Desporto, estilos de vida e satisfação com a vida dos adolescentes Um estudo realizado em diferentes contextos com alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico Tese apresentada às Provas de Doutoramento em Ciências do Desporto, nos termos do Decreto-Lei n.º 74/2006 de 24 de março. Orientador: Prof. Doutor Nuno José Corte-Real Correia Alves Tiago Paupério Ferreira Vieira Porto, outubro de 2013 Ficha de catalogação: Paupério, T. (2013). Desporto, estilos de vida e satisfação com a vida dos adolescentes - Um estudo realizado em diferentes contextos com alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico. Dissertação de Doutoramento em Ciências do Desporto apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Palavras Chave: ADOLESCÊNCIA, PRÁTICA DESPORTIVA, CONSUMO DE TABACO, CONSUMO DE ÁLCOOL, SATISFAÇÃO COM A VIDA. ii Aos meus Pais… …os meus guias… iii Agradecimentos Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade. D. Quixote Por detrás de qualquer realização pessoal e não obstante uma tese ser, pela sua finalidade académica, um trabalho individual, esconde-se um elevado número de contribuições, apoios, sugestões, comentários ou críticas de natureza diversa, vindos de inúmeras pessoas. Mencionar aqui o nome dessas pessoas constitui, portanto, um sinal de agradecimento, respeito e de homenagem sentida por parte do autor deste trabalho. Ao Professor Doutor Nuno José Corte-Real Correia Alves, meu orientador, pela competência científica, acompanhamento do trabalho, presença constante, estado de espírito positivo e generosidade reveladas ao longo destes anos de trabalho, assim como pelas críticas, correções e sugestões no decurso da orientação. Muito obrigado. Ao Professor Doutor António Manuel Fonseca pela colaboração e dedicação demonstradas e pelos inúmeros contributos para a realização deste trabalho. À Professora Doutora Cláudia Dias pelo acompanhamento e contributo na realização deste trabalho. À minha Família… porto de abrigo desta viagem… … aos meus Pais… este também é o vosso sonho...este também é um projeto vosso... e, por isso, vos é dedicado. … à minha esposa, Bárbara, pelos momentos menos bons que passámos no decorrer do desenvolvimento deste projeto… mas especialmente pelo ótimos momentos que passámos a desenvolvê-lo em conjunto. v … à Mariana, minha filha mais velha…por todo o tempo que não lhe dediquei…na promessa de o devolver em dobro. Sabes que nunca te menti…sabes que vou cumprir. Dos teus 7 anos de vida, em 6 acompanhaste este projeto… que ele te encha de orgulho e seja uma referência para a tua vida. … ao Santiago, meu filho mais novo. O teu nascimento no decorrer deste projeto trouxe mais e novos desafios…mas foi, também, a alavanca que fez “do sonho, realidade”. Que também a ti, este projeto te encha de orgulho e seja uma referência para a tua vida. … ao Abel e à “Gina”, meus padrinhos de Batismo e de Casamento, por fazerem parte da minha vida. Aos Docentes e não Docentes da FADEUP, em especial aos do Gabinete de Psicologia, pela forma simpática e acolhedora com que sempre me receberam e pelas excelentes condições de trabalho que sempre me proporcionaram. Ao pessoal Docente, não Docente, alunos e Direção Executiva da Escola Básica 2/3 de Aguada de cima… foi lá que esta “caminhada” começou. Foram testemunhas do nascimento de um “sonho”. São responsáveis por ele se ter tornado realidade. … à Maria Cecília Mota e a toda a sua Direção Executiva… um simples e sincero obrigado chega. Deram sempre muito mais do que o que receberam…sei que é isso que vos torna verdadeiramente felizes. … à Susana Freitas… pelos constantes incentivos… pelas longas conversas temáticas em que, muitas vezes, se fez “luz” no caminho… obrigado. … à Anabela e à Ana Teiga… … à Sonita… … à Maria do Céu Gomes… vi Ao pessoal Docente, não Docente, alunos e Direção Executiva da Escola Básica de Rio Tinto N.º2… que apanharam a “viagem a meio”. Embarcaram nela como se da vossa viagem de tratasse. Foi muito bom viajar em tão boa companhia. … ao Laureano e toda a sua Direção Executiva… sem vocês não teria conseguido. … ao Américo… … à Maria José Rodrigues… … à Lurdes Matos… … à Verónica Fernandes… … à Maria do Céu Pereira… tornaste-te numa amiga para a vida e uma referência pessoal de personalidade, caráter, profissionalismo, empenho e dedicação. … à Helena Sousa… ... à Sílvia Vigário… Aos Professores e Funcionários das Piscinas Municipais de Fânzeres...foram confidentes e ombros amigos nos momentos menos bons... partilharam da minha felicidade nos melhores momentos. Foi e continua a ser um enorme privilégio trabalhar convosco. Ao Dr. Ricardo Teixeira... Aos Professores e Funcionários das Piscinas Municipais de Valbom... foram companheiros desta viagem por um ano... o último ano. Obrigado pela vossa amizade e pela forma como me receberam na vossa “casa”. Ao Dr. Sérgio Rodrigues... À Lucinda e ao Jaime Sousa… porque são uma referência para mim… pelo muito que aprendi e aprendo, diariamente, com vocês. Ao Rui Conceição… por todos os momentos de reflexão. vii E porque os últimos são também os primeiros… ao Vítor… amigo não de sempre mas para sempre… irmão… que um dia te possa retribuir na mesma moeda. viii Índice Geral Índice de Quadros e Figuras _____________________________________ xi Índice de Anexos _____________________________________________ xiii Resumo _____________________________________________________ xv Abstract ____________________________________________________ xvii Abreviaturas _________________________________________________ xix I. Introdução ________________________________________________ 1 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida ______________________________________________ 9 2.1 Introdução ___________________________________________ 11 2.2 A adolescência ________________________________________ 12 2.3 A saúde ______________________________________________ 17 2.4 Os comportamentos protetores ou de risco para a saúde _____ 20 2.5 A satisfação com a vida ________________________________ 26 2.6 Os contextos de vida ___________________________________ 30 III. Prática desportiva, consumo de substâncias lícitas e satisfação com a vida. Que relação? ______________________________________ 39 3.1 Resumo ______________________________________________ 41 3.2 Metodologia __________________________________________ 42 3.3 Resultados ___________________________________________ 43 3.4 Discussão ____________________________________________ 48 ix IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? ___________________ 51 4.1 Resumo ______________________________________________ 53 4.2 Metodologia __________________________________________ 53 4.3 Resultados ___________________________________________ 55 4.4 Discussão ____________________________________________ 59 V. Assimetrias regionais - que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes? _________________________ 63 5.1 Resumo ______________________________________________ 65 5.2 Metodologia __________________________________________ 66 5.3 Resultados ___________________________________________ 68 5.4 Discussão ____________________________________________ 75 VI. Conclusões e Sugestões _________________________________ 81 VII. Reflexões Finais ________________________________________ 89 VIII. Bibliografia _____________________________________________ 95 IX. Anexos _______________________________________________ 109 x Índice de Quadros e Figuras Quadro 3.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão ____ 43 Quadro 3.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool, saúde percebida e satisfação com a vida, em função do sexo e idade. ___________ 46 Quadro 3.3 - Análise da relação entre a prática desportiva, com o consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida. ________________________________ 48 Quadro 4.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão ____ 55 Quadro 4.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida, em função da tipologia de escola, na amostra global e em cada sexo. ______________________________________________________________ 57 Quadro 4.3 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida, em função da tipologia de escola, em cada escalão etário. __ 59 Quadro 5.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão ____ 68 Quadro 5.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida em função do meio (litoral e interior) na amostra total e em cada sexo. ______________________________________________________________ 70 Quadro 5.3 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida em função do meio (litoral e interior), em cada escalão etário. 72 Quadro 5.4 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida em função do meio (Urbano e Rural) na amostra total e em cada sexo. ______________________________________________________________ 74 Quadro 5.5 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida em função do meio (Urbano e Rural) em cada escalão etário. 75 xi Índice de Anexos Anexo 1 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo III Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2012): Sport, substance use and satisfaction with life: what relationship? A study in adolescents attending the 3rd cycle of Basic Education in Portugal. European Journal of Sport Science, 12(1), 73-80. Anexo 2 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo IV Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Adolescents and health-related behaviors. What influence can the typology of school have? International Journal of Health Promotion and Education, 51:1, 23-34. Anexo 3 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo V Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes? Um estudo realizado em alunos do 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal. Ciência & Saúde Coletiva. (No prelo) Anexo 4 (no CD-ROM afixado na contracapa) – Originais dos artigos publicados em formato digital Anexo 5 (no CD-ROM afixado na contracapa) – Análises Estatísticas Anexo 6 (no CD-ROM afixado na contracapa) – Instrumento de Recolha de Dados: Inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes xiii Resumo A saúde, um dos maiores “recursos” da humanidade, depende, cada vez mais, do estilo de vida/atitudes adotadas. Tendo em conta a importância dos comportamentos e da satisfação com a vida na saúde dos adolescentes e considerando a multiplicidade de contextos sociais e interpessoais em que estes se movem, o que origina uma grande diversidade de condutas que representam fatores de risco ou de proteção da saúde, tivemos como objetivos nesta investigação: i) analisar os níveis de prática desportiva, consumo de tabaco e álcool e de satisfação com a vida em alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico; ii) verificar a relação existente entre a prática desportiva e as restantes variáveis descritas; iii) observar a existência de diferenças nos alunos a frequentarem duas tipologias diferentes de escolas existentes em Portugal; iv) presenciar a existência de diferenças nos alunos residentes em diferentes áreas, nomeadamente, interior/litoral e rural/urbano. Os instrumentos utilizados foram o “Inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” (Corte-Real, Balaguer & Fonseca, 2004) e a versão portuguesa da “Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al., 2010, Fonseca, 1995). Os principais resultados observados foram: i) existência de baixos níveis de prática desportiva regular, principalmente, no sexo feminino, com tendência para diminuir com a idade, idênticos nas tipologias de escola e áreas de residência analisadas; ii) consumo de tabaco significativo, semelhante entre sexos, aumentando com a idade e mais expressivo nos jovens que frequentavam Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico e residentes em áreas interiores e urbanas; iii) consumo significativo de álcool, principalmente, no sexo masculino, aumentando com a idade, com tendência para ser superior nas Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico e mais expressivo nos jovens residentes em áreas interiores e rurais; iv) Níveis de Satisfação com a vida elevados, em particular nos jovens do sexo masculino e nos mais novos e mais consideráveis nos jovens a frequentar Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclo e residentes em áreas litorais e urbanas; v) os jovens com níveis mais elevados de prática desportiva registavam, em comparação com jovens não praticantes de desporto, consumos de tabaco idênticos, consumos de álcool superiores e maior grau de satisfação com a vida. Concluímos, pois, que existe, ainda, um “longo caminho” a percorrer na promoção de “estilos de vida” mais saudáveis nos jovens portugueses, nomeadamente, almejando o incremento dos níveis de prática desportiva regular e um melhor aproveitamento do potencial desta prática na promoção de outros comportamentos de proteção da saúde, assim como a redução dos consumos de tabaco e de álcool, através do reforço de programas de promoção da saúde dirigidos para este público-alvo adequados e adaptados às diferentes realidades. Palavras Chave: Adolescência, Prática Desportiva, Consumo de Tabaco, Consumo de Álcool, Satisfação com a Vida xv Abstract Health, one of the essential "resources" of humanity depends,increasingly, of the adopted lifestyle. Given the importance of behaviors and life satisfaction in adolescent health and considering the multiplicity of social and interpersonal contexts in which they move, leading to a great diversity of behaviors that represent risk or protective health factors, we had as objectives to this research: i) analyze the levels of sports activity, tobacco and alcohol consumption and life satisfaction in students of the 3rd cycle of basic education; ii) assess the relationship between sports activity and the remaining described variables; iii) observe the presence of differences between the students attending two different types of existing schools in Portugal; iv) witness the existence of variances in students living in different areas, namely, interior/coastal and rural/urban. The instruments used were the "Inventory of health-related behaviors of adolescents" (Corte-Real, Balaguer & Fonseca, 2004) and the Portuguese version of "Satisfaction With Life Scale - SWLS" (Alves, 2008; Figueiras et. al., 2010; Fonseca, 1995). The main obtained results were: i) the existence of low levels of regular sports activity, especially, in females, with a tendency to decrease with age. This behavior is identical in different types of school and residence areas analyzed; ii) significant tobacco consumption, similar in both sexes, increasing with age and more pronounced in young people attending Secondary Schools with third Cycle of Basic Education and residents in interior and urban areas; iii) significant alcohol consumption, especially, among males, increasing with age, reaching highest values in Secondary Schools with third Cycle of Basic Education and being accentuated in young people living in rural and interior areas; iv) High levels of life satisfaction, particularly in young males and in younger and more handsome the young people attending Basic Schools of second and third Cycles and residents in coastal and urban areas; v) verification that youth with higher levels of sport activity, compared the non-practicing ones, had an identical behavior regarding tobacco consumption, higher levels of alcohol consumption and higher degree of life satisfaction. Therefore, we conclude that there’s still a "long way" to go on promoting of healthier "lifestyles" in Portuguese youth, particulary targeting the increase of regular sports activity levels and taking potential advantage of this practice in the promotion of other health protective behaviors, including the reduction of tobacco and alcohol consumption, and implementation of educational programmes directed to this target audience, appropriated and adapted to the different realities Keywords: Adolescence, Sports Consumption, Life Satisfaction. Activity, xvii Tobacco Consumption, Alcohol Abreviaturas - Aproximadamente - Desvio padrão X - Média Aritmética ♀ - Sexo Feminino ♂ - Sexo Masculino AMU - Áreas Medianamente Urbanas APR - Áreas Predominantemente Rurais APU - Áreas Predominantemente Urbanas AR - Áreas Rurais AU - Áreas Urbanas CA – Consumo de Álcool CDC – Center for Disease Control and Prevention CT – Consumo de Tabaco EB2/3 – Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos ES/3 – Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico HBSC – Health Behaviour in School Children INE – Instituto Nacional de Estatística NUTS – Unidades Territoriais para Fins Estatísticos PD – Prática Desportiva SV – Satisfação com a Vida SWLS - Satisfaction With Life Scale WHO – World Health Organization xix I. Introdução Introdução O mais importante neste mundo não é tanto onde estamos, mas em que direção nos movemos. O. W. Holmes Como nos diz O. W. Holmes, “o mais importante da vida não é tanto onde estamos, mas em que direção nos movemos”. Na realidade, ao longo da vida, desde o dia em que nascemos, vamos vagueando por entre leitos mais ou menos tortuosos e sinuosos que vão contribuindo e influenciando o nosso desenvolvimento. Um pouco à imagem de um rio que molda a sua margem e por esta é moldado, também nós vamos escrevendo as páginas da nossa vida influenciando o trajeto e sendo, por este, influenciado. Também o percurso académico é influenciado por este trajeto desenvolvimental. Ao longo deste e à medida que novos “patamares” vão sendo conquistados e novas competências vão sendo adquiridas, novas “portas” e “horizontes” se abrem. As opções que tomamos, os “caminhos” que escolhemos e seguimos são, pois, consequência direta das vivências e experiências quotidianas do “caminho” que seguimos e que “construímos”. Assim e ao iniciar uma das últimas etapas do percurso académico e um projeto de investigação, são muitas as influências, as motivações e os interesses que levam à escolha do problema, dos trajetos e percursos a seguir das metodologias e estratégias a adotar. Neste contexto, toda a nossa vida pessoal tem sido desenvolvida no âmbito da educação física/atividade física/prática desportiva, junto e para os adolescentes em contextos vários, das escolas aos clubes, da formação à competição. Também, ao nível académico, a realização do Doutoramento em Ciências do Desporto, após a conclusão do Mestrado em Atividade Física e Saúde, que se seguiu à Licenciatura em Educação Física e Desporto, consolidou o interesse pelas temáticas da promoção da saúde pelo desporto, dos estilos de vida, dos comportamentos protetores e de risco para a saúde dos adolescentes. Assim, partindo da importância do estilo de vida/comportamentos para um dos maiores “recursos” da Humanidade, a saúde, e da importância dos 3 Introdução adolescentes no futuro da mesma, escolhemos como temáticas centrais desta investigação: a adolescência, a saúde, os comportamentos protetores e de risco para a saúde, nomeadamente, a prática desportiva, o consumo de tabaco e o consumo de álcool e a satisfação com a vida enquanto variável psicológica indicadora da saúde psicológica. A adolescência… é temática central, desta investigação, por duas ordens de razão. A primeira, porque toda a nossa vida pessoal tem sido desenvolvida junto e para os adolescentes. A segunda, por estarmos conscientes que esta é uma fase especial e importante do desenvolvimento humano (Sprinthall & Collins, 2003). Especial, porque se carateriza por mudanças constantes uma vez que todos os momentos são vividos intensamente (Weichold & Silbereisen, 2005). Importante, visto que é na adolescência, enquanto etapa do desenvolvimento humano, que pressupõe a passagem de uma situação de dependência infantil para a inserção social e a formação de um sistema de valores que definem a idade adulta (Sampaio, 1994), que se alicerça grande parte do futuro de cada indivíduo, não só a nível profissional, com a escolha dos percursos educativos rumo à profissionalização, mas também a nível pessoal, onde a multiplicidade de contextos sociais e interpessoais em que os adolescentes se movem, aliados às variações na existência e no ritmo das relações, promovem uma grande diversidade de comportamentos que representam fatores de risco ou de proteção da saúde. A saúde… é um conceito transversal e essencial às nossas vidas, enquanto maior “recurso” do ser Humano. Assim e entendendo saúde como “capacidade de criar e lutar por um projeto de vida pessoal e original em direção ao bem-estar” (Christoph Déjours, 1993 in Navarro, 1999 e Pestana, 2003), consideramos importante saber a forma como cada adolescente se posiciona em relação à sua saúde, nomeadamente, conhecendo alguns dos seus comportamentos, no sentido de diagnosticar, precocemente, potenciais consequências nefastas ao seu futuro e à concretização do seu projeto de vida. 4 Introdução Neste contexto, sabe-se que a maioria das ameaças à saúde dos adolescentes, resulta de fatores sociais, ambientais e comportamentais entre os quais se destacam a inatividade física, os abusos de substâncias e os distúrbios alimentares (Currie, et. al., 2008). Destas ameaças, a inatividade física, o consumo de tabaco e o consumo de álcool foram escolhidas, por nós, como variáveis base e chave, para o desenvolvimento deste trabalho. A prática desportiva… surge de forma espontânea, por interesse pessoal e institucional. Interesse pessoal, dado que a nossa formação de base é na área da Educação Física e Desporto. Interesse institucional, uma vez que este trabalho é o produto final do Curso de Doutoramento em Ciências do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Por outro lado, a própria atualidade da temática, tendo em conta o progressivo aumento do sedentarismo e da obesidade associada a um vasto conjunto de patologias, nomeadamente, as chamadas doenças crónico-degenerativas e a convicção em relação à necessidade de se investir, seriamente, numa vertente do desporto, enquanto promotor de estilos e hábitos de vida saudáveis na população, em geral, e mais especificamente, na população juvenil, principalmente nas escolas, contribuiu, de forma significativa, para esta escolha. O consumo de tabaco e o consumo de álcool… surgem pela relevância do seu consumo nos jovens e pelo facto de estarem, hoje, nos países desenvolvidos, entre as principais causas de doença, ferimento e morte evitável, sendo, o consumo de tabaco, responsável por cerca de 14% ( 4,9 milhões) do total de mortes verificadas anualmente (Shafey et. al., 2009) e o consumo de álcool responsável por 9% de todos os problemas de saúde e por 3% das mortes mundiais - 1,8 milhões (Institute of Alcohol Studies, 2008). A Satisfação com a Vida... surge da necessidade de não aferirmos a “saúde” dos adolescentes apenas tendo como base aspetos físicos. 5 Introdução Assim, a satisfação com a vida, componente cognitiva de um constructo mais abrangente, o bem-estar subjetivo (Diener, 2000), que pode ser entendida como o julgamento que os indivíduos fazem em relação à qualidade da sua própria vida com base nos seus próprios critérios (Pavot & Diener, 1993) é, atualmente, vista como um conceito chave na investigação da “psicologia positiva” e surge associada à adoção de comportamentos de risco para a saúde, ao rendimento académico, relacionamento intra e interpessoal e saúde mental dos adolescentes (Gilman & Huebner, 2006). Neste contexto, no âmbito das temáticas por nós selecionadas, para o desenvolvimento desta tese de doutoramento e indecisos quanto ao modelo (tradicional ou escandinavo) a adotar, optamos por um modelo “misto”, dividindo-a em capítulos, tal como no arquétipo clássico, internamente estruturados sob a forma de artigos científicos, os quais deram origem a “papers”, dois já publicados e um aceite para publicação, apensos na sua versão original de publicação no capítulo anexos. Assim, após este capítulo introdutório (capítulo I), apresentamos um capítulo de revisão da literatura a que chamamos “Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida” (capítulo II) e que teve como finalidade conhecer o “estado da arte” relativamente às temáticas mencionadas anteriormente. No capítulo III, intitulado “Prática desportiva, consumo de substâncias lícitas e satisfação com a vida. Que relação?”, partimos dos múltiplos benefícios da prática desportiva para a saúde com o objetivo de: i) analisar, em função do sexo e da idade, o nível de prática desportiva, o consumo de tabaco, o consumo de álcool e a satisfação com a vida dos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico, a frequentar Escolas de Portugal Continental ii) verificar, nesta população, a relação existente entre a prática desportiva e as restantes variáveis descritas. Já no capítulo IV a que chamamos “Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola?”, partimos da influência dos “pares” na aquisição de comportamentos de risco ou 6 Introdução protetores da saúde com o objetivo de verificar a existência de diferenças nos níveis de prática desportiva, de consumo de tabaco e de álcool e de satisfação com a vida nos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico a frequentarem duas tipologias diferentes de escolas existentes em Portugal: Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos (EB2/3), frequentadas por alunos com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos e Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico (ES/3), frequentadas por alunos com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. No capítulo V denominado “A influência do local de residência nos comportamentos de saúde e na satisfação com a vida dos adolescentes” partimos das consideráveis assimetrias regionais existentes no território de Portugal Continental, com a finalidade de verificar a existência de diferenças nos níveis de prática desportiva, de consumo de tabaco e de álcool e de satisfação com a vida, nos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico residentes em diferentes áreas, nomeadamente, interior/litoral e rural/urbano. Por fim, no capítulo VI (Conclusões e Sugestões), reunimos todas as conclusões e sugestões emanadas dos capítulos anteriores, no capítulo VII, (Reflexões Finais), realizamos uma breve análise do percurso realizado e, no capítulo VIII, compilamos as referências bibliográficas utilizadas em todos os capítulos. 7 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida Dias difíceis Comportamentos de criança Há sonhos que parecem impossíveis Mas nunca se vai a esperança (…) Meus pais não sabem o que dizem Acham que não tenho consciência Nesse mundo todo errado Onde eu vivo minha adolescência. Anónimo 2.1 Introdução Das dúvidas acerca da sua existência, enquanto estado genuíno da vida, passando pela complexidade do seu conceito, pela ambiguidade da sua delimitação cronológica, terminando na vastidão da sua caraterização, a adolescência exerce um enorme fascínio e controvérsia entre a comunidade científica. Com origem na palavra latina adolescere, sinónimo de crescer para adulto, a partir de um conjunto de mudanças graduais em múltiplas esferas da condição humana, a adolescência, de uma forma geral e sob o ponto de vista do senso comum, é entendida como uma fase problemática do desenvolvimento humano, onde a multiplicidade de contextos sociais e interpessoais em que os adolescentes se movem, aliados às variações na existência e no ritmo das relações, condicionam de forma incisiva o estado de saúde nessa etapa e, claro está, em todos os estádios subsequentes. A saúde, por vezes ignorada, é um conceito essencial para as nossas vidas, enquanto maior “recurso” do ser Humano. Entendendo saúde como “capacidade de criar e lutar por um projeto de vida pessoal e original em direção ao bem-estar” (Christoph Déjours, 1993 in Navarro, 1999 e Pestana, 2003), sabe-se, hoje, que são diversas as suas determinantes e condicionantes, que vão desde os sistemas de cuidados de saúde até ao envolvimento físico, social e económico, passando pela qualidade de vida, bem-estar e os estilos de vida (Araha et. al, 2006). Do ponto de vista do domínio dos estilos de vida, a multiplicidade de contextos sociais e interpessoais e as variações na existência e no ritmo das relações promovem uma grande diversidade de comportamentos que representam 11 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida fatores de risco ou de proteção da saúde, que assumem especial relevância nesta fase de desenvolvimento humano, a adolescência, uma vez que vários estudos vêm demonstrando que o comportamento anterior constitui o principal indicador do comportamento futuro (Ogden, 2004). Neste contexto e de entre os comportamentos que colocam em risco a saúde e a própria vida dos jovens, destacam-se o consumo de substâncias (principalmente de tabaco e de álcool) e a inatividade física. Comportamentos que se encontram nos primeiros lugares das principais causas de morte definidas pela Organização Mundial de Saúde. Por outro lado, e no domínio das determinantes bem-estar e qualidade de vida, a Satisfação com a Vida componente (cognitiva) de um constructo mais abrangente, o bem-estar subjetivo (Diener, 2000) assume-se como um conceito chave na investigação da “psicologia positiva” (Diener & Diener, 1996). Esta pode ser entendida como a diferença entre aquilo que se quer e aquilo que se tem, ou a diferença entre o ideal e a realidade (Campbell et. al., in Sousa & Lyubomirsky, 2001), contribuindo para a clarificação do modo como os indivíduos reagem às diferentes circunstâncias da vida. Por fim, e no domínio do envolvimento físico, social e económico, os contextos de vida, como a família, a escola, o meio de residência ou os pares adquirem especial relevância para a saúde dos adolescentes, podendo funcionar como “ambientes” protetores ou de risco. 2.2 A adolescência Desde os tempos de Platão, preocupado com a inconstância dos jovens a quem dedicou o Livro III de A República; de Aristóteles, atento à natureza instável e imprevisível dos jovens que descreveu na Retórica; e de Sócrates, alarmado com o comportamento dos jovens (in Weiner, 1995), que a adolescência vem sendo alvo de estudo e reflexão. Não obstante, só a partir dos finais do século XIX, com o advento da industrialização e urbanização, a criação de leis sobre o trabalho infantil numa tentativa pouco altruísta de proteger o trabalho adulto, a progressiva sofisticação tecnológica que suscitou a necessidade de adequada educação dos trabalhadores, a criação e alargamento da educação pública obrigatória e 12 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida outras definições legais de vida adulta, surgiu a adolescência, enquanto período distinto do desenvolvimento humano situado entre a infância e a fase adulta (Sprinthall & Collins, 2003). Por outro lado, a evolução da conceção de família, passando de patriarcal a nuclear, constituída por pais e filhos que permanecem juntos coabitando no mesmo espaço, orientando as suas energias para a vida privada, para a troca afetiva, para a promoção do bem-estar, para a passagem de valores, dando um enfoque privilegiado às tarefas educativas, propiciando que o adolescente permaneça junto da sua família até constituir a sua própria família, foi forte impulsionadora da adolescência, enquanto período peculiar do desenvolvimento humano (Simões, 2007). Neste contexto, e não sendo fácil nem consensual caraterizar uma fase do desenvolvimento tão complexa como a adolescência, é possível identificar algumas correntes de entendimento da mesma, apoiados nas perspetivas de diversos investigadores de diferentes áreas de estudo da Psicologia à Antropologia. Assim, alguns investigadores como Stanley Hall, Psicólogo Americano, considerado o “pai” da adolescência, envoltos numa perspetiva maturacionista, acreditavam que a adolescência representava uma época de desenvolvimento claramente distinta da infância e da fase adulta, caracterizada pela descontinuidade e rutura, onde o jovem viveria momentos de turbulência, incerteza e várias formas de comportamento perturbado e perturbador que o conduziriam ao pleno estatuto de adulto, emergindo uma nova figura adulta, uma pessoa civilizada com poucas semelhanças com o adolescente que precedeu (Weiner, 1995). Sigmund Freud, Neurologista Austríaco fundador da Psicanálise, também considerava a adolescência como um período necessariamente difícil e turbulento. Baseado na ideia de pressões psicológicas fortes a que chamou pulsões instintivas, Freud acreditava que o objetivo da adolescência era permitir que a criança se tornasse num adulto capaz de estabelecer relações heterossexuais estáveis com vista à perpetuação da sociedade e da cultura 13 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida nas gerações vindouras. Assim, a turbulência surgiria devido às mudanças físicas da puberdade que causariam um aumento dos desejos sexuais e uma necessidade de encontrar objetos apropriados para investir a sua sexualidade (Sprinthall & Collins, 2003). Na mesma linha de pensamento, Anna Freud (psicanalista Austríaca, filha de Sigmund Freud) e Peter Blos (Psicanalista Alemão) entendiam a adolescência como um período de instabilidade e perturbação emocional em que os jovens, revestidos de egoísmo, divagavam entre a dedicação e a apatia, entre a submissão e a rebelião perante qualquer forma de autoridade, entre o otimismo e o mais profundo pessimismo e entre a vida em comunidade e o isolamento total (Weiner, 1995). Por sua vez Erik Erikson (Psiquiatra Alemão) e Henry Wallon (Filosofo e Médico Francês) (Borges, 1987 in Sprinthall & Collins, 2003) preferiam falar em crise de identidade, despoletada pelas modificações físicas e psicológicas características da maturação, entendendo a adolescência como o processo pelo qual os jovens, já não se identificando com as crianças que eram e ainda não se identificando com os adultos que seriam, desorientados em relação a si próprios e em relação àqueles que os rodeavam, alcançavam uma compreensão clara e estável acerca do tipo de pessoas que eram, daquilo em que acreditavam e do que queriam fazer das suas vidas, a partir de um processo de construção de pontes entre os papéis e competências que cultivaram em crianças e os papéis e responsabilidades que teriam como adultos. Já sob o ponto de vista de James Coleman (Sociólogo Americano), Kenneth Keniston e Margaret Mead (Antropóloga Cultural Americana) a adolescência constitui-se como um estádio de conflito geracional, ou seja, os adolescentes atravessam uma etapa das suas vidas separados da geração dos pais, que impõe um sem número de obstáculos no caminho para a obtenção do estatuto de adulto e da independência, envolvidos numa “cultura jovem” alienada do mundo adulto insurgindo-se contra os desejos dos pais, rejeitando os valores tradicionais, ridicularizando a autoridade, preferindo o prazer ao trabalho árduo, 14 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida mergulhando irrefletidamente na delinquência. Mead reflete bem esta perspetiva ao advertir no seu livro “Culture and Commitment: a study of the generation Gap”, que o fosso entre as gerações de adultos e de adolescentes ameaçava minar os fundamentos da sociedade, possibilitando às gerações mais jovens controlar e destruir muitas das instituições fundamentais (Sprinthall & Collins, 2003). Em contra ciclo com os ideais anteriores, alguns autores questionaram a inevitabilidade da tempestade e da tensão dos jovens no decorrer da adolescência, argumentando que estas dependiam, em grande medida, das exigências e das expectativas da cultura onde eles estavam inseridos. Para a Antropóloga Ruth Benedict, a adolescência retrata um período difícil e agitado, em que é exigido aos adolescentes que se tornem indivíduos responsáveis, dominadores e sexualmente ativos num curto espaço de tempo, depois de terem sido ensinados e encorajados a adquirir padrões comportamentais completamente opostos durante a infância. No entanto, através de uma cuidadosa recolha de informações num grande número de sociedades, concluiu que a principal determinante das dificuldades da adolescência era o grau em que o processo de socialização, que preparava os indivíduos para a entrada nesta fase, era descontínuo em cada sociedade. Por descontínuo, Benedict referia-se à necessidade de cada sujeito aprender um conjunto de comportamentos, papéis e atitudes ligados à vida adulta, diferentes daqueles que são aprendidos na infância. Benedict selecionou três dimensões da descontinuidade que eram especialmente importantes na determinação da natureza da adolescência: responsabilidade-irresponsabilidade, dominânciasubmissão e atividade sexual-ausência de atividade sexual (Sprinthall & Collins, 2003). Na mesma linha de pensamento, o Psicólogo Kurt Lewin descreveu os adolescentes como “marginais”, uma vez que não pertencem nem ao grupo social das crianças nem ao dos adultos. Esta marginalidade, caracterizada pela ambiguidade de expectativas e direitos e privilégios pouco claros, tal como a descontinuidade relativa ao processo de transição da infância para a 15 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida adolescência referido por Benedict, contribuía para o aparecimento de dificuldades. Contudo, acreditava que o grau em que os adolescentes são agitados e turbulentos dependia, não apenas da maturação do indivíduo até uma idade específica, mas também das expectativas e exigências da cultura em que viviam (Sprinthall & Collins, 2003). Leta Hollingworth (Psicóloga Americana), apoiada em dados de estudos longitudinais, considerava que o desenvolvimento é contínuo e transitório em muitos aspetos, verificando que muitas das características adultas são predizíveis a partir dos comportamentos apresentados no decorrer da infância, designadamente a dependência, a passividade e a ansiedade, entre outros (Weiner, 1995). Já Albert Bandura Psicólogo Canadense enfatizava a perspetiva ambientalista em detrimento da perspetiva maturacionista, entendendo que a aprendizagem social é a base de todas a perturbações e dificuldades ocorridas durante o período da adolescência, não sendo esta necessariamente um período difícil (Sprinthall & Collins, 2003). Assim, gradualmente, os prismas de “storm and stress” têm vindo a desvanecer-se. Sabe-se, atualmente, que na realidade alguns jovens encontram na adolescência dificuldades, mas que tal não é verdade para todos eles e que quando existem obstáculos, estes não se generalizam a todas as áreas do funcionamento do jovem ou atingem necessariamente graves proporções. Sabe-se igualmente que muitos dos problemas da adolescência surgem como forma de adaptação do indivíduo a novos desafios que se lhe colocam (Simões, 2007). Neste sentido, contrariamente à crença difundida relativa à turbulência dos adolescentes, as provas empíricas indicam que a adolescência é peculiarmente uma fase adaptativa do crescimento caracterizada pela continuidade no desenvolvimento, a estabilidade emocional, a formação da identidade sem crise incapacitante e harmonia entre gerações (Weiner, 1995). Em jeito de resumo, poder-se-á dizer que a adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano, que pressupõe a passagem de uma situação de 16 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida dependência infantil para a inserção social e a formação de um sistema de valores que definem a idade adulta (Sampaio, 1993). Ainda que de limites controversos, principalmente em termos de limites cronológicos, tem início nos acontecimentos biológicos que caracterizam a puberdade e termina na formação de valores e identidade que traçam a idade adulta. Parte-se, portanto, das modificações físicas específicas da puberdade para a tentativa de resolução de uma série de problemas psicossociais que moldam a vida adulta (Sampaio, 1994). O jovem passa por rápidas alterações que vão desde o tamanho e formas corporais, associadas à modificação das capacidades físicas, que conduzem à maturação sexual, pelo desenvolvimento de um pensamento formal que abrange uma capacidade maior para pensar acerca de possibilidades, através de hipóteses, para antever resultados, para refletir sobre os próprios pensamentos e para ponderar sobre o ponto de vista de outras pessoas, ao mesmo tempo que se altera a capacidade de processamento de informação e de resolução de problemas, terminando na aceitação do eu e dos outros com diferentes características e comportamentos (Sprinthall & Collins, 2003). Descreve-se, portanto, como sendo uma etapa de desenvolvimento, com rápidas alterações físicas, psicológicas, sócio-culturais e cognitivas, num trajeto que conduz à identidade e autonomia (Sprinthall & Collins, 2003). 