Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
Formar ou não uma Cooperativa? O Caso dos Agricultores Familiares de São
José do Inhacorá/RS
NARESSI, Adelar José8
COTRIM, Décio9
RESUMO
Este artigo trata da discussão acerca da formação ou não de uma cooperativa,
exclusivamente de agricultores familiares, no município de São José do Inhacorá, na
região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Para elucidação do caso foram
entrevistados, paritariamente, lideranças e agricultores do município, com a
finalidade de identificar quais os setores da agricultura familiar encontram-se
desamparados e carentes de organização. Buscou-se também perceber o interesse
das lideranças municipais e, principalmente, dos agricultores familiares em formar,
fazer parte, bem como participar das tomadas de decisões da organização em prol
da coletividade. Os dados obtidos revelam que tanto lideranças quanto agricultores
reconhecem existir a necessidade de formar uma nova organização, como forma de
organizar os setores e suprir as carências, em busca do desenvolvimento da
agricultura familiar local. O estudo evidenciou também a falta de credibilidade por
parte dos agricultores em relação ao modelo de cooperativismo atual. Identificou
ainda, a inexistência de espírito cooperativo nos agricultores, que apesar de
admitirem fazer parte do quadro social, não demonstram interesse em participar das
decisões da nova organização. Assim, com o entendimento de que antes de termos
direitos, temos deveres, conclui-se que este não é o momento certo de formar a
nova organização, mas sim de primeiramente entender os valores e princípios do
cooperativismo para posteriormente formar a cooperativa.
Palavras-chave: Cooperativismo. Agricultura familiar. Participação.
ABSTRACT
This paper discusses the extent to which it is worth to create a new cooperative,
formed exclusively by family farmers, in the town of São José do Inhacorá, northwest
of the state of Rio Grande do Sul. To elucidate the issue, leaders and farmers of the
town were equally interviewed, in order to identify which sectors of family farming
need help and organization. We also sought to understand the interest of the leaders
and, mainly of the family farmers, in being part, as well as in participating of the
decisions of the organization in favor of the collectivity. The obtained data showed
that both leaders and farmers recognize the need to form a new organization as a
way to organize sectors and meet needs, in search of the development of local family
8
9
Engenheiro de Produção Agroindustrial, Pós-graduando em Gestão do Cooperativismo ESCOOP,
Extensionista da EMATER/RS-ASCAR, E-mail: [email protected].
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Desenvolvimento Rural PGDR – UFRGS, Extensionista da
EMATER/RS-ASCAR, E-mail: [email protected].
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São José do Inhacorá/RS
farming. However, the study has also revealed the lack of credibility on the part of
farmers in relation to the current cooperativism model. Besides that, it has identified
the inexistence of a cooperative spirit among farmers, which, despite admitting to be
part of a social frame, did not show any interest in participating on the decisions of a
new organization. Thus, with the understanding that, before having rights, we have
duties, we concluded that this is not the right time to form a new organization, but
firstly it is necessary to work on values and principles of cooperativism, so that, later
on, a new cooperative can be formed.
Keywords: Cooperativism. Family farming. Participation.
1 INTRODUÇÃO
As terras que atualmente constituem o município de São José do Inhacorá,
desde 1682, integravam a Província das Missões, administrada pelos Jesuítas. Essa
situação perdurou até por volta de 1750, quando foi assinado o Tratado de Madrid e
este território passou a pertencer a Portugal. Em 1757, os Jesuítas foram expulsos e
a região passou a ser governada por milicianos espanhóis.
No ano de 1801, a região foi reconquistada e integrada definitivamente à área
Rio-grandense, sendo que antes fazia parte da Colônia do Sacramento. São José do
Inhacorá pertenceu respectivamente aos seguintes municípios: Rio Pardo, até 1809,
Cachoeira do Sul, até 1819, Cruz Alta, até 1834 e Santo Ângelo, até 1954. Em 16 de
dezembro de 1954 passou a fazer parte do município de Três de Maio, do qual se
emancipou em 1992.
Os primeiros moradores enfrentaram grandes dificuldades, como o ataque de
animais selvagens e dos bandidos que fugiam de Santo Ângelo na Guerra entre
Chimangos e Maragatos. Tinham dificuldades na obtenção de sementes para o
plantio de suas roças, pequenas lavouras que abriam no meio das matas virgens.
Enfrentavam também os Índios Guaranis que fugiram da Guerra do Chaco, entre
Paraguai e Bolívia, quando aproximadamente 250 famílias indígenas acamparam na
região, durante três meses.
Os primeiros moradores, na grande maioria de origem alemã, começaram a
chegar a São José do Inhacorá por volta de 1923, ocupando áreas próximas dos rios
Inhacorá e Buricá e dos Lajeados Restinga, Itu, Caramuru, Jundiá, Mato Queimado,
Barra Seca, Ilha e Tonguinha. As famílias eram muito dadas às lidas caseiras e
tinham por costumes a troca de favores e serviços e a visita aos vizinhos nos finais
de semana. (SÃO JOSÉ DO INHACORÁ, 2013).
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O município de São José do Inhacorá localiza-se na região Noroeste do
estado do Rio Grande do Sul. Apresenta uma população de 2.200 habitantes, com
62,18% da população residindo no meio rural. (SÃO JOSÉ DO INHACORÁ, 2013). A
extensão territorial é de 77,81 km², representando uma densidade demográfica de
28 habitantes por quilômetro quadrado. O interior do município está dividido em 23
localidades, onde se encontram as 477 famílias de produtores rurais, sendo 100%
de regime familiar.
A economia do município baseia-se principalmente no setor primário. A
principal atividade é a agrícola, com cultivo de soja, milho, trigo, mandioca e canade-açúcar, seguida da pecuária, com criação de bovinos de leite, suínos, ovinos,
peixes e aves. No setor secundário, destaca-se o crescimento de algumas indústrias
(metalúrgicas, moveleiras, têxteis, artefatos de cimento, fábrica de palitos) que
absorvem a mão-de-obra da população da zona urbana. Os estabelecimentos
comerciais são de pequeno porte e operam com gêneros alimentícios de primeira
necessidade, tecidos e instrumentos mais elementares na atividade agrícola.
A prestação de serviços resume-se a oficinas mecânicas, fotógrafos, salões
de beleza, bares, eletrônicas, construtoras, armazéns, açougues, costureiras,
funerária, farmácia, posto de combustível, eletricista, escritório despachante e de
contabilidade e atendimento odontológico. Além disso, o município conta com
serviços de atendimento público como Brigada Militar, cartório, Correios e
Telégrafos, banco postal, unidades sanitárias, laboratório clínico, Bansicredi,
Emater/RS-Ascar, Casa do Agricultor, hospital, escola estadual e municipal,
biblioteca pública, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Cooperativa Agropecuária
Alto Uruguai (COTRIMAIO).
