Foi lendário promotor do MP GUILHERME MAGALHÃES DE SÃO PAULO Durante os cinco mandatos em que foi presidente da APMP (Associação Paulista do Ministério Público), Washington Epaminondas Medeiros Barra –o Barra, como era conhecido– fez jus à fama de "lenda" da instituição. "O problema do colega era o problema dele", conta o amigo e também promotor Roberto Livianu. A associação, espécie de sindicato da categoria, demandou de Barra viagens e diálogos com a classe. Tratava de questões como remuneração, plano de saúde e colônia de férias. Solteiro e filho único, dedicou a vida ao Ministério Público, no qual ingressou em 1978, aos 32 anos. Formou-se cinco anos antes, na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas). Foi ainda promotor no Paraná, onde cultivou grande amizade com a promotora Maria Tereza Willy Gomes, a quem considerava uma irmã. Filho único de um delegado e de uma costureira em São José do Rio Preto (a 438 km da capital paulista), herdou do pai o gosto pela Justiça. Especialista na área cível, trabalhou na aplicação da lei do pezinho, que tornou o exame obrigatório em recém-nascidos a partir dos anos 90. Momentos antes de entrar em coma induzido, lia as plataformas dos candidatos a procurador-geral da República, cuja eleição ocorreu na semana passada, lembra Livianu. Nas horas vagas, adorava ouvir clássicos de Nelson Gonçalves e Jamelão. Morreu no dia 6, aos 68, de câncer. Solteiro, não deixa filhos, mas deixa órfã a família do Ministério Público brasileiro. A missa de sétimo dia será rezada no dia 12, às 20h, na paróquia São Luís Gonzaga, na av. Paulista. Janot se fortalece Procurador-geral obtém expressivo apoio dos colegas em eleição interna; espera-se que o Senado não tarde em aprovar sua recondução Deve chegar ao Senado nesta semana a mensagem da presidente Dilma Rousseff (PT) com sua decisão sobre o comando da Procuradoria-Geral da República. No que depender dela, Rodrigo Janot permanecerá no cargo para um segundo mandato de dois anos. Mais que bem-vinda devido ao desenrolar da Operação Lava Jato, a continuidade na chefia do Ministério Público Federal, entretanto, não está assegurada. Por força da Constituição, a escolha ainda deve ser aprovada pelos senadores. Primeiro, Janot será sabatinado pelos integrantes da Comissão de Constituição e Justiça do Senado –e provoca natural apreensão saber que, dos 27 titulares desse colegiado, 8 são investigados por suposta participação no bilionário esquema de corrupção da Petrobras. Se for aprovado, seu nome seguirá para apreciação do plenário e precisará ter o endosso de ao menos 41 dos 81 membros da Casa. O trâmite está definido, mas não tem hora para começar. O regimento do Senado não estabelece prazos para deliberações acerca de autoridades indicadas pelo Executivo. Por causa disso, circularam boatos –espera-se que fossem apenas isso– de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pensava na possibilidade de retardar todo esse processo. A ideia seria, ainda que provisoriamente, quebrar a linha de frente da Operação Lava Jato –o que poderá acontecer se os senadores não apreciarem o nome de Janot até 17 de setembro, quando se encerra o atual mandato. Sem a recondução aprovada, ele voltaria ao cargo de subprocurador. No intuito de evitar especulações dessa ordem, Renan parece inclinado a marcar as devidas sessões com a maior brevidade possível. Estando entre os investigados da Operação Lava Jato, o peemedebista sabe que qualquer protelação será entendida como manobra deliberada em desfavor de Janot. A esta altura, nada soaria mais suspeito do que confrontar o procurador-geral, figura responsável por abrir ações penais contra os congressistas. Além disso, poucos gestos constituiriam maior afronta ao MPF do que retardar, para nem dizer rejeitar, sua recondução. Na eleição interna do Ministério Público Federal, da qual participaram 983 integrantes da categoria (79% do total), Rodrigo Janot obteve 799 votos, 288 a mais do que em 2013 e 337 de vantagem sobre o segundo colocado (cada um pode sufragar três nomes). Dito de outra forma, 81% dos procuradores que votaram manifestaram apoio ao trabalho que vem sendo realizado pela cúpula do órgão –no que estão em sintonia com a opinião pública. É de esperar que os senadores também estejam. Investigações sobre as causas do acidente devem ser inconclusivas DO RECIFE DE SÃO PAULO As autoridades que investigam as causas do acidente que matou Eduardo Campos e outras seis pessoas provavelmente nunca conseguirão explicar o que levou à queda do jato Cessna 560XL. O problema é a ausência de informação das caixas-pretas. O CVR (Cockpit Voice Recorder), que grava as conversas da cabine, não registrou os minutos finais antes da queda. Além disso, o jato não era equipado com um FDR (Flight Data Recorder), que registra as informações do voo. Sem essas informações, o Cenipa –órgão da Aeronáutica responsável por apurar acidentes aéreos– poderá, no máximo, apontar hipóteses de como avião e tripulação se comportaram ou, a partir da análise dos destroços, descartar possibilidades. Por isso, o relatório final deverá apontar causa "indeterminada" para o acidente. Uma hipótese, citada em carta da viúva do piloto Marcos Martins, Flávia Martins, que diz ter estudado o caso, é a de que um erro no automatismo do estabilizador horizontal do jato pode ter levado o avião para a posição "nose down" (nariz para