A IMPORTÂNCIA DAS COOPERATIVAS PARA A EXPANSÃO DO CRÉDITO INDICE • O Sistema Financeiro Nacional - SFN • Instituições de Crédito • Cooperativas de Crédito • Diferenças entre Bancos e Cooperativas de Crédito • O Sistema SICOOB • Os Bancos Cooperativos no Brasil • O BANSICREDI • O BANCOOB • Cooperativismo de Crédito e Bancos Cooperativos Internacionais O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Um sistema financeiro é o conjunto de instituições que atuam no sentido de propiciar um fluxo de recursos adequados entre poupadores e investidores. O sistema financeiro é capaz de realizar a intermediação de forma que os recursos disponíveis sejam distribuídos entre aqueles que têm a intenção de investi-los. Os poupadores, que fornecem os recursos, recebem o dinheiro de volta após um certo tempo, remunerado por uma determinada taxa de juros. Nesse sentido, o sistema financeiro pode ser um impulsionador do crescimento econômico, pois disponibiliza recursos para investimento. O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é composto por diversas instituições, sejam elas financeiras monetárias (que podem criar moeda bancária escritural, correspondente a lançamentos contábeis de débito e crédito), financeiras não monetárias (que não criam moeda escritural), instituições financeiras auxiliares (somente intermedeiam operações entre poupadores e investidores) e instituições não financeiras, mas que participam do mercado financeiro. INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO (1) Bancos Comerciais São instituições financeiras cujo objetivo principal é o financiamento da atividade econômica no curto e médio prazos. Eles podem captar recursos por meio de depósitos à vista (conta corrente sua principal atividade) e por meio de depósitos a prazo (CDB e RDB), além de realizarem operações de crédito, repasses de recursos e prestação de serviços. Caixas Econômicas Estão ligadas ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo e ao Sistema Financeiro de Habitação. A principal atividade é a captação de depósitos em caderneta de poupança, além da concessão de crédito ao consumidor e empréstimos sob penhor. A Caixa Econômica Federal também executa o recolhimento e aplicação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Bancos de Investimento São bancos que tem como objetivo financiar o setor produtivo, principalmente o setor privado, no que tange ao capital fixo e de giro no médio e longo prazos. Estes bancos não podem captar recursos por meio de depósitos à vista (conta corrente). Sua captação de recursos ocorre por meio da emissão de CDB e RDB, captação e repasse de recursos de origem interna e externa e por meio da venda de cotas de fundos de investimentos Bancos de Desenvolvimento São bancos oficiais, como o BNDES ou o Banco da Amazônia, que têm como objetivo financiar a atividade produtiva no médio e no longo prazo. Estes bancos atuam principalmente por meio de repasses de recursos oficiais. Sociedades de Crédito, Financ e Invest - Financeiras O objetivo destas instituições é financiar bens de consumo duráveis por meio de crediário. A única forma delas captarem recursos é por meio de emissão de letras de câmbio. INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO (2) Cooperativas de Crédito Bancos Cooperativos Devem adequar sua área de ação às possibilidades de reunião, controle, operações e prestações de serviços. São autorizadas cooperativas de economia e crédito mútuo e cooperativas de crédito rural, conforme capítulos II e III anexo à Resolução 3.106 de 25/06/03, do Bacen. As cooperativas de Crédito operam ativa e passivamente (Operações de Crédito e depósitos) somente com seus cooperados. São bancos comerciais com participação exclusiva de cooperativas de crédito singulares(exceto as de tipo “Luzzatti”, centrais, federações e confederações de cooperativas de crédito. Deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima fechada. Tem sua atuação restrita às Unidades da Federação em que estão situadas as controladoras. Sociedades Corretoras São