O relevo é bastante acidentado, terras dobradas, com pequenas e grandes
elevações. Apresenta também algumas partes planas e depressões. O clima
predominante é o temperado. As temperaturas máximas ocorrem nos meses de
dezembro, janeiro e fevereiro, e as temperaturas mínimas ocorrem nos meses de
junho, julho e agosto, com intensas formações de geadas. As estações do ano não
estão bem definidas, conforme temperatura.
A agropecuária, ao longo dos anos, desempenhou papel importante no
crescimento do município, como geradora de renda e mão-de-obra. Por outro lado,
as mudanças provocadas pelo processo de desenvolvimento, aliadas à revolução
tecnológica, distorceram as funções das pequenas propriedades rurais. As políticas
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agrícolas, desenvolvidas durante o período compreendido como “Revolução Verde”,
impuseram aos agricultores um regime de monocultura, forçando os agricultores a
abandonarem a produção diversificada e de subsistência e partirem para o cultivo
em grande escala, visando exclusivamente ao mercado externo e ao lado comercial
da produção, sem atender à demanda do mercado local e de subsistência.
Não demorou muito para que os produtores percebessem que a monocultura
era um sistema equivocado para as propriedades de pequeno porte. O crescente
aumento no custo da produção, a dependência de máquinas e insumos externos,
aliados à oscilação dos preços dos produtos no mercado externo, tornaram a
atividade inviável, deixando as propriedades ineficientes e insustentáveis. Os
produtores, descapitalizados, foram obrigados a repensar suas atividades e a partir
em busca de alternativas e formas de produção que ofereçam condições de renda e
de qualidade de vida para suas famílias.
Frente a essa situação, a bovinocultura de leite passou a ser a principal
atividade econômica para grande número de famílias rurais, estando presente em
quase 50% das propriedades. Um diagnóstico recente, realizado pela Secretaria
Municipal do Agronegócio e Meio Ambiente, identificou que diariamente são
produzidos 31.000 litros de leite, em 216 propriedades do município.
A atividade vem recebendo diversos incentivos que visam a fomentar a
produção,
resultando
em
melhorias
significativas
e
crescentes,
tanto
na
produtividade como também na qualidade do produto. Observa-se, porém, que o
setor carece de melhor organização e gestão da produção, principalmente na
comercialização do produto.
Atualmente, 16 empresas, diariamente, circulam pelo interior do município,
recolhendo a produção. Produtores da mesma localidade recebem preços diferentes
pelo produto, variando de R$ 0,69 a R$ 0,97 por litro de leite comercializado.
Destaca-se também que, apesar de o volume de produção ser significativo e
crescente,
não
existe
nenhuma
unidade
de
recebimento,
resfriamento
e
processamento da produção no município.
Entre tantas ações de incentivo à atividade leiteira, destaca-se a prestação de
serviços de máquinas, em diversas atividades, como confecção, transporte e
compactação de silagem, fenação, transporte de adubo orgânico e serviços com
roçadeiras tratorizadas. Além desses serviços, que são prestados através dos 10
grupos de máquinas existentes, o município conta também com o Conselho de
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Desenvolvimento Comunitário (FUNDEC), criado em 1993, que desde o ano de
1995 presta serviços com um trator de esteiras.
Tanto os grupos de máquinas quanto o FUNDEC vêm prestando relevantes
serviços em prol dos agricultores familiares. O que se observa é a necessidade de
melhor organizar a prestação desses serviços e também adquirir mais máquinas
para melhorar o atendimento e consequentemente as condições de desempenho
das atividades geradoras de renda.
A alternativa de geração de renda, que se encontra em pleno crescimento, é o
setor das agroindústrias, que resulta no processamento da matéria-prima produzida
nas propriedades rurais. Atualmente, estão em atividade três agroindústrias
formalizadas, sendo um abatedouro, uma agroindústria de embutidos e uma de chás
e aditivos para chimarrão. O Programa Estadual de Agroindústria Familiar do estado
do Rio Grande do Sul apresenta uma série de medidas para facilitar a implantação e
a legalização das agroindústrias familiares. Através desse programa estão
formalizadas mais quatro agroindústrias, sendo duas de derivados de cana-deaçúcar, uma de panificação e confeitaria e uma de açougue e embutidos. Além
dessas, várias famílias desenvolvem a agroindustrialização de forma artesanal e
informal, oportunizando receita extra para as propriedades.
Atualmente, a comercialização é realizada de forma direta aos consumidores
finais ou através da Central de Vendas de Produtos Coloniais, Agroindustriais e
Artesanais, existente no município. Nos últimos anos, os Programas Institucionais,
como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de
alimentação Escolar (PNAE), demonstram ser importantes alternativas de mercado
para absorver a produção resultante das agroindústrias familiares. Percebe-se que o
setor das agroindústrias demonstra enorme potencial de geração de renda e
qualidade de vida para as famílias rurais. Por outro lado, percebe-se que o setor
precisa melhorar a organização para poder enfrentar o mercado e alcançar os
objetivos esperados.
Salienta-se que, recentemente, outras atividades, como a fruticultura, a
horticultura, a apicultura, a ovinocultura e a piscicultura também passaram a ser
exploradas com maior intensidade nas pequenas propriedades rurais do município,
como alternativas de geração de renda para as famílias. Ao mesmo tempo em que
essas atividades surgem como alternativas de geração de renda, muitos entraves
são observados, como o baixo preço recebido pela produção, a interferência de
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intermediários e atravessadores, o alto custo dos insumos, a carência de mão-deobra e de assistência técnica e gerencial, além da fiscalização tributária e sanitária.
Esses fatores interferem diretamente no desenvolvimento das propriedades e até
mesmo na permanência das famílias no meio rural.
Outro fator determinante para provocar a busca por uma alternativa que
venha ao encontro dos anseios dos agricultores familiares e de suas atividades é a
situação na qual se encontra a Cooperativa Agropecuária Alto Uruguai Ltda.
(COTRIMAIO). A grande maioria dos produtores rurais de São José do Inhacorá está
associada a esta organização cooperativa, que está presente em 18 municípios da
região, com quase 12.000 associados e mais de 600 colaboradores.
O empreendimento, com 44 anos de atuação no comércio de recebimento de
grãos e de leite, lojas agropecuárias, supermercados e postos de combustíveis,
recentemente decretou processo de liquidação extrajudicial, com continuidade de
negócios. A medida foi tomada, em janeiro de 2013, visando a proteger o patrimônio
e buscar prazo para renegociação das dívidas. A cooperativa já perdeu causas na
justiça, movida por credores, e vem enfrentando leilões do seu patrimônio, o que
tornou a situação insustentável. Para tirar a cooperativa da crise em que se
encontra, a nova diretoria está analisando criteriosamente todos os negócios e
aqueles que não estão gerando sobras estão sendo desativados. Tal decisão pode
provocar o encerramento das atividades da unidade local.
