O CURSO ELEMENTAR DE EUSTAQUE BARBE – Apontamentos sobre os conteúdos para o ensino de Filosofia no séc. XIX. Marcus Éverson Santosi Resumo: O presente artigo pretende apresentar com se deu a organização dos conhecimentos filosóficos em compêndios de ensino e a chegada desses impressos no Brasil durante o século XIX. Em seguida, analisamos os elementos pré-textuais do compêndio: Curso Elementar de Philosophia do francês Eustaque Barbe. Antes da chegada ao Brasil das primeiras tipografias qualquer pequeno escrito original deveria, forçosamente, ou ser publicado na Europa ou permanecerem na forma manuscrita. Com a chegada das tipografias e o incremento das primeiras livrarias especialmente por volta do século XIX, a produção e circulação de livros se intensificaram. Nesse contexto aportaram nas escolas secundárias brasileiras os primeiros compêndios de ensino dentre os quais, o Curso Elementar de Filosofia de Eustaque Barbe. Palavras – chave: Compêndio, cultura material escolar, história, Resumen: El presente trabajo pretende presentar como sucedió la organización de los conocimientos filosóficos en compendios de enseñanza y la llegada de esos impresos en Brasil durante el siglo XIX. A continuación, analizamos los elementos pre-textuales del compendio: Curso Elementar de Philosophia del francés Eustaque Barbe. Antes de la llegada de las primeras tipografías en Brasil, cualquier pequeño escrito original debería, forzosamente, ser publicado en Europa o permanecer en forma manuscrita. Con la llegada de las tipografías y el incremento de las primeras librerías especialmente en el siglo XIX, la producción y circulación de libros se han intensificado. En este contexto aportaron en las escuelas secundarias brasileñas los primeros libros de texto de enseñanza entre ellos, el Curso Elementar de Filosofía de Eustaque Barbe. Palabras – clave: Compendio, cultura material escolar, historia, 1. Organização dos conhecimentos filosóficos em compêndios de ensino 1 No debate sobre a cultura material escolar, ou seja, da pluralidade de objetos que permeiam o ambiente escolar afirma-se a propositura de que os objetos são depositários de vivências (NUNES, 2003). Posto isso, a organização, produção e circulação dos primeiros manuais e compêndios de ensino durante o século XIX, expressam um conjunto de mudanças que a escola passou a sofrer tanto no tocante a organização dos conteúdos e programas escolares quanto na abordagem pedagógica desses conteúdos. Nesse contexto, durante o século XIX os compêndios e manuais de ensino passaram a cumprir, paulatinamente, um papel antes ocupado por jornais e periódicos. Do ponto de vista de sua materialidade, os manuais e compêndios de ensino que aportaram nas escolas brasileiras visavam cumprir um conjunto de conhecimentos educacionais específicos que foram classificados e organizados por manualistas e compendiadores das mais variadas áreas do saberes. Assim, o surgimento dos primeiros compêndios se definiu a partir da necessidade de compilação e organização de um corpo de conhecimentos que, por sua vez, resumiam ou vulgarizavam uma discussão maior sobre determinado assunto ou área do saber. Por definição, o compêndio é o nome dado a uma súmula, resumo dos conhecimentos relativos a uma determinada área do saber organizado em forma de livro. Na maioria dos casos, o corpo de conhecimentos presente nessas súmulas encontrava-se delimitado por um ou mais campos de interesse humano. A organização e classificação de conteúdos de filosofia por manualistas e compendiadores foi uma tarefa cultivada por intelectuais em vários momentos da história. As esquematizações dos conteúdos representam estados mentais, visões de mundo, modos de refletir a realidade e, como tal, podem nos fornecer pistas para penetrar na mentalidade de uma época. Na Antiguidade Grega, por exemplo, a primeira mente a se ocupar com a tarefa de organizar e classificar o conhecimento e as ciências teria sido a do filósofo Grego Aristóteles. Embora a maior parte de sua obra tenha sido organizada por discípulos como Teofrastoii, o filósofo teria sido um dos primeiros a compilar, classificar, e dividir as ciências em três categorias: ciências produtivas, práticas e teoréticas. As ciências produtivas visavam à fabricação de algum utensílio; as ciências práticas usavam o saber para uma ação ou finalidade moral; as ciências teoréticas buscavam o saber pelo saber, independente de um fim ou utilidade. Aristóteles assim como tantos outros foi o instigador da educação liberal, concernente aos cidadãos livres, e, particularmente, aos homens, negando tal educação às outras camadas sociaisiii. 