EFEITO DA ADUBAÇÃO COM MANGANÊS, VIA SOLO E FOLIAR EM
DIFERENTES ÉPOCAS NA CULTURA DA SOJA [Glycine max (L.)
MERRILL]
ELISEU NORBERTO MANN1
PEDRO MILANEZ DE REZENDE2
JANICE GUEDES DE CARVALHO3
JOÃO BATISTA DONIZETI CORRÊA4
RESUMO - Com o objetivo de se verificar a influência
da adubação de manganês na cultura da soja, foi
realizado um experimento no município de Ijaci-MG,
em Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, textura
média. Utilizou-se o delineamento experimental de
blocos casualizados em esquema fatorial 4x3x2 + 12
com três repetições, sendo os tratamentos compostos
por 4 dosagens de manganês (150, 300, 450 e 600g. ha1
de Mn), três épocas de aplicação (V4, V8 e V10), e
duas cultivares (Conquista e Garimpo). Os tratamentos
adicionais compreenderam duas dosagens de manganês
aplicadas via sulco de plantio (3,5 e 7,0kg.ha-1 de Mn),
três dosagens (300, 450 e 600g.ha-1de Mn) igualmente
aplicadas de modo parcelado nos estádios V4 e V8,
assim como duas testemunhas, (sem adubação com
manganês). Foram avaliados os seguintes caracteres:
produtividade, teores de Mn nas folhas, altura de
planta, inserção de primeira vagem, estande final,
índice de acamamento, peso de 100 sementes e número
de vagens por planta. Os resultados da diagnose foliar
constataram níveis baixos para o manganês, o qual se
mostrou deficiente nos tratamentos testemunhas e
nos que receberam aplicação no estádio V4 . As
aplicações de Mn, independentemente da sua forma
de
aplicação,
proporcionaram
aumentos
significativos na produtividade e aumentaram o teor
do elemento na planta. Maior eficiência do
manganês foi observada quando houve o
parcelamento da adubação, sendo esses resultados
superiores aos demais tratamentos, constatando
produção máxima de 3.936 kg.ha-1 , com uma
dosagem estimada de 300 g.ha -1 de Mn aplicadas
nas épocas V4 e V8 . Conclui-se, nessas condições,
que a aplicação foliar de manganês de modo parcelado
foi mais eficiente do que o aplicado de uma só vez.
TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Manganês, soja, adubação foliar, rendimento, pH, Glycine max.
EFFECT OF FOLIAR AND SOIL MANGANESE PULVERIZATION AT
DIFFERENT TIME IN SOYBEAN [Glycine max (L.) MERRILL]
ABSTRACT – In order to verify the influence of
manganese foliar spray in soybean crop, [Glycine max
(L.) Merrill] an experiment has been carried out in the
municipality of Ijaci-MG. The experiment was carried
out on soil classified as Red Yellow Latosol (Oxisol),
medium texture, in experimental randomized design
blocks in factorial 4 x 3 x 2 + 12 with three
replications. The treatments were composed of 4
dosages of manganese (150, 300, 450 and 600g Mn.ha1
), three different stages of application (V4, V8 and
V10), making use of two cultivars (Conquista and
Garimpo). Additional treatmens were composed of two
dosages of manganese applied via planting ridge (3,5
and 7,0kg Mn ha-1), three dosages (300, 450 and 600g
Mn ha-1) equally applied in V4 - V8 and in two
controls, in both cultivars. The following variables were
evaluated: yield, plant height, insertion of first pod,
final stand, bedding index, weight of 100 seeds and
pod per plant. The foliar diagnosis outcomes showed
adequate levels on the leaves for all elements, only in
the manganese, critical levels were found which proved
deficient in the treatment-controls, as well as, in the
ones
that
1. Pós-graduando do curso de Mestrado em Agronomia, área de Fitotecnia.
2. Professor Titular do Departamento de Agricultura da UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA), Caixa
Postal 37, 37200.000 – Lavras, MG. (Bolsista do CNPq).