Preocupados com essa situação, autoridades, lideranças municipais e das
comunidades, juntamente com alguns produtores, buscam encontrar uma alternativa
para organizar o setor produtivo e enfrentar essas dificuldades. Recentemente,
baseado
em
experiências
de
outras
regiões,
o
cooperativismo,
voltado
exclusivamente à agricultura familiar, passou a ser estudado como forma de
contribuir para a competitividade das pequenas propriedades rurais e suas
atividades. Dessa forma, alicerçados no espírito cooperativista, e contando com
suporte do Programa Gaúcho do Cooperativismo Rural, os produtores estão sendo
desafiados e incentivados a criar uma nova organização cooperativa de agricultores
familiares, como forma de atingir os objetivos comuns.
O presente estudo visa a observar os cenários, identificar os atores sociais do
cooperativismo e, a partir destes, indicar o caminho da constituição, ou não, de uma
nova cooperativa de agricultores familiares no município de São José do Inhacorá.
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2 METODOLOGIA
Para a realização do estudo, utilizou-se a entrevista semiestruturada como
técnica de coleta de dados para obtenção das informações necessárias. Mediante a
aplicação de uma entrevista, procurou-se identificar o real interesse das autoridades
e lideranças municipais, bem como dos agricultores familiares, quanto à constituição
e participação no quadro social de uma nova cooperativa de agricultores familiares,
no município de São José do Inhacorá.
De acordo com Marconi e Lakatos (2006), a entrevista é um encontro entre
duas pessoas, no qual uma delas pode obter informações em relação a determinado
assunto, através de uma conversa de natureza profissional. Trata-se de um método
usado na investigação social, para a coleta de dados ou para auxiliar no diagnóstico
de um determinado assunto ou problema. A entrevista de forma não estruturada
permite que o entrevistado tenha a total liberdade para expressar suas opiniões e
sentimentos.
A coleta de informações para a execução da pesquisa aconteceu mediante a
aplicação de entrevistas a 22 pessoas, no período de 10 de julho a 05 de agosto de
2013. A investigação acerca das opiniões das autoridades e lideranças municipais
ligadas ao setor agropecuário do município foi executada mediante a aplicação da
entrevista para 11 pessoas, envolvendo o Executivo Municipal, Secretários,
Assessoria Jurídica, lideranças sindicais e presidentes de conselhos e associações
municipais. Para identificar a opinião dos agricultores familiares, a entrevista foi
dirigida a 11 pessoas representantes dos segmentos da bovinocultura de leite, das
agroindústrias, da Associação Central de Vendas de Produtos Coloniais, dos
hortifrutigranjeiros e a integrantes dos grupos de máquinas do município.
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A cooperação sob a ótica social e humana, de uma forma mais ampla, como
processo de relação social, está na essência do ser humano, representada pela vida
em comunidade desde a pré-história, como meio de sobrevivência, através da
segurança ou exploração de um território em comum e da busca de necessidades
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básicas, como alimento e moradia. Entretanto, essas formas de organização,
mesmo que primitivas, nos servem como referência até os dias de hoje, quando se
busca a melhoria da qualidade de vida dos associados de cooperativas e das
comunidades. (LAGO, 2009).
Para Lago (2009), a cooperação é uma prática tão antiga quanto a própria
humanidade e, de certa forma, ajudou o homem a enfrentar as dificuldades a ele
impostas. Sem a cooperação, os seres humanos possivelmente estariam vivendo
ainda em cavernas.
Conforme Zamberlam e Froncheti (1992 apud LAGO, 2009), a cooperação é
uma forma de organização de trabalho, podendo estar presente em todas as formas
sociais: meios de produção comunal primitivo, escravista feudal, capitalista e
socialista.
Sob a ótica econômica, a cooperação pode ser considerada uma estratégia
para a geração de vantagens competitivas para as organizações. Enquanto a
sociedade ainda não estiver organizada, estando valendo a lei do mais apto, o
competidor terá melhor resultado que o cooperador, restringindo a existência da
cooperação. No entanto, no momento em que a sociedade se organiza, a
cooperação passa a gerar maiores benefícios que a competição individual. (LAGO,
2009, p. 37-38).
Segundo Wickert (2010), a cooperativa é uma associação de pessoas
comprometidas a realizar, em bases empresariais e na colaboração recíproca,
atividades econômicas de interesse grupal, com o objetivo de melhorar as condições
econômicas e sociais de seus associados. Para tanto, os objetivos comuns, de
forma participativa e democrática, devem ser colocados em primeiro lugar, acima
dos interesses particulares. Além disso, os princípios do cooperativismo devem ser
seguidos e cumpridos.
A identidade cooperativa, segundo as Deliberações de Manchester, é descrita
por Menezes (2005, p. 94-95)), assim:
I Definição de Cooperativa – Cooperativa é uma associação autônoma de
pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e
necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma
empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida.
II Valores do Cooperativismo – As cooperativas baseiam-se em valores de
ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e
solidariedade. Na tradição de seus fundadores, os membros das
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cooperativas acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência,
responsabilidade social e preocupação pelo semelhante.
III Princípios do Cooperativismo – Os princípios cooperativos são as linhas
orientadoras através das quais as cooperativas levam os seus valores à
prática:
Adesão voluntária e livre – As cooperativas são organizações voluntárias,
abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e a assumir as
responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo, sociais,
raciais, políticas e religiosas.
Gestão democrática pelos membros – As cooperativas são organizações
democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente
na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as
mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são
responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros
têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau
superior são também organizadas de maneira democrática.
Participação econômica dos membros – Os membros contribuem
equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no
democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum
da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver, uma
remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua
adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes
finalidades:
— desenvolvimento de suas cooperativas, eventualmente através da
criação de reservas, parte das quais, pelo menos será indivisível;
— benefício aos membros na proporção das suas transações com a
cooperativa;
— apoio a outras atividades aprovadas pelos membros.
d) Autonomia e independência – As cooperativas são organizações
autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem
acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou
recorrem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o
controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da
cooperativa.
e) Educação, formação e informação – As cooperativas promovem a
educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos dos
trabalhadores, de forma que estes possam contribuir eficazmente para o
desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral,
particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as
vantagens da cooperação.
f) Intercooperação – Trabalhando em conjunto através das estruturas locais,
regionais e internacionais, as cooperativas servem de forma mais eficaz aos
seus membros e dão força ao Movimento Cooperativista.
g) Interesse pela comunidade – As cooperativas trabalham para o
desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas
aprovadas por seus membros.
