferenças no consumo de álcool
em jovens entre o meio interior (no caso Beira Interior) e meio litoral (no caso Grande Lisboa) onde se
concluiu não existirem diferenças estatisticamente significativas entre os meios ainda que os resultados
sugerissem a existência de consumos ligeiramente superiores nos jovens residentes na área da grande
Lisboa, o que diverge dos resultados por nós encontrados.
No entanto, cremos que os resultados por nós encontrados, refletem questões culturais no sentido em
que tal como afirmamos no capítulo introdutório deste trabalho “o consumo de álcool surge muitas
vezes como uma espécie de ritual de transição quase obrigatório e o primeiro contacto dos jovens com
o álcool dá-se na maioria das vezes no seio da própria família e em casa”, questões essas,
possivelmente
vais
vincadas
em
sociedades/
regiões
agrícolas,
subdesenvolvidas,
física
e
simbolicamente remotas, características das áreas interiores e rurais.
Por fim e relativamente à satisfação com a vida, os estudos por nós consultados apontavam para níveis
de satisfação com a vida de uma forma geral elevados, em particular nos rapazes e nos mais
jovens6,18,41. Os resultados por nós encontrados refletem exatamente a mesma realidade. Por outro
lado registámos, também, níveis superiores de satisfação com a vida nos meios litoral e urbano.
Na falta de estudos que nos permitam a comparação e discussão de resultados, cremos que as
diferenças registadas no nosso estudo se ficarão a dever às diferenças entre meios no que aos
processos de modernização diz respeito, ou seja, os níveis mais elevados de satisfação com a vida
característica dos meios litorais e urbanos poderão estar relacionados com o facto destes meios serem
mais
urbanizado,
industrializado,
infraestruturados,
socioeconomicamente mais desenvolvidos.
demograficamente
dinâmicos
e
CONCLUSÕES e SUGESTÕES
Após a análise e discussão dos resultados, apesar da necessidade de mais estudos que confirmem ou
não os resultados aqui encontrados, nomeadamente no que diz respeito à relação entre o local de
residência, os comportamentos e a satisfação com a vida dos adolescentes portugueses, cremos que
esta variável, o local de residência, não sendo com certeza única, nem porventura a mais importante,
poderá estar intimamente relacionada com a adoção de comportamentos protetores ou de risco para a
saúde e com a promoção de níveis mais elevados de satisfação com a vida, podendo-se assim falar da
existência de locais mais ou menos protetores da saúde dos jovens e adolescentes.
Neste contexto, acreditamos que as enormes diferenças sociais, económicas, culturais e demográficas,
consequência de uma complexa organização territorial, existentes em diferentes locais de residência
promovem diferenças nos comportamentos e na satisfação dos adolescentes portugueses.
Assim, concluímos que, genericamente, as áreas rurais e interiores, pelas suas caraterísticas próprias,
promovem uma maior adoção de comportamentos de risco, por parte dos adolescentes, mais
significativa no sexo masculino e transversal a todos os escalões etários e níveis inferiores de
satisfação com a vida, relativamente às áreas urbanas e litorais.
Perante isto, cientes dos custos financeiros da prevenção mas crentes de que esta é a melhor de todas
as ferramentas de promoção da saúde, pensámos ser fundamental reforçar os programas de promoção
da saúde existentes em Portugal, como o Plano Nacional de Saúde 2012-201642 ou o Programa
Nacional de Saúde Escolar43 mais direcionado aos jovens e adolescentes, bem como a real adequação
destes aos diferentes sexos, idades, particularidades e especificidades regionais.
Por fim, pensámos, também, que o desenvolvimento e aplicação de programas de promoção da saúde,
deverá estar baseado em resultados de investigações realizadas em cada realidade e não de dados
médios nacionais, por forma a ajustarem-se às diferentes especificidades existentes no país,
adequando, assim, a intervenção à realidade local.
BIBLIOGRAFIA
1. Corte-Real N, Balaguer I, Fonseca A. Inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos
adolescentes. Gabinete de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
2004 (documento não publicado).