265
3. Professora Titular do Departamento de Ciência do Solo/UFLA.
4. Professor do Departamento de Agricultura/UFLA.
received application in stage V4. Upon analysis of the
yield data, it was possible to verify a greater efficiency
of the manganese when applied on the leaves in two
different stages, although these results outstand other
treatments and they show a maximum yield of
3.936kg.ha-1, with estimated dosages of 300,0g Mn ha1
applied in V4 and V8 stages. It was also noticed that
stages V8 and V10 showed best results when the
manganese was applied in a unique dosage.Therefore,
it can be concluded that, in such circumstances, the
foliar application of manganese in two stages proved to
be more efficient when compared to other treatments,
thus reaching excellent levels of yield. The nutrition
on soil in such studied conditions of pH that had
biggest requeriment of manganese by plants, in
function of the biggest manganese fixation by soil.
INDEX TERMS: Manganese, soybean, foliar spray, yield, pH, Glycine max.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de cultivares adaptadas à s
condições de baixa latitude gerou a expansão do cultivo
da soja [Glycine max (L.) Merrill] no Brasil,
caracterizada pela utilização de corretivos de acidez e
fertilizantes, fatores fundamentais para a construção da
fertilidade e pelo sucesso econômico do cultivo da soja
em solos da região dos cerrados.
Entre os fatores que limitam a produção na
região dos cerrados, citam-se: a baixa fertilidade
natural dos solos, acidez elevada, altos teores de
alumínio e manganês trocáveis em solução, baixos
teores de matéria orgânica (Lopes, 1984; Malavolta e
Kliemann, 1985). Dentre os micronutrientes utilizados
pela cultura, o manganês é o elemento cuja deficiência
tem sido mais freqüente em solos de cerrado, refletindo
no crescimento e na produção, pois desempenha
importantes funções na planta, destacando a
participação na fotossíntese (no transporte de elétron
específico), no metabolismo do N (especialmente na
redução sequencial do nitrato) e também nos compostos
cíclicos como precursor de aminoácidos aromáticos,
hormônios (auxinas), fenóis e ligninas (Heenan e
Campbell, 1980).
Sintomas de deficiência de Mn comumente
ocorrem em situações de cultivo em solos com baixa
fertilidade natural, quando da utilização intensiva do
solo, que levam a uma retirada crescente de
micronutrientes, sem adequada reposição, e em casos
em que ocorre uma supercalagem, ocasionando uma
indisponibilização do nutriente. A utilização intensiva
de fosfatos no sistema produtivo também contribui para
a
baixa
disponibilidade
de
micronutrientes
(Mascarenhas et al., 1996).
Em solos alcalinos ou que receberam a calagem
inadequada, tem sido freqüentemente observada a
deficiência de manganês em soja nos períodos iníciais
de crescimento, desaparecendo com o tempo, em função
do sistema radicular que interfere diretamente na
disponibilidade de micronutrientes, principalmente no
aspecto de maior exploração de área. Uma das maneiras
de suprir o manganês à s plantas consiste na sua
aplicação via foliar; no entanto, essa aplicação é
dependente das condições ambientais e da forma de
aplicação. Dentro desse contexto, com o presente
trabalho teve-se por finalidade avaliar o efeito do Mn
aplicado via foliar e no solo na produtividade da soja.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no campo de
produção da Fundação de Ensino, Pesquisa e Extensão
(FAEPE), na cidade de Ijaci-MG, situada na latitude
21010'S, longitude 44055'W e altitude de 805m, num
Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, de textura
média. O solo apresentou, entre as características
químicas, pH (H2O) 6,8 , saturação por bases de 76%,
5,2cmolc/dm3 de Ca, 1,9cmolc/dm3 de Mg, 0,20cmolc/dm3
de K, e 3,4 dag.kg-1 de matéria orgânica.