2 O filósofo Grego foi responsável ainda por organizar e sistematizar a cosmovisão dos antigos naquilo que hoje conhecemos como sistema geocêntrico. Esse sistema classificava e organizava o cosmo em esferas concêntricas: a esfera da terra, da lua, do sol, dos planetas e das estrelas. Para Aristóteles, existiam dois mundos um abaixo e outro acima da lua (o mundo sublunar e o supralunar). No primeiro ocorriam as transformações e era onde existiam os quatro elementos: terra, água, fogo e ar. Já no segundo existiam os corpos perfeitos e imutáveis. Essa classificação cosmológica dos objetos celestes durou aproximadamente 1800 anos na Europa e só recebeu sua primeira refutação com as obras de Copérnico e Galileu Galileiiv. Depois da primeira classificação e organização do conhecimento feita por Aristóteles, Porfírio de Tirov em seu livro Introdução a Predicação, descreveu como as qualidades atribuídas às coisas podem ser classificadas, quebrando o conceito filosófico da substância como uma espécie do relacionamento. Porfírio incorporou a lógica aristotélica ao neoplatonismo, especialmente a doutrina das categorias do ser interpretada nos termos das entidades. Nesse mesmo livro conhecido também como Isagogevi, encontramos a famosa "Árvore de Porfírio", que ilustra seu esquema de classificação lógica da substânciavii. Para Porfírio, os conceitos e os conhecimentos se subordinavam partindo dos mais gerais até chegar aos menos extensos. A “árvore porfiriana” deu início ao nominalismoviii, que influenciou a filosofia medieval por aproximadamente dez séculos. Antecessora das modernas classificações taxonômicasix, a árvore de Porfírio estava esquematizada em: Substância – que podia ser corporal ou incorporal; Corpo – que podia ser animado ou inanimado; Vivente – que podia ser sensível ou insensível; Animal – que podia ser racional ou irracional; Racional - o homemx. Essa súmula do conhecimento organizada por Porfírio tornou-se referência e modelo esquemático para diversas escolas e universidades medievais, possibilitando desenvolvimentos e reflexões em disciplinas como a Filosofia, Teologia e Lógica. Ao tempo em que discutiam e elaboravam árvores do conhecimento, os intelectuais compendiadores acabavam admitindo a ideia de que existiam conhecimentos que deviam ser classificados como dominantes e outros que se subordinavam automaticamente a estes. Esquemas de classificação organizados por “árvores” já indicavam certa preocupação em ordenar as áreas a partir de uma raiz que, por sua vez se estende e 3 secciona-se do tronco aos galhos, denotando com isso certo grau de relevância entre as áreas do conhecimento. Da Antiguidade até o início da era Moderna, os conhecimentos e conteúdos continuaram a receber divisões e classificações diferentes tais como: o conhecimento teórico e o prático; o público e o privado, o conhecimento das artes liberais e manuaisxi. Esse contraste entre o conhecimento especializado e o não especializado, o acadêmico e o não acadêmicoxii geraram discussões e situações conflitosas. Os intelectuais compendiadores visavam reorganizar e classificar os conhecimentos conforme estados mentais de sua época. Tais discussões tiveram implicações tanto na elaboração de compêndios quanto para a organização das disciplinas e currículos escolares. As classificações e divisões do conhecimento feitas por Aristóteles atingiram seu apogeu no século XIII ao tempo da Escolástica e entraram em declínio nos séculos XIV e XV. Entretanto, os esforços por reorganizar os conteúdos não pararam de receber novas esquematizações. Fato que atesta isso foram os vigorosos esforços de restauração da síntese clássica empreendida pelo pensamento medieval. A retomada de aspectos da formação Grega nesse período permitiu o florescimento dos primeiros planos de estudo e programas de ensino. Organizados pelos jesuítas, tais planos de ensino (Ratio Studiorum) incorporavam mudanças nos conteúdos e disciplinas a serem ensinadas nas escolas jesuíticas espalhadas por todo mundo. No século XVI o Ratio Studiorum foi o mais bem sucedido plano de organização do trabalho pedagógico da Europa. Sua elaboração contou com os mais renomados intelectuais da Europa e alcançou um patamar jamais visto na história da educação. Essa iniciativa, em detrimento de outras, foi a que marcou profundamente o que chamamos de ensino clássico. Os organizadores do plano de estudo, assim como o próprio Inácio de Loyola, estudaram na universidade de Paris que, àquela época tornou-se o grande centro da cultura europeia. A redescoberta da PaidéiaxiiiGrega serviu durante muito tempo como modelo para se pensar a organização do conhecimento presente nos compêndios, nas disciplinas e programas escolares que, por sua vez, passou a formar as elites intelectuais na Europa. Tal redescoberta significou a retomada de valores e estados mentais baseados no estilo clássico das chamadas Artes Liberais que se organizava em sete disciplinas: Gramática, Lógica, Retórica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. Essas sete disciplinas estavam divididas em dois ramos ou caminhos: O Trivium e o Quadriviumxiv. 