2.3 A saúde Estamos perante um conceito que, dada a sua importância, é referido, estudado e interpretado de formas diferentes, desde os primórdios da Humanidade, consoante os vários estádios de evolução. Deste modo, conhecer os problemas que afetam a saúde e a forma como cada um com ela se relaciona, implica, antes de mais, um regresso ao passado. O conceito de saúde foi, desde sempre, explicado e entendido de formas diferentes pelo Homem nas várias fases da sua evolução: em determinadas épocas, tentando encontrar razões externas a si, como deuses e espíritos para explicar o fenómeno saúde-doença, para noutras eras se procurarem outras causas como a natureza ou os micróbios. 17 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida Pais Ribeiro (1998) refere que se podem considerar quatro grandes períodos para descrever a evolução do conceito de saúde: um primeiro, período précartesiano, até ao século XVII; um período científico ou de desenvolvimento do modelo biomédico, que se começou a instalar com a implementação do pensamento científico e com a revolução industrial; a primeira revolução da saúde com o desenvolvimento da saúde pública, que começou a afirmar-se nos finais século XVIII, princípios do século XIX; finalmente, a segunda revolução da saúde, iniciada na década de 70 do século XX. A propósito das revoluções na saúde, Pais Ribeiro (2005) refere que a primeira se caracterizou pela aplicação do modelo biomédico à prevenção de doenças. Assim, como resultado da Revolução Industrial, que teve consequências nefastas para a saúde decorrentes das mudanças sociais, das alterações dos sistemas de produção, das migrações e da grande concentração de pessoas nos aglomerados urbanos, com reduzidas condições de salubridade e habitabilidade, facilitadoras da difusão de micro-organismos causadores de grande morbilidade e mortalidade, surgiu a primeira revolução da saúde, com grandes medidas de saúde, como os sistemas de esgotos, distribuição de água potável, vacinas e antibióticos, entre outras, eficazes na época, tanto na prevenção de doenças, como na cura das mesmas. Acreditava-se que, com a primeira revolução da saúde, os problemas das doenças estariam resolvidos. No entanto, a partir de meados do século XX, surgiu uma nova epidemia: uma epidemia comportamental. Com efeito, constatou-se que, nos países desenvolvidos, as doenças que mais contribuíam para a mortalidade eram doenças com etiologia comportamental (Pais Ribeiro, 2005; WHO, 2002). Houve, então, uma passagem do foco da atenção e da intervenção das doenças para a promoção da saúde. Com base nas evidências, a segunda revolução da saúde teve de se centrar em novas conceções e definir novos princípios. Como as novas epidemias não tinham origem em organismos patogénicos, nem eram unicausais, a teoria do germe deixou de ser aplicável, pois o equivalente ao germe era o comportamento individual, social, os hábitos e a interação entre o 18 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida comportamento e o meio ambiente. A cura, agora, teria de ser a modificação dos comportamentos, passando o foco da atenção a estar na saúde e não na doença (Pais Ribeiro, 2005). Assim, da dicotomia “saúde/doença” e da definição de saúde como a ausência de doença, evoluiu-se para um sentido mais abrangente, o sentido de “saúde positiva” definindo-se, então, saúde “não apenas a ausência de doença, mas como um completo estado de bem-estar físico, mental e social (WHO, 1946). Ainda que a definição da Organização Mundial de Saúde 1946 se mantenha a aceção mais usual, logo na altura da sua publicação, levantou dúvidas e gerou polémica por colocar a saúde num patamar praticamente inatingível, exterior ao ser Humano, muito para além da vontade própria (Pais Ribeiro, 2005). Neste sentido, perspetivas posteriores apontam a saúde como um recurso para a vida de todos os dias, uma dimensão da qualidade vida e não o objetivo de vida, ou seja, um potencial que nasce connosco e que podemos desenvolver, responsabilizando cada indivíduo pelas suas ações/comportamentos, fazendo com que este se envolva e decida sobre a sua saúde (Pais Ribeiro, 1998). Neste contexto, faz todo o sentido retermos a definição de saúde de Christoph Déjours (1993): “saúde para cada homem, mulher ou criança é a capacidade de criar e lutar por um projeto de vida pessoal e original em direção ao bemestar” (in Navarro, 1999 e Pestana, 2003). Associada à segunda revolução da saúde, na década de 70 do século XX emerge, em paralelo, o modelo biopsicosocial aplicado a saúde mental, surgindo assim, pela primeira vez, o conceito de bem-estar, enquanto indicador da saúde mental, através de variáveis como a satisfação com a vida, a felicidade e os afetos (Galinha & Pais Ribeiro, 2005). Assim, a psicologia passou a interessar-se pelos aspetos positivos do espectro da saúde mental, em vez de se focar exclusivamente nos fatores que conduziam a perturbações como a ansiedade e a depressão, dando abertura a um novo campo de investigação, designado por Psicologia Positiva. Esta teve o seu grande centro de desenvolvimento cerca de trinta anos após a segunda revolução da saúde, em 1998, quando Martin Seligman, Psicólogo 19 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida Americano, então presidente da American Psychological Association, afirmou que a prática da psicologia se encontrava incompleta, pois centrava-se essencialmente no sentido de trazer os indivíduos de um estado de doença, negativo, para um estado neutral normal, definindo assim como objetivo para a American Psychological Association, no ano da sua presidência, procurar o que ativamente fazia as pessoas sentirem-se preenchidas, envolvidas e significativamente felizes. Assim, e após a criação da conferência sobre psicologia positiva (atualmente um evento anual) e de prémios monetários para a investigação cientifica nesta área, surgiu uma “explosão” no desenvolvimento de investigações sobre a felicidade, otimismo, as emoções positivas, e os traços de personalidade mais saudáveis, tendo como conceito central e aglutinador o bem-estar (Galinha & Pais Ribeiro, 2005). 2.4 Os comportamentos protetores ou de risco para a saúde 2.4.1 A Prática Desportiva A atividade física, outrora ocupando parte substancial das rotinas diárias dos jovens, tem vindo a diminuir substancialmente ao longo dos tempos, tornandose cada vez mais reduzida, resultando em consequências graves ao nível da saúde, pois esta progressiva inatividade, tem sido, e é, cada vez mais, associada a um vasto conjunto de patologias, nomeadamente, as doenças cardiovasculares, diabetes e cancro e seus fatores de risco, como pressão arterial elevada, aumento do nível do açúcar no sangue e sobrepeso, sendo, atualmente, apontada como o quarto principal fator de risco para a mortalidade global - 6% das mortes no mundo (WHO, 2009a). Estas doenças não transmissíveis representam já mais de metade do total das mortes verificadas anualmente, estimando-se que 6 em cada 10 mortes sejam atribuíveis a estas (WHO, 2008). Assim, a prática desportiva, entendida como “todas as formas de atividade física que, através de uma participação organizada ou não, têm por objetivo a melhoria da condição física e psíquica, o desenvolvimento das relações sociais ou a obtenção de resultados em competições de todos os níveis” (Conselho da 20 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida Europa, 1995), ocupa, nas últimas décadas, uma posição de destaque no âmbito dos estilos de vida saudáveis e na promoção da saúde. Neste contexto, estão amplamente documentados e comprovados cientificamente os benefícios para a saúde de uma prática desportiva regular e mantida no tempo. Nos idosos, as evidências mostram que a prática desportiva regular resulta em benefícios de ordem funcional e na qualidade de vida destes. Assim, e em termos físicos, estão documentados benefícios na prevenção de várias doenças crónicas como cardiovasculares, osteoartríticas, osteoporóticas, diabetes e alguns tipos de cancro, melhorias no equilíbrio, força, coordenação motora, flexibilidade e resistência que, para além de reduzir o risco de quedas, aumenta a independência do idoso. Por fim, e em termos psicológicos, estão associadas à prática desportiva regular, vantagens na saúde mental, nas funções cognitivas e nas funções sociais, resultando no aumento do autodomínio, da autoeficácia, da autoestima e o bem-estar e prevenindo a depressão e a ansiedade (CDC, 1999a; WHO, 2009b). Nos adultos, reduz o risco de morte por doenças cardiovasculares e de desenvolver hipertensão arterial, cancro do cólon e diabetes; permite a diminuição da tensão arterial; ajuda a manter a saúde dos ossos, músculos e articulações; minora os sintomas de ansiedade, depressão; promove a sensação de bem-estar e possibilita o controle do peso, o desenvolvimento da massa muscular e a diminuição da massa gorda (CDC, 1999c; WHO, 2009c; US Department of health & Human Services, 2002). Nos jovens, promove um crescimento saudável, em termos físicos, nomeadamente no desenvolvimento e fortalecimento de ossos, músculos e articulações saudáveis, controlo do peso, redução da gordura e prevenção da hipertensão arterial (Cavill et. al., 2006, CDC, 1999b, Janssen & Leblanc, 2010) e em termos psíquicos, aumentando o desempenho escolar (Sibley & Etnier, 2003), enriquecendo o reportório psicomotor e ajudando a prevenir e controlar comportamentos de risco, como o tabaco, a violência, o álcool, a dependência 21 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida a outras substâncias e a adesão a dietas pouco saudáveis (Cavill et. al., 2006; Pate et. al. 2000). Assim, é inegável que a adolescência se constitui como uma fase determinante na aquisição de hábitos duradouros de prática, dado que estes se desenvolvem durante este período e mantêm-se até à idade adulta (Lopes et. al., 2003; Perkins et. al., 2004; Scheerder et. al. 2006). Não obstante, e apesar dos benefícios descritos, associados à prática desportiva regular, resultados de várias investigações apontam para uma reduzida prática desportiva dos jovens, de uma forma geral, e nos jovens do sexo feminino em particular, e para um decréscimo, da mesma, com a idade (CDC, 1999b; Corte-Real, 2006; Corte-Real et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Matos, Carvalhosa & Diniz, 2002; Matos et. al., 1998, 2003a, 2006 e 2012; Mota & Sallis, 2002). 2.4.2 O Consumo de Tabaco O consumo de tabaco remonta há mais de dois mil anos. O tabaco, originário das Américas, era usado pelos nativos para fins cerimoniais e medicinais e a sua importação para a Europa, após as viagens de Colombo, marca uma nova etapa na sua história (Philip Morris International, 2006). A partir do século XV, o seu consumo cresceu constantemente. No século XVIII, o tabaco era comercializado, internacionalmente, e foi incorporado à maioria das culturas. No século XIX, os cigarros começaram a superar o uso do tabaco em cachimbos, para mascar e em rapé. Mas foi apenas em 1880, com a invenção de uma máquina eficiente, capaz de produzir 200 cigarros por minuto, que nasceu a moderna indústria do tabaco. A produção em escala assinalou uma queda nos preços dos cigarros, possibilitando o seu consumo em massa (Philip Morris International, 2006). Atualmente, o consumo de tabaco é a principal causa de doença e morte evitável, sendo responsável por cerca de 14% ( 4,9 milhões) de mortes verificadas, anualmente, nos países desenvolvidos (Shafey et. al., 2009). O uso de tabaco está associado a uma qualidade de vida diminuta, à doença, à incapacidade laboral e à morte prematura, sendo causa direta ou provável de 22 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida diversas formas de cancro (pulmão, cavidade oral, laringe, esófago, estômago, rim, bexiga); de doenças cardiovasculares (acidente vascular cerebral, doença vascular periférica, enfarte do miocárdio); de patologias do sistema respiratório (doença pulmonar obstrutiva crónica, enfisema pulmonar, otites); de perturbações no sistema digestivo e urinário; provoca problemas pediátricos (feto e crianças); polui o ambiente e é a razão de acidentes diversos (fogo, condução, etc.). Para além disso, apresenta um elevado impacto social, nomeadamente nos elevados custos económicos (custos de saúde, absentismo e incapacidade precoce) e afetivos das doenças provocadas pelo tabaco (Marshall, 2006; Matos et. al. 2003b; WHO, 2004; WHO, 2002). Assim, o consumo de tabaco é um dos comportamentos que está mais restringido por lei e, paradoxalmente, dos que mais contribui para o orçamento dos estados: em Portugal, os valores dos impostos, provenientes do tabaco, excedem os 850 milhões de euros (Pais Ribeiro, 2005). Calcula-se que haja 1,2 biliões de fumadores, em todo o mundo, cerca de um terço da população mundial com mais de 15 anos. Em Portugal, estima-se que 38% dos homens e 15% das mulheres com mais de 15 anos sejam fumadores (WHO, 2002). Na União Europeia, a iniciação tabágica ocorre antes dos 14 anos para a maioria dos fumadores. Mais de metades dos jovens que experimentam tornam-se dependentes (Vitória et. al., 2000). Sabe-se ainda que, de uma forma geral, o consumo de tabaco parece estar a diminuir no sexo masculino e a aumentar no sexo feminino, com diversos estudos a mostrarem consumos idênticos nos dois sexos ou consumo superior no sexo feminino (Corte-Real, 2006). Neste contexto, têm-se intensificado, sobretudo nos últimos anos, as campanhas de prevenção do consumo de tabaco, assim como se têm concebido leis que procuram reduzir o consumo e proteger os consumidores passivos. 23 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida Assim, tendo em conta que o consumo de tabaco é o comportamento cujos efeitos sobre a saúde mais têm sido estudados e cujos resultados recolhem maior concordância (Pais Ribeiro, 2005), o problema do tabagismo assume relevância preponderante na promoção da saúde e na prevenção de algumas doenças mais marcantes no contexto dos países desenvolvidos (Matos et. al., 2003b). No entanto, e apesar da conotação negativa que o seu consumo tem principalmente nos jovens mais novos (Matos et. al., 2003b), o que poderá explicar as percentagens baixas de consumo nas idades mais jovens e não obstante a intensificação, sobretudo nos últimos anos, das campanhas de prevenção do consumo de tabaco, da produção de leis que procuram restringir o consumo e proteger os consumidores passivos, várias investigações apontam para significativas taxas de consumo, idênticas entre sexos e um aumento muito significativo com a idade (Corte-Real, 2006; Corte-Real et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Matos et. al. 1998, 2003a, 2006 e 2012; Vinagre & Lima, 2006). 2.4.3 O Consumo de Álcool Com raízes nas civilizações antigas, o consumo de bebidas alcoólicas constituise, na atualidade, como um dos mais sérios problemas sociais à escala mundial. Ao longo dos anos, um pouco por todo mundo, diferentes sistemas de valores culturais, fórmulas administrativas e crenças sobre a natureza fundamental deste problema, deram origem a uma diversidade de respostas políticas que foram desde a proibição, racionamento, controlo por monopólio do estado até à criação de impostos especiais, imensas campanhas publicitárias e determinação das idades a partir das quais o consumo seria legal (Morais, 1999). Presentemente, nos países desenvolvidos, o consumo de álcool é uma das dez maiores causas de doença e ferimentos, sendo responsável por cerca de 9% de todos os problemas de saúde e por 3% das mortes mundiais - 1,8 milhões (Institute of Alcohol Studies, 2008). Estima-se que os custos do consumo de álcool, para a saúde, se situem entre os 2% e os 5% do Produto Interno Bruto 24 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida dos países, tornando-se, assim, a redução do seu consumo uma das mais importantes ações de Saúde Pública, no sentido da promoção da saúde e recuperação económica (Morais, 1999). O consumo excessivo e regular de álcool é causa direta ou indireta de diversas enfermidades, tais como: do aparelho digestivo (maior incidência de cancro na boca, faringe e laringe, gastrites, úlceras estomacais e duodenais, infeções bocais etc.); do sistema circulatório (enfraquecimento do músculo cardíaco e perturbações no ritmo cardíaco) e do fígado (inflamação crónica, hepatite alcoólica e cirrose). Por outro lado, o consumo de álcool pode trazer graves repercussões ao nível familiar (agressividade conjugal e familiar, perda de poder económico e alterações na vida sexual); social (conflitos, agressividade, violência etc.); profissional (acidentes de trabalho, dificuldade de integração, conflitos laborais, etc.) e rodoviário (acidentes rodoviários) (Coutinho et. al., 1995). Apesar de ser um produto legalizado que se pode produzir e consumir livremente, o álcool continua a ser visto como um tipo especial de bem de consumo e não como uma substância que pode causar dependência (Morais, 1999). Esta liberalização tem, nos adolescentes, especial relevância, pois o consumo de álcool surge, muitas vezes, como uma espécie de ritual de transição quase obrigatório. O primeiro contacto destes com o álcool dá-se, na maioria das vezes, no seio da própria família e em casa, no entanto, o consumo regulariza-se entre os grupos de pares nos locais de encontro e diversão (Moreira, 1999). O consumo de álcool, por parte dos adolescentes, coloca-os, não só numa posição de risco para o aparecimento da síndrome da dependência e do alcoolismo clínico, mas, principalmente, no que diz respeito às embriaguezes agudas, acidentes de viação e de trabalho, absentismo e fracasso escolar, agressividade, distúrbios e maior exposição ao consumo de outras substâncias, como o tabaco e as drogas (Institute of Alcohol Studies, 2008; Moreira, 1999). Apesar dos perigos reconhecidos, o consumo de álcool, entre a população adolescente, é significativo. As diversas investigações apontam para o 25 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida consumo superior do sexo masculino e dos jovens mais velhos (Corte-Real, 2006; Corte-Real et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Institute of Alcohol Studies, 2008; Matos et. al. 1998, 2003a, 2006 e 2012). 2.5 A satisfação com a vida A satisfação com a vida representa uma das componentes (cognitiva) de um constructo mais abrangente, o bem-estar subjetivo (Diener, 2000). Com apenas quatro décadas de vida e colocado numa posição de interseção de vários domínios da Psicologia como a Psicologia Social, a Psicologia da Saúde e a Psicologia Clínica, o conceito de bem-estar subjetivo vem despertando a curiosidade e o interesse da comunidade científica. Apesar da sua história recente, pode-se considerar que as raízes ideológicas remontam ao século XVIII, durante o Iluminismo, época em que se defendia que o propósito da existência da Humanidade era a vida em si mesmo, em vez do serviço ao Rei ou a Deus. O desenvolvimento pessoal e a felicidade tornaram-se valores centrais nesta época. Assim, a sociedade era vista, pela primeira vez, como um meio de proporcionar aos cidadãos a satisfação das suas necessidades para uma boa vida (Galinha & Pais Ribeiro, 2005). Mais tarde, no século XIX, estas convicções manifestaram-se através dos princípios do Utilitarismo, em que a melhor sociedade seria aquela que providenciasse a melhor felicidade para o maior número de pessoas. Estes princípios inspiraram medidas de reforma social em larga escala, no século XX, e influenciaram o desenvolvimento dos Estados Providência, identificando-se como grandes males sociais da época, a ignorância, a doença e a pobreza, conduzindo ao desenvolvimento de esforços, no sentido da criação de uma melhor sociedade. Já na década de 60 do século XX, com a generalização dos Estados Providência, verifica-se uma mudança para valores pós-materialistas, os quais apelavam a uma conceptualização e medição do bem-estar, sendo introduzido o conceito de qualidade de vida, procurando-se sublinhar a existência de algo mais na condição humana para além do bem-estar material (Veenhoven, 1996, in Galinha & Pais Ribeiro, 2005). 26 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida Assim, exigia-se uma distinção conceptual, que distanciasse o bem-estar material enquanto avaliação feita pelo próprio indivíduo ao seu rendimento ou, de um modo mais geral, à contribuição dos bens e serviços que o dinheiro pode comprar para o seu bem-estar, do bem-estar global, em que, para além dos da dimensão material, se salientam outras, também elas determinantes do bem-estar, como a saúde, as relações, a satisfação com o trabalho, a liberdade política… Em meados da década de 80 do século XX, fruto da ampla utilização da noção de bem-estar subjetivo por investigadores de várias áreas da Psicologia, os contornos da sua definição tornaram-se arbitrários, não se atingindo o consenso relativamente à aceção do conceito, dando origem a uma divergência que viria a conduzir à separação de duas perspetivas do bem-estar: uma, em que o campo de estudo integra as dimensões de afeto e satisfação com a vida (bem-estar subjetivo) e outra que integra os conceitos de autoaceitação, autonomia, controlo sobre o meio, relações positivas, propósito na vida e desenvolvimento pessoal (bem-estar psicológico), fundado pela Psicóloga Americana Carol Ryff (Galinha & Pais Ribeiro, 2005). Estes dois tipos de bem-estar construíram-se a partir de perspetivas filosóficas diferentes, o hedonismo e o eudemonismo, fundadas em prismas distintos da natureza humana e daquilo que constitui uma boa sociedade. O bem-estar subjetivo encontra-se vinculado ao hedonismo, concebendo-o como a felicidade subjetiva e a procura de experiências de prazer ou o equilíbrio entre afeto positivo e afeto negativo, enquanto que o bem-estar psicológico vinculase ao eudemonismo, assumindo o bem-estar como a realização do potencial humano (Albuquerque e Lima, 2007). Os estudos sobre bem-estar subjetivo e bem-estar psicológico vêm-se desenvolvendo paralelamente e, muitas vezes, em articulação, pelo que a separação de ambos visou apenas respeitar os limites dos conceitos (Galinha & Pais Ribeiro, 2005). Assim, o conceito de bem-estar subjetivo vem evoluindo e sedimentando a sua posição ao longo dos tempos. Inicialmente 27 centrada na pesquisa II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida epistemológica do conceito de felicidade, só após os estudos de Diener e colaboradores (1985) é que se verificou uma viragem do foco de atenção para a dimensão da satisfação com a vida. Neste contexto, as dimensões afetivas anteriormente agregadas ao termo felicidade passaram a ser denominadas de componentes específicas do bem-estar subjetivo, enquanto que o termo felicidade surgiu como equivalente ao bem-estar subjetivo (Diener, 2000). Sumariamente, apesar de existirem algumas enunciações do significado de bem-estar subjetivo mais específicas ou orientadas para um determinado contexto, a principal delimitação do bem-estar subjetivo assume um caráter multidimensional, integrando diferentes componentes (afetiva/cognitiva) definidas de acordo com a avaliação subjetiva de cada indivíduo (Diener, 2000, Diener et. al. 1998, Diener et. al. 1999 e Diener et. al. 2003). Esta constituição multidimensional sai reforçada pela necessidade de se avaliar cada domínio do bem-estar subjetivo de forma separada, facto que impôs a necessidade de contemplar um fator de ordem superior (bem-estar subjetivo), passando assim de um único constructo psicológico específico a uma área de estudo de interesse científico (Diener et. al. 1999). Diener e colaboradores (1999) designaram as três características fundamentais do bem-estar subjetivo, enquanto área de estudo de interesse científico: cobre todo o espectro do bem-estar, não se limitando apenas aos estados indesejáveis; preconiza que o bem-estar subjetivo é definido em termos das experiências internas do indivíduo, não se impondo critérios ou avaliações externas e foca estados de bem-estar subjetivo de longo termo e não apenas estados de humor momentâneo. Assim, os humores e as emoções das pessoas espelham reações momentâneas ao que lhes acontece, no entanto cada indivíduo realiza também julgamentos mais vastos acerca da sua vida como um todo, bem como sobre domínios específicos desta, como o casamento e o trabalho. Andrews e Wiythey (1976) (in Diener, 1994) definiram três componentes gerais do bem-estar subjetivo: avaliação da satisfação com a vida, afeto positivo e negativo. 28 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida Neste contexto, a Satisfação com a Vida pode ser entendida como o julgamento que os indivíduos fazem em relação à qualidade da sua própria vida com base nos seus próprios critérios (Pavot & Diener, 1993). De uma forma mais pragmática, é a diferença entre aquilo que se quer e aquilo que se tem, ou seja, a diferença entre o ideal e a realidade (Campbell et. al. in Sousa & Lyubomirsky, 2001). Esta componente pode ser medida em termos específicos, quando se refere a domínios singulares da vida como o trabalho, o casamento, o rendimento ou em termos globais, quando se refere à vida como um todo (Sousa & Lyubomirsky, 2001), não resultando o todo da simples soma das partes (Diener et. al., 2000) e não se mantendo estável ao longo dos tempos (Fugita & Diener, 2005). Atualmente, a Satisfação com a Vida é vista como um conceito chave na investigação da “psicologia positiva”, já que transcende as flutuações emocionais momentâneas (Diener & Diener, 1996), é relativamente livre das conveniências sociais (Diener, 1994) e pode influenciar alterações aos comportamentos (Lewinsohn et al., 1991). De acordo com Veenhoven (1999) (in Bradley & Corwyn, 2004), a satisfação com a vida emerge à medida que as necessidades básicas vão sendo satisfeitas. Assim, nas sociedades modernas e individualistas, onde as necessidades primárias estão garantidas para grande parte das pessoas, a satisfação com a vida surge associada à consecução de objetivos. Estudos neste âmbito têm vindo a proliferar e a revelar-se de grande utilidade para a clarificação do modo como os indivíduos reagem às diferentes circunstâncias da vida. Estas reações, que variam em função do sexo, da idade (Inglehart, 2002) e de fatores demográficos, institucionais, sociais, culturais, políticos e económicos (Bjornskov et. al., 2005), condicionam os níveis de satisfação com a vida de cada sujeito. Grande parte da investigação desenvolvida nesta área tem vindo a ser realizada em adultos, no entanto, há razões para crer que a satisfação com a vida torna-se numa variável psicológica antes da idade adulta, mais 29 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida particularmente no decurso da adolescência, fase associada a uma maior sensibilidade, em que objetivos e ideais são reformulados e reavaliados constantemente e os percursos alterados em função de vicissitudes várias (Eccles & Gootman, 2001; Graber & Brooks-Gunn, 1996 in Bradley & Corwyn, 2004). Vários estudos vêm associando elevados níveis de satisfação com a vida, nos adolescentes, com menor adoção de comportamentos de risco para a saúde, com melhor rendimento académico, melhor relacionamento intra e interpessoal, menores índices de ansiedade e depressão e índices superiores de esperança e autocontrolo (Gilman & Huebner, 2006). Assim, a Satisfação com a Vida pode tornar-se uma variável “chave” na identificação e promoção de diferentes estilos de vida saudáveis entre os jovens. Os estudos por nós analisados apresentam resultados algo contraditórios. Relativamente ao sexo, vários estudos apontam para níveis superiores de satisfação com a vida no sexo masculino (Currie et. al., 2000; Matos et. al., 2003a e 2006). Resultados distintos foram encontrados por Dew e Huebner, (1994), Huebner (1991), Huebner e Alderman (1993) e Huebner e colaboradores (2000) (in Huebner, 2004) que concluíram não existir qualquer correlação entre o sexo e os níveis de satisfação com a vida, advogando que ambos os sexos apresentavam índices semelhantes de satisfação com a vida. Relativamente à idade, parece imperar o consenso. Nos estudos por nós consultados, os adolescentes mais novos revelavam valores de satisfação com a vida superiores aos mais velhos (Currie et. al., 2000; Goldbeck, 2007; Matos et. al., 2003a e 2006). 2.6 Os contextos de vida 2.6.1 A Família A influência da família no desenvolvimento dos jovens tem início muito antes da adolescência, no entanto é particularmente importante nesta fase, visto que traz consigo alguns desafios particulares. É ela que determina as primeiras 30 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida relações sociais do jovem, assim como os contextos onde ocorre a maior parte das aprendizagens iniciais acerca das pessoas, situações e capacidades individuais (Sprinthall & Collins, 2003). Não sendo fácil caracterizar um sistema social tão complexo como a família, é possível identificar algumas diferenças entre famílias, nomeadamente na forma de expressão da autoridade dos pais e na ligação desta com as condutas dos filhos. A este respeito, Diana Baumrind e Glen Elder, citadas por Sprinthall e Collins (2003), ainda que recorrendo a diferentes nomenclaturas, identificaram três tipos/ modelos de famílias: autoritárias/autocráticas, permissivas e democráticas. De acordo com as investigadoras, as famílias autoritárias/autocráticas caracterizam-se pela rigidez e controlo dos pais que tentam transmitir aos filhos padrões perfeitos de comportamento através de medidas punitivas e violentas, não havendo espaço para a expressão de opiniões por parte dos filhos nem autorização para que eles exerçam qualquer tipo de controlo sobre as suas atitudes, resultando regularmente em ambientes familiares frios e distantes. As famílias permissivas, por oposição às famílias anteriores, revelam-se pela quase ausência de exigências com recurso raro à força ou ao poder para a concretização dos objetivos educacionais. O terceiro tipo de famílias, as democráticas, têm aspetos comuns às duas anteriores. Os pais, embora possuam limites e expectativas firmes no que diz respeito ao comportamento dos filhos, esforçam-se por lhes oferecer orientação através da razão e das regras, utilizando, de forma sensata, recompensas e punições, ensinando e explicando, respeitando o adolescente, as suas opiniões e seus sentimentos. Estes modelos de exercício parental influenciam o desenvolvimento da personalidade das crianças e adolescentes, determinando substancialmente o reportório de comportamentos/atitudes e objetivos, o que consequentemente influencia o desenvolvimento de competências cognitivas e sociais (Camacho, 2009). Vários estudos identificam o modelo democrático como mais adequado ao desenvolvimento das crianças e adolescentes. Relações positivas, apoio 31 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida emocional e social e um estilo de disciplina parental construtivo e consistente tendem a estar relacionados com maiores índices de bem-estar e de ajustamento na adolescência (Branje, et. al.,2002, in Camacho, 2009) e menor envolvimento em comportamentos de risco e em grupos de pares desviantes (Mounts, 2002, in Camacho, 2009). 2.6.2 Os Pares As relações com os colegas constituem um dos principais contextos em que os adolescentes desenvolvem caraterísticas pessoais para a vida adulta. Apesar da cultura popular defender que a influência dos pares entra em conflito com a influência da família e de outros adultos, a verdade é que os pares desempenham um papel complementar no desenvolvimento do adolescente (Sprinthall & Collins, 2003). São ponto essencial no desenvolvimento dos adolescentes, providenciando suporte emocional e social. É junto destes, dos pares, que o adolescente aprende a estar com os outros, que não os pais, a partilhar experiências e sentimentos (Tomé, 2009). Os pares encontram-se, frequentemente, associados ao bem-estar físico e psicológico dos jovens e adolescentes, evitando sintomas de depressão, solidão, tristeza ou baixa autoestima, os quais se podem revelar como fatores de risco durante a adolescência. No entanto, e apesar de todos os aspetos positivos do relacionamento dos adolescentes com os seus pares, alguns estudos (Cumsille, Sayer, & Graham, 2000, Gardner & Steinberg, 2005, Jaccard & Blanton, 2005) referem uma associação do grupo de pares à iniciação dos adolescentes em comportamentos de risco. Este facto leva a que muitos pais temam o peso do grupo na influência individual, apelidando a relação de “más influências” (Simões, 2007). De facto, assim pode ser, sobretudo, se a estrutura individual do adolescente for frágil, mas, de uma forma geral, o contacto com os outros acaba por ter características enriquecedoras, que abrem e expandem a vida interior de cada um, num dinamismo completamente novo e diferente das etapas anteriores do 32 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida desenvolvimento, favorecendo assim uma outra dinâmica na relação entre a autonomia e dependência dos mais novos face aos adultos que os cercam, nomeadamente os pais, pelo que a relação com os pares não deverá ser percebida como a única causa do envolvimento dos adolescentes em comportamentos de risco (Tomé, 2009). O peso do grupo e a sua própria organização varia muito conforme a idade e o sexo. Nos primeiros anos da adolescência, é habitual o grupo ser constituído por elementos do mesmo sexo. Depois à medida que a idade vai aumentando, os grupos vão tornando-se tendencialmente mais heterogéneos, absorvendo no seu seio elementos de ambos os sexos, tornando-se as relações mais próximas. Uma questão essencial, nos dias de hoje, na relação com os pares é a alteração das vias de contacto, ganhando relevância as formas de relações sem contacto direto ou real, como por exemplo as comunicações realizadas pelo telemóvel ou Internet que propiciam um contacto mais assíduo mas diminuem a possibilidade de confronto direto com a realidade (Strecht, 2005). Matos e colaboradores verificaram que entre o estudo realizado durante o ano 2002 e o desenvolvido em 2006, a comunicação dos adolescentes com os pais diminuiu enquanto que o tempo, em que os adolescentes passam com os amigos depois das aulas e os dias que saem à noite, aumentou. 2.6.3 O Local de Residência Portugal é um país dual e assimétrico. A complexa organização territorial, que remonta à década de 60 do século passado e ao processo de modernização que emergiu com alguma relevância nesses anos, resultou num país tantas vezes apelidado de “país a duas velocidades”, devido às enormes diferenças sociais, económicas e territoriais entre as áreas que o constituem (Ferrão, 2002). A oposição entre grupos sociais, setores económicos e espaços modernos e tradicionais introduziu, no país, vários contrastes, entre os quais, a oposição entre o interior e o litoral e entre o rural e o urbano. 