Foi utilizado o delineamento experimental de
blocos ao acaso em esquema fatorial 2x4x3+12, com
três repetições, compreendendo duas cultivares
(Conquista e Garimpo), quatro dosagens de manganês
(150, 300, 450 e 600 g.ha-1), aplicadas via foliar e três
épocas de aplicação (V4, V8 e V10, respectivamente com
quatro, oito e dez trifólios com folíolos desdobrados),
de acordo com escala de Fehr e Caviness (1977) e doze
tratamentos adicionais constituídos por duas
testemunhas que não receberam aplicação de Mn, seis
tratamentos com parcelamento em duas vezes iguais,
compreendendo: 300, 450 e 600g.ha-1 de Mn aplicadas
nos estádios V4 e V8, e quatro tratamentos com
aplicação via solo (3,5 e 7,0kg.ha-1 de Mn), para ambas
as cultivares. Para a aplicação via foliar, foi utilizado o
produto comercial MANGAN 10, quelatizado,
266
contendo 10% de Mn na sua formulação e densidade de
1,32g.ml-1. Para aplicação de Mn via solo, foi utilizado
produto comercial na forma de MnSO4H2O (sulfato de
manganês), contendo 30% de Mn, misturado aos
adubos de plantio. As dosagens de Mn foram utilizadas
em função do alto valor de pH 6,8, visto que, de acordo
com (Malavolta, 1986) nessa situação, ocorre maior
precipitação desse elemento, tornando-se necessário a
utilização de dosagens maiores do que a normalmente
encontrada. Os tratamentos via foliar receberam
surfactante agrícola SILWET L-77 Ag (0,10%), para
obtenção do máximo desempenho e eficiência do
produto.
No plantio, foram aplicados 100 kg.ha-1 de
P2O5 na forma de superfosfato simples, e 60kg.ha-1 de
K2O na forma de cloreto de potássio, de acordo com a
análise de solo e recomendações da COMISSÃO...
(1989). A adubação com micronutrientes foi feita de
acordo com Raij et al. (1996), aplicando-se 250 g.ha-1
de B e 1.250 g.ha-1 de Zn no sulco de plantio,
utilizando como fonte, ácido bórico e sulfato de zinco,
respectivamente. As sementes foram inoculadas com
Bradyrhizobium japonicum, utilizando o inoculante na
proporção de 250g do inoculante para 50kg de
sementes, e tratamento com fungicidaThiabendazole +
Captan, conforme recomendações da EMBRAPA
(1997).
Aos 15 dias após a emergência, realizou-se o
desbaste, mantendo a densidade média de 17 plantas
por metro linear. Em todas as épocas foram
constatados, após as aplicações, períodos mínimos
de 72h sem a ocorrência de chuvas, possibilitando
maior aproveitamento do produto. Um dia antes da
colheita, foi avaliado o índice de acamamento de
acordo com escala proposta por Bernard,
Chamberlain e Lawrence (1965), em que: 1 = todas
as plantas eretas; 5 = todas as plantas acamadas;
altura de planta e inserção de primeira vagem
medidas em dez plantas ao acaso por parcela e
estande final. Após a colheita, foi avaliado o
rendimento de grãos através da pesagem de parcelas
úteis com umidade devidamente corrigida para 13%
(peso de cem sementes); número de vagens por
planta, contadas em dez plantas ao acaso. A análise
foliar foi realizada no final do florescimento da
cultura, conforme procedimentos descritos por
Malavolta, Vitti e Oliveira (1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 encontram-se os resultados médios
de produtividade e teores foliares para os tratamentos.
Observa-se que os tratamentos que receberam Mn
proporcionaram rendimentos superiores à testemunha,
exceção feita ao tratamento que recebeu a menor
dosagem de Mn (150g.ha-1 de Mn) no estádio de
aplicação V4, tendo sua produtividade não deferindo da
testemunha. A diferença entre a produtividade média
das testemunhas e a maior produtividade foi verificada
nos tratamentos em que se fez o parcelamento das duas
dosagens de Mn (450 e 600g.ha-1 de Mn) nos estádios
V4 e V8, sendo constatado um aumento equivalente a
1.291kg e 1.431kg.ha-1, correspondente a um acréscimo
de 55 e 61%, respectivamente. Trabalhos conduzidos
por Mascarenhas et al. (1990); Komatuda et al. (1993);
Tanaka, Mascarenhas e Bulisani (1993) e Oliveira
Junior (1996) relataram resultados semelhantes aos
encontrados neste experimento no que diz respeito à
menor produção da soja em situação de deficiência de
Mn, tanto em experimentos conduzidos em casa-devegetação como em campo. Esse elemento tem
importantes funções na planta, destacando-se na
participação da fotossíntese e no metabolismo do N e
também nos compostos cíclicos como precursor de
aminoácidos aromáticos, hormônios, fenóis e ligninas,
conforme salienta (Heenan e Campbell, 1980).
As plantas apresentaram teores de macro e
micronutrientes adequados, com exceção do
manganês, que apresentou níveis considerados
baixos (<20ppm) nos tratamentos nos quais se
observaram sintomas de deficiência (testemunhas e
estádio V4). Esses níveis de Mn são considerados
limitantes no desenvolvimento e na produção da
soja (Malavolta, Vitti e Oliveira,1997).