4 O Trivium cruzava três ramos ou disciplinas: Gramática, Lógica e Retórica. Já o Quadrivium consistia das disciplinas, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. Assim, ao lado de compêndios ou Catecismo da Igreja Católica - que continha perguntas e respostas concisas resumindo os ensinamentos da fé católica e da moral coexistiu compêndios técnicos destinados as mais variadas áreas do conhecimento. Os próprios padres da igreja encarregaram-se, eles mesmos, em compendiar os conteúdos que deveriam ser usados nos manuais destinados a professores e alunos. Por volta do século XVI o esforço por classificar e organizar os conhecimentos em compêndios recebe outra grande contribuição: a “árvore do conhecimento baconiana”. Tratava-se de uma vasta sistematização do conhecimento realizado pelo filósofo Francis Bacon que, com uma minúcia até então inexistente nas classificações filosóficas, não só classificou como definiu todas as áreas do saber; além disso, Bacon indicou também as ciências que tinham pouco trabalho humano apontando virtudes e problemas. Em sua obra o Novo Organonxv ou indicações verdadeiras acerca da interpretação da natureza, Bacon completava parte da Grande Instauração da Natureza compreendida em seis partes: a primeira era uma classificação completa das ciências existentes; a segunda, a apresentação de um novo método para conduzir a verdade; a terceira a coleta de dados empíricos; a quarta uma série de exemplos de aplicação do método; a quinta, uma lista de generalizações de suficiente interesse para mostrar o avanço permitido pelo novo método e, por fim a sexta, onde apresenta a nova filosofia organizada num sistema complexo de axiomas que serviu de base para vários instrumentos destinados à organização do conhecimentoxvi. Durante o Iluminismo o destaque vai para o esquema de classificação: "Sistema figurativo do conhecimento humano", também conhecida como a “árvore de Diderot e D'Alembert”xvii. Essa “árvore do conhecimento” serviu de inspiração para aquela que foi a maior súmula do conhecimento produzida na modernidade: a Enciclopédia. Inspirados em Bacon, Diderot e D’lambert reorganizaram os conhecimentos em três principais ramos: "Memória" - História; "Razão" - Filosofia, e "Imaginação" - Poesia. Esses ramos do saber representavam não só uma nova forma de reorganizar e classificar os conhecimentos, mas, uma nova reconfiguração social, política e filosófica que repercutiu por toda Europa chegando inclusive ao Brasilxviii. Para organizar e discorrer sobre cada um dos índices de conteúdos da Enciclopédia, Diderot convidou D’lambert para ocupar o cargo de codiretor para 5 assuntos científicos. Rousseau encarregou-se de escrever o índice referente à Música. Dumarsais ficou incumbido de organizar o índice referente à Gramática. O abade Mallet ficou responsável pelo índice de Teologia. O próprio Diderot elaborou o índice de História, Filosofia, Ofícios e das Artes Técnicas. Ele foi responsável ainda por escrever o Prospecto espécie de folheto destinado a divulgar a obraxix. Entre os anos de 1751 a 1772 os 36 volumes dessa súmula ou compêndio do conhecimento foram publicados depois de muitas proibições e interdições pelas autoridades políticas e religiosas da épocaxx. A Enciclopédia de Diderot tornou-se o ideário sintético do pensamento e das ideias Iluministas. A recolocação dos conteúdos empreendidos por esse ideário causou um impacto muito grande na França, fato que levou Antigo Regime a não ver com bons olhos sua publicação. Na verdade esse compêndio pregava o conhecimento a todos, indo de encontro à ideia de sociedade estratificada do Antigo Regime. Os compendiadores e intelectuais franceses realizaram um dos mais importantes esforços por classificar e organizar os conhecimentos na Modernidade. Sendo um compêndio ou súmula das ciências, artes e ofícios, a Enciclopédia acabou dando