De acordo com Cotrim (2009), a cooperativa apresenta-se como uma das
alternativas de organização social, representando a possibilidade de superação das
dificuldades ao redor das necessidades e objetivos comuns a uma determinada
classe social. A cooperativa exige uma mudança de postura dos atores sociais
envolvidos, tornando-se empreendedores de sua própria organização coletiva. Além
disso, segundo o mesmo autor, as organizações cooperativas têm seus objetivos
principais centrados na melhoria das condições de trabalho ou de consumo dos
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atores
sociais
envolvidos,
na
melhoria
da
renda
e
na
ampliação
do
autodesenvolvimento de seus membros.
Conforme descreve Wickert (2010), uma cooperativa é constituída de dois
elementos fundamentais: o social, que é a reunião de pessoas, e o econômico, que
é a prestação de serviços. Para alcançar os resultados esperados, esses elementos
precisam estar equilibrados, motivando a participação e ao mesmo tempo
desenvolvendo o projeto econômico dos associados. Segundo a lei nº 5.764/71,
”celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se
obrigam a contribuir com bens e serviços para o exercício de uma atividade
econômica de proveito comum, sem objetivo de lucro. São sociedades de pessoas,
com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência,
constituídas para prestar serviços aos associados”. A cooperativa tem por finalidade
construir a melhoria das condições socioeconômicas de seus membros, buscando a
sua autonomia política e financeira através da autoajuda e ajuda mútua de seus
associados.
A agricultura familiar, para Wanderley (apud TEDESCO, 1999), é uma
categoria social recente, que no Brasil assume ares de novidade e renovação. É um
conceito genérico, que incorpora uma diversidade de situações específicas e
particulares. Atualmente, a agricultura familiar sente-se obrigada a modificar sua
vida social tradicional para adaptar-se ao novo contexto socioeconômico. Essas
transformações do agricultor familiar moderno não produzem uma ruptura total e
definitiva com as formas anteriores, gestando, antes, um agricultor portador de uma
tradição camponesa, o que lhe permite, com precisão, adaptar-se às novas
exigências da sociedade.
O Ministério do Desenvolvimento Social define agricultura familiar, como:
A agricultura familiar é uma forma de produção onde predomina a interação
entre gestão e trabalho; são os agricultores familiares que dirigem o
processo produtivo, dando ênfase na diversificação e utilizando o trabalho
familiar, eventualmente complementado pelo trabalho assalariado. (BRASIL,
2013).
A participação do ser humano em uma organização, bem como na sociedade,
varia de acordo com a sua motivação. Para Abrantes (2004), a motivação do ser
humano é um dos grandes segredos para o sucesso de qualquer negócio. Uma
pessoa ou um grupo desmotivado pode levar ao fracasso qualquer iniciativa ou
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tentativa de negócio, por melhor que tenha sido o planejamento. Se, por um lado é
difícil motivar uma pessoa, por outro lado é muito fácil desmotivá-la. O que promove
a motivação é um bom ambiente, onde as pessoas se sentem úteis, respeitadas e
com liberdade de expressão, de sentimentos e de ideias.
No que se refere à participação dos associados, Schneider (2003) acredita
que existem alguns fatores importantes que dificultam o desenvolvimento de
processos educativos na cooperação, no seio das cooperativas brasileiras.
Primeiramente, a não participação dos associados na gestão de suas cooperativas,
por não se sentirem donos. Ao contrário, sentem-se alijados da tomada de decisões,
não participando efetivamente das reuniões e assembleias, abrem mão do direito de
participação. Repassam aos gestores as rédeas institucionais, considerando não
dominarem, eles próprios, os saberes necessários à gestão. Sendo assim, o
crescimento das cooperativas determina a profissionalização institucional, afastando,
ainda mais, os associados da gestão participativa e causando isolamento de espaço,
de conhecimento e, também, cultural, dentro da instituição.
O sócio é imediatista, é sôfrego em buscar o resultado, é oportunista nos
negócios, é antes de tudo o indivíduo e não a sociedade. Enquanto a
sociedade caminha lenta, gradual e sistematicamente, visando à segurança
do presente e enraizando bases sólidas para o futuro, o sócio só percebe o
presente e se aninha no passado. (BENATO, 1994, p. 7 apud SCHNEIDER,
2003, p. 48).
Para Ricciardi (2000), considerando que a cooperativa é uma sociedade de
pessoas, que usam seu capital e unem seus esforços para atingir objetivos comuns,
com uma gestão democrática, a atitude dos cooperados é extremamente importante.
O cooperado, além de ser a força de trabalho é, e deve comportar-se como, dono e
usuário da cooperativa. Além disso, é preciso que ele se interesse pelo que é seu,
seguindo o estatuto social e acompanhando o andamento de sua empresa. O
associado deve refletir que se ele aderiu à cooperativa para atender principalmente
a suas próprias necessidades, optou pela ação em grupo. A empresa cooperativa só
tende a crescer se os cooperados participarem plenamente de todos os seus
momentos e atividades.
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3.2 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O debate sobre a constituição de uma cooperativa exclusivamente de
agricultores familiares no município de São José do Inhacorá/RS surgiu tendo em
vista as necessidades e carências de alguns segmentos, como a produção de leite,
as agroindústrias, a central de vendas de produtos coloniais, o setor de
hortifrutigranjeiros, a assistência técnica, os grupos de máquinas, o FUNDEC e os
programas institucionais PAA e PNAE.
A discussão sobre a constituição da nova cooperativa tem se intensificado
nos últimos anos, tendo em vista o crescimento de alguns segmentos como a
bovinocultura de leite, as agroindústrias e o setor de hortifrutigranjeiros. Outro fator
relevante é que o modelo de cooperativismo atual, não atende as necessidades dos
agricultores familiares e não está preparado para acompanhar o crescimento desses
segmentos. É o caso da Cooperativa Agropecuária Alto Uruguai Ltda. (COTRIMAIO),
que recentemente decretou processo de liquidação extrajudicial, com possibilidade,
inclusive, de encerrar as atividades da unidade local.
De acordo com o que já vem sendo discutido por lideranças e conselhos
municipais, a nova cooperativa surgiria com o propósito de organizar, dar suporte
técnico e gerencial, tanto na produção quanto na comercialização dos produtos,
promovendo o desenvolvimento social, econômico e ambiental dos segmentos
envolvidos, bem como do quadro de associados da nova organização.