Entre os tratamentos, as cultivares Conquista e
Garimpo mostraram-se deficientes em manganês, sendo
observado, no campo, sintomas mais severos na cultivar
Garimpo. Com a utilização do manganês aplicado via
solo, ficou evidenciado que nessa condição de pH (6,8),
houve uma menor resposta da dosagem de 3,5kg.ha-1 de
Mn, quando comparado com a maior dosagem
(7,0kg.ha-1 de Mn), observando ainda naqueles
tratamentos sintomas de deficiência. Esses resultados
são explicados pelo fato de existir uma maior
precipitação do Mn no solo, em virtude do alto pH
constatado, sendo o Mn encontrado nessa condição
geralmente na forma de óxidos insolúveis,
proporcionando baixa disponibilidade do elemento para
a planta (Malavolta, 1986; Sparrow e Uren, 1987).
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.264-273, mar./abr., 2001
267
Na Figura 1
observa-se comportamento
quadrático nos resultados de produtividade média para
as duas cultivares, para os estádios V4, V8 e V10, em
que as aplicações foram realizadas sem parcelamento,
resultando em queda de produtividade com a maior
dosagem. Esses dados podem ser explicados pela
ocorrência de maior concentração de Mn no tecido
foliar, provocando fitotoxidez, que pode ser evidenciada
no campo através do sintoma de necrose e
encarquilhamento
das
folhas,
acarretando
provavelmente a redução da taxa fotossintética e,
conseqüentemente, menor aproveitamento do elemento
para a produção. Esses resultados concordam com os
obtidos por Oliveira Junior (1996), que relata
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.264-273, mar./abr., 2001
Produtividade (kg/ha)
----------------------------------Produção
Relativa (%)
Mn foliar (mg/kg)
--------------------------------------
Conquista Garimpo
Média
Conquista Garimpo
Média
1 Testemunha
2.644
2.032
2.338 d
100
6.85
7.87
7.36 g
2 3,5kg Mn/sulco
3.107
2.890
2.999 c
128
12.48
13.88
13.18 f
3 7,0kg Mn/sulco
3.504
3.161
3.332 b
143
25.18
27.67
26.42 d
4 150g Mn (V4)
2.675
2.476
2.575 d
110
14.31
16.17
15.24 f
5 300g Mn (V4)
2.777
2.787
2.782 c
119
14.38
15.81
15.10 f
6 450g Mn (V4)
3.286
3.090
3.188 b
136
14.78
16.47
15.62 f
7 600g Mn (V4)
2.935
2.903
2.919 c
125
15.68
13.28
14.48 f
8 150g Mn (V8)
3.393
2.896
3.144 b
134
21.57
18.47
20.02 e
9 300g Mn (V8)
3.425
3.143
3.284 b
140
21.67
21.37
21.52 e
10 450g Mn (V8)
3.506
3.265
3.385 b
145
22.70
20.97
21.83 e
11 600g Mn (V8)
3.376
2.950
3.163 b
135
24.86
20.67
22.77 e
12 150g Mn (V10)
2.973
3.097
3.035 c
130
29.92
36.77
33.34 c
13 300g Mn (V10)
3.340
3.117
3.289 b
141
42.78
39.44
41.11 b
14 450g Mn (V10)
3.346
3.144
3.245 b
139
38.84
46.03
42.44 b
15 600g Mn (V10)
3.560
3.064
3.312 b
142
60.00
74.58
67.29 a
16 150/150g Mn (V4-V8)
3.751
3.153
3.452 b
148
23.58
23.88
23.73 e
17 225/225g Mn (V4-V8)
3.842
3.417
3.629 a
155
24.24
26.87
25.55 d
18 300/300g Mn (V4-V8)
4.063
3.476
3.769 a
161
26.77
26.27
26.52 d
Média
3.306
3.003
3.155
135
24,48
25,91
25,20
C.V.(%)
6,90
13,97
Médias da mesma coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste de Scott
e Knott.
Tratamentos
TABELA 1 - Valores médios de produtividade (kg/ha) com seus percentuais (%) em relação a testemunha e teores foliares médios de
Mn (mg/kg), obtidos no ensaio de adubação com Mn. Ano agrícola 1997/98. UFLA-Lavras (MG), 1999.
