16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis Um pequenina pesquisação para adentrar com outros olhos nos conteúdos do ensino de arte Mirian Celeste Martins, Instituto Arte na escola e Instituto de Artes/Unesp (em parceria com Gisa Picosque, Rizoma Cultural) Resumo: Como pensar e oxigenar o modo de trabalhar os conteúdos a serem abordados no ensino de arte? Poderíamos supor que a arte não teria mais uma especificidade? Para além do hábito cristalizado de prescrição de conteúdos divididos ao longo da vida escolar, o conceito de rizoma proposto por Deleuze e Guattari impulsiona um outro fluxo, uma espécie de geografia de pensamento que problematiza as questões contemporâneas do ensino de arte. Este conceito colado à idéia de artista propositor dos brasileiros Lygia Clark e Hélio Oiticica, dialogam problematizando um outro modo de feitura do ensino de arte. A análise de uma pesquisação realizada com professores de várias regiões do Brasil move a reflexão sobre o conceito de rizoma, os conteúdos-territórios do ensino de arte e sobre o espaço da formação a partir da DVDteca Arte na escola, revelando seu grande desafio na provocação inventiva, que foge da tarefa executora de aprendizes e educadores. Palavras-chaves: ensino de arte; conteúdos; mapas rizomáticos 1023 16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis Um pequenina pesquisação para adentrar com outros olhos nos conteúdos do ensino de arte Mirian Celeste Martins, Instituto Arte na escola e Instituto de Artes/Unesp e Gisa Picosque, Rrizoma Cultural Para ir à procura da ilha desconhecida, respondeu o homem, Que ilha desconhecida, perguntou o rei disfarçando o riso, como se tivesse na sua frente um louco varrido, dos que têm a mania das navegações, a quem não seria bom contrariar logo de entrada, A ilha desconhecida, repetiu o homem, Disparate, já não há ilhas desconhecidas, Estão todas nos mapas, Nos mapas só estão as ilhas conhecidas, E que ilha desconhecida é essa de que queres ir à procura, Se eu te pudesse dizer, então não seria desconhecida. José Saramago 1 Poderíamos pensar a aprendizagem da arte como estar em movimento incessante de descobertas, abrindo-se para um sempre-novo, com olhos atentos à exploração de alguma paisagem que ainda não vimos, não vivemos, não sabemos, como acontece numa viagem? Ousaríamos falar de aprendizagem da arte como viagem e geografia? Quais mapas poderiam gerar viagens de experiência pelo território da Arte? Trazer para perto da aprendizagem da arte, dobrando e desdobrando as metáforas viagem e mapas, é o risco que queremos correr. Na sua origem, está um olhar incomodado com a maneira como os conteúdos de arte são apresentados pelas coordenadas horizontais e verticais da “fôrma” dos planejamentos pré-definidos na escola. Desmontar esse modo normativo de pensar conteúdos provoca perguntas inquietas. Qual outra composição de saberes e conteúdos poderia vir a ser desviante da concepção mecânica, tecnicista e hierárquica dos saberes do conhecimento Arte no aprender-ensinar? Como idéias nascem de poderosas idéias, aquelas que têm a rara capacidade de atravessar-nos, abalando nosso pensamento, fomos atravessadas pela idéia de rizoma que nos lançou à criação de mapas dos saberes da Arte. Mas o que é rizoma? A idéia de rizoma aparece pela primeira vez em Mil platôs, livro escrito por Deleuze e Guattari (1995) e toma de empréstimo um termo do 1024 16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis vocabulário da botânica. Para eles, os rizomas como tronco subterrâneo se distinguem totalmente das raízes; os bulbos e tubérculos são rizomas. O rizoma possui diversas formas, desde sua extensão superficial ramificada em todos os sentidos, até suas concretizações em bulbos e tubérculos. O rizoma é um processo de ramificação aberta, não remete a um centro ou núcleo e pode expandir-se em direções móveis e indeterminadas, estabelecer conexões transversais sem que se possa centrá-los ou cercá-los. A estrutura da Internet como rede de computadores ligados entre si e não mediados por um núcleo ou uma central é o fato contemporâneo que mais se aproxima aos princípios de um rizoma Com a metáfora do rizoma, Deleuze e Guattari designam um modelo semântico oposto às concepções de "árvore" (com hierarquia, centro e ordem de significação). Ao contrário, o rizoma, liga um ponto qualquer a outro ponto qualquer, num sistema acêntrico, não hierárquico e não significante. Os princípios do rizoma 2 são assim definidos: • conexão - qualquer ponto de um rizoma pode ser conectado a qualquer outro e deve sê-lo. • heterogeneidade - qualquer conexão é possível, marcando um arranjamento por elementos e ordenações distintas. • multiplicidade - não há noção de unidade, há um arranjamento de linhas que se definem