uma grande contribuição aos esforços empreendidos até então para a organização das disciplinas e programas escolares. Sua produção e difusão concorreram como instrumento iniciático às diversas áreas do conhecimento. Sobre esse tema diz Darnton: Estabelecer categorias e policiá-las é, portanto, assunto sério. Um filósofo que tentasse remarcar as fronteiras do mundo do conhecimento mexeria com o tabu. Mesmo se mantivesse distância dos assuntos sagrados, não poderia evitar o perigo; o conhecimento é por sua natureza, ambíguo. Como répteis e os ratos, pode escorregar de uma categoria para outra. É mordente. Portanto, Diderot e D’lambert se arriscaram muito, ao desmancharem a antiga ordem do conhecimento e traçarem novas linhas entre o conhecido e o desconhecidoxxi. Nessa complexa teia onde se entrelaçaram as linhas do conhecido e do desconhecido, os esquemas de organização e classificação do conhecimento foram sendo publicados em forma de compêndios e enciclopédias por toda Europa e, por outro lado, tanto quanto foram os esforços para a sua elaboração também foram às exigências quanto a sua produção e circulação. Para as autoridades políticas e religiosas da França foi necessário monitorar os índices de conteúdos tidos como aceitos ou não socialmente. 6 O que exemplifica bem isso é o fato de que em 1759 a Enciclopédia fora proibida de circular sob a acusação de destruir a religião e inspirar a independência dos povos. Segundo Darnton, os filósofos já vinham rearrumando a ‘mobília mental’ desde os tempos de Aristóteles. A discussão acerca dos ramos do antigo currículo era o jogo favorito para os esquematizadores e organizadores medievais e renascentistas. O debate sobre o método e a disposição correta na organização do conhecimento em esquemas, usualmente diagramas tipográficos, que ilustravam os ramos e as bifurcações de disciplinas de acordo com a lógica ramista. Um impulso diagramático – uma tendência a mapear, delinear e especializar segmentos do conhecimento – alimentou a tendência ao enciclopedismoxxii. Na França, a tendência ao enciclopedismo assim como o debate sobre as novas disposições do conhecimento contaram ainda com outra grande contribuição: o Dicionário Filosófico de Voltaire. Essa obra aparece como uma das primeiras súmulas do conhecimento a circular na França. O chamado “dicionário de Voltaire” tornou-se uma arma poderosa em favor da educaçãoxxiii. Esse dicionário obteve um enorme sucesso e possuía em seu índice temas como o preconceito, a superstição e o fanatismo. Com a publicação do dicionário, o principal objetivo de Voltaire era formar os homens e transmitir valores importantes à sobrevivência da sociedade. O dicionário era colocado debaixo das portas, pendurado em cordões das campainhas e frequentemente era posto nos bancos das praças publicas. Registra-se que esse compêndio tenha sido o primeiro livro de bolso ou manual a circular na Europa. Seu conteúdo possuía um sólido conjunto de conhecimentos que serviram de alimento intelectual para os descontentes contra a ordem social vigente na épocaxxiv. Assim, de Aristóteles até as classificações modernas, as disputas dos compendiadores em torno da organização do conhecimento foram asseguradas a partir de um conjunto de interesses filosóficos. Esquemas de classificação e organização do conhecimento expressam formas de poder. Francis Bacon afirmava: “saber é poder”. Assim, por exemplo, é possível encontrar na árvore do conhecimento Iluminista certa desproporcionalidade ou graus de importância nos ramos da História e da Poesia quando comparados a Filosofia. Tal desproporcionalidade se deu justamente porque, segundo Diderot, esta última era vista como a mais importante do seu sistema do conhecimento. Para Diderot a Filosofia não era tanto um ramo, mas o tronco principal da árvore do conhecimentoxxv. 7 O diagrama tipográfico colocado no cabeçalho da Enciclopédia mostrando as diversas ramificações do saber não representava somente um projeto ambicioso à época. Tratava-se de destronar a antiga rainha das ciências (a Teologia) e elevar a Filosofia para seu lugar. Longe de ser um compêndio neutro de informações, portanto, a moderna Summa modelava o conhecimento de tal maneira que o tirava do clero e colocava-o nas mãos de intelectuais comprometidos com o Iluminismo. O triunfo final desta estratégia veio com a secularização da educação e o surgimento das modernas disciplinas escolares, durante o século XIX. Mas o combate mais importante ocorreu na década de 1750, quando os enciclopedistas reconheceram que