ENCONTRO NACIONAL DA AMARRIBO CORRUPÇÃO: DIAGNÓSTICO REFORMAS NECESSÁRIAS. CORRUPÇÃO GRAVE A economia brasileira perde com a corrupção, todos os anos, algo em torno de 1% a 4% do PIB. Isso eqüivale anualmente, de R$ 20 a 80 bilhões. A FIESP, em 2006, estimou o prejuízo em R$ 26,5 bilhões. A Secretaria de Direito Econômico, em 2007, estimou que R$ 20 bilhões seria o dano no Brasil somente com as licitações viciadas (combinação, cartel, fraude). Estimativas feitas pelos órgãos de fiscalização somente com base nos recursos movimentados pelas prefeituras (cerca de R$ 120 bilhões, ao ano), indicam índice próximo de 25% de desvios. Só para comparar: o Bolsa Família (gasto anual de 10 bilhões); Orçamento da União na área de saúde em 2008 (49 bilhões). A redução de apenas 10% no nível de corrupção no país aumentaria em 50% a renda per capita dos brasileiros, dentro de 25 anos (FGV). CORRUPÇÃO SISTÊMICA Segundo a CGU, 03 em 04 Prefeituras fiscalizadas ( 75%) apresentam irregularidades graves e médias, evidenciando a existência de indícios de desvios de recursos públicos federais (1.341 Municípios fiscalizados nos 05 últimos anos). Somente em 01 escândalo (sanguessuga), 10% dos municípios brasileiros (mais de 500) estavam envolvidos. O Brasil ocupa o 72º lugar na escala mundial de corrupção, dentre 180 países pesquisados, com uma nota 3,5 (igual à China, Índia e México) numa escala de 0 (ruim) a 10 (boa). No IDH, o Brasil ocupa a posição de nº 70 (10ª. maior economia do mundo) com o índice 0,800 (o maior é 1), dentre 177 países pesquisados. CORRUPÇÃO CULTURAL 1. IBOPE (2006): a maioria dos brasileiros costuma condenar a corrupção, mas tem um comportamento nada aceitável nos seus atos do dia-a-dia, menosprezando, valores como honestidade e ética e se apegando ao chamado "jeitinho brasileiro”. 75% afirmaram que cometeriam atos de corrupção se tivessem oportunidade de fazê-lo; 14% disseram que já pagaram gorgetas para se livrar de multas; 59% das pessoas ouvidas afirmaram que, se fossem autoridades, contratariam familiares ou amigos para cargos de confiança; 43% disseram que aproveitariam viagens oficiais para lazer próprio e dos familiares. 2. AMB (2008): 74% dos eleitores disseram que os Prefeitos deveriam conseguir emprego para os seus eleitores. Para 61%, a maioria das pessoas que conhecem aceitariam votar em troca de vantagens pessoais. 3. VOX POPULI (2008). Apenas 4% dos brasileiros afirmaram que confiam na maioria das pessoas que conhecem. DIAGNÓSTICO Como no Brasil a corrupção é endêmica, ou seja, não está localizada em uma região ou em pontos determinados do território nacional, não se concentra em certos setores, serviços ou órgãos públicos, mas sim atinge todo o tecido social, todo o espectro político, todas as instâncias de poder, como vêm demonstrando as operações realizadas pela Polícia Federal, não é difícil perceber, nesse quadro, que medidas pontuais/localizadas ou mudanças legislativas específicas não vão conseguir alterar substancialmente essa triste realidade, minimizando o impacto estrondoso que a corrupção causa em nosso país. Somente uma ampla mobilização nacional, um plano estratégico de combate à corrupção de longo prazo, que envolva o setor público e a iniciativa privada, além da sociedade civil organizada, com um trabalho