UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA A FISIOTERAPIA PNEUMOFUNCIONAL NA PREVENÇÃO DE PNEUMONIA EM PACIENTES COM LEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR) MAGNA COSTA FIGUEIREDO THAIS REIS DE SOUSA VIVIANE BEZERRA MACHADO Belém – Pará 2006 2 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA A FISIOTERAPIA PNEUMOFUNCIONAL NA PREVENÇÃO DE PNEUMONIA EM PACIENTES COM LEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR) MAGNA COSTA FIGUEIREDO THAIS REIS DE SOUSA VIVIANE BEZERRA MACHADO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UNAMA, como requisito para obtenção do grau de Fisioterapeuta, orientado pelo professor Paulo Eduardo Santos Ávila. Belém – Pará 2006 3 A FISIOTERAPIA PNEUMOFUNCIONAL NA PREVENÇÃO DE PNEUMONIA EM PACIENTES COM LEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR) Magna Costa Figueiredo Thais Reis de Sousa Viviane Bezerra Machado Avaliado por: __________________________________________ Data: _____ / _____ / _____ Belém – Pará Universidade da Amazônia – UNAMA 2006 4 DEDICATÓRIA Aos meus pais, ROSA e AIRTON, pelo amor e sabedoria ao longo de minha vida, por tudo que eu sou e por tudo que fizeram para eu poder estar aqui hoje, ensinando a lutar por meus objetivos. Aos meus irmãos, MAGNO e LEANDRO, pela companhia, proteção e felicidade que trazem à minha vida. Magna Figueiredo Aos meus pais, BETE E PEDRO, que não se contentaram em presentear-me apenas com a vida, mas abriram as portas de um futuro profissional. Pelo exemplo de caráter, pelo amor, dedicação à família e pelo apoio incondicional, por acreditarem em mim e por fazerem dos meus sonhos os seus sonhos. Aos meus irmãos, DANIELLE E PEDRO, familiares e amigos, pelo estímulo e apoio durante a minha escalada em busca do conhecimento, que direta ou indiretamente, contribuíram para a concretização deste projeto. Thais Reis Aos meus pais, ALMY E JANE, principais responsáveis por tudo o que sou e conquistei. Pelo exemplo de amor e perseverança, pelo constante esforço e por me motivar a crescer cada dia mais. Ao meu mano, TIAGO, pelo carinho e apoio. Ao meu amigo e namorado, MÁRCIO BARBOSA, pela imensa colaboração nesta pesquisa. Pelo amor, carinho, incentivo e compreensão e por sempre acreditar em mim. Viviane Machado 5 AGRADECIMENTOS Á DEUS, fonte segura de luz em nossos caminhos, agradecemos por cada dia mais sentir sua presença guiando nossos passos e alimentando nossas almas. Ao Profº. PAULO EDUARDO SANTOS ÁVILA, da Universidade da Amazônia (UNAMA), pelo valioso incentivo e empenho na orientação e esclarecimentos científicos durante a realização deste trabalho. Ao Profº. Dr. MAURO FONTELLES, da Universidade da Amazônia, pela ajuda e colaboração na realização deste trabalho, a quem temos plena admiração por sua capacidade e competência como pesquisador. À Profª. MARISETH ANDRADE, estaticista da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Estado do Pará, Especialista em Epidemiologia, Bacharel em Estatística e Professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), pela análise estatística deste trabalho. À equipe médica e de enfermagem do setor de pediatria do Hospital Universitário João de Barros Barreto, pelo fornecimento de informações necessárias e relação dos pacientes nesta Instituição. À equipe do setor de Divisão de Arquivo Médico e Estatístico (DAME), pela atenção e disponibilidade dos prontuários, para realização desta pesquisa. Aos pacientes e seus pais e/ou responsáveis, pela compreensão, força de vontade e paciência no decorrer da pesquisa. Aos nossos colegas de graduação, os quais consideramos uma nova família, pela homogeneidade e união compartilhada durante esses quatro anos de curso. À vocês o desejo do sucesso. A todos os professores que contribuíram para a nossa formação acadêmica. A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desta pesquisa. 6 De Magna: A meu príncipe MULLER MARQUES SIQUEIRA, pelo carinho, amor e dedicação de sempre, namorado que me entende e me completa, pelas incessantes contribuições e apoio na realização deste trabalho. Aos amigos verdadeiros e fiéis, companheiros de turma, em especial a RONALDO PEREIRA e ÁDRIA AGUIAR, que estiveram sempre ao meu lado, me ajudando, orientado e confortando com suas palavras de ternura e carinho. De Thais: Aos colegas que me apoiaram e me ajudaram ao longo do trajeto percorrido, que muito contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. Especialmente á minha amiga, LUANA ESTUMANO, pelo companheirismo em todos os momentos, pelas críticas construtivas, pela paciência e acima de tudo pela amizade. Aos meus familiares pelo grande apoio e incentivo a lutar pela conquista de mais uma vitória. De Viviane: A todos meus verdadeiros amigos, especialmente à LIDIANE, MELLINA, HÉLIA, PAULA e ÁDRIA, por serem amigas e companheiras nessa jornada. Pelo apoio, aprendizagem, tolerância e afeto. Aos meus irmãos, VICTOR e BIANCA, pelo apoio e positividade do pensamento à distância. 7 “São fúteis e cheias de erros as ciências que não nasceram da experimentação, mãe de todo conhecimento.” Leonardo da Vinci, s/d 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Prevalência de sexo nos pacientes com LV. ........................................................ 50 Tabela 2 – Prevalência de idade do total de pacientes do estudo retrospectivo. ..................... 51 Tabela 3 – Prevalência de idade nos pacientes menores de 5 anos. ....................................... 52 Tabela 4 – Prevalência de óbito nos pacientes menores de 5 anos......................................... 53 Tabela 5 – Prevalência de Pneumonia nos pacientes menores de 5 anos. .............................. 54 Tabela 6 – Média do tempo de permanência de internação dos pacientes menores de 5 anos.55 9 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Prevalência de sexo nos pacientes com LV. ....................................................... 50 Gráfico 2 – Prevalência de idade do total de pacientes do estudo retrospectivo..................... 51 Gráfico 3 – Prevalência de idade nos pacientes menores de 5 anos. ...................................... 52 Gráfico 4 – Prevalência de óbito nos pacientes menores de 5 anos. ...................................... 53 Gráfico 5 – Prevalência de Pneumonia nos pacientes menores de 5 anos. ............................. 54 Gráfico 6 – Média do tempo de permanência de internação dos pacientes menores de 5 anos. ..................................................................................................................................... 55 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Gráfico do número de casos e coeficiente de incidência de leishmaniose visceral, Brasil – 1985 a 2002..................................................................................................... 21 Figura 2 – Distribuição de casos autóctones de Leishmaniose Visceral segundo município, Brasil 2002................................................................................................................... 23 Figura 3 – Forma flagelada ou promastigota......................................................................... 25 Figura 4 – Forma aflagelada ou amastigota. ......................................................................... 25 Figura 5 – Ciclo de vida e transmissão da LV....................................................................... 28 Figura 6 – Períodos inicial, de estado e final, respectivamente.............................................. 30 Figura 7 – Comparação entre pulmões limpos e sadios (A) e pulmões com pneumonia (B). . 40 Figura 8 – Tapotagem em decúbito lateral direito................................................................. 47 Figura 9 – Manobra de vibrocompressão manual realizada em decúbito dorsal. ................... 48 Figura 10 – Manobra de compressão-descompressão. .......................................................... 49 11 LISTA DE ABREVIATURAS OMS Organização Mundial de Saúde LV Leishmaniose Visceral LVA Leishmaniose Visceral Americana VAS Vias Aéreas Superiores HUJBB Hospital Universitário João de Barros Barreto SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação RPS Regionais de Proteção Social SFM Sistema Fagocítico Mononuclear irpm incursões respiratórias por minuto MMSS Membros Superiores UNAMA Universidade da Amazônia UFPA Universidade Federal do Pará DAME Divisão de Arquivo Médico e Estatístico TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido DL Decúbito Lateral DD Decúbito Dorsal 12 RESUMO FIGUEIREDO, Magna Costa; SOUSA, Thais Reis de & MACHADO Viviane Bezerra. A Fisioterapia Pneumofuncional na Prevenção de Pneumonia em Pacientes com Leishmaniose Visceral (Calazar). Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Dezembro de 2006. A Leishmaniose Visceral – LV, ou Calazar, é uma doença parasitária sistêmica causada pelo protozoário Leishmania chagasi e transmitida ao homem pela picada do mosquito flebotomíneo Lutzomyia longipalpis. Atinge principalmente crianças menores de 10 anos, sendo 41% menores de 5 anos e é caracterizada principalmente por febre prolongada, hepatoesplenomegalia, perda de peso e pancitopenia, acompanhada de infecções secundárias, dentre elas a pneumonia. Este estudo teve como objetivo aplicar tratamento fisioterapêutico pneumofuncional como forma de prevenir o surgimento de pneumonia em pacientes com diagnóstico clínico de LV e comparar incidência de pneumonia e tempo de internação. Para tal, foi realizado um estudo retrospectivo com base em prontuários de pacientes, internados com LV no Hospital Universitário João de Barros Barreto, no ano de 2005, e outro prospectivo, onde 13 crianças foram submetidas a tratamento fisioterapêutico de julho a outubro de 2006. Dentre os principais resultados obtidos, observou-se que 47,2% dos pacientes do estudo retrospectivo evoluíram com pneumonia, enquanto que 0% dos pacientes do estudo prospectivo evoluiu com pneumonia; quanto à média de permanência, para os pacientes do estudo retrospectivo a média foi de 24.14 dias, e do estudo prospectivo foi de 16.31 dias. Portanto, esta pesquisa comprovou estatisticamente que a fisioterapia colaborou para a prevenção de pneumonia nos pacientes com LV, reduzindo a taxa de incidência de pneumonia e o tempo de internação hospitalar. Palavras-chave: leishmaniose visceral; pneumonia; fisioterapia pneumofuncional. 13 ABSTRACT FIGUEIREDO, Magna Costa; SOUSA, Thais Reis de & MACHADO Viviane Bezerra. Pneumofunctional Physiotherapy on Pneumonia Prevention in Patients with Visceral Leishmaniasis (Kalazar). Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Dezembro de 2006. Visceral Leishmaniasis – VL, or kalazar, is a systemic parasitic disease caused by Leishmania chagasi protozoa and its transmission is carried out by the pheblotomine sandfly Lutzomyia longipalpis. It mainly affects children under 10 years old, in which 41% are less than 5 years old and is characterized by prolonged fever, hepatosplenomegaly, substantial weight loss and pancytopenia, followed by secondary infections, such as pneumonia. This study aimed to apply pneumofunctional physiotherapeutic treatment as a way to prevent pneumonia in patients with clinical diagnosis of LV and to compare pneumonia incidence and time of internment. For such, a retrospective study was carried through based on handbooks of patients interned with LV in Hospital Universitário João de Barros Barreto, in the year of 2005, and another prospective, in which 13 children were submitted to physiotherapeutic treatment, from July to October of 2006. Among the main results, it was observed that 47.2% of the patients of the retrospective study have developed pneumonia, whereas 0% of the patients of the prospective study developed pneumonia; in relation to the permanence average, for the patients of the retrospective study the average was of 24.14 days, and for the ones of the prospective study it was of 16.31 days. Therefore, this research proved statistically that physiotherapy collaborated for pneumonia prevention in patients with LV, reducing the rate of pneumonia incidence and the time of hospital internment. Key-words: visceral leishmaniasis; pneumonia; pneumofunctional physiotherapy. 14 SUMÁRIO 1. 2 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 15 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................... 18 2.1 Leishmaniose Visceral................................................................................................ 18 2.1.1 Definição............................................................................................................. 18 2.1.2 Histórico............................................................................................................. 19 2.1.3 Epidemiologia ..................................................................................................... 21 2.1.4 Etiologia.............................................................................................................. 24 2.1.5 Reservatórios....................................................................................................... 25 2.1.6 Vetores ................................................................................................................ 26 2.1.7 Ciclo evolutivo e Transmissão ............................................................................. 27 2.1.8 Quadro clínico ..................................................................................................... 29 2.1.9 Complicações ...................................................................................................... 30 2.1.10 Diagnóstico ....................................................................................................... 30 2.1.11 Diagnóstico diferencial ...................................................................................... 31 2.2 Leishmaniose Visceral e Pneumonia.......................................................................... 32 2.3 Pneumonia ................................................................................................................ 34 2.3.1 Definição............................................................................................................. 34 2.3.2 Patogenia............................................................................................................. 34 2.3.3 Etiologia.............................................................................................................. 35 2.3.4 Classificação ....................................................................................................... 36 2.3.5 Diagnóstico ......................................................................................................... 38 2.3.6 Aspectos Clínicos ................................................................................................ 39 2.3.7 Aspectos Radiológicos......................................................................................... 40 2.4 Fisioterapia Pneumofuncional ................................................................................... 41 2.4.1 Drenagem Postural .............................................................................................. 42 2.4.2 Manobra de Percussão (Tapotagem) .................................................................... 42 2.4.3 Manobra de Vibrocompressão ............................................................................. 43 2.4.4 Manobra de Compressão-descompressão............................................................. 44 3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 45 3.1 Delineamento do Estudo............................................................................................ 45 3.2 Local de Realização .................................................................................................. 45 3.3 Amostra .................................................................................................................... 45 3.4 Protocolo de Atendimento .......................................................................................... 46 3.4.1 Manobra de Percussão (Tapotagem) e Drenagem Postural ................................... 47 3.4.2 Manobra de Vibrocompressão ............................................................................. 48 3.4.3 Manobra de Compressão-descompressão............................................................. 48 3.5 Análise Estatística ..................................................................................................... 49 4. RESULTADOS .............................................................................................................. 50 5. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 57 6. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 62 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ...................................................................................... 67 APÊNDICES ....................................................................................................................... 68 APÊNDICE 1 – ACEITE DO COMITÊ DE ÉTICA DA UNAMA ...................................... 69 APÊNDICE 2 – FICHA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA .................................... 70 APÊNDICE 3 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ..... 72 APÊNDICE 4 – ACEITE DO ORIENTADOR .................................................................... 73 15 1. INTRODUÇÃO A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a Leishmaniose como uma das doenças parasitárias mais importantes, com aproximadamente 350 milhões de pessoas com risco de contrair a doença. A Leishmaniose tem uma distribuição por todo o mundo, é endêmica em pelo menos 88 países, ocorre em todos os continentes, exceto na Antarctica e na Austrália onde não existem vetores suscetíveis, e mais de 90% dos casos de Leishmaniose Visceral (LV) ocorrem na Índia, Nepal, Bangladesh, Sudan e Brasil.1,2 A Leishmaniose Visceral Americana (LVA), causada pela Leishmania (Leishmania) chagasi, é transmitida pelo mosquito flebotomíneo Lutzomyia longipalpis. Nos últimos 10 anos a doença tem se tornado um sério problema de saúde pública no Brasil devido à elevada prevalência de infecção canina e o crescimento de casos humanos nas áreas urbanas e periurbanas das grandes cidades.3 A LV é uma infecção parasitária que atinge tanto adultos como crianças, tipicamente apresenta-se com febre, hepatoesplenomegalia e pancitopenia. Uma vez instalada, o curso clínico da LV não-tratada leva à morte na maioria dos pacientes, geralmente devido a infecções intercorrentes. A imunossupressão durante a doença ativa, desnutrição e leucopenia, juntas, seriam responsabilizadas pelo desenvolvimento de infecções secundárias.4,5 As infecções bacterianas são bastante comuns em pacientes com calazar, podendo ocorrer em mais de 50% dos pacientes internados e dentre elas as mais comuns são infecções de pele, do ouvido médio e do trato respiratório. Estas infecções, em estudo de Rey et al, correspondem a 74% das causas de óbito, estando a pneumonia incluída nas infecções mais fatais.6,7 16 Normalmente o aparelho respiratório é protegido contra os microorganismos por vários mecanismos de defesa. Entretanto, há situações em que estes mecanismos estão prejudicados, havendo o favorecimento de instalação de germes, seja de forma inespecífica, seja mesmo seletiva.8 Pneumonia refere-se à infecção do tecido pulmonar, que pode ser causada por bactérias, micobactérias, vírus, fungos, etc. Seu estudo é fundamental pela freqüência como ocorre, pela morbidade e pela letalidade que causa. O quadro clínico causa mal estar, febre, sintomas de vias aéreas superiores (VAS) sugestivos de infecção viral, dor torácica, tosse seca no início, tosse produtiva com secreção de coloração amarela ou esverdeada, podendo apresentar raios de sangue, expansibilidade torácica diminuída com respiração curta e dolorosa, dispnéia, e cianose perioral.6,9 A fisioterapia respiratória é uma área bastante ampla da prática profissional que lida com a avaliação e tratamento de pacientes de todas as idades com distúrbios pulmonares agudos ou crônicos. O uso da fisioterapia respiratória nos diversos problemas respiratórios que cursam com hipersecreção brônquica e/ou retenção de secreção visa, principalmente, a melhorar o clearance mucociliar, aumentar a quantidade de secreção expectorada, prevenir infecção no trato respiratório e melhorar a função pulmonar.10,11,12 Sendo assim, reconhecendo a importância da pneumonia e suas conseqüências nos pacientes portadores de LV e tendo em vista as altas taxas de incidência para ambas as patologias no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), assim como a ausência de intervenção fisioterapêutica de modo preventivo em relação à pneumonia que pode vir a acometer estes pacientes e a carência de literatura, em nossa região, relacionando a patologia 17 em questão com a fisioterapia, justifica-se esse estudo, a fim de aplicar tratamento fisioterapêutico pneumofuncional como forma de prevenir o surgimento de pneumonia em pacientes com diagnóstico clínico de LV, e comparar incidência de pneumonia e tempo de internação. 