Este estudo tem por objetivo identificar a real necessidade, bem como
descobrir quais os segmentos que se encontram desamparados e demonstram
interesse em formar e fazer parte de uma nova organização cooperativa. Buscou-se
também perceber o interesse das lideranças municipais e, principalmente, o
interesse e a motivação dos agricultores em formar, fazer parte do quadro social,
bem como em participar das tomadas de decisões de uma nova cooperativa de
agricultores familiares.
Para elucidação dessas dúvidas, usou-se a técnica da entrevista como forma
de obtenção das informações necessárias para se chegar a uma conclusão a
respeito do problema em questão. A aplicação da entrevista foi realizada de forma
que os entrevistados tiveram a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. Foi
elaborado um conjunto de questões previamente definidas, mas a aplicação ocorreu
de forma semelhante a uma conversa informal entre duas pessoas, o entrevistador e
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o entrevistado, ambos com pleno conhecimento sobre o caso abordado. Durante a
aplicação das entrevistas, servimo-nos também da experiência de extensionista rural
para identificar o que o entrevistado estava sentindo ou pensando, mas que não
manifestou para não contrariar ou comprometer a relação de trabalho e de amizade
existente entre extensionistas e assistidos.
Procurou-se identificar a opinião dos entrevistados mediante a aplicação de
quatro questionamentos. O primeiro tinha por objetivo perceber se os entrevistados
acreditam que o modelo de cooperativismo existente atualmente no município
atende as necessidades dos agricultores familiares. O segundo questionamento
procurou identificar quais os segmentos da agricultura familiar estão desamparados
pelo modelo atual de cooperativismo. O terceiro questionamento foi em relação à
credibilidade dos entrevistados quanto à formação de uma nova organização
cooperativa, exclusivamente de agricultores familiares, se esta atenderia às
expectativas e necessidades dos associados, nos diversos segmentos envolvidos. O
quarto e último questionamento buscou ouvir a opinião dos entrevistados, de forma
direta e objetiva, em relação à formação ou não, e quais os segmentos que devem
fazer parte da cooperativa de agricultores familiares no município de São José do
Inhacorá.
3.2.1 Posicionamento das Lideranças Municipais
Entre as lideranças foi possível perceber forte preocupação em relação à
carência de organização de diversos segmentos e, por consequência, a necessidade
imediata de encontrar uma forma de organizar e fortalecer esses setores, a fim de
torná-los competitivos.
Os entrevistados, de um modo geral, relataram que acreditam que, através do
cooperativismo, as carências serão supridas e que, através desse sistema de
organização,
a
agricultura
familiar
encontrará
o
caminho
para
o
pleno
desenvolvimento.
Em relação ao primeiro questionamento, diversas foram as opiniões, mas
todos os entrevistados opinaram que o modelo atual de cooperativismo existente
atualmente em São José do Inhacorá atende parcialmente as necessidades e as
expectativas dos agricultores familiares, deixando alguns setores desamparados.
89
Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
A cooperativa de crédito parcialmente atende as expectativas, no sentido
do seu envolvimento com a sociedade, porém o associado não vê a cor
do dinheiro das sobras da cooperativa, apesar da propalada
integralização na cota capital que nunca cresce. A cooperativa de
produção em muitos momentos fez e ainda faz a sua função de
cooperativa como balizadora de preços de insumos, sementes e demais
mercadorias, assim como das mercadorias comercializadas pelos
associados. Os problemas são sucessivas más gestões, que
descapitalizaram a cooperativa, perdendo poder aquisitivo e
consequentemente competitividade no fornecimento de insumos e a
credibilidade na compra dos produtos dos associados. (LIDER 2).
Na visão do líder sindical, o modelo atual de cooperativismo existente está
ainda muito distante da real necessidade dos agricultores familiares.
As cooperativas atualmente atendem somente em parte as necessidades
dos agricultores familiares. As cooperativas tomaram outro rumo,
procurando atingir metas de faturamento e resultado, sem observar se o
seu associado está tendo o resultado esperado ou se está sendo
atendido. De um modo geral, o sistema atual de cooperativismo de
produção está falido. (LÍDER 10).
Em relação ao atendimento aos associados por parte da cooperativa de
produção COTRIMAIO, da qual a grande maioria dos agricultores familiares de São
José do Inhacorá faz parte, as manifestações não foram favoráveis à situação atual.
A COTRIMAIO, quando na sua fundação, atendeu bem a seus associados,
mas com o passar dos anos ela se envolveu em uma região muito extensa
e com isso deixou de ser uma organização voltada para seus associados e
isso fez com que entrasse em crise financeira. (LÍDER 11).
No que se refere aos segmentos da agricultura familiar que se encontram
desamparados no momento e que devem fazer parte da nova organização, todos os
segmentos abordados na entrevista foram citados pelas lideranças. Por outro lado,
ficou evidente certa desconfiança em relação à participação da bovinocultura de leite
e dos grupos de máquinas. Todos se manifestaram dizendo que há a necessidade
desses segmentos integrarem a nova organização, mas alertaram para o descrédito
desses setores em relação ao associativismo, devido a diversas experiências
malsucedidas.
Vários setores e segmentos eram atendidos no período da criação da
COTRIMAIO,
desde
bovinocultura
de
leite,
suinocultura,
hortifrutigranjeiros, assistência técnica e as culturas regionais. Com o
passar dos anos ela se voltou demais para as médias e grandes
90
Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
propriedades, o que fez com que São José do Inhacorá ficasse
desamparado. (LÍDER 11).
Quanto aos Programas Institucionais, o Programa de Aquisição de Alimentos
do Governo Federal (PAA) ainda não está sendo executado no município. No que se
refere ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) existe ainda grande
dificuldade na obtenção dos produtos. A cada compra, recai sobre a EMATER/RSASCAR
e
a
Secretaria
Municipal
do
Agronegócio
e
Meio
Ambiente
a
responsabilidade de organizar os produtores para realizarem o fornecimento de seus
produtos. Os responsáveis pela aplicação do Programa no município manifestaramse da seguinte forma:
Falta organização na comercialização dos produtos. Por São José do
Inhacorá ser um município pequeno, com vocação agrícola, os
agricultores deveriam estar melhor amparados pela cooperativa. Quase
não dá para acreditar que com quase quinhentas famílias de agricultores
familiares, ainda temos dificuldades em conseguir os produtos da
agricultura familiar para atender à meta do Programa Nacional de
Alimentação Escolar. (LÍDER 6).
Entre as lideranças, houve unanimidade em relação à credibilidade na
formação da nova organização cooperativa. Embora com algumas ressalvas, todos
os entrevistados acreditam que a formação de uma cooperativa, exclusivamente
voltada à agricultura familiar, atenderia às necessidades e expectativas dos
associados.