pelo fora, pela desterritorialização segundo a qual as linhas mudam de natureza ao se conectarem às outras. • ruptura de hierarquização - não há uma única direção, pode ser rompido, quebrado em lugar qualquer, e também retoma segundo uma ou outra de suas linhas e segundo outras linhas. • cartografia - pode ser mapeado, cartografado e tal cartografia nos mostra que ele possui entradas múltiplas, isto é, o rizoma pode ser acessado de infinitos pontos, podendo daí remeter a quaisquer outros pontos em seu território. O rizoma, portanto, realiza-se por variação, expansão, conquista, captura, abertura. E por ser assim, remete-se a um mapa que deve produzir-se, construir-se, demonstrável, conectável, invertível, modificável com entradas e saídas múltiplas, com suas linhas de fuga. Com olho de Ícaro aberto sobre o infinito do território da Arte, tomamos de empréstimo a idéia de rizoma na criação de uma cartografia que apresenta diversas dimensões de saberes em Arte, oferecendo uma epistemologia da arte no âmbito do 1025 16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis contexto escolar, delineando o lugar da Arte e sua modalidade específica de pensamento na formação cultural dos alunos. Pensar nos saberes e entre os saberes potenciais para aprendizagem da arte germinou um mapeamento do território Arte & Cultura projetado numa possível cartografia para aprendizagem da arte e que se expande na sala de aula através de proposições pedagógicas. Foram essas idéias que geraram a proposta de material educativo para professorespropositores, concebida para acompanhar os 130 documentários sobre arte e artistas brasileiros que compõem a DVDteca Arte na Escola, espelhados em 50 pólos da rede em universidades públicas de todo o país 3 . Para preparar uma viagem instigante pela cartografia, cada um dos documentários foi lançado num mapa, considerando um enfoque de relevância do próprio documentário. O material educativo de cada documentário, por sua vez, apresenta esse mapa potencial em conexão com outros saberes também mapeados do próprio documentário. Desse modo, há um caráter de infinitude na cartografia para a aprendizagem da arte, por ser sua extensão constantemente traçada por mapeamentos gerados pelo olho cartográfico da própria arte. Até aqui falamos da aprendizagem da arte como geografia, mas quem faz as viagens? Ora, professores e aprendizes! Como viajantes, podem traçar trajetos, percursos escolhidos na própria cartografia, vislumbrados no mapa potencial do documentário ou inventados a partir dos percursos sugeridos no material educativo. A idéia é que cada professor possa criar outros mapas, perseguindo com seus parceiros-alunos caminhos que podem enveredar por saberes que estão próximos, mas ainda desconhecidas; por conceitos que se aproximam por complementariedade ou por oposição; por saberes-conceitos que foram descobertos por um “acidente geográfico”. Para isso, a cartografia se faz mapa de possibilidades, de trânsito por entre os saberes, articulando diferentes campos. Seja pelo deslizar de um para outro, desviar daquele que não faz sentido no momento, descolar de um que já se esgotou ou permanecer naquele que oferece um interesse especial sobre a arte e aí penetrar para aprofundar minuciosamente. Acreditando nos estados de invenção dos professores 1026 16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis Temos observado em cursos de formação de educadores que na prática, quando o material oferece uma seqüência de atividades, acontece às vezes, do professor usálo de forma demasiadamente simplista. Mexendo minimamente no que é proposto, o professor toma a seqüência de atividades como uma informação dada para ser seguida fielmente, minguando assim as possibilidades das atividades em si mesma. Digamos que o professor agindo assim tem um olhar sobre o material que podemos nomear de um olhar executor. Sob a proteção desse olhar, ele apenas realiza uma reprodução das idéias de outro, copiando e reprisando as idéias-atividades nas diferentes turmas com as quais trabalha ou, ainda, voltando a repeti-las a cada ano letivo. Não é por acaso que isso acontece. Parece-nos que se enraizou no professor uma forma, ou melhor, uma fôrma (modelo oco) de fazer pedagógico ancorado na cópia: a cópia do planejamento do ano anterior, a cópia das atividades de um livro didático, a cópia da atividade que “deu certo” para outro professor; a cópia... Diante da produção de um material educativo, como estimular o professor oferecendo resistência a essa inclinação pela reprodução confortável das idéiasatividades de outro? Como atrair o professor para a criação de experiências de pensamento sobre/da arte, desatando o nó da mesmice do gesto de decalcar atividades de outro no chão da sala de aula? Estas e outras