conhecimento era poder e, mapeando o universo do saber, partiram para a sua conquista.xxvi Segundo Darnton, ao invés de mostrar apenas como as disciplinas podiam ser deslocadas dentro de um padrão estabelecido, a Enciclopédia exprimia também uma formar de eliminar a maior parte do que os homens consideravam sagrado no mundo do saberxxvii. Os compendiadores tinham a incumbência de classificar e organizar o conhecimento podando, quando necessário, a árvore do conhecimento dos seus predecessores. Com isso podemos formar uma ideia mais clara de tudo que estava em jogo na versão iluminista do enciclopedismoxxviii, a saber, formular um novo sistema de classificação e organização do conhecimento que correspondesse às novas perspectivas e reflexões filosóficas. Os embates por uma nova reconfiguração no sistema de classificação do conhecimento indicam que, embora Bacon tenha fornecido a Diderot e D’lambert o modelo de que necessitavam para pensar a organização dos conhecimentos em muitos pontos se distanciam. Enquanto que para Bacon, a História Eclesiástica tinha uma complexa série de subdivisões, incluindo a História da Providência, que demonstrava a mão de Deus em ação nas questões humanas, Diderot e D’ Lambert não procuraram a mão de Deus no mundo, mas, em vez disso analisaram o trabalho dos homens e o modo como forjaram sua própria felicidadexxix. Percebe-se que a classificação e organização do conhecimento em súmulas e compêndios não representaram apenas um conjunto de informações e conteúdos indexados de forma inocente e posto em ordem alfabética, tratava-se de uma concatenação lógica amparada em um determinado estado mental com vistas a um fim específico: a conformidade de um conjunto de conteúdos às aspirações de uma época. Tal como o próprio Diderot admite em seu Prospecto a própria ideia de árvore do 8 conhecimento indica que os conhecimentos cresciam num todo orgânico apesar das diversidades dos ramosxxx. Além de revelarem estados mentais, os esquemas de classificação do conhecimento revelam também contextos sociais. Em seu estudo Uma Historia Social do Conhecimentoxxxi, Peter Burke nos mostra como se organizaram os currículos, bibliotecas e enciclopédias, seja como tentativa de adaptar os conhecimentos a novos quadros de referência tradicionais ou, no extremo oposto, como maneira de transformar determinados quadros de referencia. Segundo Burke, os quadros de referência que permitiram a produção de compêndios não escaparam à adaptação de seus conteúdos a certo espírito da época. Desde a antiguidade, até os dias atuais, embora não saibamos muito sobre como se deu tal circulação, os compêndios e manuais como, o Manual de Epictetoxxxii, o De Rerum Natura ou Sobre a Natureza de Tito Lucrécio Caroxxxiii, a Carta a Meneceuxxxiv ou Sobre a Felicidade de Epicuro serviram de inspiração à formação dos mais diletos intelectuais. Enquanto objeto cultural, os compêndios e seus conteúdos destinaram-se a usos e fins variados. Seja como instrumento de iniciação a leitura ou como instrumento de transmissão de conhecimentos de uma determinada área do conhecimento. O estudo dos compêndios serve como um forte indício para se pensar as diversas facetas que concorreram para a formação intelectual tanto na Europa quanto no Brasil. Em quase todas as sociedades letradas ele ocupou um espaço importante para a formação de identidades. Daí o cuidado que as elites intelectuais tiveram no processo de classificação, construção e produção de compêndios de ensino. Portanto, a publicação e circulação de compêndios de filosofia se deram a partir de determinados modelos e quadros de organização de conteúdos que, por sua vez, formaram a base dos programas escolares durante o século XIX. 2. O curso elementar de Filosofia de Eustaque Barbe No debate sobre a cultura material escolar, ou seja, da pluralidade de objetos que permearam o espaço escolar afirma-se a propositura de que os objetos são depositários de vivências (NUNES, 2003). Posto isso, a organização, produção e circulação dos primeiros manuais e compêndios de ensino durante o século XIX, expressam um conjunto de mudanças que a escola passou a sofrer tanto no tocante a organização dos 9 conteúdos e programas escolares quanto na abordagem pedagógica desses conteúdos. Nesse contexto, durante o século XIX os compêndios e manuais de ensino passaram a cumprir um papel antes ocupado por jornais e periódicos. Do ponto de vista de sua materialidade, os manuais e compêndios de ensino que aportaram nas escolas brasileiras visavam cumprir um conjunto