33 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida O Portugal urbanizado, industrializado, infraestruturado e demograficamente dinâmico (característico das áreas litorais e urbanas) destaca-se, de forma inequívoca, do Portugal agrícola, subdesenvolvido, física e simbolicamente remoto e demograficamente repulsivo (próprio das áreas interiores e rurais) (Ferrão, 2002). Neste contexto e no que diz respeito à interioridade e litoralidade, mais concretamente à fronteira entre o litoral e o interior, não existe uma delimitação física e/ ou consensual de onde começa e acaba o interior e o litoral. Na realidade para alguns autores como Ferrão (2002), esta separação apenas traduz a delimitação subjetiva entre incluídos e excluídos no processo de modernização, iniciado nos anos 60 do século passado. Por outro lado, esta separação pode, por necessidades académicas, resultar de indicadores estatísticos utilizados para traçar as trajetórias de desenvolvimento das diversas áreas do país. Uma dessas análises delimita o interior e o litoral, segundo um padrão “clássico” referido à acessibilidade em relação à costa. Esta delimitação recorre às “Unidades Territoriais para Fins Estatísticos” (NUTS) no seu nível 3 (NUTS III) (Presidência do Conselho de Ministros, 1986) que, atualmente, divide o território português em 30 unidades (áreas), das quais 28 situam-se no continente (Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, 2002). Assim, são classificadas como áreas litorais as unidades que confinam com o mar e aquelas cujo concelho “principal” (o de maior população em 1991) dista menos de 60 km de Lisboa ou do Porto (cerca de meia hora em estrada rápida), e como do “Interior”, as restantes (Alegria, 2004). Já relativamente à ruralidade e urbanidade e à delimitação do que é urbano e do que é rural, Portugal dispõe de nomenclatura própria para efeitos estatísticos, designada por “Tipologia de Áreas Urbanas” que integra três níveis: “Áreas Predominantemente Urbanas”, Áreas Medianamente Urbanas e “Áreas Predominantemente Rurais” (Presidência do Conselho de Ministros, 2009). Estas delimitações têm por base o peso da população residente na 34 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida população total das freguesias e o peso da área na superfície total das freguesias. Neste contexto, define-se como região predominantemente urbana as freguesias que contemplem, pelo menos, um dos seguintes requisitos: “1) o maior valor da média entre o peso da população residente na população total da freguesia e o peso da área na área total da freguesia corresponde a espaço urbano, sendo que o peso da área em espaço de ocupação predominantemente rural não ultrapassa 50% da área total da freguesia; 2) a freguesia integra a sede da Câmara Municipal e tem uma população residente superior a 5000 habitantes; 3) a freguesia integra total ou parcialmente um lugar com população residente igual ou superior a 5000 habitantes, sendo que o peso da população do lugar no total da população residente na freguesia ou no total da população residente no lugar, é igual ou superior a 50%” (INE, 2009a). Entende-se por área medianamente urbana as freguesias que contemplem pelo menos, um dos seguintes requisitos: “1) o maior valor da média entre o peso da população residente na população total da freguesia e o peso da área na área total da freguesia corresponde a Espaço Urbano, sendo que o peso da área de espaço de ocupação predominantemente rural ultrapassa 50% da área total da freguesia; 2) o maior valor da média entre o peso da população residente na população total da freguesia e o peso da área na superfície total da freguesia corresponde a um espaço urbano em conjunto com um espaço semi-urbano, sendo que o peso da área de espaço de ocupação predominantemente rural não ultrapassa 50% da superfície total da freguesia; 3) a freguesia integra a sede da Câmara Municipal e tem uma população residente igual ou inferior a 5.000 habitantes; 4) a freguesia integra total ou parcialmente um lugar com população residente igual ou superior a 2.000 habitantes e inferior a 5 000 habitantes, sendo que o peso da população do lugar no total da população residente na freguesia ou no total da população residente no lugar, é igual ou superior a 50%” (INE, 2009b). 35 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida Por fim, define-se área predominantemente rural as freguesias “não classificadas como "Área Predominantemente Urbana" nem "Área Mediamente Urbana” (INE, 2009c). Note-se que a média entre o peso da população residente na população total da freguesia e o peso da área na superfície total da freguesia é calculada para os espaços urbanos, semi-urbanos e de ocupação predominantemente rural e resulta, em cada um deles, da média entre as proporções da população residente em cada espaço e a população residente total da freguesia e as proporções da superfície em cada espaço e a superfície total da freguesia; a avaliação da integração no lugar resulta de um valor igual ou superior a 50% em, pelo menos, uma das seguintes proporções: população do lugar na freguesia/população da freguesia (%) ou população do lugar na freguesia/população do lugar (%) (INE, 2009a, INE, 2009b). Em Portugal continental, 50% da população reside em zonas urbanas, 24% em zonas mediamente urbanas e 26% em zonas rurais (Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica, sd). Para além da delimitação, chamemos-lhe “institucional”, usada para fins académicos e estatístico, é possível descrever as zonas rurais e urbanas, de acordo com as suas características demográficas, culturais, sociais e económicas. Assim, as zonas rurais caraterizam-se por uma densidade populacional baixam, população residente muito envelhecida, taxa de natalidade muito baixa e de mortalidade elevada. As poucas empresas existentes pertencem, quase exclusivamente, ao setor primário e a mão-de-obra é pouco qualificada (Coutinho, Marquês & Soares, 2001). Em resumo, são regiões subdesenvolvidas. Por outro lado, as zonas urbanas apresentam uma densidade populacional muito elevada, uma taxa de natalidade elevada e uma taxa de mortalidade reduzida. Regista-se um grande peso da população ainda em idade ativa. As empresas pertencem, em grande parte, aos setores secundário e terciário (Coutinho, Marquês & Soares, 2001). 36 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida 2.6.4 A Escola A escola, não isenta de transformações sucessivas ao longo dos tempos e em constante mudança e reflexão, espelhando a sociedade que a rodeia, é responsável pela transmissão de normas e padrões comportamentais e representa um papel determinante no processo de socialização de crianças e adolescentes (Baptista et. al., 2009). Assim, um ambiente escolar promotor de saúde poderá ser um valioso recurso para o desenvolvimento de comportamentos de saúde e bem-estar (Baptista et. al., 2009). Foi neste sentido que o programa do XVII Governo Constitucional, que iniciou funções em dois mil e cinco, no Capitulo V - saúde: um bem para as pessoas, elegeu a escola como a grande entidade Promotora da Saúde das crianças e das suas famílias, reforçando a necessidade de trabalho na Rede Nacional de Escolas Promotoras da Saúde (Presidência do Conselho de Ministros, 2005). Na sequência, foi publicado a 16 de Dezembro de 2005, o despacho n.º 25995/2005 – 2ª série que aprovou e reafirmou os princípios orientadores do modelo de Educação para a Promoção da Saúde, designadamente no que respeita a: i) necessidade de articulação com as famílias e entre escolas e centros de saúde; ii) autonomia das escolas na definição, planificação e concretização do projeto educativo; iii) obrigatoriedade por parte das escolas de concretizarem as orientações e dando cumprimento àquela área de ensino; iv) necessidade de designação de coordenador da área temática (Ministério da Educação, 2006). Mais tarde, em Junho de dois mil e seis foi publicado, no Diário da República, por despacho (Despacho n.º 12045/2006 - 2.ª série) o “Programa Nacional de Saúde Escolar” (Ministério da Saúde, 2006) que propõe que uma Escola Promotora da Saúde assente em três vertentes – currículo, ambiente e interação escola/família/meio. Neste contexto, sendo a escola um espaço privilegiado na promoção da saúde dos jovens e adolescentes, a sua tipologia pode assumir um papel 37 II. Um olhar sobre os adolescentes e a saúde: dos comportamentos aos contextos de vida preponderante na aquisição de comportamentos protetores ou de risco para a saúde e nos níveis de satisfação com a vida dos adolescentes. Assim, no decorrer do seu percurso académico, as crianças e os jovens poderão frequentar diferentes tipologias de escola “que abarquem a totalidade ou parte dos ciclos que a constituem” - Lei 46/86 de 14 de outubro (Assembleia da República, 1986). No que diz respeito especificamente respeito aos alunos que frequentam o 3º Ciclo do Ensino Básico, estes poderão frequentar Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos ou Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico. Nas primeiras, frequentadas por alunos entre os 10 e os 16 anos, os do 3º Ciclo do Ensino Básico, para além do convívio natural com os pares das suas idades, convivem também com pares mais jovens (a frequentarem o 2º Ciclo do Ensino Básico, ou seja, do 5º e 6º anos de escolaridade), enquanto que, nas segundas, frequentadas por alunos entre os 12 e os 18 anos, convivem com pares mais velhos (a frequentarem o Ensino Secundário, ou seja, do 10º, 11º e 12º anos de escolaridade). Tendo em conta que variadíssimos estudos nesta área apontam para a existência de mais comportamentos de risco para a saúde e para níveis inferiores de satisfação com a vida nos adolescentes mais velhos (Corte-Real et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Matos et. al. 2006), poder-se-á questionar se a tipologia de escola poderá influenciar os comportamentos e os níveis de satisfação com a vida dos jovens. 38 III. Prática desportiva, consumo de substâncias lícitas e satisfação com a vida. Que relação? Um estudo realizado em adolescentes do 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2012): Sport, substance use and satisfaction with life: what relationship? A study in adolescents attending the 3rd cycle of Basic Education in Portugal. European Journal of Sport Science, 12(1), 73-80. Submetido em: 10/05/2010 | Aceite em: 30/11/2011 | Publicado em: 06/02/2012 Ver anexo 1 III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida. Que relação? 3.1 Resumo A prática desportiva regular proporciona múltiplos benefícios para a saúde em qualquer fase do desenvolvimento humano, sobretudo, na adolescência, sendo determinante na aquisição de hábitos duradouros de prática até à idade adulta (Lopes et. al., 2003; Perkins et. al., 2004; Scheerder et. al. 2006). De entre os benefícios destacam-se a prevenção e controlo de comportamentos de risco, como o consumo de tabaco e álcool, e o contributo para o crescimento saudável não só físico mas também psíquico (WHO, 2009d). Principais objetivos do estudo: i) analisar, em função do sexo e da idade, o nível de prática desportiva, o consumo de tabaco, o consumo de álcool e a satisfação com a vida dos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico, a frequentar Escolas de Portugal Continental ii) verificar, nesta população, a relação existente entre a prática desportiva e as restantes variáveis descritas. Os instrumentos utilizados foram o “Inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” (Corte-Real, Balaguer & Fonseca, 2004) e a versão portuguesa da “Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al., 2010, Fonseca, 1995). A amostra foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47% ♂) com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33; = 1,359). As principais conclusões retiradas foram: i) baixos níveis de prática desportiva regular, principalmente no sexo feminino com tendência para diminuir com a idade; ii) consumo de tabaco significativo semelhante entre sexos aumentando com a idade; iii) consumo significativo de álcool, principalmente no sexo masculino, aumentando com a idade; iv) consumo de tabaco muito semelhante para os três níveis de prática desportiva; v) consumo de álcool mais elevado nos jovens com maior índice de prática desportiva; vi) jovens com maior prática desportiva apresentavam maior grau de satisfação com a vida. 41 III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida. Que relação? 3.2 Metodologia 3.2.1 Amostra A amostra deste estudo foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47% ♂), com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33; = 1,359), a frequentar o 3º Ciclo do Ensino Básico em escolas de Portugal Continental. Agrupámos os adolescentes em três escalões etários: 12 a 13 anos (30%), 14 a 15 anos (50%) e 16 a 17 anos (20%) 3.2.2 Procedimentos O instrumento utilizado para a recolha dos dados foi o “inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” desenvolvido por Corte-Real, Balaguer e Fonseca (2004) e a versão portuguesa da “Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al., 2010, Fonseca, 1995). Na análise dos dados, utilizámos estatística descritiva com a apresentação das frequências e percentagens para as variáveis nominais, médias e desvio padrão para as variáveis contínuas. Recorremos, ainda, ao teste Qui-Quadrado (estudo da distribuição em variáveis nominais) com análise de residuais ajustados (para localização de valores significativos). O nível de significância considerado foi de 0,05, sendo apresentado a negrito, nos quadros, os valores com residuais ajustados iguais ou superiores a 1,9, em cada célula. 3.2.3 Variáveis As variáveis analisadas foram: prática desportiva (PD), consumo de tabaco (CT), consumo de álcool (CA) e a satisfação com a vida (SV). Para cada uma das variáveis, a constituição dos grupos foi realizada de acordo com o quadro (ver quadro 3.1). 42 III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida. Que relação? Quadro 3.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão Variável PD CT Grupo Critérios de inclusão Observações Inexistente ou esporádica Não pratica/ pratica até uma vez por semana. Analisámos a frequência de prática. Considerámos apenas a PD, quer de âmbito recreativo quer de âmbito competitivo, realizada fora da escola. Reduzida Regular Pratica mais semana. Regular Consome diariamente Reduzido Inexistente CA três vezes por Consome esporadicamente (até várias vezes por semana) Analisámos consumo. a frequência de Analisámos consumo. a frequência de Não consome Consome várias vezes por semana Reduzido Consome até uma vez por semana Não consome/ quase nunca consome Reduzida ( X entre 1 e 2,4) Moderada ( X entre 2,5 e 3,4) Elevada 3.3 de Regular Inexistente SV Pratica até três vezes por semana. Determinámos o valor médio tendo em conta a resposta a cinco questões com valores entre 1 (discordo totalmente) e 5 (concordo totalmente). ( X entre 3,5 e 5) Resultados 3.3.1 Prática Desportiva Iniciando a nossa análise pela prática desportiva, verificámos, na amostra global, que mais de um terço dos jovens (38%) tinha uma prática desportiva regular, ou seja, prática superior a 3 vezes por semana. Dos restantes, 36% tinham prática desportiva reduzida e 26% inexistente ou esporádica. Ao analisarmos por sexos, observámos a existência de diferença, estatisticamente significativa, (p<0.001), com o sexo masculino a apresentar níveis de prática desportiva muito superiores aos do sexo feminino. Na análise por escalões etários, concluímos que não existia diferença, estatisticamente significativa (p=0.073), no entanto foi possível observar uma tendência para a diminuição da prática desportiva com a idade (dos 39,4% jovens com prática desportiva regular aos 12-13 anos apenas 34,7% se encontravam nesse grupo aos 16-17 anos). 43 III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida. Que relação? Por termos encontrado diferença, estatisticamente significativa, aquando do estudo por sexos, entendemos justificar-se uma análise mais pormenorizada, por escalão etário em cada sexo (ver quadro 3.2). Assim, e ainda que não tenhamos encontrado qualquer diferença, estatisticamente significativa, constatámos o que já havíamos referido anteriormente: o sexo masculino apresentava uma prática desportiva superior ao sexo feminino e esta tinha tendência a diminuir com a idade. Observamos, também, que a percentagem de jovens com prática desportiva inexistente ou reduzida aumentava mais com a idade no sexo feminino que no sexo masculino. 3.3.2 Consumo de Tabaco No que diz respeito ao consumo de tabaco, verificámos, na amostra global, que 85% dos jovens não consumiam tabaco, 8% apresentavam um consumo reduzido e 7% apresentavam um consumo diário. Na análise por sexos, não encontrámos diferença, estatisticamente significativa (p=0,085), sendo os consumos muito idênticos para ambos os sexos. Encontrámos diferença, estatisticamente significativa (p<0.001), na análise por escalão etário, com o consumo de tabaco a crescer substancialmente com a idade. Assim, aos 12-13 anos existiam 92,5% dos jovens com consumo inexistente e aos 16-17 a percentagem diminuía para os 70,6%. Neste contexto optámos, também, por estudar o consumo de tabaco em função do sexo em cada idade (ver quadro 3.2). Constatámos, então, que de facto o consumo de tabaco era muito semelhante entre os sexos e que aumentava com a idade e que, esse aumento, era ligeiramente mais significativo para o sexo masculino que para o sexo feminino. 3.3.3 Consumo de Álcool No que diz respeito ao consumo de álcool, na amostra global, verificámos que mais de dois terços dos jovens (69%) apresentavam consumo inexistente, 25% reduzido e 6% regular. 44 III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida. Que relação? Ao analisarmos em função dos sexos, verificámos a existência de diferença, estatisticamente significativa (p<0.001), com os jovens do sexo masculino a consumirem álcool com mais regularidade do que os jovens do sexo feminino (consumo regular ♀ – 3%; consumo regular ♂ – 10%). Na abordagem por escalões etários, presenciamos, também, a existência de diferença, estatisticamente significativa (p<0.001), aumentando o consumo de álcool com a idade. Assim, e para o consumo regular: 12-13 anos – 4%; 14-15 anos – 5%; 16-17 anos – 14%. Na análise em função do escalão etário em cada sexo (ver quadro 3.2), constatámos que, de facto, o consumo era muito superior no sexo masculino e que aumentava, exponencialmente, com a idade. Este aumento era estatisticamente significativo, em ambos os sexos, no entanto era superior no sexo masculino. 3.3.4 Satisfação com a Vida Relativamente à satisfação com a vida, a amostra global revelou que cerca de metade dos jovens (54%) apresentava um grau de satisfação com a vida muito positivo. Dos restantes, 11% caracterizava negativamente a sua satisfação com a vida e 36% encontrava-se num nível intermédio (satisfação com a vida moderada). Investigando por sexo, verificámos a existência de diferença, estatisticamente significativa (p<0.001), com as jovens do sexo feminino a apresentarem um grau de satisfação com a vida inferior ao dos jovens do sexo masculino. Também encontrámos diferença estatisticamente significativa, na análise por escalão etário (p<0.001), verificando que os mais novos apresentavam níveis superiores de satisfação com a vida em relação aos mais velhos. Analisando em função do escalão etário em cada sexo (ver quadro 3.2), verificámos existir diferença, estatisticamente significativa, em ambos os sexos. 45 III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida. Que relação? Assim, o grau de satisfação com a vida era inferior no sexo feminino e decrescia com a idade. Quadro 3.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool, saúde percebida e satisfação com a vida, em função do sexo e idade. Sexo Feminino ♀ PD 12/13 anos (%) 14/15 anos (%) 16/17 anos (%) 12/13 anos (%) 14/15 anos (%) 16/17 anos (%) Inexistente ou esporádica 32 32 38 17 19 21 Reduzida 38 38 38 32 31 35 Regular 30 30 24 51 50 44 p=0,082 (g.l.= 4) Regular CT 3 17 5 3 5 21 5 9 9 4 9 11 Inexistente 92 86 74 93 86 68 p<0,001 p<0,001 Regular 2 3 6 6 7 21 Reduzido 20 22 38 20 23 32 Inexistente 78 75 56 74 69 47 p<0,001 (g.l.= 4) SV p=0,136 Reduzido (g.l.= 4) CA Sexo Masculino ♂ p<0,001 Reduzida 9 11 18 6 8 14 Moderada 34 38 37 33 34 39 Elevada 57 51 45 61 58 47 (g.l.= 4) p<0,001 p<0,001 Posto isto, e em jeito de resumo, verificámos a existência de: baixos níveis de prática desportiva, em especial nos jovens do sexo feminino e nos mais velhos; consumo de tabaco não negligenciável, idêntico em ambos os sexos e superior nos mais velhos; consumo de álcool significativo, com maior prevalência nos jovens do sexo masculino e nos mais velhos e níveis elevados de satisfação com a vida, em particular nos jovens do sexo masculino e nos mais novos. Neste contexto, entendemos que, para além da análise simples e objetiva já realizada, seria importante, para o aprofundamento e entendimento desta problemática, analisar a relação entre a prática desportiva com as restantes variáveis, uma vez que a prática desportiva é temática central desta investigação e encontra-se, historicamente, relacionada com estilos de vida saudáveis e com níveis mais elevados de satisfação com a vida. 46 III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida. Que relação? Por já termos determinado as tendências relativamente às divergências entre sexos e escalões etários, entendemos, desta feita, realizar a análise apenas na amostra global. 3.3.5 Relações entre variáveis Assim, procedemos à análise da relação existente entre a prática desportiva e o consumo de tabaco e álcool e a satisfação com a vida. Relativamente à relação entre a prática desportiva e o consumo de tabaco (ver quadro 3.3), verificámos a existência de consumos muito semelhantes para todos os níveis de prática desportiva. Já no que diz respeito à relação entre a prática desportiva e o consumo de álcool (ver quadro 3.3), verificámos a tendência para um maior consumo de álcool pelos jovens com prática desportiva regular. A diferença encontrada era estatisticamente significativa (p<0,001). Por fim e no que concerne à relação entre a prática desportiva e a satisfação com a vida (ver quadro 3.3), constatámos que eram os jovens com maior regularidade de prática desportiva que apresentavam índices superiores de satisfação com a vida e os jovens com níveis inferiores de prática desportiva os que apresentavam níveis inferiores de satisfação com a vida. A diferença encontrada era estatisticamente significativa (p<0,001). 47 III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida. Que relação? Quadro 3.3 - Análise da relação entre a prática desportiva, com o consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida. Prática Desportiva (PD) CT Inexistente ou esporádica (%) Reduzida (%) Regular (%) Regular 9 6 8 Reduzido 6 8 8 Inexistente 85 86 84 p=0,001 (g.l.= 4) CA Regular 4 5 9 Reduzido 24 24 25 Inexistente 72 71 66 p<0,001 (g.l.= 4) SV Reduzida 14 10 9 Moderada 38 37 33 Elevada 48 53 58 p<0,001 (g.l.= 4) 3.4 Discussão No que se refere à prática desportiva e não obstante a associação feita pelos jovens entre esta, a saúde, a imagem de si e a socialização, os resultados aqui apresentados, que vão de encontro aos resultados dos estudos por nós analisados e referidos no capítulo II deste trabalho, refletem baixos níveis de prática desportiva em especial nos jovens do sexo feminino e nos mais velhos. A família, o envolvimento escolar, o estabelecimento de laços com os pares, um bom nível económico, uma fácil circulação entre os vários cenários da vida do jovem, podem surgir como potenciais condicionadores à aquisição e manutenção de um estilo de vida ativo na adolescência (Matos, Carvalhosa & Diniz, 2002). Relativamente ao consumo de tabaco, encontrámos significativa convergência entre os nossos resultados e os resultados de outros estudos já mencionados no capítulo II. Apesar da conotação negativa que o seu consumo tem, o que poderá explicar as percentagens baixas de consumo nas idades mais jovens, verifica-se a existência de percentagens elevadas de consumo, principalmente, nas idades mais avançadas o que poderá ser explicado pela associação do seu 48 III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida. Que relação? consumo ao controlo das emoções, fáceis acessos e oportunidades de consumo (Matos et. al., 2003a), ao controlo de peso (Waldron, 1988; Smith, Nutbeam, Moore, Roberts & Catford, 1994, in Matos 1998) e ao estatuto de adulto (Antunes et. al., 2006). Os resultados do consumo de álcool descritos neste estudo vão, também, de encontro aos resultados das investigações citadas no capítulo II deste trabalho: consumo significativo com maior prevalência nos jovens do sexo masculino e nos mais velhos. Apesar dos efeitos nefastos do consumo de álcool, os adolescentes parecem associar o seu consumo ao estatuto de adulto (Antunes et. al., 2006), ao sentimento de felicidade, facilitação das relações sociais, afirmação dentro do grupo de pares, entre outros aspetos (Institute of Alcohol Studies, 2008). Também no caso da satisfação com a vida, os nossos resultados encontram-se na linha de outras investigações (Currie et. al. 2000; Matos et. al., 2003a; 2006): de uma forma geral, os jovens estavam satisfeitos com a sua vida e os jovens do sexo masculino e os mais novos apresentavam níveis superiores de satisfação com a vida relativamente aos jovens do sexo feminino e os mais velhos. Nos estudos por nós consultados e no que diz respeito à relação entre a prática desportiva e o consumo de tabaco, os nossos resultados parecem contrariar os resultados dos estudos de Corte-Real (2006) e Balaguer e Castillo (2002), pois não encontrámos uma associação positiva entre a prática desportiva e o não consumo de tabaco, conforme referido nos seus estudos. No entanto, resultados idênticos haviam sido já encontrados por Paupério (2008). Já relacionando a prática desportiva e o consumo de álcool, os nossos resultados vão de encontro ao estudo de Corte-Real (2006). São os jovens, com maior índice de prática desportiva, os que apresentam maior consumo de álcool. Por fim, e no que diz respeito à relação entre a prática desportiva e a satisfação com a vida, os nossos dados convergem com os resultados de Pettay (2008) 49 III. Prática desportiva, consumo de substância lícitas e satisfação com a vida. Que relação? que encontrou uma clara associação positiva entre a prática desportiva e elevados níveis de satisfação com a vida. 50 IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? Um estudo realizado em adolescentes do 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Adolescents and health-related behaviors. What influence can the typology of school have? International Journal of Health Promotion and Education, 51:1, 23-34. Submetido em: 08/08/2012 | Aceite em: 25/09/2012 | Publicado em: 08/02/2013 Ver anexo 2 IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? 4.1 Resumo Partindo da influência dos Pares na aquisição de comportamentos de risco ou protetores da saúde, tínhamos como objetivo, verificar a existência de diferenças nos níveis de prática desportiva, de consumo de tabaco e de álcool e de satisfação com a vida nos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico a frequentarem duas tipologias diferentes de escolas existentes em Portugal: Escola Básicas do 2º e 3º Ciclo (EB2/3), frequentadas por alunos com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos e Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico (ES/3), frequentadas por alunos com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. Os instrumentos utilizados foram o “Inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” (Corte-Real, Balaguer & Fonseca, 2004) e a versão portuguesa da “Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al., 2010, Fonseca, 1995). A amostra foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47% ♂), com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33; = 1,359). Verificámos não existirem diferenças, estatisticamente significativas, em nenhuma das variáveis, exceto no consumo de tabaco, em que constatámos que os alunos, que frequentavam Escolas ES/3, apresentavam consumos mais elevados relativamente aos alunos, das mesmas faixas etárias, que frequentavam Escolas EB2/3. Verificámos, também, que as raparigas apresentavam diferenças mais acentuadas, em todas as variáveis analisadas. 4.2 Metodologia 4.2.1 Amostra A amostra deste estudo foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47% ♂), com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33; = 1,359), a frequentar o 3º Ciclo do Ensino Básico em escolas de Portugal Continental. 53 IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? Dividimos os alunos em dois grupos, de acordo com a tipologia de escola que frequentavam: Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico (56,4%) e Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico (43,6%). 4.2.2 Procedimentos O instrumento utilizado para a recolha dos dados foi o “inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” desenvolvido por Corte-Real, Balaguer e Fonseca (2004) e a versão portuguesa da “Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al., 2010, Fonseca, 1995). Os dados foram recolhidos entre 2002 e 2008 nas escolas de Portugal Continental, em que a investigação foi aprovada pelo Conselho Pedagógico e pelo Conselho Executivo (35 escolas), através da visita de um investigador do Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto que acompanhou e fiscalizou a aplicação do instrumento de recolha de dados. O estudo foi aprovado pelo Conselho Científico da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, que é a entidade responsável por assegurar o cumprimento da Declaração de Helsínquia em Estudos Humanos e do Ministério da Educação Português. O preenchimento do questionário por parte dos jovens foi voluntário e realizado, após consentimento por escrito do seu responsável. Na análise dos dados, utilizámos estatística descritiva com a apresentação das frequências e percentagens para as variáveis nominais, médias e desvio padrão para as variáveis contínuas. Recorremos, ainda, ao teste Qui-Quadrado (estudo da distribuição em variáveis nominais) com análise de residuais ajustados (para localização de valores significativos). O nível de significância considerado foi de 0,05, sendo apresentado a negrito, nos quadros, os valores com residuais ajustados iguais ou superiores a 1.9, em cada célula. 54 IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? 4.2.3 Variáveis As variáveis analisadas foram: prática desportiva (PD), consumo de tabaco (CT), consumo de álcool (CA) e a satisfação com a vida (SV). Para cada uma das variáveis, a constituição dos grupos foi realizada de acordo com o quadro (ver quadro 1). Quadro 4.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão Variável PD CT Grupo Critérios de inclusão Observações Inexistente ou esporádica Não pratica/ pratica até uma vez por semana. Analisámos a frequência de prática superior a 1 hora por sessão. Considerámos apenas a PD, quer de âmbito recreativo quer de âmbito competitivo, realizada fora da escola. Reduzida Regular Pratica mais semana. Regular Consome diariamente Reduzido Inexistente CA três vezes por Consome esporadicamente (até várias vezes por semana) Analisámos consumo. a frequência de Analisámos consumo. a frequência de Não consome Consome várias vezes por semana Reduzido Consome até uma vez por semana Não consome/ quase nunca consome Reduzida ( X entre 1 e 2,4) Moderada ( X entre 2,5 e 3,4) Elevada 4.3 de Regular Inexistente SV Pratica até três vezes por semana. Determinámos o valor médio, tendo em conta a resposta a cinco questões com valores entre 1 (discordo totalmente) e 5 (concordo totalmente) ( X entre 3,5 e 5) Resultados Iniciando a apresentação dos resultados por uma análise à amostra global, independente da tipologia de escola, verificámos que apenas 38% dos jovens praticavam desporto com regularidade (mais de três vezes por semana), 36% tinham uma prática reduzida (até 3 vezes por semana) e que 26% nunca praticavam ou praticavam menos de uma vez por semana. No que diz respeito ao consumo de tabaco, registámos que 7%, dos jovens da nossa amostra consumiam regularmente esporadicamente e 85% não consumiam. 55 tabaco, 8% consumiam IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? No que concerne ao consumo de álcool, verificámos que 6% dos jovens consumiam, regularmente, álcool, 25% consumiam pontualmente e 69% não consumia. Por fim e relativamente à Satisfação com a vida verificámos que 54% consideravam-se muitos satisfeitos com a sua vida, 36% moderadamente satisfeitos e 10% pouco satisfeitos. Seguidamente, procedemos à análise das diferenças entre os jovens que frequentavam Escolas EB2/3 e ES/3, e concluiu-se que, na amostra global, não existem alterações estatisticamente significativas em nenhuma variável à exceção do consumo de tabaco (p<0,001), com os alunos que frequentavam as Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico a apresentarem consumos superiores, quando comparados com os alunos que frequentavam Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos (ver quadro 4.2). Nas restantes variáveis, e não obstante a ausência de diferenças estatisticamente significativas, podemos observar tendências que nos parecem dignas de análise. Assim, e no que diz respeito à prática desportiva, verificámos ser ligeiramente inferior nos alunos que frequentavam Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico, relativamente aos alunos que estudavam nas Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos (a prática desportiva frequente situava-se, nos alunos das Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico, em 37% e nos alunos das Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos, em 39%). Relativamente ao consumo de álcool, constatámos que era ligeiramente superior nos alunos das Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico, ainda que, de uma forma geral, o consumo regular de álcool se situasse nos 7% em ambas as tipologias de escolas. Por fim, no que diz respeito à satisfação com a vida, verificámos a tendência para existirem níveis inferiores de satisfação com a vida nas Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico (51% de satisfação com a vida elevada nos alunos que frequentavam Escolas Secundárias com 3º Ciclo do 56 IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? Ensino Básico contra os 55% dos alunos que frequentavam Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos. Após a análise da amostra global, realizámos um estudo por sexo (ver quadro 4.2) verificando que, de uma forma geral, parecem ser as raparigas as mais influenciadas pela tipologia de escola, visto que em todas as variáveis abordadas, as maiores diferenças, entre tipologias de escola, encontravam-se no sexo feminino existindo, inclusive, uma disparidade estatisticamente relevante relativamente ao consumo de tabaco. Por outro lado, a investigação por sexos permitiu-nos confirmar o que já havíamos descrito, aquando da análise da amostra global: os alunos das Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos apresentavam níveis ligeiramente superiores de Prática Desportiva, menores consumos de tabaco e de álcool e índices mais elevados de satisfação com a vida, quando comparados com os alunos que frequentavam Escolas Básicas do 3º Ciclo com Ensino Secundário, em ambos os sexos. Quadro 4.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida, em função da tipologia de escola, na amostra global e em cada sexo. PD (n=2660) ES/3(%) EB2/3(%) ES/3(%) EB2/3(%) ES/3(%) (n=2450) (n=1646) (n=1318) (n=1528) (n=1132) Inexistente ou esporádica 26 27 32 34 19 19 Reduzida 35 36 39 38 32 34 Regular 39 37 29 28 49 47 p=0,351 p=0,395 p=0,509 Regular 6 10 5 9 7 10 Reduzido 8 7 8 7 9 7 Inexistente 86 83 87 84 84 83 p<0,001 p<0,001 p=0,009 Regular 7 7 3 3 10 10 Reduzido 23 26 23 27 24 26 Inexistente 70 67 74 70 66 64 (g.l.= 4) SV Sexo Masculino ♂ (n=2964) (n=3174) (g.l.= 2) CA Sexo Feminino ♀ (n=5624) EB2/3(%) (g.l.= 2) CT Amostra Total p=0,039 p=0,066 p=0,392 Reduzida 10 12 10 14 8 9 Moderada 35 37 37 36 34 37 Elevada 55 51 53 50 58 54 p=0,007 57 p=0,037 p=0,098 IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? Optámos, também, por realizar uma análise por idades, no intuito de perceber se existiriam escalões etários mais influenciados pelas diferentes tipologias de escola. Neste contexto e relativamente à prática desportiva e à satisfação com a vida, concluímos que as principais diferenças (estatisticamente não significativas) se encontravam nas idades mais altas (entre os 16 e 17 anos). No entanto, em todos os escalões etários, verificaram-se os resultados encontrados anteriormente: os alunos que frequentavam Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos revelam índices de prática desportiva e níveis de satisfação com a vida superiores, ainda que ligeiros, aos registados nos alunos das Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos. Pelo contrário, foi nas idades mais baixas (escalão etário dos 12 aos 13 anos) que encontrámos as dissemelhanças mais significativas, no que concerne ao consumo de álcool. Os valores, então encontrados, eram, de alguma forma, contraditórios com os valores referidos, aquando da análise global e por sexos, dado que os consumos de álcool mais regulares observavam-se nos alunos que frequentavam Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos, em todos os escalões etários, exceto no dos 14 aos 15 anos, em que a percentagem de consumos regulares era igual (5%). No entanto, saliente-se que as maiores percentagens de consumo inexistente se registaram nas Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos. Por fim, e no que diz respeito ao consumo de tabaco, encontrámos as diferenças mais significativas no escalão etário dos 14 aos 15 anos, igualandose os resultados obtidos nas análises anteriores: os consumos de tabaco eram superiores nos alunos que frequentavam as Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico em todos os escalões etários. 58 IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? Quadro 4.3 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida, em função da tipologia de escola, em cada escalão etário. 12-13 anos (n=1694) PD ES/3(%) EB2/3(%) ES/3(%) EB2/3(%) ES/3(%) (n=1006) (n=688) (n=1657) (n=1145) (n=511) (n=617) Inexistente ou esporádica 25 25 26 26 27 31 Reduzida 35 37 36 36 37 36 Regular 40 38 38 38 36 33 p=0,989 p=0,235 4 5 7 16 22 Reduzido 4 4 9 8 12 9 Inexistente 93 92 86 85 72 69 p=0,900 p=0,010 p=0,018 Regular 5 3 5 5 14 13 Reduzido 19 22 22 23 34 36 Inexistente 76 75 73 72 52 p=0,149 p=0,881 51 p=0,618 Reduzida 7 10 10 10 14 17 Moderada 33 33 36 37 38 39 Elevada 60 57 54 53 48 44 4.4 3 (g.l.= 2) SV p=0,562 Regular (g.l.= 2) CA 16-17 anos (n=1128) EB2/3(%) (g.l.