perguntas-inquietas moveram nossa escrita do material educativo produzido para a Mostra do Redescobrimento (2000) 4 como para as exposições: Bienal 50 anos (2000) 5 , 50 anos TV e + (2001) 6 e 4a. Bienal do Mercosul (2003) 7 , entre outros programas de ação educativa que temos coordenado. Daí os desafios de sempre: por um lado, descolar do modo de pensar e escrever o material educativo relacionando a indicação de conteúdos a serem desenvolvidos a partir de uma seqüência de atividades; por outro, chamar o professor para encontrar os germes de sua criação de fazer pedagógico a partir do material, num movimento contrário ao de dispor dele como uma informação dada a ser copiada. Encarar esses desafios sempre inclui buscar outras vias que possibilitem uma guinada no pensamento, um horizonte, o começo de outra coisa. No rastro do caminho aberto na arte por Lygia Clark e Hélio Oiticica, para quem o artista contemporâneo é o propositor, chegamos a idéia de proposições pedagógicas. Nela está contida a intenção de descolar o professor do olhar executor que consome soluções para o seu fazer pedagógico, propondo a experiência com 1027 16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis problematizações que deixam em aberto o fazer do professor para reconvocar nele “estados de invenção”. Cabe nessa idéia de proposições pedagógicas gerar no professor o mesmo movimento da experiência com a fita de Moebius proposta na obra Caminhando (1964) 8 de Lygia Clark. Diz ela: Caminhando é o nome que dei à minha última proposição. A partir daí, atribuo uma importância absoluta ao ato imanente realizado pelo participante. O Caminhando tem todas as possibilidades ligadas à ação em si: ele permite escolhas, o imprevisível, a transformação de uma virtualidade em um empreendimento concreto. Nessa perspectiva, as proposições pedagógicas são um trampolim para que o professor venha a inventar a si mesmo como professor-pesquisador elevando-se a condição de criador dos próprios percursos de aprendizagem, de autor do seu pensar/fazer pedagógico com escolha de caminhos que possam abrigar e expressar a co-autoria com os alunos. Problematizando: uma pequenina pesquisação A concepção da DVDteca e do seu material educativo para o professor-propositor surge, portanto, como um projeto que quer escapar dos modos prescritivos de ensino de arte. O modo como são alocados os documentários e o desenho do material educativo foi pensado estrategicamente para dar espaço à invenção do professor em sua prática em sala de aula. Mas como os professores têm vivido a experiência docente a partir deles? Desta questão, uma série de perguntas brotam: • Se a imagem estática é quase sempre a pedra de toque da aula de arte, o que pode acontecer quando a aula é movida por documentários com o aporte do seu material educativo? • Haveria qual mudança na prática pedagógica do professor com a utilização do documentário e seu material educativo? • Para os aprendizes, qual seria o efeito? O que muda para eles? Há diferença no modo de aprender arte? • Do ponto de vista da forma e do conteúdo, qual o grau de pertinência do material educativo em relação aos interesses pedagógicos do professor? Quais aspectos o diferenciam de outros materiais já utilizados? • Como o professor compreende a idéia de professor-propositor e da potencialidade dos territórios antes e depois da utilização do material educativo? 1028 16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis Questões que dão contorno para uma pesquisação movida pela experiência na sala de aula e, enquanto pesquisação, é uma imersão no fazer do professor e seus desdobramentos nos fazeres dos alunos como modo apenas de reflexão sobre os ruídos da ressonância da DVDteca na sala de aula. Nessa perspectiva, vemos tanto o documentário quanto seu material apenas como virtualidades que vão se atualizar quando acessados no terreno da sala de aula. Ou seja, é a experiência singular em cada sala de aula com seus atores – professor e aprendizes – que interessa aqui. Isso quer dizer que, a pesquisação não é uma testagem do material para averiguar suas qualidades boas ou más. As movedoras da pesquisação As parceiras desta pesquisação apresentam características diversas. • As Professoras-autoras-observadoras escreveram os materiais educativos e se tornam na pesquisa observadoras de professoras no campo. São elas: Elaine Schmidlin e Silvia Pilloto, trabalharam com professoras de 1a. a 4a. série em Joinville e em Florianópolis, a partir do documentário Auto-retrato, que tem como foco central a Mediação Cultural. Eliane Tinoco e Solange Utuari acompanharam professoras do EJA – Educação de Jovens e Adultos na região de Uberlândia e na periferia de São Paulo, a partir do documentário: Irmãos Campana: do design à arte, que