também fortemente centrado na educação, pode fazer a diferença. ATUAÇÃO EM VÁRIAS FRENTES 1. ÓRGÃOS PÚBLICOS; 2. SOCIEDADE CIVIL; 3. IMPRENSA; 4. EMPRESARIADO; 5. INSTITUIÇÕES DE ENSINO/EDUCAÇÃO; 6. LEGISLAÇÃO. APATIA POLÍTICA E SOCIAL DO POVO BRASILEIRO AMB (2008): 73% DOS BRASILEIROS NÃO PARTICIPAM DE QUALQUER TIPO DE ASSOCIAÇÃO HUMANA, DE CARÁTER POLÍTICO OU SOCIAL (SINDICATOS, ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS, GRUPO DE JOVENS, ASSOCIAÇÃO DE MORADORES, ASSOCIAÇÃO DE PAIS E MESTRES, MOVIMENTOS ESTUDANTIS, GRUPO DE MÃES). AMB (2008): SE O VOTO NÃO FOSSE OBRIGATÓRIO, 38% DOS ELEITORES AFIRMARAM QUE NÃO PARTICIPARIAM DO PROCESSO ELEITORAL. LATINOBARÔMETRO (2007): O BRASIL TEM UM DOS MENORES ÍNDICES DE APOIO POPULAR À DEMOCRACIA (43%) NA AMÉRICA LATINA (54%). CONFIANÇA DOS BRASILEIROS AMB (2007): 85% DOS BRASILEIROS ACHAM QUE É POSSÍVEL COMBATER A CORRUPÇÃO E APONTAM AS INSTITUIÇÕES MAIS RELEVANTES NESSA MISSÃO: 1. POLÍCIA FEDERAL: 25%; 2. MINISTÉRIO PÚBLICO: 22,8%. 3. SOCIEDADE CIVIL: 12,9%. 4. PODER JUDICIÁRIO: 9,7%. 5. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO: 5%. 6. CONTROLADORIA-GEAL DA UNIÃO: 4,8%. RANKING DA CONFIANÇA AMB 2008: 1. FORÇAS ARMADAS (79%); 2. IGREJA CATÓLICA (72%); 3. POLÍCIA FEDERAL (70%); 4. MINISTÉRIO PÚBLICO (60%); 5. IMPRENSA (58%); 6. PODER JUDICIÁRIO (56%); 7. SINDICATOS (55%); 8. IGREJA EVANGÉLICA (53%); 9. GOVERNO FEDERAL (52%); 10. GOVERNOS ESTADUAIS (49%); 11. PREFEITURAS (47%); 12. EMPRESÁRIOS (44%); 13. ASSEMBLÉIAS LEGISLATIVAS (39%); 14. SENADO FEDERAL (33%); 15. CÂMARA DE VEREADORES (26%); 16. CÂMARA DOS DEPUTADOS (24%); 17. PARTIDOS POLÍTICOS (22%). A BUSCA PELA TRANSPARÊNCIA DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Exs: cobrar dos prefeitos, com base na Lei 9.452/97, que levem ao conhecimento da população o valor das verbas federais recebidas e para que elas se destinam, realizando o cadastramento das entidades municipais (partidos políticos, sindicatos, entidades empresariais, etc) que serão informadas regularmente sobre o recebimento de tais verbas e permitindo que qualquer pessoa que tenha interesse nessas informações possa vir a se cadastrar perante o Município para receber os referidos dados. Além disso, pode-se solicitar a disponibilização de tais informações, onde for possível, em página de Internet ou mesmo em mural no saguão da prefeitura ou da promotoria. CONSCIENTIZAÇÃO DOS AGENTES LOCAIS É preciso que se faça um trabalho contínuo de orientação junto aos agentes locais/comunitários (vereadores, líderes sindicais, estudantis, religiosos) quanto à necessidade de se levar ao conhecimento dos órgãos de investigação, com a maior brevidade possível e já com o encaminhamento de provas indicativas das irregularidades constatadas, os casos de malversação de recursos públicos federais, estaduais ou municipais, detectados nos mais diversos municípios do Estado. É preciso ainda orientar esses líderes quanto às ferramentas existentes na internet para facilitar os atos de fiscalização e controle (ex: www.prpb.mpf.gov.br; www.prr5.mpf.gov.br). SEM PARCERIA NÃO SE VAI A LUGAR NENHUM Há que se desenvolver canais permanentes de diálogo e parceria com todos os órgãos que têm atribuições de repasse, acompanhamento e/ou investigação sobre a aplicação de recursos