= 2) CT 14-15 anos (n=2802) p=0,215 p=0,566 p=0,185 Discussão No decorrer desta pesquisa, não encontrámos qualquer estudo nacional ou internacional com referência a diferenças nos comportamentos relacionados com a saúde ou com a satisfação com a vida dos adolescentes, em diferentes tipologias de escola. Não obstante, a análise de investigações, na mesma área de intervenção, possibilita-nos discutir os resultados aqui encontrados. Partindo do princípio que a interação entre os pares, não sendo unicausal na adoção de comportamentos protetores ou de risco para a saúde, é, efetivamente, um dos agentes de maior influência, pois os adolescentes tendem a adotar comportamentos comuns dentro dos seus grupos de pares, 59 IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? conforme demonstram os estudos de Cumsille, Sayer, & Graham (2000), Gardner & Steinberg (2005) e de Jaccard & Blanton (2005). Tendo em conta que é na escola que o adolescente mais se relaciona com os seus pares, visto que é neste espaço que passa grande parte do seu tempo, parece natural que sejam esses, os pares, com maior ascendência nas suas decisões. Atendendo a que a literatura é unânime no reconhecimento da idade como fator de influência na adoção de comportamentos protetores ou de risco para a saúde, o facto de um adolescente frequentar Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos (convivendo com alunos da mesma faixa etária e mais novos) ou Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico (convivendo com alunos da mesma faixa etária e mais velhos) poderá, não sendo o único, está claro, ser uma importante causador na adoção de um estilo de vida mais ou menos protetor da saúde. Assim e relativamente à prática desportiva, os resultados dos estudos por nós consultados, apontam, claramente, para uma reduzida prática desportiva dos jovens, de uma forma geral, e dos jovens mais velhos, em particular (CorteReal et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Matos, Carvalhosa & Diniz, 2002; Matos et. al. 2006; Mota & Sallis, 2002). Por outro lado, a investigação de Matos, Carvalhosa & Diniz (2002) refere, entre os outros aspetos, que o envolvimento escolar e o estabelecimento de laços com os pares são fortes influências na escolha de um estilo de vida mais ou menos ativo. Os resultados da nossa exegética convergem com os resultados das investigações referidas anteriormente, na medida em que eram os alunos que frequentavam Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico (cujo o convívio se realizava com pares das mesmas idades e mais velhos) aqueles que apresentavam, ainda que sem diferenças estatisticamente significativas, níveis inferiores de prática desportiva. Assim, podemos estar perante o facto de os alunos mais velhos, identificados nas pesquisas citadas como aqueles que demonstram níveis inferiores de prática desportiva, influenciarem os seus pares mais novos no sentido de um estilo de vida mais sedentário. 60 IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? No que diz respeito ao consumo de tabaco, a literatura por nós consultada é unânime na referência a significativas taxas de consumo que aumentavam exponencialmente com a idade (Corte-Real et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Matos et. al. 2006; Vinagre & Lima, 2006). A estas evidências acrescem os resultados do estudo de Antunes e colaboradores (2006), no qual foi encontrada uma associação entre o consumo e o estatuto de adulto. Neste contexto, o facto de na nossa investigação encontrarmos taxas de consumo mais consideráveis nos adolescentes a frequentarem Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico pode-se ficar a dever à circunstância dos mais jovens quererem se assemelhar ao mais velhos com quem convivem e desta forma aderirem ao consumo desta substância. No que concerne ao consumo de álcool, as investigações por nós consultadas convergem: elevadas taxas de consumo, principalmente, nos jovens mais velhos (Corte-Real et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Institute of Alcohol Studies, 2008; Matos et. al. 2006). Por outro lado, o consumo de álcool surge, muitas vezes, associado ao estatuto de adulto (Antunes et. al., 2006) e à afirmação dentro do grupo de pares (Institute of Alcohol Studies, 2008). Na nossa investigação, os consumos de álcool eram muito idênticos entre os alunos que frequentavam diferentes tipologias de escola. No entanto, eram os alunos que frequentavam Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico, os que apresentavam menor percentagem de consumo inexistente. Essa experimentação superior dos alunos que estudavam nas Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico pode estar relacionada com a afirmação dentro de um grupo de pares mais velhos e à tentativa de imitar um adulto podendo, dessa forma, chamar à atenção e integrar grupos de pares mais velhos. Por fim e relativamente à satisfação com a vida, os estudos, por nós lidos, apontavam para níveis de satisfação com a vida inferiores nos jovens mais velhos (Currie et. al., 2000; Goldbeck, 2007; Matos et. al., 2006). 61 IV. Os adolescentes e os comportamentos relacionados com a saúde. Que influência poderá ter a tipologia de escola? Na nossa investigação, concluímos que eram os jovens que frequentavam Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico os que apresentavam níveis inferiores de satisfação com a vida. Este facto poderá estar relacionado com alguma influência dos pares mais velhos no julgamento que os pares mais novos faziam em relação à qualidade da sua própria vida. Neste contexto, acreditamos que o convívio dos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico com alunos de escalões etários mais novos (como acontece nas Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos) ou com pares mais velhos (como acontece nas Escolas Secundárias com 3º Ciclo), não sendo com certeza o único fator, poderá influenciar significativamente a adoção de comportamentos protetores ou de risco para a saúde. Por outro lado, podemos, também, assumir que a influência, ainda que com formas e intensidades diferentes, se possa estender a todos os ciclos de ensino. No entanto, a crescente necessidade de rentabilização e racionalização de recursos humanos e materiais em todos os setores do funcionalismo público e, em particular, no setor da Educação vem fazendo com que cada vez mais se promova a construção ou constituição de mega agrupamentos que reúnam mais que um ciclo de ensino ou, até mesmo, a totalidade destes, como é o caso das recentes Escolas EBI (Escolas Básicas Integradas) que integram a totalidade dos ciclos de ensino à exceção do Ensino Secundário ou os também recentes Centros Escolares que reúnem o Ensino Pré-escolar e o 1º Ciclo do Ensino Básico numa única infraestrutura. 62 V. Assimetrias regionais - que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes? Um estudo realizado em alunos do 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Assimetrias regionais - que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes? Um estudo realizado em alunos do 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal. Ciência & Saúde Coletiva. (No prelo) Submetido em: 29/09/2013 | Aceite em: 17/10/2013 | No prelo Ver anexo 3 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes 5.1 Resumo A saúde, tantas vezes ignorada, é um conceito essencial para as nossas vidas, enquanto maior “recurso” do ser Humano. Partindo da importância dos comportamentos e da satisfação com a vida para a saúde dos jovens portugueses e das consideráveis assimetrias regionais existentes no território de Portugal Continental, tínhamos como objetivo para esta investigação: verificar a existência de diferenças nos níveis de prática desportiva, de consumo de tabaco e de álcool e de satisfação com a vida nos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico residentes em diferentes áreas, nomeadamente, interior/litoral e rural/urbano. A amostra foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47% ♂), com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33; = 1,359), a frequentar o 3º Ciclo do Ensino Básico em escolas de Portugal Continental. O instrumento utilizado para a recolha dos dados foi o “inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” desenvolvido por Corte-Real, Balaguer e Fonseca (2004) e a versão portuguesa da “Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al., 2010, Fonseca, 1995). Concluímos que existiam níveis superiores de consumo de tabaco nos jovens residentes áreas interiores e urbanas, níveis superiores de consumo regular de álcool nos jovens residentes em áreas interiores e rurais e níveis superiores de satisfação com a vida nos jovens residentes em áreas litorais e urbanas. Relativamente à Prática Desportiva, parece não existir influência significativa dos meios de residência. Constatámos, também, a existência de disparidades significativas, em todas as variáveis em análise, de acordo com o sexo e escalão etário, independentes dos diferentes meios de residência analisados. O nosso estudo sugere, ainda, serem os rapazes os mais influenciados pela área de residência. Neste contexto, admitimos que o meio físico de residência, não sendo com certeza o único fator, nem o mais importante, poderá influenciar claramente a 65 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes adoção de comportamentos protetores ou de risco para a saúde, podendo-se assim falar da existência de locais de residência mais ou menos protetores da saúde dos jovens e adolescentes, pelo que desenvolvimento e aplicação de programas de promoção da saúde, deverá estar baseado em resultados de investigações realizadas em cada realidade e não em dados médios nacionais, por forma a ajustarem-se às diferentes especificidades existentes no país, adequando, assim, a intervenção à realidade local. 5.2 Metodologia 5.2.1 Amostra A amostra deste estudo foi constituída por 5624 adolescentes (53% ♀ e 47% ♂), com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( X = 14,33; = 1,359), a frequentar o 3º Ciclo do Ensino Básico em escolas de Portugal Continental. Dividimos os alunos em grupos, de acordo com a sua área de residência, sob dois pontos de vista tradicionais de divisão imaginária do território português, a saber: litoral/ interior e urbano/ rural. Relativamente à divisão litoral/ interior constituímos dois grupos: litoral (55,2%) e interior (44,8%). Para a realização desta divisão e na ausência de uma delimitação institucional recorremos ao padrão “clássico” referido à acessibilidade em relação à costa, preconizado por Estela Alegria (2004), classificando como áreas litorais as unidades que confinavam com o mar e aquelas cujo concelho “principal” (o de maior população em 1991) distavam menos de 60 quilómetros de Lisboa ou do Porto e como do “Interior” as restantes. No que diz respeito à divisão Urbano/ Rural, constituímos dois grupos: Área Predominantemente Urbana - APU (75%) – doravante designada por Área Urbana e Área Predominantemente Rural – APR (25%) – doravante designada por Área Rural. Optámos por excluir as Áreas Medianamente Urbanas (AMU) desta análise por considerarmos que estas, por englobarem características comuns às Áreas 66 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes Predominantemente Rurais (APR) e Áreas Predominante Urbanas (APU), poderiam enviesar os resultados obtidos. Para a realização desta divisão, utilizamos as definições estabelecidas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE, 2009a, INE, 2009c) as quais, tal como já referido no capítulo introdutório, têm por base o peso da população residente na população total das freguesias e o peso da área na área total das freguesias. 5.2.2 Procedimentos O instrumento utilizado para a recolha dos dados foi o “inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” desenvolvido por Corte-Real, Balaguer e Fonseca (2004) e a versão portuguesa da “Satisfaction With Life Scale – SWLS” (Alves, 2008, Figueiras et. al., 2010, Fonseca, 1995). Os dados foram recolhidos entre 2002 e 2008 nas escolas de Portugal Continental, em que a investigação foi aprovada pelo Conselho Pedagógico e pelo Conselho Executivo (35 escolas), na presença de um investigador do Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto que acompanhou e monitorizou a aplicação do instrumento de recolha de dados. O estudo foi aprovado pelo Conselho Científico da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, à data do início, entidade responsável por assegurar o cumprimento da Declaração de Helsínquia em estudos humanos e do Ministério da Educação Português. O preenchimento do questionário por parte dos jovens foi voluntário e realizado após consentimento por escrito do seu responsável. Na análise dos dados, utilizámos estatística descritiva com a apresentação das frequências e percentagens para as variáveis nominais, médias e desvio padrão para as variáveis contínuas. Recorremos, ainda, ao teste Qui-Quadrado (estudo da distribuição em variáveis nominais) com análise de residuais ajustados (para localização de valores significativos). O nível de significância 67 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes considerado foi de 0,05, sendo apresentado a negrito nos quadros, os valores com residuais ajustados iguais ou superiores a 1,9, em cada célula. 5.2.3 Variáveis Para além das variáveis, já referenciadas, sexo, escalão etário e local de residência utilizamos, ainda, as seguintes variáveis: prática desportiva (PD), consumo de tabaco (CT), consumo de álcool (CA) e a satisfação com a vida (SV). Para cada uma das variáveis a constituição dos grupos foi realizada de acordo com o quadro seguinte (ver quadro 1). Quadro 5.1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão Variável PD CT Grupo Critérios de inclusão Inexistente ou esporádica Não pratica/ pratica até uma vez por semana. Reduzida SV Pratica mais de três vezes por semana. Regular Consome diariamente Reduzido Consome esporadicamente várias vezes por semana) (até Analisámos a frequência de prática igual ou superior a 1 hora por sessão. Considerámos apenas a PD, quer de âmbito recreativo quer de âmbito competitivo, realizada fora da escola. Analisámos a frequência de consumo. Não consome Regular Consome várias vezes por semana Reduzido Consome até uma vez por semana Inexistente Não consome/ consome Reduzida ( X entre 1 e 2,4) Moderada ( X entre 2,5 e 3,4) Elevada 5.3 Pratica até três vezes por semana. Regular Inexistente CA Observações quase nunca Analisámos a frequência de consumo. Determinámos o valor médio, tendo em conta a resposta a cinco questões com valores entre 1 (discordo totalmente) e 5 (concordo totalmente) ( X entre 3,5 e 5) Resultados 5.3.1 Análise da amostra global Iniciando a apresentação dos resultados por uma análise à amostra global, independente dos meios de residência, verificámos que apenas 38% dos jovens praticavam desporto com regularidade (mais de três vezes por semana), 68 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes 36% tinham uma prática reduzida (até 3 vezes por semana) e que 26% nunca praticavam ou praticavam menos de uma vez por semana. Relativamente ao consumo de tabaco, registámos que 7% dos jovens, da nossa amostra, consumiam regularmente tabaco (diariamente), 8% consumiam de forma reduzida ou esporádica (até várias vezes por semana) e 85% não consumiam. No que diz respeito ao consumo de álcool, verificámos que 6% dos jovens consumiam regularmente álcool, 25% consumiam de forma reduzida ou esporádica (até uma vez por semana) e 69% não consumiam. Por fim, e relativamente à satisfação com a vida, verificámos que 54% dos jovens da amostra consideravam-se muito satisfeitos com a sua vida, 36% moderadamente satisfeitos e 10 % pouco satisfeitos. 5.3.2 Análise dos resultados em função do local de residência interior/litoral Seguidamente, procedemos à análise das mesmas variáveis, relativamente ao local de residência interior e litoral (ver quadro 5.2). Verificámos, então, na amostra global, existirem diferenças estatisticamente significativas em todas as variáveis analisadas exceto na prática desportiva. Assim, os jovens residentes em meio interior registavam consumos de tabaco e de álcool superiores aos dos jovens do meio litoral e níveis inferiores de Satisfação com a Vida. Por fim, e relativamente à prática desportiva, ainda que não tenhamos encontrado diferença estatisticamente significativa, registámos a tendência para os níveis de prática regulares serem superiores no meio interior. Seguidamente, procedemos a uma análise por sexo em cada meio de residência em estudo (ver quadro 5.2) verificando que, de uma forma geral, parecem ser os rapazes os mais influenciadas pelo meio de residência interior/litoral visto que em todas as variáveis, em estudo, exceto na prática desportiva, as maiores desigualdades, entre meios, encontravam-se no sexo masculino existindo, inclusive, diferenças estatisticamente significativas. 69 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes Por outro lado, a análise por sexos permitiu-nos confirmar o que já havíamos descrito, aquando da análise da amostra global: os alunos residentes no meio interior apresentavam consumos superiores de tabaco e de álcool e índices mais reduzidos de satisfação com a vida, quando comparados com os alunos residentes em meio litoral, em ambos os sexos. Exceção à regra apenas a prática desportiva: no sexo feminino, os níveis inferiores de prática revelaram-se nos alunos residentes em meio litoral, enquanto que, no sexo masculino, estes registaram-se nos alunos residentes em meio interior. Quadro 5.2 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida em função do meio (litoral e interior) na amostra total e em cada sexo. Sexo Feminino Amostra Global (5624) Inexistente ou Esporádica PD Reduzida % Regular CT Reduzido % Inexistente Regular CA Reduzido % Inexistente Reduzida Moderada Elevada (g.l.= 2) Litoral Interior Litoral Interior (n=1683) (n=1281) (n=1422) (n=1238) 27 26 34 32 18 20 36 35 39 37 33 33 37 39 27 31 49 47 % p=0,182 p=0,349 6 10 6 8 5 12 7 9 7 8 6 10 87 81 87 84 89 78 p=0,123 p<0,001 5 9 3 4 7 14 23 26 23 26 23 26 72 65 74 70 70 60 p<0,001 (g.l.= 2) SV Interior (n=2519) p<0,001 (g.l.= 2) (n=2660) Litoral p=0,496 Regular ♂ (n=2964) (n=3105) (g.l.= 2) Sexo Masculino ♀ p=0,132 p<0,001 10 11 11 13 9 9 34 38 36 37 32 39 56 51 53 50 59 52 p=0,001 p=0,249 p<0,001 Posto isto, e no intuito de perceber se existiriam escalões etários mais influenciados pelos diferentes locais de residência, optámos por realizar uma análise, por meio, em cada escalão etário (ver quadro 5.3). 70 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes Verificámos existirem diferenças estatisticamente significativas no consumo de tabaco em todos os escalões etários, no Consumo de Álcool no escalão etário dos 16-17 anos e na satisfação com a vida no escalão etário dos 12-13 anos. Assim, e no que diz respeito ao consumo de tabaco, constatámos, como já havíamos feito na análise da amostra global, existirem consumos superiores nos jovens residentes em meio interior e verificámos que tal facto era válido para todos os escalões etários. Relativamente ao consumo de álcool, apurámos que era consideravelmente superior nos jovens residentes em meio interior em todos os escalões etários, principalmente no escalão etário dos 16-17 anos, onde se registou uma diferença estatisticamente significativa. No que concerne à satisfação com a vida, notámos existirem níveis mais elevados nos jovens residentes em meio litoral, em todos os escalões etários, registando-se, inclusive, diferença estatisticamente considerável no escalão etário dos 12-13 anos. Por fim, e relativamente à prática desportiva, tal como já referimos, não encontramos qualquer diferença estatisticamente expressiva em qualquer escalão etário analisado. Não obstante, a análise sugere a existência de níveis mais frequentes de prática nos jovens residentes em meio interior nos escalões etários dos 12-13 anos e 16-17 anos e níveis iguais no escalão etário dos 1415 anos. 71 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes Quadro 5.3 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida em função do meio (litoral e interior), em cada escalão etário. 12-13 anos (n=1694) Inexistente ou esporádica PD Reduzida % Regular Regular CT Reduzido % Inexistente Regular CA Reduzido % Inexistente Interior Litoral Interior Litoral Interior (n=592) (n=1491) (n=1311) (n=512) (n=616) 26 24 25 27 32 27 36 34 37 35 35 37 38 42 38 38 33 36 Reduzida p=0,501 p=0,156 2 5 5 6 16 22 4 5 8 10 9 11 94 90 87 84 75 p=0,029 67 p=0,027 3 5 4 5 8 19 20 20 22 24 34 36 77 75 74 71 58 45 p=0,353 (g.l.= 2) SV Litoral p=0,002 (g.l.= 2) 16-17 anos (n=1128) (n=1102) p=0,345 (g.l.= 2) 14-15 anos (n=2802) p=0,241 p<0,001 8 8 11 9 16 16 30 39 35 38 36 40 Elevada 62 53 54 53 48 (g.l.= 2) Moderada % p=0,002 p=0,415 44 p=0,308 5.3.3 Análise dos resultados em função do meio de residência rural/urbano Após a análise por local de residência interior/ litoral, procedemos à análise das diferenças entre jovens residentes em Áreas Rurais (AR), e Áreas Urbanas (AU). Assim, e relativamente à amostra global, verificámos existirem diferenças, estatisticamente significativas, em todas as variáveis exceto na prática desportiva (ver quadro 5.4). Assim, e relativamente ao consumo de tabaco, constatámos que o consumo regular era superior no meio urbano, o consumo reduzido no meio rural e o consumo inexistente no meio urbano. No que diz respeito ao consumo de álcool, observámos ser bastante superior no meio rural. 72 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes No que concerne à satisfação com a vida, foram registados níveis superiores nos jovens residentes em meio urbano. Por fim, e no que se refere à prática desportiva, averiguámos que os valores de prática eram muito idênticos em ambos os meios em análise. Seguidamente, e tal como já havíamos feito aquando da análise por meio interior/ litoral, realizamos uma análise por meio em cada um dos sexos. Concluímos que existem diferenças estatisticamente significativas na satisfação com a vida no sexo feminino e no consumo de tabaco e consumo de álcool no sexo masculino (ver quadro 5.4). Assim e no que diz respeito à satisfação com a vida no sexo feminino, verificámos existirem níveis mais elevados nas raparigas residentes em meio urbano, quando comparadas com as residentes em meio rural. Nas restantes variáveis, no sexo feminino, e não obstante a inexistência de diferenças estatisticamente significativas registámos que a prática desportiva era ligeiramente superior no meio rural e que os consumos de tabaco e de álcool tendiam a ser superiores no meio urbano, em especial o consumo de tabaco. Já relativamente ao sexo masculino e ao consumo de tabaco, considerámos que, embora as percentagens de consumo regular fossem iguais entre os meios de residência em análise, as percentagens de consumo inexistente eram substancialmente maiores nos residentes no meio urbano. Relativamente ao consumo de álcool, constatámos a existência de consumos superiores nos rapazes residentes em meio rural. Por fim, e relativamente à prática desportiva e à satisfação com vida, embora não tivéssemos encontrado diferenças estatisticamente relevantes, verificámos existirem níveis ligeiramente superiores de prática nos rapazes residentes em meio urbano e níveis mais elevados de satisfação com a vida, no mesmo meio. 73 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes Quadro 5.4 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida em função do meio (Urbano e Rural) na amostra total e em cada sexo. Sexo Feminino Amostra Total (n=4592) Inexistente ou esporádica PD Reduzida % Regular Regular CT Reduzido % Inexistente Regular CA Reduzido % Inexistente Reduzida SV Moderada Elevada (g.l.= 2) Rural Urbano Rural Urbano Rural (n=1150) (n=1862) (n=568) (n=1580) (n=582) 27 27 33 32 18 22 36 34 38 37 34 31 37 39 29 31 48 47 % p=0,629 p=0,195 8 7 8 5 9 9 7 9 7 7 6 11 85 84 85 88 85 80 p=0,057 p=0,001 6 8 3 2 9 13 23 27 23 26 23 28 71 65 74 72 68 59 p<0,001 (g.l.= 2) ♂ (n=2162) (n=3442) p=0,007 (g.l.= 2) ♀ (n=2430) Urbano p=0,584 (g.l.= 2) Sexo Masculino p=0,192 p<0,001 11 10 12 11 9 8 34 41 35 43 34 39 55 49 53 46 57 53 p<0,001 p=0,002 p=0,056 Seguidamente, optámos, tal como também havíamos feito na análise por meio interior e litoral, por realizar uma abordagem por meio em cada escalão etário (ver quadro 5.5). Presenciámos que existem diferenças estatisticamente importantes na satisfação com a vida no escalão etário 12-13 anos e no consumo de tabaco e álcool no escalão etário dos 16-17 anos. Por outro lado, encontrámos, também, algumas tendências dignas de registo. Assim, atestámos a existência de valores ligeiramente superiores de prática desportiva no meio no meio rural, nos escalões etários dos 12-13 anos e 14-15 anos e no meio urbano, no escalão etário dos 16-17 anos. Constatámos a existência de consumos de tabaco idênticos, no escalão etário dos 12-13 anos e valores superiores no meio urbano, nos escalões etários dos 74 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes 14-15 anos e 16-17 anos, verificando-se, neste último, diferença estatisticamente significativa. Relativamente ao consumo de álcool, verificámos existirem valores de consumo idênticos entre os meios de residência nos escalões etários dos 1213 anos e dos 14-15 anos e valores superiores no meio urbano, no escalão etário dos 16-17 anos (diferença estatisticamente significativa). Por fim, e relativamente à satisfação com a vida, encontrámos valores superiores no meio urbano em todos os escalões etário, em particular, no escalão etário dos 12-13 anos, onde a diferença era estatisticamente relevante. Quadro 5.5 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida em função do meio (Urbano e Rural) em cada escalão etário. 12-13 anos (n=1393) Inexistente ou esporádica PD Reduzida % Regular Regular CT Reduzido % Inexistente Regular CA Reduzido % Inexistente Reduzida Moderada Elevada (g.l.= 2) 5.4 Urbano Rural Urbano Rural (n=284) (n=1678) (n=583) (n=655) (n=283) 26 25 26 26 29 30 35 34 36 33 37 38 39 41 38 41 34 32 % p=0,351 p=0,748 3 3 6 5 22 15 4 5 8 9 9 14 93 92 86 86 69 71 p=0,379 p=0,020 4 3 5 5 11 19 19 21 21 26 35 35 77 76 74 69 54 46 p=0,620 (g.l.= 2) SV Rural (n=1109) p=0,354 (g.l.= 2) 16-17 anos (n=938) Urbano p=0,707 (g.l.= 2) 14-15 anos (n=2261) p=0,075 p=0,007 9 6 10 9 16 14 31 43 35 40 37 42 60 51 55 51 47 44 p=0,001 p=0,174 p=0,356 Discussão No decorrer desta investigação, foram escassos os estudos encontrados com referência a diferenças nos comportamentos relacionados com a saúde ou na satisfação com a vida, dos adolescentes, em diferentes meios de residência. 75 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes Não obstante, cremos que a análise de investigações, na mesma área de intervenção e em áreas adjacentes, possibilita a discussão dos resultados aqui presenciados. Assim, e pela análise do estudo de Santana, Vaz e Fachada (2004), sobre a influência das regiões no estado de saúde da população portuguesa, verificámos existir uma variação do estado de saúde, na razão direta da urbanização/litoralização dos municípios, em dois períodos de análise distintos, resultado de um território marcado por fortes contrastes sociais, económicos e demográficos devido à atração continuada da população ao litoral e à repulsa pelo interior que provoca, ainda mais, desequilíbrios. Por outro lado, o mesmo estudo atestou que as causas das desigualdades em saúde estão em estreita dependência de fatores económicos e do meio físico e social que fazem parte do ambiente diário das pessoas (rendimento, habitação, desemprego, etc.). Por outro lado e analisando o estudo de Youngblade e Curry (2006), constatámos que os comportamentos relacionados com a saúde sofrem influência direta dos contextos interpessoais em que os jovens e adolescentes vivem. Os resultados deste estudo sugeriram que jovens envolvidos em contextos que forneciam recursos positivos eram menos propensos à aquisição de comportamentos de risco e mais tendentes ao desenvolvimento de comportamentos protetores da saúde. Neste contexto, considerámos ser possível que os fortes contrastes sociais, económicos e demográficos tenham influência significativa nos comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes bem como na satisfação com a vida destes. Assim sendo, e regressando à nossa pesquisa, mais concretamente à prática desportiva, verificámos existirem, no geral, reduzidos níveis de prática desportiva regular e nos jovens do sexo feminino e nos mais velhos, em particular. Estes resultados convergem com os resultados registados noutras investigações, nomeadamente nos estudos de Corte-Real e colaboradores 76 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes (2008), Currie e colaboradores (2000), Matos e colaboradores (2012) e Mota e Sallis (2002). Ainda relativamente à prática desportiva, constatámos não existir diferença entre os meios de residência em análise. Assim, e apesar de autores como Yang e colaboradores (2000 in Mota & Sallis, 2002), referirem a possibilidade de populações mais urbanas terem mais escolhas e mais informações em relação ao exercício físico e maiores oportunidades de utilizar espaços e equipamentos desportivos e, por conseguinte apresentarem níveis superiores de prática, os nossos resultados sugerem que a prática desportiva dos jovens não é influenciada pela sua área de residência. Acreditamos, pois, que a adesão a estilos de vida mais ativos não se prende tanto com fatores extrínsecos que tenham por base as questões de igualdades ou desigualdades oriundas dos diferentes meios de residência, como o estatuto socioeconómico (Mota & Silva, 1999), mas sim com fatores de ordem intrínseca como o divertimento, o prazer e as competências (Weinberg et al., 2000; Longhunst & Spink, 1987; Yang, Telama, Lenkinen, 2000, in Mota & Sallis, 2002) ou a influência dos pais (Mota & Silva, 1999). Relativamente ao consumo de tabaco, a literatura por nós consultada é unânime na referência a taxas não negligenciáveis de consumo entre os jovens, em particular nos mais velhos e idênticas entre os sexos (Corte-Real et. al., 2008; Currie et. al. 2000; Matos et. al. 2012; Vinagre & Lima, 2006). Também no nosso estudo constatámos esses resultados. Para além disso, verificámos que os consumos eram significativamente superiores nos meios interiores e urbano. Resultados semelhantes foram encontrados por Matos e colaboradores (2000) relativamente à maior prevalência de consumo de tabaco pelos jovens residentes no meio interior e por Fraga e colaboradores (2005) num estudo de revisão, relativamente à maior prevalência de consumo de tabaco pelos jovens residentes em meio urbano. 77 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes No entanto, poder-se-á equacionar o poder da influência do meio de residência na adoção de hábitos de consumo desta substância por parte dos jovens, tendo em conta que vários estudos qualitativos sugerem que a iniciação tabágica ocorre no contexto do grupo de pares (Matos et. al. 2003b) e que os principais fatores promotores do consumo são: algum dos progenitores fumar ou ter fumado, existir alguma pessoa em casa que fume, os irmãos mais velhos fumarem e os amigos fumarem (Fraga et. al., 2006). Os fatores apresentados e descritos nos estudos anteriores são transversais aos meios, em análise neste estudo, e não influenciados pela heterogeneidade cultural, económica e social, existente entre estes. No que diz respeito ao consumo de álcool, o nosso estudo revelou significativas taxas de consumo, principalmente, nos jovens mais velhos e nos jovens do sexo masculino. Resultados idênticos foram encontrados por Corte-Real e colaboradores (2008), Currie e colaboradores (2000), Matos e colaboradores (2012) e pelo Institute of Alcohol Studies, (2008). Por outro lado, verificámos que os consumos eram significativamente superiores nos meios interiores e rural. A este respeito, encontramos apenas um estudo (Mendes & Lopes, 2007) com referência a diferenças no consumo de álcool em jovens entre o meio interior (no caso Beira Interior) e meio litoral (no caso Grande Lisboa) e este concluiu não existirem diferenças estatisticamente significantes entre os meios ainda que os resultados sugerissem a existência de consumos ligeiramente superiores nos jovens residentes na área da grande Lisboa, o que diverge dos resultados por nós observados. No entanto, comprovámos que os resultados por nós apurados, refletem questões culturais no sentido em que tal como afirmamos no capítulo introdutório deste trabalho “o consumo de álcool surge muitas vezes como uma espécie de ritual de transição quase obrigatório e o primeiro contacto dos jovens com o álcool dá-se na maioria das vezes no seio da própria família e em casa”, situações essas, possivelmente, vais vincadas em sociedades/ regiões 78 V. Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes agrícolas, subdesenvolvidas, física e simbolicamente remotas, características das áreas interiores e rurais. Em conclusão, e relativamente à satisfação com a vida, os estudos por nós examinados apontavam para níveis de satisfação com a vida de uma forma geral elevados, em particular nos rapazes e nos mais jovens (Currie et. al., 2000; Goldbeck, 2007; Matos et. al., 2012). Os resultados por nós deparados refletem exatamente a mesma realidade. Por outro lado registámos, também, níveis superiores de satisfação com a vida nos meios litorais e urbano. Na falta de estudos que nos permitam a comparação e discussão de resultados, afirmamos que as diferenças registadas no nosso trabalho se ficarão a dever às distinções entre meios no que diz respeito aos processos de modernização, ou seja, os níveis mais elevados de satisfação com a vida característica dos meios litorais e urbanos poderão estar relacionados com o facto de estes meios serem mais urbanizados, industrializados, infraestruturados, demograficamente dinâmicos e socioeconomicamente mais desenvolvidos. 79 VI. Conclusões e Sugestões VI. Conclusões e sugestões "O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano…” James M. Barrie Chegados à reta final deste trabalho, procuraremos, agora, plasmar as principais conclusões resultantes das diversas investigações realizadas e, na sequência destas, formalizar algumas sugestões. Assim, e no que diz respeito aos diagnósticos realizados, foi-nos possível deduzir que, de uma forma geral, os jovens integrantes na nossa amostra registavam reduzidos níveis de prática desportiva regular (apenas, aproximadamente de 1/3 dos jovens praticavam desporto com regularidade) e que estes baixos níveis eram mais significativos nos jovens do sexo feminino e nos mais velhos. Estes resultados apontam, claramente, para a necessidade urgente de implementação de estratégias quer a nível da família e quer na escola, diferenciadas por sexo e idade, no sentido de apoiar os jovens na escolha de estilos de vida mais saudáveis, nomeadamente, a aquisição de um estilo de vida mais ativo. Relativamente ao consumo de tabaco e de álcool, concluímos que existiam consumos (aproximadamente 1 regulares em cada e esporádicos 10 jovens não negligenciáveis consumia regular ou esporadicamente). Estes consumos eram idênticos entre os sexos e aumentavam exponencialmente com a idade. Neste contexto e tendo em conta o aumento exponencial de consumo com a idade, cremos ser imprescindível e iminente que as leis antitabágicas (que impedem o consumo de tabaco por menores de 16 anos) e de consumo de bebidas alcoólicas (que impedem o consumo de álcool por menores de 16 anos), sejam efetivamente cumpridas e alvo de vigilância. A aplicação destas leis protege os não consumidores e ajuda os já consumidores que querem reduzir ou deixar de consumir. Por outro lado, estes dados vêm reforçar a relevância de dirigir programas e ações de prevenção do tabagismo e alcoolismo, especificamente para os 83 VI. Conclusões e sugestões jovens, os quais devem informar sobre o impacto negativo do tabaco e do álcool na saúde e sobre as vantagens de não experimentar fumar e consumir bebidas alcoólicas ou de decidir não fumar e não ingerir álcool. Por fim, e relativamente à satisfação com a vida, inferimos a existência de elevados níveis, em particular, nos jovens do sexo masculino e nos mais novos. Ao relacionarmos a prática desportiva com o consumo de tabaco e álcool, depreendemos que o consumo de tabaco era muito semelhante para os três níveis de prática desportiva e que os maiores consumos de álcool verificavam-se nos jovens com maior índice de prática desportiva. Estes dados sugerem que poder-se-á não se estar a aproveitar todo o potencial do desporto na sua dimensão de promoção de comportamentos de proteção para a saúde e de estilos de vida saudáveis. Importa, pois, consciencializar todos os profissionais da Educação Física e os treinadores para a utilização, contínua e correta, desta “ferramenta”, a prática desportiva, para a escolha de hábitos e estilos de vida saudáveis. Assim, parece-nos fundamental a inclusão destas temáticas na formação inicial e contínua dos professores, em geral, e dos professores de educação física, em particular, dos monitores, dos treinadores e dos dirigentes desportivos, de modo a que se desenvolva o desporto, enquanto promotor de estilos de vida saudáveis. Os jovens com maior prática desportiva foram os que apresentavam maior grau de satisfação com a vida, levando-nos a pensar que a prática desportiva possa ser um excelente meio para o incremento dos níveis de satisfação com a vida dos adolescentes, pelo que a promoção desta deve ser uma prioridade para todos aqueles que contactam, diariamente, com os adolescentes. Assim, associar estilos de vida saudáveis ao aumento da satisfação com a vida poderá ser um passo fulcral na propagação desses mesmos estilos de vida. Ao analisarmos os dados em função da tipologia de escola frequentada, concluímos que os resultados obtidos nos alunos das escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico eram ligeiramente melhores, ainda que 84 VI. Conclusões e sugestões com poucas diferenças estatisticamente significativas, que os obtidos nos alunos das Escolas Secundárias com 3º Ciclo do Ensino Básico, isto é, de uma forma geral os alunos das Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico apresentavam maiores níveis de prática desportiva regular, menores consumos de tabaco e de álcool regulares e índices mais elevados de satisfação com a vida. Por outro lado, deduzimos que existem disparidades nos resultados obtidos em função dos sexos e dos escalões etários. No que diz respeito aos sexos, percebemos que pareceram ser as raparigas as mais “influenciadas” pela tipologia de escola, pois em todas as variáveis apresentaram dissemelhanças estatisticamente mais fortes que os rapazes. Relativamente às idades, não tendo sido encontrado um único escalão etário mais influenciado pela tipologia de escola, concluímos que os jovens mais velhos apresentam desigualdades estatisticamente mais relevantes nas variáveis Prática Desportiva e Satisfação com a Vida, os jovens do escalão etário intermédio no consumo de tabaco e os jovens mais novos na ingestão de álcool. Assim, e conscientes que mais estudos serão necessários, no sentido de confirmar os resultados aqui encontrados, crentes que o relacionamento interpares desempenha um marcante papel na aquisição de comportamentos de risco ou de proteção da saúde e nos níveis de Satisfação com a Vida dos jovens, e cientes da necessidade de rentabilização e racionalização de recursos na área da educação, pensámos ser fundamental reforçar os programas de promoção da saúde em contexto escolar existentes, como o Programa Nacional de Saúde Escolar (Ministério da Saúde, 2006), bem como a real adequação destes aos diferentes sexos e idades. Para além disso, considerámos essencial o “aproveitamento” desse, cada vez maior, convívio entre jovens e adolescentes de diferentes escalões etários, através da formação interpares que, apesar dos resultados positivos que vem apresentando em termos de investigação científica e de ser referido como 85 VI. Conclusões e sugestões metodologia prioritária a par das de intervenção ativa-participativa no Programa Nacional de Saúde Escolar (Ministério da Saúde, 2006), é, ainda hoje, muito pouco usual no contexto das escolas portuguesas em todos os graus e ciclos de ensino. Por outro lado, urgem mais medidas e projetos ao nível das escolas que não só apoiem os jovens na eleição de estilos de vida mais saudáveis, nomeadamente, mais ativos, como também zelem pelo efetivo cumprimento das leis antitabágicas (que impedem o consumo de tabaco por menores de 16 anos) e de consumo de bebidas alcoólicas (que impedem o consumo de álcool por menores de 16 anos), em âmbito escolar, tendo em conta que estas protegem os não consumidores, ajudam os já consumidores que pretendem reduzir ou deixar de consumir, valorizam a missão educativa e dignificam as escolas. Ao analisarmos os resultados em função da área de residência (litoral/interior e rural/urbano), confirmámos que não existia influência, significativa, destes, nos níveis de prática desportiva dos jovens que fazem parte da nossa amostra. No entanto, e no que se refere ao consumo de tabaco e álcool, as áreas de residência pareceram ter influência nos níveis de consumo. Assim, concluímos que existiam consumos superiores de tabaco nos meios de residência interior e urbano e consumos superiores de álcool nos meios de residência interior e rural. No que diz respeito à satisfação com a vida, constatámos existirem níveis superiores nos meios litoral e urbano. Por outro lado, verificámos existirem diferenças nos resultados obtidos em função dos sexos e dos escalões etários. No que concerne aos sexos, observámos que, independentemente dos meios, os rapazes apresentavam níveis bastante superiores de prática desportiva, consumos de tabaco ligeiramente superiores e de álcool muito superiores e níveis de satisfação com a vida superiores, quando comparados com as raparigas. Saliente-se, no entanto, que no meio litoral 86 VI. Conclusões e sugestões as raparigas revelaram consumos de tabaco superiores aos dos rapazes. Por outro lado, parecem ser, também, estes, os rapazes, os mais “influenciados” pelos meios de residência, dado que patentearam diferenças estatisticamente mais fortes que as raparigas na generalidade das variáveis em estudo. Relativamente às idades, concluímos que, independentemente dos meios de residência, os níveis de prática desportiva e de satisfação com a vida diminuíam com a idade, enquanto que os consumos regulares de tabaco e álcool aumentavam muito significativamente. Por outro lado, e na ausência de registo de um escalão etário mais influenciado pelo meio de residência, aferimos que a influência da idade é transversal a estes. Neste contexto, apesar das limitações do nosso estudo e da necessidade de mais pesquisas que corroborem ou não os resultados aqui encontrados, cremos que o meio físico de residência, não sendo com certeza o único fator, nem o mais importante, poderá afetar crucialmente a adoção de comportamentos protetores ou de risco para a saúde, podendo-se assim falar da existência de meios mais ou menos protetores da saúde dos jovens e adolescentes. Assim, cientes dos custos financeiros da prevenção, mas crentes de que este é o melhor trilho de promoção da saúde, pensámos ser fundamental reforçar os programas desta área já existentes em Portugal, como o Plano Nacional de Saúde 2012-2016 ou o Programa Nacional de Saúde Escolar mais direcionado para os jovens e adolescentes, bem como a real adequação destes aos diferentes sexos, idades, particularidades e especificidades regionais. Por fim, julgamos que o desenvolvimento e aplicação de programas de promoção da saúde deverão estar assentes em resultados de investigações realizadas em cada realidade e não nos dados médios nacionais, de forma a ajustarem-se às diferentes especificidades existentes no país, adequando, assim, a intervenção à realidade local. 