instituições do mercado acionário que transacionam valores mobiliários, como ações, títulos e ouro. Elas podem operar fundos de investimento, operam no mercado aberto e também intermedeiam operações de câmbio. Sociedade Arrendamento Mercantil (leasing) Elas realizam operações de leasing, ou seja, elas alugam um determinado item, tendo o cliente a opção de compra ao final do contrato. Associações de poupança e Empréstimo São sociedades civis, com restrição de funcionamento a uma determinada região e cuja propriedade é dos seus associados. Elas atuam junto ao Sistema Imobiliário e a sua atividade passiva é a caderneta de poupança. Sociedades de Crédito Imobiliário Elas podem captar depósitos a prazo, por meio de letras imobiliárias, podendo estabelecer convênios com bancos para operarem como agentes do Sistema Financeiro de Habitação. A captação de recursos é realizada por meio da colocação de letras imobiliárias, depósitos a prazo e repasses da Caixa Econômica Federal. COOPERATIVAS DE CRÉDITO (1) As cooperativas de crédito são instituições financeiras e sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, sem fins lucrativos e não sujeitas à falência, constituídas com o objetivo de propiciar crédito e prestar serviços aos seus associados. Uma cooperativa de crédito é uma associação que presta basicamente os mesmos serviços fornecidos pelos bancos: financia a produção e os investimentos, cobra contas, fornece talão de cheques e opções de aplicações para seus associados. Por outro lado, é diferente de um banco, pois seus proprietários são os seus clientes, não precisando ter lucro para funcionar, bastando ser remunerada o suficiente para saldar suas próprias contas. Seus custos são rateados entre o quadro social na forma de juros e de pequenas taxas, assim quanto menores forem os custos da cooperativa, menores podem ser os juros e as taxas cobradas por estas. COOPERATIVAS DE CRÉDITO (2) Da mesma forma que os bancos, as cooperativas de crédito movimentam os recursos de seus associados, podendo também atuar no repasse de recursos públicos por meio de programas oficiais de crédito, como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), Proger (Programa de Geração de Emprego e Renda) e outros. As diferenças em relação aos bancos começam no tamanho e no destino dos rendimentos recebidos com as operações. Enquanto nos bancos tais rendimentos são apropriados pelos donos, constituindo lucro, nas cooperativas de crédito as taxas são menores e, quando existem sobras, são divididas entre os associados ou é utilizado para a capitalização da cooperativa, por meio da elevação do valor da cota capital dos associados. Além do baixo custo operacional das cooperativas, devido à sua menor estrutura física e de pessoal, elas podem fornecer empréstimos com juros abaixo do praticado pelos bancos e ainda remunerar as aplicações de seus associados com taxas superiores às do mercado. COOPERATIVAS DE CRÉDITO (3) Nas cooperativas de crédito, a maior parte do dinheiro dos associados tende a ficar no próprio município, contribuindo para o seu desenvolvimento. Além disso, enquanto os bancos precisam aplicar apenas 25% de seus “depósitos à vista” na agricultura, as cooperativas de crédito rural aplicam no mínimo 60%, sendo que a maioria dos bancos prefere depositar no Banco Central o valor referente aos “depósitos à vista” do que financiar a agricultura. Entretanto, apesar dos avanços que uma cooperativa de crédito tem em relação a um banco comercial, isto não significa que todas são agentes do desenvolvimento. Algumas (e não são poucas) cooperativas de crédito no Brasil atuam meramente como agentes financeiros, visando apenas à sua sustentação econômica, independente de quem são os beneficiários do crédito e de seus serviços, ou melhor, fazem uma forte seleção de seu quadro social, e não estão vinculados ao desenvolvimento social, seja ele no meio rural ou no urbano. DIFERENÇAS ENTRE BANCOS E COOPERATIVAS DE CRÉDITO ATIVIDADE Direção BANCO COOPERATIVAS DE CRÉDITO Donos (ou governos) Associados Captação e Rendas