268
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.264-273, mar./abr., 2001
269
forte efeito depressivo na produção de vagens nos
tratamentos que receberam altas dosagens de Mn. A
produção máxima de 3.422kg ha-1 foi conseguida com
dosagem estimada de 394,76g.ha-1 de Mn, aplicada no
estadio V8, que correspondeu a uma concentração foliar
de 22,27mg.kg-1, demonstrando, nessas condições, ser
esse o estádio mais adequado para a aplicação de Mn
via foliar.
Ao analisarmos a aplicação de Mn foliar de
forma parcelada e a do solo, observamos na Figura 2
um efeito linear para ambas as formas de aplicação. No
caso da aplicação via solo, a produção máxima de
3.387kg.ha-1 foi conseguida com uma dose de 7,0k.g.ha-1
de Mn, que corresponde a um teor foliar de Mn de
25,16mg.kg-1 acima do nível crítico para a cultura da
soja, que calculado em função de 90% da produção
máxima (3048kg.ha-1) obtida com dose de 4,62 kg.ha-1
de Mn, foi de 18,52 mg.kg-1. A aplicação de Mn foliar
parceladamente nas duas épocas sugere um melhor
aproveitamento do nutriente, quando comparado com a
máxima produção obtida com a aplicação no estádio V8
sem parcelamento (3.422kg.ha-1), sendo a produção
máxima de 3.936kg.ha-1 alcançada com uma dosagem
estimada de 300g.ha-1 Mn para cada época,
correspondendo a um teor foliar de Mn de 29,39mg.kg1
. Nesse caso, calculando-se o nível crítico do elemento
em função de 90% da produção máxima (3543kg.ha-1),
correspondendo a uma dosagem estimada de
219,15kg.ha-1 de Mn, foi de 24,09mg.kg-1. Esses
resultados podem ser explicados pela pouca mobilidade
do Mn na planta, o qual é requerido pelas folhas mais
jovens em crescimento e que pode ser suprido pela
segunda aplicação, concordando com estudos realizados
em soja por Randall, Schulte e Corey (1975).
É relevante o fato de que a aplicação de Mn via
foliar nessas condições se mostrou mais eficiente
quando comparada com os tratamentos que receberam
Mn via solo, pois possibilita menor custo da adubação e
maior aproveitamento, pela cultura, das dosagens de
Mn aplicadas, podendo a segunda aplicação ser
realizada junto com os defensivos, comumente
aplicados nessa época.
Dentre
as
características
agronômicas
influenciadas pela aplicação de Mn via solo e foliar,
foram verificados diferentes valores entre os
tratamentos para as variáveis altura de planta, índice de
acamamento, número de vagem por planta e peso de
cem sementes (Tabela 2). A altura da planta para a
cultivar Conquista mostrou-se homogênea; no entanto,
a cultivar Garimpo apresentou valores superiores, tanto
para os tratamentos que receberam adubação via solo
como via foliar, nos estádios V4 e V8 em relação à
testemunha. No entanto, para o estádio V10, os valores
foram similares à testemunha e inferiores em
aproximadamente 7,6cm em relação aos melhores
tratamentos, o que se deve provavelmente ao fato de a
planta já ter atingido um certo desenvolvimento, não
respondendo mais ao crescimento nesta época.
Em relação ao índice de acamamento, observase que os melhores resultados foram obtidos com o
parcelamento das dosagens em ambos as cultivares, o
que pode ser por causa do maior aproveitamento do
mineral, em virtude da sua pouca mobilidade na
planta. Cita-se que o manganês desempenha um
papel na síntese de lignina, o que, particularmente, é
de extrema importância, uma vez que ela é um
componente
estrutural
do
esclerênquema,
proporcionando um melhor suporte estrutural da
planta (Campbell e Nable, 1988). De acordo com
Malavolta, Vitti e Oliveira (1997), o Mn ativa a
sintetase da desoxi-D-arabinoheptulosonato-7-P da
via do ácido shiquímico, que resulta na produção de
lignina, justificando, dessa forma, o menor
acamamento obtido nos tratamentos com o
parcelamento das dosagens.