públicos, para que todos se comprometam em prestar auxílio mútuo para a rápida conclusão das investigações abertas para apurar desvios de dinheiro público. Tais canais possibilitam otimizar e acelerar a conclusão das investigações em curso nos diversos órgãos. É preciso ter acesso ou mesmo compartilhar os sistemas e banco de dados existentes em cada um dos órgãos parceiros (CGU, TCU, PF, MPT, TCE, ETC). É PRECISO PRIORIZAR O COMBATE À CORRUPÇÃO Da mesma forma como existem prioridades legais de atuação na Justiça que não podem deixar de ser atendidas (exs: causas envolvendo crianças e adolescentes, idosos, portadores de necessidades especiais, etc), a atuação no combate à corrupção merece tratamento privilegiado, na medida em que impede ou dificulta sobremaneira a boa prestação dos serviços públicos essenciais (em especial, nas áreas de saúde e educação). Na Paraíba existe uma resolução da Corregedoria de Justiça que impõem aos Juízes esse tratamento prioritário na condução das ações judiciais que envolvam malversação de recursos públicos. Essa resolução foi contestada no CNJ, que validou, entretanto, a previsão. Sem evolução no combate à corrupção, irá se aprofundar em nosso país a perda da legitimidade das Instituições e o próprio descrédito na democracia. O QUE PRIORIZAR NO COMBATE À CORRUPÇÃO Em todos os levantamentos realizados, saúde e educação lideram os índices de corrupção de norte a sul no Brasil. Além de tudo, são os serviços essenciais mais importantes para a população. Nessa área, como grande parte dos recursos públicos utilizados são federais, há que haver uma atuação extremamente próxima entre os Ministérios Públicos Federal e Estadual, já que embora a responsabilização dos gestores pelos desvios ocorridos seja da alçada do MPF, importantes questões referentes à prestação desses serviços essenciais são da atribuição do MPE (exs: continuidade no fornecimento de merenda escolar e transporte, realização desse transporte com segurança, garantia de segurança alimentar e nutricional na merenda, composição e funcionamento dos conselhos municipais, etc). SAÚDE - INVESTIMENTO O investimento do Brasil na saúde alcança 8,0% do PIB, sendo que o investimento público, envolvendo as 03 esferas de governo (União com 47%, Estados com 26% e Municípios com 27%), importa em 3,7% do PIB, apesar de atender a 75% da população, enquanto que o investimento privado importa em 4,3% do PIB, atendendo a 25% da população. O investimento público, per capita (por habitante), no Brasíl pouco ultrapassa 2 reais por dia, sendo metade do que se investe na Argentina e no Chile, por exemplo, e apenas um pouco superior ao investimento mínimo recomendado pela OMS (que seria de 500 dólares). Além disso, os dados da CGU indicam que a saúde é a recordista de desvios no país (613 milhões detectados de 2003 até agora). Somente nos 1.341 municípios fiscalizados pela CGU, por sorteio, 426 milhões de reais, dos 1 bilhão e 600 milhões repassados pela União, desapareceram, o que corresponde a mais de 25% de desvio sobre os valores repassados. SAÚDE - DESVIOS As fraudes na saúde se concentram nos seguintes programas governamentais: a) Programa de Saúde na Família(PSF), com o pagamento de inúmeras equipes de médicos, dentistas ou enfermeiras inexistentes, ou que prestam os