tem como foco a materialidade. • As Professoras-autoras-pesquisantes, também escreveram os materiais educativos mas moveram a experiência na sala de aula com seus próprios alunos. São elas: Olga Egas e Ana Maria Schultze, que trabalharam com seus alunos de 5a. a 8a. série em escola particular e pública na cidade de São Paulo, a partir do documentário Estrela de Oito Pontas, que focaliza o Processo de Criação de Fernando Diniz; e Marília Diaz e Solane Utuari que trabalharam no ensino universitário com o documentário Regina Silveira – linguagem visual, que também focaliza o processo de criação da artista. • As Orientadoras, que hoje apresentam esta pesquisação, moveram o acompanhamento das ações desenvolvidas e procedem a esta nova análise centrada nos conteúdos trabalhados nas salas de aula envolvidas neste processo. Problematizando: uma pequenina pesquisação e duas análises 1029 16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis Concretizada durante o segundo semestre de 2006, a pesquisação nos oferece duas possibilidades de análise, entre outras possíveis. A primeira, apresentada em outubro de 2006 no 20º Encontro Nacional da Rede Arte na Escola, centrou-se no percurso dos professores a partir dos documentários escolhidos. Para esta análise colaboraram todos os professores-autores envolvidos. A pesquisa evidenciou modos muito diversos de aproximação com os materiais e os documentários, abriram muitas fendas a serem aprofundadas e trouxeram respostas às questões inicialmente colocadas. Neste 16º Encontro Nacional da ANPAP voltamos à mesma pesquisação para adentrar com outros olhos nos conteúdos do ensino de arte. • Os documentários e seus materiais moveram novos percursos deslocando para experiências estéticas e conteúdos nem sempre tocados na sala de aula? • Há clichês que estão arraigados na pele pedagógica do professor de arte impermeabilizando outros modos de ação pedagógica? • Os alunos foram tocados pelos documentários provocando outras ações pedagógicas? • O professor se percebeu como professor-propositor? Adentrando com outros olhos nos conteúdos do ensino de arte Transformar um conceito rizomático, líquido e transversal por natureza foi uma complexa tarefa, assim como selecionar os territórios que os compõe. Cada documentário traz, como já dissemos, um mapa potencial que se abre como um folheto de viagem para que os professores adentrem em outros territórios, indo além das “atividades”, para que eles impulsionem viagens por territórios pouco visitados. Um mapa rizomático anseia múltiplas conexões, rompendo com hierarquias, gerando deslocamentos, provocando diferenças, valorizando a heterogeneidade. Nesta proposição são 10 os territórios que se ampliam sempre em múltiplas conexões, potencializando conteúdos para o ensino de arte: Linguagens Artísticas - Na incessante aventura simbólica humana, a arte se faz experiência poética. As linguagens se expandem e estremecem o que condicionamos sentir e pensar como arte. Conteúdos-experiências possíveis com pintura, desenho, escultura, gravura, instalação, linguagens híbridas, 1030 16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis fotografia, entre tantas linguagens artísticas e outras que se tangenciam como elas como design, moda, etc. Processo de Criação - Região de saltos e mergulhos, fluxos e refluxos criativos que conduzem o percurso do criador e da criação nessa vivência de fazer singular, que chamamos de arte. Conteúdos-experiências possíveis a partir da percepção da prórpia ação criadora, do diálogo coma matéria, dos repertórios pessoais e culturais, da ambiência de trabalho, das potências criadoras como a percepção, a imaginação, a leitura de mundo, entre outros. Forma-Conteúdo - Onde se vê a forma, lá está o conteúdo. Intimamente conectados, inseparáveis, imantados. Seus ecos reverberam, se estendem, entrelaçam significações. Conteúdos-experiências possíveis com os elementos da visualidade, a relação entre eles, as temáticas, etc. Materialidade - Terra dos segredos da matéria: pele sobre a carne da obra. Uma região densamente povoada: matérias brutas, industriais, orgânicas, banais ou nobres, efêmeras... Conteúdos-experiências possíveis com a natureza das matérias, os suportes, as ferramentas, os procedimentos técnicos, a poética da materialidade,... Saberes Estéticos e Culturais - Portal para o discurso formalizado. Por ele pode-se chegar mais perto dos códigos, das práticas culturais, da história da arte, da filosofia em associação com outros campos de saberes. Conteúdosexperiências possíveis com a história da arte, estética e filosofia da arte, sociologia, psicologia da arte, políticas culturais, etc... Conexões Transdisciplinares - Vereda para travessias e travessuras com outros saberes como a ecologia, a