A variável vagem por planta mostrou valores
superiores à testemunha em todos os tratamentos que
receberam
manganês,
sugerindo
um
menor
abortamento de flores e de vagens, concordando com
resultados obtidos por Randall, Schulte e Corey (1975)
e Oliveira Junior (1996), ressaltando ainda que a
cultivar Garimpo apresentou, em média, um número de
vagens 22% superior e um peso de cem sementes 33%
inferior ao da cultivar Conquista, fato esse inerente ao
genótipo. Em relação ao peso de cem sementes, os
tratamentos apresentaram diferenças, fato esse mais
evidenciado na cultivar Garimpo, cuja testemunha
apresentou o peso de cem sementes em média 1%
menor quando comparada com os demais tratamentos.
Esse fato apresenta relevância no aspecto qualitativo,
tendo em vista a possibilidade de as sementes que
receberam manganês apresentarem um conteúdo de
reserva
maior
em
suas
sementes.
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.264-273, mar./abr., 2001
3400
18
3200
16
3000
14
2800
12
2600
10
2400
2
Prod: y = 2289,4 + 2,73037x - 0,002578x , R
M n : y = 7 , 4 + 0 , 9 3 3 2 9 x 0,5 - 0 , 0 2 6 3 1 1 x , R
2
2
= 0,86*
= 0,99
2200
6
150
300
450
600
24
3600
V8
22
20
3200
18
3000
16
2800
14
12
2600
10
2
2400
Prod: y = 2385,5 + 5,25267x - 0,006653x , R
M n: y = 7,4 + 1,36276x
0,5
- 0,0309010x, R
2
2
= 0 , 9 7 **
= 0,99
**
2200
8
6
0
150
300
450
600
70
3400
60
3200
50
3000
40
2800
30
2600
20
Prod: y = 2394,9 + 4,17530x - 0,004561x2, R
2400
M n: y = 12,5 + 0,08573x, R
2
= 0,90
2
= 0 , 9 5*
**
2200
-1
V10
) -1
Teor foliar de Mn (mg.kg
)
80
3600
-1 –1)
Produtividade (kg.ha
Produtividade (kg.ha )
-1
3400
Teorfoliar
foliar de
(mg.kg
) -1)
Teor
deMn
Mn
(mg.kg
–1
)
0
Produtividade-1(kg.ha
Produtividade (kg.ha )
8
**
Teor foliar de Mn (mg.kg
Produtividade -1(kg.ha
Produtividade (kg.ha )
–1
)
V4
-1
-1
Teor
foliar
de Mn
)
Teor
foliar
de(mg.kg
Mn (mg.kg
)
270
10
0
0
150
300
450
600
D o s e s d e M n ( g . h a -1)
FIGURA 1 - Regressão entre doses de manganês aplicadas via foliar sem parcelamento, com a produtividade
(kg.ha-1) e os teores foliares de manganês (mg.kg-1) em cada estádio de aplicação (V4/V8/V10), no ano agrícola
1997/98. UFLA – Lavras (MG) .
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.264-273, mar./abr., 2001
271
30
3600
Via solo
Produtividade (kg.ha-1)
25
3200
20
3000
2800
15
2600
10
Teor foliar de Mn (mg.kg-1)
2
Prod: y = 2392,6 + 142,01428x , R = 0,96 **
2
Mn: y = 6,1 + 2,72228x, R = 0,95 **
3400
2400
2200
5
0,
3,5
7,0
Doses de Mn no solo (kg.ha-1)
4200
35
4000
2
Prod: y = 2475,8 + 4,86872x , R = 0,91 **
Produtividade (kg.ha-1)
3800
30
2
Mn: y = 9,7 + 0,06564x, R = 0,86**
3600
25
3400
3200
20
3000
15
2800
2600
10
Teor foliar de Mn (mg.kg-1)
Aplicação foliar parcelado V4+V8
2400
2200
5
0
150
225
300
Doses de Mn foliar (kg.ha-1)
FIGURA 2 - Regressão entre doses de manganês aplicadas via foliar com parcelamento nos estádios V4/V8, e as
de manganês aplicado via solo, com a produtividade (kg.ha-1), e os teores foliares de manganês (mg.kg-1), no ano
agrícola 1997/98. UFLA – Lavras (MG).