serviços em tempo limitado, sem cumprir a carga horária de 40 horas semanais; b) Programa de Atenção Básica(PAB), com o desvio dos recursos que deveriam sustentar o atendimento médico básico nos municípios (pré-natal, assistência ao parto, vacinas, medicamentos básicos, funcionamento de postos e unidades de saúde, consultas, pequenas cirurgias) e acabam sendo utilizados com fins particulares ou mesmo para custear indevidamente outras despesas municipais como pagamento de xerox ou contas telefônicas, compra de combustível e brinquedos, anúncios em jornais e serviços fotográficos; c) Aquisição de Medicamentos sem licitação, superfaturados e o efetivo recebimento desses remédios em número bem menor do que o adquirido. Já no que concerne aos convênios federais de saúde firmados com os municípios paraibanos, os desvios se revelam mais presentes nos seguintes objetos: reformas e construção de hospitais e postos de saúde, obras de esgotamento sanitário, melhorias sanitárias domiciliares e aquisição de veículos e ambulâncias. EDUCAÇÃO INVESTIMENTO O investimento do Brasil na educação alcança 4,0% do PIB, índice similar ao constatado no Chile e na Argentina e muito próximo do alcançado em países europeus como a Espanha (4,5%) e a Alemanha (4,6%). Com a implementação completa do FUNDEB, que deve se dar em alguns anos, o investimento do Brasil na área deve chegar a 4,2%. O parâmetro será insuficiente ainda para garantir a apregoada universalização do ensino no país, já que apesar do índice superior a 95% quanto aos alunos matriculados do ensino fundamental (07 a 14 anos), nem metade dos jovens brasileiros de 15 a 17 chega ao ensino médio e apenas 10% dos jovens entre 18 e 24 anos alcançam as universidades. Entretanto, se os desvios de recursos não fossem tão significativos nessa área, daria para se prestar um serviço razoável, com um mínimo de qualidade, o que não se observa pelo país. Os dados da CGU apontam que, desde 2003, a educação é o segundo setor onde foram detectados mais desvios de recursos federais (471 milhões de reais). EDUCAÇÃO DESVIOS a) FUNDEF/FUNDEB, com o pagamento de professores fantasmas ou de despesas fictícias, impedindo-se assim a melhoria da remuneração dos professores municipais e a sua melhor qualificação, que são os objetivos do referido programa; b) Programa da Merenda Escolar (PNAE), com a aquisição dos alimentos sem licitação, superfaturados e o seu recebimento em menor quantidade do que a adquirida; c) Aquisição de Livros e Material Escolar, com a compra de tais materiais sem licitação, superfaturados e o seu efetivo recebimento em quantidade menor do que a adquirida; d) Programa Nacional de Transporte Escolar (PNATE), com o pagamento superfaturado ou de serviços de transporte não prestados a estudantes residentes na zona rural; e) Programa de Erradicação do Trabalho Infantil(PETI), com o desvio dos recursos que deveriam estar proporcionando a retirada das crianças do trabalho. Já no que concerne aos convênios federais firmados com os municípios paraibanos, os desvios se revelam mais presentes na reforma e construção de escolas. O MESMO MODUS OPERANDI Uma prática corriqueira nas prefeituras, segundo os relatórios da CGU, é simular a concorrência nas licitações na modalidade "carta-convite" usando empresas de fachada, que