18 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Leishmaniose Visceral 2.1.1 Definição O termo leishmaniose refere-se às condições clínicas causadas por protozoários do gênero Leishmania, que são subdivididos em dois subgêneros: Leishmania e Viannia. Esses congregam diferentes complexos, espécies e subespécies, responsáveis pelas formas viscerais, cutâneas e mucocutâneas da doença. O complexo donovani, incluído no gênero e subgênero Leishmania, determina as formas viscerais de leishmaniose.13,14,15 A LV ocorre em diversas regiões do mundo, apresentando algumas variações clínicas e, principalmente, epidemiológicas nas diferentes áreas. Assim, se definem cinco tipos distintos de leishmaniose visceral: (1) calazar indiano; (2) LV mediterrânea ou infantil; (3) LV neotropical ou leishmaniose visceral americana; (4) LV das regiões meridionais da antiga União Soviética; (5) LV sudanesa.9,13,14 A LVA tem sido definida com base nas manifestações clássicas produzidas por seu agente etiológico no sistema reticuloendotelial do homem. “Calazar” ou febre negra é definida como uma síndrome clínica caracterizada por febre irregular de longa duração, acentuado emagrecimento, intensa palidez cutaneomucosa, a qual confere um aspecto escurecido à pele dos indivíduos caucasianos.5,14,16,17,18,19 A LV ganhou o nome de kala-azar, palavra de origem hindu que significa ‘febre negra’, devido a este escurecimento característico da pele, descrita na Índia. Apesar de tal 19 característica não acompanhar a doença em outras regiões do Mundo como o Brasil, o nome calazar ficou consagrado e se transformou em sinonímia.A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa de evolução crônica, evoluindo freqüentemente de forma sistêmica no homem, levando a um quadro clínico que cursa, em geral, com febre irregular prolongada, hepatoesplenomegalia, pancitopenia, perda de peso, desnutrição e imunossupressão.5,14,16, 17 A LV é considerada primariamente como uma zoonose, podendo acometer o homem, quando este entra em contato com o ciclo de transmissão do parasito, transformando-se em uma antropozoonose. Atualmente, encontra-se entre as seis endemias consideradas prioritárias no mundo. Compromete o sistema hemopoiético e dele, principalmente, o sistema fagocítico mononuclear (SFM), variando de intensidade e comportando-se ora como uma simples infecção, ora como doença assintomática ou oligossintomática ou como doença sintomática, quase sempre grave, com as características de uma reticulopatia aguda.18,20,21 2.1.2 Histórico A primeira descrição do parasito da LV foi feita por William Leishman em 1903, na Índia, ao realizar uma autópsia em um cadáver de um soldado que foi internado no Hospital de Netley em abril de 1900, vindo da estação de Dum-Dum com disenteria e hepatoesplenomegalia.16 Na América, o primeiro relato de suspeita de LV se deu em 1913, no Paraguai, por Migone. No entanto, não se confirmou post-mortem o diagnóstico da doença. Somente em 1926 Mazza & Cornejo confirmaram a autoctonia da LVA, quando diagnosticaram, parasitologicamente, dois casos em crianças no norte da República Argentina. Até 1934, somente estes três casos haviam sido descritos.5,16,18,21 20 No Brasil, em 1934, Henrique Penna fez a descoberta da LVA casualmente, ao examinar amostras de fígado tomadas por viscerotomia post-mortem para investigação da febre amarela no Brasil. Desse modo, encontrou 41 casos de LV, a maioria em crianças da região Nordeste, principalmente do Estado do Ceará, e 3 casos da região Norte, todos do Estado do Pará (municípios de Abaetetuba e Moju).5,15,16 Em 1937, após a criação em 1936 do Instituto de Patologia Experimental do Norte pelo Dr. Evandro Chagas, Cunha e Chagas estabelecem o seu agente etiológico no Brasil pela denominação de L. donovani chagasi. Até 1953, somente 42 casos de calazar foram diagnosticados in vivo no Brasil, enquanto que mais de 300 casos já haviam sido notificados por viscerotomia no Nordeste brasileiro.5,16 Foi realmente no período de 1953 a 1965 que a LV foi plenamente reconhecida como endêmica no Brasil e de maior expressividade na América Latina, destacando-se os focos de Sobral no Ceará (Aragão, 1953 – 174 casos), Jacobina na Bahia (Pessoa, 1955 – 31 casos), no Piauí (Alencar, 1958 – 45 casos), Minas Gerais (Martins et al, 1956, descrevem um novo foco).16 Na Amazônia, até 1980, apenas 30 casos haviam sido diagnosticados, todos no Estado do Pará. Entretanto, a partir do início da década de 80, notou-se que a doença assumiu um caráter novo, deixando de ser uma endemia rara para reaparecer com maior freqüência nos focos antigos e surgir também em novas localidades. Atualmente, a doença alarga suas fronteiras na região Amazônica, inserindo-se em áreas quase primitivas, de difícil acesso, como é o caso dos focos mais recentes surgidos nos municípios de Bonfim, Normandia e Boa Vista no Estado de Roraima, atingindo principalmente a população indígena dos Yanomâmis.5,18,21 21 2.1.3 Epidemiologia No Brasil, a LV inicialmente tinha um caráter eminentemente rural e, mais recentemente, vem se expandindo para as áreas urbanas de médio e grande porte. Segundo o Ministério da Saúde, em 19 anos de notificação (1984-2002), os casos de LVA somaram 48.455 casos, sendo que aproximadamente 66% deles ocorreram nos estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí. Nos últimos dez anos, a média anual de casos no País foi de 3.156 casos, e a incidência de dois casos/100.000 hab.21,22,23,24,25 Figura 1 – Gráfico do número de casos e coeficiente de incidência de leishmaniose visceral, Brasil – 1985 a 2002. Fonte: Ministério da Saúde, 2006. A doença é mais freqüente em crianças menores de 10 anos (54,4%), sendo 41% dos casos registrados em menores de 5 anos. O sexo masculino é proporcionalmente o mais afetado (60%). A razão da maior susceptibilidade das crianças é explicada pelo estado de relativa imaturidade imunológica celular agravado pela desnutrição, tão comum nas áreas endêmicas, além de uma maior exposição ao vetor no peridomicílio. Por outro lado, o 22 envolvimento do adulto tem repercussão significativa na epidemiologia da LV, pelas formas frustras (oligossintomáticas) ou assintomáticas, além das formas com expressão clínica.5,15,21,25 No Brasil, a LV apresenta aspectos geográficos, climáticos e sociais diferenciados, em função da sua ampla distribuição geográfica, envolvendo as regiões Norte, Nordeste, CentroOeste e Sudeste. Na década de 90, aproximadamente noventa por cento (90%) dos casos notificados de LV ocorreram na Região Nordeste. À medida que a doença se expande para as outras regiões e atinge áreas urbanas e periurbanas, esta situação vem se modificando e, no período de 2000 a 2002, a Região Nordeste já representa uma redução para 77% dos casos do País.21,22 Os dados epidemiológicos dos últimos dez anos revelam a periurbanização e a urbanização da LV, destacando-se os surtos ocorridos no Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Araçatuba (SP), Santarém (PA), Corumbá (MS), Teresina (PI), Natal (RN), São Luís (MA), Fortaleza (CE), Camaçari (BA) e mais recentemente as epidemias ocorridas nos municípios de Três Lagoas (MS), Campo Grande (MS) e Palmas (TO).21,22,23 As áreas de transmissão da doença no Brasil estão representadas na Figura 2. 23 Figura 2 – Distribuição de casos autóctones de Leishmaniose Visceral segundo município, Brasil 2002. Fonte: Ministério da Saúde, 2006. As transformações no ambiente, provocadas pelo intenso processo migratório, por pressões econômicas ou sociais, a pauperização conseqüente de distorções na distribuição de renda, o processo de urbanização crescente, o esvaziamento rural e as secas periódicas acarretam a expansão das áreas endêmicas e o aparecimento de novos focos. Este fenômeno leva a uma redução do espaço ecológico da doença, facilitando a ocorrência de epidemias.21,26 O ambiente característico e propício à ocorrência da LV é aquele de baixo nível sócioeconômico, pobreza, promiscuidade, prevalente em grande medida no meio rural e na periferia das grandes cidades. Entretanto, estas características vêm se modificando, principalmente, nos estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde a LV se encontra urbanizada.21,26 No Estado do Pará, os registros mais efetivos da ocorrência de LV datam do início da década de 1980, quando os casos eram procedentes de poucos municípios do Estado. Posteriormente, em 1987, foi implantado o Programa de Controle da LV, entretanto, as 24 informações se tornaram mais consistentes a partir de 1999, as ações de controle das leishmanioses foram descentralizadas para a Secretaria de Saúde do Estado, e este por sua vez implementou outras estratégias como medidas de controle, dentre as quais o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).27 Ressalte-se que os números de casos começaram a “aparecer” não somente porque o Programa evoluiu com o sistema de informação (SINAN), mas também, deve-se considerar que a doença vem sofrendo um franco processo de expansão, distribuindo-se pela zona urbana de algumas cidades, em particular, no Estado do Pará, o que representa um sério problema de saúde pública.27 No ano de 2002, segundo o banco de dados do SINAN, foram registrados 208 casos distribuídos em 34 municípios (23,78%) das 10 Regionais de Proteção Social (RPS) que registraram casos, sendo que a 13ª RPS apresentou maior número de casos (68), enquanto que, no ano de 2003 foram registrados 226 casos procedentes de 30 municípios (20,98%) 9 Regionais e a 13ª RPS continuou sendo a expressão máxima em número de casos (58). Com relação à faixa etária, no ano de 2002, 60,10% das ocorrências foram em menores de 10anos de idade, enquanto que em 2003 foi de 69,57%. Com respeito ao sexo, o masculino foi o mais acometido tanto no ano de 2002 com 61,06%, quanto em 2003 com 57,08%.27 2.1.4 Etiologia O agente etiológico é um protozoário da família Trypanosomatidae, gênero Leishmania e espécie donovani. Os critérios genotípicos e fenotípicos para caracterização de espécies e subespécies identificam três subespécies mais importantes causadoras de doença no homem: L. (L.) donovani, L. (L.) infantum e (L.) L. chagasi. Na posição taxonômica pertence ao filo 25 Sarcomastigoplora e ordem Cinetoplastidae. O termo leishmaniose visceral justifica-se pelo viscerotropismo da Leishmania (L.) chagasi, ao contrário das outras espécies.9,18,21,24,26,28 Do mesmo modo que as espécies que causam a leishmaniose tegumentar, a Leishmania (L.) chagasi apresenta-se sob duas formas principais: amastigota (encontrada no interior das células do SFM), principalmente no baço, fígado, medula óssea e gânglios linfáticos) e promastigota (forma infectante para os hospedeiros vertebrados, incluindo o homem, encontrada naturalmente no tubo digestivo dos vetores flebotomíneos – somente nas fêmeas). Ambas as formas multiplicam-se pelo processo de divisão binária.9,17,18,21,28 Figura 3 – Forma flagelada ou promastigota. Fonte: Ministério da Saúde, 2006. Figura 4 – Forma aflagelada ou amastigota. Fonte: Ministério da Saúde, 2006. 