Acredito que a constituição de uma nova cooperativa atenderia às
necessidades dos associados, desde que realmente seja formada por
pequenos agricultores, de abrangência somente do nosso município ou
de no máximo cinco municípios da região. Com isso o associado
conseguiria acompanhar o planejamento e as atitudes da diretoria da
cooperativa. (LÍDER 11).
Ainda em relação à credibilidade quanto à constituição da nova organização
cooperativista,
outra
liderança,
representando
o
Conselho
Municipal
de
Desenvolvimento do Agronegócio, manifestou-se da seguinte forma:
Acredito na nova cooperativa. No momento em que for criada uma
organização e gerenciada por um grupo de pessoas as quais tenham
conhecimento em gestão cooperativista, tenho certeza que uma nova
cooperativa de agricultores familiares daria certo. (LÍDER 9).
91
Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
O representante da administração municipal, quando entrevistado em relação
à formação da cooperativa, expressou a opinião mais pessimista entre os líderes
entrevistados, principalmente no que se refere à aceitação e participação dos
associados, dizendo o seguinte:
Acredito que a nova cooperativa poderá atender às necessidades dos
associados. Apesar de acreditar, fico na dúvida, porque não consigo
medir o grau de aceitação dos agricultores familiares nessa alternativa. A
perspectiva da permanência ou a sobrevivência da agricultura familiar nos
deixa na dúvida, pois anualmente ocorre uma diminuição considerável
das famílias no meio rural, e isto vem sendo cada vez mais preocupante,
pois cada vez mais os jovens estão procurando alternativas de emprego
na cidade, abandonando assim a propriedade. (LÍDER 1).
Outras lideranças manifestaram-se de forma mais positiva em relação à
formação da cooperativa, destacando a importância do cooperativismo e da
participação do quadro social nas decisões, em busca de alternativas que viabilizem
o crescimento socioeconômico da agricultura familiar.
Em nível de lideranças da comunidade está bem madura a decisão e a
importância da criação da cooperativa da agricultura familiar, ao mesmo
tempo em que em nível dos produtores há certa frieza em relação ao
tema, porém há necessidade de reunir um número de vinte lideranças e
traçar metas, objetivos e prioridades para então envolver a sociedade
como um todo e com o passar dos anos ter-se uma cooperativa forte e
envolvida nos diferentes aspectos da sociedade. A cooperativa também é
importante no sentido de representar a coletividade da agricultura familiar,
tanto em defender os interesses da classe bem como buscar novas
alternativas de renda e principalmente novas formas de comercialização,
tanto para o mercado institucional bem como para a participação em
feiras. (LIDER 2).
Para outro entrevistado:
[...] Se houver um grupo de agricultores interessado em formar uma nova
cooperativa, estou em pleno acordo. Porém todas as entidades ligadas à
agricultura devem promover e incentivar a participação dos agricultores
familiares e auxiliá-los na busca do sucesso da nova organização. (LÍDER
9).
Ainda, quando questionado sobre formação da nova organização cooperativa,
outro entrevistado afirma que:
Venho trabalhando a ideia de formar essa cooperativa há bastante tempo,
junto aos conselhos, quando fiz parte das diretorias. Mas para dar certo,
deve haver a participação e o apoio do poder público, sindicato,
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Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
associações, conselhos, igrejas e também da ACI. Com isso a agricultura
familiar conseguiria se organizar e planejar melhor suas propriedades e
atividades, tendo assim maior viabilidade econômica, social e ambiental.
(LÍDER 11).
Ainda em relação à formação ou não da nova cooperativa, a opinião
manifestada pela assessoria jurídica do município refere-se ao cooperativismo como
forma de dar legalidade às atividades que serão desenvolvidas através dessa forma
de organização.
Entendo que uma cooperativa viria ao encontro do que é legal. Assim
como estão as coisas, os objetivos não são atendidos. Legalizá-la é o
caminho correto para o sucesso da mesma. É necessário haver leis que
regulem o que os associados pretendem executar. Uma cooperativa,
antes mesmo de nascer, já vem regulamentada. Isso dá um “status” novo
e o sócio se sente protegido. Com amparo legal e as coisas funcionando
bem, mais cidadãos vão aderir à nova cooperativa. (LÍDER 8).
3.2.2 Posicionamento dos Agricultores Familiares
Sabemos que o sucesso de uma organização cooperativista só acontece se
houver a participação efetiva dos associados, tanto no quadro social, como nas
tomadas de decisões dos atos cooperativos a serem desempenhados ao longo da
sua existência. De acordo com Lago (2009), existe, atualmente, um entendimento
entre os agricultores de que o cooperativismo apresenta-se como uma forma de
organizar a produção e a coordenação dos sistemas agroindustriais, na busca de
melhor eficiência e maior competitividade frente aos mercados cada vez mais
dinâmicos e exigentes. Para os autores, os associados buscam no cooperativismo
participar de um mercado competitivo, através da união de suas unidades produtivas
em torno de uma cooperativa.
Para Wickert (2010), a participação e a cooperação entre os associados são
características importantes para o desenvolvimento e essenciais na vida da
cooperativa. Nela, os objetivos e interesses econômicos dos sócios estão
diretamente envolvidos.
O objetivo central do presente estudo é justamente identificar se os
agricultores entrevistados estão dispostos a fazer parte do quadro social e ao
mesmo tempo participar das tomadas de decisões da nova cooperativa de
agricultores familiares do municio de São José do Inhacorá. Mediante o
93
Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
posicionamento dos agricultores, saberemos se este é o momento certo de formar a
nova organização cooperativa.
Entre os agricultores entrevistados ficou claro que estes conhecem as
carências enfrentadas pelos segmentos a que pertencem. Sabem também que uma
organização cooperativa oportuniza meios legais de conduzir e promover o
desenvolvimento, mediante organização dos setores, tanto na produção quanto na
comercialização dos produtos da agricultura familiar. A maioria dos agricultores
reconhece a cooperativa como uma organização reguladora do mercado e como
oportunidade de agregação de valor aos produtos, visando a garantir o
desenvolvimento e, ao mesmo tempo, a sustentabilidade de seus associados.
Se de um lado, a importância do cooperativismo como forma de melhorar o
resultado das atividades e promover o desenvolvimento local está clara, de outro
lado, contrariando as lideranças e também os autores consultados, existe forte
desconfiança e também grande insegurança entre os agricultores em relação ao
sucesso e ao futuro desse modelo de organização.
Quanto ao questionamento sobre o modelo atual de cooperativismo, ou seja,
quanto à atuação da COTRIMAIO, em relação a seus associados e suas atividades,
houve unanimidade entre os entrevistados de que essa cooperativa não é o modelo
ideal esperado pelos produtores. A maioria dos agricultores relata que a cooperativa,
ao longo de sua existência, prestou relevantes serviços em prol de seus associados.