ou não existem ou têm sócios e endereços em comum. Nesse tipo de licitação, os administradores pedem proposta de três empresas diferentes - que nesse caso pertencem ou são controladas pelas mesmas pessoas e, assim, conseguem superfaturar os contratos e desviar recursos com a apresentação de notas fiscais frias. É comum detectar que as mesmas empresas participam sempre dessas licitações realizadas, sendo que ao se mudar a gestão na administração pública municipal, com a eleição de um novo Prefeito, essas empresas simplesmente desaparecem dos processos licitatórios, dando lugar a um outro grupo de empresas que passam a se fazer sempre presentes nas licitações. A CORRUPÇÃO SE MODIFICA Anos atrás, as fraudes estavam ligadas à própria inexistência dos procedimentos licitatórios e/ou a dispensa e inexigibilidade de licitações fora das hipóteses previstas em lei. Com o tempo, com uma maior fiscalização dessas ocorrências, a fraude passou a se concentrar na realização de licitações simuladas através das quais se repassava geralmente a empresas que haviam contribuído para a campanha eleitoral do gestor eleito, numa forma de compensação pelos valores doados, o direito de realizar obras públicas. Tais obras, na maioria das vezes, ou não eram construídas ou eram efetivadas apenas em parte. Em razão do aperto da fiscalização e do medo das empresas regularmente constituídas em serem processadas e se verem apontadas como co-responsáveis por fraudes ao erário público, houve sensível diminuição na participação de empresas regulares nessas fraudes. Os gestores passaram então a simular licitações de forma a repassar a responsabilidade pela realização das obras a empresas constituídas por laranjas e ligadas à sua própria pessoa, aos seus familiares, aos secretários municipais ou vereadores da bancada da situação. Mesmo assim, a grande maioria das obras está, de fato, sendo executada, ainda que parte delas com a utilização de mão de obra local menos qualificada ou, o que é pior, de servidores públicos municipais. Os desvios de recursos públicos estão se dirigindo, agora, para as compras significativas e de difícil mensuração (medicamentos, alimentos, combustível), grande parte delas realizadas nos próprios municípios onde os desvios ocorrem, e para o pagamento de serviços (publicidade, eventos, lixo, aluguel de veículos e de equipamentos, etc), bem como se efetivando através do repasse de recursos públicos a entidades privadas (ONG’s e OSCIP’s). DESAFIOS: AS REFORMAS NECESSÁRIAS 1. REFORMA POLÍTICA AMPLA (INCLUINDO, MAS NÃO COM EXCLUSIVIDADE A REFORMA ELEITORAL); 2. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS IMPORTANTES ; 3. MUDANÇA DE CONCEPÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS E DA SOCIEDADE CIVIL (EX: EXAGERO DOS MECANISMOS DE DEFESA FRENTE À NECESSÁRIA AGILIZAÇÃO DAS PUNIÇÕES). O ENFRAQUECIMENTO DO MP 1. NA VIA LEGISLATIVA: A) AUSÊNCIA DE REPRESENTANTES NO PODER LEGISLATIVO, EM ESPECIAL NO CONGRESSO NACIONAL; B) NA ATRIBUIÇÃO DE LEGITIMIDADE CONCORRENTE PARA AS AÇÕES CIVIS PÚBLICAS (DEFENSORIA PÚBLICA, ENTIDADES SOCIAIS) E DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (CASO FEDERAL DE PRIORIZAÇÃO DA AÇÃO DA AGU). C) NA QUEBRA DA TITULARIDADE DA AÇÃO PENAL EM CRIMES QUE HOJE SÃO DE AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA (CRIMES CONTRA O CONSUMIDOR E O MEIO AMBIENTE, ABUSO DE AUTORIDADE, ETC). O RETROCESSO DA LEGISLAÇÃO AO INVÉS DO APRIMORAMENTO 1. INVIOLABILIDADE DOS ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA; 2. AS DIVERSAS TENTATIVAS DE REDUZIR O USO DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS E AS HIPÓTESES DA PRISÃO CAUTELAR (E AS TENTATIVAS NO CNJ DE CONTROLAR ESSAS OCORRÊNCIAS); 3. OS PROJETOS DE LEI QUE ALMEJAM DOTAR A POLÍCIA JUDICIÁRIA DA EXCLUSIVIDADE DA INVESTIGAÇÃO; 4. A IMPORTÂNCIA QUE SE DÁ À REGULAMENTAÇÃO RESTRITIVA DO USO DAS ALGEMAS QUANDO HÁ 68 PROJETOS ANTI-CORRUPÇÃO PARADOS NO CONGRESSO NACIONAL. UM EXEMPLO ABSURDO O ABSURDO DO PROJETO DE LEI QUE TRATA DO CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE. DE AUTORIA DO DEPUTADO RAUL JUNGMANN (PPS/PE), QUE PREVÊ DEMISSÃO, BANIMENTO DA VIDA PÚBLICA E ATÉ PRISÃO POR ATÉ 08 ANOS PARA JUÍZES, DELEGADOS E MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO QUE PREJUDICAREM DIREITO DE PESSOAS INVESTIGADAS: CONSTITUI ABUSO DE AUTORIDADE PRATICAR, OMITIR OU RETARDAR ATO, NO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA, EM RAZÃO DELA OU A PRETEXTO DE EXERCÊ-LA, COM O INTUITO DE IMPEDIR, EMBARAÇAR OU PREJUDICAR O GOZO DE QUALQUER DOS DIREITOS E GARANTIAS CONSTANTES DO TÍTULO II DA CF. HÁ OUTROS PROJETOS RETIRANDO A MARCA DE DELITO DE AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA. É PRECISO APERFEIÇOAR A LEGISLAÇÃO 1. COM A REDUÇÃO DO PRAZO DE JULGAMENTO DAS AÇÕES E A DIMINUIÇÃO DO NÚMERO DE RECURSOS PREVISTOS; 2. COM A GARANTIA DE INDISPONIBILIDADE, SEQUESTRO E/OU ARRESTO DOS BENS DOS ACUSADOS DE PRÁTICAS DE CORRUPÇÃO, DURANTE O CURSO DAS AÇÕES PENAIS E CIVIS; 3. COM O ACRÉSCIMO DAS SANÇÕES PREVISTAS EM LEI (EX: O DELITO DE PECULATO, COMETIDO POR PREFEITO, TEM PENA MÍNIMA DE 02 ANOS, A MESMA DE UM FURTO QUALIFICADO OU A METADE DO ROUBO SIMPLES), O QUE RARAMENTE PERMITE A EXECUÇÃO DE UMA PRISÃO AO FINAL; 4. A RACIONALIZAÇÃO DAS FORMAS DE PRESCRIÇÃO (COM O FIM DA PRESCRIÇÃO COM BASE NA PENA EM CONCRETO). O SISTEMA JUDICIAL QUE NÃO FUNCIONA COM A PREVISÃO DE 04 INSTÂNCIAS DE JULGAMENTO, DE QUALQUER MATÉRIA DE ORDEM PENAL (PELOS HC’S SUCESSIVOS QUE SÃO ACEITOS, COM A QUEBRA, INCLUSIVE, DA SÚMULA 691 DO STF), E COM O TRÂNSITO EM JULGADO DE DECISÕES CONDENATÓRIAS EM PERÍODO MÉDIO DE 10 ANOS, COM POSIÇÃO DE VÁRIOS MINISTROS DO STF CONTRÁRIOS À ADOÇÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA EM DESFAVOR DO RÉU (O QUE CONFERE A MARCA, EXCEPCIONAL, DE SUSPENSIVIDADE NOS RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO). SEGUNDO PESQUISA AMB (2007), 86% DOS JUÍZES BRASILEIROS DESTACAM A MOROSIDADE DO PODER JUDICIÁRIO COMO A PRINCIPAL CAUSA DE IMPUNIDADE NO PAÍS. PIORA COM O FORO PRIVILEGIADO O STF NUNCA, EM SUA HISTÓRIA, CONDENOU QUALQUER AGENTE POLÍTICO QUE GOZA DE FORO ESPECIAL NA MAIS ALTA CORTE DO PAÍS (DEPUTADOS, SENADORES, MINISTROS DE ESTADO, ETC). TJ PARÁ: 400 DENÚNCIAS FORAM APRESENTADAS PELO MP CONTRA PREFEITOS NOS ÚLTIMOS 08 ANOS. APENAS RESULTOU EM UMA CONDENAÇÃO. O ÚNICO PREFEITO CONDENADO FOI O DO MUNICÍPIO DE BUJARU, A 03 ANOS DE RECLUSÃO, POR DESVIO DE RECURSOS PÚBLICOS, EM REGIME ABERTO. OBS: AMB (2007) - 85% DOS BRASILEIROS REPUDIAM O FORO PRIVILEGIADO. IMPUNIDADE A REALIDADE DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS DA POLÍCIA FEDERAL: NAS 80 OPERAÇÕES DE MAIOR REPERCUSSÃO NOS ÚLTIMOS 05 ANOS, SÓ EM 01 CASO NÃO HOUVE DENÚNCIA DO MPF (DOSSIÊ VEDOIN). A GRANDE MAIORIA DOS PROCESSOS SE ARRASTA NA JUSTIÇA. DE 2003 ATÉ JULHO DE 2008, A PF REALIZOU 590 OPERAÇÕES NO PAIS (216 CORRUPÇÃO E SONEGAÇÃO FISCAL). ESSAS AÇÕES LEVARAM 9.000 PESSOAS À PRISÃO, DOS QUAIS 1.337 ERAM SERVIDORES PÚBLICOS. POUQUÍSSIMOS CONTINUAM PRESOS, COMO O JUIZ FEDERAL JOÃO CARLOS DA ROCHA MATTOS, PRESO NA OPERAÇÃO ANACONDA, EM 2003, E O CHINÊS LAW KIN CHONG, QUE APESAR DE SER O MAIOR CONTRABANDISTA DO PAÍS JÁ SAIU E VOLTOU DA PRISÃO 03 VEZES, DESDE JUNHO DE 2004. PRECISAMOS DE UMA AMPLA REFORMA POLÍTICA OBS: PESQUISA AMB 2007 - 95% DOS BRASILEIROS ACHAM IMPORTANTE UMA REFORMA POLÍTICA. 1. REFORMA ELEITORAL: FINANCIAMENTO PÚBLICO EXCLUSIVO NAS CAMPANHAS ELEITORAIS, FIDELIDADE PARTIDÁRIA, CLÁUSULA DE BARREIRA, IMPEDIMENTO DOS CANDIDADOS FICHA SUJA (AMB 2007 - 95% DOS BRASILEIROS ENTENDEM QUE POLÍTICOS PROCESSADOS NÃO PODERIAM PARTICIPAR DA ELEIÇÃO); 2. AUMENTO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR NAS DECISÕES DO GOVERNO (REFERENDO, PLEBISCITO, RECALL, ORÇAMENTO PARTICIPATIVO); 3. MECANISMOS QUE GARANTAM A TOTAL TRANSPARÊNCIA DO PODER PÚBLICO (NÃO HÁ RAZÃO PARA SIGILO/SEGREDO). FIM DAS EMENDAS PARLAMENTARES 4. EXTINÇÃO DAS EMENDAS ORÇAMENTÁRIAS DOS DEPUTADOS E SENADORES: UM DOS MAIS IMPORTANTES FOCOS DE CORRUPÇÃO NO BRASIL. REALIDADE JÁ DISSECADA HÁ 15 ANOS ATRÁS, COM O ESCÂNDALO DO ORÇAMENTO E A CPI DOS ANÕES. REALIDADE PRESENTE EM QUASE TODOS OS ESCÂNDALOS ATUAIS. DIAGNÓSTICO PRODUZIDO PELO TCU NO ACÓRDÃO Nº 641/2007 (FRAUDES GENERALIZADAS NO SISTEMA). PREVISÃO DE EMENDAS INDIVIDUAIS DE ATÉ 6 MILHÕES DE REAIS. TROCA DE APOIO POLÍTICO NAS VOTAÇÕES PELA LIBERAÇÃO DE TAIS RECURSOS, QUE SÃO DIRIGIDOS ÀS BASES DOS PARLAMENTARES DEIXANDO UM RASTRO DE CORRUPÇÃO, FAVORECIMENTO E DESPERDÍCIO. ABUSO NOS CARGOS DE CONFIANÇA 5. O FIM DO LOTEAMENTO POLÍTICO DOS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA. INSTRUMENTO DE BARGANHA POLÍTICA E DE CAPTAÇÃO DE ALIADOS E APOIO. SOMENTE UMA BUROCRACIA BASEADA NO MÉRITO, RECRUTADA DE FORMA REPUBLICANA, PELA VIA DO CONCURSO PÚBLICO, SEM PRIVILÉGIOS, NÃO COMPOSTA DE AMIGOS, FAMILIARES E CABOS ELEITORAIS, PODE PRESTAR SERVIÇO TENDO EM MIRA O INTERESSE PÚBLICO E NÃO O DOS RESPONSÁVEIS PELA SUA NOMEAÇÃO. NO BRASIL, SÓ NO GOVERNO FEDERAL, HÁ MAIS DE 24.000 CARGOS DE INDICAÇÃO POLÍTICA. NOS ESTADOS UNIDOS SÃO 4.500. NA INGLATERRA E NA FRANÇA SÃO MENOS DE 500. RECOMPOSIÇÃO DA AUDITORIA 6. É PRECISO AUMENTAR O NÚMERO DE AUDITORES PÚBLICOS EM NOSSO PAÍS. SÓ TEM HAVIDO O FORTALECIMENTO DA CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO, AINDA INSUFICIENTE PARA A ADOÇÃO DE ATOS DE FISCALIZAÇÃO DE ROTINA, SAINDO-SE DO SORTEIO OU DA AMOSTRAGEM. O BRASIL AINDA É UM PAÍS POUCO AUDITADO/FISCALIZADO, COM 08 AUDITORES POR GRUPO DE 100 MIL HABITANTES, O QUE DÁ POUCO MAIS DE 13 MIL AUDITORES (VEJA 2007). NA HOLANDA E NA DINAMARCA EXISTEM 100 AUDITORES PARA CADA GRUPO DE 100 MIL HABITANTES. A FISCALIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS REPASSADORES, EM ESPECIAL NA SAÚDE E NA EDUCAÇÃO (FNDE, MEC, FUNASA E DENASUS) É CRÍTICA. OTIMIZAÇÃO DO RESSARCIMENTO AO ERÁRIO 7. O TCU DETERMINOU, ENTRE 