2.1.5 Reservatórios Na área urbana, o cão (Canis familiaris) é a principal fonte de infecção, sendo definido como reservatório doméstico. A enzootia canina tem precedido a ocorrência de casos 26 humanos e a infecção em cães tem sido mais prevalente do que no homem. Quando infectado, o cão apresenta intenso parasitismo cutâneo pela L. (L.) chagasi, o que o torna excelente fonte de infecção para o flebotomíneo vetor. Contudo, como o homem, é apenas um hospedeiro acidental do parasito.16,18,21,22,24,26 No ambiente silvestre, os reservatórios são as raposas (Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous) e os marsupiais (Didelphis albiventris). A infecção neste animal não causa danos à sua saúde. No Brasil, as raposas foram encontradas infectadas nas regiões Nordeste, Sudeste e Amazônica. Os marsupiais didelfídeos foram encontrados infectados no Brasil e na Colômbia. Contudo, L. longipalpis tem sido observada alimentando-se de uma grande variedade de vertebrados, incluindo bois, cavalos, macacos, porcos e galinhas. O reconhecimento das manifestações clínicas no cão é de fundamental importância para a adoção das medidas de controle da doença.15,17,18,21,26,28 2.1.6 Vetores Os vetores da LV são insetos denominados flebotomíneos, conhecidos popularmente como mosquito palha, tatuquiras, birigui, entre outros. No Brasil, duas espécies, até o momento, estão relacionadas com a transmissão da doença Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. A primeira espécie é considerada a principal espécie transmissora da L. (L.) chagasi no Brasil e, recentemente, L. cruzi foi incriminada como vetor no Estado de Mato Grosso do Sul. No Brasil, a distribuição geográfica de L. longipalpis é ampla e parece estar em expansão. Esta espécie é encontrada em quatro das cinco regiões geográficas: Nordeste, Norte, Sudeste e Centro-Oeste.14,15,16,18,21,24 27 O homem, como já mencionado anteriormente, é um hospedeiro acidental, e como tal, desempenha papel importante na manutenção da doença. Este conceito é essencial ao se planejar programas de controle, uma vez que o tratamento de doentes não reduz o risco de outras pessoas serem infectadas.5 2.1.7 Ciclo evolutivo e Transmissão Não só o calazar, mas qualquer tipo de leishmaniose (incluindo a tegumentar) possui o mesmo ciclo evolutivo. A doença é transmitida pela picada do mosquito flebotomíneo (vetor), não ocorrendo transmissão direta de pessoa a pessoa. A transmissão ocorre enquanto houver o parasitismo na pele ou no sangue periférico do hospedeiro As fêmeas do flebotomíneo têm hábito hematófago, alimentando-se no crepúsculo ou durante a noite. Abrigam-se em tocas de animais silvestres, buracos de árvores e invadem o domicílio, concentrando-se nas fendas de paredes. A espécie Lutzomyia longipalpis é antropozoofílica, ou seja, alimenta-se tanto do sangue humano como de outros mamíferos.9,14,15,18,21,28 O mosquito transmissor contém as formas promastigotas infectantes (metacíclicas) da L. chagasi em seu aparelho digestivo. Durante o repasto sanguíneo, este material é regurgitado, permitindo a inoculação dos parasitas na derme do hospedeiro. Neste local, são internalizados por macrófagos locais, após ligarem-se a receptores específicos. No interior do vacúolo fagocítico, as formas promastigotas perdem o flagelo, transformando-se em formas amastigotas. Estas se proliferam por divisão binária, gerando múltiplos protozoários que se acumulam no citoplasma do macrófago, provocando o rompimento da célula.14,16,17 Ao serem liberados no meio extracelular, infectam novos macrófagos ou monócitos. No interior destas células, o protozoário caminha pela corrente sanguínea, alcançando órgãos do 28 sistema retículoendotelial, como fígado, baço e medula óssea, onde encontram novos macrófagos, mantendo um ciclo proliferativo celular.14,16,17 Ao picar o homem ou animal infectado, o flebotomíneo ingere monócitos contendo formas amastigotas ativas, que são libertadas no intestino do inseto. Aí encontram um meio propício para evoluírem até a forma promastigota metacíclica, invadindo retrogradamente o aparelho digestivo proximal (estômago, esôfago e faringe) do mosquito. Neste momento, cerca de 5 dias após ter adquirido o parasita, o mosquito já pode transmiti-lo para um novo hospedeiro.14,16,17 Figura 5 – Ciclo de vida e transmissão da LV. Fonte: ENGEL et al, 2004. 29 2.1.8 Quadro clínico O quadro clínico depende de fatores geográficos e susceptibilidade individual. Os fatores geográficos contribuem com seu comportamento relacionado à epidemiologia e os fatores individuais relacionam-se à idade, associação com desnutrição, patologias simultâneas, imunidade, gravidade dos fenômenos patológicos (hemorrágicos, por exemplo) e presença de complicações. Os casos graves ocorrem principalmente nas áreas endêmicas da doença.9,29Apresenta-se em quatro períodos: Período de incubação: extremamente variável e de difícil determinação, mas em média, varia de 1 a 4 meses. Período inicial ou fase aguda: de início súbito ou insidioso, caracteriza o início da sintomatologia que pode variar de paciente para paciente, mas na maioria dos casos inclui febre com duração inferior a quatro semanas, palidez cutâneo-mucosa e hepatoesplenomegalia. Período de estado: caracteriza-se por febre irregular, geralmente associada a emagrecimento progressivo, palidez cutâneo-mucosa e aumento da hepatoesplenomegalia. Apresenta um quadro clínico arrastado geralmente com mais de dois meses de evolução, na maioria das vezes associado a comprometimento do estado geral. Período final: caso não sejam feitos o diagnóstico e o tratamento, a doença evolui progressivamente para o período final, com febre contínua e comprometimento mais intenso do estado geral. Instala-se a desnutrição (cabelos quebradiços, cílios alongados e pele seca), edema dos membros inferiores que pode evoluir para anasarca. Outras manifestações importantes incluem hemorragias (epistaxe, gengivorragia e petéquias), icterícia e ascite. Nestes pacientes, o óbito geralmente é determinado por infecções bacterianas e/ou sangramentos.5,14,16,17,21,28 30 Figura 6 – Períodos inicial, de estado e final, respectivamente. Fonte: Ministério da Saúde, 2006. 2.1.9 Complicações As complicações mais freqüentes do calazar são de natureza infecciosa bacteriana. Dentre elas destacam-se: otite média aguda, piodermites, infecções dos tratos urinário e respiratório. Caso essas infecções não sejam tratadas com antimicrobianos, o paciente poderá desenvolver um quadro séptico com evolução fatal.21 2.1.10 Diagnóstico O diagnóstico de calazar começa com a suspeita epidemiológica a partir de quadro clínico sugestivo. Diante de quadro clínico-epidemiológico compatível com o diagnóstico, deve-se providenciar a notificação imediata, pois o calazar é doença de notificação compulsória sujeita a vigilância epidemiológica.6,14,15,17,20 Além disso, devem ser utilizados critérios laboratoriais de diagnóstico, pois no calazar clássico, diversas alterações hematológicas, bioquímicas e imunológicas são verificadas: anemia, leucopenia acentuada, plaquetopenia, alterações das enzimas hepáticas e nas proteínas plasmáticas, albumina baixa e globulinas elevadas, dentre outros.6,14,20,29,30 31 O diagnóstico deve ser confirmado pela demonstração do parasito por métodos diretos, buscando encontrar as formas amastigotas no interior de macrófagos ou monócitos. No esfregaço do sangue periférico, pode-se eventualmente visualizar a Leishmania sp., porém isso só é possível em menos de 30% dos casos. O aspirados de medula óssea tem uma sensibilidade de 70% para visualização do parasita, perdendo apenas para o exame padrãoouro – o aspirado esplênico, que tem sensibilidade superior a 95%.6,14,16,20,29,30 Apesar do baço, juntamente com o fígado, possuir uma percentagem de positividade maior, evita-se a biópsia desses órgãos pelos riscos hemorrágicos, necessitando-se de profissionais bem treinados para sua realização. Logo, na prática, a punção mais utilizada é a medular (esterno, crista ilíaca e tíbia) por ser procedimento mais seguro e permitir colheita de material para mielograma.5,6,14,20 2.1.11 Diagnóstico diferencial O calazar deve ser considerado no diagnóstico diferencial de todo paciente com febre prolongada e esplenomegalia, particularmente em crianças menores de 10 anos moradoras de áreas endêmicas ou indivíduos que visitaram tais regiões nos últimos oito meses. A constatação de febre prolongada, progressiva perda de peso, fraqueza, palidez, hepatoesplenomegalia, pancitopenia no sangue periférico, albumina baixa e altos níveis de globulinas, em pacientes procedentes de áreas endêmicas de LVA, sugere muito o diagnóstico dessa doença.6,15,20 No entanto, a semelhança desse quadro com o de outras enfermidades encontradas em nosso meio requer a diferenciação diagnóstica com linfomas, leucoses, mielofibrose, malária, febre tifóide, salmonelose septicêmica prolongada, brucelose, formas agudas da doença de 32 Chagas, esquistossomose, histoplasmose, endocardite infecciosa, neoplasias hematológicas etc.6,13,15,16,17,29 2.2 Leishmaniose Visceral e Pneumonia No homem, a infecção pela L. chagasi evolui freqüentemente de forma sistêmica, levando a um quadro clínico que cursa, em geral, com febre irregular prolongada, hepatoesplenomegalia, pancitopenia, perda de peso, desnutrição e imunossupressão, sendo a última a causa principal das infecções intercorrentes que, juntamente com hemorragias, respondem pelos óbitos nas fases avançadas da doença. A imunossupressão durante a doença ativa, desnutrição e leucopenia, juntas, seriam responsabilizadas pelo desenvolvimento de infecções secundárias.5 A disfunção imunológica com acentuada alteração na imunidade celular e humoral é uma marca característica e peculiar da leishmaniose visceral. Os pacientes com LV se apresentam como os de doença consumptiva sistêmica