2. Diener Ed, Emmons R, Larsen R, Griffin S. The Satisfaction With Life Scale. J Pers Assess
1985;49(1):71-75.
3. Pestana C. Comportamentos de saúde em jovens em idade escolar – nota introdutória. In Matos, M.
e equipa do Projecto Aventura Social & saúde. A saúde dos adolescentes portugueses (Quatro anos
depois). Lisboa: Edições FMH; 2003.
4. Navarro F. Educar para a saúde ou para a Vida? Conceitos e fundamentos para novas práticas. In
Precioso, J., Viseu, F., Dourado, L., Vilaça, M., Henriques, R., Lacerda, T. (Org.). Educação para a saúde,
13-2. Braga: Departamento de Metodologias da Educação da Universidade do Minho;1999.
5. Arah O, Westert G, Hurst J, Klazinga N. A conceptual framework for the OECD: Health Care Quality
Indicators Project. Int J Qual Health Care 2006; 18: 5-13.
6. Currie C, Gabhainn S, Godeau E, Roberts C, Smith R, Currie D, Picket W, Richter M, Morgan A,
Barnekow V. Inequalities in young people’s health – HBSC International Report from the 2005/2006
survey. Copenhagen: World Health Organization; 2008.
7. Ogden J. Psicologia da saúde. Lisboa: Climepsi Editores; 2004.
8. Sampaio D. Inventem-se novos pais. Lisboa: Editorial Caminho; 1994.
9. Sprinthall N, Collins W. Psicologia do Adolescente, uma abordagem desenvolvimentista. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian; 2003.
10. WHO. The Ottawa Charter for Health Promotion: First International Conference on Health
Promotion, Ottawa, 21 November 1986. [página na Internet]. [acessado 2012 out 5]. Disponível em:
http://www.who.int/healthpromotion/conferences/previous/ottawa/en/print. html
11. WHO. Benefits of Physical Activity 2009. [página na Internet]. [acessado 2012 out 5]. Disponível em:
http://www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_benefits/en/print.html
12. Cavill N, Kahlmeier S, Racioppi F. Physical activity and health in Europe: evidence for action.
Denmark: World Health Organization; 2006.
13. Janssen I, Leblanc A. Systematic Review of the Health Benefits of Physical Activity in School-Aged
Children and Youth. Int J Behav Nutr Phys Act 2010; 7 (40).
14. Sibley B, Etnier J. The relationship between physical activity and cognition in children: a metaanalysis. Pediatr Exerc Sci 2003; 15: 243-256
15. Pate R, Trost S, Levin S, Dowda M. Sports participation and health-related behaviours among US
youth. Arch Pediatr Adolesc Med 2000; 154 (9): 904-911.
16. Corte-Real N, Balaguer I, Dias C, Corredeira R, Fonseca A. Atividade física, prática desportiva,
consumo de alimentos, de tabaco e de álcool dos adolescentes portugueses. Rev Port Sau Pub 2008;
26 (2): 17-25.
17. Matos M, Carvalhosa S, Diniz J. Factores associados à prática da actividade física nos adolescentes
portugueses. Ana Psicológica 2002; 1 (20): 57-66.
18. Matos M & Equipa do Projecto Aventura Social & Saúde. A saúde dos adolescentes portugueses:
relatório do estudo HBSC 2010. Lisboa: Edições FMH; 2012.
19. Mota J, Sallis J. Actividade Física e saúde: factores de influência da actividade física nas crianças e
adolescentes. Porto: Campo das Letras; 2002.
20. Shafey O, Eriksen M, Ross H, Mackay J. El atlas del tabaco - tercera edición. Atlanta, Georgia:
American Cancer Society; 2009.
21. Matos M, Gaspar T, Vitória P, Clemente M. Comportamentos e atitudes sobre o tabaco em
adolescentes portugueses fumadores. Psic Saúde & Doenças 2003;4(2):205-219.