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.264-273, mar./abr., 2001
272
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.264-273, mar./abr., 2001
3,2
93 b
101 a
101 a
99 a
102 a
103 a
101 a
101 a
99 a
100 a
100 a
94 b
95 b
95 b
94 b
101 a
100 a
103 a
99
20 a
23 a
22 a
22 a
22 a
22 a
22 a
21 a
20 a
21 a
20 a
21 a
21 a
21 a
21 a
22 a
21 a
22 a
21
8,3
2,3 a
1,8 b
1,7 b
2,5 a
2,2 a
1,7 b
1,7 b
1,7 b
1,7 b
1,2 c
1,7 b
2,2 a
2,5 a
1,8 b
2,0 b
1,3 c
1,0 c
1,2 c
1,8
20,9
2,7 a
2,2 a
2,0 a
2,5 a
2,3 a
2,3 a
2,5 a
2,3 a
2,0 a
1,8 b
1,8 b
2,3 a
2,7 a
2,3 a
2,3 a
1,7 b
1,5 b
1,2 b
2,1
Conquista Garimpo
Conquista Garimpo
97 a
97 a
97 a
99 a
98 a
97 a
97 a
96 a
98 a
96 a
95 a
97 a
96 a
96 a
96 a
97 a
98 a
98 a
97
I.A.**
------------------
A.P.(cm)
IV(cm)
------------------------- -------28 b
31 b
40 a
28 b
31 b
38 a
33 b
38 a
39 a
37 a
38 a
34 b
38 a
37 a
40 a
41 a
43 a
44 a
37
36 b
40 b
50 a
37 b
41 b
43 b
40 b
42 b
49 a
49 a
41 b
47 a
49 a
49 a
46 a
49 a
53 a
53 a
45
7,8
Conquista Garimpo
V.P.
----------------------123 a
132 a
131 a
132 a
128 a
128 a
122 a
124 a
126 a
127 a
130 a
122 a
129 a
126 a
128 a
130 a
130 a
132 a
128
4,9
E.F.
-----19,2 b
19,2 b
20,3 a
19,1 b
19,1 b
19,2 b
20,3 a
20,0 a
20,1 a
20,0 a
20,0 a
19,7 a
20,4 a
20,3 a
19,8 a
20,1 a
20,5 a
20,0 a
19,9
3,2
13,9 b
14,7 a
15,4 a
14,6 a
15,0 a
14,6 a
15,1 a
15,1 a
14,8 a
14,8 a
14,9 a
15,1 a
14,7 a
15,1 a
14,9 a
14,7 a
15,2 a
15,2 a
14,9
Conquista Garimpo
P100
-----------------------
*Médias da mesma coluna com a mesma letra não diferem entre si, a 5% de probabilidade para P100, e a 1% para as
demais variáveis pelo teste de Scott e Knott;
**Escala de notas, em que: 1= todas as plantas eretas e 5 = todas as plantas acamadas;
*** Aplicação realizada nos estádios V4 e V8.
Testemunha
3,5kg Mn/solo
7,0kg Mn/solo
150g Mn (V4)
300g Mn (V4)
450g Mn (V4)
600g Mn (V4)
150g Mn (V8)
300g Mn (V8)
450g Mn (V8)
600g Mn (V8)
150g Mn (V10)
300g Mn (V10)
450g Mn (V10)
600g Mn (V10)
150+150gMn ***
225+225gMn ***
300+300gMn ***
Média
CV (%)
Tratamentos
planta (V.P.), estande final (E.F.) e peso de 100 sementes (P100), obtidos no ensaio de adubação com manganês, ano agrícola
1997/98. UFLA – Lavras (MG).*
273
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.264-273, mar./abr., 2001
274
ou excesso de manganês em solução nutritiva.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas,
v.17, n.2, p.217-221, maio/ago. 1993.
CONCLUSÕES
a) As aplicações de Mn nas suas diferentes
formas de utilização proporcionaram aumentos
significativos na produtividade e aumentaram o teor do
elemento na planta.
b) As aplicações parceladas de Mn via foliar,
450g e 600g.ha-1, foram as responsáveis pelas
maiores produtividades obtidas, sendo consideradas
mais eficientes que as aplicações via solo.
c) As características agronômicas da cultura
foram influenciadas significativamente pelas diferentes
formas e doses do Mn aplicadas.
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Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.264-273, mar./abr., 2001
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EFEITO DA ADUBAÇÃO COM MANGANÊS, VIA