grave e quase sempre têm infecções bacterianas ou virais superajuntados. Os sintomas respiratórios verificados no curso da LV, na maioria das vezes, eram atribuídos às broncopneumonias bacterianas ou as pneumonias virais que com freqüência complicam a doença.16,20 Apesar de pouco estudado, é freqüente o comprometimento pulmonar na LV, com quadro histopatológico típico de pneumonia intersticial, sobretudo com associação de HIV. Estudos de casos de necropsia de pacientes com LV revelou uma incidência de 76,9% de pneumonia intersticial. O exame macroscópico dos pulmões mostra-nos aumento de volume, congestos, com uma consistência mais elástica que a habitual. Os cortes incidentes revelam acentuação 33 da lobulação, com proeminência do interstício axial. Estes aspectos podem ou não ser acompanhados de área de broncopneumonia.16 A broncopneumonia constitui a infecção secundária mais freqüente observada nos pacientes com LV, representando a causa mais importante de óbito na doença. Os agentes etiológicos bacterianos destas broncopneumonias não diferem daqueles agentes que acometem os pacientes imunocompetentes. Quando há tosse, geralmente deve-se a processos bacterianos secundários em nível pulmonar ou infiltrado pulmonar pelo próprio parasito.5,16 O estudo da dinâmica do envolvimento septal pulmonar na LV em hamsters infectados com cepas viscerotrópicas de L. donovani e L chagasi revelou que a pneumonia intersticial desenvolve-se em 85% dos animais infectados, evoluindo em três fases: uma fase inicial, exsudativa, fugaz, na qual os septos estão espessados por exsudação de neutrófilos, uma fase celular (semelhante à vista no homem) e uma fase de fibrose septal. Esses achados foram também verificados em cães naturalmente infectados de áreas endêmicas com freqüência de pneumonia intersticial de 80,5%.16 O emprego da técnica peroxidase-antiperoxidase (PAP), usando anti-soro específico L. donovani, em material de pulmão de necropsias de portadores de LVA, demonstrou a presença de amastigotas em todos os casos que tinham pneumonite septal.13 A radiografia do tórax costuma mostrar uma pneumonite intersticial difusa, e, às vezes, derrame pleural ou de pericárdio, com aumento da área cardíaca e elevação das cúpulas diafragmáticas pela hepatoesplenomegalia, além de outros padrões radiológicos de pneumonias bacterianas associadas.5,20 34 Quando o tratamento é precoce e adequado, quase todos se curam, embora a evolução seja arrastada, sujeita a intercorrências infecciosas ou recaídas. O herpes zoster e as infecções bacterianas broncopulmonares são complicações freqüentes.20 2.3 Pneumonia 2.3.1 Definição Houve época em que o termo pneumonia significava, quase sempre, processo inflamatório agudo de um lobo pulmonar, provocado pelo pneumococo – pneumonia lobar. Posteriormente, a conceituação clínica da doença sofreu uma inevitável simplificação, passando o termo a traduzir a inflamação aguda, de qualquer natureza, localizada no parênquima pulmonar.8,31 Refere-se à infecção do trato respiratório inferior que primariamente envolve o pulmão, que pode ser causada por bactérias, micobactérias, vírus, fungos, etc. Seu estudo é essencial pela freqüência que ocorre, morbidade e letalidade que causa, e pelos altos custos envolvidos no diagnóstico e tratamento.6,8,32 2.3.2 Patogenia Embora as vias aéreas inferiores sejam normalmente estéreis, em conseqüência de vários mecanismos de defesa e de filtração, em até 20% dos indivíduos saudáveis algum germe potencialmente patogênico pode ser delas isolados. Sabe-se que, nos indivíduos normais, a árvore brônquica abaixo da carina é isenta de germes, o mesmo não acontecendo nas VAS, onde, habitualmente, vivem microorganismos saprófitas e patogênicos. Tais condições 35 exigem uma constante vigilância do organismo, através de seus mecanismos de defesa, tanto locais como gerais.6,8,31 As manifestações ocorrem sempre que os mecanismos de defesa estejam comprometidos, ou sempre que a resistência do hospedeiro em geral estiver diminuída como: depuração normal cujas partículas, incluindo gotículas aerossolizadas que transportam microorganismos, depositadas próximo à parte anterior das vias aéreas, no epitélio não-ciliado, são normalmente removidas através de espirros, enquanto aquelas depositadas posteriormente, são varridas pelo epitélio ciliado revestido de muco até a nasofaringe, onde são deglutidas.33 Os fatores de risco incluem: pacientes hospitalizados, debilitados, baixo nível sócioeconômico, desnutrição, baixo peso ao nascer, ausência de amamentação, aglomeração familiar, poluição no ambiente e no domicílio, dentre outros.6,34 2.3.3 Etiologia Embora sejam amplas as possibilidades etiológicas, os agentes mais frequentemente implicados são Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae, Legionella ssp., Chlamydia pneumoniae, Haemophilus influenzae, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae e outras bactérias Gram-negativas, Staphylococcus aureus, germes anaeróbios e vírus. A freqüência de cada um destes agentes varia na dependência da origem da infecção (comunitária ou hospitalar), idade, uso anterior de antibióticos, condições imunológicas do paciente, dentre outros.6 36 2.3.4 Classificação Das doenças que atingem o homem, nenhuma dispõe de tantos critérios para sua classificação como as pneumonias. Tal premissa, por si só, diz das dificuldades enfrentadas por aqueles que tentam adotar a que julgam ser a melhor. Acredita-se ser hoje mais fácil tratar uma pneumonia do que classificá-la.31 Os critérios de classificação são varáveis e numerosos. Caso adote-se a idade, haverá pneumonias que tem preferências por crianças e outras por idosos; hábitos de vida, dos fumantes, grandes alcoólatras e abstêmios; habitação: urbanas e rurais; as que atingem pulmões sadios ou previamente comprometidos, primárias ou secundárias; sede: alveolar, intersticial ou mista; critério anatomorradiológico: subsegmentares, segmentares ou lobar; patogenia: inalatória, aspirativa ou hematogênica; e por último a classificação, que seria a ideal, baseada no critério etiológico. Logo, pode-se classificá-las em pneumonias causadas por: bactérias Gram-positivas, bacilos Gram-negativos aeróbios e anaeróbios, vírus, micoplasma, parasitos e outros.31 A literatura também classifica as pneumonias em: comunitárias, nosocomiais, de aspiração, atípicas e dos imunocomprometidos. As pneumonias comunitárias são aquelas adquiridas fora do ambiente hospitalar, estando o paciente em plena atividade. Também, são chamadas de primárias por atingirem, como doença autônoma, um pulmão previamente sadio. As pneumonias nosocomiais são aquelas que acometem pacientes internados, portadores de outras afecções, cirúrgicas ou não. Ocorre após período de internação hospitalar superior a 48 horas, que não estava presente no momento da admissão ao hospital, e que tem relação com a hospitalização. Possui etiologia diferente das pneumonias comunitárias, sendo os 37 agentes bacterianos os mais freqüentes, e, muitas vezes, infecções polimicrobianas são identificadas.6,31,35 As pneumonias de aspiração são aquelas que reconhecidamente são precedidas de refluxo gastroesofagiano. As pneumonias atípicas por muitos anos foram consideradas como pneumonias por Mycoplasma. Porém, atualmente, tende-se a considerar como pneumonias atípicas não só as causadas por Mycoplasma, mas todas aquelas que não se enquadrem entre as pneumonias bacterianas clássicas, cujo padrão é pneumocócica. Iniciam-se insidiosamente com tosse, expectoração discreta e febre moderada, muitas vezes dificultando o diagnóstico por fugirem ao padrão tradicional da doença, tanto do ponto de vista clínico, como o radiológico.31 Quadro 1 – Classificação anatômica das pneumonias. Tipo Alvéolo Ductal Germe Pneumococo M.tuberculosis Klebsiella Legionella pneumophila Broncopneumonia banal Pneumococo Hemófilo e outros Pneumonia Intersticial Agentes Infecciosos incomuns (ex.Pneumocystis carinii) ou reação imunológica Broncopneumonia intersticial Mycoplasma pneumoniae Vírus (adenovírus,influenza e parainfluenza) Coxiella burneti Chlamydia psittaci Broncopneumonia intersticial Estafilococo supurativa (necrose + supuração) Fonte: Silva & Palombini, 1991. Gram-negativo 38 2.3.5 Diagnóstico Fundamenta-se, inicialmente, em dados clínico-radiológicos, que são obtidos rapidamente e permitem estabelecer o perfil epidemiológico-clínico-anatômico do processo, o que leva a uma hipótese principal ou, pelo menos, estreita bastante o número de possibilidades, de modo a permitir a busca imediata e objetiva de dado comprobatório, que é microbiológico.8 Os elementos essenciais para um diagnóstico etiológico presuntivo, sobre o ponto de vista clínico-epidemiológico são os seguintes: idade, local de adoecimento, manifestações clínicas de pneumonia se do tipo bacteriano ou atípico, características do hospedeiro, via de acesso com microorganismo, presença de outros sinais associados sugestivos de uma infecção específica e dados que, associados, podem auxiliar na formulação da hipótese diagnóstica (calafrio, estafilococcia, uso atual ou recente de antibióticos, etc). O exame físico auxiliará no diagnóstico ao procurar sintomas compatíveis com a doença.8,36 Além disso, também devem ser realizados exames complementares como a radiografia de tórax e a tomografia computadorizada. O estudo radiológico faz-se necessário para caracterizar o tipo de pneumonia, sua localização, extensão e presença de complicações.8,36 O exame microbiológico pode ser realizado no escarro (usado para identificar o germe e indicar o tratamento adequado), aspirado endotraqueal, broncofibroscopia com escovado brônquico através de cateter protegido, lavado broncoalveolar através ou não de broncofibroscopia, biópsia transbrônquica, aspiração transtorácica por agulha e biópsia pulmonar a céu aberto. O isolamento do possível agente etiológico no líquido pleural ou na hemocultura auxilia no diagnóstico clínico da pneumonia.36,37,38 39 2.3.6 Aspectos Clínicos As características clínicas das pneumonias dependem do agente etiológico, das condições prévias do paciente e da sua resposta à agressão. O paciente refere mal estar, apresenta febre, sintomas de VAS sugestivos de infecção viral, dor torácica, tosse seca no inicio, tosse produtiva com secreção de coloração amarela ou esverdeada, podendo apresentar raios de sangue, expansibilidade torácica diminuída com respiração curta e dolorosa, dispnéia, e cianose perioral.6,9 Ao exame físico, o aspecto de doença aguda e síndrome de condensação localizada são achados freqüentes. Também deve ser investigado derrame pleural, e achados não pulmonares, que podem auxiliar no diagnóstico etiológico, tais como herpes labial, meningite, icterícia, dentre outros.6 Crianças, principalmente abaixo de dois meses, comumente apresentam importante taquipnéia com freqüência respiratória acima de 60 incursões respiratórias por minuto (irpm), retração subcostal, batimentos de asa do nariz, cianose, queda do estado geral e dificuldade na amamentação, configurando emergência de tratamento antibioticoterápico e de suporte. 