22. Institute of Alcohol Studies. Alcohol and Health. St Ives: Institute of Alcohol Studies; 2008.
23. Morais C. Consumo de álcool e suas repercussões na Saúde Pública. In Fundação da Juventude.
Seminário Beber para esquecer ou beber para (sobre)viver – duas faces possíveis da mesma
juventude, 33-43. Porto: Fundação da Juventude; 1999.
24. Moreira R. A adolescência e as bebidas alcoólicas. In Fundação da Juventude. Seminário Beber para
esquecer ou beber para (sobre)viver – duas faces possíveis da mesma juventude, 51-57. Porto:
Fundação da Juventude; 1999.
25. Diener Ed, Scollon C, Oiahi S, Dzokotom V, Suh E. Positivity And The Construction Of Life Satisfaction
Judgments: Global Happiness Is Not The Sum Of Its Parts. J Happiness Stud 2000;1:159-176.
26. Pavot W, Diener Ed. Review of the Satisfaction With Life Scale. Psychological Assessment
1995;5(2):164-172.
27. Bradley R, Corwyn R. Life satisfaction among European American, African American, Chinese
American, Mexican American, and Dominican American adolescents. Int J Behav Dev 2004;28(5):385400.
28. Gilman R, Huebner E. Characteristics of Adolescents Who Report Very High Life Satisfaction. J Youth
Adolesc 2006;35(3):311–319.
29. Ferrão J. Portugal, três geografias em recombinação - Espacialidades, mapas cognitivos e
identidades territoriais. Lusotopie 2002;2:151-158.
30. Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica. Programa Nacional Leader +: Definição e
caracterização da zona abrangida.
31. Alegria E. Litoral/Interior: clivagem com sentido? Variações populacionais inter-censitárias nas
últimas duas décadas. II Congresso Português de Demografia 2004. [página na Internet]. [acessado
2013 jan 20]. Disponível em: http://www.apdemografia.pt/pdf_ congresso/6
32. INE - Instituto Nacional de Estatística. Área Predominantemente Urbana 2009. [página na Internet].
[acessado 2013 jan 20]. Disponível em: http://metaweb.ine.pt/ sim/conceitos/Detalhe.aspx?
ID=PT&cnc_cod=1070&cnc_ini=17-12-2009.
33. INE - Instituto Nacional de Estatística. Área Predominantemente Rural. [página na Internet].
[acessado 2013 jan 20]. Disponível em: http://metaweb.ine.pt/ sim/conceitos/Detalhe.aspx?
ID=PT&cnc_cod=1084&cnc_ini=17-12-2009
34. Santana P, Vaz A, Fachada M. O Estado de saúde dos portugueses. Uma perspectiva espacial.
Revista de Estudos Demográficos 2004;36:5-28.
35. Youngblade L, Curry L. The People They Know: Links Between Interpersonal Contexts and
Adolescent Risky and Health-Promoting Behavior. Appl Dev Sci 2006;10(2):96–106
36. Mota J, Silva G. Association with sócio-economic status and parental participation among a
portuguese sample. Sport, Education and Society 1999;4(2):193-199.
37. Matos M, Simões C, Canha L, Fonseca S. Saúde e Estilos de Vida nos jovens portugueses - Relatório
do estudo de 1996 da Rede Europeia HBSC/OMS. Lisboa: Edições FMH; 2000.
38. Fraga S, Sousa S, Santos A, Mello M, Lunet N, Padrão P, Barros H. Tabagismo em Portugal. Arq Med
2005;19(5-6):207-229.
39. Fraga S, Ramos E, Barros H. Uso de tabaco por estudantes adolescentes portugueses e fatores
associados. Rev Saúde Pública 2006:40(4):620-626.
40. Mendes V, Lopes P. Hábitos de consumo de álcool em adolescentes. Revista Toxicodependência
2007;13(2):25-40.