de conhecimentos específicos que foram classificados e organizados por manualistas e compendiadores das mais variadas áreas do saberes. O surgimento dos primeiros compêndios se definiu a partir da necessidade de compilação e organização de um corpo de conhecimentos que, por sua vez, resumiam ou vulgarizavam uma discussão maior sobre determinado assunto ou área do saber. Por definição, o compêndio é o nome dado a uma súmula, resumo dos conhecimentos relativos a uma determinada área do saber organizado em forma de livro. Na maioria dos casos, o corpo de conhecimentos presente nessas súmulas encontrava-se delimitado por um ou mais campos de interesse humano. Com a chegada ao Brasil de D. João VI em 1808, o modelo francês vai gradativamente se impondo ao país. Assim, o século XIX pode ser considerado como um século de francofonia por excelência, onde a nossa cultura absorveu tudo ou quase tudo o que se produzia na Françaxxxv. A necessidade de um embasamento científico para o desenvolvimento da educação faz com que os intelectuais brasileiros se apropriem das idéias de representantes da intelectualidade francesa para dar voz e força às idéias que consideram relevantes e significativas naquele momento. Na área da educação, a influência francesa é extremamente significativa. No campo das idéias e inovações pedagógicas, muitos autores franceses são traduzidos e apropriados pelas elites intelectuais. Tal influência educacional não ficou restrita ao século XIX, foi profunda e durável, presente nos métodos, nos currículos, nos programas, na arquitetura, na mobília, no material e nos livros escolares adotados. No Brasil, até a criação da Imprensa Régia, em 1808, não se pode falar em livros escolares brasileiros. Os primeiros livros brasileiros foram impressos devido às guerras napoleônicas, que interromperam os suprimentos normais da Europa. Sobre isso Hallewellxxxvi indica que o mercado era muito pequeno para interessar qualquer editora nacional como também os métodos utilizados usados no ensino por muitas escolas dispensavam inteiramente o uso de livros escolares. Ainda segundo informa Hallewell, algumas editoras nacionais dedicaram-se exclusivamente a publicar e a importar compêndios para a instrução pública, especialmente a partir da segunda metade do 10 século XIX: Garnier, Laemmert, Leuzinger e Lambaerts, dentre outras. (HALLEWELL, 1985) O Curso Elementar de Philosophia de Eustaque Barbe despertou nosso interesse por ter sido um dos primeiros a serem indicados pelos programas, regulamentos e decretos educacionais para as escolas secundárias no século XIX. Nos programas do Colégio Imperial Pedro II o compêndio aparece indicado para uso nas escolas entre os anos de 1856 a 1870xxxvii. O compêndio de Barbe foi um dos livros mais requisitados para o cumprimento dos programas e regulamentos do ensino secundário especialmente da disciplina Filosofia Racional e Moral. Tal como encontramos no frontispício do compêndio, o curso elementar de Barbe foi elaborado para uso das casas de educação. Os espaços para as aulas de Filosofia ocorriam em muitos casos nas casas dos próprios professores que recebiam a chancela do governo para ensinar as cadeiras. Tal como nos mostra Maria Celi Chaves em seu livro A casa e os seus mestresxxxviii, as obras utilizadas na educação doméstica de meninos e meninas eram diversificadas e dependiam da preferência dos mestres. Havia manuais e livros clássicos comumente utilizados, que muitas vezes serviram ao ensino de mais de uma geração. No curso de Barbe as doutrinas filosóficas (disciplinas) indicam as marcas das afirmações morais aceitáveis à época, mas, por outro também discute os pontos duvidosos imparcialmente, expondo sem paixão e sem azedume as razões que militam pro e contra a moral estatuída. É certamente por isto, que a presente obra tem encontrado tam bom acolhimento ainda fora de França,e nomeadamente no Brazil, onde, segundo ouvi, está adoptada para compendio em muitas escholas. E para uso especial d’esta nação foi pedida e é destinada pelo sñrs. Editores a tradução presente, a qual todavia poderá ser lida com proveito também nas escholas portuguesas, já porque tracta com a conveniente extensão e clareza muitas questões ou omitidas, ou só tocadas de leve nos compêndios aqui mais vulgares; já porque offrece um excelente resumo da História da Philosophia, ao qual não poderá comparar-se o pouco que possuímos sobre tal objeto nem quanto à cópia de notícias biográficas relativas aos diferentes philosophos, nem quanto à exposição, deducção e