6 O uso prévio de antibióticos determina mudanças na apresentação clínica das pneumonias, dificultando o diagnóstico pelos aspectos clínicos, além de poder causar efeitos tóxicos ao pulmão. As reações pulmonares a diversos medicamentos utilizados, muitas vezes no tratamento da doença de base do paciente internado, também podem levar a quadros de pneumonite confundindo-se com as infecções.35 40 2.3.7 Aspectos Radiológicos A radiografia do tórax é sempre indicada quando houver suspeita clínica de pneumonia, inicialmente apenas nas incidências póstero-anterior e perfil. Auxilia o diagnóstico e a estimativa da gravidade e, consequentemente, colabora no manejo terapêutico. Os achados radiológicos podem variar desde pequena opacidade focal a extenso infiltrado bilateral, dependendo do agente etiológico e da resposta do hospedeiro. As formas mais comuns de apresentação, isoladas ou combinadas, são acometimento alveolar com presença de aerobroncograma, infiltrado broncopneumônico e infiltrado instersticial. Associados a estes padrões podem ser encontradas cavitações, aumento ou diminuição de volume pulmonar, derrame pleural, pneumotórax, derrame pericárdico e adenomegalias.6,8 Figura 7 – Comparação entre pulmões limpos e sadios (A) e pulmões com pneumonia (B). Fonte: http://www.humanillnesses.com/Infectious-Diseases-My-Si/Pneumonia.html. Após o início do tratamento, a melhora radiológica ocorre em algumas semanas, tempo este que varia de acordo com o germe envolvido, as condições do hospedeiro, a gravidade e a extensão da pneumonia.6 41 2.4 Fisioterapia Pneumofuncional A fisioterapia respiratória é uma área bastante ampla da prática profissional que lida com a avaliação e tratamento de pacientes de todas as idades com distúrbios pulmonares agudos ou crônicos. Possui como instrumentos os equipamentos e os recursos manuais. Estes são formados por técnicas manuais específicas de terapia respiratória, manobras cinesioterapêuticas, sendo uma das metas a prevenção de obstrução e acúmulo de secreções nas vias aéreas, com o objetivo de evitar o surgimento de complicações respiratórias, aumentar o condicionamento físico e respiratório do paciente, e estão indicadas nos casos de pneumopatias.11,12 As técnicas manuais são altamente recomendadas com lactentes e crianças pequenas. Independente do tamanho do paciente, a adaptação da mão do terapeuta pode acomodar qualquer tamanho de tórax. Recomenda-se a posição em tenda dos dedos para lactentes pequenos e uma mão pode acomodar o tórax de uma criança pequena.39 O uso da fisioterapia respiratória nos diversos problemas respiratórios que cursam com hipersecreção brônquica e/ou retenção de secreção visa, principalmente, a melhorar o clearance mucociliar, aumentar a quantidade de secreção expectorada, prevenir infecção no trato respiratório e melhorar a função pulmonar.10 A fisioterapia respiratória convencional (FRC) consiste de drenagem postural, percussão manual torácica, vibração e aspiração das secreções.40 42 2.4.1 Drenagem Postural A drenagem postural é empregada a fim de melhorar o transporte de muco através da traquéia para mais fácil expectoração. Na prática diária, tem-se utilizado posições modificadas de drenagem postural, incluindo decúbito lateral e Trendelenburg de aproximadamente 15 graus.40 É uma técnica geralmente utilizada para potencializar a ação de outras manobras da fisioterapia respiratória. Quase 100% dos estudos relacionados à drenagem postural associam outras técnicas a ela, logo, torna-se difícil avaliar até que ponto a remoção das secreções foi beneficiada pela execução das posturas. Apesar disto, grande parte destes estudos relatam sucesso na terapia de higiene brônquica, utilizando a drenagem postural em conjunto com outras manobras.41 A técnica consta em posicionar o paciente em decúbitos que favoreçam o deslocamento das secreções brônquicas, por meio do auxílio da força da gravidade associada à anatomia das vias aéreas. Durante a aplicação da técnica, segundo alguns autores, o paciente deverá ficar na posição de drenagem por, no mínimo, 3 a 15 minutos.41 2.4.2 Manobra de Percussão (Tapotagem) A percussão é uma técnica eficaz para a higiene brônquica quando feita corretamente e tem como objetivo descolar as secreções que estão aderidas aos pulmões. A percussão é feita com as mãos em forma de concha (dedos e polegares em adução), realizando movimentos de flexo-extensão de punhos sobre a área pulmonar que vão ser drenadas, através de percussões rítmicas, alternadas, com a mesma intensidade e freqüência elevada. Dentre as contra 43 indicações da técnica têm-se: ruídos sibilantes à ausculta pulmonar, crise asmática, fraturas de costelas e hipersensibilidade do paciente à dor.11,12 Esta manobra produz ondas de energia, transmitida através da caixa torácica para a árvore traqueobrônquica, deslocando secreções das paredes brônquicas até as áreas centrais de onde serão expelidas ou aspiradas. Ao realizá-la, o terapeuta posiciona-se de forma confortável, impondo mobilidade articular adequada com flexo/extensão de punho, poupando movimentos nas articulações de ombro e cotovelo.10,40 2.4.3 Manobra de Vibrocompressão A vibrocompressão é realizada através de movimentos vibratórios associados a uma pressão mais intensa na expiração, através de movimentos rítmicos, rápidos e com uma intensidade capaz de transmitir a vibração aos brônquios pulmonares. Os movimentos são feitos com as mãos espalmadas, acopladas no tórax do paciente e no sentido crânio-caudal, tem como objetivo deslocar as secreções pulmonares, previamente soltas com ajuda da manobra de percussão, conduzindo-as para os brônquios de maior calibre, traquéia e, finalmente, para fora do sistema respiratório.40,41 Essa técnica pode ser unilateral ou bilateral, os movimentos vibratórios com as mãos são conseguidos a partir de contrações isométricas dos membros superiores (MMSS) do fisioterapeuta na parede torácica do paciente durante a expiração com uma leve pressão, é o que torna a eliminação das secreções mais rápida e eficiente.11,12 44 2.4.4 Manobra de Compressão-descompressão A manobra de compressão-descompressão torácica súbita, que é usada para reexpansão pulmonar, é feita com a colocação das mãos do fisioterapeuta na base inferior das últimas costelas. Enquanto o paciente expira o fisioterapeuta faz uma compressão torácica para dentro e para baixo, e posteriormente uma descompressão súbita quando o paciente inicia a inspiração. Isto gera uma elevação no fluxo da expiração e uma variação súbita de fluxo durante a inspiração, o que favorece tanto a reexpansão pulmonar quanto a desobstrução das vias aéreas e a expectoração.40 Essa manobra permite a expansão máxima possível do gradil costal, aumentando os diâmetros antero-posterior e latero-lateral do tórax, proporcionando aumento da expansibilidade do tórax e dos pulmões e conseqüente melhora da ventilação. A compressãodescompressão visa, além do trabalho de expansibilidade torácica, à maior flexibilidade das articulações costovertebrais, maior mobilidade nas cartilagens condroesternais.11 45 3. METODOLOGIA 3.1 Delineamento do Estudo O presente trabalho foi desenvolvido por meio de um estudo retrospectivo, prospectivo e quantitativo. Além, de revisão de literatura em acervo bibliográfico da Universidade da Amazônia (UNAMA), Universidade Federal do Pará (UFPA) e bibliotecas virtuais pelas bases de dados Scielo, Bireme e Lilacs. 3.2 Local de Realização O estudo foi conduzido obedecendo aos princípios éticos do HUJBB, em Belém – PA. Todos os procedimentos descritos, relativos à pesquisa, seguiram a orientação do protocolo previamente estabelecido segundo o projeto piloto elaborado e, aprovado pela Comissão de Ética da UNAMA, com protocolo n°0444/06 (Apêndice 1). 3.3 Amostra O estudo retrospectivo consta de análise dos prontuários do ano de 2005, de acordo com a Ficha de Avaliação destes (Apêndice 2), que compreendem 40 pacientes com diagnóstico de LV internados no HUJBB. Foram coletados dados a respeito de sexo, idade, tempo de internação e incidência de pneumonia, no setor de Divisão de Arquivo Médico e Estatístico (DAME) localizado no térreo do HUJBB. No estudo prospectivo, foram atendidas 13 crianças portadoras de LV internadas no setor de pediatria do referido hospital no período de julho a outubro de 2006, e que cujos pais e/ou 46 responsáveis concordaram em assinar, após a leitura, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 3). Fizeram parte da amostra crianças portadoras de LV na faixa etária de 0 a 5 anos, de ambos os sexos. Foram excluídas aquelas cujos pais e/ou responsáveis não assinaram o TCLE, as que estavam fora da faixa etária prevista, apresentavam patologias respiratórias de base, fizeram uso prévio de antibióticos, bem como as que já foram internadas com pneumonia. 3.4 Protocolo de Atendimento Foi aplicada conduta fisioterapêutica pneumofuncional aos pacientes com LV internados no HUJBB no período de julho a outubro de 2006, com o objetivo de prevenir o surgimento de pneumonia. Todos os pacientes foram submetidos, igualmente, ao mesmo tratamento, de acordo com a padronização prévia estipulada no projeto piloto. Os pacientes tinham idade entre 0 a 5 anos, sem patologia associada, e não haviam feito uso de antibiótico. O protocolo de atendimento foi aplicado uma vez ao dia, cinco dias na semana, enquanto o paciente estivesse internado, consistindo de manobras de percussão (tapotagem) associada à drenagem postural, vibrocompressão e compressão-descompressão. O atendimento foi precedido por uma avaliação respiratória e os dados coletados anotados em fichas padronizadas (Apêndice 2). 47 Foi realizado acompanhamento das condições pulmonares dos pacientes, por meio de ausculta pulmonar (no início e no final do atendimento) e radiografias de tórax (a cada dez dias), como forma de diagnóstico e orientação quanto á prática terapêutica. 