41. Goldbeck L, Schmitz T, Besi T, Herschbach P, Henrich G. Life satisfaction decrease during
adolescence. Qual Life Res 2007;16(6):969-979.
42. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Saúde 2012-2016. [página na Internet]. [acessado 2013 abr
4]. Disponível em: http://pns.dgs.pt/pns-2012-201644
43. Ministério da saúde. Programa Nacional de saúde Escolar. [página na Internet]. [acessado 2013 abr
4].
Disponível
em:
http://www.min-saude.pt/NR/rdonlyres/
0DF22F70D36C/0/ProgramaNacionaldeSa%C3%BAde Escolar.PDf
4612A602-74B9-435E-B720-
Quadro 1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão
Variável
PD
Grupo
Critérios de inclusão
Inexistente
ou
esporádica
Não pratica/ pratica até uma vez por
semana.
Reduzida
CT
CA
SV
Pratica até três vezes por semana.
Regular
Pratica mais de três vezes por semana.
Regular
Consome diariamente
Reduzido
Consome esporadicamente (até várias
vezes por semana)
Inexistente
Não consome
Regular
Consome várias vezes por semana
Reduzido
Consome até uma vez por semana
Inexistente
Não consome/ quase nunca consome
Reduzida
( X entre 1 e 2,4)
Moderada
( X entre 2,5 e 3,4)
Elevada
( X entre 3,5 e 5)
Observações
Analisámos a frequência de
prática igual ou superior a 1 hora
por sessão. Considerámos apenas a
PD, quer de âmbito recreativo
quer de âmbito competitivo,
realizada fora da escola.
Analisámos
consumo.
a
frequência
de
Analisámos
consumo.
a
frequência
de
Determinámos o valor médio
tendo em conta a resposta a cinco
questões com valores entre 1
(discordo
totalmente)
e
5
(concordo totalmente)
Quadro 2 – Análise da Prática Desportiva, Consumo de Tabaco, Consumo de Álcool e Satisfação com a
Vida em função do meio (litoral e interior) na amostra total e em cada sexo.
Amostra Global
Sexo Feminino
Sexo Masculino
(n=2964)
(n=2660)
(5624)
Inexistente ou
esporádica
PD
Reduzida
%
Regular
Regular
Reduzido
%
Inexistente
Regular
Reduzido
%
Inexistente
Reduzida
Moderada
Elevada
(g.l.= 2)
Interior
Litoral
Interior
(n=1281)
(n=1422)
(n=1238)
27
26
34
32
18
20
36
35
39
37
33
33
37
39
27
31
49
47
%
χ2=3,410 p=0,182
χ2=2,104 p=0,349
6
10
6
8
5
12
7
9
7
8
6
10
87
81
87
84
89
78
χ2=4,196 p=0,123
χ2=59,381 p<0,001
5
9
3
4
7
14
23
26
23
26
23
26
72
65
74
70
70
60
χ2=47,186 p<0,001
(g.l.= 2)
SV
Litoral
(n=1683)
χ2=45,958 p<0,001
(g.l.= 2)
CA
Interior
(n=2519)
χ2=1,402 p=0,496
(g.l.= 2)
CT
Litoral
(n=3105)
χ2=4,046 p=0,132
χ2=45,824 p<0,001
10
11
11
13
9
9
34
38
36
37
32
39
56
51
53
50
59
52
2
χ =14,604 p=0,001
2
χ =2,782 p=0,249
2
χ =17,463 p<0,001
Quadro 3 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida
em função do meio (litoral e interior), em cada escalão etário.