2003 E 2007, QUE ADMINISTRADORES PÚBLICOS DEVOLVESSEM MAIS DE 3 BILHÕES DESVIADOS DO TESOURO NACIONAL, MAS SÓ CONSEGUIU RECUPERAR 27 MILHÕES (MENOS DE 1%). NOS 05 ANOS, MAIS DE 5.600 PROCESSOS FORAM JULGADOS E 7.798 GESTORES RESPONSABILIZADOS. A AGU, POR SUA VEZ, EXECUTANDO OS ACÓRDÃOS DO TCU TEM ÍNDICE SIMILAR DE RECUPERAÇÃO (1%). NO MP, NÃO HÁ ESTATÍSTICAS AINDA SOBRE O RESULTADO DAS AÇÕES POR ELE PROMOVIDAS (BLOQUEIO, SEQUESTRO E ARRESTO DE BENS). DE QUALQUER FORMA, ESSA RECUPERAÇÃO, NO TOTAL, NÃO ULTRAPASSA OS 5%. PREVENTIVAMENTE, ANALISANDO EDITAIS DE LICITAÇÃO E CONVÊNIOS, O TCU CONSEGUIU EVITAR, NOS 02 ÚLTIMOS ANOS, 13 BILHÕES DE PREJUÍZO À UNIÃO. COMPOSIÇÃO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS 8. A ATUAL COMPOSIÇÃO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS NÃO PODE PERSISTIR. A NOMEAÇÃO DE POLÍTICOS COMO CONSELHEIROS TEM OCASIONADO CONSEQUÊNCIAS MANIFESTAMENTE NEGATIVAS, CRIANDO EMPECILHOS AO FUNCIONAMENTO REPUBLICANO DE TAIS ÓRGÃOS. NECESSIDADE DE NOMEAÇÃO EXCLUSIVA DE TÉCNICOS DOS PRÓPRIOS ÓRGÃOS DE CONTAS OU POR CONCURSO PÚBLICO. HOJE (FOLHA DE SÃO PAULO) DOS 189 CONSELHEIROS NO PAÍS, APENAS 19 SÃO TÉCNICOS, 86 (45%) SÃO EX-DEPUTADOS ESTADUAIS E 14 (7%) SÃO EX-DEPUTADOS FEDERAIS. HÁ AINDA 62 EX-SECRETÁRIOS DE ESTADO, 24 EX-PREFEITOS E 23 EXVEREADORES. HÁ 10 PROJETOS QUE MEXEM COM A ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS TC’S TRAMITANDO. NOMEAÇÃO DOS MEMBROS DAS CORTES SUPERIORES E DAS CHEFIAS DO MP 9. A INTERFERÊNCIA DOS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO NA ESCOLHA/NOMEAÇÃO DOS MEMBROS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES E DAS CHEFIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO TAMBÉM NÃO TEM SE MOSTRADO SALUTAR PARA O APERFEIÇOAMENTO E GARANTIA DA INDEPENDÊNCIA DESSAS INSTÂNCIAS. SERIA IMPORTANTE QUE ESSAS DECISÕES ESTIVESSEM NO ÂMBITO EXCLUSIVO DE APRECIAÇÃO DOS PRÓPRIOS INTEGRANTES DO JUDICIÁRIO E DO MINISTÉRIO PÚBLICO. NÃO VAMOS DESANIMAR APESAR DO QUADRO TRAÇADO, ESTAMOS AVANÇANDO (EM 1995, O BRASIL ERA CONSIDERADO O 5º PAÍS MAIS CORRUPTO DO MUNDO PELA TRANSPARÊNCIA INTERNACIONAL): MAIOR LIBERDADE E ISENÇÃO DA IMPRENSA; AUMENTO DO NÚMERO DAS ENTIDADES DE CONTROLE SOCIAL; MAIOR INDEPENDÊNCIA E EFICIÊNCIA DA PF E DO MP; PREOCUPAÇÃO GERAL COM A AGILIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL; REDUÇÃO DA GARANTIA DA IMUNIDADE PARLAMENTAR; FIM DO NEPOTISMO; CRIAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO; MAIOR TRANSPARÊNCIA DO GOVERNO FEDERAL E DOS GOVERNOS ESTADUAIS, BEM AINDA DO PARLAMENTO FEDERAL; CRIAÇÃO DE MOVIMENTOS DE COMBATE À CORRUPÇÃO NOS ESTADOS; A ENCCLA; AMARRIBO, IFC, CONTAS ABERTAS E TRANSPARÊNCIA BRASIL; PROJETOS DE EDUCAÇÃO VOLTADOS PARA A INFÂNCIA E JUVENTUDE. OBRIGADO FÁBIO GEORGE CRUZ DA NÓBREGA PROCURADOR REGIONAL DA REPÚBLICA MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RECIFE(PE) FONE: 81. 3081-9952 E-MAIL: [email protected] SITES RECOMENDADOS: 1.FERRAMENTAS IMPORTANTES DA INTERNET NO COMBATE À CORRUPÇÃO E NA FISCALIZAÇÃO DA ATIVIDADE DOS POLÍTICOS): www.prr5.mpf.gov.br, no campo do Fórum Pernambucano de Combate à Corrupção, item “saiba como fiscalizar”; 2. ESTUDO APROFUNDADO DA CORRUPÇÃO NO BRASIL: www.veja.com.br/emprofundidade; http://noticias.uol.com.br/especiais/corrupçao.