87 VII. Reflexões Finais VII. Reflexões Finais A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente. Soren Kierkegaard Se verdade é que só se pode viver perspetivando o futuro, não é menos verdade que esta visão só pode ser alcançada, olhando e compreendendo o passado, enquanto base de sustentação dos projetos e ambições futuras. O que fica, então, do olhar para o passado? Fica, simplesmente, uma enorme, magnífica e tranquilizante certeza de que “os sonhos podem mesmo ser realizados”. Se como nos diz Ortega y Gasset “Nós somos nós e as nossas circunstâncias”, na sua obra publicada em 1937, La rebelión de las masas, as minhas circunstâncias foram permanentes desafios, mas também estímulos à concretização de um sonho. O projeto, que agora se aproxima do fim, nasceu em 2007 e, paralelamente ao seu processo, muitas foram as, chamemos-lhes atividades, pessoais, profissionais e académicas, desenvolvidas. A nível pessoal, mais íntimo, a família principalmente, seguida dos amigos e dos colegas foram o “porto de abrigo”, ao longo de todo este trajeto, mas também, e simultaneamente, promotores de mais e até novos reptos. Em seis anos, fui filho, fui marido, fui pai, fui amigo, fui colega…esquecendo muitas vezes de ser eu próprio…e, muitas vezes, gorando as minhas expectativas pessoais em cada um dos “papéis” desempenhados. Assim, e a nível profissional, foram seis anos de intenso trabalho, repletos de desafios. Enquanto Professor de Educação Física, lecionei em duas escolas diferentes, uma das quais, onde estive durante 3 anos, a 94 quilómetros da residência, fazendo quase 200 quilómetros e gastando 2 horas, por dia, em deslocações, reduzindo, em muito, o tempo disponível para quaisquer outras facetas pessoais, profissionais ou académicas. Desempenhei, simultaneamente, 91 VII. Reflexões Finais cargos de Diretor de Turma, Coordenador do Desporto Escolar, co-responsável pelos Cursos de Educação e Formação, Mediador Educativo…acumulando horas de trabalho e dedicação, muito para além das, por lei e humanamente, exigidas que se converteram em competência, experiência profissional e conhecimento que me conduziram, no início do ano letivo 2013-2014 à nomeação para o cargo de Adjunto do Diretor no Agrupamento de Escolas N.º2 de Rio Tinto. Em paralelo, nos poucos tempos livres, aglomerei, ao longo destes seis anos, funções de Professor de Natação e de Supervisor e Coordenador TécnicoPedagógico em Piscinas do Município de Gondomar, contributo importante e significativo para o desenvolvimento de competências profissionais, pessoais, sociais e interpessoais. Ao nível académico, um projeto de investigação, não se esgota no trabalho aqui e agora apresentado. Na verdade, ao longo deste processo, muitas foram as atividades e os projetos paralelos que complementaram e acompanharam esta labuta. Exemplo disso foi o instrumento de recolha de dados utilizado em todas as investigações constantes no presente trabalho, o “Inventário de Comportamentos Relacionados com a Saúde dos Adolescentes” desenvolvido por Corte-Real, Balaguer e Fonseca em 2004. Esta ferramenta, resultante da Tese de Doutoramento do Professor Doutor Nuno Corte-Real (Corte-Real, 2006) enquadrada no projeto do Gabinete de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, de estudo da matriz de relações existentes entre o envolvimento em atividades de natureza física e desportiva e os outros comportamentos relacionados com os estilos de vida saudáveis e não saudáveis, permitiu recolher um elevado número de informações sobre os adolescentes, os seus comportamentos de risco e protetores da saúde. Não obstante, e apesar de cumprir os objetivos a que se propunha, no que dizia respeito à recolha dos dados, apresentava algumas limitações ao nível da logística necessária, nomeadamente, relativamente ao papel despendido, ao 92 VII. Reflexões Finais tempo necessário para o preenchimento, para leitura ótica e posterior correção da mesma, etc., inviabilizando, por vezes, a colaboração das escolas, impossibilitando, assim, a realização de estudos longitudinais. Havia, pois, que otimizar as condições de aplicação do “Inventário de Comportamentos Relacionados com a Saúde dos Adolescentes”, aliviando a carga logística necessária e tornando-o num recurso mais aprazível às escolas. Foi neste sentido que se procedeu ao desenvolvimento do “Inventário de Comportamentos Relacionados com a Saúde dos Adolescentes – versão online”. Esta ferramenta, disponibilizada online, veio permitir um acesso imediato, por parte das escolas, ao diagnóstico e desta forma a possibilidade de ajustarem as suas intervenções aos resultados encontrados. Por outro lado, os dados recolhidos ficaram automaticamente disponíveis numa base de dados, encurtando o tempo empregue entre o preenchimento, por parte dos alunos, e a receção dos dados pela escola. Assim, o “Inventário de Comportamentos relacionados com a Saúde dos Adolescentes – versão online” é constituído por um total de 113 questões (87 fechadas e 26 abertas), agrupadas em 11 secções e 9 subsecções e encontrase disponível em https://spreadsheets.google.com/viewform?formkey= dEFHZHRqbkU0clR0d09yaUFkd1lCMmc6MA, podendo, também, ser acedido a partir do sítio da internet, criado para o Projeto “Estilos de Vida: conhecer para Intervir” (https://sites.google.com/site/labpsicfadeup/home), iniciado em 2009 pelo Gabinete de Psicologia do Desporto da Universidade do Porto. Este instrumento de recolha de dados encontra-se validado pelo Sistema de Monitorização de Inquéritos em Meio Escolar, com o número 0038600001. Para além disso, e ainda no âmbito académico, ao longo do projeto, foram dinamizadas outras atividades com o objetivo de dar a conhecer à comunidade o trabalho desenvolvido, nomeadamente, através da participação em Seminários, Colóquios, Conferências e outros eventos científicos entre os quais se destaca a apresentação de comunicações no 1º Congresso de Saúde e Comportamentos dos Países de Língua Portuguesa, I International Conference 93 VII. Reflexões Finais on Smoking Prevention and Treatment e Seminários Internacionais de Psicologia do Desporto: dos estilos de vida ao bem-estar. Fazendo uma retrospetiva, analisando todos os desafios e obstáculos, reitero que permanece um enorme, magnífico e tranquilizante sentimento de que “os sonhos podem mesmo ser realizados”. 94 VIII. Bibliografia VIII. Bibliografia Albuquerque I. & Lima, M. (2007). Personalidade e bem-estar subjectivo: uma abordagem com projectos pessoais. Consult. 26 abril 2009, disponível em www.psicologia.pt/artigos/textos/A0373.pdf Alegria, E. (2004). Litoral/Interior: clivagem com sentido? Variações populacionais intercensitárias nas últimas duas décadas. II Congresso Português de Demografia. Consult. 17 junho 2011, disponível em http:// www.apdemografia.pt/pdf_congresso/6 Alves, R. (2008). O Bem-Estar Subjetivo e a Prática Desportiva em Adolescentes da Região Autónoma da Madeira. Porto. Dissertação apresentada às provas de doutoramento em Ciências do Desporto. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Antunes, C., Sousa, M., Carvalho, A., Costa, M., Raimundo, F., Lemos, E., Cardoso, F., … Andrade, A. (2006). Autoestima e comportamentos de saúde e de risco no adolescente: efeitos diferenciais em alunos do 7º ao 10º ano. Psicologia, Saúde & Doenças, 7(1), 117-123. Arah, O., Westert, G., Hurst, J. & Klazinga, N. (2006). A conceptual framework for the OECD: Health Care Quality Indicators Project. International Journal for Quality in Health Care, 18, 5-13. Assembleia da República (1986). Lei de Bases do Sistema Educativo – Lei 46/86 de 14 de outubro. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda. Balaguer, I., & Castillo, I. (2002). Actividad física, ejercicio físico y deporte en la adolescência temprana. In Balaguer, I. (Ed) Estilos de vida en la Adolescência (pp.37-64). Valência: Ed. Promolibro. Baptista, I, Tomé, J., Matos, M., Gaspar, T. & Cruz, J. (2009). A Escola. In M. Matos e D. Sampaio (eds), Jovens com Saúde – Diálogo com uma geração (pp 197-214). Lisboa: Texto Editora. 97 VIII. Bibliografia Bjornskov, C., Dreher, A. & Fischer, J. (2005). Cross-Country Determinants of Life Satisfaction: Exploring Different Determinants across Groups in Society. Department of Economics - University of St. Gallen, Discussion paper no. 200519. Bradley, R. & Corwyn, R. (2004). Life satisfaction among European American, African American, Chinese American, Mexican American, and Dominican American adolescents. International Journal of Behavioral Development, 28(5), 385-400. Camacho, I (2009). A Família. In M. Matos e D. Sampaio (eds), Jovens com Saúde – Diálogo com uma geração (pp 183-196). Lisboa: Texto Editora. Cavill, N., Kahlmeier, S., & Racioppi, F. (2006). Physical activity and health in Europe: evidence for action. Denmark: World Health Organization. CDC (1999a). Physical Activity and Health - Older Adults: a Report of the Surgeon General. Consult. 26 Abril 2009, disponível em http://www.cdc.gov/NCCDPHP/SGR/pdf/olderad.pdf CDC (1999b). Physical Activity and Health - Adolescents and Young Adults: a Report of the Surgeon General. Consult. 26 Abril 2009, disponível em http://www.cdc.gov/NCCDPHP/SGR/pdf/adoles .pdf CDC (1999c). Physical Activity and Health - Adults: a Report of the Surgeon General. Consult. 26 Abril 2009, disponível em http://www.cdc.gov/NCCDPHP/SGR/pdf/adults.pdf Conselho da Europa (1995). The significance of sport for society – Health, socialisation, economy. Committee for the Development of Sport (CDDS). Holanda. Corte-Real, N. (2006). Desporto, saúde e Estilos de Vida: diferentes olhares, objetivos e subjetivos, sobre os comportamentos dos adolescentes. Dissertação apresentada às provas de doutoramento em Ciências do Desporto. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. 98 VIII. Bibliografia Corte-Real, N., Balaguer, I., & Fonseca, A. (2004). Inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes. Gabinete de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (documento não publicado). Corte-Real, N., Balaguer, I., Dias, C., Corredeira, R. & Fonseca, A. (2008). Atividade física, prática desportiva, consumo de alimentos, de tabaco e de álcool dos adolescentes portugueses. Saúde dos adolescentes, 26(2), 17-25. Coutinho, J., Morais, C., Salgadinho, M. & Marques, J. (1995). Horizontes da bebida e do beber. Porto: Rocha artes gráficas Lda.. Coutinho, M, Marquês, M. & Soares, J. (2001). Desigualdades regionais em Portugal Continental: uma análise estatística multivariada. Investigação Operacional, 21(2), 139-152. Cumsille, P,, Sayer, A. & Graham, J. (2000). Perceived Exposure to Peer and Adult Drinking as Predictors of Growthin Positive Alcohol Expectancies During Adolescence. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 68(3), 531-536. Currie, C, Gabhainn, S, Godeau, E., Roberts, C., Smith, R., Currie, D., Picket, W., Richter, M., Morgan, A. & Barnekow, V. (2008). Inequalities in young people’s health – HBSC International Report from the 2005/2006 survey -. Copenhagen: World Health Organization. Currie, C, Hurrelmann, K., Settertobulte, W, Smith, R. & Todd, J. (2000). Health and Health Behaviour among Young People - Health Behaviour in School-aged Children: a WHO Cross-National Study (HBSC) International Report. Copenhagen: World Health Organization. Diener, E., Emmons, R., Larsen, R. & Griffin, S. (1985). The Satisfaction With Life Scale, Journal of Personality Assessment, 49(1), 71-75. Diener, E. & Diener, C. (1996). Most people are happy. Psychological Science, 7(3), 181-185. 99 VIII. Bibliografia Diener, E. (1994). Assessing subjective well-being: Progress and opportunities. Social Indicators Research, 31, 103-157. Diener, E. (2000). Subjetive well-being – The Science of Happiness and a Proposal for Nation Index. American Psychologist, 55(1), 34-43. Diener, E., Oishi, S., & Lucas, R. E. (2003). Personality, culture, and subjective well-being: Emotional and cognitive evaluations of life. Annual Review of Psychology, 54, 403-425. Diener, E., Sapyta, J. J., & Suh, E. (1998). Subjective well-being is essential to well-being. Psychological Inquiry, 9, 33-37. Diener, E., Scollon, C., Oiahi, S., Dzokotom, V. & Suh, E. (2000). Positivity And The Construction Of Life Satisfaction Judgments: Global Happiness Is Not The Sum Of Its Parts. Journal of Happiness Studies, 1, 159-176. Diener, E., Suh, E. M., Lucas, R. E., & Smith, H. L. (1999). Subjective wellbeing: Three decades of progress. Psychological Bulletin, 125, 276-302. Ferrão, J. (2002). Portugal, três geografias em recombinação - Espacialidades, mapas cognitivos e identidades territoriais. Lusotopie, 2, 151-158. Figueiras, T., Santana, P., Corte-Real, N., Dias, C., Brustad, R. & Fonseca A. (2010). Análise da estrutura factorial e da invariância da versão portuguesa da Satisfaction With Life Scale (SWLS) quando aplicada a adultos de ambos os sexos. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto 10(3), 11-30. Fonseca, A. (1995). Versão portuguesa da Satisfaction with Life Scale (SWLS). Manuscrito não publicado. FCDEF, Universidade do Porto. Fraga, S., Ramos, E. & Barros, H. (2006). Uso de tabaco por estudantes adolescentes portugueses e fatores associados. Revista Saúde Pública, 40(4), 620-626. Fraga, S., Sousa, S, Santos, A., Mello, M., Lunet, N., Padrão, P. & Barros, H. (2005). Tabagismo em Portugal. Arquivos de Medicina, 19(5-6), 207-229. 100 VIII. Bibliografia Fujita, F. & Diener, E. (2005). Life Satisfaction Set Point: Stability and Change. Journal of Personality and Social Psychology, 88 (1), 158-164. Galinha, I. & Pais Ribeiro, J. (2005). História e Evolução do Conceito de BemEstar Subjectivo. Psicologia, Saúde & Doenças, 6(2), 203-214 Gardner, M. & Steinberg, L. (2005). Peer Influence on Risk Taking, Risk Preference, and Risky Decision Making in Adolescence and Adulthood: An Experimental Study. Developmental Psychology, 41(4), 625-635. Gilman, R., & Huebner, E. (2006). Characteristics of Adolescents Who Report Very High Life Satisfaction. Journal of Youth and Adolescence, 35(3), 311-319. Goldbeck, L., Schmitz, T., Besi, T., Herschbach, P., & Henrich, G. (2007). Life satisfaction decrease during adolescence. Quality of Life Research, 16(6), 969979. Huebner, E. (2004). Research on assessment of life satisfaction of Children and adolescents. Social Indicators Research, 66, 3-33. INE - Instituto Nacional de Estatística (2009a). Área Predominantemente Urbana. Consult. 17 Junho 2011, disponível em http://metaweb.ine.pt/sim/ conceitos/Detalhe.aspx?ID=PT&cnc_cod=1070&cnc_ini=17-12-2009 INE - Instituto Nacional de Estatística (2009b). Área Mediamente Urbana. Consult. 17 Junho 2011, disponível em http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/ Detalhe.aspx?ID=PT&cnc_cod=1089&cnc_ini=17-12-2009 INE - Instituto Nacional de Estatística (2009c). Área Predominantemente Rural. Consult. 17 Junho 2011, disponível em http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/ Detalhe.aspx?ID=PT&cnc_cod=1084&cnc_ini=17-12-2009 Inglehart, R. (2002). Gender, Aging, and Subjetive Well-Being. International Journal of Comparative Sociology, 43(3-5), 391-408. Institute of Alcohol Studies (2008). Alcohol and Health. St Ives: Institute of Alcohol Studies. 101 VIII. Bibliografia Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica (Sd). Programa Nacional Leader +: Definição e caracterização da zona abrangida. Jaccard, J. & Blanton, H. (2005). Peer Influences on Risk Behavior: An Analysis of the Effects of a Close Friend. Developmental Psychology, 41(1), 135-147. Janssen I. & Leblanc A. (2010) Systematic Review of the Health Benefits of Physical Activity in School-Aged Children and Youth. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 7 (40). Lewinsohn, P., Redner, J., & Seeley, J. (1991). The relationship between life satisfaction and psychosocial variables: New perspetives. In F. Strack, M. Argyle, & N. Schwartz (Eds.), Subjetive well being, (pp.141-169). Oxford: Pergamon Press. Lopes, V, Maia, J., Oliveira, M., Seabra, A., & Garganta, R. (2003). Caracterização da atividade física habitual em adolescentes de ambos os sexos através de acelerometria e pedometria caracterização da atividade física habitual em adolescentes de ambos os sexos através de acelerometria e pedometria. Revista Paulista de Educação Física, 17(1), 51-63. Marshall, L., Schooley, M., Ryan, H., Cox, P., Easton, A., Healton, C., Jackson, K., Davis, K. & Homsi, G. (2006). Youth Tobacco Surveillance — United States, 2001–2002 - Morbidity and Mortality Weekly Report. Atlanta: Department of health and human services - Centers for Disease Control and Prevention. Matos, M., Gaspar, T., Vitória, P. & Clemente, M. (2003b) Comportamentos e atitudes sobre o tabaco em adolescentes portugueses fumadores. Psicologia, Saúde & Doenças, 4(2), 205-219. Matos, M. & Equipa do Projeto Aventura Social & Saúde (1998). A saúde dos adolescentes portugueses. Lisboa: Edições FMH. Matos, M. & Equipa do Projeto Aventura Social & Saúde (2003a). A saúde dos adolescentes portugueses (Quatro anos depois). Lisboa: Edições FMH. 102 VIII. Bibliografia Matos, M. & Equipa do Projeto Aventura Social & Saúde (2006). A saúde dos adolescentes portugueses hoje e em 8 anos: relatório preliminar do estudo HBSC 2006. Lisboa: Edições FMH. Matos, M. & Equipa do Projeto Aventura Social & Saúde (2012). A saúde dos adolescentes portugueses: relatório do estudo HBSC 2010. Lisboa: Edições FMH. Matos, M., Carvalhosa, S. & Diniz, J. (2002). Fatores associados à prática da atividade física nos adolescentes portugueses. Análise Psicológica, 1(20), 5766. Mendes, V. & Lopes, P. (2007). Hábitos de consumo de álcool em adolescentes. Revista Toxicodependência, 13(2), 25-40. Ministério da Educação (2006). Despacho n.º 25995/2005 (2ª série). Consult. 10 Janeiro 2007, disponível em http://www.dgidc.min-edu.pt/Educacao Sexual/Desp_nov1.pdf Ministério da saúde (2006). Programa Nacional de saúde Escolar. Consult. 11 Março 2007, disponível em http://www. min-saude.pt/NR/rdonlyres/4612A60274B9-435E-B720-0DF22F70D36C/0/ProgramaNacionaldeSa%C3%BAde Escolar.PDf Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente (2002). DecretoLei n.º 44/2002 de 5 de novembro. Diário da República, Série I-A, n.º255. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda. Morais, C. (1999). Consumo de álcool e suas repercussões na Saúde Pública. In Fundação da Juventude. Seminário Beber para esquecer ou beber para (sobre)viver – duas faces possíveis da mesma juventude, 33-43. Porto: Fundação da Juventude. Moreira, R. (1999). A adolescência e as bebidas alcoólicas. In Fundação da Juventude. Seminário Beber para esquecer ou beber para (sobre)viver – duas faces possíveis da mesma juventude, 51-57. Porto: Fundação da Juventude. 103 VIII. Bibliografia Mota, J. & Sallis, J. (2002). Atividade Física e saúde: fatores de influência da atividade física nas crianças e adolescentes. Porto: Campo das Letras. Mota, J. & Silva, G. (1999). Association with sócio-economic status anda parental participation among a portuguese sample. Sport, Education na Society 4(2), 193-199. Navarro, F. (1999). Educar para a saúde ou para a Vida? Conceitos e fundamentos para novas práticas. In Precioso, J., Viseu, F., Dourado, L., Vilaça, M., Henriques, R., Lacerda, T. (Org.). Educação para a saúde, 13-2. Braga: Departamento de Metodologias da Educação. Universidade do Minho. Ogden, J. (2004). Psicologia da saúde. Lisboa: Climepsi Editores. Pais Ribeiro, J. (1998). Psicologia e Saúde. Lisboa: Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Pais Ribeiro, J. (2005). Introdução à Psicologia da saúde. Coimbra: Editora Quarteto. Pate, R., Trost, S., Levin, S. & Dowda, M, (2000). Sports participation and health-related behaviours among US youth. Archives of Pediatrics and Adolescent Medicin, 154(9), 904-911. Paupério T., Corte-Real, N., Dias, C., Corredeira, R. & Fonseca, A. (2008). Prática Desportiva, consumo de tabaco e saúde percebida….que relação? Um estudo realizado em adolescentes do 3º Ciclo do Ensino Básico. Boletim da Sociedade Portuguesa de Educação Física, 33, 11-22. Pavot, W., & Diener, E. (1993). Review of the Satisfaction With Life Scale. Psychological Assessment, 5(2), 164-172. Perkins, D., Jacobs, J., Barber, B., & Eccles, J (2004). Adolescents and Sport Participation Chidhood the Predictor of Participation in Sport and Physical Fitness Activities during young adulthood. Youth & Society, 35, 495-520. 104 VIII. Bibliografia Pestana, C (2003). Comportamentos de saúde em jovens em idade escolar – nota introdutória. In Matos, M. e equipa do Projeto Aventura Social & saúde. A saúde dos adolescentes portugueses (Quatro anos depois). Lisboa: Edições FMH. Pettay, R. (2008). Health behaviors and life satisfaction in college students. Dissertation submitted to Phd degree of Philosophy. Kansas: Kansas State university. Philip Morris International (2006). História do Tabaco. Consult. 8 Fevereiro 2011, disponível em http://www.philipmorrisinternational.com/BR/pages/ por_BR/ourbus/History_tobacco.asp Presidência do Conselho de Ministros (1986). Resolução do Conselho de Ministros n.º34/86. Diário da República, série I, n.º102. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda. Presidência do Conselho de Ministros (2005). Programa do XVII Governo Constitucional. Consult. 20 Março 2007, disponível em http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/631A5B3F-5470-4AD7-AE0F-D832 4A3AF401/0/ProgramaGovernoXVII.pdf Presidência do Conselho de Ministros (2009). Deliberação n.º 2717/2009. Diário da República, Série II-C, n.º188. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda. Sampaio, D (1993). Vozes e ruídos – diálogos com adolescentes. Lisboa: Editorial Caminho. Sampaio, D (1994). Inventem-se novos pais. Lisboa: Editorial Caminho. Santana, P., Vaz, A. & Fachada, M. (2004). O Estado de saúde dos portugueses. Uma perspetiva espacial. Revista de Estudos Demográficos 36, 5-28. 105 VIII. Bibliografia Scheerder, J., Thomas, M., Vanreusel, B., Lefevre, J., Renson, R., Eynde B., & Beunen, G. (2006). Sport participation among females from adolescence to adulthood - A longitudinal study. For The International Review of Sport Sociology, 41(3-4), 413-430. Shafey, O., Eriksen, M., Ross, H. & Mackay, J. (2009). El atlas del tabaco tercera edición. Atlanta, Georgia: American Cancer Society. Sibley, B. & Etnier, J (2003). The relationship between physical activity and cognition in children: a meta-analysis. Pediatric Exercise Science, 15, 243-256 Simões, M. (2007). Comportamentos de Risco da Adolescência. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Sousa, L., & Lyubomirsky, S. (2001). Life satisfaction. In J. Worell (Ed.), Encylopedia of women and gender: Sex similarities and differences and the impact of society on gender. Academic Press, 2, 667-676. Sprinthall, N. & Collins, W. (2003). Psicologia do Adolescente, uma abordagem desenvolvimentista. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Strecht, P. (2005). Vontade de Ser - Textos sobre adolescência. Lisboa: Assírio & Alvim. Tomé, G (2009). Os amigos e o grupo. In M. Matos e D. Sampaio (eds), Jovens com Saúde – Diálogo com uma geração (pp 156-163). Lisboa: Texto Editora. United States Department of health & Human Services (2002). Physical Activity Fundamental To Preventing Disease. Consult. 26 Abril 2009, disponível em http://aspe.hhs.gov/health/reports/physicalactivity/physicalactivity.pdf Vinagre, M., & Lima, M (2006). Consumo se Álcool, Tabaco e Droga em Adolescentes: Experiências e Julgamentos de Risco. Psicologia, Saúde & Doenças, 7 (1), 73-81. Vitória, P., Raposo, C. e & Peixoto, F. (2000). A prevenção do tabagismo nas escolas. Conselho de Prevenção do Tabagismo. Psicologia, saúde & Doenças, 1(1), 45–51. 106 VIII. Bibliografia Weichold, K., & Silbereisen, R. (2005). Puberty. In C. Fisher, & R. Lerner (Eds.), Encyclopedia of applied developmental science. (pp. 894-899). Thousand Oaks, CA: SAGE Publications, Inc. Weiner I. (1995). Perturbações psicológicas na adolescência. Lisboa: Fundação Caloust Gulbenkian. WHO (1946). Constitution of the World Health Organizacion. Consult. 10 Janeiro 2008, disponível em http://www.searo.who.int/LinkFiles/About_SEARO _const.PDf WHO (2002). World Health Report: Reducing risks, Promoting Healthy Life. Geneva: World Health Organization. WHO (2004). The Millenium Development Goals and Tobacco Control [em linha]. Tobacco Control. WHO Tobacco Control Papers. Paper MDG2004. Consult. 7 Outubro 2008, disponível em http://repositories.cdlib.org/tc/whotcp/ MDG2004 WHO (2008). The global burden of disease: 2004 update. Geneva: World Health Organization. WHO (2009a). Global health risks: mortality and burden of disease attributable to selected major risks. Geneva: World Health Organization. WHO (2009b). Physical Activity and Older Adults. Consult. 26 Abril 2009, disponível em http://www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_olderadults/en/ print.html WHO (2009c). Benefits of Physical Activity. Consult. 26 Abril 2009, disponível em http://www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_benefits/en/print.html WHO (2009d). Physical Activity and Young People. Consult. 26 Abril 2009, disponível em http://www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_young_people /en/print.html 107 VIII. Bibliografia Youngblade, L. & Curry, L. (2006). The People They Know: Links Between Interpersonal Contexts and Adolescent Risky and Health-Promoting Behavior. Applied Developmental Science 10 (2), 96-106 108 IX. Anexos Anexo 1 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo III Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2012): Sport, substance use and satisfaction with life: what relationship? A study in adolescents attending the 3rd cycle of Basic Education in Portugal. European Journal of Sport Science, 12(1), 73-80. This article was downloaded by: [Tiago Paupério] On: 16 May 2012, At: 07:38 Publisher: Taylor & Francis Informa Ltd Registered in England and Wales Registered Number: 1072954 Registered office: Mortimer House, 37-41 Mortimer Street, London W1T 3JH, UK European Journal of Sport Science Publication details, including instructions for authors and subscription information: http://www.tandfonline.com/loi/tejs20 Sport, substance use and satisfaction with life: What relationship? a a a Tiago Paupério , Nuno Corte-Real , Claudia Dias & António Fonseca a a Faculty of Sport, University of Porto, Laboratory of Sport Psychology, Rua Dr. Plácido Costa, 91, Porto, 4200-450, Porto, Portugal Available online: 08 Sep 2011 To cite this article: Tiago Paupério, Nuno Corte-Real, Claudia Dias & António Fonseca (2012): Sport, substance use and satisfaction with life: What relationship?, European Journal of Sport Science, 12:1, 73-80 To link to this article: http://dx.doi.org/10.1080/17461391.2010.545836 PLEASE SCROLL DOWN FOR ARTICLE Full terms and conditions of use: http://www.tandfonline.com/page/terms-and-conditions This article may be used for research, teaching, and private study purposes. Any substantial or systematic reproduction, redistribution, reselling, loan, sub-licensing, systematic supply, or distribution in any form to anyone is expressly forbidden. The publisher does not give any warranty express or implied or make any representation that the contents will be complete or accurate or up to date. The accuracy of any instructions, formulae, and drug doses should be independently verified with primary sources. The publisher shall not be liable for any loss, actions, claims, proceedings, demand, or costs or damages whatsoever or howsoever caused arising directly or indirectly in connection with or arising out of the use of this material. European Journal of Sport Science, January 2012; 12(1): 7380 Sport, substance use and satisfaction with life: What relationship? TIAGO PAUPÉRIO, NUNO CORTE-REAL, CLAUDIA DIAS, & ANTÓNIO FONSECA Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012 Faculty of Sport, University of Porto, Laboratory of Sport Psychology, Rua Dr. Plácido Costa, 91, Porto, 4200-450, Porto, Portugal Abstract Regular sports practice offers many benefits to health at any stage of human development and, particularly in adolescence, determines the gain from enduring habits of practice until adulthood (Lopes, Maia, Oliveira, Seabra, & Garganta, 2003; Perkins, Jacobs, Barber, & Eccles, 2004; Scheerder et al., 2006). Among these benefits, we can find prevention and control of risk behaviour such as consumption of tobacco and alcohol; and its contribution to healthy growth not only physical but also psychological (Cavill, Kahlmeier, & Racioppi, 2006). The main objectives of this study were: i) review, by gender and age, the level of sport, the consumption of tobacco and alcohol and the satisfaction with life of students of the third cycle of basic education who attend schools of Continental Portugal; ii) check the relationship between sport and other variables described in this population. The instruments used were the ‘‘Inventory of Health-related Behaviors of Adolescents’’ (Corte-Real, Balaguer, & Fonseca, 2004) and ‘‘Scale of Satisfaction with Life’’, translated and adapted version of the Satisfaction with Life ScaleSWLS (Diener, Emmons, Larsen, & Griffin, 1985). The sample consisted of 5,624 adolescents (53% female and 47% male) * aged between 12 and 17 years (X 14.33; s 1.359). The main results drawn were as follows: i) low levels of regular sports practice, especially in women, with a tendency to decrease with age; ii) consumption of tobacco significantly similar between genders, increasing with age; iii) significant alcohol consumption, especially in males, increasing with age; iv) consumption of tobacco very similar in the three levels of sports practice; v) high consumption of alcohol in young people with higher sports practice; vi) young people with higher sports practice had a higher degree of satisfaction with life. These results point clearly to the urgent need for measures at home and school, to support young people in the choice of a healthier lifestyle, including the acquisition of a more active lifestyle. The results also suggest that the full potential of sport, to promote behaviour which protects health and healthy lifestyles, might not always be used, so it is crucial for all physical education professionals and coaches to use, continuously and correctly, this "tool", the sports practice, to promote healthy habits and lifestyles. Keywords: Adolescence, sport, tobacco, alcohol, satisfaction with life Introduction Sports Sports practice, understood as ‘‘all forms of physical activity which, through casual or organised participation, aim at expressing or improving physical fitness and mental well-being and forming social relationships, or obtaining results in competition at all levels’’ (Council of Europe, 1995), has, in recent decades, maintained a position of prominence in the context of healthy lifestyles and health promotion. In this context, the health benefits of regular and continuous sports practice have been fully documented and scientifically proven. In young people the evidence shows that regular sports practice promotes a healthy growth in physical and psychological terms. In physical terms it contributes to the creation and maintenance of healthy bones, muscles and joints, weight control, fat reduction and prevention of hypertension (Cavill et al., 2006; CDC, 1999). In addition, sport has an educational impact transmitting social values and preventing and controlling risk behaviours such as violence, consumption of tobacco or alcohol, addiction to other substances or adherence to unhealthy diets (Cavill et. al., 2006). The health-related behaviours, beyond the direct influence on the health-disease phenomenon, in the short term also have influence on future behaviour. Several studies have shown that past behaviour is the main indicator of future behaviour (Ogden, 2004) so Correspondence: T. Paupério, Faculty of Sport, University of Porto, Laboratory of Sport Psychology, Rua Dr., Plácido Costa, 91, Porto, 4200-450 Porto, Portugal. E-mail: [email protected] ISSN 1746-1391 print/ISSN 1536-7290 online # 2012 European College of Sport Science http://dx.doi.org/10.1080/17461391.2010.545836 Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012 74 T. Paupério et al. that youth and adolescence are key stages in health promotion and in the acquisition of protective health behaviours. Regarding sport, adolescence is a crucial phase in the acquisition of enduring habits of practice as they are developed during this time and remain until adulthood (Lopes et al., 2003, Perkins et al., 2004; Scheerder et al., 2006). However, despite the reported benefits associated with regular sport, results of several investigations point to an insufficient level of sport practice for young people in general, and young females in particular, and to a decrease of the same with age (CDC, 1999; Corte-Real, Balaguer, Dias, Corredeira, & Fonseca, 2008, Currie, Hurrelmann, Settertobulte, Smith, & Todd, 2000; Matos & Projecto Aventura Social & Saúde, 2006; Mota & Sallis, 2002). As stated above, one of the main benefits of regular sport is that it seems to prevent and control high-risk behaviour, including, by their specificity, relevance and easy accessibility, the use of tobacco and alcohol. However, some studies have shown that these inputs (tobacco and alcohol consumption) may be similar or greater in young-athletes (Corte-Real, 2006; Paupério, Corte-Real, Dias, Corredeira, & Fonseca, 2008). Consumption of tobacco The consumption of tobacco is the leading cause of preventable death and disease. It is responsible for 4.9 million deaths recorded each year in developed countries (WHO, 2004). Among adolescents the act of smoking tobacco and tobacco itself have a negative connotation, including on young people who smoke (Matos, Gaspar, Vitória, & Clemente, 2003). However, despite the intensification, especially in recent years, of the campaigns for the prevention of tobacco consumption, and the production of laws that seek to reduce consumption and protect passive smokers; several investigations point to significant rates of consumption (similar in both genders) which significantly increase with age (Corte-Real et al., 2008; Currie et al., 2000; Matos & Projecto Aventura Social & Saúde, 2006; Vinagre & Lima, 2006). 