Transfere às Grandes cidades Retém e aplica no local Programas Oficiais Participa (alguns) Pode participar, principalmente os de crédito rural Prioriza os grandes projetos ou atividades selecionadas Analisa a necessidade e a capacidade de investimento e pagamento dos associados Taxa de juros Sempre as do mercado Sempre abaixo do mercado Lucros/sobras São lucros, os quais remuneram os donos e/ou acionistas São sobras, as quais são distribuídas entre os associados ou são reinvestidas na cooperativa. Maior, devido às estruturas Menor (pequenas estruturas) Cobra elevadas taxas (Visa lucro) Cobra uma pequena taxa pelos serviços (não visa lucro) Impessoal ou de acordo com o dinheiro do cliente Tende a ser pessoal para todos os associados Crédito Custo operacional Serviços financeiros Atendimento O SISTEMA SICOOB ( 1 ) O Sicoob,o maior Sistema de Credito Cooperativo do Brasil,apresenta dados significativos no Sistema Financeiro Nacional, como citamos: - Presente em 16 Estados da Federação 15 Centrais de Crédito 755 Cooperativas Singulares (filiadas às Centrais) - 678 Postos de Atendimento Cooperativo – PAC - 1433 Postos de Atendimento, no total - 918 mil Associados - R$ 1,65 bilhão de patrimônio líquido ajustado - R$ 98 milhões de resultado - R$ 1,943 bilhão de empréstimos - R$ 1,454 bilhão em depósitos - - R$ 4,5 bilhão em ativos O SISTEMA SICOOB ( 2 ) OS BANCOS COOPERATIVOS NO BRASIL Em 1995, fruto das pressões da cúpula do movimento cooperativista brasileiro, aqui entendido como a OCB, o CMN autorizou a organização de bancos cooperativos. Diferente do BNCC (Banco Nacional de Crédito Cooperativo), que era estatal-misto, esses bancos são privados, embora sejam cooperativos. Em 1996 é fundado o Bansicredi (Banco do Sistema Sicredi S.A.), com atuação no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e em 1997 é fundado o Bancoob (Banco Cooperativo do Brasil S.A.), com atuação em vários Estados do Brasil. Esses bancos foram constituídos a partir de diversas cooperativas de crédito rurais “tradicionais” e de algumas de crédito mútuo. Estes dois bancos são freqüentemente criticados por atuarem com um forte viés financeiro, preferindo aplicar mais no mercado financeiro que em empréstimos aos associados, até por questões de conservadorismo imposto pelos regulamentos (CMN/BACEN), ferindo um dos objetivos básicos das cooperativas de crédito. O BANSICREDI (1) 1995 – Em 16 de outubro, autorizadas pelo Conselho Monetário Nacional, as cooperativas filiadas à Central do SICREDI-RS constituem o BANCO COOPERATIVO SICREDI S.A. – BANSICREDI, primeiro banco cooperativo privado brasileiro, para ter acesso a produtos e serviços bancários vedados às cooperativas pela legislação vigente e administrar, em maior escala, os seus recursos financeiros. 1996 – Em 03 de junho é inaugurada, em Porto Alegre Rio Grande do Sul, a agência matriz do BANSICREDI. Em 13 de dezembro, as cooperativas dos estados do Paraná e Rio Grande do Sul decidem unir-se para fortalecer o BANSICREDI, tornandoo, assim, um banco interestadual. O BANSICREDI (2) 1997 – Em 19 de agosto, iniciam-se as atividades do BANSICREDI em Curitiba - Paraná. Em 22 de dezembro é inaugurada a sede própria do SICREDI-RS e BANSICREDI, em Porto Alegre. No mesmo ano, iniciam-se as negociações com as Centrais das Cooperativas de Crédito do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para expansão do Sistema. 1998 – Em 08 e 09 de dezembro são inauguradas, respectivamente, as agências do BANSICREDI em Campo Grande-MS e Cuiabá-MT. 1999 – Em iniciativa inédita no sistema bancário privado do país, o BANSICREDI é autorizado, pelo Governo Federal, a operar o crédito rural com encargos equalizados pelo Tesouro Nacional. O BANSICREDI (3) 2000 – Em 30 de novembro, o Conselho Monetário Nacional aprova a resolução n° 2788/00, facultando aos bancos cooperativos a sua transformação em bancos múltiplos. 