critica de seus numerosos systemasxxxix. Posto isso, o compêndio de Barbe recebeu forte adesão por parte das escolas brasileiras. O tradutor aponta notícias de sua circulação tanto nas escolas francesas 11 quanto nas brasileiras. Ele sugere ainda que o curso elementar de Barbe seria lido com bastante proveito também nas escolas portuguesas porque trata com “a conveniente extensão e clareza muitas questões ou omitidas, ou só tocadas de leve nos compêndios aqui mais vulgares”xl. Também porque, segundo ele, oferece um excelente resumo da História da Philosophia, ao qual, “não poderá comparar-se o pouco que possuímos sobre tal objeto nem quanto à cópia de notícias biográficas relativas aos diferentes filósofos, nem quanto à exposição, dedução e critica de seus numerosos sistemas”. O compêndio de Barbe possui 661 páginas contadas a partir da introdução até o índice posto no final do livro. A obra encontra-se dividida em quatro grandes partes. Sua publicação e circulação se deram a partir de determinados modelos e quadros de referência. Tais quadros de referência e organização de conteúdos, por sua vez, formaram a base dos programas escolares de Filosofia durante o século XIX. Em cada uma das partes os conhecimentos encontram-se estruturados e divididos tal como demonstra o quadro abaixo: QUADRO 1: DIVISÃO SINTÉTICA AREAS DO CONHEIMENTO PARTE DISCIPLINA PÁGINAS Primeira Parte Psicologia 19 a 181 Segunda Parte Lógica 185 a 302 Terceira Parte Teodicéia 305 a 357 Quarta Parte Filosofia Moral 336 a 449 Quinta Parte História da Filosofia 451 a 651 Fonte: Quadro elaborado a partir do índice das matérias do compêndio de Barbe posto nas páginas 653 a 661. Considerações Finais No desenrolar do primeiro capítulo vimos que existiram variadas formas de compilar, classificar e organização os conteúdos dos programas e compêndios escolares e que, portanto, tal investigação pode oferecer pistas valiosas para compreendermos quais eram as expectativas, os estados mentais, as aspirações que os homens se serviram para a formação dos membros da sociedade. No segundo vimos que o compêndio de Barbe, embora seja categorizado como um curso elementar inspirou-se e foi inspirador frente à vasta literatura filosófica disponível á época. Para fins preparatórios, o quadro de conteúdos do curso de Barbe atendia bem às exigências da época. 12 Tais pistas e caracterizações por si só não são ainda suficientes para se compreender as apropriações que os indivíduos alunos e professores fizeram dos conhecimentos desse compêndio no espaço escolar. Sobre isso adverte Chartier quando nos diz que cada leitor, cada espectador ou ouvinte produz uma apropriação inventiva da obra ou texto que recebe. Cabe o desafio por revelar as transgressões pela invenção e as interpretações feitas pelo o leitor em sua prática de leitura frente aos esquemas de e determinações dos conteúdos impostos. REFERÊNCIAS BACON, Francis, Viscount St. Albans, 1561-1626. 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Aristóteles e a educação; tradução Luiz Paulo Rouanet; Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 2001.p.37. iv SIMAAN, Arkan. A imagem do mundo: dos babilônios a Newton; tradução Dorothée de Bruchard. – São Paulo: Companhia das Letras, 2003. v Foi um filósofo neoplatônico e um dos mais importantes discípulos de Plotino, responsável por organizar e publicar 54 tratados do mestre na obra As Enéadas, composta por seis livros. Escreveu ainda uma biografia de Plotino (A Vida de Plotino) e comentários à obras de Platão e Aristóteles. vi PORFÍRIO DE TIRO. Isagoge: introdução às categorias de Aristóteles; introdução, tradução e comentário Bento Silva Santos. – São Paulo: Attar, 2002. vii Do grego ousía que se traduz por essência, principio fundamental. viii O nominalismo é a doutrina que não admite a existência do universal nem no mundo das coisas, nem no pensamento. Para o nominalismo o universal é um puro nome, um flatus vocis (pura emissão fonética). ix Ciência que se ocupa em classificar organismos vivos. Mais tarde a palavra foi aplicada em um sentido mais abrangente, podendo aplicar-se a classificação de quase tudo - objectos animados, inanimados, lugares e eventos - pode ser classificado de acordo com algum esquema taxonômico. x PORFÍRIO DE TIRO. Isagoge: introdução às categorias de Aristóteles; introdução, tradução e comentário Bento Silva Santos. – São Paulo: Attar, 2002. xi BURKE, Peter. Uma historia social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot; tradução Plínio Denzien. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,2003.p.79-80. xii Idem, Ibdem. xiii Paidéia significa Educação, Formação. xiv JOSEPH, Irma Miriam. Trivium: as artes liberais da lógica, gramática e retórica; tradução Henrique Paul Dmyterko; 1ª edição. Editora E. Realizações, 2008. 14 xv BACON, Francis, Viscount St. Albans. Novo organum ou verdadeira indicações acerca da interpretação da natureza; tradução e notas de José Aluysio Reis de Andrade. – 2ª edição. – São Paulo: Abril Cultura, 1979. p. 3 - 231. xvi SCHREINER, Heloisa Benetti. Considerações históricas acerca do valor das classificações bibliográficas. Conferência Brasileira de Classificação Bibliográfica, Rio de Janeiro, 12-17 set. 1976. Anais, v. 1. Rio de Janeiro, IBICT/ABDF, 1979, p. 190-207. xvii Com o convite dos livreiros Briasson, Durand e David, tomando como base a Enciclopédia escrita originalmente em inglês por Ephraim Chambers, Diderot colocou-se a reorganizar a obra de Chambers completamente até a finalização dos 36 tomos da Enciclopédia. xviii DENIS, Diderot. Textos escolhidos; tradução e notas de Marilena de Souza Chauí, J.Guinsburg. – São Paulo: Abril Cultural, 1979.p.VI – VIII. xix Idem, ibdem. xx Idem, ibdem. xxi Darnton, Robert. O grande massacre de gatos e outros episódios da historia cultural francesa; tradução de Sonia Coutinho. – Rio de Janeiro: Graal, 1986. p.250. xxii Idem, ibdem. xxiii SANTANA, Chritine Arndt. O Dicionário Filosófico de Voltaire: arma em favor da educação; Revista Tempos e Espaços em Educação, Núcleo de Pós Graduação em Educação. – vol.1.n.1(2008). São Cristóvão: UFS, 2009. xxiv VOLTAIRE, François Marie Arounet de, Dicionário Filosófico; seleção de textos de Marilena Chauí. - 2ª Edição. – São Paulo: Abril Cultural, 1978. xxv DARNTON, Robert. O grande massacre de gatos e outros episódios da historia cultural francesa; tradução de Sonia Coutinho. – Rio de Janeiro: Graal, 1986. p.258. xxvi Idem, ibdem, p. 270. xxvii Idem, ibdem. xxviii Idem, ibdem. xxix Idem, idbem, p.256 xxx Idem, ibdem. xxxi BURKE, Peter. Uma historia social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot; tradução Plínio Denzien. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,2003. xxxii Do famoso Encheirídion de Epicteto, filosófo estóico grego nascido no ano 55 em Hierápolis na Frígia, Ásia Menor (hoje Turquia). Epicteto, como Sócrates, nada escreveu. Seu pensamento nos chegou através de seu aluno Flávio Arriano (cidadão romano de origem grega), que compilou (possivelmente com auxílio da taquigrafia) suas aulas em oito livros (As Diatribes de Epicteto, das quais quatro livros sobrevivem) e constituiu o Encheirídion, termo que em grego significa "punhal, arma portátil ou livro portátil, manual". Este pequeno trabalho foi composto por Arriano tomando por base suas compilações das aulas de Epicteto. xxxiii De rerum natura (Sobre a Natureza das coisas) é um poema didático, cultivado por alguns présocráticos gregos, escrito no século I a.C. por Tito Lucrécio Caro; dividido em seis livros, proclama a realidade do homem num universo sem deuses e tenta libertá-lo do seu temor à morte. Expõe a física atomista de Demócrito e a filosofia moral de Epicuro. xxxiv A Carta a Meneceu, de Epicuro, é mais conhecida como Carta sobre a felicidade. É um manual que visava ensinar como atingir a tão almejada "saúde do Espirito". xxxv CAMARA BASTOS, Maria Helena. Manuais escolares franceses no Imperial Colégio Pedro II (1856-1892) História da Educação, ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, v. 12, n. 26 p. 39-58, Set/Dez 2008. Disponível em: http//fae.ufpel.edu.br/asphe. Consultado em 20/06/2012. xxxvi HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil: sua história; tradução de Maria Penha Villalobos e Lólio Lourenço de Oliveira, revista e atualizada pelo auotr. – São Paulo: T.A. Queiroz: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1985. (Coleção Coroa Vermelha: Estudos Brasileiros; v.6) p.143-146. xxxvii VÉCHIA, Ariclê, LORENZ, Karl Michael. Programas de ensino da escola secundária brasileira: 1850-1951. – Curitiba: Ed. Do Autor, 1998. 15 xxxviii VASCONCELOS, Maria Celi Chaves. A casa e seus mestres: educação no Brasil de Oitocentos. – Rio de Janeiro: Gryphus, 2005. p.224. xxxix Trecho extraído da Advertência feita pelo professor Joaquin Alves de Souza do Lyceu Nacional de Coimbra ao tempo da tradução do compêndio de Barbe em 1865. xl Trecho extraído da Advertência feita pelo professor Joaquin Alves de Souza do Lyceu Nacional de Coimbra ao tempo da tradução do compêndio de Barbe em 1865. 16