política, a ciência, a tecnologia, a mídia, as relações sociais, a ética, entre tantas outras. Conteúdos-experiências possíveis nas conexões arte e ciências da natureza, arte e ciências humanas, arte e ciências, arte, ciências e tecnologia. Patrimônio Cultural - Território que nos põe a testemunhar a produção de bens materiais e imateriais que pela presença do ser humano, seu fazer estético, suas crenças, sua organização, permanece cultura. Conteúdos-experiências possíveis com os bens patrimoniais, preservação e memória, educação patrimonial,... Mediação Cultural - Brecha de acesso interrogante e provocadora para desencadear um olhar inusitado sobre a arte; com percursos em museus, galerias, instituições culturais, na rua, na sala de aula... Conteúdos-experiências 1031 16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis possíveis sobre os espaços sociais da arte, os seus agentes e funções, o ato de expor, a experiência estésica e estética do encontro com a arte, etc... Formação: processos de ensinar e aprender - Canal para o encontro com o outro. Oferece ao olhar paisagens educativas fertilizadas por aqueles que atuando como professor, mediador ou artista-educador educam com arte para a arte e a cultura. Conteúdos-experiências possíveis conectados com a formação do professor sobre o ensino de arte, as práticas educativas, a ambiência da sala de aula, o professor-propositor, os aprendizes de arte, ... Zarpando – percursos geradores de outras conexões sempre abertas e livres. Espaço para que cada classe enverede por uma viagem não prevista a partir do documentário. Cada documentário focaliza um desses territórios com mais intensidade, considerando um enfoque de relevância do próprio documentário. Em quais destes territórios e com que aprofundamento os professores tem viajado com seus alunosaprendizes? A análise da pesquisa proposta levanta potenciais conteúdos e experiências significativas e as escolhas dos professores, fruto tanto das referências pessoais de cada professor como de sua leitura do material e do documentário. Nesta pesquisa, partilhada com os pesquisadores do ensino e aprendizagem em arte, esperamos instigar um outro modo de olhar os conteúdos em arte, ampliado por um pensamento que se faz de modo rizomático. Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque Paulistanas. Transitamos no território da arte&cultura, seja dando cursos ou escrevendo. Adoramos pegar com jeito as dúvidas, misturar com poucas certezas e inventar idéias que possam mover pensamentos sobre a arte e seu ensino. Prisioneiras do gerúndio, estamos sempre sendo. Professoras, consultoras e parceiras entre nós e daqueles com quem nos encontramos. Por essas e outras, criamos a empresa Rizoma Cultural onde bolamos projetos para instituições culturais e educacionais, como a concepção e coordenação da DVDteca Arte na Escola. Sempre com a íntima e amorosa atenção à formação, e escrevemos muitos artigos, materiais educativos e somos co-autoras de A língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. Mirian é também professora da Pós-graduação do Instituto de Artes/Unesp. 1 José Samarago. O conto da ilha desconhecida. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 16-17. Sobre isso, ver Gallo, Silvio. Deleuze & a Educação. p. 85-99 3 Para melhor conhecer as propostas do Instituto Arte na Escola visite o site: www.artenaescola.org.br. 2 1032 16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis 4 Mapas para aprendizes-viajantes de arte e Mapas do Tempo e do Espaço. Exposição Mostra do Redescobrimento, Brasil Connects. São Paulo, SP. 2000. 5 Professor@Pesquisador@. CD-Rom. Exposição Bienal 50 anos. Fundação Bienal de São Paulo. São Paulo, SP. 2000. 6 Mapas para aprendizes viajantes no mundo da TV. Exposição 50 anos de TV e +. Brasil Connects. São Paulo, SP. 2001, 7 Inventário dos Achados: o olhar do professor-escavador de sentidos. 4a. Bienal do Mercosul. Fundação Bienal do Mercosul. Porto Alegre, RS. 2003. 8 Diz Lygia Clark Faça você mesmo o Caminhando com a faixa branca de papel, corte-a na largura, torça-a e cole-de maneira a obter uma fita de Moebius. Tome então uma tesoura enfie uma ponta na superfície e corte continuamente no sentido do comprimento. Tenha cuidado para não cair na parte já cortada o que separaria a fita em dois pedaços. Quando você tiver dado a volta na fita de Moebius, escolha entre cortar à direita ou à esquerda do corte já feito. Essa noção de escolha é decisiva e nela reside o único sentido dessa experiência. Se utilizo uma fita de Moebius para essa experiência é porque ela quebra os nossos hábitos espaciais: direitaesquerda, anverso e reverso, etc. Ela nos faz viver a experiência de um tempo sem limite e de um espaço contínuo. (Livro-obra. Rio de Janeiro, 1983). 1033