3.4.1 Manobra de Percussão (Tapotagem) e Drenagem Postural Esta manobra foi realizada por 5 minutos em cada hemitórax, uma vez ao dia, com o paciente em decúbito lateral (DL) para efeito de drenagem. Para melhor conforto do paciente, fez-se uso de um tecido que permita a transmissão das ondas vibratórias até a árvore brônquica, a fim de proteger a área manipulada. O paciente era posicionado em DL, com semiflexão de quadril e joelhos, visando a diminuir a tensão muscular durante a terapia. Figura 8 – Tapotagem em decúbito lateral direito. Fonte: Pesquisa de campo, 2006. 48 3.4.2 Manobra de Vibrocompressão A manobra foi realizada por cinco minutos com as mãos espalmadas, posicionadas no tórax do paciente. Aplicava-se uma pressão sob o tórax do paciente com movimentos vibratórios, acompanhando o movimento do gradil costal na fase expiratória, no sentido crânio-caudal. A vibrocompressão era realizada bilateralmente, permanecendo o paciente em decúbito dorsal (DD), na região anterior do tórax, e ainda em DL, unilateralmente, com os ombros e os antebraços em flexão, deixando um membro superior sob a cabeça e o outro sobre a cabeça. Figura 9 – Manobra de vibrocompressão manual realizada em decúbito dorsal. Fonte: Pesquisa de campo, 2006. 3.4.3 Manobra de Compressão-descompressão A manobra de compressão-descompressão foi realizada por três minutos em cada hemitórax, uma vez ao dia, com o paciente em DD, acompanhando o movimento do gradil costal na fase expiratória, bloqueando-o no fim da expiração. Em seguida, retirava-se bruscamente as mãos na metade ou no segundo terço da fase inspiratória. 49 Figura 10 – Manobra de compressão-descompressão. Fonte: Pesquisa de campo, 2006. 3.5 Análise Estatística As informações coletadas foram inseridas no programa EPI-INFO, versão 6.04 para análise estatística destes. As tabelas e gráficos construídos no Microsoft EXCEL 2000. Para análise da significância foi utilizado o teste t - Student para análise comparativa das médias de permanência, a Taxa de Incidência e o Teste Qui-Quadrado para comparação entre os grupos, com o nível de significância adotado de α = 0,05 (5%), através do software BioEstat 4.0. 50 4. RESULTADOS As tabelas e gráficos a seguir demonstram os resultados dos estudos prospectivo (com tratamento) e retrospectivo (sem tratamento) concomitantemente. Tabela 1 – Prevalência de sexo nos pacientes com LV. Com Tratamento Sem Tratamento Freq % Freq % Freq % Masculino 6 46.2 17 42.5 23 43.4 Feminino 7 53.8 23 57.5 30 56.6 Total 13 p = 0.9274 (Qui-Quadrado) 24.5 40 75.5 53 100.0 Sexo Total Fonte: Pesquisa de campo, 2006. Gráfico 1 – Prevalência de sexo nos pacientes com LV. Masculino Feminino 70.0 57.5 53.8 P E R C E N T U A L 60.0 46.2 50.0 42.5 40.0 30.0 20.0 10.0 0.0 Com Tratamento Fonte: Pesquisa de campo, 2006. Sem Tratamento 51 A análise estatística da prevalência do sexo (tabela 1 / gráfico 1) não mostrou significância entre os seus parâmetros, com p = 0.9274 (Qui-Quadrado). No estudo retrospectivo (sem tratamento) o sexo masculino obteve uma incidência correspondente a 42,5%, e o sexo feminino 57,5%. No estudo prospectivo (com tratamento), os valores foram de 46,2% para o sexo masculino e 53,8% para o sexo feminino. Tabela 2 – Prevalência de idade do total de pacientes do estudo retrospectivo. Idade (em anos) Freqüência % Menores de cinco* 40 72.7 Maiores de cinco 15 27.3 55 100 Total *p = 0.0012* (Qui-Quadrado) Fonte: Pesquisa de campo, 2006. Gráfico 2 – Prevalência de idade do total de pacientes do estudo retrospectivo. IDADE (em anos) Maiores de cinco 27.3% Menores de cinco* 72.7% Fonte: Pesquisa de campo, 2006. A análise estatística da prevalência da idade do total de pacientes do estudo retrospectivo (tabela 2 / gráfico 2), mostrou significância entre os seus parâmetros com *p = 0.0012* (Qui- 52 Quadrado), demonstrando uma maior incidência da doença em pacientes menores de 5 (cinco) anos, correspondendo a 72,7%, e os maiores de cinco anos a 27,3% da população investigada. Tabela 3 – Prevalência de idade nos pacientes menores de 5 anos. Com Tratamento Idade (em anos) Sem Tratamento Total Freq % Freq % Freq % Menor de 01 1 7.7 5 12.5 6 11.3 Um 5 38.5 14 35.0 19 35.8 Dois 3 23.1 8 20.0 11 20.8 Três 2 15.4 7 17.5 9 17.0 Quatro 1 7.7 5 12.5 6 11.3 Cinco 1 7.7 1 2.5 2 3.8 24.5 40 75.5 53 100.0 Total 13 p = 0.9444 (Qui-Quadrado) Fonte: Pesquisa de campo, 2006. Gráfico 3 – Prevalência de idade nos pacientes menores de 5 anos. COM Tratam ento 50.0 P E R C E N T U A L SEM Tratam ento 40.0 30.0 20.0 10.0 0.0 Menor de 01 Um Dois Três IDADE (em anos) Fonte: Pesquisa de campo, 2006. Quatro Cinco 53 Na tabela 3 / gráfico 3, observou-se a prevalência de idade nos pacientes menores de cinco anos, com p= 0.9444 (Qui-Quadrado). Não se verificou significância em nenhum dos parâmetros de ambos os estudos, demonstrando uma homogeneidade entre os grupos, o que também se aplica ao sexo. Entretanto, em ambos os estudos, observou-se a maior ocorrência de casos (35,8%) na idade de 1 ano. Tabela 4 – Prevalência de óbito nos pacientes menores de 5 anos. Com Tratamento Sem Tratamento Freq % Freq % Freq % Óbito 0 0.0 4 10.0 4 7.5 Alta Hospitalar 13 100.0 36 90.0 49 92.5 Total 13 p = 0.5609 (Qui-Quadrado) 24.5 40 75.5 53 100.0 Evolução Fonte: Pesquisa de campo, 2006. Gráfico 4 – Prevalência de óbito nos pacientes menores de 5 anos. EVOLUÇÃO Óbito Alta Hospitalar 100.0 90.0 100.0 P E R C E N T U A L 80.0 60.0 40.0 10.0 20.0 0.0 0.0 Com Tratamento Fonte: Pesquisa de campo, 2006. Sem Tratamento Total 54 Na tabela 4 / gráfico 4, observou-se a prevalência de óbito nos pacientes menores de 5 anos, não havendo significância entre seus parâmetros, com p = 0.5609 (Qui-Quadrado). Nos pacientes com tratamento fisioterapêutico foi observada uma taxa igual a 0% de óbito, enquanto que para os pacientes sem tratamento, este número subiu para 10%. Tabela 5 – Prevalência de Pneumonia nos pacientes menores de 5 anos. Com Tratamento Sem Tratamento Freq % Freq % Freq % SIM 0 0.0 17 47.2 17 34.7 NÃO 13 100.0 19 52.8 32 65.3 26.5 36 73.5 49 100.0 Pneumonia Total 13 *p = 0.0167* (Taxa de incidência) Total Fonte: Pesquisa de campo, 2006. Gráfico 5 – Prevalência de Pneumonia nos pacientes menores de 5 anos. COM Pneumonia SEM Pneumonia 100.0 100.0 P E R C E N T U A L 80.0 47.2 60.0 40.0 20.0 0.0 0.0 Com Tratamento Fonte: Pesquisa de campo, 2006. Sem Tratamento 52.8 55 A análise estatística da prevalência de pneumonia (tabela 5 / gráfico 5) mostrou grande significância entre os seus parâmetros, com *p = 0.0167* (Taxa de incidência). Dos pacientes sem tratamento fisioterapêutico, 47,2% evoluíram com pneumonia, enquanto que dos pacientes tratados pela fisioterapia, 0% evoluiu com pneumonia. Tabela 6 – Média do tempo de permanência de internação dos pacientes menores de 5 anos. Grupo COM Tratamento SEM Tratamento COM Pneumonia ------ 25.82 SEM Pneumonia 16.31 22.63 Geral 16.31 24.14 Grupo com tratamento x Grupo sem tratamento *p= 0,0138* (T-Student) Grupo com tratamento x Grupo sem tratamento com PN *p= 0,0004* (T-Student) Grupo com tratamento x Grupo sem tratamento sem PN *p= 0,0119* (T-Student) Fonte: Pesquisa de campo, 2006. Gráfico 6 – Média do tempo de permanência de internação dos pacientes menores de 5 anos. MÉDIA DE PERMANÊNCIA COM Pneumonia SEM Pneumonia 25.82 30 22.63 25 16.31 D 20 I A 15 S 10 5 0 COM Tratamento Fonte: Pesquisa de campo, 2006. SEM Tratamento 56 A análise estatística das médias de permanência do tempo de internação (tabela 6 / gráfico 6) demonstrou uma diferença significativa entre as médias de permanência dos grupos, com *p= 0,0138* (T-Student). Dos pacientes que não foram submetidos a tratamento fisioterapêutico, a média de permanência para os que evoluíram com pneumonia foi de 25.82 dias e para os que não evoluíram com pneumonia foi de 22.63 dias, apresentando uma média geral igual a 24.14 dias. Já a média dos pacientes que foram submetidos a tratamento foi igual a 16.31 dias, destacando-se que nenhum destes pacientes evoluiu com pneumonia. 57 5. DISCUSSÃO A literatura aponta o sexo masculino como o mais susceptível ao adoecimento,43 como demonstra estudos de Pedrosa & Rocha (2004), Guerra et al (2004) e Rey et al (2005), os quais tiveram resultados estatisticamente significantes para o sexo masculino.7,44,45 Porém, neste estudo, apesar de não haver diferença estatisticamente significante entre os sexos, houve uma pequena prevalência do sexo feminino. Os resultados deste estudo foram semelhantes aos descritos por Queiroz, Alves & Correia (2004), os quais descreveram que 50,3% eram do sexo feminino.43 Uma importante característica da leishmaniose visceral é que, quanto maior a incidência da doença, maior o risco para as crianças mais jovens, fato já documentado no Brasil, onde a preferência da doença pela população infantil vem se mantendo ao longo dos anos.46,47,48,49 Este fato é semelhante ao observado no presente estudo, no qual a LV predominou nos primeiros cinco anos de vida, faixa etária de 72,7% dos doentes no ano de 2005. Resultados semelhantes ao deste estudo foram descritos por Queiroz, Alves & Correia (2004) e Rey et al (2005), onde 68,2% e 65% dos pacientes, respectivamente, eram menores de cinco anos.7,43 Uma vez que a imunidade duradoura se desenvolve com a idade, é provável que a maior incidência de doença no grupo de menor idade dependa da maior suscetibilidade à infecção e da depressão da imunidade observada nesta faixa etária.43 O prognóstico do calazar sem assistência médica adequada quase sempre leva ao óbito. Quando o tratamento é precoce e adequado, quase todos se curam, embora a evolução seja 58 arrastada, sujeita a intercorrências infecciosas e recaídas, sendo o herpes zoster e as infecções bacterianas broncopulmonares complicações freqüentes.20 A disfunção imunológica com acentuada alteração na imunidade celular e humoral é uma marca característica e peculiar da leishmaniose visceral.16,17 A mortalidade está relacionada à imunossupressão e infecções secundárias e em casos não tratados a mortalidade cresce para 75 a 95%.29 Queiroz, Alves & Correia (2004) sugerem em seu estudo que a elevada taxa de óbito poderia ser decorrente do fato de que hospitais de referência e de maior complexidade poderiam atrair casos de maior gravidade potencial, selecionando uma clientela de maior risco de óbito. Além disso, os dados nacionais baseados em sistemas de notificação possivelmente subestimam o real número de óbitos decorrentes do calazar no país, em virtude do seguimento incompleto dos casos.43 As taxas de óbito verificadas neste estudo são confirmadas pela literatura, em estudo de Queiroz, Alves & Correia (2004), cuja taxa de