3% of deaths worldwide-1.8 million (Institute of Alcohol Studies, 2008). However, as a legal product that can be produced and consumed freely, alcohol is still seen as a special type of consumer goods and not as a substance that can cause dependence (Morais, 1999). This liberalisation has, in adolescents, special importance because the consumption of alcohol is often a kind of ritual of transition which is almost mandatory. For adolescents, the first contact with alcohol is, in most cases, within the family and at home, however, the consumption becomes regular among groups of peers in meeting and entertainment places (Moreira, 1999). The consumption of alcohol, by adolescents, puts them not only in a position of risk of the emergence of the syndrome of addiction and clinical alcoholism but also mainly at risk of acute intoxication, traffic and work accidents, absenteeism and school failure, aggression, and disorders and higher exposure to consumption of other substances such as tobacco and drugs (Institute of Alcohol Studies, 2008; Moreira, 1999). Despite the risks, the consumption of alcohol among the adolescent population is significant. Various investigations point to higher consumption in young and older males (Corte-Real et al., 2008; Currie et al., 2000; Institute of Alcohol Studies, 2008; Matos & Projecto Aventura Social & Saúde, 2006). Therefore, going back to the benefits of regularly practising a sport, we can see that in addition to preventing and controlling risk behaviours such as tobacco and alcohol consumption, violence, addiction to other substances and adherence to unhealthy diets, it is also relevant in promoting a healthy physical and mental growth. Concerning healthy growth in physical terms, several investigations have shown that young people who regularly practise sport assess their health in a more positive opinion than young people with little or no sports practice (Balaguer & Castillo, 2002; Bañuelos, 1996; Corte-Real, 2006; Paupério et al., 2008). However, studies which report the benefits of regular sport in terms of healthy psychological growth, such as satisfaction with life, are scarce. Consumption of alcohol Another major risk behaviour for health is the consumption of alcohol. With roots in ancient civilizations, the consumption of alcohol is, at present, one of the most serious social problems worldwide. Today, in developed countries, alcohol consumption is one of the top 10 causes of disease and injury, accounting for about 9% of all health problems and Satisfaction with life Life satisfaction is one of the components (cognitive) of a more comprehensive construct, the subjective well-being (Diener, 2000), and can be understood as the evaluation that individuals make in regarding the quality of their lives based on their own criteria (Pavot & Diener, 1993). Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012 Relationships with sport Currently, satisfaction with life is seen as a key concept in research of ‘‘positive psychology’’ because it transcends momentary emotional fluctuations (Diener & Diener, 1996), is relatively free of conveniences (Diener, 1994) and may influence changes in behaviour (Lewinsohn, Redner, & Seeley, 1991). According to Veenhoven (as cited in Bradley & Corwyn, 2004), satisfaction with life emerges as basic needs are being met. Thus, in modern, individualistic societies where basic needs are guaranteed, for most people, satisfaction with life is associated with achievement of objectives. Studies in this field have proliferated and become of value for clarification of how individuals react to different circumstances in life. These reactions, which vary by gender and age (Inglehart, 2002) and by demographic, institutional, social, cultural, political and economic environments (Bjornskov, Dreher, & Fischer, 2005) influence the levels of satisfaction with life of each individual. Much of the research in this area has been performed in adults, however, there are reasons to believe that satisfaction with life becomes a psychological variable before adulthood, especially during adolescence, a phase associated with higher sensitivity, in which goals and ideals are constantly reassessed and reformulated and pathways altered in the light of various vicissitudes (Bradley & Corwyn, 2004). Several studies have associated high levels of satisfaction with life in adolescents with lower adoption of risk behaviours to health, with better academic performance, better intra and interpersonal relationships, lower levels of anxiety and depression and higher rates of hope and self control (Gilman & Huebner, 2006). The studies we have analysed show results which are somewhat contradictory to the above. Regarding genders, several studies point to higher levels of satisfaction with life in males (Currie et al., 2000; Matos & Projecto Aventura Social & Saúde, 2006). Different results found by Dew & Huebner, (1994), Huebner (1991), Huebner and Alderman (1993) and Huebner et al. (2000) (as cited in Huebner, 2004) concluded that there is no correlation between gender and levels of satisfaction with life, advocating that both genders show similar rates of satisfaction with life. Regarding age, the consensus seems to prevail. In the studies we consulted, young people have more positive values of satisfaction with life than older people (Currie et al., 2000; Goldbeck, Schmitz, Besi, Herschbach, & Henrich, 2007; Matos & Projecto Aventura Social & Saúde, 2006). Thus, remembering the central theme of this research, sports practice, in historical terms related 75 to healthy lifestyles, with high levels of health and satisfaction with life we will try perform a diagnosis of sports, consumption of tobacco, consumption of alcohol and satisfaction with life, and understand if the involvement or not in sport, influences, somehow, the consumption of tobacco and alcohol and satisfaction with life in adolescents. In this context, we aimed for this study to: i) review, by gender and age, the level of sport, the consumption of tobacco, alcohol consumption and satisfaction with life of students of the third cycle of basic education who attend schools in mainland Portugal; ii) check, in this population, the relationship between sport and other variables described. Methodology Sample The sample consisted of 5624 adolescents (53% female and 47% male), aged between 12 and 17 * 14.33; s 1.359), who attend the third years (X cycle of basic education in schools of Continental Portugal. The adolescents are grouped into three youth age groups: 12 to 13 years (30%), 14 to 15 years (50%) and 16 to 17 years (20%). Procedures The instrument used for data collection was the ‘‘Inventory of Health-related Behaviors of Adolescents’’ developed by Corte-Real et al. (2004) and the ‘‘Scale of Satisfaction with Life’’ translated and adapted version of ‘‘Satisfaction With Life Scale’’ (SWLS) of Diener et al. (1985). Data were collected between 2002 and 2008 in schools of Continental Portugal in which the investigation was approved by the Pedagogical Council and the Executive Board (35 schools), through the visit of an investigator of the Laboratory of Sport Psychology, Faculty of Sport University Porto who accompanied and supervised the implementation of the instrument of data collection. Students who participated in the investigation had authorisation from their guardian. In the data analysis descriptive statistics were used with the presentation of frequencies and percentages for nominal variables, and average and standard deviation for continuous variables. Chi-Square (study of distribution in nominal variables) and analysis of adjusted residuals (for location of significant values) were also used. The significance level considered was 0.05. Residual values set equal to or greater than 1.9 in each cell are displayed in bold in the tables. The study was approved by the Scientific Board of the Faculty of Sport of the University of Porto which 76 T. Paupério et al. is responsible for ensuring compliance with the Declaration of Helsinki on human studies and the Portuguese Ministry of Education. The completion of the questionnaire for young people was voluntary and was only performed after written consent from their guardian. Variables The variables analysed were: Sports Practice (SP), Tobacco Consumption (TC), Alcohol Consumption (AC) and Satisfaction With Life (SWL). For each of the variables, the constitution of groups was performed in accordance with Table I. Results Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012 Sports practice (SP) Starting our analysis by SP, we checked that in the overall sample more than a third of young people (38%) had a regular SP; that is to say, practised sport more than three times per week. Of the remainder, 36% had reduced SP and 26% sporadic or nonexistent SP. When analysing by gender, a statistically significant difference (x2 263,117, p B0.001) was found. Males have much higher levels of SP than females. In the analysis by age group, there was no statistically significant difference (x2 8,568, p 0.073), however, it was possible to observe a trend towards a decrease in SP with age (regular SP reducing from 39% in young people of 1213 years to 34% in the group aged 1617 years). Due to having found a statistically significant difference in gender analysis, a more detailed analysis by age group in each gender is justified (Table II). Thus, although no statistically significant difference has been found, as mentioned earlier, males showed a higher SP level than females and the SP level had a tendency to decrease with age. We also noted that the percentage of young people with no or low SP increases with age more in females than in males. Tobacco consumption (TC) Regarding TC and the overall sample we found that 85% of young people did not consume tobacco, 8% had a reduced consumption and 7% had a daily TC. In the analysis by gender, there was no statistically significant difference (x2 4,929, p 0.085), and the intakes were very similar for both genders. Statistically significant differences (x2 332,168, p B 0.001), were found in the analysis by age group, with the TC tending to grow substantially with age. Thus, in the 1213 year-olds there were 92% with no consumption and at 1617 years that percentage decreased to 71%. In this context it was also chosen to analyse the TC by gender for each age group too (Table II). It was verified that, in fact, the TC was very similar between genders and increased with age and that this increase was slightly more significant in males than in females. Alcohol consumption (AC) Regarding the AC, in the aggregate sample, over two thirds of young people (69%) had no consumption, 25% showed a reduced consumption and 6% had a regular consumption. When analysing according to gender, a statistically significant difference was noticed (x2 105,294, p B0.001), in that young males consume alcohol more regularly than young females (female regular consumption 3%; male regular consumption 10%). In the analysis by age group, there was also a statistically significant difference (x2 253,251 p B 0.001), in that AC consumption increases with age. Thus, for regular AC: 1213 years 4%, 1415 years 5% and 1617 years 14%. Table I. Formation of groups according to each variable and criteria for inclusion Variable Group Criteria for inclusion Remarks SP None or sporadic Reduced Regular Not practice/practice up to once a week Up to three times a week Practice more than three times a week We examined the frequency of practice. We considered only the SP (recreational or competitive), held outside of school. TC Regular Reduced None Daily consumption Up to several times per week Never consumes We analysed the frequency of consumption. AC Regular Reduced None Several times a week Up to once a week Never consumes/almost never takes We analysed the frequency of consumption. SWL Low Moderate High (X between 1 and 2.4) (X between 2.5 and 3.4) (X between 3.5 and 5) Determined the average value taking into account the response to five points with values between 1 (completely disagree) and 5 (agree completely). Relationships with sport 77 Table II. Analysis of sport, tobacco consumption, alcohol consumption, and satisfaction with life, by sex and age Female à Male ß 12/13 years (%) 14/15 years (%) 16/17 years (%) 12/13 years (%) 14/15 years (%) 16/17 years (%) SP None or sporadic Reduced Regular 32 38 30 32 38 30 x2 8,281, p 0.082 38 38 24 17 32 51 19 31 50 x2 6,992, p 0.136 21 35 44 Regular Reduced None 3 5 92 5 9 86 x2 136,763, p B 0.001 17 9 74 3 4 93 5 9 86 x2 193,847, p B 0.001 21 11 68 Regular Reduced None 2 20 78 3 22 75 x2 94,022, p B 0.001 6 38 56 6 20 74 7 23 69 x2 149,204, p B 0.001 21 32 47 Low Moderate High 9 34 57 11 38 51 x2 34,540, p B 0.001 18 37 45 6 33 61 8 34 58 x2 37,928, p B 0.001 14 39 47 (g.l. 4) TC (g.l. 4) AC (g.l. 4) SWL Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012 (g.l. 4) In the analysis according to age group in each gender (Table II) it was noted that, in fact, the consumption was much higher in males and increased exponentially with age. This increase was statistically significant in both genders, but was greater in males. Satisfaction with life (SWL) For the SWL and the overall sample it was found that about half of young people (54%) had a very good degree of SWL. Of the remainder, 11% characterised their SWL negatively and 36% were at an intermediate level (moderate SWL). Looking at gender, there was a statistically significant difference (x2 20,429, p B0.001) showing young females to have a lower grade of SWL than young males. Statistically significant differences were found in the analysis by age group (x2 64,398, pB0.001), noting that the younger groups had higher levels of SWL than the older ones. Looking at the basis of age in each gender (Table II) a statistically significant difference was found in both genders. Thus, the degree of SWL was lower in females and decreased with age. In brief, there was the existence of: low levels of sports practice, especially in younger and older females; significant consumption of tobacco (identical in both genders and higher in older groups), significant consumption of alcohol, with greater prevalence in younger and older males, and high levels of satisfaction with life, particularly in males and younger people. In this context, it is believed that in addition to the simple and objective analysis already carried out, it would be important for a deeper understanding of this issue, to examine the relationship between sport and other variables, since sport is the central theme of this research and is, historically, related to healthy lifestyles and higher levels of satisfaction with life. As we have already found the trends for differences between genders and age groups, this further analysis has been performed only on the global sample. Relations between variables Thus, we review the relationship of sports practice to the consumption of tobacco and alcohol and satisfaction with life. Regarding the relationship between sports practice and smoking, (see Table III), of the level of consumption was very similar for all levels of sport. As far as the relationship between sport and alcohol is concerned (see Table III), we noted the trend towards greater consumption of alcohol by young people in regular sport. A statistically significant difference was found (x2 39,531, pB 0.001). Finally, concerning the relationship between sport and satisfaction with life (see Table III), it was noted that young people who were more regularly in sport had higher rates of satisfaction with life and young people with lower levels of sport were those who had lower levels of satisfaction with life. A statistically significant difference was found (x2 49,164 pB 0.001). Discussion Regarding sport and despite the association made by young people between sport and health, self image 78 T. Paupério et al. Table III. Analysis of the relationship between sport with the consumption of tobacco, alcohol consumption, and satisfaction with life Sports Practice (SP) TC Regular Reduced None None or sporadic (%) Reduced (%) Regular (%) 9 6 85 6 8 86 8 8 84 5 24 71 9 25 66 10 37 53 9 33 58 x2 18,037, p B 0.001 (g.l. 4) AC Regular Reduced None 4 24 72 x2 39,531, p B0.001 (g.l. 4) SWL Low Moderate High 14 38 48 Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012 (g.l. 4) and socialisation, the results presented here, which do not go against the results of the studies reviewed by us and referred to in the introduction of this work, reflect low levels of sport, especially in younger and older females. Family, school involvement, the establishment of ties with peers, a good economy and easy movement between the various stages of life for the young, may emerge as potential conditioners to the acquisition and maintenance of an active lifestyle in adolescence. (Matos, Carvalho, & Diniz, 2002). Concerning the consumption of tobacco, there was a significant convergence between our results and the results of the other studies presented in the introduction. Despite the negative connotation that its consumption has (which may explain the low rates of consumption in the younger ages) there are high rates of consumption especially in the elderly, which could be explained by the association of its consumption with the control of emotions, easy access and opportunities for consumption (Matos et al., 2003), the control of weight (Waldron, 1988; Smith, Nutbeem, Moore, Roberts & Catford, 1994; as cited in Matos & Projecto Aventura Social & Saúde, 2006) and the status of adult (Antunes et al., 2006). The results of alcohol consumption in this study also converge with the results of the investigations mentioned in the introduction of this work. They showed significant consumption with higher prevalence in younger and older males. Despite the adverse effects of alcohol consumption, young people seem to associate the consumption with adult status (Antunes et al., 2006), the feeling of happiness, facilitation of social relationships, and assertion within the group of peers among other things (Institute of Alcohol Studies, 2008). In the case of life satisfaction our results are consistent with other studies (Currie et al., 2000; x2 49,164, p B0.001 Matos & Adventure Social and Health Project, 2006): in general, young people were satisfied with their life and males and younger people had higher levels of satisfaction with life compared with females and older people. In the studies consulted by us and regarding the relationship between sport and smoking, our results seem to contradict the results of Corte-Real (2006) and Balaguer and Castillo (2002), as we did not find a positive association between sport and non consumption of tobacco as described in their studies. However, similar results had been found by Paupério et al. (2008). As far as the relationship between sport and alcohol consumption is concerned, our results do not go against the study by Corte-Real (2006). Youngsters with higher rates of sports practice are the ones who show higher rates of consumption of alcohol. Finally, concerning the relationship between sport and satisfaction with life, our results converge with the results of Pettay (2008) who found a clear positive association between sports practice and high levels of satisfaction with life. Conclusions and suggestions Regarding diagnosis, it was possible to perceive the existence of significant percentages of young people with health risk behaviours: 26% in the overall sample did not practise sport at all (the sports practice was lower in females and decreased with age), 8% consumed tobacco regularly and 7% consumed alcohol regularly (the consumption of tobacco and alcohol were similar between genders and increased, exponentially, with age). These results point clearly to the urgent need for measures at home and school, to support young Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012 Relationships with sport people in the choice of a healthier lifestyle, including the acquisition of a more active lifestyle. For the consumption of tobacco and alcohol, given the exponential growth of consumption with age, it is necessary and urgent that the anti-smoking laws (which prevent the consumption of tobacco by children under 16 years) and consumption of alcoholic drinks laws (that prevent the consumption of alcohol by minors under 16 years), are met in schools. The application of these laws protects the non consumers, helps consumers who want to reduce or stop consumption, values the educational mission and honours the school. Furthermore, these data reinforce the importance of managing programs and activities to prevent smoking and alcoholism, especially for young people, which report on the negative impact of tobacco and alcohol on health and on the advantages of not trying smoking and drinking alcohol, and deciding not to smoke or drink alcohol. When the sports practice is related to the other variables under study, it may be concluded that the consumption of tobacco was very similar for the three levels of sports practice and that the greatest consumption of alcohol was found in young people with a higher rate of sports practice. These data suggest that the full potential of sport in the area of promotion of behaviour to protect health and healthy lifestyles might not always be used. Therefore, it is crucial that all physical education professionals and coaches are aware to use, continuously and correctly, this "tool", the sports practice, to promote healthy habits and lifestyles. Therefore, it seems essential to include these issues in the initial and continuing training of teachers in general, and physical education teachers, in particular monitors, coaches and sports leaders, in order to develop the sports practice, while promoting healthy lifestyles. Young people with higher levels of sports practice showed greater satisfaction with their lives, leading us to believe that sport may be an excellent tool to raise the levels of satisfaction with life of adolescents, so its promotion should be a priority for all those in daily contact with adolescents. Thus, associating healthy lifestyles with increased satisfaction with life may be an important step in promoting those lifestyles. Finally, the development and implementation of health promotion programs should be based on results of investigations in each geographical area and not national average data, so it is possible to distinguish differences between environments, such as coastal/inland, north/south, rural/urban or socio economically favoured/disadvantaged, adapting this way the intervention to local geographical area. Given the multitude of social and interpersonal contexts in which young people move, in which there are many influences, it is also of vital importance to 79 study the influence of family, best friends and groups of friends on their behaviour. Key findings 1. Youth sports groups had similar or higher consumption of tobacco and alcohol when compared with young non-athletes. 2. The full potential of sport in the area of promotion of behaviour to protect health and healthy lifestyles might not always be used. 3. Need to modify the existing programs to promote healthy lifestyles in Portugal. References Antunes, C., Sousa, M., Carvalho, A., Costa, M., Raimundo, F., Lemos, E., et al. (2006). Auto-estima e comportamentos de saúde e de risco no adolescente: Efeitos diferenciais em alunos do 78 ao 108 ano. Psicologia Saúde & Doenças, 7(1), 117123. Balaguer, I., & Castillo, I. (2002). Physical activity, exercise and sport in early adolescence. In I. Balaguer (Ed.), Lifestyles in adolescence (pp. 3764). Valência: Ed. Promolibro Bañuelos, F. (1996). Physical activity health-oriented. Madrid: Biblioteca Nueva. Bjornskov, C., Dreher, A., & Fischer, J. (2005). Cross-country determinants of life satisfaction: Exploring different determinants across groups in society. Department of Economics, University of St. Gallen, Discussion paper no. 200519. Bradley, R., & Corwyn, R. (2004). Life satisfaction among European American, African American, Chinese American, Mexican American and Dominican American adolescents. International Journal of Behavioral Development, 28(5), 385400. Cavill, N., Kahlmeier, S., & Racioppi, F. (2006). Physical activity and health in Europe: Evidence for action. Denmark: World Health Organization. CDC (1999). Physical activity and health-adolescents and young adults: The report of the surgeon general. Retrieved from http:// www.cdc.gov/NCCDPHP/SGR/pdf/adoles.pdf (Accessed 26 April 2009). Corte-Real, N., Balaguer, I., & Fonseca, A. (2004). Inventory of health-related behaviors of adolescents. Laboratory of Sport Psychology, Faculty of Sport, University of Porto. Unpublished manuscript. Corte-Real, N. (2006). Sport, health and lifestyles, different looks, objective and subjective, on the behavior of adolescents. Doctoral dissertation, Faculty of Sport, University of Porto, Porto, Portugal. Corte-Real, N., Balaguer, I., Dias, C., Corredeira, R., & Fonseca, A. (2008). Actividade fı́sica, prática desportiva, consumo de alimentos, de tabaco e de álcool dos adolescentes portugueses. Saúde dos Adolescentes, 26(2), 1725. Council of Europe (1995). European Manifesto on Young People and Sport. Retrieved from http://www.coe.int/t/dg4/sport/ resources/texts/spmanif_en.asp (Accessed 12 June 2011). Currie, C., Hurrelmann, K., Settertobulte, W., Smith, R., & Todd, J. (2000). Health and health behavior among young peoplehealth behavior in school-aged children: A WHO cross-national study (HBSC) international report. Copenhagen: World Health Organization. Diener, E. (1994). Assessing subjective well-being: Progress and opportunities. Social Indicators Research, 31, 103157. Downloaded by [Tiago Paupério] at 07:38 16 May 2012 80 T. Paupério et al. Diener, E. (2000). Subjective well-being-The science of happiness and a proposal for nation index. American Psychologist, 55(1), 3443. Diener, E., & Diener, C. (1996). Most people are happy. Psychological Science, 7(3), 181185. Diener, E., Emmons, R., Larsen, R., & Griffin, S. (1985). The satisfaction with life scale. Journal of Personality Assessment, 49(1), 7175. Fujita, F., & Diener, E. (2005). Life satisfaction set point: Stability and change. Journal of Personality and Social Psychology, 88(1), 158164. Gilman, R., & Huebner, E. (2006). Characteristics of adolescents who report very high life satisfaction. Journal of Youth and Adolescence, 35(3), 311319. Goldbeck, L., Schmitz, T., Besi, T., Herschbach, P., & Henrich, G. (2007). Life satisfaction decrease during adolescence. Quality of Life Research, 16(6), 969979. Huebner, E. (2004). Research on assessment of life satisfaction of children and adolescents. Social Indicators Research, 66, 333. Inglehart, R. (2002). Gender, aging, and subjective well-being. International Journal of Comparative Sociology, 43(35), 391408. Institute of Alcohol Studies (2008). Alcohol and Health. St Ives: Institute of Alcohol Studies. Lewinsohn, P., Redner, J., & Seeley, J. (1991). The relationship between life satisfaction and psychosocial variables: New perspectives. In F. Strack, M. Argyle, & N. Schwartz (Eds.), Subjective well being (pp. 141169). Oxford: Pergamon Press. Lopes, V., Maia, J., Oliveira, M., Seabra, A., & Garganta, R. (2003). Caracterização da atividade fı́sica habitual em adolescentes de ambos os sexos através de acelerometria e pedometria caracterização da atividade fı́sica habitual em adolescentes de ambos os sexos através de acelerometria e pedometria. Revista Paulista de Educação Fı́sica, 17(1), 5163. Matos, M., Carvalho, S., & Diniz, J. (2002). Factores associados à prática da actividade fı́sica nos adolescentes portugueses. Análise Psicológica, 1(20), 5766. Matos, M., Gaspar, T., Vitória, P., & Clemente, M. (2003). Comportamentos e atitudes sobre o tabaco em adolescentes portugueses fumadores. Psicologia. Saúde & Doenças, 4(2), 205219. Matos, M., & Projecto Aventura Social & Saúde (2006). A saúde dos adolescentes portugueses hoje e em 8 anos: Relatório preliminar do estudo HBSC 2006. Lisboa: Edições FMH. Morais, C. (1999). Alcohol consumption and its impact on Public Health. In Youth Foundation (Eds), Workshop on drinking to forget or drink to survive: two sides of the same possible youth (pp. 3343). Porto: Youth Foundation. Moreira, R. (1999). Adolescence and alcohol. In Youth Foundation (Eds), Workshop on drinking to forget or drink to survive: two sides of the same possible youth (pp. 5157). Porto: Youth Foundation. Mota, J., & Sallis, J. (2002). Physical activity and health: factors influencing physical activity in children and adolescents. Porto: Campo das Letras. Ogden, J. (2004). Health Psychology. Lisboa: Climepsi Editores. Paupério, T., Corte-Real, N., Dias, C., Corredeira, R., & Fonseca, A. (2008). Prática Desportiva, consumo de tabaco e saúde percebida . . . .que relação? Um estudo realizado em adolescentes do 38 Ciclo do Ensino Básico. Boletim da Sociedade Portuguesa de Educação Fı́sica, 33, 1122. Pavot, W., & Diener, E. (1993). Review of the satisfaction with life scale. Psychological Assessment, 5(2), 164172. Perkins, D., Jacobs, J., Barber, B., & Eccles, J. (2004). Adolescents and sport participation childhood the predictor of participation in sport and physical fitness activities during young adulthood. Youth & Society, 35, 495520. Pettay, R. (2008). Health behaviors and life satisfaction in college students. Doctoral dissertation, Kansas State University, Kansas, USA. Scheerder, J., Thomas, M., Vanreusel, B., Lefevre, J., Renson, R., Eynde, B., et al. (2006). Sport participation among females from adolescence to adulthood-A longitudinal study. International Review for the Sociology of Sport, 41(34), 413430. Vinagre, M., & Lima, M. (2006). Consumo se álcool, tabaco e droga em adolescentes: Experiências e julgamentos de risco. Psicologia. Saúde & Doenças, 7(1), 7381. WHO (2004). The Millennium Development Goals and Tobacco Control. WHO Tobacco Control Papers: Paper MDG2004. Retrieved from http://repositories.cdlib.org/tc/whotcp/MDG2004 (Accessed 7 October 2008). Anexo 2 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo IV Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Adolescents and health-related behaviors. What influence can the typology of school have? International Journal of Health Promotion and Education, 51:1, 23-34. This article was downloaded by: [Tiago Paupério] On: 09 February 2013, At: 04:52 Publisher: Routledge Informa Ltd Registered in England and Wales Registered Number: 1072954 Registered office: Mortimer House, 37-41 Mortimer Street, London W1T 3JH, UK International Journal of Health Promotion and Education Publication details, including instructions for authors and subscription information: http://www.tandfonline.com/loi/rhpe20 Adolescents and health-related behaviors. What influence can the typology of school have? a a a Tiago Paupério , Nuno Corte-Real , Cláudia Dias & António Fonseca a a Laboratory of Sport Psychology, Faculty of Sports, University of Porto, Porto, Portugal To cite this article: Tiago Paupério , Nuno Corte-Real , Cláudia Dias & António Fonseca (2013): Adolescents and health-related behaviors. What influence can the typology of school have?, International Journal of Health Promotion and Education, 51:1, 23-34 To link to this article: http://dx.doi.org/10.1080/14635240.2012.735387 PLEASE SCROLL DOWN FOR ARTICLE Full terms and conditions of use: http://www.tandfonline.com/page/terms-and-conditions This article may be used for research, teaching, and private study purposes. Any substantial or systematic reproduction, redistribution, reselling, loan, sub-licensing, systematic supply, or distribution in any form to anyone is expressly forbidden. The publisher does not give any warranty express or implied or make any representation that the contents will be complete or accurate or up to date. The accuracy of any instructions, formulae, and drug doses should be independently verified with primary sources. The publisher shall not be liable for any loss, actions, claims, proceedings, demand, or costs or damages whatsoever or howsoever caused arising directly or indirectly in connection with or arising out of the use of this material. International Journal of Health Promotion and Education, 2013 Vol. 51, No. 1, 23–34, http://dx.doi.org/10.1080/14635240.2012.735387 Adolescents and health-related behaviors. What influence can the typology of school have? Tiago Paupério*, Nuno Corte-Real, Cláudia Dias and António Fonseca Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 Laboratory of Sport Psychology, Faculty of Sports, University of Porto, Porto, Portugal From the influence of peers in the acquisition of behaviors that could endanger or protect health, we aimed to verify the existence of differences in levels of sport practice, consumption of tobacco and alcohol, and life satisfaction among students of the third Cycle of Basic Education attending two different types of schools in Portuguese Mainland: Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education (BS2/3), attended by students aged between 10 and 16 and Secondary Schools with third Cycle of Basic Education (SS/3), attended by students aged between 12 and 18 years. The instruments used were the ‘Inventory of Health-related Behaviors of Adolescents’ (Corte-Real et al. 2004) and the ‘Scale of Satisfaction With Life’, a translated and adapted version of the Satisfaction With Life Scale (SWLS; Diener et al. 1985). The sample consisted of 5624 adolescents (53% C and 47% F) aged between 12 and 17 years old (X ¼ 14,33; s ¼ 1,359). We found no statistically significant differences in none of the variables, except in the consumption of tobacco, in which we realized that students who attended SS/3 schools had higher intakes compared with adolescents of the same age, who were attending BS2/3 schools. We also concluded that girls showed more pronounced differences in all variables. Keywords: adolescents; sports practice; tobacco; alcohol; satisfaction with life; school Introduction Adolescence and health Adolescence, as a stage of human development, meaning the passage from a state of infantile dependence to social inclusion and the formation of a system of values that define adulthood (Sampaio 1994), is characterized by quick physical, psychological, sociocultural, and cognitive changes, in a path leading to identity and autonomy (Sprinthall and Collins 2003). During the stage, the multiplicity of social and interpersonal contexts in which adolescents move, combined with variations in the pace of life and relationships, promotes a wide range of behaviors that can be risk factors or health protection factors. Several studies have shown that past behavior is the main indicator of future behavior (Ogden 2004), so that youth and adolescence are assumed as key stages in health promotion and acquisition of health protective behaviors. Among the risk factors for health, the World Health Organization stresses physical inactivity, substance abuse, and eating disorders (Currie et al. 2000). *Corresponding author. Email: [email protected] q 2013 Institute of Health Promotion and Education Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 24 T. Paupério et al. Risk behaviors and health protective behaviors of adolescents Physical inactivity has been identified as the fourth major risk factor for overall mortality (6% of deaths worldwide). Its increase in many countries causes major implications to the overall health of people worldwide and the prevalence of noncontagious diseases such as cardiovascular disease, diabetes, and cancer and its risk factors, such as high blood pressure, increased blood sugar, and overweight (WHO 2009). These noncontagious diseases, now account for over half of all deaths recorded each year as an estimated six of every ten deaths are caused by these (WHO 2008). In this context, adolescence emerges as a crucial step in gaining lasting habits of physical activity, because the development during this period increases the likelihood of a habit to keep in adulthood (Lopes et al. 2003, Perkins et al. 2004, Scheerder et al. 2006). Thus, adequate levels of physical activity promote in young people healthy growth, in physical terms, particularly the creation and maintenance of bones, muscles, and healthy joints; weight control; fat reduction; and prevention of hypertension (Cavill et al. 2006, Janssen and Leblanc 2010). In psychological terms, physical activity can increase school performance (Sibley and Etnier 2003), enrich the psychomotor repertoire and help to prevent and control risk behaviors such as tobacco, violence, alcohol, addiction to other substances, and unhealthy diets (Pate et al. 2000, Cavill et al. 2006). Concerning substance use, tobacco and alcohol abuse appears in the ‘front line’ of the most worrisome because they are not only substances of easier access, but also their use often appears as a kind of ritual transition considered to be almost mandatory. The consumption of tobacco is the leading cause of illness and preventable death and it annually accounts for 6 million deaths worldwide (Shafey et al. 2009). Given that tobacco consumption (TC) is a behavior whose effects on health have been studied the most and the results of which are more consensual (Ribeiro 2005), the problem of smoking has a relevant role in health promotion and prevention of some of the most important diseases in developed countries (Matos et al. 2003). However, despite the negative connotation that its use has mainly on the younger adolescents (Matos et al. 2003), which may explain the low percentages of consumption at younger ages, it appears that there are high percentages of consumption especially at older ages (Currie et al. 2000, Matos et al. 2006, Vinagre and Lima 2006, Corte-Real et al. 2008). Alcohol consumption (AC) is one of the ten leading causes of illness and injury, accounting for about 9% of all health problems and 3% of deaths worldwide - ø 1.8 million (Institute of Alcohol Studies 2008). The consumption by adolescents puts them not only in a position of risk for the appearance of the syndrome of addiction and clinical alcoholism but also mainly in relation to risk for acute drunkenness, traffic accidents whileat work, absence and school failure, aggression, disorders, and greater exposure to consumption of other substances such as tobacco and drugs (Moreira 1999, Institute of Alcohol Studies 2008). On the other hand, the rapid changes, the multiple social and interpersonal contexts in which adolescents move and variations in the pace of life and relationships influence, similarly, psychological aspects in the development of young people as their satisfaction with life. Satisfaction with life The satisfaction with life, a cognitive component of a broader construct – the subjective well-being (Diener et al. 2000), can be understood as the judgment that individuals make International Journal of Health Promotion and Education 25 Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 about the quality of their lives based on their own criteria (Pavot and Diener 1993). It is currently seen as a key concept in the investigation of ‘positive psychology’, thus believing that it can be considered a psychological variable before adulthood, particularly during adolescence (Eccles and Gootman 2001, Graber and Brooks-Gunn 1996 in Bradley and Corwyn 2004). Several studies associate high levels of satisfaction with life in adolescents with lower adoption of risk behaviors to health, with better academic performance, better intra-and interpersonal relationships, lower rates of anxiety and depression, and higher rates of hope and self-control (Gilman and Huebner 2006), so this can become a variable ‘key’ to identify different lifestyles. Finally and still concerning the multiplicity of social and interpersonal contexts in which adolescents move and the variations in the pace of life and relationships, peers (friends) must be highlighted. The peers Relationships with colleagues are one of the major contexts in which adolescents develop personal characteristics into adulthood. Although the popular culture admits that peer pressure comes into conflict with the influence of family and other adults, the truth is that peers play a complementary role in adolescent development (Sprinthall and Collins 2003). They are essential in adolescent development, providing social and emotional support. It is among peers that teens learn to be with others, not parents, to share experiences and feelings (Tomé 2009). Peers are often associated with physical and psychological well-being of youngsters and adolescents avoiding symptoms of depression, loneliness, sadness, or low self-esteem, which may prove to be risk factors during adolescence. However, despite all the positive aspects of adolescents’ relationship with their peers, some studies (Cumsille et al. 2000, Gardner and Steinberg 2005, Jaccard and Blanton 2005) reported an association of the peer group to the initiation of risk behaviors in adolescents. This leads many parents to fear the influence of the peers, which they sometimes refer to as ‘bad influences’ (Simões 2007). However, this association should not be understood as the only cause of the involvement of adolescents in behaviors risk (Tomé 2009). The school In this context the school, or rather the type of school, can take a leading role in the acquisition of behaviors that endanger or protect health and levels of life satisfaction of adolescents. Thus, in the course of their academic career, children and young people may attend different types of schools ‘that integrate all the cycles or simply some of them’ – Law 46/86 October 14 (Assembleia da República 1986). Concerning specifically students who attend the third Cycle of Basic Education, they may attend Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education (which will now be referred to as schools BS2/3) or Secondary Schools with third Cycle of Basic Education (which will now be referred to as schools SS/3). In the first, attended by students between 10 and 16 years old, students of the third Cycle of Basic Education, in addition to getting along with peers of their age, they also socialize with younger peers (attending the second Cycle of Basic Education, that is the 26 T. Paupério et al. fifth and sixth grades), while, in the second, attended by students between 12 and 18 years old, they get along with older peers (attending secondary education, that is the 10th, 11th, and 12th grades). As many different studies in this area point to the existence of risk behaviors for health and lower levels of life satisfaction in older adolescents (Currie et al. 2000, Matos et al. 2006, Corte-Real et al. 2008), it may be questioned whether the type of school can influence behavior and levels of life satisfaction of young people. Therefore, our research, first and foremost, seeked to provide an insight into the differences in levels of sport practice, tobacco and alcohol use, and levels of satisfaction with life among students of the third Cycle of Basic Education, attending two different types of schools in Portugal (BS2/3 and SS/3). Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 Methodology Sample The study sample consisted of 5624 adolescents (53% C and 47% F), aged between 12 and 17 years (X ¼ 14.33; s ¼ 1.359), attending the third Cycle of Basic Education schools in the Portuguese Mainland. We divided the students into two groups according to the type of school attended: Basics Schools of second and third Cycles of Basic Education (56.4%) and Secondary Schools with third Cycle of Basic Education (43.6%). Procedures The instrument used for data collection was the ‘Inventory of Behaviors Related to Adolescent Health’ developed by Corte-Real et al. (2004) and the ‘Satisfaction Scale with Life’, a translated and adapted version of ‘SWLS’ by Diener et al. (1985). Data were collected between 2002 and 2008 in schools of the Portuguese Mainland, having the investigation been approved by the Pedagogical and Executive Council (35 schools), by a researcher of the Laboratory of Psychology of Sport Faculty of the University of Porto who accompanied and inspected the application of the data collection instrument. The study was approved by the Scientific Council of Faculty of Sport of University of Porto, which is responsible for ensuring compliance to Declaration of Helsinki in Human studies and of the Portuguese Ministry of Education. The filling in of the questionnaire by young people was volunteer and done with the consent of their legal tutors. In analyzing the data, we used descriptive statistics with the presentation of frequencies and percentages for nominal variables, and mean rates and standard deviations for continuous variables. We also used the chi-square test (study of the distribution of nominal variables) with adjusted residual analysis (for location of significant figures). The significance level was 0.05, which is displayed in bold in the tables, with residual values set equal to or greater than 1.9 in each cell. Variables The variables analyzed were Sports Practice (SP), TC, AC and Satisfaction With Live (SWL). For each variable the formation of the groups was carried out according to the table (see Table 1). International Journal of Health Promotion and Education 27 Table 1. Formation of groups for each variable and inclusion criteria. Variable Group Inclusion criteria Comments SP None or sporadic Does not practise/practices up to once a week We analyzed the frequency of practice for more than 1 h each session. We considered only the SP, either within the context of recreation or competition, done out of school Reduced Regular Practises up to three times a week Practises more than three times a week Consumes daily TC Regular Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 Reduced AC Absent Regular Reduced Absent SWL Consumes sporadically (up to several times a week) Does not consume Consumes several times a week Reduced Consumes up to once a week Does not consume/almost never consumes (X between 1 and 2.4) Moderate High (X between 2.5 and 3.4) (X between 3.5 and 5) We analyzed the frequency of consumption We analyzed the frequency of consumption We determined the average value by taking into account the response to five questions with values between 1 (disagree) and 5 (agree) Results Starting the presentation of results by an analysis of the bulk sample, regardless of the type of school, we found that only 38% of young people practised sport regularly (more than three times a week), 36% had a reduced practice (up to three times a week) and 26% did not engage or engaged less than once a week. Regarding the consumption of tobacco we have noticed that 7% of our sample of young people consumed tobacco regularly, 8% consumed it occasionally and 85% did not consume. Concerning AC we found that 6% of young people consumed alcohol regularly, 25% consumed it occasionally and 69% did not consume. Finally and in what concerns the Satisfaction with Life, we found that 54% considered themselves very satisfied with their lives, 36% moderately satisfied and 10% not very satisfied. Thereafter, we analyzed the differences between the young people attending BS2/3 and SS/3 schools noticing, in the total sample, no statistically significant differences in any variable except for TC (x2 ¼ 30,674; p , 0.001) among pupils attending Secondary Schools with third Cycle of Basic Education who showed higher intakes compared with those attending Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education (see Table 2). Considering the other variables and, despite the absence of statistically significant differences, trends can be observed that seem worthy of analysis. Therefore, as far as the SP is concerned, we have found it to be slightly lower for students attending Secondary Schools with third Cycle of Basic Education when compared Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 28 Total sample (N ¼ 5624) BS2/3(%) (n ¼ 3174) SP TC AC SWL None or sporadic Reduced Regular (Df ¼ 2) Regular Reduced Absent (Df ¼ 2) Regular Reduced Absent (Df ¼ 4) Reduced Moderate High (Df ¼ 2) SS/3(%) (n ¼ 2450) 26 27 35 36 39 37 x2 ¼ 2,094, p ¼ 0.351 6 10 8 7 86 83 x2 ¼ 30,674, p , 0.001 7 7 23 26 70 67 x2 ¼ 6,483, p ¼ 0.039 10 12 35 37 55 51 x2 ¼ 10,016, p ¼ 0.007 Females C (N ¼ 2964) BS2/3(%) (n ¼ 1646) SS/3(%) (n ¼ 1318) 32 34 39 38 29 28 x2 ¼ 1,856, p ¼ 0.395 5 9 8 7 87 84 x2 ¼ 24,931p , 0.001 3 3 23 27 74 70 x2 ¼ 5,427, p ¼ 0.066 10 14 37 36 53 50 x2 ¼ 6,605, p ¼ 0.037 (Significance Level ¼ 0.05, Adjusted Residual Values with equal or greater than 1.9 in each cell, highlighted in bold) Males F (N ¼ 2660) BS2/3(%) (n ¼ 1528) SS/3(%) (n ¼ 1132) 19 19 32 34 49 47 x2 ¼ 1,351, p ¼ 0.509 7 10 9 7 84 83 x2 ¼ 9,316p ¼ 0.009 10 10 24 26 66 64 x2 ¼ 1,871, p ¼ 0.392 8 9 34 37 58 54 x2 ¼ 4,651p ¼ 0.098 T. Paupério et al. Table 2. Analysis of SP, smoking and AC and life satisfaction according to the type of school, in the total sample and each sex. Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 International Journal of Health Promotion and Education 29 with students attending Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education (37% in Secondary Schools with third Cycle of Basic Education and 39% in Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education). Concerning AC, we found that it was slightly higher among students of Secondary Schools with third Cycle of Basic Education, although, in general, regular consumption of alcohol was 7% in both types of schools. Finally, regarding satisfaction with life, we found a tendency for lower levels of satisfaction with life in Secondary Schools with third Cycle of Basic Education (51% high satisfaction with life among students attending Secondary Schools with third Cycle of Basic Education against 55% of pupils attending Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education). Afterwards we conducted a comprehensive analysis by gender (see Table 2) confirming that, in general, girls seem to be the most influenced by the type of school in all the variables under study; the major differences between types of school were found among females, including a statistically significant difference in relation to TC. On the other hand, the analysis by gender allowed us to confirm what we have already described when analyzing the global sample: students of Basic Schools of second and third Cycle of Basic Education had slightly higher levels of SP, lower consumption of tobacco and alcohol, and higher levels of satisfaction with life when compared with students attending the Secondary Schools with third Cycle of Basic Education, in both genders. We also decided to perform an analysis by age, in order to understand whether there are age groups more affected by different types of school (see Table 3). In this context and in relation to SP and life satisfaction, we found that the main differences (not statistically significant) were in the older ages (age group 16 to 17 years). However, in all ages we noticed the results found previously: the pupils attending Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education had slightly higher rates of Sport Practice and levels of satisfaction with life when compared with students of Secondary Schools with third Cycle of Basic Education. However, it was at early ages (age range from 12 to 13 years old) that we found the most significant differences regarding AC. The values found were somehow opposed to the values specified in the overall analysis and in the analysis by gender. This happened because the more regular consumption of alcohol occurred among pupils attending Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education in all age groups except for the age group from 14 to 15 years old in which the percentage of regular consumption was equal (5%). Nevertheless, the highest percentages of nonexistent consumption were registered in Secondary Schools with third Cycle of Basic Education. Finally and as far as the consumption of tobacco is concerned, we found the most significant differences in the age group from 14 to 15 years old and the confirmation of the results obtained in previous analyzes: the consumption of tobacco was higher among students who attended Secondary Schools with third Cycle of Basic Education in all ages. Discussion During this investigation we did not find any national or international study with reference to differences in behaviors related to health or the life satisfaction of adolescents in different types of school. Nevertheless, the analysis of investigations on the same target area allows us to discuss the results found here. Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 30 12 – 13 years (N ¼ 1694) BS2/3(%) (n ¼ 1006) SP TC AC SWL None or sporadic Reduced Regular (Df ¼ 2) Regular Reduced Absent (Df ¼ 2) Regular Reduced Absent (Df ¼ 2) Reduced Moderate High (Df ¼ 2) SS/3(%) (n ¼ 688) 25 25 35 37 40 38 x2 ¼ 1,153, p ¼ 0.562 3 4 4 4 93 92 x2 ¼ 0,212, p ¼ 0.900 5 3 19 22 76 75 x2 ¼ 3,806, p ¼ 0.149 7 10 33 33 60 57 x2 ¼ 3,071,.p ¼ 0.215 14 – 15 years (N ¼ 2802) BS2/3(%) (n ¼ 1657) SS/3(%) (n ¼ 1145) 26 26 36 36 38 38 x2 ¼ 0,022, p ¼ 0.989 5 7 9 8 86 85 x2 ¼ 9,213, p ¼ 0.010 5 5 22 23 73 72 x2 ¼ 0,253p ¼ 0.881 10 10 36 37 54 53 x2 ¼ 1,138, p ¼ 0.566 (Significance Level ¼ 0.05, Adjusted Residual Values with equal or greater than 1.9 in each cell, highlighted in bold) 16 – 17 years (N ¼ 1128) BS2/3(%) (n ¼ 511) SS/3(%) (n ¼ 617) 27 31 37 36 36 33 x2 ¼ 2,898, p ¼ 0.235 16 22 12 9 72 69 x2 ¼ 8,090p ¼ 0.018 14 13 34 36 52 51 x2 ¼ 0,964p ¼ 0.618 14 17 38 39 48 44 x2 ¼ 3,379, p ¼ 0.185 T. Paupério et al. Table 3. Analysis of SP, smoking and AC and life satisfaction according to the type of school in each age group. Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 International Journal of Health Promotion and Education 31 Assuming that the interaction between peers, although not being the only cause for the adoption of behaviors that protect or endanger health is certainly one of the most influential factors, because adolescents tend to adopt common behaviors within their peer groups, as shown by the studies by Cumsille et al. (2000), Gardner and Steinberg (2005) and Jaccard and Blanton (2005). As the school is the place where teenagers interact more with their peers, because it is there that they spend much of their time, it seems natural that these peers have a greater influence on their decisions. Since the literature is unanimous in the recognition of age as a factor influencing the adoption of protective behaviors or behaviors that endanger health, the fact that a teenager attending Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education (getting along with students of similar age and younger ones) or Secondary Schools with third Cycle of Basic Education (getting along with students of similar age and older ones) and although it may not be the only one, of course, it is an important factor influencing the adoption of a lifestyle more or less protective to health. As for the SP, the results of the investigated studies point clearly to a reduced youth SP, in general and especially among older and female students (Currie et al. 2000, Matos et al. 2002, Mota and Sallis 2002, Matos et al. 2006, Corte-Real et al. 2008). On the other hand, the investigation by Matos et al. (2002) reported that, among other aspects, school involvement and building bridges with peers are strong influences in choosing a more or less active lifestyle. The results of our investigation converge with the results of the investigations mentioned earlier, in that the students who attended Secondary Schools with third Cycle of Basic Education (whose interaction is with peers of the same age and older) were the ones who also presented, although without statistically significant differences, lower levels of sport. Thus, we may be facing the fact that older students, identified in the investigations cited, as those with lower levels of sport practice influence their younger peers towards a more sedentary lifestyle. As far as smoking is concerned, the literature we consulted is unanimous in reference to significant consumption rates that increased exponentially with age (Currie et al. 2000, Matos et al. 2006, Vinagre and Lima 2006, Corte-Real et al. 2008). In addition to these facts, the results of the study by Antunes and colleagues (2006) found an association between consumption and adult status. In this context, in our investigation we found more significant rates of consumption among adolescents attending Secondary Schools with third Cycle of Basic Education which can be due to the fact that the young want to resemble the older with whom they interact and thus adhere to this consumption. As far as alcohol is concerned, the investigations consulted by us point in the same direction, high rates of consumption especially among older adolescents (Currie et al. 2000, Matos et al. 2006, Corte-Real et al. 2008, Institute of Alcohol Studies 2008). Moreover, alcohol comes often associated with adult status (Antunes et al. 2006) and the acceptance by the group of peers (Institute of Alcohol Studies 2008). In our investigation, AC was very similar among students attending different types of school. However, students who were attending Secondary Schools with third Cycle of Basic Education were those with the lowest percentage of nonexistent consumption. This higher rate of experimentation among students attending Secondary Schools with third Cycle of Basic Education may be related to the wish of acceptance within a group of older peers and the attempt to resemble an adult and thus draw attention to and integrate older peer groups. Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 32 T. Paupério et al. Finally and as for the satisfaction with life, the studies we consulted pointed to levels of life satisfaction lower in older adolescents (Currie et al. 2000, Matos et al. 2006, Goldbeck et al. 2007). In our investigation we concluded that young people who were attending Secondary Schools with third Cycle of Basic Education were those who had lower levels of satisfaction with life. This may be related to some influence of older peers on the way younger peers evaluated the quality of their lives. In this context, we believe that the interaction of students of the third Cycle of Basic Education with students of younger age groups (as in Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education) or with older peers (as in Secondary Schools with third Cycle of Basic Education), although not the only factor, may significantly influence the adoption of protective behaviors or behaviors that endanger health. On the other hand, we can also assume that the influence, although with different shapes and intensities, can be extended to all of education cycles. However, the growing need for profitability and rationalization of human and material resources in all sectors of the civil service and in particular in the education sector has increasingly promoted the construction or establishment of mega clusters comprising more than one education cycle or even all of them such as in the recent IPS (Integrated Basic Schools) that integrate all the cycles except high school or recent School Centers which include Preschool and the first Cycle of Basic Education in a single infrastructure. Conclusions and suggestions After analyzing the results we concluded that, in our sample, composed only of students of the third Cycle of Basic Education, there were low levels of regular sport practice (about one third of students), low levels of regular and occasional tobacco and AC and high levels of satisfaction with life. On the other hand, the results obtained among students of the Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education were slightly better, although with few statistically significant differences to those obtained among students of Secondary Schools with third Cycle of Basic Education. This means the students of Basic Schools of second and third Cycles of Basic Education had generally higher levels of regular SP, lower levels of regular tobacco and AC and higher rates of satisfaction with life. Moreover, we found some differences in the results obtained according to the gender and age groups. With respect to gender, we found that girls seemed to be the most ‘influenced’ by the type of school as they showed, in all variables, statistically stronger differences than boys. Regarding age and as we did not find a single age group more influenced by the type of school, we concluded that the older adolescents present statistically stronger differences in SP and life satisfaction, the intermediate age group in the use of tobacco, and the younger age groups in AC. Conscious that more studies will be needed to confirm the results found here and believing that peer relationships play an important role in the acquisition of risk behaviors or health protective behaviors and levels of satisfaction with the life of young people, and because we are aware of the need for profitability and rationalization of resources in education, cited in chapter of discussion, we think it is essential to increase the health promotion programs in schools, such as the National School Health (Ministério da Saúde 2006) and the real adjustment of these to different genders and ages. Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 International Journal of Health Promotion and Education 33 In addition, we consider that it is important to ‘use’ the increasing interaction between youth and adolescents of different age groups, through training peers. Despite the positive results that have been shown in terms of scientific research and being considered a fundamental methodology along with the active-participatory intervention in the National School Health (Ministério da Saúde 2006), this interaction is still very unusual in the context of Portuguese schools in all grades and cycles of education. On the other hand, more action and projects at school level are necessary which not only support young people in choosing healthier lifestyles, including more active lifestyles, but also look after the effective enforcement of laws against tobacco (which prevent the consumption tobacco by children under 16 years) and AC (which prevent the consumption of alcohol by those under 16 years) in the school context which do not only protect nonconsumers, help consumers who already want to reduce or stop consuming, but also value and dignify the educational mission of schools. Finally, we believe that the development and implementation of health promotion programs should be based on results of investigations carried out on each reality and not on national average data, in order to distinguish possible differences in contexts, for example, coastal/interior, north/south, rural/urban or economically favored/socially disadvantaged, thus adapting the intervention to local realities. References Antunes, C., et al., 2006. Autoestima e comportamentos de saúde e de risco no adolescente: efeitos diferenciais em alunos do 78 ao 108 ano. Psicologia, Saúde & Doenças, 7 (1), 117– 123. Assembleia da República, 1986. Assembleia da República Lei de Bases do Sistema Educativo – Lei 46/86 de 14 de outubro. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda. Bradley, R. and Corwyn, R., 2004. Life satisfaction among European American, African American, Chinese American, Mexican American and Dominican American adolescents. International Journal of Behavioral Development, 28 (5), 385– 400. Cavill, N., Kahlmeier, S., and Racioppi, F., 2006. Physical activity and health in Europe: evidence for action. Denmark: World Health Organization. Corte-Real, N., Balaguer, I., and Fonseca, A., 2004. Inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes. Gabinete de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (documento não publicado). Corte-Real, N., et al., 2008. Atividade fı́sica, prática desportiva, consumo de alimentos, de tabaco e de álcool dos adolescentes portugueses. Saúde dos adolescentes, 26 (2), 17 – 25. Cumsille, P., Sayer, A., and Graham, J., 2000. Perceived exposure to peer and adult drinking as predictors of growthin positive alcohol expectancies during adolescence. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 68 (3), 531– 536. Currie, C., et al., 2000. Health and health behavior among young people - Health behavior in schoolaged children: a WHO cross-national study (HBSC) International Report. Copenhagen: World Health Organization. Diener, E., et al., 1985. The satisfaction with life scale. Journal of Personality Assessment, 49 (1), 71 – 75. Diener, E., et al., 2000. Positivity and the construction of life satisfaction judgments: global happiness is not the sum of its parts. Journal of Happiness Studies, 1, 159– 176. Gardner, M. and Steinberg, L., 2005. Peer influence on risk taking, risk preference, and risky decision making in adolescence and adulthood: an experimental study. Developmental Psychology, 41 (4), 625– 635. Gilman, R. and Huebner, E., 2006. Characteristics of adolescents who report very high life satisfaction. Journal of Youth and Adolescence, 35 (3), 311– 319. Goldbeck, L., et al., 2007. Life satisfaction decrease during adolescence. Quality of Life Research, 16 (6), 969– 979. Institute of Alcohol Studies, 2008. Alcohol and health. St Ives: Institute of Alcohol Studies. Downloaded by [Tiago Paupério] at 04:52 09 February 2013 34 T. Paupério et al. Jaccard, J. and Blanton, H., 2005. Peer influences on risk behavior: an analysis of the effects of a close friend. Developmental Psychology, 41 (1), 135–147. Janssen, I. and Leblanc, A., 2010. Systematic review of the health benefits of physical activity in school-aged children and youth. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 7:40. Article available in: http://www.biomedcentral.com/content/pdf/14795868-7-40.pdf Lopes, V., et al., 2003. Caracterização da atividade fı́sica habitual em adolescentes de ambos os sexos através de acelerometria e pedometria caracterização da atividade fı́sica habitual em adolescentes de ambos os sexos através de acelerometria e pedometria. Revista Paulista de Educação Fı́sica, 17 (1), 51 –63. Matos, M., and Projeto Aventura Social and Saúde, 2006. A saúde dos adolescentes portugueses hoje e em 8 anos: relatório preliminar do estudo HBSC 2006. Lisboa: Edições FMH. Matos, M., Carvalhosa, S., and Diniz, J., 2002. Fatores associados à prática da atividade fı́sica nos adolescentes portugueses. Análise Psicológica, 1 (20), 57 –66. Matos, M., et al., 2003. Comportamentos e atitudes sobre o tabaco em adolescentes portugueses fumadores. Psicologia, Saúde & Doenças, 4 (2), 205– 219. Ministério da Saúde, 2006. Programa nacional de saúde escolar. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Despacho no. 12.045/2006 (2.a série) Publicado no diário da república no. 110 de 7 de junho. Moreira, R., 1999. A adolescência e as bebidas alcoólicas. In: Fundação da Juventude. Seminário Beber para esquecer ou beber para (sobre)viver – duas faces possı́veis da mesma juventude. Porto: Fundação da Juventude, 51 – 57. Mota, J. and Sallis, J., 2002. Atividade Fı́sica e saúde: fatores de influência da atividade fı́sica nas crianças e adolescentes. Porto: Campo das Letras. Ogden, J., 2004. Psicologia da saúde. Lisboa: Climepsi Editores. Pate, R., et al., 2000. Sports participation and health-related behaviours among US youth. Arch Pediatr Adolesc Med, 154 (9), 904– 911. Pavot, W. and Diener, E., 1993. Review of the satisfaction with life scale. Psychological Assessment, 5 (2), 164– 172. Perkins, D., et al., 2004. Adolescents and sport participation chidhood the predictor of participation in sport and physical fitness activities during young adulthood. Youth & Society, 35, 495–520. Ribeiro, J., 2005. Introdução à Psicologia da saúde. Coimbra: Editora Quarteto. Sampaio, D., 1994. Inventem-se novos pais. Lisboa: Editorial Caminho. Scheerder, J., et al., 2006. Sport participation among females from adolescence to adulthood - A longitudinal study. The International Review of Sport Sociology, 41 (3 –4), 413– 430. Shafey, O., et al., 2009. El atlas del tabaco – tercera edición. Atlanta, Georgia: American Cancer Society. Sibley, B. and Etnier, J., 2003. The relationship between physical activity and cognition in children: a meta-analysis. Pediatric Exercise Science, 15, 243– 256. Simões, M., 2007. Comportamentos de Risco da Adolescência. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Sprinthall, N. and Collins, W., 2003. Psicologia do Adolescente, uma abordagem desenvolvimentista. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Tomé, G., 2009. Os amigos e o grupo. In: M. Matos and D. Sampaio, eds. Jovens com Saúde – Diálogo com uma geração. Lisboa: Texto Editora, 156– 163. Vinagre, M. and Lima, M., 2006. Consumo de Álcool, Tabaco e Droga em Adolescentes: Experiências e Julgamentos de Risco. Psicologia, Saúde & Doenças, 7 (1), 73 – 81. WHO, 2008. The global burden of disease: 2004 update. Geneva: World Health Organization. WHO, 2009. Global health risks: mortality and burden of disease attributable to selected major risks. Geneva: World Health Organization. Anexo 3 – Original do artigo resultante do estudo do capítulo V Paupério, T, Corte-Real, N., Dias, C. & Fonseca, A (2013): Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes? Um estudo realizado em alunos do 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal. Ciência & Saúde Coletiva. (No prelo) Assimetrias regionais. Que diferenças nos estilos de vida e na satisfação com a vida dos adolescentes? Um estudo realizado em alunos do 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal 1825/2013 - Regional asymmetries. What are the differences in lifestyles and life satisfaction of adolescents? A study of students of the 3rd cycle of Basic Education in Portugal Tia go Pa upé rio Fe rre ira Vie ira - Pa upé rio, T. - Fa culda de de De sporto da Unive rsida de do Porto <tia go.pa upe rio@gm a il.com > http://la tte s.cnpq.br/0973685731818161 Co-autores Nuno J. C orte -R e a l - C orte -R e a l, N. - Fa culda de de De sporto da Unive rsida de do Porto - <ncorte re a l@fa de.up.pt> C lá udia S. Dia s - Dia s, C . - Fa culda de de De sporto da Unive rsida de do Porto - <cdia s@fa de .up.pt> António M. Fonse ca - Fonse ca , A. - Fa culda de de De sporto da Unive rsida de do Porto - <a fonse ca @fa de .up.pt> Conflito de Interesse? Nã o Opção de Submissão R e a pre se nta çã o - 1825//2013 Área Temática Sa úde da C ria nça e do Adole sce nte Resumo Pa rtindo da im portâ ncia dos com porta m e ntos e da sa tisfa çã o com a vida pa ra a sa úde dos jove ns e da s conside rá ve is a ssim e tria s re giona is e x iste nte s no te rritório de Portuga l C ontine nta l, tínha m os com o obje tivo pa ra e sta inve stiga çã o:ve rifica r a e x istê ncia de dife re nça s nos níve is de prá tica de sportiva , de consum o de ta ba co e de á lcool e de sa tisfa çã o com a vida nos a lunos do 3º C iclo do Ensino Bá sico re side nte s e m dife re nte s á rea s, nom e a da m e nte , inte rior/litora l e rura l/urba no. A a m ostra foi constituída por 5624 a dole sce nte s (53%•e 47% ), com ida de s com pre e ndida s e ntre os 12 e os 17 a nos (X=14,33;Q =1,359). O instrum e nto utiliza do pa ra a re colha dos da dos foi o “Inve ntá rio de C om portam e ntos R e la ciona dos com a Sa úde dos Adole sce nte s”1 e um a ve rsã o tra duzida e a da pta da da “Sa tisfa ction W ith Life Sca le ”(SW LS)2. C oncluím os e x istire m níve is supe riore s de consum o de ta ba co nos jove ns re side nte s na s á re a s inte riore s e urba na s, níve is supe riore s de consum o de á lcool nos jove ns re side nte s e m á re a s inte riore s e rura is e níve is supe riore s de sa tisfa çã o com a vida nos jove ns re side nte s e m á re as litora is e urba na s. O s níve is de prá tica de sportiva fora m idê nticos e m todos os loca is de re sidê ncia . C onsta tá m os, ta m bé m , a e x istê ncia de dife re nça s significa tiva s, e m toda s a s va riá ve is e m a ná lise , de acordo com o se x o e e sca lã o e tá rio, inde pe nde nte s dos dife re nte s loca is de re sidê ncia a na lisa dos. Palavras-chave Adole sce nte s Prá tica De sportiva C onsum o de Ta ba co C onsum o de Álcool Sa tisfa çã o com a Vida Loca l de R e sidê ncia Abstract Based on the importance of behavior and life satisfaction for the health of young people and considerable regional differences that exist in mainland Portugal, we aimed for this investigation: to check for differences in levels of sport, tobacco consumption and alcohol and life satisfaction in students of the 3rd cycle of basic education living in different areas, including inland/coastal and rural/urban. The sample consisted of 5624 adolescents (53% • and 47% ), aged between 12 and 17 years ( = 14,33; = 1,359). The instrument used for data collection was the "Inventory of Health Related Behaviors of Adolescents"1 and a translated version of "Satisfaction With Life Scale" (SWLS)2. We could conclude there are higher levels of smoking in young people living in urban and inland areas, higher levels of alcohol consumption among young people living in rural and inland areas and higher levels of life satisfaction in adolescents living in urban and coastal areas. Levels of sport were similar in all geographical areas. We noted, too, that there are significant differences in all variables in the analysis, according to sex and age, independent of the different places of residence analyzed. Keywords Adole sce nts Sport Pra ctice Toba cco Use Alcohol Use Sa tisfa ction with Life Pla ce of re side nce INTRODUÇÃO Saúde e adolescência A saúde, tantas vezes ignorada, é um conceito essencial para as nossas vidas, enquanto maior “recurso” do ser Humano. Entendendo saúde como “capacidade de criar e lutar por um projeto de vida pessoal e original em direção ao bem estar”3,4, sabemos hoje que são diversas as suas determinantes e condicionantes que vão desde os sistemas de cuidados de saúde até ao envolvimento físico, social e económico, passando pela qualidade de vida, bem-estar e os estilos de vida5. No entanto, a maioria das ameaças à saúde, resultam de fatores comportamentais donde se destacam, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a inactividade física, os abusos de substâncias e os distúrbios alimentares6. Estes comportamentos de risco para a saúde, para além da influência direta no fenómeno saúde-doença, no curto prazo, têm, também, influência sobre os comportamentos futuros pois vários estudos demonstram que o comportamento anterior constitui o principal preditor do comportamento futuro7. Neste contexto, a adolescência, enquanto etapa do desenvolvimento humano, que pressupõe a passagem de uma situação de dependência infantil para a inserção social e a formação de um sistema de valores que definem a idade adulta8, caracterizada por rápidas alterações físicas, psicológicas, sócio-culturais e cognitivas, num trajeto que conduz à identidade e autonomia9 assume-se como fase fundamental na promoção da saúde, enquanto processo de habilitar as pessoas para melhorar e aumentar o controlo sobre a sua saúde10 e na aquisição de comportamentos protetores de saúde. Comportamentos de risco e protetores da saúde dos adolescentes A atividade física, outrora ocupando parte substancial das rotinas diárias dos jovens, tem vindo a diminuir substancialmente ao longo dos tempos, resultando em consequências graves ao nível da saúde pois esta progressiva inatividade tem sido, e é cada vez mais, associada a um vasto conjunto de patologias, nomeadamente as doenças cardiovasculares, diabetes e cancro e seus fatores de risco, como pressão arterial elevada, aumento do açúcar no sangue e sobrepeso, sendo, atualmente, apontada como o quarto principal fator de risco para a mortalidade global - 6% das mortes no mundo11. Apesar de todos os benefícios de ordem física e psicológica descritos na literatura associados a uma prática regular de atividade física, como o crescimento saudável, em termos físicos, nomeadamente na criação e