12-13 anos
(n=1694)
Inexistente ou
esporádica
PD
Reduzida
%
Regular
Regular
CT
Reduzido
%
Inexistente
Regular
CA
Reduzido
%
Inexistente
Reduzida
Moderada
Elevada
(g.l.= 2)
Interior
Litoral
Interior
Litoral
Interior
(n=592)
(n=1491)
(n=1311)
(n=512)
(n=616)
26
24
25
27
32
27
36
34
37
35
35
37
38
42
38
38
33
36
%
χ2=1,384 p=0,501
χ2=3,716 p=0,156
2
5
5
6
16
22
4
5
8
10
9
11
94
90
87
84
75
χ2=7,112 p=0,029
67
χ2=7,233 p=0,027
3
5
4
5
8
19
20
20
22
24
34
36
77
75
74
71
58
45
χ2=2,082 p=0,353
(g.l.= 2)
SV
Litoral
χ2=12,156 p=0,002
(g.l.= 2)
16-17 anos
(n=1128)
(n=1102)
χ2=2,129 p=0,345
(g.l.= 2)
14-15 anos
(n=2802)
χ2=2,849 p=0,241
χ2=37,748 p<0,001
8
8
11
9
16
16
30
39
35
38
36
40
62
53
54
53
48
44
χ2=12,361 p=0,002
χ2=1,758 p=0,415
χ2=2,355 p=0,308
Quadro 4 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida
em função do meio (Urbano e Rural) na amostra total e em cada sexo.
Amostra Total
Sexo Feminino
Sexo Masculino
(n=2430)
(n=2162)
(n=4592)
Inexistente ou
esporádica
PD
Reduzida
%
Regular
(g.l.= 2)
Regular
CT
Reduzido
%
Inexistente
Regular
Reduzido
%
Inexistente
Reduzida
Moderada
Elevada
(g.l.= 2)
Urbano
Rural
Urbano
Rural
(n=1150)
(n=1862)
(n=568)
(n=1580)
(n=582)
27
27
33
32
18
22
36
34
38
37
34
31
37
39
29
31
48
47
χ2=1,074 p=0,584
χ2=0,928 p=0,629
χ2=3,269 p=0,195
8
8
9
9
7
%
5
7
9
7
7
6
11
85
84
85
88
85
80
χ2=5,723 p=0,057
χ2=14,653 p=0,001
6
8
3
2
9
13
23
27
23
26
23
28
71
65
74
72
68
59
χ2=10,139 p<0,001
(g.l.= 2)
SV
Rural
(n=3442)
χ2=9,822 p=0,007
(g.l.= 2)
CA
Urbano
χ2=3,296 p=0,192
χ2=19,572 p<0,001
11
10
12
11
9
8
34
41
35
43
34
39
55
49
53
46
57
53
2
χ =16,479 p<0,001
2
χ =12,200 p=0,002
2
χ =5,753 p=0,056
Quadro 5 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida
em função do meio (Urbano e Rural) em cada escalão etário.
12-13 anos
(n=1393)
Inexistente ou esporádica
PD
Reduzida
%
Regular
Regular
CT
Reduzido
%
Inexistente
Regular
CA
Reduzido
%
Inexistente
Reduzida
Moderada
Elevada
(g.l.= 2)
Urbano
Rural
Urbano
Rural
(n=284)
(n=1678)
(n=583)
(n=655)
(n=283)
26
25
26
26
29
30
35
34
36
33
37
38
39
41
38
41
34
32
%
χ2=2,096 p=0,351
χ2=0,581 p=0,748
3
3
6
5
22
15
4
5
8
9
9
14
93
92
86
86
69
71
χ2=1,940 p=0,379
χ2=7,788 p=0,020
11
19
26
35
35
69
54
46
4
3
5
5
19
21
21
77
76
74
χ2=0,957 p=0,620
(g.l.= 2)
SV
Rural
(n=1109)
χ2=2,076 p=0,354
(g.l.= 2)
16-17 anos
(n=938)
Urbano
χ2=0,694 p=0,707
(g.l.= 2)
14-15 anos
(n=2261)
χ2=5,173 p=0,075
χ2=10,024 p=0,007
9
6
10
9
16
14
31
43
35
40
37
42
60
51
55
51
47
44
2
χ =14,064 p=0,001
2
χ =3,502 p=0,174
2
χ =2,065 p=0,356
Download

Desporto, estilos de vida e satisfação com a vida dos adolescentes