letalidade foi de 10,2%. Este autor diz que uma das principais causas imediatas de óbito são a infecções associadas (72,7%), sendo a pneumonia a infecção mais freqüente (66,7%).43 Os estudos de Rey et al demonstram que 74% das causas de óbito também estavam relacionadas à infecção, sendo as infecções mais fatais a septicemia e a pneumonia.7 A infecção é uma das principais complicações associadas à LV e é relatada inclusive nas formas subclínicas. Ocorre em indivíduos de todas as idades e, na forma clássica, associa-se a um curso fatal em cerca de 50% dos casos.49,50,51 De acordo com Schechter (1998), as 59 infecções bacterianas são bastante comuns em pacientes com calazar, podendo ocorrer em mais de 50% dos pacientes internados e dentre elas as mais comuns são infecções de pele, do trato respiratório e do ouvido médio.6 Segundo Toledo Junior & Castro (2001), a LV é uma doença infecciosa caracterizada por uma disfunção imunológica importante que predispõe a outras infecções, principalmente envolvendo os sistemas pulmonar e gastrointestinal. No Brasil, a pneumonia bacteriana e a tuberculose são infecções oportunistas freqüentes nesta doença.52 Pedrosa & Rocha (2003), Pastorino et al (2002), Rey et al (2005) e Queiroz, Alves & Correia (2004) também relatam altas taxas de incidência de infecções, destacando-se a pneumonia como a mais freqüente.7,43,44,53 Neste estudo, foram encontradas altas taxas de incidência de pneumonia entre os pacientes internados no ano de 2005, que não foram submetidos a tratamento fisioterapêutico (47,2%), e dentre os pacientes que foram tratados pela fisioterapia, nenhum evoluiu com pneumonia (0% com pneumonia e 100% sem pneumonia). Não foi encontrado na literatura relato de atuação fisioterapêutica na prevenção de pneumonia nestes pacientes. Os resultados deste estudo, aliados às literaturas que relatam altas taxas de incidência de pneumonia, sugerem que a fisioterapia colaborou para a prevenção da pneumonia nos pacientes com LV. Um tempo elevado de permanência hospitalar pode colaborar para a exposição a germes hospitalares,53 favorecendo o aparecimento de infecções como a pneumonia. Conseqüentemente, o aparecimento de uma infecção poderá levar ao prolongamento deste tempo de internação. 60 Neste estudo, pode-se observar uma média de tempo de permanência hospitalar relativamente elevada nos pacientes que não foram submetidos à fisioterapia no ano de 2005. Entretanto, observou-se também uma queda desta média de permanência nos pacientes quando estes foram submetidos a atendimento fisioterapêutico, e conseqüentemente não evoluíram com pneumonia. Isto sugere que a fisioterapia, ao prevenir a pneumonia nestes pacientes, conseqüentemente, diminuiu o seu tempo de internação hospitalar. Os estudos de Pastorino et al (2002) ratificam tal sugestão ao descrever que o tempo médio de internação nos pacientes que desenvolveram infecção foi de 35,7 dias e 27,9 dias para os que não evoluíram com algum tipo de infecção.53 Queiroz, Alves & Correia (2004) afirmam em seus estudos que o encurtamento do tempo de permanência hospitalar e conseqüente diminuição da exposição dos pacientes a germes nosocomiais poderia ter influenciado na incidência de infecções hospitalares, reforçando a sugestão dos autores deste estudo e destacando a importância da atuação fisioterapêutica nestes pacientes.43 Apesar dos resultados satisfatórios em relação à taxa zero de incidência de pneumonia e o tempo de permanência significativamente reduzido nos pacientes que foram submetidos à aplicação de protocolo fisioterapêutico pneumofuncional, é válido ressaltar e admitir a importância da continuidade de estudos mais detalhados e com amostras maiores, que busquem dados ainda mais significativos referentes à LV e a fisioterapia. 61 6. CONCLUSÃO Em conclusão, esta pesquisa comprovou estatisticamente que o protocolo fisioterapêutico pneumofuncional aplicado preveniu o surgimento de pneumonia nos pacientes portadores de LV menores de cinco anos, alcançando taxa de incidência significativa com valor percentual igual a 0, além da expressiva diminuição do tempo de permanência de internação hospitalar. Espera-se que, a partir deste estudo, haja novas pesquisas envolvendo a fisioterapia e a leishmaniose visceral, a fim de se buscar novos dados acerca destes pacientes, expandindo cada vez mais a área de atuação da fisioterapia e promovendo melhor qualidade de vida aos indivíduos. 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. SCHALLIG, H.D.F.H. & OSKAM L. Review: Molecular biological applications in the diagnosis and control of leishmaniasis and parasite identification. Tropical Medicine and International Health, Amsterdam, v.7, n.8, p.641–651, ago. 2002. 2. DEY, A. & SINGH, S. 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A Prospective study of visceral leishmaniasis in an endemic area of Brazil. Journal of Infectious Diseases, v.154, p.63949, 1986. 68 APÊNDICES 69 APÊNDICE 1 – ACEITE DO COMITÊ DE ÉTICA DA UNAMA 70 APÊNDICE 2 – FICHA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA 1. Identificação: Nº de Matrícula: _____________________ Idade:___________ Sexo:___________ Peso:___________ Altura:____________ Diagnóstico:___________________________________ Data da internação: ____/____/_____ Data da alta: ____/____/_____ Tempo de Permanência: _________ dias Data da avaliação fisioterapêutica: ____/____/____ Duração do tto: _____ dias 2. Histórico: QP:_______________________________________________________________________________ HDA:_____________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ HF:_______________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ HPP:______________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 3. Exames Complementares: RX:_______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________Data:____/____/_____ TC:_______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________Data:____/____/_____ Pneumonia: ( ) Não ( ) Sim, por quantos dias: ______ - Medicação: ________________________________________, por quantos dias: ______ Critérios de diagnóstico: AP ( ) Raio-X ( ) Outros ( FR: ______irpm FC: _______bpm ) PA: _____/_____mmhg Temp:_____ºC 4. Exame Físico: AP:_______________________________________________________________________________ Rítmo: eupnêico ( ) taquipnéico ( ) bradipnêico ( ) 71 Dispnéia: leve ( ) moderada ( ) acentuada ( ) Padrão: costo diafragmático ( ) predomínio diafragmático ( ) predomínio costal ( ) Tosse: eficaz ( ) ineficaz ( ) seca ( ) úmida ( ) Expectoração: mucóide ( ) purulenta ( ) mucopurulenta ( ) hemoptóico ( ) Quantidade:____________________ Cianose: presente ( ) ausente ( ) Localização: __________________________________ Baqueteamento digital: presente ( ) ausente ( ) Tipo de Tórax: normal ( ) tonel ( ) escavatum ( ) carinatum ( ) 5. Conduta Fisioterapêutica:__________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Condições da alta: Cura ( ) Melhorado ( ) Inalterado ( ) Óbito ( ) Outras complicações: ________________________________________________________________ Obs: ______________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ _________________________________ Fisioterapeuta 72 APÊNDICE 3 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ESTUDO: A FISIOTERAPIA PNEUMOFUNCIONAL NA PREVENÇÃO DE PNEUMONIA EM PACIENTES COM LEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR) Seu (sua) filho(a) e/ou dependente está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você. I) II) III) IV) V) VI) VII) VIII) IX) Este estudo se baseia na aplicação de tratamento fisioterapêutico com o objetivo de prevenir pneumonia em pacientes com leishmaniose visceral. Primeiramente, serão realizadas avaliação respiratória e coleta de informações como peso, idade e sexo, que serão armazenados em fichas padronizadas. Meu (minha) filho (a) e/ou dependente será submetido (a) a um tratamento fisioterapêutico direcionado à prevenção de pneumonia somente enquanto estiver internado no Hospital Universitário João de Barros Barreto; A participação neste projeto não lhe acarretará qualquer ônus com relação aos procedimentos fisioterapêuticos efetuados com o estudo; Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação; A desistência não causará nenhum prejuízo à saúde ou bem estar físico de meu (minha) filho(a) e/ou dependente. Não virá interferir no atendimento ou tratamento médicos. Os danos comprovadamente ocasionados pela pesquisa terão seu tratamento custeado pelos pesquisadores. Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, mas concordo que sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais e de meu dependente não sejam mencionados; Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados, ao final desta pesquisa. ( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa. ( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa. __________________________________________ Pesquisador responsável Nome: Paulo Eduardo Santos Ávila End: Tv. 14 de Março, 1494, aptº 202. Fone: 81279498 Reg. Conselho: CREFITO 32408 - F TERMO DE CONSENCIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Declaro que li as informações acima sobre a pesquisa, que me sinto perfeitamente esclarecido sobre o conteúdo da mesma, assim como meus riscos e benefícios. Declaro ainda que, por minha livre vontade, aceito participar da pesquisa cooperando com a coleta de material para exame. Belém, ______ / ______ / _______ ________________________________________ Assinatura do sujeito da pesquisa ou do responsável ________________________________________ Assinatura do sujeito que colheu o TCLE ________________________________________ Assinatura da testemunha 73 APÊNDICE 4 – ACEITE DO ORIENTADOR UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA DECLARAÇÃO: Eu, Paulo Eduardo Santos Ávila, aceito orientar o trabalho intitulado “A Fisioterapia Pneumofuncional na Prevenção de Pneumonia em pacientes com Leishmaniose Visceral (Calazar)”, de autoria das alunas Magna Costa Figueiredo, Thais Reis de Sousa e Viviane Bezerra Machado, declarando ter total conhecimento das normas de realização de TCCs vigentes, segundo o Manual de Orientação de TCCs do Curso de Fisioterapia da UNAMA para 2006, estando inclusive ciente da necessidade de minha participação na banca examinadora por ocasião da defesa do trabalho. Declaro ainda ter conhecimento do conteúdo do projeto ora entregue para o qual dou meu aceite pela rubrica das páginas. Belém - Pará, 12 de fevereiro de 2006. Assinatura e carimbo Paulo Eduardo Santos Ávila Rubrica