manutenção de ossos, músculos e articulações saudáveis, controlo do peso, redução da gordura e prevenção da hipertensão arterial12,13 e em termos psíquicos, aumentando o desempenho escolar14, por exemplo, enriquecendo o reportório psicomotor e ajudando a prevenir e controlar comportamentos de risco, como o tabaco, a violência, o álcool, a dependência a outras substâncias e a adesão a dietas pouco saudáveis12,15, os resultados de várias investigações apontam para uma reduzida prática desportiva dos jovens, de uma forma geral, e nos jovens do sexo feminino em particular e para um decréscimo, da mesma, com a idade6,16,17,18,19. Relativamente ao consumo de substâncias, o consumo de tabaco é a principal causa de doença e morte evitável sendo responsável por cerca de 14% do total de mortes verificadas anualmente, nos países desenvolvidos20. Nos jovens, o tabagismo ou o hábito de consumir tabaco é particularmente relevante pois, na maioria das vezes, a iniciação ocorre na puberdade e a dependência instala-se durante a adolescência21. Apesar do tabaco e fumar tabaco ter uma conotação negativa entre os jovens, incluindo os que fumam, principalmente nos jovens do sexo feminino21, das campanhas de prevenção do consumo de tabaco e da produção de leis que procuram reduzir o consumo e proteger os consumidores passivos, várias investigações apontam para significativas, taxas de consumo, idênticas entre sexos e um aumento expressivo com a idade6,16,18,21. Por outro lado, o consumo de álcool, com raízes nas civilizações antigas, constitui-se, na atualidade, como um dos mais sérios problemas sociais à escala mundial. Para além de ser, nos países desenvolvidos, uma das dez maiores causas de doença e ferimentos, responsável por cerca de 9% de todos os problemas de saúde e por 3% das mortes mundiais - 1,8 milhões22, estima-se que os custos do consumo, para a saúde, se situem entre os 2% e os 5% do Produto Interno Bruto dos países tornando-se assim a redução do seu consumo uma das mais importantes ações de Saúde Pública no sentido da promoção da saúde e recuperação económica23. No entanto, apesar de todos os malefícios e consequências do seu consumo, o álcool é uma substância legalizada, que se pode produzir e consumir livremente, sendo visto como um tipo especial de bem de consumo e não como uma substância que pode causar dependência23. Esta liberalização tem nos adolescentes especial relevância pois o consumo de álcool surge muitas vezes como uma espécie de ritual de transição quase obrigatório e o primeiro contacto destes com o álcool dá-se na maioria das vezes no seio da própria família e em casa24. Assim, o consumo de álcool entre a população adolescente é significativo apontando, as diversas investigações para consumos superiores no sexo masculino e nos jovens mais velhos6,16,22. Por outro lado, as rápidas alterações, a multiplicidade de contextos sociais e interpessoais em que os adolescentes se movem e as variações na existência e no ritmo das relações influenciam, de igual forma, aspetos psicológicos no desenvolvimento dos jovens como a satisfação com a vida. Satisfação com a vida A satisfação com a vida, componente cognitiva de um constructo mais abrangente, o bem-estar subjetivo25, pode ser entendida como o julgamento que os indivíduos fazem em relação à qualidade da sua própria vida com base nos seus próprios critérios26 e, atualmente, é vista como um conceito chave na investigação da “psicologia positiva” havendo razões para crer que se torna numa variável psicológica antes da idade adulta, mais particularmente no decurso da adolescência27. Vários estudos associam elevados níveis de satisfação com a vida, nos adolescentes, com menor adoção de comportamentos de risco para a saúde, com melhor rendimento académico, melhor relacionamento intra e interpessoal, menores índices de ansiedade e depressão e índices superiores de esperança e autocontrolo28, pelo que esta pode tornar-se uma variável “chave” na identificação de diferentes estilos de vida e na promoção de estilos de vida saudáveis entre os jovens. Por outro lado, tal como já referido, o envolvimento físico, social e económico são, também, importantes e significativas determinantes da saúde5. Neste contexto o local de residência poderá ter um papel significativo na saúde e na promoção desta nos jovens, bem como pode influenciar os seus estilos de vida e satisfação com a vida. Os locais de residência Portugal é um país dual e assimétrico. A complexa organização territorial, que remonta à década de 60 do século passado e ao processo de modernização que emergiu com alguma relevância nesses anos, resultou num país tantas vez apelidado de “país a duas velocidades”, devido às enormes diferenças sociais, económicas e territoriais entre as áreas que o constituem29. A oposição entre grupos sociais, setores económicos e espaços modernos e tradicionais introduziu no país vários contrastes, entre os quais o contraste entre o interior e o litoral e entre o rural e o urbano. O Portugal urbanizado, industrializado, infraestruturado e demograficamente dinâmico (característico das áreas litorais e urbanas) destaca-se, de forma inequívoca, do Portugal agrícola, subdesenvolvido, física e simbolicamente remoto e demograficamente repulsivo (característico das áreas interiores e rurais)29. Em Portugal continental 50% da população reside em zonas urbanas, 24% em zonas mediamente urbanas e 26% em zonas rurais30. Neste contexto, atendendo às fortes diferenças territoriais existentes e conscientes que estas poderão, eventualmente, desempenhar um papel relevante nos níveis de prática desportiva, de consumo de tabaco e álcool e na satisfação com a vida dos adolescentes tínhamos como objetivos para este estudo: verificar a existência de diferenças nos níveis de prática desportiva, de consumo de tabaco e de álcool e de satisfação com a vida nos alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico residentes em diferentes áreas, nomeadamente, interior/litoral e rural/urbano. METODOLOGIA Amostra A amostra deste estudo foi constituída por 5624 adolescentes (53% • e 47% ), com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos ( = 14,33; = 1,359), a frequentar o 3º Ciclo do Ensino Básico em escolas de Portugal Continental. Dividimos os alunos em grupos, de acordo com a sua área de residência, sob dois pontos de vista tradicionais de divisão imaginária do território português, a saber: litoral/ interior e urbano/ rural. Relativamente à divisão litoral/ interior constituímos dois grupos: litoral (55,2%) e interior (44,8). Para a realização desta divisão e na ausência de uma delimitação institucional recorremos ao padrão “clássico” referido à acessibilidade em relação à costa, preconizado por Estela Alegria31, classificando como áreas litorais as unidades que confinavam com o mar e aquelas cujo concelho “principal” (o de maior população em 1991) distavam menos de 60 quilómetros de Lisboa ou do Porto e como do “Interior” as restantes. No que diz respeito à divisão Urbano/ Rural constituímos dois grupos: Área Predominantemente Urbana - APU (75%) – doravante designada por Área Urbana e Área Predominantemente Rural – APR (25%) – doravante designada por Área Rural. Optámos por excluir as Áreas Medianamente Urbanas (AMU), desta análise, por considerarmos que estas, por englobarem características comuns às Áreas Predominantemente Rurais (APR) e Áreas Predominante Urbanas (APU), poderiam enviesar os resultados obtidos. Para a realização desta divisão utilizamos as definições estabelecidas pelo Instituto Nacional de Estatística32,33 as quais têm por base o peso da população residente na população total das freguesias e o peso da área na área total das freguesias. Procedimentos O instrumento utilizado para a recolha dos dados foi o “inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes” desenvolvido por Corte-Real, Balaguer e Fonseca1 e a “Escala de Satisfação com a Vida”, versão traduzida e adaptada da “Satisfaction With Life Scale” (SWLS) de Diener et. al.2. Os dados foram recolhidos entre 2002 e 2008 nas escolas de Portugal Continental em que a investigação foi aprovada pelo Conselho Pedagógico e pelo Conselho Executivo (35 escolas), na presença de um investigador do Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto que acompanhou e monitorizou a aplicação do instrumento de recolha de dados. O estudo foi aprovado pelo Conselho Científico da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, à data do início, entidade responsável por assegurar o cumprimento da Declaração de Helsínquia em estudos humanos e do Ministério da Educação Português. Na análise dos dados utilizámos estatística descritiva com a apresentação das frequências e percentagens para as variáveis nominais, médias e desvio padrão para as variáveis contínuas. Recorremos, ainda, ao teste Qui-Quadrado (estudo da distribuição em variáveis nominais) com análise de residuais ajustados (para localização de valores significativos). O nível de significância considerado foi de 0,05, sendo apresentado a negrito, nos quadros, os valores com residuais ajustados iguais ou superiores a 1,9, em cada célula. Variáveis Para além das variáveis, já referenciadas, sexo, escalão etário e local de residência utilizamos, ainda as seguintes variáveis: prática desportiva (PD), consumo de tabaco (CT), consumo de álcool (CA) e a satisfação com a vida (SV). Para cada uma das variáveis a constituição dos grupos foi realizada de acordo com o quadro seguinte (ver quadro 1). INSERIR QUADRO 1 RESULTADOS Análise da amostra global Iniciando a apresentação dos resultados por uma análise à amostra global, independente dos meios de residência, verificámos que apenas 38% dos jovens praticavam desporto com regularidade (mais de três vezes por semana), 36% tinham uma prática reduzida (até 3 vezes por semana) e que 26% nunca praticavam ou praticavam menos de uma vez por semana. Relativamente ao consumo de tabaco registámos que 7%, dos jovens, da nossa amostra, consumiam regularmente tabaco (diariamente), 8% consumiam de forma reduzida ou esporádica (até várias vezes por semana) e 85% não consumiam. No que diz respeito ao consumo de álcool verificámos que 6% dos jovens consumia regularmente álcool, 25% consumia de forma reduzida ou esporádica (até uma vez por semana) e 69% não consumia. Por fim e relativamente à satisfação com a vida verificámos que 54% dos jovens da amostra consideravam-se muito satisfeitos com a sua vida, 36% moderadamente satisfeitos e 10 % pouco satisfeitos. Análise dos resultados em função do local de residência interior/litoral Verificámos, na amostra global, (ver quadro 2) existirem diferenças estatisticamente significativas em todas as variáveis analisadas exceto na prática desportiva. Assim, os jovens residentes em meio interior registavam consumos de tabaco e de álcool superiores aos dos jovens residentes em meio litoral e níveis inferiores de Satisfação com a Vida. Por fim e relativamente à prática desportiva, ainda que não tenhamos encontrado diferenças estatisticamente significativas, registámos a tendência para os níveis de prática regulares serem superiores no meio interior. Seguidamente, procedemos a uma análise por sexo em cada local de residência em estudo (ver quadro 2) verificando que, de uma forma geral, parecem ser os rapazes os mais influenciadas pelo local de residência interior/litoral visto que em todas as variáveis, em estudo, exceto na prática desportiva, as maiores diferenças, entre locais, encontravam-se no sexo masculino existindo, inclusive, diferenças estatisticamente significativas. Por outro lado, a análise por sexos permitiu-nos confirmar o que já havíamos descrito aquando da análise da amostra global: os alunos residentes no meio interior apresentavam consumos superiores de tabaco e de álcool e índices mais reduzidos de satisfação com a vida, quando comparados com os alunos residentes em meio litoral, em ambos os sexos. Exceção à regra apenas a prática desportiva - no sexo feminino os níveis inferiores de prática revelaram-se nos alunos residentes em meio litoral enquanto que, no sexo masculino, estes, registaram-se nos alunos residentes em meio interior. INSERIR QUADRO 2 Posto isto, e no intuito de perceber se existiriam escalões etários eventualmente mais influenciados pelos diferentes locais de residência, optámos por realizar uma análise por local em cada escalão etário (ver quadro 3). Verificámos existirem diferenças estatisticamente significativas no consumo de tabaco em todos os escalões etários, no Consumo de Álcool no escalão etário dos 16-17 anos e na satisfação com a vida no escalão etário dos 12-13 anos. Assim, e no que diz respeito ao consumo de tabaco constatámos, como já havíamos feito na análise da amostra global, existirem consumos superiores nos jovens residentes em meio interior e verificámos que tal facto era válido para todos os escalões etários. Relativamente ao consumo de álcool verificámos que era consideravelmente superior nos jovens residentes em meio interior em todos os escalões etários, principalmente no escalão etário dos 16-17 anos, onde se registou uma diferença estatisticamente significativa. No que concerne à satisfação com a vida constatámos existirem níveis mais elevados nos jovens residentes em meio litoral, em todos os escalões etários, registando-se, inclusive, diferença estatisticamente significativa no escalão etário dos 12-13 anos. Por fim e relativamente à prática desportiva, tal como já referimos, não encontramos qualquer diferença estatisticamente significativa em qualquer escalão etário analisado. Não obstante, a análise sugere a existência de níveis mais frequentes de prática nos jovens residentes em meio interior nos escalões etários dos 12-13 anos e 16-17 anos e níveis iguais no escalão etário dos 14-15 anos. INSERIR QUADRO 3 Análise dos resultados em função do meio de residência rural/urbano Após a análise por local de residência interior/ litoral procedemos à análise das diferenças entre jovens residentes em Áreas Rurais (AR), e Áreas Urbanas (AU). Assim, e relativamente à amostra global, verificámos existirem diferenças, estatisticamente significativas, em todas as variáveis exceto na variável prática desportiva (ver quadro 4). Constatámos a existência de níveis superiores de consumo de tabaco e de satisfação com a vida do meio urbano e níveis superiores de consumo de álcool no meio rural. Relativamente à prática desportiva verificámos que os valores de prática eram muito idênticos em ambos os meios em análise. Seguidamente e tal como já havíamos feito aquando da análise por meio interior/ litoral, realizamos uma análise por local em cada um dos sexos e verificámos existirem diferenças estatisticamente significativas na satisfação com a vida no sexo feminino e no consumo de tabaco e consumo de álcool no sexo masculino (ver quadro 4). Assim e no que diz respeito à satisfação com a vida no sexo feminino verificámos existirem níveis mais elevados nas raparigas residentes em meio urbano quando comparadas com as residentes em meio rural. Nas restantes variáveis, no sexo feminino, e não obstante a inexistência de diferenças estatisticamente significativas registámos que a prática desportiva era ligeiramente superior no meio rural e que os consumos de tabaco e de álcool tendiam a ser superiores no meio urbano, em especial o consumo de tabaco. Já relativamente ao sexo masculino e ao consumo de tabaco verificámos que embora as percentagens de consumo regular fossem iguais entre os meios de residência em análise, as percentagens de consumo inexistente eram substancialmente maiores nos residentes no meio urbano. No que diz respeito ao consumo de álcool constatámos a existência de consumos superiores nos rapazes residentes em meio rural. Por fim e relativamente à prática desportiva e à satisfação com vida embora não tivéssemos encontrado diferenças estatisticamente significativas verificámos existirem níveis ligeiramente superiores de prática desportiva e de satisfação com a vida nos rapazes residentes em meio urbano. INSERIR QUADRO 4 Seguidamente, optámos, tal como também havíamos feito na análise por meio interior e litoral, por realizar uma análise por meio em cada escalão etário (ver quadro 5). Verificámos existirem diferenças estatisticamente significativas na satisfação com a vida no escalão etário 12-13 anos e no consumo de tabaco e álcool no escalão etário dos 16-17 anos. Para além disso, encontrámos, também, algumas tendências dignas de registo. Assim, verificámos a existência de valores ligeiramente superiores de prática desportiva no meio rural nos escalões etários dos 12-13 anos e 14-15 anos e no meio urbano no escalão etário dos 16-17 anos. Constatámos, ainda, a existência de consumos de tabaco idênticos no escalão etário dos 12-13 anos e valores superiores no meio urbano nos escalões etários dos 14-15 anos e 16-17 anos, verificando-se, neste último, diferenças estatisticamente significativas. Relativamente ao consumo de álcool, verificámos existirem valores de consumo idênticos entre os meios de residência nos escalões etários dos 12-13 anos e dos 14-15 anos e valores superiores no meio urbano no escalão etário dos 16-17 anos (diferença estatisticamente significativa). Por fim e relativamente à satisfação com a vida encontrámos valores superiores no meio urbano em todos os escalões etário, em particular, no escalão etário dos 12-13 anos, onde a diferença era estatisticamente significativa. INSERIR QUADRO 5 DISCUSSÃO No decorrer desta investigação foram poucos os estudos encontrados com referência a diferenças nos comportamentos relacionados com a saúde ou na satisfação com a vida, dos adolescentes, em diferentes meios de residência. Não obstante, cremos que a análise de investigações, na mesma área de intervenção e em áreas adjacentes, possibilita discutir os resultados aqui encontrados. Assim, e pela análise do estudo de Santana et. al34, sobre a influência das regiões no estado de saúde da população portuguesa, verificámos existir uma variação do estado de saúde, na razão direta da urbanização/litoralização dos municípios, em dois períodos de análise distintos, resultado de um território marcado por fortes contrastes sociais, económicos e demográficos devido à atração continuada da população ao litoral e à repulsa pelo interior que atrai ainda mais desequilíbrios. Por outro lado, o mesmo estudo concluiu que as causas das desigualdades em saúde estão em estreita dependência de factores económicos e do meio físico e social que fazem parte do ambiente diário das pessoas (rendimento, habitação, desemprego, etc.). Por outro lado e analisando o estudo de Youngblade e Curry35 constatámos que os comportamentos relacionados com a saúde sofrem influência direta dos contextos interpessoais em que os jovens e adolescentes vivem. Os resultados deste estudo sugeriram que jovens envolvidos em contextos que forneciam recursos positivos eram menos propensos à aquisição de comportamentos de risco e mais propensos ao desenvolvimento de comportamentos protetores da saúde. Neste contexto considerámos ser possível que os fortes contrastes sociais, económicos e demográficos tenham influência significativa nos comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes, bem como na satisfação com a vida destes. Posto isto e regressando à nossa investigação, mais concretamente à prática desportiva, verificámos existirem reduzidos níveis de prática desportiva regular, no geral, e nos jovens do sexo feminino e nos mais velhos, em particular. Estes resultados convergem com os resultados registados noutras investigações, nomeadamente nos estudos de Corte-Real et. al.16, Currie et. al.6, Matos et. al18 e Mota e Sallis19. Ainda relativamente à prática desportiva, constatámos não existirem diferenças nos níveis de prática desportiva nos jovens que residem nos meios em análise. Assim e apesar de autores como Yang et. al. (in Mota & Sallis19) referirem a possibilidade de populações mais urbanas terem mais escolhas e mais informações em relação ao exercício físico e maiores oportunidades de utilizar espaços e equipamentos desportivos e por conseguinte apresentarem níveis superiores de prática, os nossos resultados sugerem que a prática desportiva dos jovens não é influenciada pela sua área de residência. Cremos, pois, que a adesão a estilos de vida mais ativos não se prende tanto com fatores extrínsecos que tenham por base as questões de igualdades ou desigualdades oriundas dos diferentes meios de residência, como o estatuto socioeconómico36 mas sim com fatores de ordem intrínseca como o divertimento, o prazer e as competências tal como referido por Weinberg et al., Longhunst e Spink (in Mota & Sallis19) ou a influência dos pais36. Relativamente ao consumo de tabaco a literatura por nós consultada é unânime na referência a taxas não negligenciáveis de consumo entre os jovens em particular nos mais velhos e idênticas entre os sexos6,16,18,21. Também no nosso estudo constatámos esses resultados. Para além disso, verificámos, que os consumos eram significativamente superiores nos meios interior e urbano. Resultados semelhantes foram encontrados por Matos et. al.37 relativamente à maior prevalência de consumo de tabaco pelos jovens residentes no meio interior e por Fraga et. al.38, num estudo de revisão, relativamente à maior prevalência de consumo de tabaco pelos jovens residentes em meio urbano. No entanto poder-se-à equacionar a “força” da influência do meio de residência na adoção de hábitos de consumo desta substância por parte dos jovens, tendo em conta que vários estudos qualitativos sugerem que a iniciação tabágica ocorre no contexto do grupo de pares21 e que os principais fatores promotores do consumo são: algum dos progenitores fumar ou ter fumado, existir alguma pessoa em casa que fume, os irmãos mais velhos fumarem e os amigos fumarem39. Os fatores apresentados e descritos nos estudos anteriores são transversais aos meios, em análise neste estudo, e não influenciados pela heterogeneidade cultural, económica e social, existente entre estes. No que diz respeito ao consumo de álcool o nosso estudo revelou significativas taxas de consumo, principalmente nos jovens mais velhos e nos jovens do sexo masculino. Resultados idênticos foram encontrados por Corte-Real et. al.16, Currie et. al.6, Matos et. al.18 e pelo Institute of Alcohol Studies22. Para além disso verificámos, que os consumos eram significativamente superiores nos meios interior e rural. A este respeito encontramos apenas um estudo40 com referência a diferenças no consumo de álcool em jovens entre o meio interior (no caso Beira Interior) e meio litoral (no caso Grande Lisboa) onde se concluiu não existirem diferenças estatisticamente significativas entre os meios ainda que os resultados sugerissem a existência de consumos ligeiramente superiores nos jovens residentes na área da grande Lisboa, o que diverge dos resultados por nós encontrados. No entanto, cremos que os resultados por nós encontrados, refletem questões culturais no sentido em que tal como afirmamos no capítulo introdutório deste trabalho “o consumo de álcool surge muitas vezes como uma espécie de ritual de transição quase obrigatório e o primeiro contacto dos jovens com o álcool dá-se na maioria das vezes no seio da própria família e em casa”, questões essas, possivelmente vais vincadas em sociedades/ regiões agrícolas, subdesenvolvidas, física e simbolicamente remotas, características das áreas interiores e rurais. Por fim e relativamente à satisfação com a vida, os estudos por nós consultados apontavam para níveis de satisfação com a vida de uma forma geral elevados, em particular nos rapazes e nos mais jovens6,18,41. Os resultados por nós encontrados refletem exatamente a mesma realidade. Por outro lado registámos, também, níveis superiores de satisfação com a vida nos meios litoral e urbano. Na falta de estudos que nos permitam a comparação e discussão de resultados, cremos que as diferenças registadas no nosso estudo se ficarão a dever às diferenças entre meios no que aos processos de modernização diz respeito, ou seja, os níveis mais elevados de satisfação com a vida característica dos meios litorais e urbanos poderão estar relacionados com o facto destes meios serem mais urbanizado, industrializado, infraestruturados, socioeconomicamente mais desenvolvidos. demograficamente dinâmicos e CONCLUSÕES e SUGESTÕES Após a análise e discussão dos resultados, apesar da necessidade de mais estudos que confirmem ou não os resultados aqui encontrados, nomeadamente no que diz respeito à relação entre o local de residência, os comportamentos e a satisfação com a vida dos adolescentes portugueses, cremos que esta variável, o local de residência, não sendo com certeza única, nem porventura a mais importante, poderá estar intimamente relacionada com a adoção de comportamentos protetores ou de risco para a saúde e com a promoção de níveis mais elevados de satisfação com a vida, podendo-se assim falar da existência de locais mais ou menos protetores da saúde dos jovens e adolescentes. Neste contexto, acreditamos que as enormes diferenças sociais, económicas, culturais e demográficas, consequência de uma complexa organização territorial, existentes em diferentes locais de residência promovem diferenças nos comportamentos e na satisfação dos adolescentes portugueses. Assim, concluímos que, genericamente, as áreas rurais e interiores, pelas suas caraterísticas próprias, promovem uma maior adoção de comportamentos de risco, por parte dos adolescentes, mais significativa no sexo masculino e transversal a todos os escalões etários e níveis inferiores de satisfação com a vida, relativamente às áreas urbanas e litorais. Perante isto, cientes dos custos financeiros da prevenção mas crentes de que esta é a melhor de todas as ferramentas de promoção da saúde, pensámos ser fundamental reforçar os programas de promoção da saúde existentes em Portugal, como o Plano Nacional de Saúde 2012-201642 ou o Programa Nacional de Saúde Escolar43 mais direcionado aos jovens e adolescentes, bem como a real adequação destes aos diferentes sexos, idades, particularidades e especificidades regionais. Por fim, pensámos, também, que o desenvolvimento e aplicação de programas de promoção da saúde, deverá estar baseado em resultados de investigações realizadas em cada realidade e não de dados médios nacionais, por forma a ajustarem-se às diferentes especificidades existentes no país, adequando, assim, a intervenção à realidade local. BIBLIOGRAFIA 1. Corte-Real N, Balaguer I, Fonseca A. Inventário de comportamentos relacionados com a saúde dos adolescentes. Gabinete de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto 2004 (documento não publicado). 2. Diener Ed, Emmons R, Larsen R, Griffin S. The Satisfaction With Life Scale. J Pers Assess 1985;49(1):71-75. 3. Pestana C. Comportamentos de saúde em jovens em idade escolar – nota introdutória. In Matos, M. e equipa do Projecto Aventura Social & saúde. A saúde dos adolescentes portugueses (Quatro anos depois). Lisboa: Edições FMH; 2003. 4. Navarro F. Educar para a saúde ou para a Vida? Conceitos e fundamentos para novas práticas. In Precioso, J., Viseu, F., Dourado, L., Vilaça, M., Henriques, R., Lacerda, T. (Org.). Educação para a saúde, 13-2. Braga: Departamento de Metodologias da Educação da Universidade do Minho;1999. 5. Arah O, Westert G, Hurst J, Klazinga N. A conceptual framework for the OECD: Health Care Quality Indicators Project. Int J Qual Health Care 2006; 18: 5-13. 6. Currie C, Gabhainn S, Godeau E, Roberts C, Smith R, Currie D, Picket W, Richter M, Morgan A, Barnekow V. Inequalities in young people’s health – HBSC International Report from the 2005/2006 survey. Copenhagen: World Health Organization; 2008. 7. Ogden J. Psicologia da saúde. Lisboa: Climepsi Editores; 2004. 8. Sampaio D. Inventem-se novos pais. Lisboa: Editorial Caminho; 1994. 9. Sprinthall N, Collins W. Psicologia do Adolescente, uma abordagem desenvolvimentista. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; 2003. 10. WHO. The Ottawa Charter for Health Promotion: First International Conference on Health Promotion, Ottawa, 21 November 1986. [página na Internet]. [acessado 2012 out 5]. Disponível em: http://www.who.int/healthpromotion/conferences/previous/ottawa/en/print. html 11. WHO. Benefits of Physical Activity 2009. [página na Internet]. [acessado 2012 out 5]. Disponível em: http://www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_benefits/en/print.html 12. Cavill N, Kahlmeier S, Racioppi F. Physical activity and health in Europe: evidence for action. Denmark: World Health Organization; 2006. 13. Janssen I, Leblanc A. Systematic Review of the Health Benefits of Physical Activity in School-Aged Children and Youth. Int J Behav Nutr Phys Act 2010; 7 (40). 14. Sibley B, Etnier J. The relationship between physical activity and cognition in children: a metaanalysis. Pediatr Exerc Sci 2003; 15: 243-256 15. Pate R, Trost S, Levin S, Dowda M. Sports participation and health-related behaviours among US youth. Arch Pediatr Adolesc Med 2000; 154 (9): 904-911. 16. Corte-Real N, Balaguer I, Dias C, Corredeira R, Fonseca A. Atividade física, prática desportiva, consumo de alimentos, de tabaco e de álcool dos adolescentes portugueses. Rev Port Sau Pub 2008; 26 (2): 17-25. 17. Matos M, Carvalhosa S, Diniz J. Factores associados à prática da actividade física nos adolescentes portugueses. Ana Psicológica 2002; 1 (20): 57-66. 18. Matos M & Equipa do Projecto Aventura Social & Saúde. A saúde dos adolescentes portugueses: relatório do estudo HBSC 2010. Lisboa: Edições FMH; 2012. 19. Mota J, Sallis J. Actividade Física e saúde: factores de influência da actividade física nas crianças e adolescentes. Porto: Campo das Letras; 2002. 20. Shafey O, Eriksen M, Ross H, Mackay J. El atlas del tabaco - tercera edición. Atlanta, Georgia: American Cancer Society; 2009. 21. Matos M, Gaspar T, Vitória P, Clemente M. Comportamentos e atitudes sobre o tabaco em adolescentes portugueses fumadores. Psic Saúde & Doenças 2003;4(2):205-219. 22. Institute of Alcohol Studies. Alcohol and Health. St Ives: Institute of Alcohol Studies; 2008. 23. Morais C. Consumo de álcool e suas repercussões na Saúde Pública. In Fundação da Juventude. Seminário Beber para esquecer ou beber para (sobre)viver – duas faces possíveis da mesma juventude, 33-43. Porto: Fundação da Juventude; 1999. 24. Moreira R. A adolescência e as bebidas alcoólicas. In Fundação da Juventude. Seminário Beber para esquecer ou beber para (sobre)viver – duas faces possíveis da mesma juventude, 51-57. Porto: Fundação da Juventude; 1999. 25. Diener Ed, Scollon C, Oiahi S, Dzokotom V, Suh E. Positivity And The Construction Of Life Satisfaction Judgments: Global Happiness Is Not The Sum Of Its Parts. J Happiness Stud 2000;1:159-176. 26. Pavot W, Diener Ed. Review of the Satisfaction With Life Scale. Psychological Assessment 1995;5(2):164-172. 27. Bradley R, Corwyn R. Life satisfaction among European American, African American, Chinese American, Mexican American, and Dominican American adolescents. Int J Behav Dev 2004;28(5):385400. 28. Gilman R, Huebner E. Characteristics of Adolescents Who Report Very High Life Satisfaction. J Youth Adolesc 2006;35(3):311–319. 29. Ferrão J. Portugal, três geografias em recombinação - Espacialidades, mapas cognitivos e identidades territoriais. Lusotopie 2002;2:151-158. 30. Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica. Programa Nacional Leader +: Definição e caracterização da zona abrangida. 31. Alegria E. Litoral/Interior: clivagem com sentido? Variações populacionais inter-censitárias nas últimas duas décadas. II Congresso Português de Demografia 2004. [página na Internet]. [acessado 2013 jan 20]. Disponível em: http://www.apdemografia.pt/pdf_ congresso/6 32. INE - Instituto Nacional de Estatística. Área Predominantemente Urbana 2009. [página na Internet]. [acessado 2013 jan 20]. Disponível em: http://metaweb.ine.pt/ sim/conceitos/Detalhe.aspx? ID=PT&cnc_cod=1070&cnc_ini=17-12-2009. 33. INE - Instituto Nacional de Estatística. Área Predominantemente Rural. [página na Internet]. [acessado 2013 jan 20]. Disponível em: http://metaweb.ine.pt/ sim/conceitos/Detalhe.aspx? ID=PT&cnc_cod=1084&cnc_ini=17-12-2009 34. Santana P, Vaz A, Fachada M. O Estado de saúde dos portugueses. Uma perspectiva espacial. Revista de Estudos Demográficos 2004;36:5-28. 35. Youngblade L, Curry L. The People They Know: Links Between Interpersonal Contexts and Adolescent Risky and Health-Promoting Behavior. Appl Dev Sci 2006;10(2):96–106 36. Mota J, Silva G. Association with sócio-economic status and parental participation among a portuguese sample. Sport, Education and Society 1999;4(2):193-199. 37. Matos M, Simões C, Canha L, Fonseca S. Saúde e Estilos de Vida nos jovens portugueses - Relatório do estudo de 1996 da Rede Europeia HBSC/OMS. Lisboa: Edições FMH; 2000. 38. Fraga S, Sousa S, Santos A, Mello M, Lunet N, Padrão P, Barros H. Tabagismo em Portugal. Arq Med 2005;19(5-6):207-229. 39. Fraga S, Ramos E, Barros H. Uso de tabaco por estudantes adolescentes portugueses e fatores associados. Rev Saúde Pública 2006:40(4):620-626. 40. Mendes V, Lopes P. Hábitos de consumo de álcool em adolescentes. Revista Toxicodependência 2007;13(2):25-40. 41. Goldbeck L, Schmitz T, Besi T, Herschbach P, Henrich G. Life satisfaction decrease during adolescence. Qual Life Res 2007;16(6):969-979. 42. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Saúde 2012-2016. [página na Internet]. [acessado 2013 abr 4]. Disponível em: http://pns.dgs.pt/pns-2012-201644 43. Ministério da saúde. Programa Nacional de saúde Escolar. [página na Internet]. [acessado 2013 abr 4]. Disponível em: http://www.min-saude.pt/NR/rdonlyres/ 0DF22F70D36C/0/ProgramaNacionaldeSa%C3%BAde Escolar.PDf 4612A602-74B9-435E-B720- Quadro 1 – Constituição dos grupos em cada variável e critérios de inclusão Variável PD Grupo Critérios de inclusão Inexistente ou esporádica Não pratica/ pratica até uma vez por semana. Reduzida CT CA SV Pratica até três vezes por semana. Regular Pratica mais de três vezes por semana. Regular Consome diariamente Reduzido Consome esporadicamente (até várias vezes por semana) Inexistente Não consome Regular Consome várias vezes por semana Reduzido Consome até uma vez por semana Inexistente Não consome/ quase nunca consome Reduzida ( X entre 1 e 2,4) Moderada ( X entre 2,5 e 3,4) Elevada ( X entre 3,5 e 5) Observações Analisámos a frequência de prática igual ou superior a 1 hora por sessão. Considerámos apenas a PD, quer de âmbito recreativo quer de âmbito competitivo, realizada fora da escola. Analisámos consumo. a frequência de Analisámos consumo. a frequência de Determinámos o valor médio tendo em conta a resposta a cinco questões com valores entre 1 (discordo totalmente) e 5 (concordo totalmente) Quadro 2 – Análise da Prática Desportiva, Consumo de Tabaco, Consumo de Álcool e Satisfação com a Vida em função do meio (litoral e interior) na amostra total e em cada sexo. Amostra Global Sexo Feminino Sexo Masculino (n=2964) (n=2660) (5624) Inexistente ou esporádica PD Reduzida % Regular Regular Reduzido % Inexistente Regular Reduzido % Inexistente Reduzida Moderada Elevada (g.l.= 2) Interior Litoral Interior (n=1281) (n=1422) (n=1238) 27 26 34 32 18 20 36 35 39 37 33 33 37 39 27 31 49 47 % χ2=3,410 p=0,182 χ2=2,104 p=0,349 6 10 6 8 5 12 7 9 7 8 6 10 87 81 87 84 89 78 χ2=4,196 p=0,123 χ2=59,381 p<0,001 5 9 3 4 7 14 23 26 23 26 23 26 72 65 74 70 70 60 χ2=47,186 p<0,001 (g.l.= 2) SV Litoral (n=1683) χ2=45,958 p<0,001 (g.l.= 2) CA Interior (n=2519) χ2=1,402 p=0,496 (g.l.= 2) CT Litoral (n=3105) χ2=4,046 p=0,132 χ2=45,824 p<0,001 10 11 11 13 9 9 34 38 36 37 32 39 56 51 53 50 59 52 2 χ =14,604 p=0,001 2 χ =2,782 p=0,249 2 χ =17,463 p<0,001 Quadro 3 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida em função do meio (litoral e interior), em cada escalão etário. 12-13 anos (n=1694) Inexistente ou esporádica PD Reduzida % Regular Regular CT Reduzido % Inexistente Regular CA Reduzido % Inexistente Reduzida Moderada Elevada (g.l.= 2) Interior Litoral Interior Litoral Interior (n=592) (n=1491) (n=1311) (n=512) (n=616) 26 24 25 27 32 27 36 34 37 35 35 37 38 42 38 38 33 36 % χ2=1,384 p=0,501 χ2=3,716 p=0,156 2 5 5 6 16 22 4 5 8 10 9 11 94 90 87 84 75 χ2=7,112 p=0,029 67 χ2=7,233 p=0,027 3 5 4 5 8 19 20 20 22 24 34 36 77 75 74 71 58 45 χ2=2,082 p=0,353 (g.l.= 2) SV Litoral χ2=12,156 p=0,002 (g.l.= 2) 16-17 anos (n=1128) (n=1102) χ2=2,129 p=0,345 (g.l.= 2) 14-15 anos (n=2802) χ2=2,849 p=0,241 χ2=37,748 p<0,001 8 8 11 9 16 16 30 39 35 38 36 40 62 53 54 53 48 44 χ2=12,361 p=0,002 χ2=1,758 p=0,415 χ2=2,355 p=0,308 Quadro 4 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida em função do meio (Urbano e Rural) na amostra total e em cada sexo. Amostra Total Sexo Feminino Sexo Masculino (n=2430) (n=2162) (n=4592) Inexistente ou esporádica PD Reduzida % Regular (g.l.= 2) Regular CT Reduzido % Inexistente Regular Reduzido % Inexistente Reduzida Moderada Elevada (g.l.= 2) Urbano Rural Urbano Rural (n=1150) (n=1862) (n=568) (n=1580) (n=582) 27 27 33 32 18 22 36 34 38 37 34 31 37 39 29 31 48 47 χ2=1,074 p=0,584 χ2=0,928 p=0,629 χ2=3,269 p=0,195 8 8 9 9 7 % 5 7 9 7 7 6 11 85 84 85 88 85 80 χ2=5,723 p=0,057 χ2=14,653 p=0,001 6 8 3 2 9 13 23 27 23 26 23 28 71 65 74 72 68 59 χ2=10,139 p<0,001 (g.l.= 2) SV Rural (n=3442) χ2=9,822 p=0,007 (g.l.= 2) CA Urbano χ2=3,296 p=0,192 χ2=19,572 p<0,001 11 10 12 11 9 8 34 41 35 43 34 39 55 49 53 46 57 53 2 χ =16,479 p<0,001 2 χ =12,200 p=0,002 2 χ =5,753 p=0,056 Quadro 5 – Análise da prática desportiva, consumo de tabaco, consumo de álcool e satisfação com a vida em função do meio (Urbano e Rural) em cada escalão etário. 12-13 anos (n=1393) Inexistente ou esporádica PD Reduzida % Regular Regular CT Reduzido % Inexistente Regular CA Reduzido % Inexistente Reduzida Moderada Elevada (g.l.= 2) Urbano Rural Urbano Rural (n=284) (n=1678) (n=583) (n=655) (n=283) 26 25 26 26 29 30 35 34 36 33 37 38 39 41 38 41 34 32 % χ2=2,096 p=0,351 χ2=0,581 p=0,748 3 3 6 5 22 15 4 5 8 9 9 14 93 92 86 86 69 71 χ2=1,940 p=0,379 χ2=7,788 p=0,020 11 19 26 35 35 69 54 46 4 3 5 5 19 21 21 77 76 74 χ2=0,957 p=0,620 (g.l.= 2) SV Rural (n=1109) χ2=2,076 p=0,354 (g.l.= 2) 16-17 anos (n=938) Urbano χ2=0,694 p=0,707 (g.l.= 2) 14-15 anos (n=2261) χ2=5,173 p=0,075 χ2=10,024 p=0,007 9 6 10 9 16 14 31 43 35 40 37 42 60 51 55 51 47 44 2 χ =14,064 p=0,001 2 χ =3,502 p=0,174 2 χ =2,065 p=0,356