2001 – Em 02 de janeiro, iniciam-se as atividades da CORSECOOP - Corretora de Seguros Ltda. – Em 31 de janeiro, o BANSICREDI concretiza sua participação na BC CARD Administradora de Cartões dos Bancos Cooperativos Ltda. O BANCOOB (1) O BANCOOB obteve autorização de funcionamento do Banco Central em 2 de julho de 1997. Completou sua diretoria em 28 de julho de 1997, quando configurou as bases da sua organização e começou, de fato, a sua gestão administrativa. Iniciou suas atividades operacionais em 1º de setembro de 1997, fazendo em 3 de outubro de 1997 suas primeiras operações com as Cooperativas Centrais e Singulares integrantes do novo sistema. O modelo de funcionamento do Banco Cooperativo do Brasil S/A - BANCOOB - foi concebido sobre bases conceituais, estruturais e filosóficas sólidas e profundas. Os debates envolveram a participação de diversas lideranças do Cooperativismo de Crédito que, posteriormente, constituíram o Banco. O BANCOOB (2) A articulação e integração dos diversos Sistemas Cooperativos de Crédito Regionais, que pretendiam criar o BANCOOB, culminaram na institucionalização do SICOOB (Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil). Por meio deste Sistema, agem, coordenadamente, Confederação(Sicoob Brasil), Cooperativas Centrais, Cooperativas Singulares e o BANCOOB. O BANCOOB, como instituição prestadora de serviços operacional e financeiro às Cooperativas Centrais de Crédito e de suas filiadas, administra a disponibilidade do SICOOB. Por meio do BANCOOB, a liquidez do sistema é rentabilizada no mercado financeiro, além de permitir o acesso das Cooperativas de Crédito aos programas de repasses de recursos governamentais e a futuros parceiros internacionais. O Banco também presta, através das Cooperativas de Crédito, aos seus associados, toda a gama de serviços bancários de que eles necessitam, proporcionando seu objetivo de autonomia operacional. COOPERATIVISMO DE CRÉDITO E BANCOS COOPERATIVOS INTERNACIONAIS (1) • Bancos Cooperativos Internacionais: Crédit Agricole O Crédit Agricole, o banco cooperativo do sistema rural francês, apontado como o mais forte da Europa e um dos maiores do mundo, levou mais de 80 anos para desenvolver o sistema mais integrado do mundo. Sua estrutura é formada por caixas de crédito rurais, centrais, mais de 4.600 escritórios permanentes e cerca de 4.000 unidades de atendimento móvel. Atualmente, o Crédit Agricole se transformou num verdadeiro conglomerado, atuando em vários setores como comércio e turismo. COOPERATIVISMO DE CRÉDITO E BANCOS COOPERATIVOS INTERNACIONAIS (2) • Rabobank O Rabobank Nederland é a maior instituição do cooperativismo holandês, consolidada à quase um século e responsável por 91% de todo o crédito rural oferecido aos agricultores holandeses. O grupo possui mais de 980 cooperativas associadas e mais de 3.130 agências bancárias, presente em 11 países, número superior ao total de agências do Banco do Brasil. No Brasil é representado pelo Raibobank do Brasil, atuando mais com importação e exportação. COOPERATIVISMO DE CRÉDITO E BANCOS COOPERATIVOS INTERNACIONAIS (3) • NATIONAL COOPERATIVE BANK Banco cooperativo Norte Americano criado em agosto de 1978, como Banco Oficial com intuito de atender a consumidores e foi oficialmente aberto para negócios em 21 de março de 1980. Em dezembro de 1981 houve ameaça de cancelamento da carta patente do mesmo, o que foi em seguida conseguido pelos lideres cooperativista um movimento no Congresso, culminando em sua privatização. A estrutura organizacional desenvolvida permite que o National Cooperative Bank, esteja em igualdade de condições com o mercado financeiro Americano. COOPERATIVISMO DE CRÉDITO E BANCOS COOPERATIVOS INTERNACIONAIS (4) • CAJA LABORAL A maior cooperativa de crédito, da Espanha, tem 180 agências e US$ 2,9 bilhões de patrimônio líquido, ligada ao MCC – Mondragón Corporation Cooperative. A legislação e o Banco de España, que corresponde ao nosso Banco Central, permitem que as cooperativas de crédito obtenha carta patente, podendo funcionar como um banco, diferente do Brasil, que não têm o mesmo tratamento dado aos Bancos. OBRIGADO PELA ATENCAO! David Andrade Diretor Executivo Sicoob-SP-Cocecrer [email protected]