Porém, atualmente, devido à crise financeira na qual se encontra, as necessidades
estão sendo atendidas apenas de forma parcial. Alguns produtores entrevistados
chegaram a afirmar que as suas necessidades não estão sendo atendidas pela
cooperativa.
A cooperativa não atende as minhas necessidades, como deveria. [...]
Quando estava bem até que atendia, mas de uns tempos para cá, não
atende mais. (AGRICULTOR 5).
Para outro entrevistado:
Entendo que as minhas necessidades e expectativas de associada não
são atendidas totalmente. Poderia melhorar os preços dos insumos
agrícolas e deveria comprar os produtos dos agricultores para vender nas
lojas e supermercados. Os produtos dos associados precisam ser mais
valorizados em relação aos produtos industrializados vindos de fora. Os
produtos da agricultura familiar deveriam ser os primeiros a serem
colocados nas prateleiras. (AGRICULTOR 3).
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Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
Quanto ao questionamento em relação aos segmentos que se encontram
atualmente desamparados ou desorganizados, cada entrevistado fez questão de
evidenciar a carência dos segmentos aos quais pertencem.
Os produtores de leite entendem que esta é a atividade que necessita de
maior atenção.
Como produtor de leite, sou suspeito em falar isso, mas a produção de
leite precisa funcionar de forma mais organizada. A COTRIMAIO não
oferece nada a mais do que as outras empresas. Já faz uns quatro anos
que vendemos o leite pra nossa associação, pro nosso grupo, e não
posso me queixar. Então, eu acho que se for uma cooperativa que vai
trabalhar honestamente, tem tudo para dar certo. Só não pode ficar muito
grande, pra não perder o controle dos negócios. (AGRICULTOR 7).
Os integrantes da central de vendas de produtos coloniais, agroindustriais e
artesanais manifestaram que este segmento precisa de mais atenção para ampliar
seus negócios ou até mesmo para permanecer na atividade.
A central de vendas precisa de mais atenção. Não adianta abrir mais um
ponto de vendas se a associação de produtores não estiver organizada. À
medida que tiver uma organização legalizada e forte, vários setores poderão
fazer parte e serem beneficiados, como as agroindústrias, os hortigranjeiros
e a merenda escolar. A cooperativa também vai ter que se preocupar em dar
assistência técnica para estes setores. (AGRICULTOR 6).
Com base nesse relato, percebemos a real necessidade de organização
desse setor. Esse segmento precisa estar organizado e legalizado nos três eixos,
fiscal, sanitário e ambiental, para ser competitivo e atingir novos mercados,
principalmente os mercados institucionais, como o PNAE e PAA.
Em relação ao atendimento às propriedades com serviços de máquinas, os
entrevistados manifestaram-se dizendo que os serviços hoje prestados são muito
importantes. Relataram ainda que, para o município desenvolver o setor
agropecuário, esse tipo de incentivo é fundamental e precisa ser ampliado ainda
mais, mediante aumento nos subsídios e também incluindo outras atividades que
ainda não são desenvolvidas.
No relato de um dos entrevistados, ficou evidente a preocupação dos
produtores em relação à prestação desses serviços, através de uma cooperativa.
Os serviços de máquinas da prefeitura, do FUNDEC e também dos
grupos são muito importantes para os produtores. É uma forma de
incentivar a produção. Se não podemos contar com esses serviços
95
Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
subsidiados, temos que pagar máquinas particulares. Além de não existir
máquinas suficientes para atender a todos, aumenta muito o nosso custo
de produção. Precisa se achar uma forma de manter os serviços e
adquirir mais máquinas, para prestar os serviços que ainda não são
realizados. É muito importante que estes serviços continuem sendo
prestados, só não sei isso vai ser possível através de uma cooperativa.
Hoje os grupos têm de 20 a 30 produtores e às vezes não funciona
direito, principalmente quando dois ou mais produtores precisam do
serviço ao mesmo tempo. Precisa ser criada uma nova forma de
organização, porque quanto maior o grupo, mais difícil de atender.
(AGRICULTOR 8).
Outro entrevistado acredita na cooperativa como forma de organizar os
atendimentos em serviços de máquinas, manifestando inclusive seu desejo de
ajudar a decidir os rumos da cooperativa. No entanto, também evidenciou certa
desconfiança quanto à funcionalidade da organização.
Acredito que através de uma cooperativa o atendimento poderá funcionar
melhor. Hoje, nos grupos, quem tem trator é mais beneficiado que os
outros, e o prestador de serviços escolhe quem vai atender primeiro, não
segue um roteiro pré-definido. Mas não basta criar a cooperativa, tem que
fazer andar de forma organizada e bem administrada. Diferente dos
grupos, na cooperativa os sócios devem ajudar a decidir os rumos da
cooperativa. Me coloco à disposição para ajudar a cooperativa a dar
certo. O problema é que muitos não participam e depois são os primeiros
a reclamar. (AGRICULTOR 9).
No que se refere à credibilidade dos agricultores em relação à constituição de
uma nova cooperativa, exclusivamente de agricultores familiares, as manifestações
foram praticamente unânimes. Todos os entrevistados se manifestaram dizendo que
acreditam que a nova organização atenderia às expectativas e às necessidades dos
associados. Por outro lado, ficaram evidentes, em todas as manifestações, tanto de
forma verbal quanto na fisionomia dos entrevistados, as dúvidas e inseguranças
quanto ao funcionamento e ao sucesso da nova organização. Este entrevistado
relata que:
Acredito que uma nova cooperativa pode atender às necessidades dos
associados. Seria, talvez, uma forma de organizar as atividades que não
são atendidas pela COTRIMAIO. Mas, tenho dúvidas de como isso vai
funcionar. Ultimamente só se houve falar que as cooperativas estão todas
falindo. (AGRICULTOR 3).
Outro agricultor entrevistado manifestou uma posição ainda mais pessimista:
96
Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
Acredito, mas me sinto inseguro em participar de mais uma cooperativa.
Já sou sócio de três e não sei se tenho algum benefício com isso. Pelo
que escuto por aí, as outras cooperativas, em outras regiões, também não
oferecem vantagens para seus sócios. A maioria delas estão falidas. [...]
Preciso pensar melhor sobre o assunto, quem sabe conhecer alguma
cooperativa que está dando certo. Se é que existe! Quem sabe se eu
conhecer alguma cooperativa onde os associados estão satisfeitos eu
comece a mudar a minha opinião e acreditar mais no cooperativismo.
(AGRICULTOR 5).
No questionamento que se refere à formação ou não da nova cooperativa, as
manifestações foram unânimes em favor da formação da nova organização
cooperativa. Porém, percebemos que alguns dos entrevistados levaram em
consideração a relação de trabalho existente entre extensionista e assistido.