baixo). Em janeiro, o responsável pela investigação da Aeronáutica, Raul de Souza, afirmou que os pilotos não tinham formação adequada para guiar esse modelo de aeronave – precisariam ter recebido mais treinamento. Segundo a Aeronáutica, a investigação está em "fase final de análise" –não há prazo definido para a conclusão. Uma investigação paralela é feita pelo Ministério Público Federal em Santos (SP). INDENIZAÇÕES Famílias que tiveram imóveis danificados pelo acidente aguardam indenizações pelos prejuízos materiais. Para a juíza Natália Monti, da 9ª Vara Cível de Santos, a "obscuridade" sobre a propriedade da aeronave "torna praticamente inviável a reparação". (Patrícia Britto e Ricardo Gallo) Empate elétrico O Majestoso foi trepidante e merecia mais gente no Morumbi; no fim, resultado favoreceu o visitante OS TRICOLORES tinham razão em querer Luís Fabiano em campo e os alvinegros não tinham ao achar que ele seria um peso morto. O Fabuloso foi o melhor em campo, mandou duas bolas na trave e marcou o gol do empate no começo da etapa final do clássico –que vira o Corinthians abrir o marcador com Luciano num primeiro tempo inteiramente são-paulino. Os 45 minutos finais foram bem mais equilibrados e os 10 últimos minutos, com os visitantes reduzidos a 10 jogadores pela expulsão de Felipe, talvez fossem mais bem aproveitados pelos anfitriões caso a arbitragem marcasse o pênalti cometido por Uendel já no derradeiro segundo dos acréscimos. No fim, sem a menor dúvida, o Corinthians ganhou um ponto e o São Paulo perdeu dois. Ainda mais que o Galo também empatou e a diferença entre ambos permaneceu a mesma, de apenas dois pontos, além de o Fluminense ter perdido e o time do Sport também só empatado. Mesmo sem mais uma vez o jogo do estádio do Morumbi ter sido um primor técnico, bem longe disso, por sinal –porque a defesa do São Paulo é um pesadelo e o ataque corintiano ainda um sonho–, a eletricidade foi tanta que merecia mais de 31 mil torcedores. TEMERIDADE O Palmeiras entrou de amarelo para lembrar que representou a seleção brasileira na inauguração do Mineirão, 50 anos atrás. O marketing alviverde é corajoso, tanto quanto o técnico colombiano do São Paulo que pôs Breno para jogar em pleno Majestoso. Porque o uniforme verde e amarelo hoje em dia no Mineirão lembra mesmo o 7 a 1, lembra derrota. A equipe do Palmeiras precisa é de afirmação e não era hora de se descaracterizar. Coincidência ou não, mesmo contra um problemático Cruzeiro, o time paulista sucumbiu ao ser derrotado por 2 a 1 num clássico tão brigado como o do Morumbi, ainda com menos gente, apenas 20 mil torcedores, apesar de Cristaldo ter deixado o seu gol e reforçado a sua marca como talismã. A hora é de calma e o objetivo deve ser permanecer com os pés no chão, isto é, uma vaga no G4, porque querer o título é querer demais por enquanto. E quem tudo quer... DENÚNCIA A direção do inerte sindicato dos atletas paulistas terá de responder ao Ministério Público do Trabalho por que impede que jogadores no exercício da profissão sejam candidatos à presidência da entidade; por que dificulta que os atletas recebam os 5% de direito de arena a que têm direito; por que há quase duas décadas não celebra Convenções ou Acordos Coletivos. Denúncia detalhada neste sentido acaba de ser protocolada na Justiça do Trabalho. Cunha diz não ser responsável por derrotas do governo DE BRASÍLIA O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), minimizou sua influência sobre as votações da Casa, responsável por seguidas derrotas do governo Dilma Rousseff, e afirmou estar ciente do impacto de "sinais equivocados" dos deputados na economia do país. Em sua conta no Twitter, neste domingo (9), o peemedebista ainda alfinetou o Palácio do Planalto, ao afirmar que não cabe a ele "constituir a maioria que o governo não tem para vencer votações". Ele negou ser "vilão das contas públicas", diante de uma pautabomba em análise na Casa. Para Cunha, a "verdade nua e crua" é que não existe uma base de congressistas aliados aos interesses do Executivo." Presidente da Câmara não é o dono da Câmara e nem do voto dos deputados", escreveu. Investigado na Operação Lava Jato, Cunha declarou no mês passado seu rompimento com o governo Dilma. A expectativa é que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereça denúncia contra ele ao STF (Supremo Tribunal Federal) neste mês. Cunha foi apontado pelo lobista Julio Camargo como destinatário de propina de US$ 5 milhões, o que o deputado nega. Na última sexta (7), a Câmara dos Deputados pediu ao Supremo, em documento assinado pela AGU (Advocacia-Geral da União), a anulação de provas recolhidas no interior da Casa contra Cunha, nas investigações do esquema de corrupção na Petrobras. O presidente da Câmara negou ter tido participação na iniciativa da AGU. A busca ocorreu em maio após a Folha revelar que o nome de Cunha aparece como autor dos arquivos onde foram redigidos requerimentos que delatores do esquema dizem comprovar seu envolvimento com o escândalo. Na ocasião, procuradores foram até o sistema de informática da Casa e fizeram cópia do material, mas não chegaram a apreender nem levar nada do local. Um dos argumentos apresentados pelo advogado-geral da União substituto, Fernando Luiz Albuquerque Faria, é de que a "devassa" no sistema de informática da Câmara feriu a imunidade do Parlamento, assegurada pela Constituição.