Constatamos que alguns dos entrevistados se posicionaram de forma favorável à
formação da cooperativa mais para agradar aos extensionistas com quem trabalham
do que propriamente pensando em benefício próprio.
A entrevista foi finalizada com um questionamento, considerado a chave para
chegar a uma conclusão acerca deste estudo. Assim, procuramos identificar o
posicionamento dos entrevistados, quanto à expectativa em fazer parte do quadro
social e também das tomadas de decisões da nova organização.
Com uma visão participativa e demonstrando um espírito cooperativista,
somente um dos entrevistados se mostrou motivado e com disposição de participar
da nova cooperativa, em busca de melhorias em favor da coletividade.
A cooperativa precisa ser formada para termos uma entidade só nossa,
da agricultura familiar. Através dela poderemos buscar investimentos,
atender aos setores que hoje não estão sendo atendidos. Para termos
uma agricultura familiar bem-sucedida, precisamos buscar novas
parcerias, novos mercados, melhorar os preços dos insumos adquiridos e
também dos produtos vendidos. Estou disposto a participar. Alguém
precisa começar. Precisamos nos organizar se quisermos ver nossos
direitos atendidos. (AGRICULTOR 10).
Todos os demais agricultores, quando questionados quanto à formação da
nova organização, posicionaram-se de forma favorável. Por outro lado, evidenciaram
grande descrédito em relação ao funcionamento e ao sucesso da organização.
Relataram também, não ter interesse em participar das tomadas de decisões da
cooperativa.
As manifestações apresentadas a seguir, sintetizam as opiniões da maioria
dos agricultores entrevistados.
97
Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
Na opinião de um dos entrevistados:
A cooperativa pode ser formada, desde que não aconteça o mesmo que a
maioria das outras cooperativas, que são mal administradas. Posso até
me associar, mas não pretendo me envolver muito. (AGRICULTOR 3).
Da mesma forma se manifestou outro entrevistado:
Pode ser formada, mas quem for administrar tem que trabalhar
honestamente e prestar contas para os associados. Também acho que
não deve crescer demais para não perder o controle, como no caso da
COTRIMAIO. Os beneficiados devem ser os sócios e não os dirigentes.
(AGRICULTOR 6).
Com base nesses depoimentos, percebemos que a posição dos agricultores
familiares, na atualidade, difere em muito da época em que as famílias chegaram a
esta região, por volta de 1920, quando as famílias buscavam na união e na troca de
favores, uma forma de enfrentar as dificuldades. O posicionamento dos agricultores
difere, também, da literatura estudada, na qual os autores afirmam que a
cooperação e a participação entre os associados são essenciais para a vida das
cooperativas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste estudo permitiu esclarecer uma série de dúvidas em
relação à agricultura familiar e suas formas de organização, que nos permitiu chegar
à conclusão acerca do tema formar ou não a cooperativa de agricultores familiares
no município de São José do Inhacorá/RS.
No que se refere aos setores ou segmentos da agricultura familiar que se
encontram desamparados e carentes de organização, houve um consenso de ideias.
Tanto as lideranças municipais quanto os agricultores manifestaram que os
principais setores que necessitam de melhor organização na estrutura de produção
e funcionamento são: a bovinocultura de leite, as agroindústrias, a central de vendas
de produtos coloniais, agroindustriais e artesanais e o acesso aos Programas
Institucionais (PAA e PNAE). A eficácia dos serviços de assistência técnica e
assessoramento desses setores também precisam ser melhorados.
Em relação ao modelo atual de cooperativismo, ficou evidenciado que as
necessidades dos agricultores familiares, no momento, não estão sendo atendidas
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Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
plenamente pelas cooperativas. A crise financeira enfrentada pela COTRIMAIO, que
levou à decretação de processo de liquidação extrajudicial, tem comprometido o
atendimento a seus associados. Alguns setores, que se encontram em crescimento,
não são atendidos, como os hortifrutigranjeiros, as agroindústrias e os Programas
Institucionais (PAA e PNAE).
As divergências de opiniões começaram a surgir quando do questionamento
em relação à credibilidade quanto à formação da nova organização cooperativa,
exclusivamente, por agricultores familiares. Entre as lideranças municipais, todos
acreditam que a cooperativa será o caminho para legalizar, regrar, assessorar e
organizar a produção resultante da agricultura familiar. Entre os produtores, mesmo
manifestando certa credibilidade, ficaram evidenciadas as dúvida e inseguranças
quanto ao funcionamento e ao futuro da nova organização.
No que diz respeito a formar ou não uma cooperativa de agricultores
familiares, houve unanimidade entre as lideranças em favor da formação imediata da
nova organização. Os agricultores também foram unânimes em favor da formação
da cooperativa. Porém, a falta de motivação foi evidenciada pela maioria dos
agricultores.
Entende-se que a participação efetiva dos associados em todos os negócios
da cooperativa, aliados aos atos administrativos, desempenhados com envolvimento
e responsabilidade de todos, são fundamentais para o sucesso de uma organização
cooperativa. O ponto chave para a conclusão deste estudo foi, justamente, a falta de
interesse e motivação demonstrada por parte dos agricultores familiares em
participar dos negócios e das tomadas de decisões em uma nova cooperativa.
Assim, o estudo permitiu concluir que este não é, ainda, o momento certo de
constituir a nova organização. O cenário está identificado e a arena está sendo
preparada.
Falta
a
confiança
e
o
entrosamento
entre
os
atores
para
desempenharem o papel de idealizadores de uma organização capaz de promover o
crescimento econômico e social da agricultura familiar do município de São José do
Inhacorá/RS.
Evidencia-se, porém, a necessidade das lideranças municipais somarem
esforços para que a ideia da constituição da cooperativa não caia no esquecimento.
Com o pensamento de que é mais importante formar cooperados do que formar
cooperativas, precisam-se promover meios de estimular a participação e a educação
cooperativa. Os gestores, colaboradores e associados devem estar igualmente
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Capítulo IV - Formar ou não uma Cooperativa? O caso dos agricultores familiares de
São José do Inhacorá/RS
capacitados, conscientes e comprometidos, para que cada ator possa desempenhar
o seu papel dentro da organização. Os gestores e colaboradores precisam gerir e
trabalhar com responsabilidade e eficiência, enquanto os associados precisam
assumir a posição de verdadeiros donos da cooperativa.
Por fim, entende-se que para a uma organização cooperativa alcançar o
sucesso esperado, como propulsora do desenvolvimento local, os valores e os
princípios do cooperativismo devem ser entendidos e cumpridos, cada um em seu
tempo certo, ou seja, primeiro o cooperativismo, depois a cooperativa.
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Formar ou não uma Cooperativa? O Caso dos